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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS


DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA
Fundação Instituída nos termos da Lei 5.152 de 21/10/1966
São Luís – Maranhão

DISCIPLINA: INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA


PROFESSOR: ALEXANDRE JORDÃO BAPTISTA

ALUNA: NICOLE PRADO BEZERRA

PROVA (2° avaliação)

1°) “O aparecimento da polis, que se pode situar entre os séculos VIII e VII a.C.,
constitui, na história do pensamento grego, um acontecimento decisivo. Ela marca um
começo, uma verdadeira invenção; por ela, a vida social e as relações entre os homens
tomam uma forma nova, diferente de tudo o que havia existido até então”. (Jean Pierre
Vernant, As origens do pensamento Grego.) A partir do que foi discutido em nossas
aulas e o que defende Jean Pierre Vernant no restante do texto de onde foi extraída a
citação acima descreva e explique as mudanças trazidas pelo aparecimento da polis
que justificam a seguinte tese do autor:
“Surgimento da polis, nascimento da filosofia: os vínculos entre esses
dois acontecimentos são demasiado estreitos para que a filosofia (o pensamento
racional) não apareça, em suas origens, como um desdobramento natural das
estruturas sociais e mentais próprias da polis grega. (…) A filosofia grega é uma criação
da razão que de maneira positiva, refletida e metódica, permite agir sobre os homens,
não transformar a natureza. Dentro de seus limites como em suas inovações, ela é filha
da cidade.
R: Nesse período, iniciou-se a estabilização da sociedade grega e das cidades
estado, caracterizadas pelo aparecimento de uma classe mercantil politicamente
muito influente, graças ao desenvolvimento da atividade comercial e da expansão
marítima. Por outro lado, tornou-se imperiosa a criação de uma base institucional
sólida para essa nova sociedade. Essa solidez se refletiu nas reformas políticas,
que introduziu as primeiras regras democráticas. Nesse contexto, a democracia
surge como possibilidade de se resolverem as diferenças por meio do
entendimento mútuo e de leis que primassem pela isonomia entre todos. Estás
cidades gregas se centrava em debater os problemas de interesse comum em
reuniões que aconteciam na pólis. A linguagem, por meio do diálogo e da
discussão, passa a ocupar um papel importante para conviver-se na pólis, pois
por meio dela se rompe com a violência, com o uso da força e do medo, na medida
em que todos os falantes tem no diálogo os mesmos direitos: interrogar,
questionar, contra argumentar, etc. A razão passa a se sobrepor à força, tornando-
se uma forma de controlar o exercício do poder. A expressão da individualidade,
por meio do debate, que faz nascer a política, libertando o homem dos exclusivos
desígnios divinos, e permitindo a ele mesmo tecer seu destino em praça pública.
O cidadão participava dos destinos da cidade por meio do uso da palavra.
2°) Descreva quem eram os sofistas e qual a sua importância no cenário cultural grego
do séc. V a. C, distinguindo os diversos grupos em que se constituíam, tal como aparece
no capítulo respectivos da obra de Giovanni Reale & Dario Antiseri - História da
Filosofia-Volume1.
R: Os sofistas eram professores profissionais itinerantes e intelectuais que
frequentavam Atenas e outras cidades gregas. Em troca de uma taxa, os sofistas
ofereciam a jovens gregos ricos educação, obtendo assim riqueza e fama ao
mesmo tempo que despertavam uma antipatia. São eles que procederão a uma
reflexão mais propriamente sociológica da vida relacional dos homens,
centrando suas atenções nos âmbitos da moral e da política. Foram importantes
pois acabaram sendo os responsáveis por preparar o cidadão para a
participação na política por meio do ensino da retórica, ou seja, da arte do bem
falar, da utilização de um discurso persuasivo. As principais diferenças dos
grupos, de acordo com Reale e Antiseri são:

• Os grandes e famosos mestres da primeira geração, de modo algum privados


de discrição moral e, antes, como Platão reconhece, substancialmente dignos
de respeito;
• Os “eristas”, isto é, aqueles que, explorando o método sofistico e exaltando o
seu aspecto formal sem qualquer interesse pelos conteúdos e sem a discrição
moral dos mestres, transformaram a dialética sofística numa estéril arte de
contendas através de discursos e numa verdadeira arte de logo maquia;
• E os “políticos sofistas”: homens políticos e aspirantes ao poder político, que,
desprovidos de qualquer descrição moral, usaram ou melhor, abusaram de
certos princípios sofísticos para teorizar um verdadeiro imoralismo, que
desembocou no desprezo da “assim chamada justiça”, de toda lei constituída,
de todo princípio moral: mas estes, mais que o espírito autêntico da sofística,
representam a excrescência patológica da própria sofística

3°) Explique os aspectos filosóficos do pensamento do sofista Protágoras em relação à


sua ideia do “homem medida” e ao seu “utilitarismo” no campo da ética, tal como
aparece no capítulo respectivo da obra de Giovanni Reale & Dario Antiseri - História da
Filosofia-Volume1.
R: Para Protágoras “O homem é a medida de todas as coisas", expressa um
relativismo radical, pois significa a negação de que haja qualquer coisa que
seja verdadeira ou falsa. Nega a possibilidade de um critério universal que
permita ao homem conhecer a verdade e separá-la do que é falso. Para ele, as
coisas são tais como aparecem ao homem na sua dimensão individual. Portanto,
tudo é relativo: não existe um “verdadeiro” absoluto e também não existem
valores morais absolutos (“bens” absolutos). Existe, entretanto, algo que é mais
útil, mais conveniente e, portanto, mais oportuno, em que ele vai dizer que sábio
é aquele que conhece esse relativo mais útil, mais conveniente e mais oportuno,
sabendo convencer também os outros a reconhecê-lo e pô-lo em prática. Dessa
forma, porém, o relativismo de Protágoras recebe forte limitação. Com efeito,
pareceria que, enquanto é medida e mensurador em relação à verdade e à
falsidade, o homem seja medido em relação à utilidade, ou seja, que, de alguma
forma, a utilidade venha a se apresentar como objetiva
4°) Explique os aspectos filosóficos do pensamento do sofista Górgias em relação
ao niilismo de sua doutrina e a importância da retórica neste contexto, tal como aparece
no capítulo respectivo da obra de Giovanni Reale & Dario Antiseri - História da Filosofia-
Volume1.

R: Para Górgias não há o ser, muito menos uma essência que se perceba através

do pensamento, portanto, não existiria um vínculo entre ser e pensar, muito


menos uma verdade imutável. Segundo Górgias não existe o ser; Mesmo que
existisse não seria compreensível; Mesmo que fosse compreensível não seria
comunicável aos outros. Com isso, ele tenta excluir a possibilidade de uma
verdade absoluta, objetiva e definitiva com base em uma suposta
correspondência entre o ser e o pensar, pois não há verdade racional sobre o
inexistente, sobre o que é incognoscível e sobre o que é inexprimível. Górgias
explica que retórica é persuasão, e que a retórica permite a um homem persuadir
juízes, membros da assembléia e outros que lidam com questões governamentais.
A ideia de que um retórico pode ter “quem quiser como escravo”, usando seu
poder de persuasão.

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