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AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 1

Apostila de
Avaliação do Estado Nutricional

Profa. Dra. Lígia Lopes Simões Baptista

2021
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 2

Sumário

Introdução___________________________________________________________ 03

Crianças_____________________________________________________________ 09

Adolescentes_________________________________________________________ 15

Adultos______________________________________________________________ 23

Idosos_______________________________________________________________ 48

Atletas_______________________________________________________________ 55

Parâmetros Bioquímicos_________________________________________________ 56

Referências___________________________________________________________ 63
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 3

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL

Conjunto de métodos e procedimentos, utilizados com o objetivo de identificar a presença


de distúrbios nutricionais, possibilitando intervenção adequada, que promova a recuperação e/ou
manutenção do estado de saúde do indivíduo.

MÉTODOS UTILIZÁVEIS PARA AVALIAÇÃO NUTRICIONAL:


❖ Métodos objetivos – antropometria, composição corporal e parâmetros bioquímicos.
❖ Métodos subjetivos – exame clínico, avaliação global subjetiva e consumo alimentar.

MÉTODOS SUBJETIVOS:
➢ CLÍNICO
Inclui uma análise visual de sinais e sintomas apresentados pelo indivíduo e que podem
estar relacionados a deficiências nutricionais. Deve-se observar: olhos, face, lábios,
pele, cabelos, unhas, mucosas, estabilidade psicomotora, reflexos nervosos, entre
outros.
EXAME FÍSICO:
O exame físico com enfoque nutricional é capaz de detectar alterações físicas compatíveis com
algum grau de desnutrição ou com alguma deficiência específica de determinado nutriente.
Não deve ser usado isoladamente e sim como coadjuvante a outros métodos.
Importante lembrar que história clínica e anamnese nutricional devem preceder o exame
físico.

Principais achados clínicos:


▪ Fraqueza muscular;
▪ Diminuição aparente de massa muscular;
▪ Integridade de mucosas e língua;
▪ Aparência da pele;
▪ Presença de feridas (cicatrização);
▪ Estado de hidratação;
▪ Conjuntiva;
▪ Aparência (palidez);
▪ Apatia ou cansaço intenso;
▪ Presença de vômitos ou diarreia (alteração da evacuação);
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Quadro 1. Sinais físicos de desnutrição energético-proteica e carências específicas


de nutrientes.

LOCAL SINAIS ASSOCIADOS À POSSÍVEL DEFICIÊNCIA OU


DESNUTRIÇÃO DOENÇA
Cabelo Perda do brilho natura, seco, fino e Kwashiorkor e, menos comum,
esparso; despigmentado; sinal de marasmo.
bandeira; fácil de arrancar sem dor.

Olhos Cegueira noturna. Vitamina A, zinco.

Mancha de Bitot, xerose conjuntival Vitamina A.


e córnea, ceratomalácia.

Inflamação conjuntival.
Riboflavina, vitamina A.
Vermelhidão e fissuras nos
epicantos. Riboflavina e piridoxina.

Defeito no campo da retina.


Vitamina E.

Boca Estomatite angular, queilose. Riboflavina, piridoxina, niacina

Língua inflamada. Ác. Nicotínico, ácido fólico,


riboflavina, cobalamina, piridoxina,
ferro.

Língua magenta. Riboflavina.

Fissura na língua. Niacina.

Atrofia das papilas. Riboflavina, niacina ferro.

Redução da sensibilidade ao sabor. Zinco.

Hemorragia gengival.
Vitamina C, riboflavina.
Perda do esmalte do dente.
Flúor, zinco.
Glândulas Aumento da tireóide. Iodo.

Aumento da paratireóide. Inanição.

Pele Xerose, hiperqueratose folicular. Vitamina A.

Petéquias (pequenas hemorragias). Vitamina C.

Hiperpigmentação.
Niacina.
Palidez.
Ferro, cobalamina, folato.
Seborréia nasolabial.
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Riboflavina, ácidos graxos


essenciais.
Dermatose vulvar e escrotal.
Riboflavina.
Dermatose cosmética descamativa.
Kwashiorkor.
Pelagra.

Machucados (fáceis). Ác. Nicotínico.

Vitamina K ou C.
Unhas Quebradiças, rugosas, coiloníquas. Ferro.

Tecido Edema. Kwashiorkor.


subcutâneo Gordura abaixo do normal. Inanição, marasmo.

Tórax Fraqueza do músculo respiratório. Proteína, fósforo.

Sistema Hepatoesplenomegalia. Kwashiorkor.


gastrointesti
nal

EM PACIENTES HOSPITALIZADOS:
Processo mais cuidadoso devido ao fato do paciente poder apresentar traumas, doenças
crônicas pré-existentes, dificuldade de acesso a alimentos, impossibilidade de alimentação e o
jejum alimentar prolongado.

CUIDADO NUTRICIONAL:

São atribuições do nutricionista (entre outras):


▪ Avaliar os indicadores nutricionais subjetivos e objetivos, com base em protocolo pré-
estabelecido, de forma a identificar o risco ou a deficiência nutricional.
▪ Acompanhar a evolução nutricional dos pacientes em terapia nutricional, independente
da via de administração.
▪ Garantir o registro, claro e preciso, de todas as informações relacionadas à
evolução do paciente.
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DEVE-SE LEVAR EM CONSIDERAÇÃO:

▪ História clínica (incluindo interação droga x nutriente);


▪ História dietética;
▪ História social;
▪ Dados antropométricos;
▪ Dados bioquímicos;
▪ Intervenção nutricional;
▪ Intervenção na forma de aconselhamento;
▪ Provisão de terapia nutricional enteral ou parenteral;
▪ Registro diário da intervenção nutricional realizada no prontuário.

Objetivos:
✓ Identificar pacientes com risco aumentado de complicações clínicas ou pós-
cirúrgicas devido a um estado carencial;
✓ Diminuir a morbimortalidade.

COMPOSIÇÃO CORPORAL

A composição corporal sofre influência de vários aspectos fisiológicos (crescimento,


desenvolvimento, gestação e lactação) e ambientais (nível de atividade física) e, portanto, os
componentes corporais sofrem alterações durante toda a vida, o que a torna muito dinâmica e de
difícil verificação.
Existem várias técnicas para determinação da composição corporal, que são classificadas
em métodos diretos, indiretos e duplamente indiretos.
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Quadro 2. Técnicas para determinação da composição corporal

DIRETO INDIRETO DUPLAMENTE INDIRETO


Dissecação de cadáveres. Densitometria: Índices de obesidade,
Pesagem hidrostática, Antropometria,
Deslocamento de volume de Equações de regressão,
água. Bioimpedância,
Outros.
Imagem (físicos):
Tomografia,
Ultra-sonografia,
Ressonância magnética,
Radiologia.

Químicos:
Excreção de creatinina,
Contagem de potássio
radioativo,
Diluição de óxido de
deutério,
Outros.

APLICAÇÕES DA COMPOSIÇÃO CORPORAL

• Para identificar riscos associados a níveis excessivamente altos ou baixos de gordura


corporal total;
• Para identificar riscos à saúde associados ao acúmulo excessivo de gordura intra-
abdominal;
• Para proporcionar entendimento sobre os riscos à saúde associados à falta ou ao excesso
de gordura corporal;
• Para monitorar mudanças na composição corporal associada a certas doenças;
• Para avaliar a eficiência de intervenções nutricionais e de exercícios físicos na alteração da
composição corporal;
• Para estimar o peso corporal ideal de atletas e não-atletas;
• Para formular recomendações dietéticas e prescrições de exercícios;
• Para monitorar mudanças na composição corporal associado ao crescimento,
desenvolvimento, maturação e idade.
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ANTROPOMETRIA

É a medição das variações nas dimensões físicas e na composição corporal global do corpo
humano em diferentes idades, sexo, raça e graus de nutrição com a finalidade de estabelecer
diferenças entre os indivíduos e grupos.

Essas medidas estimam de maneira objetiva os vários compartimentos que formam o


organismo, que é composto de massa corpórea magra, tecido adiposo e proteína visceral. A
composição corporal constitui um aspecto dinâmico dos componentes estruturais do corpo
humano, sofrendo alterações durante toda a vida em decorrência de inúmeros fatores como:
crescimento e desenvolvimento, estado nutricional e nível de atividade física.

É um método não invasivo e apresenta como vantagem a obtenção de uma história


nutricional do passado, que avalia as mudanças no estado nutricional por várias gerações. É de
baixo custo, facilidade na obtenção de resultados e confiabilidade no método, desde que
executados e interpretados por pessoas experientes.

ÍNDICES E INDICADORES ANTROPOMÉTIRCOS:

▪ INDICADOR: Representa a medida, associada ao valor crítico (ponto de corte), que indica
determinada situação, como desnutrição ou obesidade.

▪ ÍNDICES: Representa a relação entre as medidas, como peso x altura, altura x idade, etc.

PESO

É um bom padrão antropométrico global, expressando a quantidade de músculos, gordura,


ossos e órgãos internos, sendo a medida mais comumente utilizada, devido a facilidade de
obtenção, entretanto suas variações são inespecíficas para determinar qual o compartimento
corporal é mais acometido.

Para crianças de 0 a 2 anos: balança pediátrica ou SALTER (pesquisa de campo);


Acima de 02 anos e adultos: balança antropométrica ou digital.
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ESTATURA

A deficiência de estatura pode estar relacionada à deficiência nutricional crônica,


consequentemente de estados mais avançados ou não de desnutrição.

CRIANÇAS

De acordo com a recomendação anterior da Organização Mundial da Saúde (OMS) e


oficialmente adotado pelo Ministério da Saúde, utilizava-se o padrão de referência do National
Center for Health Statistics – NCHS, para todas as crianças. Sua publicação mais recente
foi em 2000 e avaliou assim o peso ideal das crianças. Porém, em 2006 foi lançada pela OMS
as novas Curvas para Avaliação do Crescimento da Criança de 0 a 5 anos, a partir de um
Estudo Multicêntrico sobre Referências de Crescimento entre 1993 e 2003, envolvendo seis
países muito diferentes em relação à cultura e etnia. As crianças selecionadas
(aproximadamente 8.500) eram todas saudáveis, amamentadas por suas mães não fumantes,
bem nutridas e com desenvolvimento considerado normal, assim puderam ser tomadas como
“ideal”. Esse trabalho resultou na construção e consequente publicação de novas curvas de
crescimento, indicadas como parâmetro para população infantil mundial.

Os países representativos das seis principais regiões geográficas do mundo foram:

Brasil (Pelotas) - representando a América Latina;


Ghana (Accra);
Índia (Nova Delhi);
Noruega (Oslo);
Oman (Muscat);
Estados Unidos (Davis).
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As novas curvas serão aqui utilizadas para definir perfil de crescimento e


desenvolvimento de crianças do nascimento até os 05 anos de idade.

As novas curvas de crescimento constituem um importante instrumento técnico para medir,


monitorar e avaliar o crescimento de todas as crianças de 0 a 5 anos, independente da origem
étnica, situação socioeconômica ou tipo de alimentação. Desnutrição, sobrepeso, obesidade e
condições associadas ao crescimento e à nutrição podem ser detectadas e encaminhadas
precocemente na criança.

Com a utilização dessas novas curvas pais, profissionais de saúde e gestores de políticas
públicas tomarão conhecimento dos padrões do que constitui uma boa nutrição, saúde e
desenvolvimento infantil.

E para as crianças maiores de 05 anos de idade, com base na referência de 2007.

Busque mais informações no site da OMS – www. who. int/ childgrowth/en/


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A grande preocupação com o aumento da obesidade infantil e o lançamento do padrão de


crescimento para crianças pré-escolares pela Organização Mundial da Saúde - OMS em abril de
2006 fizeram com que se tornasse urgente o desenvolvimento de uma referência de crescimento
única para a avaliação de crianças, em idade escolar e adolescentes. Além disso, à medida que os
países implementaram o padrão de crescimento para menores de 5 anos de idade, o intervalo
entre todos os percentis e as referências existentes para avaliar o crescimento de crianças maiores
tornou-se motivo de muitas dúvidas. Muitos países destacaram também a necessidade de existir
curvas de Índice de Massa Corporal - IMC iniciando aos 5 anos e que estas permitissem o cálculo
ou delineamento das curvas de qualquer percentil em uma escala contínua dos 5 aos 19 anos.

A necessidade de harmonizar as ferramentas de avaliação do crescimento fez com que um


grupo de especialistas se reunisse em janeiro de 2006, com o apoio da OMS, para avaliar a
viabilidade do desenvolvimento de uma referência nacional de crescimento para crianças em fase
escolar e adolescentes. Os especialistas sugeriram que a referência de crescimento deveria ser
construída para esse grupo de idade utilizando-se dados históricos já existentes e discutiram os
critérios de seleção dos bancos de dados. A OMS, em seguida, iniciou um processo de
identificação dos bancos de dados existentes em diversos países. Porém, até mesmo os estudos
mais promissores apresentaram grande heterogeneidade em relação aos métodos, qualidade dos
dados, tamanho de amostras, categorias de idade, situação socioeconômica das crianças
participantes e diversos outros fatores decisivos para a construção da curva de crescimento. Dessa
forma, muito provavelmente uma curva construída a partir de dados tão heterogêneos não
coincidiria com os dados do padrão de crescimento da OMS aos 5 anos para os diferentes
indicadores antropométricos.

Como consequência, a OMS optou por reconstruir a referência de crescimento que era
recomendada anteriormente, a do National Center for Health Statistics (NCHS) de 1977, para as
crianças dos 5 aos 19 anos. Foi utilizada a amostra original dos participantes de 1 a 24 anos e
acrescentaram-se os dados de crianças de 18 a 71 meses provenientes do padrão de crescimento
da OMS, visando facilitar o alisamento na transição aos 5 anos de idade. Foram aplicados os
métodos estatísticos mais atuais para o desenvolvimento de referências para crianças pré-
escolares.

As novas curvas da OMS de 2007 adaptam-se bem ao padrão de crescimento infantil da OMS aos
5 anos de idade e aos pontos de corte de sobrepeso e obesidade recomendados para os adultos.
Dessa forma, a referência da OMS de 2007 preenche a lacuna antes existente nas curvas de
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crescimento e correspondem à referência adequada para a avaliação nutricional de crianças e


adolescentes dos 5 aos 19 anos de idade.

Leitura obrigatória:

Victora CG, Araújo CL, Onis M [homepage on the Internet]. Uma nova curva de
crescimento para o século XXI. Brasília: Ministério da Saúde; 2006. Available
from: http://189.28.128.100/nutricao/docs/geral/nova_curva_cresc_sec_xxi.pdf

*Disponível no blackboard ou scielo

Quadro 3. Índices antropométricos para definição de estado nutricional de crianças e


adolescentes

Faixa Etária Crianças de 0 a 5 Crianças de 5 a 10 Adolescentes


anos incompletos anos incompletos (10 a 19 anos)
Peso para idade Peso para idade -
Índice Peso para estatura - -
Antropométrico IMC para Idade IMC para idade IMC para idade
Estatura para idade Estatura para idade Estatura para idade

ESCORE Z

Nos últimos anos tem se dado cada vez mais, importância a novos métodos de classificação
mais adequados estatisticamente. Pois os métodos para classificar o estado nutricional que
utilizam como referência à porcentagem de adequação, embora amplamente utilizados,
assumem que a informação dada pelas medidas antropométricas tem distribuição normal e
isso não é verdade para todas as medidas.
Observações realizadas de acordo com sexo, em distribuições de dados antropométricos
mostram que o peso corporal, por exemplo, não tem distribuição normal, mas a curva de
distribuição se desloca para a direita (Frisancho, 1993).
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 13

Além disso, para uma mesma medida, o significado de um ponto de corte varia com a idade:
por exemplo, um valor menor que 60% de peso para a idade representa um desnível de
desnutrição muito mais grave para uma criança menor que um ano do que para um escolar.
Por esse motivo tem-se utilizado recentemente um outro tipo de classificação baseada em
técnicas estatístico-aplicáveis a variáveis com distribuição normal ou não, que é a classificação
em escore z. A fórmula para se calcular o escore z é a seguinte:

ESCORE Z = valor individual medido – valor da mediana do padrão de referência


Desvio padrão da população de referência

PORTANTO:
o É a medida de quanto um indivíduo se afasta ou aproxima da medida em desvios-
padrão (DP).
o Pode ser referente a peso/estatura, peso/idade e estatura/idade.
o É um excelente método para estudos populacionais, pois é aceito internacionalmente.
o A faixa de normalidade situa-se entre -2 e +2 DP.
o Abaixo de -2 DP indica deficiência.
o Acima de +2 DP, indica excesso.

Leia mais sobre Desvio Padrão em:

Callegari-Jacques, Sidia M. Bioestatística [recurso eletrônico]: princípios e aplicações /


Sidia M. Callegari-Jacques. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre: Artmed, 2007.

Capítulo 3 – Medidas de dispersão ou de variabilidade

*Disponível na biblioteca virtual


AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 14

Quadro 4. Indicadores antropométricos utilizados na classificação nutricional e


recomendados pela OMS, Ministério da Saúde e SBP.
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 15

ADOLESCENTES

A OMS recomenda o Índice de Massa Corpórea (IMC) para a idade e sexo como o melhor
indicador do estado nutricional em adolescentes, pois dada uma estatura, o peso corresponde
a um percentil particular, que não é o mesmo para todas as idades e sexos.

Tabela 1 – Pontos de corte para classificação de adolescentes, segundo IMC.

CLASSIFICAÇÃO VARIÁVEL PONTO DE CORTE

Magreza ou baixo peso IMC/Idade e sexo percentil < 5


Normalidade IMC/Idade e sexo percentil > 5 e < 85
Risco de sobrepeso ou obesidade IMC/Idade e sexo percentil > 85

Fonte: MUST et al., 1991.

Tabela 2 – Percentis de IMC para idade: adolescentes do sexo masculino entre 9 e 24


anos.

Idade Percentil
(anos) 5th 15th 50th 85th 95th
9 14,03 14,71 16,17 18,85 21,47
10 14,42 15,15 16,72 19,60 22,60
11 14,83 15,59 17,28 20,35 23,73
12 15,24 16,06 17,87 21,12 24,89
13 15,73 16,62 18,53 21,93 25,93
14 16,18 17,20 19,22 22,77 26,93
15 16,59 17,76 19,92 23,63 27,76
16 17,01 18,32 20,63 24,45 28,53
17 17,31 18,68 21,12 25,28 29,32
18 17,54 18,89 21,45 25,92 30,02
19 17,80 19,20 21,86 26,36 30,66
20-24 18,66 20,21 23,07 26,87 31,26
Fonte: MUST et al., 1991.
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 16

Tabela 3 – Percentis de IMC para idade: adolescentes do sexo feminino entre 9 e 24


anos.

Idade Percentil
(anos) 5th 15th 50th 85th 95th
9 13,87 14,66 16,33 19,19 21,78
10 14,23 15,09 17,00 20,19 23,20
11 14,60 15,53 17,67 21,18 24,59
12 14,98 15,98 18,35 22,17 25,95
13 15,36 16,43 18,95 23,08 27,07
14 15,67 16,79 19,32 23,88 27,97
15 16,01 17,16 19,69 24,29 28,51
16 16,37 17,54 20,09 27,74 29,10
17 16,59 17,81 20,36 25,23 29,72
18 16,71 17,99 20,57 25,56 30,22
19 16,87 18,20 20,80 25,85 30,72
20-24 17,38 18,64 21,46 26,14 31,20

Fonte: MUST et al., 1991.

Tabela 4 – Valores críticos para classificação de adolescentes de acordo com o IMC e


dobras cutâneas.

Baixo Peso IMC/Idade < P5

Adequado ou Eutrofia IMC/Idade > P5 e < P85

Sobrepeso IMC/Idade > P85

Obesidade IMC/Idade > P85 associado DCT e DCSE > P90

Fonte: WHO, 1995.

COLE e colaboradores (2000) estabeleceram valores críticos específicos de IMC para


classificar crianças e adolescentes de acordo com sobrepeso e obesidade. Foram considerados
dados médios dos seguintes países: Brasil, Grã-Bretanha, Hong Kong, Países Baixos, Cingapura
e Estados Unidos.

Os valores críticos são apresentados na tabela 7:


AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 17

Tabela 5 – Valores críticos internacionais de IMC para sobrepeso e obesidade por sexo
e idade (2 a 18 anos).

IDADE (anos) Sobrepeso Obesidade


Masculino Feminino Masculino Feminino
2,0 18,41 18,02 20,09 19,81
2,5 18,13 17,76 19,80 19,55
3,0 17,89 17,56 19,57 19,36
3,5 17,69 17,40 19,39 19,23
4,0 17,55 17,28 19,29 19,15
4,5 17,47 17,19 19,26 19,12
5,0 17,42 17,15 19,30 19,17
5,5 17,45 17,20 19,47 19,34
6,0 17,55 17,34 19,78 19,65
6,5 17,71 17,53 20,23 20,08
7,0 17,92 17,75 20,63 20,51
7,5 18,16 18,03 21,09 21,01
8,0 18,44 18,35 21,60 21,57
8,5 18,76 18,69 22,17 22,18
9,0 19,10 19,07 22,77 22,81
9,5 19,46 19,45 23,39 23,46
10,0 19,84 19,86 24,00 24,11
10,5 20,20 20,29 24,57 24,77
11,0 20,55 20,74 25,10 25,42
11,5 20,89 21,20 25,58 26,05
12,0 21,22 21,68 26,02 26,67
12,5 21,56 22,14 26,43 27,24
13,0 21,91 22,58 26,84 27,76
13,5 22,27 22,98 27,25 28,20
14,0 22,62 23,34 27,63 28,57
14,5 22,96 23,66 27,98 28,87
15,0 23,29 23,94 28,30 29,11
15,5 23,60 24,17 28,60 29,29
16,0 23,90 24,37 28,88 29,43
16,5 24,19 24,54 29,14 29,56
17,0 24,46 24,70 29,41 29,69
17,5 24,73 24,85 29,70 29,84
18,0 25,00 25,00 30,00 30,00
Fonte: COLE et al., 2000.
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 18

Quadro 5a. Valores críticos para avaliação do estado nutricional de adolescentes


segundo índice antropométrico altura/idade.

Quadro 5b. Valores críticos para avaliação do estado nutricional de adolescentes


segundo índice antropométrico IMC/idade.
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 19

TAXA DE MATURAÇÃO SEXUAL (TMS)

Devido às grandes diferenças encontradas no crescimento de adolescentes de mesma faixa


etária, é aconselhável não usar apenas idade para avaliar o crescimento, mas sim,
complementar com a avaliação da maturação sexual a partir do desenvolvimento puberal.
Portanto, uma avaliação do grau de maturação das características sexuais secundárias
torna-se útil para a avaliação do crescimento físico e detecção de doenças e distúrbios
associados a algumas doenças.
As taxas de maturação sexual são classificadas em uma escala de 1 (pré-puberal) a 5 (adulto),
segundo TANNER (1996):

Tabela 6 – Classificação de maturação sexual segundo TANNER.

MATURAÇÃO SEXUAL

SEXO IDADE (anos) ESTÁGIO

Masculino 11 – 14 P1 G1 P2 G2
15 – 18 P3 G3 P4 G4
19 – 24 P5 G5
Feminino 11 – 14 Sem menarca
15 – 18 Com menarca

Pré-púberes:
Meninos – genitais e pelos púbicos l e volume testicular 1 – 3 ml
Meninas – mamas e pelos púbicos l

Púberes:
Meninos – genitais e pelos púbicos ll, lll, e lV, volume testicular 4 – 12 ml
Meninas – mamas e pelos púbicos ll, lll e lV

Pós-púberes:
Meninos – genitais e pelos púbicos lV, volume testicular 15 – 25 ml
Meninas – mamas e pelos púbicos V
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 20

Fases do desenvolvimento segundo TANNER:

Rapazes:
G2 – início do crescimento
G3 – crescimento
G4 – estirão
G5 – declínio na velocidade de desenvolvimento

Garotas:
M1 – início do crescimento
M2 – crescimento
M3 – M4 – estirão
M5 – fase adulta
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 21

Figura 1 - Desenvolvimento Puberal Feminino - Critérios de TANNER.


AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 22

Figura 2 – Desenvolvimento Puberal Masculino – Critérios de TANNER.


AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 23

ADULTOS

1 - PESO
Obtido com o auxílio de uma balança do tipo plataforma ou eletrônica digital e que possua um
valor de aproximação de 100g. O indivíduo deve ficar em pé sobre a plataforma da balança, com o
peso do corpo igualmente distribuído entre os pés.
Aconselha-se o indivíduo estar descalço, com roupas leves e periodicamente checar a calibragem
da balança.
Uma tentativa é geralmente suficiente para obter uma medida exata do peso corporal
(Heyward; Stolarczyk, 2000).

2- ESTATURA
É obtida, utilizando-se o estadiômetro ou antropômetro. Posicione o indivíduo descalço em
uma superfície plana que está em ângulo reto com a haste vertical do estadiômetro. Verifique se o
peso está distribuído entre ambos os pés e os braços soltos ao longo do corpo com as mãos
voltadas para as coxas.
Sempre que possível, a cabeça, escápula e glúteos devem também estar tocando a haste
vertical do estadiômetro. A cabeça fica ereta, com os olhos fixos à frente. O indivíduo inspira
profundamente, enquanto procede-se a leitura. Observe que adornos nos cabelos devem ser
retirados (Heyward; Stolarczyk, 2000).

3- INDICE DE MASSA CORPORAL


Também conhecido como Índice de Quetelet 1, é a proporção do peso corporal para a altura ao
quadrado. O peso do corpo deve ser medido em quilogramas e a altura convertida de centímetros
em metros. Método muito utilizado para classificar indivíduos de acordo com o estado nutricional,
porém é importante lembrar que isoladamente esse método é rudimentar e não estima a real
gordura corporal.

________________________
1
Matemático belga Lambert Adolphe Jacques Quetelet, formado em 1819 pela Universidade de Guent.
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 24

Tabela 7 – Classificação de indivíduos, segundo estado nutricional e risco de co-


morbidades para adultos, de acordo com o IMC.
________________________________________________________________________
Classificação IMC Risco de co-morbidade

Baixo peso < 18,50 Baixo (mas com risco aumentado


para outros problemas clínicos)
Eutrofia 18,50 – 24,99 Médio
Excesso de peso: > 25,00
Risco de obesidade 25,00 – 29,99 Aumentado
Obesidade grau l 30,00 – 34,99 Moderado
Obesidade grau ll 35,00 – 39,99 Severo
Obesidade grau lll > 40,00 Muito severo

Fonte: WHO, 1998.

ADEQUAÇÃO DE PESO

Adequação de peso atual x ideal

% adequação peso atual / ideal = peso atual x 100


peso ideal

Quadro 6 – Classificação da relação peso atual x ideal:

% Adequação Diagnóstico
< 70% Desnutrição Grave
70 – 80% Desnutrição Moderada
80 – 90% Desnutrição Ligeira
90 -110% Eutrofia
110 – 120% Sobrepeso
120 – 145% Obesidade
> 145% Obesidade Mórbida
Fonte: GRANT, 1981.
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 25

Adequação de peso atual x Habitual

% adequação peso atual / habitual = peso atual x 100


peso habitual

Quadro 7 – Classificação da relação peso atual x habitual:

% adequação Diagnóstico
< 75% Depleção Severa
75 – 85% Depleção Moderada
85 – 95% Depleção Leve
> 95% Eutrofia
Fonte: GRANT, 1981.

Velocidade de perda de peso (VPP)

VPP = Peso habitual – peso atual x 100


Peso habitual

Quadro 8 - Classificação da perda de peso de acordo com tempo e % da perda de peso.

Período Perda moderada Perda Severa


1 semana 1a2% >2%
1 mês 5% > 5%
3 meses 7,5 % > 7,5%
6 meses 10 % > 10 %
Fonte: BLACKBURN, 1977.
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 26

Tabela 08 – Peso Ideal em percentis de acordo com sexo, raça, e faixa etária segundo
MUST, 1991.
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 27

CIRCUNFERÊNCIA DA CINTURA E RELAÇÃO CINTURA-QUADRIL

Estudos prospectivos mostram que a gordura localizada no abdômen é fator de risco para
doenças cardiovasculares, diabetes mellitus e alguns tipos de cânceres, como o de mama, de
ovário e de endométrio (FOLSON et al, 1990).
Denomina-se distribuição de gordura corporal do tipo andróide (obesidade superior)
quando o tecido adiposo está concentrado na região abdominal e ginóide (obesidade inferior)
quando esse tecido se concentra mais na região dos glúteos, quadris e coxas. É de importância
clínica identificar a distribuição de gordura, visto que a obesidade andróide está associada ao
desenvolvimento de doenças cardiovasculares e metabólicas (KAMIMURA, 2002).

Figura 3 - Diferença entre a distribuição de gordura corporal:

a = andróide b = ginóide.

Pesquise mais sobre o assunto!!


AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 28

Figura 4 – Pontos anatômicos para medida de circunferências.


AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 29

CIRCUNFERÊNCIA DA CINTURA

A medida é realizada com o indivíduo em pé e o valor obtido com o auxílio de uma fita
métrica inextensível, que deve circundar o indivíduo na parte mais estreita do tronco, no nível da
cintura “natural” entre as costelas e a crista ilíaca. Realize a medida após uma expiração normal
(Heyward; Stolarczyk, 2000).
A partir desse dado é possível atribuir riscos de complicações metabólicas associadas à
obesidade.

Figura 5 – Circunferência da cintura.


AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 30

Tabela 09 – Valores de circunferência da cintura que indicam “risco elevado” e “risco


muito elevado” de complicações metabólicas, associadas com obesidade em
caucasianos, de acordo com sexo.

Risco de complicações metabólicas, associadas à obesidade


_________________________________________________
elevado muito elevado

HOMEM > 94 cm > 102 cm


MULHER > 80 cm > 88 cm

Fonte: HAN et al., 1995.

Tabela 10 – IMC e Circunferência da Cintura, relacionados a fatores de risco associados


à obesidade, segundo sexo.
____________________________________________________________________
____
IMC (kg/m2) Circ. da cintura (cm)

HOMEM > 26 > 96


MULHER > 25 > 86

Fonte: ZHU et al., 2002.

RELAÇÃO CINTURA-QUADRIL

Relação obtida entre a circunferência da cintura (cm) e a circunferência do quadril (cm):

RCQ = Circunferência da cintura


Circunferência do quadril

A circunferência do quadril é obtida a partir da medida da extensão posterior máxima dos


glúteos. É importante que o indivíduo esteja usando roupas finas.
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 31

A proporção da cintura para o quadril (RCQ) é fortemente associada à gordura visceral


(Ashwell et al., 1985; Seidell et al., 1987) e parece ser um índice aceitável de gordura intra-
abdominal. Entretanto, pesquisas recentes sugerem que a circunferência da cintura é um melhor
preditor da gordura visceral do que a RCQ e consequentemente mais prática para a correlação
com risco para doenças cardiovasculares (HAN et al., 1997).

Figura 6 – Circunferência do quadril.


AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 32

Figura 7 – Limites de Circunferência de Cintura.

Fonte: ROSS, R. 2020.

Tabela 11 – Valores indicativos de risco para desenvolvimento de doenças segundo


RCQ.
____________________________________
HOMEM > 1,0
MULHER > 0,85
____________________________________
Fonte: WHO, 1998.

DOBRAS CUTÂNEAS

As dobras cutâneas utilizadas para avaliação nutricional são: triciptal e subescapular, sendo
possível classificá-las de acordo com as tabelas propostas por FRISANCHO (1990). É importante
observar qual o padrão de referência que será utilizado, pois quando se utiliza CHUMLÉA et al.
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 33

(1987) ou BURR & PHILIPS (1984) realizar as mensurações no braço esquerdo do indivíduo e
quando utilizar FRISANCHO (1990), no braço direito.
É muito importante que as dobras sejam coletadas de forma bastante cuidadosa, pois há
grande variabilidade inter e intra-avaliador, que podem ser minimizadas aplicando procedimentos
padronizados e treinando suas técnicas.

REGRAS GERAIS:

▪ Identificar e marcar o local a ser medido;


▪ Segurar a dobra formada pela pele e pelo tecido adiposo com os dedos polegar e indicador
da mão esquerda a 1 cm do ponto marcado;
▪ Pinçar a dobra com o calibrador (adipômetro) exatamente no local marcado;
▪ Manter a dobra entre os dedos até o término da aferição;
▪ A leitura deverá ser realizada no milímetro mais próximo em cerca de dois a três segundos;
▪ Utilizar a média das três medidas.

DOBRA CUTÂNEA TRICIPTAL

Para a obtenção da dobra cutânea triciptal é necessário avaliar a distância entre a projeção
lateral do processo acromial e a margem inferior do processo olecraniano. Medida está realizada
no aspecto lateral do braço, com o cúbito flexionado a 90° e usando fita inextensível. O ponto
médio deve ser marcado na lateral do braço, em seguida deve-se separar levemente a prega do
braço não-dominante, desprendendo-a do tecido muscular. A dobra é tomada a 1 cm acima da
linha marcada no aspecto posterior do braço. O adipômetro é aplicado no nível marcado. Observe
que está é uma medida vertical e a mesma deve ser realizada 3 vezes (após fazer média) e os
valores não devem diferir em 3 mm (HARRISON et al., 1988; KAMIMURA et al., 2002).
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 34

Figura 8 - Local e medida da dobra cutânea do tríceps (DCT).


AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 35

Figura 9 – Percentis para Dobra Cutânea Triciptal – DCT (mm).


AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 36

A adequação é feita por meio da equação abaixo:

Adequação da DCT (%) = DCT obtida (mm) x 100


DCT percentil 50

E a classificação de acordo com:

Quadro 9 – Classificação de estado nutricional segundo % de adequação para DCT.

Desnutrição Desnutrição Desnutrição Eutrofia Sobrepeso Obesidade


grave Moderada Leve
DCT 40% 40 – 50% 50 – 60% 60 -110% 110 – 120% > 120%
Fonte: BLACKBURN, G.L. & THORNTON, P.A., 1979.

Ou a classificação pode ser realizada de acordo com os percentis:

Tabela 11 – Classificação de estado nutricional de acordo com a DCT.

Estado nutricional DCT(mm)

Depleção severa < P5


Risco de depleção P5 a P15
Eutrofia P15,1 ao P 95
Excesso de gordura > P95

Fonte: GRAY, 1980; PETERSON, 1984; HEYMSFIELD, 1999.


AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 37

DOBRA CUTÂNEA SUBESCAPULAR

A dobra cutânea subescapular é medida logo abaixo da escápula esquerda. A dobra é ao


longo da linha natural da pele, logo abaixo do ângulo inferior da escápula.
A pele deve ser levantada 1 cm abaixo do ângulo inferior da escápula, de tal forma que
possa observar um ângulo de 45º entre esta e a coluna vertebral, o adipômetro é aplicado 1 cm
abaixo dos dedos e o indivíduo deve estar com braços e ombros relaxados. Observe que é uma
medida diagonal (HARRISON et al., 1988; KAMIMURA et al., 2002).

Figura 10 – Local e medida para Dobra cutânea subescapular.


AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 38

Figura 10 – Percentis para Dobra cutânea subescapular (mm).


AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 39

CIRCUNFERÊNCIA DO BRAÇO, CIRCUNFERÊNCIA MUSCULAR DO BRAÇO E ÁREA


MUSCULAR DO BRAÇO.

CIRCUNFERÊNCIA DO BRAÇO (CB)

Essa medida representa a soma das áreas constituídas pelos tecidos ósseo, muscular e
gorduroso do braço.
É importante observar qual o padrão que será utilizado para seguir a mesma metodologia.
Quando utilizar CHUMLÉA et al. (1987) ou BURR & PHILLIPS (1984), realizar as mensurações no
braço esquerdo do indivíduo, quando utilizar FRISANCHO (1990), no braço direito.
A medida deve ser coletada a partir do braço do avaliado flexionado, formando um ângulo
de 90º. Localizar e marcar o ponto médio entre o acrômio e o olécrano. O indivíduo deve relaxar o
braço e estendê-lo ao longo do corpo com a palma da mão voltada para a coxa. Contornar o braço
com a fita flexível no ponto marcado de forma ajustada, evitando compressão ou folga (CHUMLÉA
et al., 1987; KAMIMURA et al., 2002).
Realizar a medida duas vezes consecutivas e não devem ultrapassar a diferença de 0,5 cm
(CHUMLÉA et al., 1987).

Figura 10 – Circunferência de braço.


AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 40

Figura 11 – Percentis da circunferência do braço (cm).


AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 41

Avalia-se o percentual de adequação da medida obtida em relação aos padrões:

Adequação da CB (%) = CB medida (cm) x 100


CB percentil 50

E a classificação de acordo com:

Quadro 10 – Classificação de estado nutricional segundo % de adequação para CB.

Desnutrição Desnutrição Desnutrição Eutrofia Sobrepeso Obesidade


grave Moderada Leve
CB < 70% 70 – 80% 80 – 90% 90 -110% 110 – 120% > 120%
Fonte: BLACKBURN, G.L. & THORNTON, P.A., 1979.

CIRCUNFERÊNCIA MUSCULAR DO BRAÇO (CMB)

Este parâmetro avalia a reserva de tecido muscular, sem descontar a área óssea. É obtida
a partir dos valores da CB e da dobra cutânea triciptal (DCT).

CMB (cm) = CB – π x PCT Preste


10 atenção!!

SENDO:
CB = circunferência do braço (cm)
PCT = prega cutânea triciptal (cm) ***
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 42

Figura 12 – Percentis da circunferência muscular do braço (cm).


AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 43

Fórmula para adequação da CMB e consequentemente identificação do estado nutricional.

Adequação da CMB (%) = CMB obtida x 100


CMB percentil 50

E a classificação de acordo com:

Quadro 11 – Classificação de estado nutricional segundo % de adequação para CMB.

Desnutrição Desnutrição Desnutrição Eutrofia Sobrepeso Obesidade


grave Moderada Leve
CMB < 70% 70 – 80% 80 – 90% 90 -110% 110 – 120% > 120%
Fonte: BLACKBURN, G.L. & THORNTON, P.A., 1979.

Ou pode ser realizada de acordo com os percentis:

Tabela 11 – Classificação do estado nutricional de acordo com a CMB.

Estado nutricional CMB

Depleção severa < P5


Depleção moderada > P5 e < P10
Boa nutrição > P10

Fonte: APEX, 2001.


AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 44

ÁREA MUSCULAR DO BRAÇO SIMPLIFICADA

Avalia a quantidade de massa magra do indivíduo, considerando a área óssea. É calculada


a partir da seguinte equação de GURNEY & JELLIFE (1973):

AMB (CM 2) = [ CB – ( π x pct) ] 2


4 π

ÁREA MUSCULAR DO BRAÇO CORRIGIDA (AMBc)

Avalia a reserva de tecido muscular corrigindo a área óssea. Reflete mais adequadamente a
verdadeira magnitude das mudanças do tecido muscular do que a CMB. É calculada a partir da
seguinte equação de HEYMSFIELD et al. (1982):

PARA HOMENS

AMBc (CM 2) = [ CB – ( π x pct) ] 2 - 10


4 π

PARA MULHERES

AMBc (CM 2) = [ CB – ( π x pct) ] 2 - 6,5


4 π

SENDO:
CB = circunferência do braço (cm)
PCT = prega cutânea triciptal (cm)
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 45

Figura 13 – Percentis da área muscular do braço corrigida (cm2).


AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 46

Tabela 11 – Classificação de estado nutricional de acordo com a AMB.

Estado nutricional AMB (cm2)

Depleção P 0 ao P 5
Abaixo da média / risco de depleção P 5,1 ao P 15
Média P 15,1 ao P 85
Acima da média P 85,1 ao P 95
Boa nutrição P 95,1 ao P 100

Fonte: APEX, 2001.

Peso Seco

Figura 14. Peso seco


AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 47

PESO IDEAL PARA PACIENTES AMPUTADOS

Para corrigir o peso corporal ideal de amputados, deve-se subtrair o peso da extremidade
amputada do peso ideal calculado. Consulte as porcentagens do peso correspondentes a cada
segmento do corpo.

Figura 15 – Porcentagens do peso correspondente a cada segmento do corpo segundo


OSTERKAMP, 1995.
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 48

IDOSOS

O envelhecimento leva a uma alteração na composição corporal do idoso, aumentando a


quantidade de tecido adiposo e diminuindo o tecido muscular. Há também uma alteração
importante em relação à redistribuição desse tecido adiposo, que predominantemente se acumula
na cavidade abdominal e diminui nos membros.
Mudanças em relação a elasticidade e hidratação da pele, bem como o tamanho das células
adiposas diminuem, podendo aumentar a compressibilidade da gordura subcutânea e de tecidos
conjuntivos. Considerando esses fatos é importante a utilização de padrões de referência
específicos à idade (KAMIMURA, 2002).

IMC, CIRCUNFERÊNCIA DO BRAÇO, PREGA CUTÂNEA DO TRICEPS E ÁREA MUSCULAR


DO BRAÇO.

Tabela 12 – Estado nutricional de idosos segundo o IMC.

IMC (kg/m2) Classificação

< 22,0 Magreza


22,0 – 27,0 Eutrofia
> 27,0 Excesso de peso
_______________________________________________________________
Fonte: LIPSCHITZ, D.A. Screening for nutritional status in the elderly. Primary care, 21(1): 55-67,
1994.

American Academy of Family Physicians (1994) também propõe em outro estudo a mesma
faixa de normalidade de IMC para idoso entre 22 e 27 kg/m2.
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 49

BURR & PHILLIPS (1984) estabeleceram percentis de IMC para indivíduos a partir dos 65 anos, os
quais são descritos a seguir:

Tabela 13 - Percentil de IMC (kg/m2).

IDADE PERCENTIL
Anos N 5 10 25 50 75 90 95
Homens
65-69 46 18,1 19,4 21,8 24,3 26,9 29,2 30,5
70-74 171 18,9 20,2 22,6 25,1 27,7 30,0 31,3
75-79 188 17,5 18,9 21,3 23,9 26,5 28,9 30,3
80-84 87 18,1 19,4 21,4 23,7 26,0 28,1 29,3
85+ 41 17,9 19,0 21,0 23,1 27,2 27,2 28,4
Mulheres
65-69 53 17,2 19,2 22,7 26,5 30,3 33,8 35,9
70-74 250 18,4 20,2 23,1 26,3 29,5 32,4 34,2
75-79 329 18,1 19,8 22,8 26,1 29,4 32,4 34,1
80-84 200 17,1 19,0 22,1 25,5 28,9 32,0 33,9
85+ 88 16,7 18,2 20,8 23,6 26,4 29,0 30,5
Fonte: Adaptado PHILLIPS, 1984.

Figura 16 - Classificação nutricional de idosos, segundo o valor do IMC, de acordo com diferentes
referências internacionais (1991 a 2005).
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 50

Tabela 14 – Percentil de Circunferência do Braço – CB (mm).

IDADE PERCENTIL
Anos N 5 10 25 50 75 90 95
Homens
65-69 47 206 218 238 260 282 302 314
70-74 45 209 219 236 255 274 291 301
75-79 119 197 208 226 245 264 282 293
80-84 56 193 202 219 237 255 272 281
85+ 31 189 198 213 230 247 262 271
Mulheres
65-69 54 212 223 243 264 285 205 317
70-74 47 201 213 233 255 277 297 309
75-79 219 193 206 226 249 272 293 305
80-84 131 179 192 212 235 258 279 291
85+ 75 164 176 198 221 245 266 278
Fonte: Adaptado PHILLIPS, 1984.

Tabela 15 – Percentil de Prega Cutânea Triciptal – PCT (mm).

IDADE PERCENTIL
Anos N 5 10 25 50 75 90 95
Homens
65-69 47 3,6 4,3 5,9 8,1 11,3 15,2 18,2
70-74 45 3,7 4,3 5,8 8,0 10,9 14,6 17,3
75-79 119 3,6 4,2 5,3 7,0 9,2 11,7 13,6
80-84 56 3,5 4,1 5,1 6,6 8,8 10,7 12,3
85+ 31 3,4 3,9 5,0 6,5 8,4 10,6 12,2
Mulheres
65-69 54 9,9 11,3 14,1 18,0 22,9 28,5 32,5
70-74 47 8,2 9,5 12,1 15,9 20,9 26,8 31,1
75-79 219 7,5 8,6 11,1 14,6 19,1 24,5 28,4
80-84 131 6,2 7,2 9,5 12,7 17,1 22,4 26,2
85+ 75 6,0 7,0 8,8 11,5 14,9 19,0 21,8
Fonte: Adaptado PHILLIPS, 1984.
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 51

Tabela 16 – Percentil da Área Muscular do Braço – AMB (mm2).

IDADE PERCENTIL
Anos N 5 10 25 50 75 90 95
Homens
65-69 47 2680 3040 3650 4320 4990 5420 5960
70-74 45 2710 3030 3560 4140 4720 5250 5570
75-79 119 2530 2840 3360 3940 4520 5040 5350
80-84 56 2370 2660 3160 3710 4260 4760 5060
85+ 31 2270 2540 2980 3470 3960 4450 4670
Mulheres
65-69 54 2020 2310 2810 3350 3890 4390 4680
70-74 47 1840 2160 2690 3270 3850 4380 4700
75-79 219 1970 2240 2710 3230 3750 4220 4490
80-84 131 1720 2000 2460 2970 3480 3940 4220
85+ 75 1430 1700 2170 2690 3210 3680 3950
Obs: para o cálculo da área muscular do braço utilizou-se a fórmula de Gurney & Jelliffe (1973).

Tabela 17 – Percentil da Circunferência Muscular do Braço – CMB (mm2).

IDADE PERCENTIL
Anos N 5 10 25 50 75 90 95
Homens
65-69 47 187 196 213 231 249 266 275
70-74 45 184 194 209 227 245 260 270
75-79 119 182 190 205 221 237 252 260
80-84 56 176 184 199 215 231 246 254
85+ 31 172 180 193 208 223 236 244
Mulheres
65-69 54 163 172 187 204 221 236 245
70-74 47 158 168 184 201 218 234 244
75-79 219 161 169 184 200 216 231 239
80-84 131 151 160 175 192 209 224 233
85+ 75 141 150 165 182 199 214 223
Fonte: Adaptado PHILLIPS, 1984.
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 52

Tabela 18 – Pontos de corte para classificação por percentis para CB e DCT, segundo
Phillips (1984).

Percentis Classificação

<P5 Desnutrição
P 5 – P 10 Risco de desnutrição
P 10 – P 90 Eutrofia
P 90 – P 95 Risco de obesidade
> P 95 Obesidade
_______________________________________________________________

PESO

Em situações especiais, é necessário que se estime o peso do indivíduo. Segundo CHUMLÉA


et al. (1989) as fórmulas a serem utilizadas são as seguintes:

HOMEM
[(0,98 x CP) + (1,16 x AJ) + (1,73 X CB) + (0,37 X DCSE) – 81,69]

MULHER
[(1,27 X CP) + (0,87 X AJ) + (0,98 X CB) + (0,40 X DCSE) – 62,35]
ONDE:
CP = circunferência da panturrilha (cm)
AJ = altura do joelho (cm)
CB = circunferência do braço (cm)
DCSE = dobra cutânea subescapular (mm)

A altura do joelho, diferentemente da estatura, muda pouco com o aumento da idade.


Desta forma, esta medida é altamente correlacionada com a estatura do indivíduo.
O procedimento para se obter o valor da altura do joelho pode ser observado na figura a
seguir:
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 53

Figura 16 – Mensuração da altura do joelho.

Com o indivíduo deitado, forma-se um ângulo de 90º entre a perna e a coxa esquerda e
entre o pé e a perna. Posiciona-se a régua paralelamente à perna e mede-se o comprimento entre
o calcanhar e a patela.
O valor da circunferência do braço é obtido como já descrito anteriormente. Caso o
indivíduo esteja acamado, o braço deve estar levemente levantado da superfície da cama para que
se consiga passar a fita métrica. A fita é colocada no local onde foi realizada a medida do ponto
médio e então a leitura da circunferência é realizada (CHUMLÉA et al. 1987).
Para se obter o valor da dobra cutânea subescapular, deve-se ter os mesmos
procedimentos já descritos anteriormente. Entretanto, caso o indivíduo esteja acamado, esta
medida é obtida com o indivíduo virado para o seu lado direito, com o braço direito estendido à
frente do corpo. O tronco está ereto e as pernas dobradas. O braço esquerdo repousa ao longo do
corpo e a palma da mão está para baixo (CHUMLÉA et al. 1987).
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 54

ESTATURA

Também pode-se estimar o valor da estatura, utilizando-se as seguintes equações propostas


por CHUMLÉA et al. (1985):

HOMEM = 64,19 – (0,04 x idade) + (2,02 x AJ)

MULHER = 84,88 – (0,24 x idade) + (1,83 x AJ)

ONDE:
AJ = Altura do joelho (cm)

NAHAS (1995) também propôs as seguintes fórmulas para estimativa de estatura:

HOMEM
46,93 + (2,24 x comprimento da perna) + 2,72 amarelo + 0,14 pardo + 4,44
nível de escolaridade.

MULHER
37,08 + (2,35 x comprimento da perna) + 1,61 branco + 5,84 amarelo + 3,75
nível de escolaridade.
ONDE:

AMARELO = assume valor igual a 1 se o indivíduo for oriental e zero se for de outra cor.
PARDO = assume valor igual a 1 se o indivíduo for de cor parda e zero se for de outra cor.
BRANCO = assume valor igual a 1 se o indivíduo for de cor branca e zero se for de outra cor.
NÍVEL DE ESCOLARIDADE = ABAIXO DE 08 ANOS = ZERO
ACIMA DE 08 ANOS = 01
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 55

IMPORTANTE - Recomendação de leitura:

GEIB, L.T. C. Determinantes sociais da saúde do idoso. Ciência &


Saúde Coletiva, v. 17, p. 123-133, 2012.

TAVARES, E.L.et al. Avaliação nutricional de idosos: desafios da


atualidade. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia,
18(3):643-650, 2015.

SOUZA, R. et al. Avaliação antropométrica em idosos: estimativa de


peso e altura e concordância entre classificações de IMC. Revista
Brasileira de Geriatria e Gerontologia, 16(1):81-90, 2013.

ATLETAS

Quando estudamos o atleta, sabemos que sua composição corporal, ou mais precisamente,
sua porcentagem de gordura corporal interfere diretamente em sua performance física.
Porcentagens maiores ou menores estão diretamente relacionadas à modalidade praticada, porém
é unânime que esses valores não devem ser inferiores à 5% para homens e 12 a 16% para
mulheres.
Segundo o American College of Sports Medicine, cabe aos atletas, técnicos, preparadores
físicos e cientistas do exercício estabelecerem metas individuais, ou seja, há variações de atleta
para atleta. Esse reconhecimento fará com que os atletas consigam apresentar rendimento de
acordo com sua individualidade e modalidade praticada.

Para esse perfil a palavra-chave é COMPOSIÇÃO CORPORAL.


AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 56

PARÂMETROS BIOQUÍMICOS

Os métodos bioquímicos incluem análise de substâncias em materiais como sangue, urina, tecidos
como fígado, cabelo, unha, etc.

São chamados de complementares, uma vez que podem confirmar ou não deficiências nutricionais
observadas por meio dos métodos dietéticos, antropometria ou sinais clínicos, entretanto alguns
fatores ou condições podem limitar o uso desses indicadores na avaliação, como utilização de
algumas drogas, condições ambientais, estado fisiológico, estresse, injúria e inflamação. Portanto
os parâmetros de avaliação laboratorial são importantes na identificação precoce de alterações
nutricionais, mas não devem, de modo algum, ser utilizados isoladamente para estabelecer
diagnóstico nutricional.

A utilização dos parâmetros bioquímicos fornece medidas objetivas, com vantagem de possibilitar
o seguimento em longo prazo das intervenções nutricionais realizadas.

Exemplificação de fatores intervenientes:

Interpretação de testes únicos, isolados, sem considerar o uso de outros parâmetros;


Estado fisiológico, idade, sexo e condições ambientais desfavoráveis;
Fatores não nutricionais;
Doenças hepáticas;
Estado de hidratação.

A) PROTEÍNAS PLASMÁTICAS

A diminuição da concentração sérica das proteínas de síntese hepática pode ser um bom índice de
desnutrição energético proteica.
A queda nessa proteína, indicaria diminuição na biossíntese hepática, resultado de um limitado
suprimento de substrato energético e proteico, comumente associado à desnutrição.
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 57

ALBUMINA

Proteína plasmática mais abundante circulante no plasma e líquidos extracelulares:

Síntese – hepatócitos;
Funções – Manutenção da pressão osmótica do plasma e transporte de moléculas;
Vida média – 18 a 20 dias, pouco sensível a rápidas alterações do EM;
Intervalo de dosagem – mínimo de 20 dias;
Limitações de uso - Reduzida em doenças hepáticas, presença de inflamações, infecções, febre e
estresse.

Valores de referência – mg/dl:

Normal > 3,5


Depleção leve 3,0 – 3,5
Depleção moderada 2,4 – 2,9
Depleção grave < 2,4
(Blackburn & col, 1977)

PRÉ-ALBUMINA

Síntese - hepatócito
Funções – transportar hormônios da tireoide
Vida média – 2 a 3 dias - muito sensível para identificação de depleção
Intervalo de dosagem – semanal
Limitações de uso – distúrbios da tireoide, insuficiência hepática e renal, presença de inflamação,
infecção e febre.

Valores de referência – mg/dl:

Normal 20,0
Depleção leve 10,0– 15,0
Depleção moderada 5,0 – 10,0
Depleção grave < 5,0
(Blackburn & col, 1977)
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 58

PROTEINA TRANSPORTADORA DE RETINOL (RBP)

Síntese - hepatócito
Funções – transporte de retinol
Vida média – 10 a 12 horas (muito curta) – muito sensível para identificação de depleção.
Intervalo de dosagem – semanal
Limitações de uso – deficiência de vitamina A e zinco, insuficiência hepática e renal, presença de
inflamação, infecção e febre.

Valores de referência – mEq/dl:

Normal 20,0
(Aspen)

TRANSFERRINA

Síntese - hepatócito
Funções – Transporte de ferro
Vida média – 8 a 10 dias – sensível para identificar alterações agudas das proteínas viscerais
Intervalo de dosagem – semanal
Limitações de uso – anemias, gestação hepatopatias, inflamação, neoplasia, excesso de ferro.

Valores de referência – mg%:

Normal >200
Depleção leve 150 - 200
Depleção moderada 100 - 150
Depleção grave < 100
(Aspen)
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 59

B) ÍNDICE CREATININA-ALTURA

Método que avalia excreção urinária de creatinina combinada com a altura, de acordo com idade e
sexo.

A dosagem de creatinina urinária está relacionada às alterações na massa muscular, por ser um
metabólito da creatina (molécula de depósito energético sintetizada pelo fígado e concentrada
principalmente na massa muscular).

Vida média – cerca de 4 horas – sensível para a identificação de estados de depleção.


Limitações de uso – Insuficiência renal, fase aguda pós-traumática, atividade física intensa,
excesso de proteína na dieta, dificuldades de coleta da urina de 24 horas durante 3 dias
consecutivos, pois erro de apenas 15 minutos nas 24 horas pode acarretar um erro de 1% no
valor final.
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 60

Cálculo:
ICA % = Creatinina do indivíduo nas 24 horas (mg) x 100
Creatinina urinária ideal (mg)

CREATININA URINÁRIA IDEAL

Tabela 19 – Excreção de creatinina urinária de acordo com a altura e a idade em


homens (mg/dia).

IDADE
ALTURA 20-29 30-39 40-49 50-59 60 70 80
146 1258 1169 1079 985 896 807 718
148 1284 1193 1102 1006 915 824 733
150 1308 1215 1123 1025 932 839 747
152 1334 1240 1145 1045 951 856 762
154 1358 1262 1166 1064 968 872 775
156 1390 1291 1193 1089 990 892 793
158 1423 1322 1222 1115 1014 913 812
160 1452 1349 1246 1137 1035 932 829
162 1481 1376 1271 1160 1055 950 845
164 1510 1403 1296 1183 1076 969 862
166 1536 1427 1318 1203 1094 986 877
168 1565 1454 1343 1226 1115 1004 893
170 1598 1485 1372 1252 1139 1026 912
172 1632 1516 1401 1278 1163 1047 932
174 1666 1548 1430 1305 1187 1069 951
176 1699 1579 1458 1331 1211 1090 970
178 1738 1615 1491 1361 1238 1115 992
180 1781 1655 1529 1395 1269 1143 1017
182 1819 1690 1561 1425 1296 1167 1038
184 1855 1724 1592 1453 1322 1190 1059
186 1894 1759 1625 1483 1349 1215 1081
188 1932 1795 1658 1513 1377 1240 1103
190 1968 1829 1689 1542 1402 1263 1123
Fonte: WALSER, JPEN 11 (5), Suppl, 1987.
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 61

Tabela 20 – Excreção de creatinina urinária de acordo com a altura e a idade em


mulheres (mg/dia).

IDADE
ALTURA 20-29 30-39 40-49 50-59 60 70 80
140 858 804 754 700 651 597 548
142 877 822 771 716 666 610 560
144 898 841 790 733 682 625 573
146 917 859 806 749 696 638 586
148 940 881 827 768 713 654 600
150 964 903 848 787 732 671 615
152 984 922 865 803 747 685 628
154 1003 940 882 819 761 698 640
156 1026 961 902 838 779 714 655
158 1049 983 922 856 796 730 670
160 1073 1006 944 877 815 747 686
162 1100 1031 968 899 835 766 703
164 1125 1054 990 919 854 783 719
166 1148 1076 1010 938 871 799 733
168 1173 1099 1032 958 890 817 746
170 1199 1124 1055 980 911 835 766
172 1224 1147 1077 1000 929 853 782
174 1253 1174 1102 1023 951 872 800
176 1280 1199 1126 1045 972 891 817
178 1304 1223 1147 1065 990 908 833
180 1331 1248 1171 1087 1011 927 850
Fonte: WALSER, JPEN 11 (5), Suppl, 1987.

C) AVALIAÇÃO DA COMPETÊNCIA IMUNOLÓGICA

A relação entre estado nutricional e imunidade é evidente e comprovada por vários estudos. A
depressão da imunidade progride à medida que a desnutrição avança, portanto, a avaliação da
qualidade da ingestão alimentar é muito importante.
Testes imunológicos devem ser realizados para ajudar na conclusão do diagnóstico, e esses são:
contagem total de linfócitos ou linfocitometria e testes de hipersensibilidade cutânea.
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 62

D) CONTAGEM TOTAL DE LINFÓCITOS (CTL) OU LINFOCITOMETRIA

Mede as reservas imunológicas momentâneas, indicando condições do mecanismo de defesa


celular do organismo. Pode ser calculada a partir do leucograma, utilizando-se o percentual de
linfócitos e a contagem total de leucócitos:

CTL = % linfócitos x leucócitos


100

Depleção leve 1200 – 2000/ mm3


Depleção moderada 800 – 1199/ mm3
Depleção grave < 800 / mm3

E) BALANÇO NITROGENADO

Para monitorização da terapia nutricional

A excreção urinária de nitrogênio sob a forma de nitrogênio uréico é medida para avaliar a
adequação da reposição proteica em indivíduos que estão recebendo terapia nutricional.
Quando o nitrogênio diário total excretado na urina como ureia e amônia, junto com as perdas
menores de nitrogênio nas fezes e na pele (em torno de 4 g), é igual ao nitrogênio liberado
durante o metabolismo das proteínas exógenas e endógenas, considera-se balanço neutro.
Com a ingestão maior que a excreção - balanço positivo, portanto ANABOLISMO;
e excreção maior que a ingestão – balanço negativo, portanto CATABOLISMO.

O balanço nitrogenado é calculado por meio da seguinte equação:

INGESTÃO PROTÉICA 24 horas (g) - NITROGÊNIO URÉICO URINÁRIO 24h (g) + 4 g


6,25

* não deve ser usado em pacientes com doenças renais ou que apresentam perdas
anormais de nitrogênio devido à presença de diarreia, fístulas gastrointestinais, etc.
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 63

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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