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A Qualidade Da Educação: Perspectivas E Desafios: Luiz Fernandes Dourado & João Ferreira de Oliveira
A Qualidade Da Educação: Perspectivas E Desafios: Luiz Fernandes Dourado & João Ferreira de Oliveira
A QUALIDADE DA EDUCAÇÃO:
PERSPECTIVAS E DESAFIOS
Cad. Cedes, Campinas vol. 29, n. 78, p. 201-215, maio/ago. 2009 201
Disponível em <http://www.cedes.unicamp.br>
A qualidade da educação: perspectivas e desafios
Introdução
delineamento e a explicitação de dimensões, fatores e indicado-
res de qualidade da educação e da escola têm ganhado impor-
tância, mesmo que, em alguns casos, como mera retórica, na
agenda de governos, movimentos sociais, pais, estudantes e pesquisa-
dores do campo da educação. Nessa direção, no caso brasileiro, ressal-
ta-se que a efetivação de uma escola de qualidade se apresenta como
um complexo e grande desafio. No Brasil, nas últimas décadas, regis-
tram-se avanços em termos de acesso e cobertura, sobretudo no caso
do ensino fundamental. Tal processo carece, contudo, de melhoria no
tocante a uma aprendizagem mais efetiva.
Debater tais questões remete à apreensão de um conjunto de
determinantes que interferem, nesse processo, no âmbito das relações
sociais mais amplas, envolvendo questões macroestruturais, como con-
centração de renda, desigualdade social, educação como direito, entre
outras. Envolve, igualmente, questões concernentes à análise de siste-
mas e unidades escolares, bem como ao processo de organização e ges-
tão do trabalho escolar, que implica questões como condições de tra-
balho, processos de gestão da escola, dinâmica curricular, formação e
profissionalização docente. Em outras palavras, é fundamental ressaltar
que a educação se articula a diferentes dimensões e espaços da vida so-
cial sendo, ela própria, elemento constitutivo e constituinte das rela-
ções sociais mais amplas. A educação, portanto, é perpassada pelos li-
mites e possibilidades da dinâmica pedagógica, econômica, social,
cultural e política de uma dada sociedade.
Objetivando contribuir para a construção de referências analíti-
cas para a qualidade da educação, o presente texto visa problematizar
as múltiplas significações e conceitos relativos à qualidade da educa-
ção, bem como indicar dimensões intra e extraescolares que interagem
na consecução desse conceito. Compreende-se então a qualidade com
base em uma perspectiva polissêmica, em que a concepção de mundo,
de sociedade e de educação evidencia e define os elementos para quali-
ficar, avaliar e precisar a natureza, as propriedades e os atributos dese-
jáveis de um processo educativo de qualidade social. De outro lado, o
texto ressalta que as finalidades educativas e, portanto, o alcance do que
se almeja como qualidade da educação se vinculam aos diferentes espa-
ços, atores e processos formativos, em seus diferentes níveis, ciclos e
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Considerações finais
À guisa de conclusão, destacam-se, a seguir, alguns aspectos fun-
damentais concernentes à construção de um movimento nacional em
prol da qualidade da educação. Nesse sentido, entende-se que:
a) as dimensões, intra e extraescolares, devem ser consideradas
de maneira articulada na efetivação de uma política educacional
direcionada à garantia de escola de qualidade para todos, em to-
dos os níveis e modalidades;
b) a construção de uma escola de qualidade deve considerar a
dimensão socioeconômica e cultural, uma vez que o ato educa-
tivo escolar se dá em um contexto de posições e disposições no
espaço social (de conformidade com o acúmulo de capital econô-
mico, social e cultural dos sujeitos-usuários da escola), de hete-
rogeneidade e pluralidade sociocultural, de problemas sociais que
repercutem na escola, tais como fracasso escolar, desvalorização
social dos segmentos menos favorecidos, incluindo a autoestima
dos alunos etc.;
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Notas
1. Segundo Barroso (2006, p. 13), o conceito de regulação, em que pesem os diferentes sig-
nificados possíveis, pode ser utilizado “para descrever dois tipos de fenômeno diferencia-
dos, mas interdependentes: os modos como são produzidas e aplicadas as regras que ori-
entam a ação dos actores; os modos como esses mesmos atores se apropriam delas e as
transformam”.
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2. Os marcos do Plano de Ação em Educação, adotados por chefes de Estado e governo, apre-
sentam as seguintes metas gerais: assegurar que, até o ano de 2010, 100% das crianças con-
cluam a educação primária de qualidade e que, pelo menos, 75% dos jovens tenham acesso
à educação secundária de qualidade, com percentagens cada vez maiores de jovens que ter-
minem seus estudos secundários, e oferecer oportunidades de educação ao longo da vida à
população em geral. Tais metas referem-se a uma Educação de Qualidade (Dourado, Olivei-
ra & Santos, 2007).
3. Ao longo do documento analítico, estabelece-se dialogo com vários estudos, avaliações e
pesquisas acerca da temática “qualidade da educação”. É fundamental destacar que o referi-
do documento apresenta indicações, dimensões e concepções cuja base de dados foi
efetivada pelo diálogo fecundo com referências nacionais e internacionais, com base na
metodologia de análise documental que se assenta na busca de significações, recorrências e
frequências temáticas, visando o estabelecimento de quadro analítico que transcenda os do-
cumentos analisados, em particular, e descortine outras possibilidades reflexivas de total
responsabilidade dos autores.
4. Cf. Camargo (2006); Brasil/MEC/INEP (2003); Nóvoa (1999); UNESCO (2000, 2001, 2005).
5. A legislação de vários países estabelece como dever do Estado a definição de padrões (míni-
mos) de qualidade.
Referências
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