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BAITELLO JR., N.

O animal que parou os relógios: ensaios sobre comunicação, cultura e


mídia. 2. ed. São Paulo: Annablume, 1999.

Baitello Júnior, Norval. (199). O animal que parou os relógios: ensaios sobre comunicação,
cultura e mídia. 2. ed. São Paulo: Annablume.

O processo de criar, transmitir e manter o passado no presente é cultura — a capacidade que


o semanticista norte-americano Alfred Korzybsky denominou vinculadora do tempo. As
plantas vinculam substâncias químicas, os animais vinculam o espaço, mas só o homem é
capaz de vincular o tempo. (Montagu, 1977:131) (BAITELLO JR.,1999, p. 96).

Assim, a cultura, enquanto sistema comunicativo tem como principal função a de ordenar as
informações de uma sociedade. E ordenar implica criar ritmos para estas informações,
ritmizar em concordância com as ritmicidades observadas na própria vida (BAITELLO
JR.,1999, p. 96-97).

Assim, falar da ritmicidade do comportamento e da linguagem é o mesmo que falar da


ritmicidade enquanto pressuposto dos processos comunicativos e portanto enquanto
pressuposto da organização social. Uma vez que comportamento já é linguagem, todas as suas
formas de manifestação têm como função primordial a criação de vínculos entre indivíduos de
uma mesma comunidade. Os vínculos somente são mantidos quando regularmente
alimentados, seja pela repetição, seja pela inovação informacional (BAITELLO JR.,1999, p.
98).

O suporte material, sensorial dos vínculos são os símbolos, criações das coletividades não
apenas humanas, mas também animais. Contudo a criação de símbolos — que por si já
constitui uma atividade social de base, já que supõe um contrato arbitrado entre indivíduos —
aliada ao princípio da ritmicidade, arbitra também a sincronização das atividades produtivas
materiais e atividades simbólicas de uma sociedade (BAITELLO JR.,1999, p. 98-99).

O mesmo contrato que constrói símbolos, constrói, com base na ritmicidade, um complexo
sistema simbólico que se chama "tempo". Cria-se aí, nesta junção, o poderoso símbolo
"tempo", que é uma projeção das ritmicidades sobre a percepção do espaço, tão presente e
aguçada em muitas espécies animais (BAITELLO JR.,1999, p. 99).

Um dos mais importantes portadores materiais do sistema simbólico chamado tempo, um dos
seus suportes, é a atividade de geração, distribuição e conservação das informações. Neste
contexto desempenha papel de destaque em nossa contemporaneidade a atividade da mídia, os
meios de comunicação de massas: sistemas de notícias, desde a sua geração até a sua chegada
ao receptor, jornais, emissoras de rádio e televisão, redes etc. Estes suportes atuam
invariavelmente como demarcadores do tempo de vida dos indivíduos, sincronizando suas
atividades dentro de um todo maior (BAITELLO JR.,1999, p. 100).

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