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DOCÊNCIA EM

GESTÃO FINANCEIRA
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Triagem Organização LTDA ME
Bibliotecário responsável: Rodrigo Pereira CRB 1/2167
Portal Educação

P842g Gestão financeira / Portal Educação. - Campo Grande : Portal Educação,


2012.

176p. : il.

Inclui bibliografia
ISBN 978-85-8241-073-8

1. Administração financeira. 2. Planejamento orçamentário. 3. Finanças –


Crédito. 4. Administração – Fundamentos. I. Portal Educação. II. Título.

CDD 658.15
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................4

2 FUNDAMENTOS DA GESTÃO FINANCEIRA...........................................................................6 2

3 FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO ..................................................................................7

4 A ESTRUTURA DO DEPARTAMENTO FINANCEIRO ............................................................14

5 MATEMÁTICA FINANCEIRA....................................................................................................16

6 RELACIONAMENTO BANCÁRIO ............................................................................................29

7 ORÇAMENTO EMPRESARIAL ................................................................................................32

8 COMO FAZER UM PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO .......................................................38

9 GESTÃO DE APLICAÇÕES .....................................................................................................46

10 GESTÃO DE CAIXA X GESTÃO DE COMPETENCIA .............................................................72

11 ANÁLISE DOS DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS ..............................................................76

12 ANÁLISE DE INVESTIMENTOS ...............................................................................................80

13 CONTAS A PAGAR ..................................................................................................................93

14 CONTAS A RECEBER .............................................................................................................97

15 CRÉDITO DE COBRANÇA ......................................................................................................102

16 FLUXO DE CAIXA ...................................................................................................................114

17 ECONOMIA E MERCADO .......................................................................................................133

18 PLANEJAMENTO TIBUTÁRIO................................................................................................148

19 PLANO DE NEGÓCIO .............................................................................................................151


20 FERRAMENTAS PARA PROFISSIONAIS DAS ÁREAS DE FINANÇAS E CRÉDITO ..........168

21 CONCLUSÃO ..........................................................................................................................173

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................174

3
1 INTRODUÇÃO

A busca incessante de inovações, invenções, novas tecnologias e metodologias é um


fato marcante no mundo globalizado. Atualmente deparamos com diversos instrumentos
facilitadores, diferente de algumas décadas atrás, hoje ao sentirmos calor, ligamos o ar-
condicionado, se quiser saber em qual cinema está passando um filme e não temos o jornal à 4
mão, acessamos a internet e descobrimos além dos cinemas, também as sessões onde o filme
está sendo exibido. Podemos, inclusive, comprar o ingresso. Em caso de fome e falta de tempo
para preparar o jantar, basta abrir o freezer e colocar o jantar no forno de microondas e logo está
pronto. Se quiser falar com uma pessoa que está longe, ou no trânsito é possível ligar para o seu
celular e o contato é feito.

Todas essas facilidades surgiram com o tempo e para atender algumas das principais
necessidades do ser humano, mas existem determinados assuntos que a solução não é a
simples invenção de um aparelho, mas sim a aplicação de procedimentos, conceitos e definições
que os estudiosos passaram a defender e aplicar.

Dentre esses assuntos está um dos que mais impactam e preocupam as pessoas,
seja física ou juridicamente, “o dinheiro”, ou melhor, a falta dele.

Perguntas surgem a todo o momento e devido a vários motivos, como por exemplo:

 Como faço para meu dinheiro render mais?


 Por que sempre estou entrando no negativo em minha conta corrente?
 Eu sempre perco o controle dos meus gastos, o que posso fazer?
 Não consigo me planejar para comprar alguma coisa, tem solução?
Essas e outras perguntas fazem parte do dia a dia de diversas pessoas e empresas.
Não é um privilégio de pessoas ou grupos com pouco ou quase nenhum poder aquisitivo, isso
porque no mundo capitalista e com o desenfreado desequilíbrio financeiro entre as classes
socioeconômicas todos passam por dificuldades, inclusive os grandes e poderosos, sejam
empresas ou pessoas.

A eterna busca é pela forma de equilibrar os ganhos de acordo com os gastos, e ter
saldo positivo na contracorrente, de conseguir planejar e adquirir produtos e serviços para uma
melhora na qualidade de vida. E para isso, é necessário ter alguns conhecimentos, ter disciplina
e aplicar determinados procedimentos na vida financeira, visando o tão sonhado “pote de ouro
no final do arco-íris”, ou seja, a tranquilidade financeira.

Neste curso, será estudado este problema, suas consequências, as causas, as


características, os procedimentos e a gestão do mundo financeiro. Mas uma citação precisa
5
estar fixada na cabeça de todos que precisam de uma gestão financeira equilibrada, eficaz e
eficiente: “Os recursos financeiros são finitos e as vontades, desejos e necessidades de
consumo das pessoas são infinitas, por isso precisa-se de disciplina e planejamento, caso
contrário, em breve estarão falidos e mergulhados em um cenário de completa falta de controle e
perspectivas, o que chamam de crise financeira”.

2 FUNDAMENTOS DA GESTÃO FINANCEIRA

A gestão financeira é um conjunto de ações e procedimentos administrativos,


envolvendo o planejamento, análise e controle das atividades financeiras da empresa, visando
maximizar os resultados econômicos, financeiros decorrentes de suas atividades operacionais.

Na gestão financeira cabem as análises, decisões e atuações relacionadas com os


meios financeiros necessários à atividade da empresa. Desta forma, a função financeira integra
todas as tarefas ligadas à obtenção, utilização e controle de recursos financeiros.

Em outras palavras, a função financeira integra:

 A determinação das necessidades de recursos financeiros (planejamento das


necessidades, a inventariação dos recursos disponíveis, a previsão dos recursos libertos, o
cálculo das necessidades de financiamento externo);
 A obtenção de financiamento da forma mais vantajosa (tendo em conta os
custos, prazos e outras condições contratuais, as condições fiscais, a estrutura financeira da
empresa);
 A aplicação criteriosa dos recursos financeiros, incluindo os excedentes de
tesouraria (por forma a obter uma estrutura financeira equilibrada e adequados níveis de
eficiência e de rentabilidade);
 A análise financeira (incluindo a recolha de informações e o seu estudo por
forma a obter respostas seguras sobre a situação financeira da empresa);
 A análise da viabilidade econômica e financeira dos investimentos. 6

3 FUNDAMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO

Para fazer uma gestão financeira de qualidade precisa ter claramente conceitos
administrativos, seus fundamentos e principalmente características de administrador.

A administração é uma área que engloba diversas teorias, conceitos, técnicas e


ferramentas. Em geral, ela tem a finalidade essencial de fazer acontecer os desejos e objetivos
das pessoas, solucionando os problemas e atendendo as necessidades dessas.

Desde muito tempo, as pessoas perceberam a necessidade de se unirem para


conseguir alcançar o que desejam, pois assim se torna mais fácil fazer o que deve ser feito, bem
como também torna possível realizar coisas que sozinhas as pessoas não conseguiriam. Desses
agrupamentos com objetivos comuns surgiram as organizações modernas, e é principalmente
nas organizações que a administração é exercida auxiliando a gestão financeira.

Uma organização é um organismo composto de grupos de pessoas que se constituem


de forma organizada para alcançar objetivos comuns. Pode ser entendido, também, como uma
ou mais pessoas trabalhando juntas e de modo estruturado para alcançar um objetivo específico
ou um conjunto de objetivos.

Toda organização funciona como um sistema, ou seja, necessita de entradas que


serão processadas (trabalhadas) e irão gerar produtos/serviços como saídas. Os fornecedores
garantem as entradas, a organização, realiza o ciclo produtivo (transformacional) e os clientes
são beneficiados pelas saídas.

Toda organização é dividida em áreas funcionais e são estas áreas que devem ser
administradas.
As principais áreas da administração nas organizações são: marketing,
produção/logística, financeira e recursos humanos. Em nosso curso estamos interessados na
área financeira, visando um detalhamento maior sobre a gestão financeira e como os
fundamentos administrativos nos auxiliam, então veremos a área financeira sob o aspecto
administrativo.
7
A área financeira trata dos assuntos relacionados à administração das finanças das
organizações. As finanças correspondem ao conjunto de recursos disponíveis que serão usados
em transações e negócios com transferência e circulação de dinheiro. Ao analisar, veremos que
as finanças fazem parte do cotidiano, no controle de recursos para compras e contratações, tal
como precisa no gerenciamento da empresa e suas respectivas áreas, seja o marketing,
produção, recursos humanos. A necessidade de gerenciamento das finanças ocorre em toda a
organização seja no nível operacional, gerencial e/ou estratégico, pois envolvem dados e
informações financeiras necessárias para a execução de atividades operacionais e tomadas de
decisão em todos esses níveis.

A administração da área financeira é fundamental para controlar de forma mais eficaz,


possível à concessão de crédito para clientes, o planejamento e análise de investimentos, e a
obtenção de recursos para financiar operações e atividades da empresa.

O objetivo é o desenvolvimento contínuo, evitando gastos desnecessários e


desperdícios, definindo melhores estratégias para a condução financeira da empresa.

O bom gerenciamento dessa área possibilita o funcionamento correto e sinérgico das


outras áreas, garantindo a realização das atividades necessárias para o controle eficaz da
entrada e saída de recursos financeiros, maximização dos investimentos e para a obtenção do
lucro. A ideia central é a viabilidade dos negócios que proporcionem não somente o crescimento,
mas o desenvolvimento contínuo. É justamente por falta de planejamento e controle financeiro
que muitas empresas quebram nos primeiros anos de sua existência, apresentando insuficiência
e inexistência de suporte financeiro para sua organização.

A contabilidade possui um íntimo relacionamento de interdependência com a gestão


financeira, mas é preciso esclarecer que a principal função da contabilidade é desenvolver e
prover dados para mensurar a performance da empresa, avaliando sua posição financeira
perante os impostos, contabilizando todo seu patrimônio, elaborando suas demonstrações
descrevendo as receitas e os gastos.

Enquanto que a administração financeira enfatiza os fluxos de caixa, ou seja, a


entrada e saída de dinheiro, que demonstrará realmente a situação e capacidade financeira para
satisfazer suas obrigações e adquirir novos ativos (bens ou direitos de curto ou longo prazo) a
8
fim de atingir as metas da empresa. Portanto, no que diz respeito à circulação de dados e
informações necessárias para o exercício das atividades financeiras e contábeis, a gestão
financeira depende da contabilidade e vice-versa.

Todas as atividades empresariais envolvem recursos diversos e, portanto, devem ser


conduzidas para a obtenção de lucro. As atividades financeiras têm como base de estudo e
análise, dados retirados do balanço patrimonial e do fluxo de caixa da empresa, assim é possível
perceber a quantia real disponível para financiamentos das atividades atuais e das novas
atividades a serem implantadas.

Dentre as funções típicas do administrador financeiro estão:

 Análise, planejamento e controle financeiro - baseia-se em coordenar as


atividades e avaliar a condição financeira da empresa, por meio de relatórios financeiros
elaborados a partir dos dados contábeis de resultado, analisando a capacidade de produção,
tomando decisões estratégicas com relação ao rumo total da empresa. O objetivo é alavancar as
operações da mesma para se obter retorno financeiro e oportunidades de se investir mais nos
negócios para o alcance das metas da empresa.

 Tomada de decisões de investimento - consiste em decidir sobre a destinação


dos recursos financeiros para aplicação em ativos correntes (circulantes) e não correntes
(realizável em longo prazo e ativo permanente). O administrador financeiro estuda a situação
procurando apresentar os níveis desejáveis de ativos circulantes, determinam quais ativos
permanentes devem ser adquiridos e quando os mesmos devem ser substituídos ou liquidados,
buscando sempre o equilíbrio e a otimização entre os ativos correntes e não-correntes. Ou seja,
deve decidir quando, como e quanto investir; se valerá a pena adquirir um bem ou direito,
sempre com o intuito de evitar desperdícios e gastos desnecessários; e também decidir sobre a
imobilização dos recursos correntes, que se ocorrer com altíssimos gastos na aquisição de
imóveis e bens que trarão pouco retorno positivo e muita depreciação no seu valor, poderá
inviabilizar o capital de giro imprescindível para a sobrevivência da empresa.

 Tomada de decisões de financiamentos - dizem respeito à captação de


recursos diversos para o financiamento dos ativos correntes e não correntes, no que tange todas
as atividades e operações da empresa e necessite de capital ou de qualquer outro tipo de 9
recurso para a execução de metas ou planos da empresa. Levando em conta a combinação dos
financiamentos a curto e longo prazo com a estrutura de capital, ou seja, não se emprestará
mais do que a capacidade da empresa tem para pagar e ser responsável pela suas
exigibilidades. Para isso, é preciso pesquisar fontes de financiamento confiáveis e viáveis,
sempre balanceando juros, benefícios e formas de pagamento.

Dependendo do tamanho e necessidade da empresa, o administrador financeiro pode


exercer essas funções típicas ao atuar em cargos específicos, como:

Analista financeiro - tem como função principal preparar os planos financeiros e


orçamentários, analisando desempenho e realizando previsões futuras;

Gerente de orçamento de capital – sua função é avaliar e recomendar as propostas


de investimentos em ativos, verificando se trará resultados positivos ou negativos no aspecto
financeiro;

Gerente de projetos de financiamentos - conseguem financiamentos para


investimentos em ativos. Ou seja, elaboram projetos que estabelecem como financiar os ativos
desejados, comparando alternativas como comprar à vista ou a prazo, ou ainda realizar um
leasing, dependendo de cada situação;

Gerente de Caixa - responsável por manter e controlar os saldos diários do caixa da


empresa, geralmente cuida das atividades de cobrança e desembolso do caixa e investimentos
em curto prazo;

Analista ou Gerente de crédito - gerencia as políticas de crédito da empresa,


avaliando as solicitações de crédito, extensão, monitoramento e cobrança de contas a receber;
Gerente de fundos de pensão - supervisiona a administração de ativos e passivos do
fundo de pensão dos empregados, economizando e investindo o dinheiro para atender metas de
longo prazo.

Todo administrador financeiro deve levar em conta os objetivos dos acionistas e donos
da empresa, pois conduzindo bem financeiramente os negócios proporcionará o
10
desenvolvimento e prosperidade da empresa, de seus proprietários, sócios e stakeholders em
geral.

Podemos verificar que existem diversos objetivos e metas a serem alcançadas nesta
área dependendo da situação e necessidade. Mas, no geral a administração financeira serve
para manusear da melhor forma os recursos financeiros com o objetivo de otimizar o máximo
possível o valor agregado dos produtos e serviços da empresa a fim de se ter uma posição
competitiva mediante a um mercado competitivo, garantindo o retorno positivo a tudo o que foi
investido, crescimento financeiro e satisfação aos investidores.

Mas quem é o administrador financeiro? Quais são as principais características?

Segundo Chiavenato (2003, p. 03) “existem três tipos de habilidades importantes para
o desempenho administrativo bem-sucedido: as habilidades técnicas, humanas e conceituais”.
Tais habilidades podem ser vistas na figura abaixo, separadas por níveis organizacionais.
De acordo com Chiavenato (2003), as habilidades técnicas envolvem o uso de
conhecimento especializado (conhecimento de contabilidade, programação de computador,
engenharia, etc.).

As habilidades humanas estão relacionadas com o trabalho com pessoas e referem-se 11


à facilidade de relacionamento interpessoal e grupal. Já as habilidades conceituais, estas
envolvem a visão da organização ou da unidade organizacional como um todo bem como a
facilidade em trabalhar com ideias e conceitos, teorias e abstrações.

A combinação destas habilidades torna-se importante para o administrador. Contudo,


tais habilidades requerem certas competências pessoais para serem colocadas em ação com
êxito e constituem o maior patrimônio pessoal do administrador.

Então, para administrar com eficiência e eficácia, há a necessidade de se ter


habilidades (conceituais humanas e técnicas). Mas, como vimos anteriormente, isso também não
é suficiente, pois precisamos ter competências para colocar tais habilidades em prática.

Mas quais são as competências necessárias ao administrador ou gerente?

Segundo Chiavenato (2003, p. 04) “o administrador - para ser bem-sucedido


profissionalmente - precisa desenvolver três competências duráveis: o conhecimento, a
perspectiva e a atitude”. A figura abaixo faz uma representação clara de como ser um
administrador bem-sucedido.
12

Mas, qual dessas três competências é a mais importante?

Para Chiavenato (2003), não há dúvidas de que a atitude é a mais importante


competência para o Administrador. Sabem por quê?

Porque não basta ter conhecimento, ter perspectiva se não souber fazer com que as
coisas aconteçam. Deve-se partir do princípio de que o administrador é o agente de mudanças
na organização, portanto, é preciso que desenvolva certas características pessoais que o tornem
um verdadeiro líder na organização.

A seguir há, resumidamente, aspectos ou atividades típicas da área financeira:

 Contabilidade geral.
 Auditoria interna.
 Contabilidade fiscal.
 Orçamentação e custos de produtos já fabricados.
 Análise dos resultados contábeis.
 Plano de contas e normas contábeis.
 Planejamento e controle orçamentário.
 Planejamento fiscal e tributário.
 Demonstrativos financeiros e contábeis.
 Estudo das margens dos produtos e serviços.
 Aplicações financeiras.
 Descontos de duplicatas de clientes.
 Operações de financiamento bancário.
 Programação financeira.
 Relacionamento geral com bancos.
 Seguros. 13
 Controle de contas a pagar e a receber.
 Faturamento, crédito e cobrança.
 Aprovação de créditos aos clientes.
 Reconciliação bancária.
 Estudo da situação econômica e financeira da empresa e do país.

4 A ESTRUTURA DO DEPARTAMENTO FINANCEIRO

Na realidade não há uma estrutura organizacional certa ou padrão para o


departamento financeiro. Todavia, certos princípios básicos de organização são aplicáveis em
todos os casos, não importa a estrutura organizacional adotada. Especificamente, a estrutura
organizacional deve estabelecer linhas nítidas de autoridade e responsabilidade, possibilitar uma
autonomia de funcionamento, demarcar responsabilidades, assegurar que um indivíduo não seja
responsável perante mais de uma pessoa e estabelecer amplitudes adequadas de controle.

Tradicionalmente, divide-se a área financeira de acordo com as funções mais


importantes para cada organização e/ou a natureza dos instrumentos que ela comporta. Dessa
forma, é comum a área financeira estar estruturada em torno de algumas ou todas as seguintes
funções: planejamento, orçamento, contabilidade, tesouraria, controle e avaliação, auditoria e
custos. Entretanto, outros fatores também determinam o tamanho e a estrutura da área
financeira: a realidade e características locais, o tamanho da organização, os recursos físicos,
financeiros e humanos disponíveis, o volume e a complexidade dos procedimentos e controles
financeiros a serem mantidos, o grau de descentralização de responsabilidades e recursos etc.

As funções que são relevantes na área financeira podem ser definidas resumidamente
como segue:
 Orçamentação: função responsável pela preparação, acompanhamento e
execução do orçamento financeiro.
 Contabilidade: instrumento fundamental da gestão financeira, pois registra todas
as transações ou movimentações de recursos que envolvam valores monetários; pode ser vista
como a "central de informação" da gestão financeira.
 Tesouraria: função ou área que cuida de todos os pagamentos e recebimentos e 14
administra o dinheiro que é mantido em caixa ou em contas bancárias para esse fim.
 Faturamento: área que cuida da preparação e envio das contas.
 Custos: função ou área responsável pela apuração e controle dos custos dos
serviços prestados.
 Auditoria: conjunto de mecanismos de verificação dos registros contábeis ou de
quaisquer procedimentos que envolvam recursos financeiros.
 Administração do capital de giro: consiste em gerenciar os recursos financeiros
de que a organização necessita no seu dia-a-dia: quanto manter em caixa, em conta bancária,
em investimentos de curto prazo e alta liquidez, administração dos estoques de materiais e
outros insumos.
 Análise de investimentos: consiste na análise das possibilidades e necessidades
de investimentos (em instalações, equipamentos, área física, etc.).
As funções identificadas acima, incluindo as de planejamento, controle e avaliação,
constituem as áreas clássicas da área financeira.

5 MATEMÁTICA FINANCEIRA

A Matemática Financeira é uma ferramenta útil na análise de algumas alternativas de


investimentos ou financiamentos de bens de consumo. A ideia básica é simplificar a operação
financeira a um Fluxo de Caixa e empregar alguns procedimentos matemáticos.

Há alguns elementos básicos na matemática financeira e que estão presentes no dia a


dia da gestão financeira, entre eles temos percentual, juros (simples e composto), capital,
montante, taxa, desconto, fluxo de caixa e diversos outros, os principais serão abordados neste
curso.
O conceito mais básico e elementar na matemática financeira é o conceito de
porcentagem, precisamos dele em todas as operações financeiras, mas o que é porcentagem?

Porcentagem é uma medida com base 100 onde se expressa uma relação entre dois
valores. O símbolo que representa a porcentagem é % .

É importante ter em mente que x%, corresponde a: x ÷100 = 0. Trocando por 15


números, por exemplo:

30% = 30 ÷ 100 => 0,3

Entendido porcentagem vamos aos demais conceitos a começar pelos Juros.

É bastante antigo o conceito de juros no mundo financeiro, tendo sido amplamente


divulgado e utilizado ao longo da História. Esse conceito surgiu naturalmente quando o Homem
percebeu existir uma estreita relação entre o dinheiro e o tempo. Processos de acumulação de
capital e a desvalorização da moeda levariam normalmente a ideia de juros, pois se realizavam
basicamente devido ao valor temporal do dinheiro.

E foi exatamente o conceito de juros que impulsionou a gestão financeira suportada


pela matemática financeira. Vamos então aos principais conceitos da matemática financeira.

 Capital
O Capital é o valor aplicado através de alguma operação financeira. Também
conhecido como: Principal, Valor Atual, Valor Presente ou Valor Aplicado. Em inglês usa-se
Present Value (indicado pela tecla PV nas calculadoras financeiras).

 Juros
Juros representam à remuneração do Capital empregado em alguma atividade
produtiva. Os juros podem ser capitalizados segundo dois regimes: simples ou compostos.

Juros Simples: o juro de cada intervalo de tempo sempre é calculado sobre o capital
inicial emprestado ou aplicado.
Sobre os juros gerados a cada período não incidirão novos juros. Valor Principal ou
simplesmente principal é o valor inicial emprestado ou aplicado, antes de somarmos os juros.
Transformando em fórmula temos:

J = P. i. n
16

Onde, J = juros

P = principal (capital)

i = taxa de juros

n = número de períodos

Exemplo: Temos uma dívida de R$ 1000,00 que deve ser paga com juros de 8% a.m.
pelo regime de juros simples e devemos pagá-la em 2 meses. Os juros que pagarei serão:

Solução: J = 1000,00 x 0.08 x 2 = 160,00

Ao somarmos os juros ao valor principal temos o montante.

Montante = Principal + Juros

Montante = Principal + ( Principal x Taxa de juros x Número de períodos )


M = P. (1 + (i. n) )

Onde, M = Montante

P = principal (capital)

i = taxa de juros
n = número de períodos

Exemplo: Calcule o montante resultante da aplicação de R$70.000,00 à taxa de 10,5%


a.a. durante 145 dias.

Solução: M = 70000,00 [1 + (10,5/100).(145/360)] = R$72.960,42


17
Observe que expressamos a taxa i e o período n, na mesma unidade de tempo, ou
seja, anos. Daí ter dividido 145 dias por 360, para obter o valor equivalente em anos, já que um
ano comercial possui 360 dias.

Juros Composto: o juro de cada intervalo de tempo é calculado a partir do saldo no


início de correspondente intervalo. Ou seja: o juro de cada intervalo de tempo é incorporado ao
capital inicial e passa a render juros também.

O juro é a remuneração pelo empréstimo do dinheiro. Ele existe porque a maioria das
pessoas prefere o consumo imediato, e está disposta a pagar um preço por isto. Por outro lado,
quem for capaz de esperar até possuir a quantia suficiente para adquirir seu desejo, e neste
ínterim estiver disposta a emprestar esta quantia a alguém, menos paciente, deve ser
recompensado por esta abstinência na proporção do tempo e risco, que a operação envolver. O
tempo, o risco e a quantidade de dinheiro disponível no mercado para empréstimos definem qual
deverá ser a remuneração, mais conhecida como taxa de juros.

Quando se usa juros simples e juros compostos?

A maioria das operações envolvendo dinheiro utiliza juros compostos. Estão incluídas:
compras a médio e longo prazo, compras com cartão de crédito, empréstimos bancários, as
aplicações financeiras usuais como Caderneta de Poupança e aplicações em fundos de renda
fixa, etc. Raramente encontramos uso para o regime de juros simples: é o caso das operações
de curtíssimo prazo, e do processo de desconto simples de duplicatas.

O regime de juros compostos é o mais comum no sistema financeiro e, portanto, o


mais útil para cálculos de problemas do dia-a-dia. Os juros gerados a cada período são
incorporados ao principal para o cálculo dos juros do período seguinte.
Chama-se de capitalização o momento em que os juros são incorporados ao principal.
Após três meses de capitalização, temos:

1º mês: M =P.(1 + i)

2º mês: o principal é igual ao montante do mês anterior: M = P x (1 + i) x (1 + i)


18
3º mês: o principal é igual ao montante do mês anterior: M = P x (1 + i) x (1 + i) x (1 + i)

Simplificando, obtemos a fórmula:

M = P. (1 + i ) n

Importante: a taxa i tem que ser expressa na mesma medida de tempo de n, ou seja,
taxa de juros ao mês para n meses.

Para calcularmos apenas os juros basta diminuir o principal do montante ao final do


período:

J = M- P

Exemplo: Calcule o montante de um capital de R$6.000,00, aplicado os juros


compostos, durante 1 ano, à taxa de 3,5% ao mês.

(use log 1,035=0,0149 e log 1,509=0,1788)

Solução: M = P. (1 + i ) n

P = R$6.000,00 ; t = 1 ; ano = 12 meses ; i = 3,5 % a.m. = 0,035; M = ?

Usando a fórmula, obtemos:

M = 6000.(1+0,035)12
M = 6000. (1,035)12

Fazendo x = 1,03512 e aplicando logaritmos, encontramos:

log x = log 1,03512  log x = 12 log 1,035  log x = 12( 0,0149) = 0,1788 log x =
19
0,1788 => x = 1,509

Então M = 6000.1,509 = 9054. Portanto o montante é R$9.054,00

 Taxa de juros
A taxa de juros indica qual remuneração será paga ao dinheiro emprestado, para um
determinado período. Ela vem normalmente expressa da forma percentual, em seguida da
especificação do período de tempo a que se refere:

8 % a.a. - (a.a. significa ao ano).

10 % a.t. - (a.t. significa ao trimestre).

Outra forma de apresentação da taxa de juros é a unitária, que é igual à taxa


percentual dividida por 100, sem o símbolo %:

0,15 a.m. - (a.m. significa ao mês).

0,10 a.q. - (a.q. significa ao quadrimestre).

Cuidado com o período que vem representado na taxa porque em muitas situações
precisamos transformar o valor da taxa devido ao período não estar adequado ao problema e
aos dados da questão. A isso temos as Taxas Equivalentes.

 Taxas Equivalentes
Duas taxas i1 e i2 são equivalentes, se aplicadas ao mesmo Capital P durante o
mesmo período de tempo, através de diferentes sistemas de capitalização, produzem o mesmo
montante final.
Seja o capital P aplicado por um ano a uma taxa anual ia.

O montante M ao final do período de 1 ano será igual a M = P(1 + i a).

Consideremos agora, o mesmo capital P aplicado por 12 meses a uma taxa mensal i m.

O montante M’ ao final do período de 12 meses será igual a M’ = P(1 + im)12.


20

Pela definição de taxas equivalentes vista acima, deveremos ter M = M’.

Portanto, P(1 + ia) = P(1 + im)12

Daí conclui que 1 + ia = (1 + im)12

Com esta fórmula podemos calcular a taxa anual equivalente a uma taxa mensal
conhecida.

Exemplo: Qual a taxa anual equivalente a 8% ao semestre?

Solução: Em um ano temos dois semestres, então teremos: 1 + ia = (1 + is) 2

1 + ia = 1,082  ia = 0,1664 = 16,64% a.a.

 Taxas Nominais
A taxa nominal é quando o período de formação e incorporação dos juros ao Capital
não coincide com aquele a que a taxa está referida. Alguns exemplos:

- 340% ao semestre com capitalização mensal.

- 1150% ao ano com capitalização mensal.

- 300% ao ano com capitalização trimestral.

Exemplo: Uma taxa de 15 % a.a. de capitalização mensal, terá 16.08 % a.a. como
taxa efetiva: 15/12 = 1,25  1,25 12 = 1,1608.
 Taxas Efetivas
A taxa Efetiva é quando o período de formação e incorporação dos juros ao Capital
coincide com aquele a que a taxa está referida. Alguns exemplos:

- 140% ao mês com capitalização mensal. 21

- 250% ao semestre com capitalização semestral.

- 1250% ao ano com capitalização anual.

Taxa Real: é a taxa efetiva corrigida pela taxa inflacionária do período da operação.

Chamamos de VP o valor presente, que significa o valor que eu tenho na data 0; VF é


o valor futuro, que será igual ao valor que terei no final do fluxo, após juros, entradas e saídas.
Com relação à sigla VP e VF, também encontramos em alguns livros os autores utilizarem o
inverso, ou seja, PV e FV. Nesse caso estão utilizando as iniciais dos nomes em inglês, “Present
Value” e “Future Value”.

 Desconto Simples
A operação de desconto é inversa e a operação da capitalização consiste em se
determinar um Valor Presente equivalente a um determinado Valor Futuro. Em termos práticos,
as operações de desconto são realizadas com os títulos de crédito - o instrumento de crédito que
possuem garantia legal (duplicatas, notas promissórias etc.). Possuindo garantia legal, esses
títulos podem ser negociados livremente, antes de sua data de vencimento.

Assim, um título de crédito pode ser convertido em dinheiro ou substituído por outro(s)
título(s) anteriormente à data prevista para sua liquidação. A conversão é feita pelo Valor Atual
ou Valor Presente (PV) do título, que corresponde ao Valor de Face, Valor Nominal ou Valor
Futuro (FV) do título, menos o desconto (d) que é a compensação em valor pela antecipação do
resgate do título.

O Regime de Capitalização Simples utiliza duas formas de cálculo para o desconto: o


Desconto Simples Comercial e o Desconto Simples Racional.
Como apenas a modalidade comercial é praticada, ainda que sua utilização seja
restrita a operações de curto prazo, essa modalidade será o foco do estudo.

Cálculo do Desconto Simples Comercial

O Desconto Simples Comercial (dc), também chamado Desconto Simples "Por Fora", 22
equivale aos juros simples calculados sobre o Valor Nominal (FV) do título. A partir da fórmula
dos juros simples que é:

J = PV. i . n

Consegue-se deduzir a fórmula do desconto comercial substituindo j por dc e PV por


FV, temos:

dc = FV . i . n

Exemplo: calcule o desconto comercial de um título de R$ 500, 00, descontado 27


dias antes do vencimento, à taxa de desconto de 5% ao mês.

Solução: FV = 500,00; i = 0,05; n = 27 d = 27/30 me.

dc = 500 . 0,05 . 27/30  dc = R$ 22,50

Como o prazo não está em uma unidade de tempo compatível com o período de
capitalização da taxa, é necessário expressá-lo em função dessa nova unidade de tempo.

Cálculo do Valor Atual Comercial

O Valor Atual é o valor pelo qual o título é resgatado ou negociado antes do seu
vencimento e corresponde à diferença entre o Valor Nominal e o Desconto:
PVc = FV - dc PVc = FV (1 – i . n)
ou

Vamos a um exemplo: vamos calcular o Valor de Resgate de um título de R$ 1100,00,


23
25 dias antes do seu vencimento, à taxa de desconto de 8% a.m.

Solução: FV = 1100 ; i = 0,08 a.m. ; n = 25d = 25/30 me

PVc = 1100 (1 - 0,08 .25/30 )  PVc = 1100 (1 - 0,0667)  PVc = R$ 1026,67

O exemplo não especificou a modalidade de desconto simples utilizada. Sendo assim,


como norma, é utilizado o desconto comercial.

 Regime de Capitalização Composta


Montante e Juros de um único pagamento

No Regime de Capitalização Composta, os juros são sempre calculados sobre o valor


bruto do período anterior. Ao contrário do que ocorre no Regime de Capitalização Simples, no
qual temos sempre o mesmo principal, neste regime a principal muda a cada período de
capitalização. O principal é sempre o Montante ou Valor Futuro (FV) do período anterior:

FV = PV (1 + i) n

Ao trabalhar com juros compostos, é mais simples obter o montante e depois subtrair
o capital inicial para obter o valor dos juros. Assim:

J = FV - PV J = PV [(1 + i)n – 1]
ou
 Desconto Composto
O desconto é a operação inversa da capitalização. Enquanto a operação de
capitalização agrega, a cada período, os juros ao capital inicial ou Valor Presente para produzir o
montante ou Valor Futuro, a operação de desconto retira, a cada período, os juros de um
determinado Valor Futuro para produzir o Valor Presente daquele período.
24

PV = FV. (1 + i) -n

 Fluxo de Caixa
Fluxo de caixa é o detalhamento mensal das rendas e despesas da empresa, ou seja,
a entrada e saída física do dinheiro empregado no desempenho das atividades empresariais. Se
esta diferença for positiva, o saldo irá para o caixa ou conta bancária da empresa. Se for
negativa, significa que a empresa estará gastando mais do que recebeu, identificando a
necessidade de um controle de gastos mensais.

Conceitualmente, podemos dizer ainda que o fluxo de caixa seja um instrumento que
relaciona os ingressos (entradas) e desembolsos (saídas) de recursos monetários (dinheiro) de
uma empresa em determinado intervalo de tempo. A partir da elaboração do fluxo de caixa é
possível identificar eventuais excedentes (sobras) ou escassez (falta) de caixa.

O fluxo de caixa serve para demonstrar graficamente as transações financeiras em um


período de tempo. O tempo é representado na horizontal dividido pelo número de períodos
relevantes para análise. As entradas ou recebimentos são representados por setas verticais
apontadas para cima e as saídas ou pagamentos são representados por setas verticais
apontadas para baixo. Observe o gráfico abaixo:
25
 Séries Uniformes
Alguns conjuntos de fluxos de caixa possuem características de uniformidade que
permitem o seu tratamento conjunto, para o cálculo de valores equivalentes no presente e no
futuro.

Essas características são:

 Finitude: o número de fluxos é finito;


 Constância: os fluxos têm o mesmo valor, são constantes;
 Periodicidade: os fluxos ocorrem a intervalos ou períodos iguais.

Os conjuntos de fluxos de caixa com as características apresentadas constituem as


chamadas séries uniformes ou rendas.

As séries uniformes são constituídas, tanto nas operações de recuperação de capital


(amortização) como nas de formação de capital (capitalização). Nas operações de amortização
(empréstimos, financiamentos etc.) o valor a ser amortizado é anterior à série, é a sua causa, e
recebe o nome de Valor Atual ou Valor Presente (PV) de uma série. Nas operações de
capitalização, o capital formado é posterior à série, é a sua consequência, e recebe o nome de
Montante ou Valor Futuro (FV) da série. Os fluxos de caixa que constituem a série são
denominados Termos ou Pagamentos (PMT); o número de termos (n) e a taxa no período (i) são
os demais elementos de uma operação com séries uniformes.

As séries uniformes classificam-se em Antecipadas, Imediatas (Postecipadas) e


Diferidas em função da época em que ocorrem os seus fluxos.
 Séries Imediatas
Em uma série imediata, os fluxos ocorrem no final dos respectivos períodos. As séries
imediatas são mais características das operações de amortização, embora possam ser
utilizadas, também, em operações especiais de capitalização na constituição de fundos de
reembolso para o resgate de dívidas ou fundos de provisão para a substituição de
equipamentos. O DFC de uma série imediata de entradas de capital tem o seguinte aspecto: 26

 Séries Antecipadas
Em uma série antecipada, os fluxos ocorrem no início dos respectivos períodos. As
séries antecipadas são mais frequentes nas operações de capitalização, embora sejam
utilizadas, também, em operações de amortização. O DFC de uma série antecipada de entradas
de capital tem o seguinte aspecto:

 Séries Diferidas
Em uma série diferida, os fluxos ocorrem no final dos respectivos períodos, posteriores
a um prazo de carência ou diferimento. As séries diferidas são praticamente exclusivas das
operações de amortização, embora sejam utilizadas, ainda que raramente, em operações de
capitalização nos mesmos casos previstos nas séries imediatas. Estas séries incluem no cálculo
um elemento adicional no cálculo: a carência ou prazo de diferimento (m). O DFC de uma série
diferida de entradas de capital tem o seguinte aspecto:
27

A intenção nesse curso é apresentar os principais aspectos da Matemática Financeira


com suas principais definições. Há inúmeras funções com suas respectivas aplicabilidades,
foram escolhidas as principais para discussão nesse curso.

6 RELACIONAMENTO BANCÁRIO

O surgimento dos bancos está diretamente ligado ao cálculo de juros compostos e o


uso da Matemática Comercial e Financeira de modo geral. Na época em que o comércio
começava a chegar ao auge, uma das atividades do mercador foi também a do comércio de
dinheiro: com o ouro e a prata. Nos diversos países eram cunhadas moedas de ouro e prata.

Aconteceu então a divisão de trabalho dentro do campo do comércio: paralelamente


aos comerciantes que se ocupavam com a troca de artigos comuns, surgiram os cambistas, isto
é, comerciantes dedicados ao intercâmbio de uma mercadoria específica: o dinheiro.

Num espaço de tempo relativamente curto, acumularam-se fantásticas somas de


dinheiro nas mãos dos cambistas. Com o tempo, foram se ocupando de uma nova atividade:
guardar e emprestar dinheiro. Naquela época, e devido à deficiente organização das instituições
responsáveis pela segurança social do indivíduo, não era recomendável que tivesse em sua
casa muitas moedas de ouro e prata. Estas pessoas entregavam seu dinheiro à custódia do
cambista rico, que o guardava e devolvia ao dono quando ele pedisse.

Era natural que a seguinte ideia ocorresse:


“Porque estas grandes somas de dinheiro haverão de permanecer em meu poder sem
qualquer lucro para mim”? - Ai então se percebe que a palavra "lucro" está diretamente
interligada com o conceito de finanças.

“É pouco provável que todos os proprietários, ao mesmo tempo e num mesmo dia,
exijam a devolução imediata de todo seu dinheiro. Emprestarei parte do dinheiro a quem pedir,
28
sob a condição de que seja devolvido num prazo determinado. E como meu devedor empregará
o dinheiro como quiser durante este é natural que eu obtenha alguma vantagem. Por isso, além
do dinheiro emprestado, deverá entregar-me, no vencimento do prazo estipulado, uma soma
adicional”.

Vimos que neste pensamento do mercador, a ideia de lucro já aparece fortemente.

Assim tiveram início as operações creditícias. Aqueles que, por alguma razão, se
encontravam sem dinheiro como - comerciantes senhores feudais e não raras vezes o próprio rei
ou o erário nacional -, recorriam ao cambista que lhes emprestava grandes somas de dinheiro a
juros "razoáveis".

O juro era pago pelo usufruto do dinheiro recebido ou, mais propriamente, era a
"compensação pelo temor" de quem dava dinheiro emprestado e assim se expunha a um grande
risco.

Estes juros foram chamados - com toda justiça - de usurário, o dinheiro recebido
emprestado, de capital usurário e o credor, de usureiro. O cambista exercia sua profissão
sentada num banco de madeira em algum lugar do mercado. Daí a origem da palavra
"banqueiro" e "banco". Os primeiros bancos de verdade da História foram criados pelos
sacerdotes.

O primeiro banco privado foi fundado pelo duque. Vitali em 1157, em Veneza. Após
este, nos séculos XIII, XIV e XV toda uma rede bancária foi criada. Assim os bancos foram um
dos grandes propulsores práticos para o avanço da Matemática Comercial e Financeira e da
Economia durante os séculos X até XV. Pois sem essa motivação para o aprimoramento dos
cálculos, talvez, essa área de Matemática não estivesse tão avançada nos dias atuais.
Pronto está criado a empresa que participa da vida de 10 entre 10 pessoas no mundo
financeiro, o Banco. É o início de uma relação que nunca ficaremos livres, porque sempre no
mercado seja em que área de atuação for teremos um relacionamento bancário.

E com a criação do banco, vêm a criação de produtos e serviços para serem ofertados
as pessoas físicas e jurídicas. São empréstimos, linhas de crédito, aplicações, contas correntes
29
especiais, seguros de todos os tipos, enfim um verdadeiro shopping center financeiro.

A partir da criação do relacionamento bancário, cria-se então a figura do gerente de


conta que por muitas vezes atua como consultor, onde auxilia, orienta e intermedia solução de
diversos problemas. Atualmente recorre-se ao gerente de conta corrente em diversas situações,
para facilitar na liberação de um empréstimo, para cobrir um cheque que foi sacado e não
tínhamos saldo, na tolerância de um depósito que precisa fazer, enfim, em diversas situações
precisa-se do gerente.

Sendo assim, é necessário cada vez mais estreitar e melhorar o relacionamento


bancário, buscando sempre ter uma excepcional relação com o gerente e banco, para se ter “um
porto seguro” quando necessário. É claro que o relacionamento bancário não passa apenas
pela boa relação pessoal entre gerente e cliente (pessoa física ou jurídica), mas principalmente
pela relação comercial que o cliente tem com a instituição banco.

Ou seja, ser fiel ao nosso banco, para que no momento que precisar de ajuda, terá um
histórico junto à instituição que dará o aval para a esperada ajuda. A fidelidade é demonstrada
em atitudes como o tempo em que forem clientes, na preferência para aplicações, na indicação
do banco para parceiros e todo tipo de atitude com que faça de você um cliente especial e
preferencial.

7 ORÇAMENTO EMPRESARIAL

As empresas bem organizadas sabem da importância e das vantagens de um bom


planejamento de suas atividades em busca de seus objetivos. As constantes mudanças que
estão ocorrendo no ambiente de negócios, muitas delas produzidas pela globalização dos
mercados, estão exigindo das empresas cada vez mais o aprimoramento de seus processos de
planejamento, avaliação e controle, tendo em vista a tomada de decisões rápidas e de melhor
qualidade que lhe assegurem o atendimento de seus objetivos de continuidade, expansão e
lucratividade.

O estilo proativo de administração hoje, mais do que nunca, é essencial para o bom
andamento dos negócios e proteção do patrimônio de seus proprietários. Ao contrário do estilo
30
reativo, onde a improvisação lança dúvidas quanto à competência de seus administradores a
seriedade ou, até mesmo, continuidade da empresa.

O orçamento empresarial deve ser elaborado com vistas aos objetivos a médio e longo
prazo da empresa para que se possa ter tempo de implantá-lo, avaliar seu grau de adequação
as situações específicas de cada empresa e proceder aos ajustes que se fizerem necessários
para o seu correto funcionamento.

O Orçamento é um valioso instrumento de planejamento e controle das operações da


empresa, qualquer que seja seu ramo de atividade, natureza ou porte. Das grandes companhias
multinacionais, até as mais modestas, o orçamento pode ser utilizado, com as devidas
adaptações, como ferramenta para controle e avaliação de desempenho das atividades
empresariais visando alcançar seus objetivos (Passarelli & Bomfim, 2003).

Corroborando com esse entendimento, Franco (1996:83) descreve a importância do


orçamento nas “entidades governamentais e nas entidades com finalidade social como sendo
norma administrativa devendo, os administradores dessas entidades, se aterem aos limites do
orçamento estipulado. Nas entidades com finalidade lucrativa, o orçamento é considerado como
ferramenta de previsão de resultados a serem alcançados”.

Para Sanvincente & Santos (1995:16), Planejar é estabelecer com antecedência as


ações a serem executadas; estimar os recursos a serem empregados e definir as
correspondentes atribuições de responsabilidades em relação a um período futuro determinado,
para que sejam alcançados satisfatoriamente os objetivos fixados para uma empresa e suas
diversas unidades.

Os mesmos autores afirmam que Controlar é, essencialmente, acompanhar a


execução de atividades, e comparar este desempenho efetivo com o que foi planejado,
avaliando os resultados obtidos, visando o aperfeiçoamento do processo (Sanvincente & Santos;
1995:22).

As empresas que contam com a possibilidade de prever, com algum grau de certeza,
os acontecimentos futuros, podem se preparar melhor para aproveitar oportunidades de
negócios ou minimizar os riscos de uma eventual crise.
31
Conforme Horngren et al (1997:125), o Orçamento pode contribuir para trazer essa
possibilidade uma vez que permitem quantificar, para um determinado período, os recursos e
níveis de atividade necessários para obtenção de seus objetivos.

A seguir algumas definições dos principais nomes do mundo financeiro e


administrativo sobre orçamento.

O orçamento empresarial, a princípio, consiste em uma série de apostas que estão


dispostos a fazer com base no que se espera acontecer em cada setor da empresa (condições
internas), bem como, no mercado em geral (condições externas).

De acordo com Moreira (1992:15) o sistema orçamentário do ponto de vista global é


definido como sendo:

[...] um conjunto de planos e políticas que, formalmente estabelecidos e expressos em


resultados financeiros, permite à administração conhecer, a priori, os resultados operacionais da
empresa e, em seguida, executar os acompanhamentos necessários para que esses resultados
sejam alcançados e os possíveis desvios sejam analisados, avaliados e corrigidos.

Para Padoveze (2000:369), “Orçar significa processar todos os dados constantes do


sistema de informação contábil de hoje, introduzindo os dados previstos para o próximo
exercício”. O mesmo autor diz ainda que:

O orçamento não deixa de ser uma pura repetição dos relatórios gerenciais atuais, só
que com os dados previstos. Portanto, não há basicamente nada de especial para se fazer
orçamento, bastando apenas colocar no sistema de informação contábil gerencial os dados que
deverão acontecer no futuro.
Segundo Horngren et al (1997:125), o orçamento em seus “aspectos financeiros
quantificam as expectativas da administração com relação a receitas futuras, fluxos de caixa e
posição financeira”.

Passarelli & Bomfim (2003a: 13), nos dizem que o controle orçamentário significa:

[...] a utilização de orçamentos e relatórios correspondentes, tendo em vista 32


coordenar, controlar e avaliar as operações da empresa, de acordo com objetivos estabelecidos
antecipadamente pela sua administração.

Os orçamentos, tomados como partes de uma estrutura de controle gerencial,


promovem a discussão do planejamento da empresa. De forma geral, contribuindo no
envolvimento de todos os responsáveis, nos objetivos e planos da empresa definidos dentro de
diretrizes já traçadas, bem como, melhorando a comunicação, coordenação e integração das
demais áreas da empresa.

De acordo com Padoveze (2000:369):

Todo processo de gerenciamento contábil tem seu ponto culminante, em termos de


controle, no orçamento empresarial. O orçamento é ferramenta de controle por excelência de
todo o processo operacional da empresa, pois envolve todos os setores da companhia.

Possibilita, ainda, que através da comunicação clara, sejam conhecidos, por parte dos
gestores, as exigências e resultados esperados deles, permitindo à compreensão e participação
de cada um nos objetivos empresariais, motivando o desenvolvimento e implantação de planos
de ação voltados a melhoria contínua dos processos visando à boa administração dos recursos
disponíveis (Horngren et al, 1997:125).

Quanto à coordenação e a comunicação na empresa, Horngren et al (1997:126) diz:

Coordenação é o entrosamento e o balanceamento de todos os fatores de produção


ou serviço de todos os departamentos e unidades de negócio, de modo que a companhia possa
atingir seus objetivos. Comunicação é tornar esses objetivos compreendidos e aceitos por todos.
Para Figueiredo & Caggiano (1997:36), “Os orçamentos, além de serem parâmetros
para a avaliação dos planos, permitem a apuração do resultado por área de responsabilidade,
desempenhando o papel de controle por meio dos sistemas de custos e contabilidade”.

Corroborando com essa ideia, Horngren et al (1997:125), afirmam que a criação de


parâmetros de referência, para avaliação de desempenho, de cada área da empresa é outro
33
fator importante proporcionado pelos orçamentos como parte do controle gerencial.

O feedback oferecido pelos orçamentos possibilita a revisão, melhoria, ou até a


reformulação total, dos aspectos estratégicos do planejamento empresarial. A figura 1 (a seguir)
mostra os relacionamentos do orçamento geral da empresa e o feedback gerado que
possibilitam os ajustes no rumo da empresa.

Segundo Horngren et al (1997:126), as empresas podem contornar as limitações


inerentes ao critério de avaliação do desempenho atual medido através de comparação com
desempenhos anteriores, quais sejam, erros incorporados no passado, padrões de desempenho
inferiores. E, a expectativa de mudanças nas condições futuras do ambiente interno e externo da
empresa, com a utilização de medidas orçadas de desempenho.

O orçamento sozinho não é suficiente para fazer a empresa atingir seus objetivos,
mas quando acompanhado de controle, avaliação permanente e distribuição de
responsabilidades com os gerentes executores, convencendo-os de que o orçamento está ali
para auxiliá-los. Identificando e corrigindo distorções eventuais, torna-se ferramenta
indispensável para obtenção das metas empresariais.

Em algumas organizações, é comum tomar orçamento por planejamento financeiro e


vice-versa. Será esclarecida rapidamente a distinção entre os dois:
34
No orçamento supõe-se que aplicar um determinado recurso numa certa atividade.

No planejamento financeiro, são dispostos esses recursos para investir numa


determinada atividade.

A palavra "planejamento financeiro" remete para a ideia da necessidade de controle de


um projeto. Tentar controlar esse projeto sugere uma visita antecipada às ações desejadas (que
se dá através do orçamento) e uma análise posterior das ocorrências financeiras.

Nessa perspectiva pode-se afirmar que, para efetuar um orçamento, é necessário ter:

a) A noção do que realizar, e

b) O quanto custará realizar.

Ao contrário, para elaborar um planejamento financeiro é importante ter seu orçamento


aprovado, e nele ter definido claramente as épocas em que serão necessárias entradas de
recursos para que se possa autorizar a realização de atividades.

Então será visto, para que são feitos e para que servem os orçamentos.

Elabora-se um orçamento para saber quais serão os recursos necessários para a


realização de um determinado projeto. O orçamento informa de um modo transparente, a
maneira como se pretende aplicar os recursos que se visa obter. Este instrumento serve como
norteador da execução financeira da organização.

O êxito de um projeto está diretamente ligado à formulação cuidadosa e à


administração rigorosa de um orçamento. Esse instrumento deve ser elaborado para ser o
norteador financeiro para a execução das atividades que ocorram no âmbito do projeto.
Ao elaborá-lo da forma mais próxima possível daquilo que se deseja realizar, o
orçamento torna-se transparente, simples de entender e um instrumento bastante eficaz para
realizar o acompanhamento das ocorrências financeiras.

Por exemplo:

Se no seu projeto serão necessárias algumas viagens, você deve tornar evidente o 35
trajeto, o número de passagens necessárias, as despesas com hospedagem, locomoção,
refeições e outras despesas que poderão ocorrer, tendo sempre o cuidado de quantificar essas
ocorrências de tal forma que elas possam ser comparadas em qualquer época.

O detalhamento da natureza, da quantidade de ocorrências e do valor de uma


determinada despesa facilita tanto a análise para aprovação do orçamento quanto o
acompanhamento, por parte do gestor financeiro, das despesas ocorridas.

É essencial entender como se faz um orçamento, também conhecido como


Planejamento Orçamentário.

8 COMO FAZER UM PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO

Antes de qualquer coisa precisa-se fazer um alerta para não cometer erros primários,
do tipo, um orçamento deve ser elaborado em moeda local, para depois ser convertido em outra
moeda, se for o caso. Ainda que o orçamento seja elaborado a partir de um projeto pré-
aprovado, com um montante já definido e em moeda diferente da local, todos os valores devem
ser orçados em moeda local, para depois serem convertidos.

Um outro aspecto muito importante a ser observado é que o orçamento não é


elaborado somente contando com os recursos financeiros que serão necessários para a
realização do projeto. Sendo assim, é importante quantificar os recursos não-financeiros que
também serão utilizados, como espaços e equipamentos para utilização durante determinada
atividade ou trabalhos que serão realizados por voluntários.
Em terceiro lugar devem-se mencionar todas as fontes fornecedoras dos recursos que
serão necessários para a realização da atividade.

Um planejamento orçamentário elaborado para um período longo deve considerar


todas as possíveis situações, como por exemplo a possibilidade de aumento de preços no
percurso. Portanto é interessante demarcar os momentos em que poderão ocorrer os reajustes
36
no orçamento.

Por fim, e mais importante que todos os itens acima, o planejamento orçamentário
deve ser elaborado tomando por base algumas premissas:

a) Que a organização, em seu projeto global, tenha definidas as metas e as


estratégias das ações a serem realizadas para atingir seu objetivo;

b) Que a organização tenha claro que orçamento é produto de intensos debates entre
o sonho e a realidade, ou seja, ajuste entre o desejável e o possível;

c) Que a organização tenha clareza dos recursos necessários;

d) Que o orçamento de projetos importantes nem sempre é sinônimo de planejamento


orçamentário da organização;

e) Que o planejamento orçamentário será o espelho das atividades relacionadas na


sua estratégia de ação;

f) Que o planejamento orçamentário é um instrumento útil quando:

1) É elaborado com a mesma intensidade do desejo;

2) É aceito como um instrumento de orientação;

3) É respeitado em seus limites;

4) É revisto periodicamente.

Os mandamentos ideais de um planejamento orçamentário:

 Ser transparente
 Definir metas
 Discutir estratégias
 Ter clareza das necessidades
 Ter equilíbrio entre o desejado e o possível
 Aceitar os limites na utilização dos recursos
 Aceitar o orçamento como instrumento de orientação
 Fazer revisões periódicas. 37

Entendidas as premissas acima, deve-se atentar para as seguintes observações:


1) Em primeiro lugar, promover uma reunião entre todos os envolvidos na execução
da atividade e definir as prioridades.

2) Listar todas as variáveis que estarão contidas no seu planejamento orçamentário.

3) Fazer uma descrição sucinta das atividades, procurando identificar, com o maior
grau de acerto possível, os diversos recursos que serão utilizados nelas.

4) Separar os recursos financeiros dos não-financeiros e relacioná-los em colunas


separadas.

5) Procurar informar-se dos preços unitários de cada item, assim como o custo/hora
dos trabalhos de consultoria e assessoria, eventualmente necessários.

6) Fazer pesquisa de mercado para o produto ou serviço comercializado pela sua


empresa, tomando o cuidado de consultar, no mínimo, três fornecedores diferentes.

7) Montar uma planilha, de forma sistemática e ordenada, procurando agrupar as


despesas por afinidade quanto à sua natureza - por exemplo: aluguel e condomínio são
despesas diferentes, mas possuem afinidade entre si.

Ao finalizar a elaboração do orçamento, o responsável deve elaborar uma memória


descritiva de todas as rubricas para que se possa, a qualquer momento, obter esclarecimentos.
Atentar-se a todos os detalhes, premissas e mandamentos, na sequência, etapas da construção
de um Planejamento Orçamentário.
Etapa 01: Reconhecimento do clima organizacional e diagnóstico da realidade
econômico-financeira:
 Realização de reuniões para entendimento do ciclo operacional e
realidades funcionais;
 Compreensão da missão, objetivos da empresa e estratégia; 38
 Identificação da ênfase desejada para o planejamento e controle;
 Conhecimento da expectativa dos gestores;
 Descrição da estrutura de controle existente;
 Percepção da cultura organizacional;
 Reconhecimento da posição de mercado atual e esperada assim como da
estratégia corporativa;
 Projeção de cenário.

Estas informações são obtidas, em geral, nas reuniões iniciais, onde a equipe deve
escutar mais e expressar menos sua opinião.

Etapa 02: Elaboração do planejamento da prática orçamentária:


 Coleta de informações específicas junto aos setores da empresa;
 Discussão com os gerentes acerca das diretrizes que nortearão os trabalhos;
 Levantamento do material a ser utilizado e seus respectivos custos;
 Escolha das pessoas que implementarão o planejamento e discussão sobre a
forma de fazê-lo (análise crítica da técnica).
Com relação à coleta das informações, precisa considerar informações externas e
internas para podermos entender o cenário e termos condições de gerar um orçamento fiel e
realista. Vamos as principais informações:

Informações Externas: referem-se à economia.


 Crescimento da população.
 Comportamento do PIB (crescimento ou retração).
 Políticas econômicas.
 Comércio com exterior.
 Mercado concorrente (produtos substitutos).
 Mercado consumidor.

Informações Internas: referem-se à empresa.


 Informações contábeis.
 Estatísticas internas. 39
 Capacidade produtiva e produtividade.
 Políticas de preços.
 Perspectivas de investimentos internos.

Trata-se da fase mais trabalhosa e que definirá o êxito do trabalho.

Etapa 03: Organização da infra-estrutura e ambiente para a construção do orçamento:


 Definição da equipe a ser envolvida, com base em estudo preliminar acerca do
perfil profissional qualificado para a tarefa. Esta equipe deve buscar trabalhar de forma integrada
com os diversos setores da empresa, ouvindo suas necessidades e estudando formas para
solucionar os problemas inerentes a cada área, juntamente com seus respectivos gestores. O
grupo escolhido deve também estar totalmente alheio aos conflitos decorrentes da estrutura de
poder vigente, que comumente está enraizada na organização impedindo uma maior integração
entre as diversas áreas da empresa.
 Identificação dos responsáveis setoriais. Em cada setor atua um gestor que
coordena as atividades de área (líder). Além do gestor, devem ser identificados potenciais
colaboradores e parceiros em cada área, os quais devem atuar na proposição de sugestões para
melhoria contínua de processos e procedimentos. O trabalho de conscientização deve começar
pelos entusiastas.
 Discussão sobre as formas de treinamento necessário. Treinar os funcionários
para que eles possam executar suas funções de forma mais eficiente é um fator importante para
o sucesso de qualquer atividade. Quanto maior o preparo do grupo, melhor estará este, apto
para solucionar as possíveis intempéries que porventura venham a acontecer no decurso do
trabalho e, consequentemente, melhor também será a sua atuação em uma determinada tarefa.
 Construção de um cronograma para reuniões. Reuniões periódicas devem fazer
parte de uma agenda de discussão, para que seja verificado se as diretrizes adotadas estão de
acordo com a realidade da empresa e do ambiente externo. Elaborar um cronograma de
reuniões com as respectivas tarefas a serem cumpridas é muito relevante. Nas reuniões são
discutidos todos os passos realizados e avaliados e/ou estabelecidos os passos seguintes. A
importância de um cronograma de reuniões é estabelecer datas e prazos para consecução de
tarefas.
40
Etapa 04: Elaboração do orçamento propriamente dito.
 Definição do alcance orçamentário;
 Identificação das fontes de receitas que financiarão as despesas
e custos da empresa;
 Definição das fontes alternativas de recursos.

Etapa 05: Gestão e acompanhamento orçamentário.


 Avaliação dos resultados obtidos comparando os números
estimados com os valores efetivamente realizados;
 Descoberta e correção das falhas no processo;
 Redimensionamento de novas diretrizes a partir dos resultados
obtidos.

Com a intenção de auxiliar no levantamento dos dados da organização visando à


criação do Planejamento Orçamentário, estão disponibilizadas algumas perguntas que poderão
ser feitas na fase inicial.

1. A empresa utiliza-se de orçamento?


2. Qual a periodicidade desse orçamento?
3. O orçamento é formalizado com base em documentos e papéis de trabalho?
4. O orçamento é discutido com base em um rigoroso cronograma?
5. Existe um setor responsável pela geração do orçamento?
6. São gerados planos de ação a partir do orçamento?
7. Quais os tipos de decisões tomadas a partir do orçamento?
8. Existem responsáveis diretos pela execução das decisões?
9. Considera o orçamento desta empresa alinhado à estratégia corporativa?
10. Como resumiria a estratégia da empresa?
11. Como definiria as etapas de elaboração do orçamento?
12. Quais as premissas fixadas?
13. Que visão tem do orçamento?
14. Quais os benefícios da prática orçamentária para a empresa? 41
15. Quais as limitações inerentes?
16. Foi identificado desde o início da implementação em algum momento ou fase
problemas comportamentais associados à prática orçamentária?
17. Quais foram eles e como foram resolvidos?
18. De que maneira o orçamento foi implementado nessa empresa?
19. Quais as principais evidências de evolução do projeto orçamentário vivenciado
pela empresa?
20. Quais as limitações hoje percebidas na prática orçamentária?
21. De que forma se configura a interação com o setor contábil?
22. Quais as principais limitações informacionais?
23. Que sistema de informações gerenciais a empresa utiliza na confecção do
orçamento? Solicite informações sobre esse sistema.
24. O orçamento permite identificar de fato o potencial de lucro da empresa?
25. Como são feitas as projeções?
26. Quais as técnicas estatísticas empregadas?
27. Cada vez mais o serviço pós-venda é reconhecido como parte integrante da
cadeia de valor. De que maneira são incluídos no orçamento?
28. Os orçamentos devem contemplar os serviços pós-venda?
29. As atividades pós-venda conseguem aumentar a lealdade dos clientes? Qual a
experiência vivenciada pela empresa?
30. É mais barato manter do que conquistar um cliente?
31. Cada vez mais é importante considerar o ciclo de vida do produto na realização
do orçamento. Como isso é contemplado pelo sistema orçamentário da empresa?
32. Descreva o ciclo de vida do produto ou serviço “carro-chefe”.
33. O que sugere para melhorar hoje a prática orçamentária da empresa no que diz
respeito ao operacional e ao aspecto cultural da empresa?
Vantagens da Orçamentação
 Introduz o hábito do exame prévio e minucioso de informações antes da TD.
 Contribui para TD mais rápidas e acertadas (eficiência e efetividade).
 Estimula a participação de todos os membros da administração na fixação dos
objetivos. 42
 Exige quantificação das previsões.
 Facilita a delegação de poderes.
 Exige informações contábeis confiáveis.
 Permite identificar áreas eficientes e deficientes.
 Permite a utilização eficaz dos recursos disponíveis.

Limitações da Orçamentação
 Baseiam-se em estimativas.
 Deve ser continuamente monitorado e adaptado às circunstâncias.
 Nem todas as empresas possuem recursos para implementar um sistema
adequado.
 Atrasos na emissão dos dados comprometem as ações corretivas.
 As dificuldades de ajustes geram desconfianças em relação ao resultado
projetado.
 É apenas uma ferramenta de apoio a decisão, não podendo tomar o lugar da
administração.

Com esses dados, será possível iniciar os trabalhos e é muito importante que tudo
seja Documentado, para que sirva de consulta no decorrer da geração do Planejamento
Orçamentário. No módulo seguinte será abordada a Gestão de Aplicações, Gestão de Caixa
Gestão de Competência, Análise dos Demonstrativos Financeiros e Análise de Investimentos.

9 GESTÃO DE APLICAÇÕES
Analisando o aspecto financeiro das empresas, é possível perceber a importância de
atuar fortemente na Gestão Financeira para ter sucesso no negócio. Existem variáveis de todos
os tipos, mas num mercado capitalista e diversificado, não será permitido limitar apenas ao
“core” (principal atividade) da empresa. É imprescindível diversificar e atuar em áreas paralelas
para que alcancemos o tão sonhado equilíbrio financeiro.
43
O mercado percebeu que um grande negócio para as empresas bem estruturadas e
porque não considerar para pessoas físicas bem estruturadas, é o negócio onde o principal
produto é o próprio dinheiro.

As instituições financeiras, como bancos, clubes de investimentos, financeiras,


administradoras de cartões de crédito, previdência privada, leasing, bolsa de valores. Enfim,
todas as empresas onde o “core” é o dinheiro, atuam no mercado financeiro com venda de
produtos e tentam “seduzir” o consumidor com melhores taxas, melhores prazos, oferecimento
de bônus e uma série de benefícios ao consumidor.

A partir dessa possibilidade de fazer dinheiro com o próprio dinheiro, surgiram os


investimentos e aplicações financeiras. E com as aplicações financeiras surgiu também a
necessidade de controlar, monitorar e administrar as aplicações criou-se a Gestão de
Aplicações.

A Gestão de Aplicações executa a análise, acompanhamento, monitoramento,


oportunidades e gerencia a estratégia de aplicações no mercado financeiro. Então precisamos
conhecer os principais tipos de aplicações financeiras, suas diferenças, as principais
características, benefícios e desvantagens.

Uma das principais características das aplicações financeiras é o prazo da aplicação e


o mercado financeiro convencionou que as aplicações dividem-se em curto, médio e longo
prazo.

Não existe forma correta de se estabelecer tempo para os prazos, depende do ponto
de vista, mas no geral convencionou-se que:

 Curto Prazo: Até 1 mês


 Médio Prazo: De 1 mês a 1 ano
 Longo Prazo: Mais de 1 ano

A seguir alguns tipos de aplicações:

44
 Caderneta de Poupança
A caderneta de poupança é um investimento tradicional, conservador e muito popular
entre investidores de menor renda.

Quase todos os bancos comerciais possuem esse tipo de investimento e não é preciso
ser correntista para investir. Basta apenas comparecer uma agência bancária portando CPF,
documento de identidade e comprovantes de renda e residência.

Quem Pode Investir

Qualquer brasileiro pode abrir uma caderneta de poupança, inclusive menores de


idade.

Garantias

Os investimentos na caderneta de poupança são garantidos até o limite de


R$ 60.000,00 por CPF, pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), quando realizados em uma
instituição associada ao referido fundo, ou em mais de uma instituição associada ao mencionado
fundo, do mesmo conglomerado financeiro.

Aplicação Inicial

Varia conforme os bancos.

Liquidez imediata

As quantias depositadas podem ser sacadas a qualquer tempo.

Prazo

Não há prazo. No entanto, os valores mantidos por menos de 1 mês não recebem
nenhuma remuneração.
Rentabilidade

Taxa de juros de 0.5% ao mês, aplicada sobre os valores atualizados pela TR,
creditada mensalmente na data de aniversário da aplicação.
45
Riscos

O risco de aplicar em Caderneta de Poupança é muito baixo. A caderneta de


poupança é considerada um investimento extremamente conservador.

Desvantagem

É um investimento conservador e, como tal, o rendimento costuma ser menor que


outras aplicações também conservadoras como, por exemplo, fundos de investimento de baixo
risco.

Tributação

Pessoas físicas: isenção total de Imposto de Renda na Fonte

Pessoas Jurídicas: Os rendimentos auferidos por pessoas jurídicas em contas de


depósitos de poupança sujeitam-se à incidência do imposto de renda na fonte, às alíquotas
como demonstrado a seguir:

o Aplicações até 180 dias: 22,5%


o Aplicações de 181 a 360 dias: 20%
o Aplicações de 361 a 720 dias:17,5%
o Aplicações acima de 720 dias: 15%

 CDB (Certificado de Depósito Bancário) e RDB (Recibos de Depósito


Bancário)
O CDB e o RDB são títulos de renda fixa, representativos de depósitos a prazo,
utilizados pelos bancos comerciais como mecanismos de captação de recursos.
Estes tipos de investimento envolvem uma promessa de pagamento futuro do valor
investido, acrescido da taxa pactuada no momento da transação.

Ao comprar um CDB, você está emprestando dinheiro para o Banco e recebendo juros
em troca. Ao final do prazo contratado, o banco deve lhe pagar o valor aplicado (principal),
acrescido da remuneração prevista quando da aplicação.
46
Esta remuneração nunca é negativa. A diferença entre os CDBs e os RDBs é que os
CDBs podem ser negociados antes do vencimento, enquanto os RDBs são inegociáveis e
intransferíveis.

Porém, no caso do CDB, negociar o título antes do prazo mínimo implica em perda de
parte da remuneração (devolução com deságio).

É importante lembrar que tanto o CDB quanto o RDB podem ser resgatados junto à
instituição emissora, antes do prazo contratado, desde que decorrido o prazo mínimo de
aplicação. Antes do prazo mínimo não são auferidos rendimentos.

Rentabilidade

As taxas podem ser pré-fixadas, pós-fixadas ou flutuantes e podem ter mais de uma
base de remuneração, desde que prevaleça a mais vantajosa para o cliente.

Negocie com seu gerente

Geralmente, as taxas são proporcionais aos volumes aplicados, isto é, quanto mais
recursos você investe em um CDB do banco, melhor a taxa de remuneração.

Prazo

Os prazos mínimos para aplicação e resgate de CDBs e RDBs variam de 1 dia a 12


meses, dependendo do tipo de remuneração contratada.

Risco

O risco é baixo por se tratar de renda fixa, estando associado o recebimento do


principal à solidez da instituição, ou seja, caso o banco quebre você pode não receber aquilo que
aplicou.
A aplicação é garantida até o limite de R$ 60.000,00 por CPF, pelo Fundo Garantidor
de Crédito (FGC), quando realizados em uma instituição associada ao referido fundo, ou em
mais de uma instituição associada ao mencionado fundo, do mesmo conglomerado financeiro.

Tributação

A tributação do imposto de renda é decrescente em função do prazo da aplicação: 47

o Aplicações até 180 dias: 22,5%


o Aplicações até 181 a 360 dias: 20%
o Aplicações até 361 a 720 dias: 17,5%
o Aplicações acima de 720 dias: 15%

Para prazos inferiores a 30 dias, incidirá o IOF (Imposto sobre Operações


Financeiras), incide em operações de crédito, câmbio, seguro e títulos e valores mobiliários. O
resgate de cotas de fundos de investimento é isento de IOF a partir do 30º dia. O IOF não incide
sobre os fundos de investimento em ações, conforme uma Tabela Regressiva de IOF.

Você não precisa se preocupar com o pagamento dos impostos, pois o próprio banco
recolhe para o fisco a parte que lhe é devida. No vencimento do CDB, você recebe o rendimento
bruto obtido no período descontado o imposto de renda.

Observação Importante: Como os CDBs e os RDBs não são prorrogados


automaticamente quando vencem seus prazos, há a necessidade do pedido do cliente para
serem renovados. A cada nova aplicação incidirá a CPMF, o que corroí parte da rentabilidade,
que é a valorização (ou desvalorização) de certo investimento em determinado período. A
rentabilidade pode ser nominal (ver Rentabilidade Nominal) ou relativa, quando é comparada à
rentabilidade de algum outro ativo ou índice da aplicação.

 Renda fixa
Nos investimentos em renda fixa, a remuneração, ou sua forma de cálculo, é
previamente definida no momento da aplicação.

Ao investir seus recursos em um título de renda fixa, seja ele emitido pelo governo ou
por uma empresa privada, você está emprestando a quantia investida ao emissor do título. Para,
em troca, depois de certo período, receber o valor aplicado (denominado "principal"), acrescido
de juros pagos como forma de remuneração de seu empréstimo.

As condições do investimento - tais como cláusulas de recompra, prazos, formas de


remuneração e índices - são acertadas com o devedor (também chamado emissor do título ou
tomador) no momento da aplicação.
48
Na renda fixa, assim como em qualquer investimento, sempre existe a possibilidade de
perda do capital investido, no todo ou em parte.

Por exemplo, se o emissor do título não cumpre a obrigação assumida, o investidor


deixará de receber uma parte ou a totalidade da quantia pactuada.

Outro risco possível é de, ao final da aplicação, a rentabilidade se revelar menor do


que a oferecida para outras aplicações de risco similar e disponível durante o mesmo período.

Os investimentos mais populares em renda fixa são: a Caderneta de Poupança e os


Fundos DI.

Mas há também outras aplicações, tais como: Fundos de Renda Fixa, CDBs e
debêntures, entre outras.

 Renda variável
Nos investimentos em títulos de renda variável, o investidor não tem como saber,
previamente, qual será a rentabilidade da aplicação.

Porém, se a escolha for feita com critério, diante de opções bem avaliadas e com
diversificação dos investimentos, a aplicação em renda variável poderá proporcionar ao
investidor um retorno maior do que o obtido em aplicações de renda fixa.

Nos investimentos em renda variável, a possibilidade de perda decorre não apenas da


possibilidade de não pagamento pelo devedor, ou empresa na qual se investiu. E, também da
possibilidade de a rentabilidade obtida terminar sendo menor do que a taxa de juros oferecida
por aplicações de renda fixa disponíveis no mesmo período do investimento.
Geralmente, os investimentos em renda variável são recomendados para prazos mais
longos e para investidores com mais tolerância às variações de preço dos títulos, muito comuns
nesse mercado.

Nesse tipo de investimento há a diversificação da carteira. Carteira é uma cesta de


ativos qualquer dentro de uma mesma estrutura, esta estrutura pode ser um fundo. O seu
49
patrimônio pessoal ou mesmo a tesouraria de um banco, ou seja, o investimento em títulos de
vários emissores diferentes, esse procedimento é muito importante para diminuir o risco, pois
eventuais perdas em alguns papéis podem ser compensadas com ganhos em outros.

Os investimentos mais tradicionais e populares em renda variável são as ações, os


fundos de ações e os clubes de investimento.

 Formação de Preços nos Mercados de Renda Fixa e de Renda Variável


As diferenças entre os títulos de renda fixa e os de renda variável estão diretamente
ligadas ao processo de formação de preços em seus respectivos mercados.

Por exemplo, com as ações os preços são formados pela interação entre ofertas e
demandas propostas por um número diversificado de investidores.

Essas propostas são centralizadas em ambientes de negociação físicos ou


eletrônicos, comumente chamados de Bolsas de Valores, e têm seus valores redefinidos a todo
o momento, por conta dos diversos eventos que afetam as empresas emissoras, a economia e
os mercados.

Já o preço de um título de renda fixa depende da rentabilidade implícita prevista para


o papel.

Fatores como condições de mercado e risco do emissor podem influenciar no


processo de formação do preço, mas os principais movimentos no valor do título estão
relacionados à facilidade de negociá-lo no mercado (liquidez) e aos preços básicos da economia,
estes responsáveis por afetar a avaliação presente de sua remuneração.
 Fundo de Investimento
É a todos os recursos, captados de pessoas físicas ou jurídicas, com o objetivo de
obter ganhos financeiros a partir da aplicação em títulos e valores mobiliários. Os recursos de
todos os investidores de um fundo de investimento são usados para comprar bens (títulos) que
são de todos os investidores, na proporção de seus investimentos.
50
Organização: um fundo é organizado sob a forma de condomínio e seu patrimônio é
dividido em cotas, cujo valor é calculado diariamente por meio da divisão do patrimônio líquido
pelo número de cotas em circulação.

O patrimônio líquido é calculado pela soma do valor de todos os títulos e do valor em


caixa, menos as obrigações do fundo, inclusive aquelas relativas à sua administração. As cotas
são frações do valor do patrimônio do fundo.

Exemplo: Um investidor aplica R$ 2.000,00 em cotas de um fundo que, na data do


investimento, possui um patrimônio líquido de R$ 500.000,00 e 100.000 cotas.

A partir destas informações, é possível calcular:

 O valor da cota na data da aplicação: R$ 500.000,00 / 100.000 = R$ 5,00


 O número de cotas adquiridas pelo investidor: R$ 2.000,00 / R$ 5,00 = 400
Supondo que, num determinado intervalo de tempo, o patrimônio líquido sofra um
aumento de 20% e o número de cotas aumente 9%. Neste caso, o valor da cota aumentará (R$
600.000,00 / 109.000 = R$ 5,50), da mesma forma como o valor a resgatar (400 x R$ 5,50 = R$
2.200,00).

E se quisermos calcular a rentabilidade no período, basta dividir o valor da cota no


resgate pelo valor na data da aplicação e ajustar para percentual: R$ 5,50 / R$5,00 = 1,1 ou
10%.

Fundos Abertos x Fundos Fechados:

Os fundos de investimento podem ser organizados sob a forma de condomínios


abertos ou fechados.
Nos fundos abertos é permitida a entrada de novos cotistas ou o aumento da
participação dos antigos por meio de novos investimentos. Assim como é permitida a saída de
cotistas, por meio do resgates de cotas, isto é, mediante a venda de ativos do fundo para a
entrega do valor correspondente ao cotista que efetuou o resgate, total ou parcial, de suas cotas.

Já nos fundos fechados, a entrada e a saída de cotistas não é permitida. Após o


51
período de captação de recursos pelo fundo, não são admitidos novos cotistas nem novos
investimentos pelos antigos cotistas (embora possam ser abertas novas fases de investimento,
conhecidas no mercado como "rodadas de investimento"). Além disso, também não é admitido o
resgate de cotas por decisão do cotista, que tem que vender suas cotas a terceiros se quiser
receber o seu valor antes do encerramento do fundo.

Os fundos fechados também podem ser registrados para negociação de cotas em


mercados administrados pela BOVESPA. Assim, quando um cotista pretende comprar ou vender
cotas de um fundo fechado, como os Fundos de Investimento Imobiliário - FII ou Fundos de
Investimento em Direitos Creditórios – FIDC.

Por exemplo, pode enviar suas ordens por uma corretora para o sistema de
negociação da BOVESPA no qual a cota esteja registrada.

Os fundos abertos normalmente são constituídos para existir por tempo indeterminado,
ao contrário dos fechados, que podem ter tempo determinado, ao final dos quais os ativos são
vendidos, os cotistas recebem o valor total de suas cotas e o fundo é encerrado, o que pode
ocorrer também com os fundos abertos.

Funcionamento: o funcionamento dos fundos obedece a normas da CVM e a um


regulamento próprio, que só pode ser alterado por decisão dos cotistas (ou, nos casos de
necessidade de adequação à legislação vigente, por determinação da CVM).

O regulamento é o principal documento que regula o fundo de investimento e nele


estão descritas as regras relativas ao objetivo, à política de investimento, aos tipos de ativo
negociados, aos riscos envolvidos nas operações, às taxas de administração e outras despesas
do fundo, bem como ao seu regime de tributação e outras informações relevantes.
Direitos e deveres dos cotistas: ao adquirir cotas de um determinado fundo, o
investidor está concordando com suas regras de funcionamento e passa a ter os mesmos
direitos e deveres dos demais cotistas, independentemente da quantidade de cotas que possui.
O exame do regulamento é fundamental para a tomada de uma decisão de investimento.
52
É obrigação do administrador fornecer o regulamento e o prospecto do fundo a todos
os cotistas, assim como relatórios periódicos sobre as suas atividades, além de divulgar ampla e
imediatamente qualquer informação que possa influenciar na decisão do cotista em permanecer
investindo.

É fundamental que o cotista mantenha seu cadastro atualizado junto ao administrador,


acompanhe todas as informações relativas ao fundo e participe das assembleias.

E caso identifique alguma eventual violação da legislação ou das regras contidas no


regulamento do fundo, pode reclamar junto à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), através do
site http://www.cvm.gov.br, na seção Fale com a CVM, opção Serviço de Atendimento ao
Investidor.

Risco x retorno:

Podemos considerar o risco como sendo a possibilidade de não se atingir o retorno


esperado do investimento. Diversos fatores podem concorrer para isso, incluindo mudanças na
política, na economia, nas regras de tributação, etc.

No caso de um fundo de investimento, o principal risco é aquele inerente aos ativos


que compõem a carteira. Porém, há três riscos principais ao qual o investidor está
invariavelmente sujeito: o risco de mercado, o risco de crédito e o risco de liquidez.

O primeiro é o decorrente das oscilações nos preços dos títulos que compõem a
carteira do fundo. Uma vez que estes ativos são contabilizados por seu valor de mercado,
quanto maior a oscilação nos preços, maior a oscilação no valor das cotas e mais difícil estimar o
valor de resgate ou de venda das cotas.
Já o risco de crédito se refere à certeza sobre a liquidação do título na data de
vencimento. Quando o fundo adquire um título, está emprestando dinheiro a alguém ou
aplicando sua quantia em determinado empreendimento e, certamente, correndo o risco de que
o tomador dos recursos não honre a obrigação, ou não pague os juros combinados, ou o
empreendimento não renda o esperado.
53
Por fim, existe o risco de liquidez, que tanto pode ser dos ativos quanto das cotas que
compõem o fundo. No caso dos ativos, o risco de liquidez consiste na eventual dificuldade que o
administrador possa encontrar para vender os ativos que compõem a carteira do fundo, ficando
impossibilitado de atender aos pedidos de resgate do investimento. No caso das cotas, o risco
de liquidez decorre da dificuldade, no fundo fechado, do investidor encontrar um comprador para
as suas cotas, forçando-o a vender por um valor mais baixo que o esperado, caso sua
necessidade de recursos seja imediata.

Por tudo isso, é importante que o investidor se mantenha informado sobre os ativos
que compõem a carteira do fundo. Sobre as restrições ao resgate e sobre o mercado para a
negociação de cotas de fundos fechados, tanto na hora de investir quanto periodicamente, para
decidir se permanecerá ou não com o investimento.

Não se esqueça de que o retorno de um investimento costuma estar associado ao seu


grau de risco. Maiores retornos normalmente estão associados a um maior grau de risco. As
aplicações mais conservadoras costumam apresentar uma menor rentabilidade, mas o seu grau
de risco geralmente também é menor.

Desconfie de fundos de investimento que apresentem rentabilidade muito superior aos


demais fundos da mesma natureza, pois é possível que o seu gestor esteja incorrendo em um
risco muito maior dos demais e que, talvez, não seja adequado ao seu perfil.

Custos:

Na hora de comparar diferentes fundos é importante considerar seus custos. No Brasil,


por conta das normas da CVM, todos os custos do fundo devem ser obrigatoriamente
descontados antes do valor da cota, e, portanto, da rentabilidade divulgada. Assim, quando se
compara a rentabilidade de fundos, o que se vê é o resultado líquido que o fundo obteve, já
descontados os custos. Por isso, um fundo com custos mais altos, mas que tenha melhor
resultado, poderá ser comparado com outro de custos e resultados mais baixos.

Essa forma de divulgação do valor das cotas é boa, porque facilita a comparação dos
resultados. Porém, para descobrir os custos incidentes sobre um fundo será sempre necessário
consultar o seu regulamento.
54
As taxas normalmente cobradas são a taxa de administração e, eventualmente, a taxa
de performance - que é uma taxa cobrada nos termos do regulamento, quando o resultado do
fundo supera certo patamar previamente estabelecido. Alguns fundos podem também cobrar
taxas de ingresso (devidas quando se faz o investimento) e de saída (devidas quando se realiza
o resgate).

Já as despesas debitadas do fundo costumam ser: despesas de corretagem, de


custódia e liquidação financeira de operações e de auditoria. Além disso, é também importante
considerar a tributação na hora de decidir seu investimento e calcular a rentabilidade.

Vantagens e desvantagens:

A principal vantagem dos fundos é possibilitar que investidores de perfil similar - com
objetivos comuns, estratégias de investimento semelhantes e mesmo grau de tolerância a risco -
concentrem recursos para aumentar seu poder de negociação e diluir os custos de
administração, além de contarem com profissionais especializados, dedicados exclusivamente à
gestão dos recursos.

Já as desvantagens estão associadas ao fato do investidor delegar a terceiros a


administração de seus recursos, falta de autonomia na tomada de decisão, submissão a regras
previamente estabelecidas e à vontade da maioria dos cotistas, entre outras.

Quais são os principais Fundos de Investimento?

No Brasil, além da classificação estabelecida pela CVM, existe uma subclassificação


feita pela Associação Nacional dos Bancos de Investimento (ANBID), entidade representante de
instituições que atuam na gestão e administração de fundos de investimento e outros serviços
relacionados ao mercado de capitais.

A classificação da CVM para os fundos mais ofertados ao público está descrita na


Instrução CVM nº 409/2004. O resumo seguinte, cujo propósito é meramente informativo, foi
produzido com o intuito de tornar as informações sobre fundos de investimento mais acessíveis
55
ao investidor não qualificado, não consistindo em recomendações financeiras, legais, fiscais,
contábeis ou de qualquer outra natureza.

Classificação da CVM

A seguir, listamos as principais classes de fundos de investimento (regulamentados


pela instrução CVM 409/04):

Fundos de Curto Prazo

Devem investir seus recursos, exclusivamente, em títulos públicos federais ou


privados de baixo risco de crédito com prazo máximo de 375 dias e prazo médio da carteira de,
no máximo, 60 dias.

São fundos cuja rentabilidade geralmente está associada às taxas SELIC ou CDI e
considerados mais conservadores quanto ao risco, sendo compatíveis com objetivos de
investimento de curto prazo, pois suas cotas são menos sensíveis às oscilações das taxas de
juros. O crédito do resgate costuma se dar no mesmo dia da solicitação.

Fundos Referenciados

Devem acompanhar a variação do indicador de desempenho (benchmark) definido em


seu objetivo, mantendo, no mínimo, 95% de sua carteira composta por ativos que acompanhem
referido indicador. Podem utilizar derivativos apenas com o objetivo exclusivo de proteção
(hedge), sem permitir alavancagem. Alavancagem Operações de compra e venda de ativos,
títulos e valores mobiliários para liquidação no futuro, com depósito prévio de margens de
garantia. Um fundo é considerado alavancado sempre que existir possibilidade (diferente de
zero) de perda superior ao patrimônio do fundo, desconsiderando-se casos de falha no
pagamento de principal, ou de juros relativos aos ativos do fundo.

Dentre os referenciados, o fundo mais popular é o DI, cujo objetivo de investimento é


56
acompanhar a variação diária das taxas de juros no mercado interbancário (CDI). Como este tipo
de fundo procura acompanhar a variação das taxas de juros, podem se beneficiar de um cenário
de alta dessas taxas. Geralmente o crédito do resgate se dá no mesmo dia da solicitação.

Fundos de Renda Fixa

Devem aplicar pelo menos 80% de seus recursos em títulos de renda fixa - públicos ou
privados, pré ou pós-fixados - e ter como principal fator de risco a variação da taxa de juros e/ou
de índice de preços. Podem utilizar derivativos tanto para proteção da carteira quanto para
alavancagem. Nos fundos de Renda Fixa a rentabilidade pode ser beneficiada pela inclusão, em
carteira, de títulos que apresentem maiores risco de crédito, como os títulos privados.
Geralmente o crédito do resgate se dá no mesmo dia da solicitação.

Fundos de Ações

São também chamados de fundos de renda variável e devem investir, no mínimo, 67%
de seu patrimônio em ações negociadas em bolsa ou mercado de balcão organizado. Alguns
fundos deste tipo têm como objetivo de investimento acompanhar ou superar a variação de um
índice do mercado acionário, tal como o IBOVESPA ou o IBX.

Como seu principal fator de risco é a variação nos preços das ações que compõem
sua carteira, podem ser compatíveis com objetivos de investimento de longo prazo e que
suportem uma maior exposição a riscos em troca de uma expectativa de rentabilidade mais
elevada. Geralmente o crédito do resgate se dá quatro dias após a solicitação.
Fundos Cambiais

Deve manter, no mínimo, 80% de seu patrimônio investido em ativos que sejam
relacionados, direta ou indiretamente (via derivativos), à variação de preços de uma moeda
estrangeira, ou a uma taxa de juros denominada cupom cambial. Os mais conhecidos são os
chamados Fundos Cambiais Dólar, que buscam acompanhar a variação de cotação da moeda
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americana. Geralmente o crédito do resgate se dá no dia seguinte ao da solicitação.

Fundos de Dívida Externa

Deve aplicar, no mínimo, 80% de seu patrimônio em títulos brasileiros negociados no


mercado internacional e podem utilizar derivativos, negociados no Brasil ou não, com o objetivo
exclusivo de proteção. Os 20% restantes podem ser aplicados em outros títulos de crédito
transacionados no exterior.

Os títulos componentes de sua carteira são mantidos fora do país. Para o investidor
no Brasil, este fundo é uma forma ágil e de baixo custo operacional para aplicar em papéis do
governo brasileiro negociados no exterior.

Fundos Multimercado

Deve apresentar política de investimento que envolva vários fatores de risco, sem o
compromisso de concentração em nenhum fator em especial, podendo investir em ativos de
diferentes mercados - como renda fixa, câmbio e ações - e utilizar derivativos tanto para
alavancagem quanto para proteção da carteira.

Considerados os fundos com maior liberdade de gestão, buscam rendimento mais


elevado em relação aos demais, mas também apresentam maior risco, sendo, portanto,
compatíveis com objetivos de investimento que, além de procurar diversificação, tolerem uma
grande exposição a riscos na expectativa de obter uma rentabilidade mais elevada. Nestes
fundos, o crédito do resgate nem sempre se dá no mesmo dia da solicitação.
Classificação ANBID

Para facilitar a comparabilidade entre fundos, a ANBID estabeleceu subclasses de


fundos a partir da classificação da CVM:

o Fundos Curto Prazo


o Fundos Referenciados 58
o Fundos Renda Fixa
o Fundos Multimercado
o Fundos IBOVESPA
o Fundos IBX
o Fundos de Ações Setoriais
o Fundos de Ações Outros
o Fundos Cambiais
o Fundos Mútuos de Privatização
o Fundos de Previdência
o Fundos de Investimento em Direitos Creditórios
o Fundos de Investimento Imobiliário
o Fundos de Índice
o Fundos de Dívida Externa
o Fundos Fechados
Agora veremos outros tipos de fundos de investimento:

Fundo de Investimento em Direitos Creditórios – FIDC

Também conhecido como Fundos de Recebíveis destina-se exclusivamente a


investidores qualificados e pode ser constituído sob a forma de condomínio aberto (com resgate
de cotas) ou fechado (sem resgate de cotas). Direitos creditórios são direitos, e também títulos
representativos de direitos, originados por contratos mercantis de compra e venda de produtos,
mercadorias e/ou serviços.

Exemplos:
1) O contrato de crédito consignado firmado entre o banco comercial e um cliente é
cedido ao fundo, de maneira que seus cotistas serão remunerados pelo pagamento das parcelas
devidas pelo cliente do banco, conforme previsto no contrato de concessão do crédito;

2) A companhia X vende à empresa Y um produto, o qual será pago em sucessivas


prestações mensais. X cede ao fundo os direitos de receber os créditos detidos contra Y por
59
conta da venda, de modo que os cotistas serão remunerados pelo pagamento das prestações
mensais.

Fundo de Investimento em Direitos Creditórios FIDC-PIPS

Destinado exclusivamente a investidores qualificados, seus recursos visam


predominantemente à aplicação em direitos creditórios no âmbito do Programa de Incentivo à
Implementação de Projetos de Interesse Social, projetos e/ou programas que tenham sido
aprovados pelo Governo Federal, destinados à criação e a implementação de núcleos
habitacionais que tornem acessível moradia para segmentos populacionais de diversas rendas
familiares.

Fundo de Investimento em Participações - FIP

Também conhecido como Private Equity, é destinado exclusivamente a investidores


qualificados e deve ser constituído sob a forma de condomínio fechado.

Seus recursos são destinados à aquisição de ações, debêntures, bônus de subscrição


e outros títulos e valores mobiliários conversíveis ou permutáveis em ações de emissão de
companhias abertas ou fechadas. Tais aquisições devem propiciar ao fundo participação no
processo decisório da companhia investida, com efetiva influência na definição de sua política
estratégica e na sua gestão.

Fundos Mútuos de Investimentos em Ações de Sociedades Incentivadas


Deve ser constituído sob a forma de condomínio fechado, com recursos destinados à
aplicação em carteira diversificada de títulos e valores mobiliários, composta, no mínimo, de 70%
de:

1) Ações de emissão de sociedades beneficiárias de recursos oriundos dos incentivos


fiscais.
60
2) Certificados de investimentos dos Fundos FINOR, FINAM, FISET e FUNRES.

3) Ações de sociedades incentivadas adquiridas no Mercado Secundário.

Fundo de Investimento Imobiliário

Deve ser constituído sob a forma de condomínio fechado, cujos recursos sejam
destinados ao investimento em empreendimentos imobiliários, tais como compra para locação ou
arrendamento, compra e venda incorporação e/ou construção, projetos visando viabilizar o
acesso à habitação e serviços urbanos etc. Suas cotas são remuneradas com base no
desempenho do empreendimento.

Exemplo: O fundo investe na construção de um shopping center, sendo remunerado


pela posterior venda/aluguel das lojas, ou seja, de acordo com o desempenho do
empreendimento imobiliário.

Fundo Mútuo de Privatização - FGTS

É constituído sob a forma de condomínio aberto, cujos recursos sejam destinados à


aquisição de valores mobiliários no âmbito do Programa Nacional de Desestatização e de
Programas Estaduais de Desestatização.

Fundo de Financiamento da Indústria Cinematográfica - FUNCINE

Deve ser constituído sob a forma de condomínio fechado, cujos recursos sejam
destinados à aplicação em projetos audiovisuais aprovados pela Agência Nacional de Cinema -
ANCINE.
Exemplo: O fundo adquire CAV, que são títulos de participação em projetos
audiovisuais, de forma que a remuneração do FUNCINE dependerá do desempenho comercial
dos projetos investidos.

Fundo de Investimento Cultural e Artístico 61

Deve ser constituído sob a forma de condomínio aberto ou fechado, cujos recursos
sejam destinados à aplicação em projetos culturais e artísticos.

Exemplo: O fundo investe em um festival de dança e será remunerado de acordo com


o desempenho do projeto, por exemplo, com a venda de ingressos ou patrocínio.

Fundo Mútuo de Investimento em Empresas Emergentes

Também conhecido como Fundo de "Venture Capital" deve ser constituído sob a
forma de condomínio fechado, cujos recursos sejam destinados à aplicação em carteira
diversificada de valores mobiliários de emissão de empresas emergentes - companhia que
apresente faturamento líquido anual, ou faturamento líquido anual consolidado, inferiores a R$
100.000.000,00 (cem milhões de Reais). Apurados no balanço de encerramento do exercício
anterior à aquisição dos valores mobiliários de sua emissão.

Fundo Mútuo de Investimento em Empresas Emergentes Capitais Estrangeiros

Deve ser constituído sob a forma de condomínio fechado, exclusivo para pessoas
físicas ou jurídicas estrangeiras (residentes, domiciliadas ou com sede no exterior), fundos ou
outras entidades estrangeiras de investimento coletivo, cujos recursos sejam destinados à
aplicação em carteira diversificada de valores mobiliários de emissão de empresas emergentes.

Fundo Garantidor de Parcerias Público-Privadas - FGP

Deve ser constituído sob a forma de condomínio aberto ou fechado, cujos tenham por
finalidade prestar garantia de pagamento de obrigações pecuniárias assumidas pelos parceiros
públicos federais em virtude das parcerias de que trata a Lei 11.079, de 30 de dezembro de 2004
(Lei da Parceria Público-Privada).

Fundo Destinado à garantia de Locação Imobiliária e à Cessão Fiduciária


62
É uma comunhão de recursos que permite a cessão fiduciária de cotas de emissão de
outros fundos de investimento, em garantia de locação imobiliária. Visa substituir a figura do
fiador ou do seguro de fiança locatícia nos contratos de locação imobiliária. Dever ser constituído
sob a forma de condomínio aberto, sendo vedado o resgate das cotas objeto de cessão
fiduciária.

 Ações
Ação é um valor mobiliário, emitido por sociedades anônimas, que representa uma
parcela do seu capital social.

O proprietário de ações emitidas por uma companhia é chamado de acionista e tem


status de sócio, tendo direitos e deveres perante a sociedade, no limite das ações adquiridas.

Apesar de todas as sociedades anônimas terem o seu capital dividido em ações,


somente as ações que forem emitidas por companhias de capital aberto, as quais possuem
registro na CVM, poderão ser negociadas publicamente.

A propriedade da ação é representada por um "Certificado de Ações" ou pelo "Extrato


de Posição Acionária" emitidos, respectivamente, pela companhia e por uma instituição
contratada pela sociedade para o atendimento aos acionistas. Em qualquer caso, no documento
deverá constar, dentre outras informações, o número de ações possuídas e o nome do acionista.

Observação: Atualmente, as ações são predominantemente escriturais, isto é, sua


propriedade é comprovada por extratos e não mais por cautelas.

O investimento em ações é considerado de renda variável. Para saber mais quais as


diferenças entre: Renda Variável e Renda Fixa acessem "
http://www.portaldoinvestidor.gov.br”.
O que você ganha quando se torna acionista?

Quando você compra uma ação de uma companhia aberta se torna acionista e
participa do lucro da companhia através do recebimento de dividendos e de bonificações.
63
Quando for o caso de emissão de novas ações por parte da companhia, haverá ainda
o direito de subscrição dessas ações.

Pode ganhar também caso haja valorização do preço das ações na bolsa de valores.

Obedecida a Legislação e observando o contido no Estatuto Social da Companhia, os


administradores propõem e os acionistas, em assembleia geral, deliberam a distribuição de
direitos aos acionistas, dentre os quais se destacam:

Dividendos

O dividendo é a parcela do lucro distribuída em dinheiro aos acionistas, sendo


deliberado em Assembléia Geral Ordinária, anualmente realizada para aprovação das contas do
exercício social anterior.

Os acionistas têm direito de receber como dividendo obrigatório em cada exercício, a


parcela dos lucros estabelecida no estatuto, ou, se este for omisso metade do lucro líquido do
exercício ajustado na forma prevista no artigo 202 da Lei 6404/76. A maioria das companhias
abertas brasileiras estabelece em seus estatutos sociais o dividendo obrigatório de 25% do lucro
líquido obtido. Cabe destacar a possibilidade de que o estatuto social também defina dividendos
prioritários mínimos ou fixos sobre o capital social ou o patrimônio líquido da companhia.

Dividendos fixos são aqueles cujo valor se encontra devidamente quantificado no


estatuto, seja em montante certo em moeda corrente, seja em percentual certo do capital, do
valor nominal da ação ou, ainda, do valor patrimonial da ação.

Nesta hipótese, tem o acionista direito apenas a tal valor, ou seja, uma vez atingido o
montante determinado no estatuto, as ações preferenciais com direito ao dividendo fixo não
participam dos lucros remanescentes, que serão distribuídos entre as ações ordinárias e
preferenciais de outras classes, se houver.

Dividendo mínimo é aquele também previamente quantificado no estatuto, seja com


base em montante certo em moeda corrente, seja em percentual certo do capital, do valor
nominal da ação ou, ainda, do valor do patrimonial da ação.
64
Porém, ao contrário das ações com dividendo fixo, as que fazem jus ao dividendo
mínimo participam dos lucros remanescentes, depois de assegurado às ordinários dividendos
igual ao mínimo.

Assim, após a distribuição do dividendo mínimo às ações preferenciais, às ações


ordinárias caberá igual valor. O remanescente do lucro distribuído será partilhado entre ambas
as espécies de ações, em igualdade de condições.

Bonificações

Ao longo das atividades, a Companhia poderá destinar parte dos lucros sociais para a
constituição de uma conta de "Reservas" (termo contábil). Caso a companhia queira, em
exercício social posterior, distribuir aos acionistas o valor acumulado na conta de Reservas,
poderá fazê-lo na forma de Bonificação, podendo efetuar o pagamento em espécie ou com a
distribuição de novas ações.

Subscrições de novas ações

É o ato de adquirir novas ações emitidas em decorrência de aumento de capital da


Companhia. O aumento de capital tem como objetivo suprir as necessidades de recursos, seja
para ampliar a capacidade produtiva, suprir as necessidades de capital de giro ou para sanear o
passivo.

Os direitos de subscrição conferem aos seus detentores a possibilidade de exercer o


direito de compra de novas ações e podem ser negociados no mercado, isoladamente das
ações. Esses direitos deixam de ter valor para negociação assim que se encerra o prazo para a
subscrição de novas ações, emitidas pela companhia aberta.

Se o aumento de capital for oferecido somente aos acionistas da companhia emissora


das ações, será uma subscrição privada. No entanto, se as novas ações forem oferecidas junto
ao público em geral, a subscrição será pública. Neste caso, o antigo acionista poderá ter o direito
65
de preferência, ou seja, o direito de subscrever, antes dos novos acionistas, uma quantidade de
ações proporcional à sua participação acionária na Companhia.

É importante lembrar que a Lei das Sociedades por Ações (Lei nº 6.404/76) permite
que nas companhias abertas com capital autorizado, em certas situações excepcionais previstas
no art. 172 da referida lei. O direito de preferência seja excluído ou, ainda, que o prazo de
30(trinta) dias para o seu exercício seja reduzido, desde que haja previsão no estatuto social.

Bônus de Subscrição

É um direito dado ao acionista de subscrever novas ações numa data futura a um


preço determinado. Esses bônus de subscrição podem ser alienados ou atribuídos, como
vantagem adicional, aos subscritores de ações e debêntures, ou o investidor terá que pagar um
preço por esse direito que, logicamente, será inferior ao preço da ação no mercado. Neste caso,
o acionista deverá avaliar se vale a pena ou não exercer o direito.

Exemplo: Se o preço pago pelo Bônus foi de R$ 2,00, dando ao acionista o direito de
subscrever a ação por R$ 3,00, o preço total de compra da ação seria de R$ 5,00. Se a cotação
da ação no mercado estiver a R$ 6,00, valerá a pena o investidor exercer o direito. É importante
mencionar que se o investidor não subscrever a ação ou subscrever sem a utilização do Bônus,
perderá os R$ 2,00 pagos quando da compra do direito.

Espécies de Ações

No Brasil, há três espécies de ações emitidas pelas companhias abertas. O que as


diferencia são os direitos que concedem a seus acionistas. O Estatuto Social das Companhias,
que é o conjunto de regras que deve ser cumprida pelos administradores e acionistas, define as
características de cada espécie de ações.
 Ação Ordinária (sigla ON)
Sua principal característica é conferir ao seu titular direito a voto nas Assembleias de
acionistas.

 Ação Preferencial (sigla PN)


Normalmente, o Estatuto retira dessa espécie de ação o direito de voto. Em
66
contrapartida, concede outras vantagens, tais como:

Prioridade na distribuição dos dividendos (sua principal característica), o que significa


que não podem ser pagos dividendos às ações ordinárias sem que se paguem os dividendos às
ações preferenciais;

Prioridade no reembolso do capital, o que significa que, no caso de liquidação da


companhia, depois de pagos os credores, os recursos que sobrarem serão destinados
primeiramente ao resgate das ações preferenciais.

 Ações de Fruição
São ações que já foram amortizadas, ou seja, a companhia antecipou ao acionista a
quantia a que ele teria direito no caso de liquidação da companhia. Somente o Estatuto ou a
Assembléia Geral Extraordinária da companhia poderá autorizar esta operação.

 Clube de Investimento
É uma comunhão de recursos de pessoas físicas, no máximo 150 participantes, salvo
exceções previstas na regulamentação, administrada profissionalmente por instituição
credenciada pela CVM.

O funcionamento dos clubes de investimento obedece a normas da CVM, da Bovespa


e a um Estatuto Social Estatuto Social Documento que estabelece as regras de funcionamento
que regem um clube de investimento ou companhia aberta. O próprio clube determina seus
principais aspectos e só pode ser alterado por decisão dos participantes em Assembléia Geral,
que tem poderes para decidir sobre todas as matérias relativas aos interesses do clube.
A carteira dos clubes de investimento deve ser composta por, no mínimo, 51% em
ações, bônus de subscrição e debêntures conversíveis em ações de companhias abertas,
adquiridas em bolsas de valores ou mercado de balcão organizado, que é um ambiente de
negociação administrado por instituições auto reguladoras, autorizadas e supervisionadas pela
CVM. Essas mantêm sistema de negociação (eletrônicos ou não) e regras adequadas à
realização de operações de compra e venda de títulos e valores mobiliários, bem como à 67
divulgação das mesmas por entidades autorizadas pela CVM ou através de distribuição pública.
E nenhum dos cotistas do fundo pode ter mais de 40% das cotas existentes.

A grande vantagem dos clubes em relação aos fundos de investimento reside na


possibilidade de seus membros participarem da gestão da carteira, gestão profissional de
recursos ou valores mobiliários, entregue ao administrador, com autorização para que este,
discricionariamente, compre ou venda títulos e valores mobiliários por conta do fundo. Constitui
atividade sujeita à fiscalização da CVM do clube, que pode ser realizada por pessoa diferente do
administrador do clube ou ser exercida, isoladamente ou em conjunto, por: representante dos
condôminos, pessoas físicas ou jurídicas contratadas ou entidade integrante do sistema de
distribuição de títulos e valores mobiliários (Sociedades Corretoras, Distribuidoras, Bancos de
Investimento, etc.).

É importante lembrar que, caso o administrador seja remunerado pela administração


da carteira, deverá estar previamente autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
para o exercício dessa atividade.

Existem inúmeros outros tipos de aplicações, focamos as mais tradicionais, mas


podemos citar títulos da dívida pública, ouro, dólar entre outros.

10 GESTÃO DE CAIXA X GESTÃO DE COMPETÊNCIA

As empresas de uma forma geral trabalham por gestão de caixa ou gestão de


competência, na realidade a gestão é determinada pelo regime de trabalho que empresa adota.
O que diferencia um regime do outro é o momento do reconhecimento das receitas e
despesas.

Para exemplificar, tomemos como exemplo a contratação de um seguro onde a


contratante paga uma única parcela na assinatura do contrato e tem seu bem segurado por um
ano.
68
Note que a segurada desembolsou um recurso que trará benefícios por um ano, tem-
se, portanto a aplicação de recursos em despesas, no entanto esta despesa não é
exclusivamente daquele mês do desembolso e sim de um período de doze meses.

Note também que, do lado da seguradora houve o ingresso de uma receita de seguros
em um único mês. Porém esta receita só será efetivamente um ganho depois de passados doze
meses e nenhuma avaria aconteça no objeto segurado ou ainda se a contratante segurada não
desistir ou interromper o período de contrato.

O Regime de Caixa considera que as receitas e despesas devem ser contabilizadas


integralmente no momento do desembolso ou recebimento dos recursos.

Assim, no exemplo acima a empresa registraria no ato do pagamento o desembolso


do recurso e a aplicação em despesa de seguro, colocando o valor total como despesa daquele
mês. Este regime só é aplicado em entidades sem fim lucrativo.

O Regime de Competência, preconizado pela Lei 6404/76 (art. 177 “...registrar as


mutações patrimoniais segundo o Regime de Competência.”) e pelas regulamentações do
Conselho Federal de Contabilidade, considera que as receitas e despesas devem ser
contabilizadas durante o período em que estiverem fazendo efeito.

Assim, no exemplo citado é necessário um rateio (divisão) do valor da despesa pelo


período de vigência do contrato para que a cada mês seja reconhecida uma parcela desta
despesa até que termine o prazo do contrato.

Ainda de acordo com o exemplo acima, para realizar o lançamento do pagamento do


seguro é necessária que seja reconhecida a origem do recurso e que a aplicação seja em
despesas antecipadas. Conta esta do ativo circulante por representar um direito da empresa em
estar segurada pelo período do contrato. Daí por diante, a cada mês é retirada uma parcela
desta despesa antecipada e colocada no resultado como despesa daquele mês. O Regime de
Competência justifica a utilização de contas de despesas e receitas antecipadas, assim como as
provisões de despesas a serem liquidadas em exercícios posteriores.

Para ilustrar melhor os conceitos de ambos os regimes seguem exemplos:

69

Transações

 Em 05/jan/2005, dois amigos iniciam em uma prestadora de serviços com capital


disponibilizado por eles em dinheiro no valor R$ 5.000,00.
 Em 10/jan/2005, a empresa compra alguns móveis, com pagamento a vista, no
valor de R$ 4.000,00.
 Em 23/jan/2005, a empresa prestou um serviço no valor de R$ 6.000,00 com
recebimento para 23/fev/2005.
 Em 31/jan/2005, a empresa registrou o aluguel do mês de janeiro no valor de
R$ 1.000,00 que tem vencimento em 10/fev/2005.

Comentários:

o O valor da compra dos móveis reduziu o caixa pelo pagamento à vista.


o O valor do serviço prestado foi reconhecido como receita de janeiro porque o
serviço foi prestado em janeiro.
o O serviço prestado não entrou no caixa de janeiro porque o cliente somente vai
pagar em fevereiro.
o O aluguel de janeiro não tem impacto no caixa de janeiro porque somente será
pago em fevereiro.
o Entretanto o aluguel de janeiro tem que ser reconhecido como despesa de
janeiro. O aluguel é devido pelo uso do imóvel. Se a empresa utilizou o imóvel durante janeiro, 70
esta despesa é de janeiro. Não é de dezembro nem de fevereiro!

Fixação do conceito de competência x caixa

a) Considerando a situação em que a empresa paga a conta de luz do mês de janeiro


à vista no próprio mês de janeiro, teremos:

Janeiro

Caixa (100) Despesa com Luz (100) Reduz o patrimônio


em janeiro.
(diminui ativo) (reduz resultado)

Mas se considerarmos a empresa pagando a conta de luz de janeiro em fevereiro,


teremos:

Janeiro
Reduz o
Luz a Pagar 100 Despesa com Luz (100) patrimônio em
janeiro.
(aumenta passivo) (reduz resultado)

Fevereiro

Caixa (100) Luz a Pagar 100


Não altera o
patrimônio em
fevereiro.
(diminui ativo) (aumenta passivo)

Note que a despesa será sempre registrada no momento em que ocorreu (janeiro),
71
independente da forma de pagamento. O resultado de fevereiro não é afetado por esta despesa
que pertence a janeiro. Esse é o conceito de competência e caixa.

Agora a título de curiosidade, existe ainda o Regime Misto que é utilizado na


contabilidade pública e consiste em mesclar a aplicação dos regimes de caixa e competência.
Utiliza-se o regime de caixa para as receitas e de competência para as despesas.

11 ANÁLISE DOS DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS

A análise das demonstrações financeiras consiste em verificar a situação econômico-


financeira da empresa a partir das informações disponibilizadas pela contabilidade.

Tal análise se faz de acordo com o interesse do usuário da informação contábil e


financeira. Do ponto de vista da empresa, os usuários dividem-se em dois grupos:

Os usuários internos são os responsáveis pela gestão da empresa, ou seja, são os


executivos intimamente relacionados com o processo decisório da organização.

Os usuários externos são os prestadores de serviços, os bancos, os clientes, os


concorrentes, etc.

Basicamente, trata-se de instruir o processo decisório com informações sobre a saúde


financeira, a estrutura de captação de recursos, a rentabilidade e o desempenho operacional da
empresa.
Principais interessados na análise

o Sócios/acionistas: extraem da análise das demonstrações financeiras os dados


necessários para acompanhar o poder de solvência e a lucratividade da empresa, além de
comparar o desempenho global com o de exercícios anteriores.

72
o Fornecedores: pelo fato de negociarem o fornecimento de mercadorias e
serviços, precisam tomar conhecimento da estrutura patrimonial de seus clientes, a fim de
viabilizar seus créditos com maior segurança, fundamentalmente por meio da análise de
liquidez.

o Instituições financeiras: necessitam conhecer a estrutura patrimonial da


empresa, para obter maior segurança nas operações de financiamento, além de desconto de
duplicatas e outras operações financeiras.
o Clientes: necessitam conhecer a situação econômico-financeira de seus
fornecedores para garantir o fornecimento dos bens e serviços adquiridos, bem como os prazos
a serem cumpridos.

Demonstrações e relatórios da análise

o Balanço patrimonial (BP);


o Demonstração do resultado do exercício (DRE);
o Demonstração das mutações do patrimônio líquido (DMPL);
o Demonstração das origens e aplicações dos recursos (DOAR);
o Notas explicativas: complementam as demonstrações contábeis;
o Relatório da administração: informa sobre diversos aspectos da empresa;
o Parecer dos auditores independentes: atesta a fidedignidade das informações.

Principais restrições

o Análise baseada em demonstrações contábeis não auditadas.


o Não observância aos principais fundamentos da contabilidade.
o Demonstrações contábeis com omissões relevantes de informações.
o Números não confiáveis em função da precariedade dos controles internos.
o Reconhecimento inadequado das operações.
o Interesse político.
o Interesses fraudulentos. 73

 Tipos de Análise

Análise vertical

A análise vertical mostra a participação percentual de cada item das demonstrações


financeiras em relação ao somatório de seu grupo. Essa análise permite avaliar a composição de
itens e sua evolução no tempo.

Este tipo de análise propicia a comparação das percentagens dos itens das diversas
demonstrações em relação a outras empresas, basicamente as concorrentes que atuam no
mesmo ramo de atividade.

A análise vertical é de grande importância, principalmente quando aplicada à


demonstração de resultado do exercício, porque possibilita detectar a composição percentual
das receitas e despesas, evidenciando aquelas que mais influenciaram na formação do lucro ou
prejuízo.

Análise horizontal

A análise horizontal toma por base dois ou mais exercícios sociais para verificar a
evolução ou “involução” de seus componentes. Observando o comportamento dos diversos itens
do patrimônio e, principalmente, dos índices, pode-se fazer uma análise de tendência.

Permite fazer diversas análises comparativas, seja da variação dos valores de cada
conta ou grupo de contas ao longo dos exercícios, seja da variação dos índices apresentados
pela empresa nos períodos analisados. A avaliação das modificações das contas é feita por meio
da comparação com:

o As variações históricas da própria da empresa;


o As taxas de crescimento da economia;
o As taxas de crescimento do setor a que pertence a empresa;
74
o A taxa de inflação oficial;
o As variações nas contas idênticas das demonstrações de concorrentes.

A análise horizontal dos índices tem a grande vantagem de eliminar a preocupação do


gestor com os patamares de inflação no período considerado, uma vez que os índices resultam
da comparação de grandezas de uma mesma data.

Indicadores econômico-financeiros

O principal instrumento utilizado para analisar a situação econômico-financeira de uma


empresa é o índice, ou seja, o resultado da comparação entre grandezas.

Os índices estabelecem a relação entre as contas ou grupo de contas das


demonstrações contábeis, visando evidenciar determinado aspecto da situação econômico-
financeira de uma empresa.

Facilitam sensivelmente o trabalho de análise, uma vez que a apreciação de certas


relações ou percentuais é mais significativa que a observação de montantes. Servem como um
termômetro da saúde financeira da empresa. Os principais índices são:

o Índices de liquidez: apontam a capacidade de pagamento da empresa;


o Índices de estrutura de capital: demonstram a estrutura de capital da empresa;
o Índices de endividamento: refletem o nível de endividamento da empresa;
o Índices de atividades: mostram a dinâmica de algumas atividades da empresa;
o Índices de rentabilidade: avaliam o desempenho econômico da empresa.
Existem diversos outros índices para análise das demonstrações financeiras. Cabe ao
analista decidir qual utilizar com o objetivo da análise, podendo até criar.
12 ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

Investimento é o valor que você retira do caixa para investimento inicial ou para
pagamento de despesas de manutenção das atividades empresariais, com o objetivo de gerar
resultados positivos (lucro) no futuro.
75
Quando você realiza um investimento, deseja receber o máximo de retorno que ele
pode oferecer. Você já viu o conceito de taxa interna de retorno anteriormente, mas é bom você
saber que ela pode ser calculada através da fórmula:

TIR = Lucro x 12 (meses) x 100

Investimento

A Análise de Alternativas de Financiamento e Investimento conta com um conjunto de


técnicas da Engenharia Econômica que permite a comparação entre alternativas diferentes, de
forma científica. Ao permitir que as diferenças sejam explicitadas de forma quantitativa, o
conjunto dessas técnicas constitui uma ferramenta da maior utilidade no processo de tomada de
decisões de qualquer empresa, independente de porte ou ramo de atividade.

Para ser eficiente, a Análise de Investimentos pressupõe alguns princípios


fundamentais:

 Não existe decisão com alternativa única, todas as alternativas devem ser
consideradas.
 Somente é comparável alternativa homogênea, não se pode optar entre pouco
retorno com pouco investimento e muito retorno com muito investimento, por exemplo.
 Apenas as diferenças entre as alternativas são relevantes, não perca tempo com
o que é comum a elas.
 Os critérios para decisão entre alternativas econômicas devem levar em
consideração o valor do dinheiro no tempo, o princípio da equivalência é básico.
 Não devem ser subestimados os problemas relativos ao racionamento de
capital, a menos que isso não seja problema para você.
 Decisões separáveis são tomadas separadamente.
 As previsões são necessariamente falhas e o seu grau e tipos de incerteza
devem ser explicitados.
 O evento qualitativo, não quantificado monetariamente, deve ser claramente
especificado.
 A retroalimentação (feedback) de informações é fundamental e é a única 76
maneira de minimizar o impacto dos erros das previsões.
 Os dados relevantes são os econômicos e gerenciais; os dados contábeis só
são importantes na avaliação após o Imposto de Renda. Não importa se um equipamento é
depreciado contabilmente em 10 anos, se está obsoleto em 5 anos.

Mas tem também, algumas limitações:

 A escolha do método, o qual deve considerar o aspecto mais abrangente do


problema, uma vez que é impossível levar em consideração e quantificar todas as variáveis em
situações reais. Premissas, restrições e limitações devem ser claramente caracterizadas.
 Os modelos estudados pressupõem taxas de juros e retorno iguais, embora no
mercado as taxas de juros (empréstimos) sejam sempre maiores que as taxas de retorno
(aplicação). A taxa de retorno será denominada doravante de Taxa Mínima de Atratividade, ou
simplesmente TMA, refletindo a menor taxa de retorno aceitável para um investimento.
 Os modelos pressupõem taxas constantes, o que recomenda a utilização de
uma média das taxas projetadas, ou a explicitação de que a solução está vinculada às
circunstâncias presentes.
 Os modelos pressupõem viabilidade econômica e financeira para o fluxo de
caixa real final.
 Os modelos levam em consideração que os fluxos de caixa ocorrem no final dos
respectivos períodos (anos), embora a maioria possa ocorrer ao longo do período. Nesses
casos, os fluxos de caixa são os valores equivalentes, no final do período, aos demais fluxos
ocorridos durante aquele período.
 A complexidade do modelo deve ser compatível com a confiabilidade dos dados
assumidos.
Métodos de Análise
As principais técnicas utilizadas pela Análise de Investimentos são os métodos de
análise, também chamados “Métodos Equivalentes para Avaliação de Alternativas de
Financiamento e Investimento”.

77
Método do Custo Anual
Consiste em transformar os fluxos de caixa das alternativas em séries uniformes
equivalentes, utilizando uma taxa de juros igual à Taxa Mínima de Atratividade. É possível,
então, chegar a um Custo Anual Equivalente, que servirá de parâmetro para comparação entre
as alternativas.

Abaixo temos a fórmula para calcularmos o custo anual equivalente:

PMT = PV x (1 + i)n x i

(1 + i)n - 1

onde: PV é o Valor Presente

n é o número de períodos

i é a taxa de juros

Dessa fórmula tiramos que:

PV = PMT x (1 + i )n – 1

( 1+ i )n x i

Cabe ressaltar que, embora chamado de Método do Custo Anual, ele é adequado
para a análise de diferentes períodos do ano. É importante, no entanto que, por ora, as
alternativas tenham a mesma duração de tempo, isto é, a mesma Vida Econômica.
Vejamos o exemplo abaixo.

78

Solução:

 Alternativa A

Custo Anual Dado = 10000

 Alternativa B

Custo Anual Equivalente do investimento inicial (PV):

PMT(PV) = 15.000 . 0,10 . 1,1010 = 2441

1,1010 - 1

Custo Anual Dado = 5000

Custo Anual Total = 7441

 Alternativa C

Custo Anual Equivalente do investimento inicial (PV):


PMT(PV) = 20000 . 0,10 . 1,1010 = 3255

1,1010 - 1

Custo Anual Dado = 4000

79
Retorno Anual Equivalente do Valor Residual (FV):

PMT(FV) = -2000 . 0,10 = - 125

1,1010 - 1

Custo Anual Total = 7130

A alternativa C é a mais vantajosa por apresentar os menores custos anuais


equivalentes.

Método do Valor Presente Líquido


Consiste em se calcular a soma algébrica dos valores equivalentes de todos os fluxos
de caixa no período zero utilizando a Taxa Mínima de Atratividade. A soma desses Valores
Presentes resulta no Valor Presente Líquido da alternativa. A alternativa mais indicada é aquela
que apresenta o maior retorno em relação a um investimento, ou o menor custo. É fundamental
que se observe o sinal dos respectivos fluxos de caixa.

Assim, um VPL positivo significa que o Valor Presente dos retornos é maior que o
Valor Presente dos investimentos e das despesas. Quanto maior o VPL positivo, maior essa
diferença e, portanto, maior a razão entre retorno e investimento. Se VPL=0 (nulo) o projeto
oferece a mesma rentabilidade que a alternativa de investimento financeiro remunerada pela
TMA. Se VPL<0 (negativo), o Valor Presente dos desembolsos supera o Valor Presente dos
recebimentos, o que torna o projeto economicamente não recomendável. No caso da escolha
obrigatória entre alternativas com VPL<0, a opção mais econômica será a que apresentar o
menor VPL.

A fórmula utilizada para calcularmos o Valor Presente Líquido (VPL) é :

80

onde: Co é o fluxo de caixa feito na data zero

Cn é o fluxo de caixa feito no período n

n é o número de períodos

i é a taxa de juros

Observe o exemplo do método anterior:


81

Todas as alternativas são ruins, pois apresentam uma rentabilidade menor que a
esperada (TMA). Porém, se a escolha é obrigatória, a melhor alternativa é C, pois apresenta o
menor VPL negativo, o que significa menor custo real.

Outro exemplo mais detalhado e bem mercadológico. Duas alternativas de


investimento estão sendo analisadas por uma empresa. Os seguintes dados foram obtidos:

Inicialmente, calcula-se os Fluxos de Caixa líquidos:


82

Resumindo:

 Alternativa A
VPLA= -2000 + PV(PMT) + PV(FV)= -2000 + 910 . (1+0,10)10 – 1 +

0,10.(1+0,10)10

+ 300 . (1+0,10) -10 = - 2000 + 5592 + 116 = 3708

 Alternativa B
VPLB= -2500 + PV(PMT) + PV(FV)= -2000 + 1120 . (1+0,10)10 – 1 +

0,10.(1+0,10)10

+ 450 . (1+0,10) -10 = - 2500 + 6882 + 173 = 4555

A alternativa B é a melhor uma vez que apresenta o maior Valor Presente Líquido
positivo.
Método da Taxa Interna de Retorno
Consiste em determinar a taxa para a qual o Valor Presente Líquido é igual a zero, ou
seja, a taxa para a qual o Valor Presente dos retornos do projeto é igual ao Valor Presente dos
investimentos necessários.

Uma comparação entre a Taxa Interna de Retorno (TIR) e a Taxa Mínima de


83
Atratividade (TMA) permite avaliar a alternativa. Se TIR > TMA, o investimento propicia um
retorno superior ao de uma aplicação financeira com a rentabilidade da TMA. Se TIR = TMA, a
rentabilidade é igual à da aplicação financeira e, finalmente, se TIR < TMA, o investimento não é
economicamente recomendável, uma vez que propicia um retorno inferior ao de uma aplicação
financeira com a rentabilidade da TMA. Uma análise entre diversas alternativas economicamente
viáveis conduz à escolha da alternativa com a maior Taxa Interna de Retorno.

Observação: O método permite uma análise de sensibilidade do investimento, ou seja,


permite saber qual a Taxa Mínima de Atratividade que viabiliza determinado investimento.
Reduzida a TMA a um patamar inferior a TIR de um determinado investimento, antes
economicamente inviável, ele adquire viabilidade por redução da TMA.

Para utilização desse método, é necessário que as alternativas tenham o mesmo


investimento e que possam ser representadas por um Diagrama de Fluxos de Caixa Ordinário,
isto é, que sejam constituídas de um único investimento feito no período zero, seguido de uma
série de retornos líquidos.

No caso dos investimentos serem diferentes, pode-se decompô-los de forma a


trabalhar com um conjunto de investimentos iguais. Já no caso de investimentos múltiplos, o
método não deve ser aplicado, uma vez que serão obtidas taxas de retorno múltiplas, uma para
cada inversão de fluxo de caixa entre investimentos e retornos.

Vamos ao exemplo abaixo representado pelo fluxo de caixa a seguir, durante sete
anos:
84

Solução: Calculando o VPL para uma taxa arbitrária de 15% a.a., teremos:
VPL = 2146.

Como o Valor Presente Líquido resultou positivo, precisamos arbitrar outra taxa que
minimize o Valor Presente dos fluxos positivos, portanto uma taxa maior, por exemplo, 20% a.a.:

VPL = (605)

O Valor Presente Líquido negativo representa uma inversão de sinal em relação à taxa
anterior, o que significa que a Taxa Interna de Retorno (que faz VPL = 0) está entre 15% a.a. e
20% a.a. Por meio de uma simplificação do processo, estimamos a TIR por Interpolação Linear
(Método para calcular valores intermediários em gráficos lineares através da geometria) das
taxas utilizadas:

2146  15% 0 - 2146 i - 15%

0 i =  i ~ 18,9% a.a.

- 605  20% - 605 - 2146 20% - 15%


Obviamente, esta forma de cálculo, trabalhosa e imperfeita pela utilização da
interpolação linear, pode ser substituída, com vantagens, pela utilização das funções financeiras
avançadas encontradas nas calculadoras financeiras mais completas.

É importante observar que o conceito de Taxa Interna de Retorno está intimamente


vinculado à Vida Econômica do investimento. Assim, o investimento acima possibilita uma TIR
85
de aproximadamente 18,9% ao ano para uma Vida Econômica de sete anos. Isso quer dizer que
o capital investido será remunerado a, aproximadamente 18,9% ao ano e que o investimento
será totalmente recuperado em sete anos.

Vejamos agora a Classificação das Alternativas.

Alternativas Singulares
Na análise de alternativas singulares pode-se utilizar os métodos do Valor Presente
Líquido e da Taxa Interna de Retorno, como fizemos para cada alternativa nos exemplos desses
dois métodos.

A análise, nesse caso, é simples. O investimento que possui Valor Presente Líquido
positivo (VPL > 0) é economicamente viável, pois possibilita um retorno sobre o investimento
superior ao propiciado por uma aplicação financeira à Taxa Mínima de Atratividade. No caso do
método da Taxa Interna de Retorno, a conclusão é a mesma, desde que o investimento possua
a Taxa Interna de Retorno maior que a Taxa Mínima de Atratividade.

Alternativas Múltiplas

Na análise de alternativas múltiplas os métodos do Custo Anual e do Valor Presente


Líquido aplicam-se como apresentado nos respectivos exemplos. Já o método da Taxa Interna
de Retorno, por pressupor investimentos iguais, exige, no caso de investimentos diferentes, a
decomposição em fluxos complementares, de modo a ser definido o fluxo de caixa incremental
de um projeto em relação a outro. Este seria o fluxo de caixa composto apenas pelas diferenças
incrementais de um projeto em relação a outro. Para um conjunto de alternativas com
investimentos diferentes, procederíamos da seguinte maneira:
 Ordenar as alternativas em ordem crescente de investimentos.
 Determinar a TIR da primeira alternativa e compará-la com a TMA. Se a TIR <
TMA, abandonar esta alternativa e repetir a análise para a alternativa seguinte e, assim,
sucessivamente até a obtenção de uma alternativa economicamente viável.
A partir da primeira alternativa viável, calcula-se a Taxa de Retorno Incremental da
próxima alternativa. A Taxa de Retorno Incremental é a TIR do fluxo de caixa incremental de um 86
projeto em relação a outro com investimento menor.

Esse fluxo de caixa incremental é o fluxo de caixa composto pelas diferenças


algébricas entre os fluxos de caixa da alternativa com investimento maior e a primeira alternativa
viável. A Taxa de Retorno incremental é, também, comparada com a Taxa Mínima de
Atratividade. A primeira alternativa é remunerada pela sua TIR e a segunda alternativa é
remunerada, em parte pela TIR, e na parte incremental, pela Taxa de Retorno Incremental. Se a
Taxa de Retorno Incremental for maior que a TMA, a alternativa é, também, viável.

Alternativas com vidas econômicas diferentes

No caso de se analisar alternativas com diversas vidas econômicas, somente os


métodos do Custo Anual e do Valor Presente são aplicáveis. O método do Custo Anual não sofre
distorções graves com a diferença de Vidas Econômicas, o que ocorre com o método do Valor
Presente Líquido. Em ambos os casos, a diferença pode ser contornada, levando-se em
consideração a possibilidade de reinvestimento. Define-se, assim, um prazo que seja o Mínimo
Múltiplo Comum entre os prazos das alternativas propostas e repete-se o fluxo de caixa de cada
alternativa o número de vezes necessário para preencher o prazo comum. Recai-se então na
análise com vidas iguais.

Chegamos assim à seguinte conclusão:

Independente do ramo ou do porte da sua empresa, o empresário está sempre às


voltas com decisões sobre investimentos.
Seja a substituição de um veículo, seja a abertura de uma nova filial, ou então a
contratação de novos funcionários são decisões que envolvem valores importantes para a
empresa e devem ser tomada com base em informações concretas fundamentadas em uma
análise criteriosa e tecnicamente bem elaboradas.

Os instrumentos estudados são ferramentas valiosas de apoio às decisões sobre


87
esses investimentos.

No terceiro módulo estarão os seguintes tópicos: Contas a Pagar, Contas a Receber,


Cobrança, Crédito e Fluxo de Caixa, então até lá.

13 CONTAS A PAGAR

Serão abordados dois significados para “Contas a Pagar”, primeiramente


Departamento Contas a Pagar e em seguida o conceito do “Contas a Pagar”.

O Departamento Contas a Pagar é o setor responsável pelo planejamento e pela


execução de todas as contas a serem pagas pela organização. Tem como finalidade principal
garantir que os pagamentos das contas e dívidas da organização sejam efetuados dentro dos
prazos, com isso evitando pagamentos de tributos, impostos etc. com juros e multas.

Para entender onde na estrutura organizacional está inserida no Departamento Contas


a Pagar, segue o exemplo abaixo:
88

A estrutura apresentada acima tem caráter apenas ilustrativo, cabendo a cada


organização estabelecer sua própria estrutura de acordo com suas atividades.

As principais contas a pagar estão relacionadas com as operações de produção e


vendas de bens ou prestação de serviços (desembolsos operacionais).
As contas a pagar são vistas em grande parte das empresas como mais uma fonte de
fundos posta a sua disposição quase que espontaneamente. Os fornecedores (através das
vendas a prazo), empregados (salários, benefícios e encargos sociais a pagar) e governo
(impostos, multas e outras despesas legais a pagar) são os que mais propiciam crédito para as
empresas.
Quando uma empresa necessita adquirir insumos de produção, mercadorias para
venda ou materiais para serviços gerais, comumente o faz através de ordens de compra ou
contratos de aquisições. Uma vez aprovadas essas ordens de compra é aconselhável, quando à
vista, liberar o recurso sem atraso e quando a prazo incluir automaticamente na relação de
contas a pagar. Essa atividade, em algumas empresas, é feita por sistema automatizado e
informatizado, facilitando, operacionalmente a gestão financeira (avisos automáticos de datas e
valores de dívidas antecipadamente).
Organizações em que as atividades operacionais dão condições para que se façam
compras programadas e fixadas em uma determinada data do mês ou época do ano são
privilegiadas em detrimento daquelas que não utilizam essa prática. Esse privilégio diz respeito
ao maior controle de contas a pagar de acordo com a gestão das disponibilidades e gestão de
contas a receber. A prática de programar pagamentos se aplica também a salários, impostos,
multas e outras despesas legais.
Ainda, tratando-se de aquisições, algumas empresas têm o hábito de comprar
mercadorias ou insumos em grandes quantidades para aproveitar preços vantajosos ou
descontos obtidos dos fornecedores. Mas essa prática pode ser questionável, pois envolve 89
outros fatores tais como: rotatividade dos estoques, obsolescência, sazonalidade das vendas
que devem ser analisadas previamente.
Segundo Sanvicente (1997:145), um aspecto que deve ser observado quanto ao
controle das saídas de caixa é o processo de pagamento. Para prevenir contra desvios e furtos
os cheques emitidos devem ser nominais, e, se possível, devem ser assinados por duas
pessoas. As atividades que fazem partem do processo de saída de caixa devem ser divididas
entre vários funcionários, deixando de atribuir ou acumular mais de uma responsabilidade para
uma única pessoa. Por exemplo, as atividades de quotação de mercadoria, pagamento e a
reconciliação de saldos bancários com os mapas de emissão de cheques devem envolver no
mínimo três pessoas.
O mesmo autor salienta que, “Quando há a possibilidade de pagar alguma compra ou
algum serviço recebido com desconto, deve ser utilizado integralmente o prazo correspondente,
permanecendo os fundos à disposição da empresa pelo período mais longo possível”.
Determinadas empresas por hábito ou por alguma circunstância desfavorável de fluxo
de caixa adotam a prática de retardar pagamentos aos fornecedores além do prazo estipulado.
Essa prática é discutível do ponto de vista ético e da possibilidade da empresa ganhar fama no
mercado de má pagadora, afetando futuras relações com fornecedores importantes.

“As firmas a braços com escassez de recursos sentem-se tentadas a ‘escorar-se nos
fornecedores’, atrasando o pagamento das dívidas comerciais muito além das datas
de vencimento. Quando não está em questão a perda dos descontos, o crédito extra
tomado à custa dos fornecedores parece ser um crédito ‘gratuito’. Alguns
administradores tornaram-se mestres na tática de prolongar os seus créditos até um
ponto quase inadmissível.
As táticas para o uso pleno – melhor diríamos do ‘abuso’ – dos créditos comerciais
compreendem o ‘pagamento seletivo’ dos créditos comerciais. O que é um eufemismo
para testar e tirar o máximo proveito dos limites da indulgência (ou paciência) dos
principais credores, da concentração das compras nos credores mais complacentes, e
de uma ‘arrumação’ periódica das contas vencidas, numa base rotativa, como meio de
reduzir as pressões dos fornecedores” (HUNT et al., 1961:145).

Com os crescentes avanços tecnológicos das últimas décadas os gestores financeiros 90


contam com uma prática que se tornou bastante comum nos dias atuais, que são os débitos
automáticos ou simples transferências da conta corrente para pagamento de créditos. As
empresas podem ter dívidas do outro lado do mundo que em questão de segundos se faz a
quitação dessas dívidas através de um terminal de computador (internet).
Para Fleck (2001:9), “[...]se substitui a papelada por informações digitais. Sai a
burocracia e as partes comunicam-se digitalmente. Pelo computador compra-se, (...), controla-se
o recebimento e faz-se o pagamento”.

14 CONTAS A RECEBER

Da mesma forma, as Contas a Receber serão abordadas com dois significados, o


Departamento e o conceito, inicialmente serão visto o Departamento.

É o setor responsável pela verificação dos créditos a receber da organização tais


como: recursos de doações, recursos de Financiadores para projetos, recursos provenientes de
venda de produtos produzidos pela organização etc... Tem também como atribuição apontar os
créditos ou recursos que não entraram no prazo de modo que a área de administração financeira
possa tomar as decisões para que os recursos entrem.

Para entender onde a estrutura organizacional está inserida no Departamento Contas


a Receber, segue o exemplo abaixo:
91

A estrutura apresentada acima tem caráter apenas ilustrativo, cabendo a cada


organização estabelecer sua própria estrutura de acordo com suas atividades.

Para muitas empresas, os investimentos em valores a receber representam uma parte


significativa de seus ativos circulantes, exercendo, em consequência, importantes influências em
suas rentabilidades (ASSAF, 2003).

As duplicatas a receber só existem devido à política de crédito da empresa em


conceder prazo de pagamento para seus clientes. Idealmente, todos os empresários prefeririam
vender à vista. No entanto, as pressões do mercado forçam para que praticamente todas as
empresas vendam no crédito.

Geralmente, é o administrador financeiro que controla diretamente as duplicatas a


receber, envolvendo-se no estabelecimento e administração das políticas de crédito (processo
de seleção determinação de padrões e de condições de crédito) e da política da cobrança.

Schirickel (1995, p. 25) define crédito como sendo “todo ato de vontade ou disposição
de alguém de destacar ou ceder, temporariamente, parte se seu patrimônio a um terceiro, com a
expectativa de que esta parcela volte a sua posse integralmente, depois de decorrido o tempo
estipulado”. Esse patrimônio pode ser representado por bens, no caso de mercadorias pagas a
prazo, ou mesmo de dinheiro.

Para micro e pequenas empresas, a administração de duplicatas a receber é um dos


maiores problemas enfrentados. A decisão de crédito deve ser feita com base em sólidos
princípios financeiros e de negócios. Obviamente, é preferível deixar de atender um cliente com
92
potencial a acumular duplicatas incobráveis que possam levar a empresa à falência.

Segundo Brigham e Houston (1999), os padrões de crédito se referem às condições


financeiras e ao histórico de crédito que um cliente precisa apresentar para estar qualificado a
receber crédito. É importante observar também que não necessariamente o cliente deverá
apresentar todos os requisitos para poder comprar na empresa, se não apresentar as condições
para o crédito poderá comprar em condições mais restritas.

A Política de Crédito de uma empresa deve estar subordinada às estratégias de


Marketing e Finanças. Uma Política de Crédito liberal, sem dúvida, aumenta o volume de
vendas, no entanto, aumenta também o risco de inadimplência. Já uma Política de Crédito
restritiva tem um baixo risco de perda, porém as vendas também se tornam reduzidas. O
principal efeito de uma Política de Crédito é seu impacto sobre a lucratividade da empresa.

Esta será afetada pelo custo do financiamento do capital de giro, pela rentabilidade
das vendas e pelo percentual de perda com devedores incobráveis.

Para que se possa conceder crédito a um cliente é preciso, antes de qualquer coisa,
calcular o risco do não recebimento deste crédito. Para isso, faz-se uma análise de crédito.

Segundo Schirickel (1995), o principal objetivo da análise de crédito é o de identificar


os riscos nas situações de empréstimos, evidenciarem conclusões quanto à capacidade de
pagamento do tomador e fazer recomendações relativas à melhor estruturação e tipo de
empréstimo a conceder.

Ross (2001) classifica como principais itens para uma política de crédito: a) Condições
de venda: são as formas de como os clientes poderão comprar ou usufruir dos produtos ou
serviços da empresa. b) Análise de crédito: são os esforços para saber se o cliente tem
condições de pagar o crédito concedido ou não. c) Política de cobrança: forma com a qual a
empresa fará a cobrança do crédito concedido na data do vencimento.

Autores como Gitman (1997), Brigham e Houston (1999), citam cinco dimensões para
análise do crédito, são os “5 C’s do Crédito” são elas:

 Caráter: histórico do solicitante quanto ao cumprimento de suas obrigações 93


financeiras, contratuais e morais.
 Capacidade: Potencial que o cliente tem em saldar o crédito solicitado. Podem
ser utilizados demostrativos financeiros, dando atenção aos índices de liquidez e endividamento.
 Capital: solidez financeira do solicitante, conforme indicado pelo seu patrimônio
líquido.
 Colateral ou garantia: montante de ativos colocados à disposição pelo solicitante
para garantir o crédito, ativos penhorados ou caucionados em garantia do empréstimo.
 Condições: condições econômicas e empresarias vigentes, bem como
circunstâncias particulares, que possam afetar quaisquer das partes da negociação.
A empresa pode obter informações de seus clientes de várias formas. Quando seus
clientes forem empresas de grande porte, normalmente estas possuem demonstrações
financeiras obrigatórias como Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício.

Estes demonstrativos podem ser utilizados para análise de crédito. Quando os clientes
forem empresas menores, ou até mesmo pessoas físicas, pode-se fazer consultas em órgãos
como SPC, SERASA ou outras lojas onde o cliente já tenha feito compras no crédito.

A partir das informações obtidas nessa análise de crédito, estipula-se a linha de


crédito, que seria o valor máximo que um cliente poderá dever a empresa, em qualquer época.

Quando se espera vender bem para um cliente, vale a pena gastar certa quantia para
fazer a análise dele. Nesse caso, o custo será menor que o benefício proporcionado pela
conquista desse cliente. É importante observar também que apesar da necessidade de se fazer
uma consulta bem feita, não se deve cansar o cliente, pois este pode acabar se irritando e não
sentido mais o desejo em usufruir o produto da empresa. Para que essa consulta se torne ágil,
existem vários programas de consulta de crédito via Internet, ou até mesmo por telefone, que
podem ser adquiridos pela empresa.
A Política de Crédito trata das condições que serão concedidas aos clientes aptos a
ter crédito. Já a análise de crédito, trata do estudo das condições de cada cliente para que ele
seja aprovado ou não para utilizar o crédito concedido pela empresa. Para essa aprovação, faz-
se necessária uma análise, na verdade, do risco que existe de não receber o valor da compra.

Embora seja uma atividade operacional, a cobrança requer planejamento e controle


94
para torná-la eficaz. A estrutura organizacional do setor de cobrança depende do tipo de
cobrança usado pela empresa, perfil de seus clientes e de seu grau de informatização.

A política de cobrança da empresa compreende os procedimentos adotados para


cobrar as duplicatas a receber quando elas vencem. A eficiência da política de cobrança pode
ser avaliada parcialmente, observando o nível dos inadimplentes ou incobráveis. Normalmente,
segue-se um roteiro para cobrança, começando por envio de carta, depois telefonema, logo em
seguida visitas pessoais, uso de agências de cobrança e, por fim, protesto judicial.

Quando é definida uma política geral de crédito, a empresa deve preocupar-se


também com determinadas medidas de controle interno, principalmente as relativas aos custos
inerentes ao crédito e investimentos em valores a receber.

Segundo Assaf Neto (2003), as principais medidas são:

 Despesas com devedores duvidosos: refere-se à probabilidade definida pela


empresa em não receber determinado volume de crédito.
 Despesas gerais de crédito: envolvem os gastos efetuados no processo de
análise de solicitações e na manutenção de um departamento de crédito, como pessoal,
materiais, serviços de informação contratados etc.
 Despesas de cobrança: estão inclusos os gastos gerais efetuados,
principalmente, nos diversos procedimentos adotados pela empresa, inclusive os provenientes
de ações judiciais e taxas cobradas pelos bancos pela execução dos serviços.
Segundo Gitman (1997), para se avaliar as políticas de crédito e de cobrança são
utilizadas comumente duas abordagens: o índice de períodos médios de cobrança e o
cronograma de vencimentos das duplicatas a receber em carteira.

15 CRÉDITO E COBRANÇA 95

Todas as empresas encontram uma grande dificuldade de cobrar o que seus clientes
lhes devem. Considera-se isso como uma realidade, muito natural, pois a empresa industrial,
comercial, prestadora de serviços não é uma entidade financeira ou um banco, que vive o dia-a-
dia de conceder créditos, isto é, a mercadoria de um Banco ou Financeira é o dinheiro e por isso
trabalham profissionalmente. E não costuma ser assim nas empresas e, em alguns casos, fazem
isso na base do improviso e amadorismo.

Veja um exemplo: Se você conceder créditos de R$300,00 a 800,00 a determinados


clientes, ou seja, vender no prazo repare o que você faz quais os procedimentos você utiliza.
Agora experimente ir a algum Banco de sua cidade e pleitear um empréstimo de R$850,00.
Sente na frente do gerente e veja se ele lhe concede na mesma velocidade, simplicidade e
facilidade com que seus funcionários operam em sua empresa.

Entretanto, para prestar um serviço a mais e utilizar uma das ferramentas de


Marketing, e a sua empresa dispõe de um bom capital de giro, resolve então iniciar as vendas a
prazo e financiar as aquisições dos seus clientes para aumentar as vendas e conquistar mais
clientes, ou seja, dar crédito. Esta atitude deve ser entendida como: “nesse momento o
empresário decidiu atuar em duas atividades, a primeira produzir e comercializar seus produtos e
a segunda, atuar como uma empresa financeira”.

Falta aí um preparo e experiência na atividade de concessão de crédito e cobrança. É


importante ficar claro que nenhuma empresa comercial, industrial, prestadora de serviços,
agropecuária, seja o ramo que for, tem a obrigação de financiar seus clientes, isso é uma
decisão estratégica da empresa.
Os preços praticados devem ser para pagamentos à vista, ou melhor, dinheiro cá e
mercadoria ou serviço lá, então cuidado, são imprescindíveis critérios e padrões estabelecidos.
Deve-se deixar claro nas organizações que as vendas ou serviços que por ventura forem
realizadas no prazo só ocorrerão para clientes com crédito aprovado. Isso é vital.

Mas há o outro lado da moeda, você atuando como consumidor, o fornecedor nos
96
facilita para pagarmos o que compramos em 15, 30, 60 e em 90 dias. Por muitas vezes até mais,
por isso, as empresas adotaram a prática de repassar o benefício para seus clientes, ou seja, o
que você está fazendo é dar crédito com o crédito que você recebeu no mercado. Muitos dizem
fazer dinheiro com o dinheiro dos outros. Enfatiza-se o fato de o seu fornecedor ser uma grande
empresa capitalizada, e possivelmente muito experiente em lidar com o crédito, enquanto você,
muitas vezes sem experiência comercial, se lança a conceder financiamentos com base no
prazo de crédito que você recebeu.

É possível que você perca dinheiro, enquanto seu fornecedor vai receber direitinho o
que lhe financiou, já que você não vai querer perder a fonte de renda que são os seus produtos e
preços especiais.

Muitas vezes, o financiamento dos fornecedores concede para que se tenha a


mercadoria nas prateleiras a disposição dos clientes e um prazo para que ela seja vendida e
nunca falte nada no ponto de venda. Por erro, o vendedor do distribuidor incentiva o empresário
a vender no crédito, já que ele paga com prazo. Mas, aqui está o alerta, as empresas devem
primeiro aprender a controlar o seu capital de giro para que não sucumbam em um turbilhão de
créditos a receber e muitas contas a pagar, e, pior ainda, as prateleiras vazias e dívidas em
bancos.

O domínio das técnicas de cobrança é um exercício diário de identificar as técnicas


que mais se adaptam ao seu trabalho.

Existem várias formas de cobrar créditos, as mais comuns são:

 Cobrança em carteira (que são pagos no caixa da empresa, por cobrança


pessoal, ou carnê).
 Cobrança bancária ( simples, desconto, caucionada, factoring ).
 Cobrança Jurídica (protesto, advogado ou empresa especializada ), da ação em
pagamento.

Tudo pode funcionar naturalmente se todos os clientes pagam em dia seus


97
compromissos, mas como nem sempre esta é a realidade, precisa ter organização para enfrentar
o que geralmente ocorre, isto é, quando os clientes atrasam os pagamentos, a inadimplência.
Para isso a empresa precisa montar uma equipe Cobrança, constituída de um grupo que trata da
análise e concessão de créditos e a outra equipe de cobrança, esse é o ideal, mas em algumas
empresas menores essas equipes se fundem formando uma única equipe.
A equipe de crédito para fazer a concessão de crédito tem a responsabilidade de obter
as informações cadastrais escritas de todos os candidatos a crédito; proceder à análise e
pesquisa minuciosa de cada ficha; conferir se todos os dados são verdadeiros; validar toda a
documentação e possuir uma pessoa que seja capaz de tomar a decisão de conceder ou não
crédito àquele candidato ao crédito.

Sendo assim, há aqui um dos principais elementos da área de crédito e porque não
dizer de cobrança, o cadastro de clientes ou de possíveis clientes, podendo esse cadastro ser de
fornecedores ou de qualquer outra entidade necessária à organização.

O que é o Cadastro?

Uma coletânea de dados, um arquivo, um banco de dados que reúne todas as


informações possíveis, de seus clientes, seus fornecedores ou clientes potenciais de interesse
da empresa.

Qual a Importância do Cadastro?


Cadastrar as empresas fornecedoras e/ou clientes atuais e promissores se tornam,
além da exigência organizacional, também uma necessidade, tendo em vista que o objetivo é
sempre otimizar buscas e pesquisas, validar informações de forma rápida e eficiente. Os
cadastros são tão importantes que atualmente têm departamentos especializados nas empresas,
com o auxílio dos Datawarehouse e de Business Intelligence (BI).
98

Para que serve o Cadastro?

 Habilitar o cliente para o propósito, ou seja, para contratar, comprar, tomar


empréstimos, enfim operações que precisam ser validadas.
 Acompanhar o relacionamento de clientes e fornecedores com a organização.
 Registrar todas as informações dos clientes que por sua vez gera como
resultado iniciativas de campanhas de novas contratações de serviços e/ou compra de produtos.
 Identificar novos fornecedores e/ou novos clientes a serem consultados em
futuras prospecções.
 Comprovar a capacidade e idoneidade das informações, classificando-as de
diversas maneiras, como por exemplo, economicamente através da documentação entregue
previamente.

Parece num primeiro momento, que a implementação de cadastros para a área de


crédito e cobrança é muito simples. Até é simples, mas é trabalhoso, requer seguir algumas
regras e técnicas, além de exigir uns 2 ou 3 funcionários experientes, o que algumas empresas
se negam a contratar.

Depois disso, vem à possibilidade de perda de oportunidades de negócios e de


clientes, caso a pessoa que esteja no ato da concessão do crédito não seja muito experiente e
com prática no setor. Conclui-se com a máxima: "Quem não arrisca não petisca". Podemos
responder: "E até quanto você está querendo arriscar?" A concessão de crédito não é um jogo e
sim um conjunto de técnicas.
Em resumo, é importante ressaltar que o cadastro é um dos grandes patrimônios e
ativos das empresas. Existem situações em que as empresas são vendidas e o maior bem, ou
seja, o bem de maior valor é o cadastro.

Uma introdução do como fazer a implementação de algumas técnicas de


cobrança.
99

Em toda atividade empresarial se fala em conceder e solicitar crédito para se produzir,


comercializar, estocar, etc. Observe que se pode pensar em realizar a iniciação de um negócio
com dinheiro de terceiros, prática muito comum nos países de moeda estável.

É comum ver empresas fazerem do crédito um instrumento de MARKETING


divulgando que com aprovação rápida o cliente leva o produto praticamente na hora, e com
métodos de trabalho apropriados. O ponto fundamental de conceder crédito está na experiência
de quem gerência o setor e forma sua equipe, no controle dos resultados de vender e receber e
num processo dinâmico de atualização colhendo informações rápidas e precisas do mercado.

Um curso de cobrança tem como finalidade organizar a empresa visando esta área
gerencial. As empresas terão informações técnicas de como decidir vendas concedendo crédito
a clientes confiáveis, receber e mantê-los.

O tratamento da cobrança deverá ser um caso especial para cada equipe, por várias
razões, veja duas a seguir:

 Empresas que são exclusivas no mercado, e por isso não querem e não
precisam vender para quem não tem crédito. Como elas não precisam dos clientes, podem
selecioná-los aos seus critérios. Geralmente são indústrias ou comércios exclusivos.
Atitudes: Usam uma rigidez fortíssima nas exigências e condições para quem perdeu o
crédito e só voltam a vender no crédito após muito custo.

O percentual de inadimplência nestas empresas costuma ser baixíssimo e não passa


de 3 a 4% sobre as contas a receber do mês.
 Empresas que sofrem uma grande concorrência. Geralmente são empresas que
precisam muito de seus clientes quer seja por seus clientes possuírem uma grande fonte
alternativa de escolha, quer seja pela necessidade de vender muito para ampliar mercado ou
atender uma grande produção de sua fábrica ou fornecedor.
Atitudes: São flexíveis na concessão do crédito e na cobrança. Trabalham com uma
inadimplência mais alta, chegando de 12 a 20% sobre as contas a receber do mês. 100

É recomendável que a gerência use procedimentos de concessão de crédito e de


cobrança de acordo com o risco e o percentual de atrasos que a diretoria queira assumir. Deverá
manter as rotinas de todas as técnicas recomendadas neste curso, somente graduando para
mais ou menos o aperto em suas empresas.

Nota: As mudanças devem ser realizadas por quem sabe e tem poder para executá-
las, adaptando as técnicas ao seu dia-a-dia.

A seguir um exemplo de plano de cobrança, com algumas das medidas que podem
constar num plano de cobrança (vale salientar que é apenas uma sugestão):

 Etapa 1: Enviar uma carta registrada, com Aviso de Recebimento, que dá um


prazo de uma semana para honrar o seu compromisso. Se isso não acontecer, é indicado que
serão tomadas as ações judiciais adequadas.
 Etapa 2: Cortar totalmente o fornecimento. Contatar o fiador e as pessoas que
deram recomendações, para comunicar a situação de inadimplência do devedor.
 Etapa 3: Divulgar a situação do inadimplente no mercado onde ele atua. Essa
medida é muita eficaz junto dos devedores mais desonestos. A divulgação da fama de caloteiro
impossibilita a continuação da sua atividade e eles costumam liquidar seus compromissos para
se livrar de tal fama (neste caso, muita cautela é necessária, para evitar ações legais por parte
do inadimplente, por exposição de sua pessoa).
 Etapa 4: Pressionar, enviando seus funcionários à empresa para pedir
explicações sobre a situação.
 Etapa 5: Pedir ao seu advogado para entrar em contato com o cliente. Uma
ligação feita por um advogado é uma clara demonstração da sua determinação em reaver o que
é seu.
 Etapa 6: Protestar as dívidas no cartório e comunicar ao devedor esta
providência.
 Etapa 7: Executar as garantias ou responsabilizar os fiadores. 101
 Etapa 8: Outras ações judiciais apropriadas: pedido de falência, execução...

A cada etapa é associado um prazo. Se nesse prazo as medidas previstas não


surtirem efeitos, passa-se à etapa seguinte. Obviamente, o calendário estabelecido não é rígido.
Se o comportamento do devedor demonstrou má fé logo de início, fica caracterizada sua
intenção de não pagar. Neste caso tome logo medidas mais drásticas.

Técnicas de Crédito e Cobrança

Como a empresa pode proteger-se contra a inadimplência de maus pagadores e


cobrar débitos atrasados, em tempos difíceis, sem perder o cliente. Quem empresta dinheiro aos
amigos, no final das contas, perde dinheiro ou perde o amigo, segundo um ditado irônico da
sabedoria popular. Na administração empresarial, entretanto, é praticamente impossível seguir a
conhecida regra geral "amigos, amigos, negócios à parte". Na economia moderna, toda
transação comercial (incluindo a prestação de serviço) envolve algum tipo de operação de
crédito ou, no mínimo, a concessão de um período de carência para o pagamento. Assim,
clientes e fornecedores que compram e vendem no crédito ou em condições especiais devem
ser considerados, ao mesmo tempo, os melhores amigos da empresa, pois - juntamente com
seus funcionários - viabilizam o negócio.

Nas pequenas e microempresas, em que as transações ocorrem de maneira muito


mais pessoal do que entre grandes corporações, as relações com clientes e fornecedores
processam-se dentro de um círculo de interdependência financeira muito maior: a empresa
oferece algum tipo de crédito aos compradores para garantir a sua fatia do mercado; em
contrapartida, ela tende a se beneficiar com prazos mais alongados para pagamento de seus
fornecedores de serviços e matérias-primas. Neste círculo, certas empresas de boa reputação,
que eventualmente atravessem momento difícil ou imprevisto, também conseguem obter
condições especiais de pagamento de seus parceiros comerciais, que arriscam em alguma
medida o capital na tentativa de manter ou ampliar seu mercado.
102
Nessa ciranda de credores/devedores, o êxito de todo pequeno ou micro
empreendimentos depende da capacidade de administração da dívida, que se forma como
elemento inerente ao funcionamento do livre mercado. Para que o passivo não cresça sem
controle e venha a criar dificuldades de liquidez, ou mesmo force a empresa a contrair
empréstimos para compensar a falta de capital de giro, é preciso que o empresário saiba como
se proteger contra a inadimplência e receba as contas atrasadas sem perder o cliente amigo.

Evite a atitude de confronto dos cobradores tradicionais, que importunam, pressionam


e ameaçam os devedores. É muito mais eficiente desenvolver abordagem com tom de voz
agradável e discurso firme, claro, compreensivo, profissional e, principalmente, amigável.

A melhor forma de tocar no assunto é fazendo a cobrança soar nos ouvidos do


devedor como oferta de ajuda e bom conselho para que ele consiga saldar as dívidas. Mesmo
que as justificativas do devedor sejam extremamente precárias e irritantes, o cobrador não deve
deixar que seus sentimentos transpareçam. No primeiro contato pessoal, o essencial é
convencer o mau pagador de que está seriamente determinado a recuperar o que lhe é devido,
mas também se interessa pela situação do devedor: ninguém quer que ele ponha as contas em
dia sendo destruído no processo.

"Palavras não pagam dívidas, mas adiam", brincava o humorista barão de Itararé.
Assim sendo, toda tentativa de cobrança tem de ultrapassar a barreira de explicações duvidosas
de difícil comprovação que o devedor provavelmente apresentará em sua defesa. É preciso
interrogá-lo com persistência e tentar esclarecer se está sendo sincero ou exagerando. Mesmo
que sejam argumentos verdadeiros, o cobrador deve manter a cabeça fria, sem desenvolver um
sentimento de culpa por colocar o endividado contra a parede, justamente quando vive grande
aperto. Tente sempre negociar um acordo, com nova data de pagamento ou parcelamento da
dívida dentro das possibilidades de ambas as partes.
Na maioria dos casos mais demorados e complexos de cobrança, a solução
negociada ainda é mais vantajosa do que a contratação de serviço de cobrança judicial, que fica
com 35% ou mais do que arrecada e ainda desgasta a imagem da empresa. Por negociação
direta, o cobrador pode estabelecer desconto para a dívida (por exemplo, 20 ou 30%),
dependendo de prazos e valores. Assim, é possível economizar tempo e dinheiro, minimizando
as perdas e preservando as relações com o cliente (que poderá recuperar-se financeiramente, 103
no futuro).

Antes de deslocar pessoal de suas funções cotidianas para investigar o paradeiro do


devedor, calcule a relação custo/benefício da cobrança em domicílio. A experiência da American
Debt Collectors Association demonstra que não vale a pena investir no resgate individual de
pequenas dívidas. Há dois tipos de clientes que somem, mudando de endereço e telefone, sem
deixar fonte de contato: as pessoas que desaparecem de surpresa, devido a circunstâncias de
força maior na vida pessoal, como viagem repentina, doença e morte na família ou separação de
casais; e pessoas endividadas com intenção consciente de escapar dos credores.

As pessoas honestas que “desaparecem” involuntariamente, com toda probabilidade


saldarão seus débitos por iniciativa própria, a fim de restabelecer o crédito. Os maus pagadores
"profissionais", por outro lado, dificilmente serão localizados; provavelmente têm dívidas com
tanta gente que serão mínimas as possibilidades de a empresa reaver o dinheiro, mesmo
contratando agência de cobrança.

 Agir o mais cedo possível

Na gestão do risco e do crédito há uma regra fundamental: quanto mais cedo o credor
agir, maiores serão as possibilidades de reaver o dinheiro. Essa é a recomendação, por
exemplo, da Check Services and Recovery, empresa de Michigan especializada em serviços de
cobranças de atrasados e resgate de cheques sem fundo. Na administração de pequenos
faturamentos, porém, a utilização de serviços de cobrança é apenas o último recurso, pois a
engenharia financeira contemporânea dispõe de alternativas originais e inovadoras para
enfrentar o problema.
Por outro lado, a maioria das micro e pequenas empresas com problemas de
recebimento de dívida não têm condições de contratar os serviços de especialistas para receber
os atrasados. Os empresários que se encontram nessa situação crítica (de vítimas da
inadimplência) terminam saindo em busca de seus atrasados de forma intuitiva, pressionando os
devedores de acordo com seus instintos e experiência. Mesmo agindo por conta própria, essas
empresas podem conseguir melhores resultados no recebimento de dívidas se racionalizarem e 104
sistematizarem o processo de cobrança.

Com o auxílio de um programa de computador contendo sistema de contabilidade


específico para antecipação e acompanhamento da acumulação de dívida a receber, é possível
desenvolver um "minissetor de cobrança" dentro de qualquer micro ou pequena empresa. Isto
estabelece um conjunto de medidas de baixo custo que realmente ajudem a recuperar o que lhe
é devido.

Ao criar um mini setor interno de cobrança, a maioria dos empresários se


surpreenderá com os resultados positivos obtidos com o desenvolvimento de método sistemático
e eficiente para recuperar os atrasados. Isso, entretanto, exige disciplina, persistência, tempo e
recursos. A cobrança de atrasados é desgastante e não se deve tornar núcleo central do seu
negócio.

Para acompanhar e controlar essa operação já existem (em inglês) alguns programas
de computador desenvolvidos com objetivo específico de organizar a cobrança nas micro e
pequenas empresas.

Alguns desses programas incluem serviço completo de cobrança com modelos de


cartas que vão progressivamente aumentando a pressão sobre o devedor, sem criar clima hostil
e contra produtivo. O programa tem "tools" (ferramentas) auxiliares para organização dos débitos
em atraso, permitindo o cálculo e a fácil localização do histórico de cada conta atrasada, além de
numerosas comparações, ideias e recomendações para o "desenvolvimento da atitude correta"
na negociação da cobrança. Aplicados como instrumento suplementar ao programa de
contabilidade da empresa, tais "software" podem facilitar o processo de cobrança, economizando
muito tempo útil ao pequeno empresário. Um dos mais conhecidos e adotados programas do
gênero é o "Account Satisfied", vendido pela Info Tech por US$ 425,00 (aproximadamente)
destinados a computadores IBM-compatíveis.
 Método tradicional – a agência

Enfim o método tradicional de cobrança é por meio de agência especializada ou


serviço jurídico ainda é amplamente adotado no mundo inteiro, sendo o mais indicado para as
grandes contas consideradas irremediavelmente perdidas ou contra empresas em fase de
105
renegociação para sair de "concordata". No varejo de pequenos valores financiados, o emprego
desses serviços só é recomendado quando há grande volume de operações em atraso. Essas
empresas de cobrança pressionam os devedores pelo correio, por telefone e pessoalmente, na
casa e no trabalho. Se nada surtir efeito, encaminham para execução da dívida na Justiça.

Esse regime de cobrança por terceiros consegue recuperar pelo menos parte da
dívida em cerca de 60% dos casos, segundo pesquisa do Check Services and Recovery. Os
cobradores modernos dispõem em seus computadores de grandes bancos de dados sobre
empresas e indivíduos com problemas crônicos de crédito. Em caso de grandes dívidas, muitas
utilizam investigadores particulares e serviço jurídico especializado em acordos extrajudiciais.
Apesar das cartas ameaçadoras, dos desmoralizantes telefonemas para o emprego, 90% do
dinheiro resgatado vem de acordos estabelecidos entre as partes para evitar a cobrança judicial.

Pelos seus serviços, essas firmas de coletores de dívida cobram os custos de


investigações e procedimentos especiais (investigações de fraude e corrupção, localização de
bens etc.) mais uma fatia de 35 a 50% da quantia recuperada. Mesmo que não recuperem o
dinheiro, tais serviços de cobrança terminam fornecendo ao credor farta munição contra o
devedor, incluindo o registro de ligações telefônicas, lista de clientes e fornecedores do caloteiro,
ficha policial, títulos protestados etc.

 Definição de uma necessária política de crédito

A organização desse serviço interno de cobrança depende, em primeiro lugar, da


definição da política de crédito da empresa. Todo empresário, por menor que seja o seu negócio
e por menos que tenha organizado suas ideias sobre a questão, deve ter definida uma política
de crédito.
No cotidiano da atividade econômica, a política de crédito varia de empresa para
empresa, além de se alterar em função dos fatores mais diversos: condições do mercado,
eficiência administrativa, liquidez de caixa e outros elementos específicos de cada conta, como a
credibilidade do devedor, os laços de parentesco ou amizade entre credor e devedor, o grau de
interdependência das empresas etc.
106
Antes de criar uma unidade para gerenciar a cobrança, o administrador precisa, então,
efetuar a análise do seu próprio comportamento, estabelecendo o desempenho presente e
passado da empresa em relação à acumulação e recuperação de pagamentos em atraso. Nessa
autorreflexão, deve identificar as tendências gerais de sua política informal de crédito,
comparando-a com a da concorrência. Após identificar quais as experiências mais satisfatórias
na área, o empresário pode definir as linhas mestras, uma norma-guia para sua ação. Isso será
à base de um sistema operacional objetivo de cobrança, que leve em conta as necessidades da
empresa, as peculiaridades do ramo, as condições do mercado. Ou seja, a sua política de
crédito.

A definição dessa política de crédito não constitui exercício intelectual diletante, mas
instrumento de grande utilidade, desde que seja acompanhada pela implantação de pequeno
código de conduta ou procedimento-padrão. Também serve para expor claramente quais as
regras da empresa em relação ao crédito. A inclusão de certos pormenores específicos dessa
política de crédito em contratos-padrão, por exemplo, evitará grandes mal-entendidos e muito
desgaste pessoal na hora da cobrança.

O histórico de uma política de cobrança coerente também se revela importante


instrumento quando a empresa precisa obter créditos e financiamentos. Além do saldo positivo
na recuperação do que deve, demonstra que há preocupação ou compromisso com o
pagamento em dia. Um regime de cobrança caótico e descoordenado pode custar muito mais do
que a quantia devida, complicando a administração e a contabilidade, desatualizando as
previsões e até mesmo interferindo em metas estratégicas. A empresa que adota diferentes
políticas de crédito para devedores em situações semelhantes ainda se arrisca a projetar uma
imagem prejudicial, sendo facilmente acusada de favoritismo e de imprevisibilidade.
16 FLUXO DE CAIXA

É um instrumento de gestão financeira extremamente importante para o Planejamento


e Controle nas organizações, projeta para períodos futuros todas as entradas e as saídas de
recursos financeiros da empresa, indicando como será o saldo de caixa para o período
107
projetado. Um termo bastante utilizado no mercado é a expressão Fluxo de Caixa em inglês,
“Cash-Flow”.

Não adianta para as empresas, simplesmente efetuar as operações rotineiras de


Recebimentos e Pagamentos de recursos, se as mesmas não tiverem uma visão dos seus
saldos de Caixa num futuro de Curto e Longo Prazo, para tomada de decisões.

Assim, o Fluxo de Caixa representa uma ferramenta útil e necessária para as


empresas, pois permite o Planejamento e o Controle das Entradas e Saídas de Recursos
durante um período determinado.

O conceito de Fluxo está associado ao fato de que os Saldos Finais de Caixa no


período 1 serão os Saldos Iniciais de Caixa no período 2, representados por dias, semanas,
meses etc.

Planejamento do Fluxo de Caixa

O Fluxo de Caixa Orçado indica os saldos finais de Caixa, para determinar se um


déficit ou excesso de Caixa é esperado em cada período planejado.

Cada saldo positivo (excesso de caixa) orçado num período gera cobertura nos saldos
negativos posteriores. Os saldos negativos (déficits de caixa) orçados têm que ser cobertos com
financiamentos em curto prazo.

Para planejar o Fluxo de Caixa, os Setores da empresa têm que elaborar os seus
Orçamentos, fornecendo os dados ao Administrador Financeiro, ou seja:
 Orçamento de Produção – para empresas industriais;
 Orçamento de Vendas, com prazos de recebimentos;
 Orçamento de Custos e Despesas;
 Orçamentos de Investimentos;
 Orçamentos de Pagamento de Passivos.
108

Pode ser elaborado de duas formas:

 Entradas e Saídas de Caixa Projetadas, neste caso os valores previstos para um


determinado período de atividade.
 Entradas e Saídas de Caixa Realizadas, neste caso os valores de fato
ocorreram, ou seja, foram realizados em termos de entradas e saídas de recursos financeiros.
Planejamento Financeiro requer que a alta Administração da empresa se comprometa
com o mesmo, e que os Sistemas existentes permitam o acompanhamento do Planejamento
Financeiro – Orçado x Realizado.

Composição dos Elementos do Fluxo de Caixa

 Saldo Inicial: Valor dos recursos existentes em Caixa e Bancos no início do


período.
 Recebimentos: Dividem-se em operacionais e não–operacionais.
o Recebimentos operacionais: Valores recebidos das Vendas de
Produtos e Serviços.
o Recebimentos não–operacionais: Valores recebidos de Empréstimos
Bancários; Aporte de Sócio; Acionistas, Resgate de Aplicações Financeiras.
 Pagamentos: Dividem-se em operacionais e não–operacionais.
o Pagamentos operacionais: Valores pagos com matérias-primas,
materiais indiretos, salários, impostos sobre vendas, encargos sociais e outros pagamentos
diretamente ligados à operação da empresa.
o Pagamentos não–operacionais: Valores pagos com empréstimos
bancários, factorings, investimentos.
 Geração Operacional de Caixa: Representa os Recebimentos menos os
Pagamentos Operacionais da empresa.
 Geração Não–Operacional de Caixa: Representa os Recebimentos menos os
Pagamentos não-operacionais da empresa. 109
 Saldo Final de Caixa: É a soma do Saldo Inicial do Caixa no período, mais a
Geração Operacional e a Geração não-operacional.

As principais finalidades do Fluxo de Caixa são:

 Planejar e controlar as entradas e saídas de caixa num período determinado de


tempo, normalmente um mês ou vários meses.
 Auxiliar o empresário ou gestor de pequenos negócios a tomar decisões
antecipadas sobre o fluxo financeiro da empresa.
 Demonstrar a situação do Caixa da empresa de forma antecipada, permitindo
eventuais ajustes quando for necessário.
 Verificar se a empresa está trabalhando com aperto ou folga financeira.

Após o Planejamento, precisa-se fazer a administração do Fluxo de Caixa, veja o


conceito da administração do Fluxo de Caixa.

Administrar o Fluxo de Caixa, após o seu Planejamento, implica na verificação dos


Saldos de Caixa futuros, e na tomada de decisão sobre os Déficits ou Excessos de Caixa.

Os procedimentos a serem tomados dependem do cenário financeiro.

Na hipótese de déficits de Caixa, deve-se obter Recursos internamente ou


externamente à empresa, ou a combinação de ambos.

 Obtenção de Recursos Internos


 Venda de Ativos Imobilizados: Máquinas e equipamentos que podem ser
descartados, sem comprometer a Operação da empresa;
 Aporte de Recursos dos Sócios / Acionistas: Aumentando o Capital da empresa,
obtendo assim Recursos para fazer face aos Desembolsos.
 Obtenção de Recursos Externos
 Empréstimos Bancários ou Factoring: Obter Recursos junto a estas instituições,
sempre às menores Taxas possíveis do Mercado Financeiro.
 Ingresso de novos Sócios / Acionistas: Através de um aumento de Capital. 110
 Combinação de Recursos Internos e Externos: Desconto de Títulos, mesmo
pagando Taxas Bancárias, reduzindo o Lucro Operacional, mas realizando Recebimentos de
Caixa no tempo necessário.

Na hipótese de Excesso de Caixa, o mais viável é aplicar estas sobras eficientemente,


como exemplo:

 Mercado Financeiro: seja em Poupança, Fundos de Curto Prazo e outros, às


maiores Taxas possíveis do Mercado Financeiro.
 Compra de Matérias-Primas / Mercadorias: Negociar com Fornecedores,
visando menores Preços Unitários de Compra, com maiores quantidades, e gerando mais Saldo
de Caixa.
 Investimentos: Adquirindo Máquinas e Equipamentos ou novas Tecnologias,
aumentando a Produtividade, porém sem aumentar os Custos Operacionais.

Segue algumas das melhores práticas para um bom Fluxo de Caixa:

 A aplicação do conceito do "fluxo de caixa" é a mesma indiferente do ramo ou


tamanho da empresa.
 Para o empresário que está implantando o Fluxo de Caixa pela primeira vez,
procure programar as entradas e saídas de caixa num período de tempo mais curto, do tipo uma
semana no máximo um mês.
 Mais do que recursos de informática e tecnologia, é preciso ter disciplina;
 Faça os lançamentos diariamente.
 Acompanhe o extrato do banco também diariamente.
 O curso é essencial, mas não é o suficiente, por isso exercite o aprendizado no
dia-a-dia.
 Transforme o fluxo de caixa em uma rotina da empresa.
 Ficar atento com os dez primeiros dias do mês, pois neste período os
desencaixes financeiros tendem a ser maiores por causa da folha de pagamento, tributos e
outras despesas que tenha vencimento nesta época. 111
 Na elaboração do Fluxo de Caixa levar em consideração o período de
sazonalidade quando for o caso.
 Registre sempre a saída do pró-labore, ele faz parte do balanço da empresa.
 Se não tiver tempo para fazer o fluxo de caixa você mesmo, contrate alguém
que possa ficar responsável por essa função.
 No caso de contratar um funcionário, acompanhe o trabalho executado por ele.
 Para assumir novos compromissos com fornecedores ou outros credores
consulte o seu Fluxo de Caixa e verifique se as datas dos vencimentos destes novos
compromissos não coincidem com períodos críticos em termos de saída de Caixa.
Para elaborar o Fluxo de Caixa torna-se necessário tomar alguns cuidados, tais como:

 Conhecer com detalhes o ciclo financeiro da empresa (prazos de pagamentos e


recebimento).
 Manter os Controles Auxiliares em dia, tais como: Controles Bancários,
Controles de Recebimento de Clientes, Controle de Pagamento de Fornecedores, Controle de
Pagamento de Despesas e o Controle de Movimento de Caixa.
 Todos os valores lançados no Fluxo de Caixa deverão ser realistas, ou seja,
manter os valores das estimavas das entradas e saídas caixa sempre atualizados.

Principais requisitos para implantação do fluxo de caixa

 Apoio de cúpula diretiva da empresa.


 Organização da estrutura funcional da empresa com definição clara dos níveis
de responsabilidades de cada área.
 Integração dos diversos setores e/ou departamento da empresa ao sistema do
fluxo de caixa.
 Definição do sistema de informações quanto à qualidade e aos funcionários a
serem utilizados, calendário de entrega dos dados (periodicidade) e os responsáveis pela
elaboração das diversas projeções.
 Treinamento do pessoal envolvido para implantar o fluxo de caixa na empresa. 112
 Criação de um manual de operações financeiras.
 Comprometimento dos responsáveis pelas diversas áreas da empresa, no
sentido de alcançar os objetivos e as metas propostas no fluxo de caixa.
 Utilização do fluxo de caixa para avaliar com antecedência os efeitos das
tomadas de decisões que tenham impacto financeiro na empresa.
 Fluxograma das atividades na empresa, ou seja, definir as atividades meio e as
atividades fins.

Segue abaixo um modelo básico de Fluxo de Caixa:

Para melhor compreensão e total entendimento sobre Fluxo de Caixa, é preciso ter o
conhecimento de determinados termos bastante utilizados pelo mercado:
 Ciclo Operacional: corresponde ao intervalo entre a compra de mercadorias ou
matérias-primas e o prazo de recebimento das vendas a prazo. Portanto, o Ciclo Operacional é
igual o prazo médio de estocagem mais o prazo médio de recebimento das vendas a prazo.
Segundo Gitman [7] “é definido como o montante de tempo que vai do ponto em que a empresa
coloca o material e trabalho no processo de produção até o momento em que o dinheiro da
venda do produto acabado resultante é acabado”. CO = PME + PMR 113
 Ciclo Financeiro: corresponde ao intervalo de tempo entre o pagamento de
compras e o recebimento de vendas. O Ciclo Financeiro é soma do prazo médio de estocagem
com prazo médio de recebimento e em seguida deduz o prazo médio de pagamento. CF =
PME + PMR – PMP
 Fluxo Financeiro: significa entradas e saídas de recursos financeiros do caixa.
 Disponibilidade Financeira: trata-se do valor correspondente ao saldo de Caixa
mais os recursos financeiros depositado nos bancos.
 Saldo Inicial: é o saldo de caixa no início do período da data da elaboração do
Fluxo de Caixa.
 Entradas de Caixa: corresponde as vendas realizadas a vista, como também os
valores correspondentes aos recebimentos de duplicatas, cheques pré-datados e faturas de
cartão crédito etc.
 Saídas de Caixa: corresponde aos pagamentos de fornecedores e as despesas
operacionais da empresa tais como, folha de pagamento e encargos sociais, impostos, água, luz,
telefone, aluguel etc.
 Saldo Final de Caixa: o saldo final é obtido através da soma do saldo inicial mais
as entradas de caixa deduzindo as saídas de caixa.
 Ciclo de caixa: é o montante de tempo em que o caixa da empresa está
imobilizado entre o pagamento por insumos de produção e a cobrança do pagamento de venda
do produto acabado resultante.
 Giro do Caixa: representa quantas vezes o caixa movimenta-se por ano na
empresa em função do seu ciclo financeiro. Exemplificando, supondo que o Ciclo Financeiro da
empresa fosse de 60 dias, neste caso o Giro de Caixa seria de 6 vezes ao ano (360 dias: 6).
Quanto maior for o giro melhor para empresa, pois irá necessitar de menos capital de giro para
suprir o caixa.
 Caixa Operacional Mínimo: representa o volume mínimo de recursos financeiros
de que uma empresa necessita para financiar suas atividades operacionais. Para calcular o
COM (Caixa Operacional Mínimo) é necessário estimar o valor do SAC (Saídas Anuais de Caixa)
que corresponde aos valores desembolsados para pagamento de fornecedores de mercadorias
ou matérias-primas, como também para cobrir as despesas operacionais. Para facilitar o
entendimento faremos o uso de um exemplo numérico. Supondo que os valores previstos de 114
saídas de caixa anual fossem: pagamento de fornecedores R$ 200.000,00 e pagamento das
despesas operacionais R$ 100.000,00. Portanto, o total do SAC é de R$ 300.000,00.
Considerando que o Giro do Caixa fosse de 6 vezes. O valor do Caixa Operacional Mínimo é de
R$ 50.000,00 (R$ 300.000,00: 6 vezes).

DFC (Demonstração de Fluxo de Caixa)

Para Zdanowicz (1992, p.33), “o fluxo de caixa é o instrumento no qual permite


demonstrar as operações financeiras que são realizadas pela empresa”, o que possibilita
melhores análises e decisões quanto à aplicação dos recursos financeiros que a empresa
dispõe.

Iudícibus e Marion (1999, p.218) afirmam que a DFC “demonstra a origem e a


aplicação de todo o dinheiro que transitou pelo caixa em um determinado período. E, o resultado
desse fluxo”, cujo caixa engloba as contas Caixa e Bancos, evidenciando as entradas e saídas
de valores monetários no decorrer das operações que ocorrem ao longo do tempo nas
organizações.

Por sua vez, Thiesen (2000, p.10) complementa explicando que a DFC “permite
mostrar, de forma direta ou mesmo indireta, as mudanças que tiveram reflexo no caixa, suas
origens e aplicações”.

Percebe-se que a DFC demonstra tanto a origem quanto a aplicação dos recursos da
empresa. Ressalta-se que os recursos mencionados referem-se somente aos recursos em
dinheiro, ou seja, aqueles que têm reflexo no caixa da empresa.
Assaf Neto e Silva (1997, p. 38) explicam que o fluxo de caixa, de maneira ampla, “é
um processo pelo qual a empresa gera e aplica seus recursos de caixa determinados pelas
várias atividades desenvolvidas”, onde as atividades da empresa dividem-se em operacionais,
de investimentos e de financiamento.

As atividades de investimento dizem respeito à aquisição ou venda de ativos não-


115
circulantes, que representam a destinação que a empresa dá aos seus recursos na compra de
novos equipamentos ou na ampliação de suas instalações.

As atividades de financiamento estão relacionadas à obtenção de empréstimos a curto


e longo prazo, bem como à emissão de ações representativas do capital e ao pagamento de
dividendos aos acionistas.

As atividades operacionais, em geral, referem-se àquelas operações que envolvem


produção e venda de produtos, ou a prestação de serviços. Este grupo permite visualizar a
atividade que gera maior caixa operacional, quando comparados diversos períodos.

A configuração preconizada para este instrumento contábil legal norte-americano


encontra-se detalhada na Figura abaixo.

Configuração do demonstrativo do fluxo de caixa, segundo o FAS-95

Atividades de Investimento
(-) aquisição de imobilizado, inclusive juros e despesas capitalizadas;

(-) aquisição de novos negócios e empresas;

(-) aquisição de debêntures e investimentos financeiros em longo prazo, exclusive


aplicações de caixa;

(-) aquisição de ações de outras empresas, incluindo os investimentos regulados pela


equivalência patrimonial;

(-) empréstimos feitos a outras entidades;

(-) compra por transferência de debêntures de outras entidades;

(+) venda de imobilizado;


(+) venda de negócios;

(+) cobrança do principal relativo a empréstimos feitos a outras entidades;

(+) venda, por transferência, de debêntures de outras entidades;

(+) vendas de debêntures ou ações de outras entidades, exclusive aplicações de


116
caixa;

Atividades de Financiamento

(-) remuneração aos proprietários (dividendos e outros);

(-) pagamento de valores tomados por empréstimos, inclusive leasing, resgate de


debêntures e empréstimos de curto e longo prazo;

(-) reaquisição de ações próprias e outros títulos relacionados com o patrimônio


líquido;

(+) emissão de ações;

(+) subscrição de debêntures, hipotecas e empréstimos de curto e longo prazo.

Atividades Operacionais
(-) aquisição de materiais para produção ou revenda;

(-) salários e encargos sociais dos empregados;

(-) juros sobre empréstimos;

(-) impostos, multas e outras despesas legais;

(-) materiais e serviços gerais;

(+/-) outras transações não definidas nos outros grupos, inclusive pagamentos de
causas judiciais, donativos e devolução de pagamentos a clientes;

(+) venda de mercadorias e serviços;


(+) rendas de empréstimos feitos a terceiros (juros) e sobre investimentos em ações
(dividendos).

Fonte: SILVA, César Augusto Tibúrcio, SANTOS, Jocineiro Oliveira dos, OGAWA,
Jorge Sadayoshi. Fluxo de caixa e DOAR. Caderno de Estudos FIPECAFI/FEA-USP. São
Paulo, n. 9, p. 37-66, out./93, p.50.
117

O Internacional Accounting Standards Committee – IASC, órgão normatizador mundial


da contabilidade, através da NIC 7 - Norma Internacional de Contabilidade, que foi revisada em
1992, estabelece a forma e conteúdo da DFC, bem como trata do objetivo e benefícios deste
demonstrativo.

No parágrafo 4 desta norma encontra-se a observação de que a análise da DFC em


conjunto com as demais demonstrações contábeis “proporciona informações que habilitam os
usuários a avaliar as mudanças nos ativos líquidos de uma empresa, sua estrutura financeira
(inclusive sua liquidez e solvência) e sua habilidade para afetar as importâncias e prazos dos
fluxos de caixa, a fim de adaptá-los às mudanças nas circunstâncias e às oportunidades”.

Neste contexto, a relevância da DFC está em seu poder informacional, visto que
permite as organizações, sejam elas com ou sem fins lucrativos, públicas ou privadas, terem
maior poder preditivo quanto a sua capacidade de cumprir com suas obrigações financeiras, vez
que propicia um melhor planejamento financeiro, por parte da empresa, em relação a sua
disponibilidade de caixa, de forma que não ocorram excessos nem insuficiências de fundos.

Além disso, propicia aos usuários uma maior facilidade no entendimento da real
situação financeira da empresa.

Frezatti (1997) menciona que o fluxo de caixa apresenta-se como um instrumento


tático e estratégico no processo de gestão empresarial. A abordagem estratégica está
relacionada com o nível de negócios da empresa não só em curto prazo, mas principalmente em
longo prazo, enquanto a abordagem tática, a qual o autor se refere, corresponde à visão do fluxo
de caixa como instrumento de utilidade restrita e acompanhamento, isto é, concentra-se em
questões de menor alcance e mesmo impacto.
Formas de apresentação da DFC

Iudícibus e Marion (1999, p.223) explicam que, “na movimentação de recursos


financeiros incluem-se não somente saldos de moeda em caixa ou depósitos em conta bancária,
mas, também, outros tipos de contas que possuem as mesmas características de liquidez e de
disponibilidade imediata.” O termo utilizado quando da elaboração da DFC para identificar estes
118
outros tipos de contas é o termo Equivalente de Caixa, ou seja, devem ser consideradas como
equivalentes de caixa as aplicações financeiras com característica de liquidez imediata.

Os componentes da DFC, de acordo com Frezatti (1997), são:

 Fluxos Operacionais, que correspondem às entradas e saídas,


relacionadas às atividades operacionais da empresa;
 Fluxo Permanente, que está ligado aos investimentos no ativo permanente da
empresa;
 Fluxo dos Acionistas, que indica as transações que afetam os mesmos e que
são derivadas de decisões de capitalização ou de distribuição do lucro ou redução do capital;
 Fluxo Financeiro equivale ao somatório dos demais fluxos, onde, no caso de
sobra de recursos, ocorre a saída para aplicação deste valor no mercado e, no caso de
insuficiência de recursos, ocorre a entrada por meio de resgate de investimentos, ou por meio de
captação de recursos com terceiros.
Abaixo apresentamos estes elementos em comparação à estrutura proposta pelo
FASB, cuja comparação é representada na figura abaixo.

Componentes da DFC
119

Por meio da análise dos elementos que compõem a DFC, pode-se perceber questões
muito importantes para a empresa, como a saúde do negócio e a melhor forma de otimização
dos resultados, bem como avaliar o desempenho e as necessidades do fluxo financeiro da
empresa.

Quanto à elaboração da DFC, esta, segundo a FIPECAFI (1994), pode ser


apresentada sob duas formas: o método direto e o método indireto. Estes dois métodos
diferenciam-se pela forma como são apresentados os recursos provenientes das operações.

Campos Filho (1999, p. 41) comenta que é recomendado às empresas “relatar os


fluxos de caixa das atividades operacionais diretamente, mostrando as principais classes de
recebimentos e pagamentos operacionais (método direto)”.

No método direto as entradas e saídas operacionais são apresentadas de forma


direta, isto é, primeiro as entradas, depois as saídas. A elaboração da DFC pelo método direto
encontra-se representada na figura abaixo.
DFC pelo método direto

FLUXO DE CAIXA - MÉTODO DIRETO

Entradas e saídas de caixa e equivalentes de caixa 120

Fluxo de caixa das atividades operacionais:

Venda de mercadorias e serviços (+)

Pagamento de fornecedores (-)

Salários e encargos sociais dos empregados (-)

Dividendos recebidos (+)

Impostos e outras despesas legais (-)

Recebimento de seguros (+)

Caixa líquido das atividades operacionais (+/-)

Fluxo de caixa das atividades de investimento:

Venda de imobilizado (+)

Aquisição de imobilizado (-)

Aquisição de outras empresas (-)

Caixa líquido das atividades de investimento (+/-)

Fluxo de caixa das atividades de financiamento:

Empréstimos líquidos tomados (+)


Pagamento de leasing (-)

Emissão de ações (+)

Caixa líquido da atividade de financiamento (+/-)

Aumento/diminuição líquido de caixa e equivalente de caixa


121
Caixa e equivalentes de caixa - início do ano

Caixa a equivalentes de caixa - final do ano

Fonte: TELES. Egberto Lucena. A demonstração do fluxo de caixa como forma de


enriquecimento das demonstrações contábeis exigidas por lei. Revista Brasileira de
Contabilidade. Brasília, ano XXVI, n.5, p.64-71, jul./1997, p.69.

A diferença, na elaboração da DFC, entre os métodos direto e indireto encontra-se


apenas no grupo das atividades operacionais. A DFC, quando elaborada pelo método direto
apresenta dentro do grupo das atividades operacionais primeiro o valor referente à receita pela
venda de mercadorias e serviços, para, em seguida, subtrair deste os valores equivalentes ao
pagamento de fornecedores, salários e encargos sociais dos empregados, bem como os
impostos e outras despesas legais. Além disso, adiciona-se os eventuais dividendos recebidos,
bem como os recebimentos de seguros.

Segundo Campos Filho (1997, p. 41), “as empresas que decidirem não mostrar os
recebimentos e pagamentos operacionais deverão relatar a mesma importância de fluxo de caixa
líquido das atividades operacionais indiretamente, ajustando o lucro líquido para reconciliá-lo ao
fluxo de caixa líquido das atividades operacionais (método indireto ou de reconciliação)”.

O método indireto apresenta o fluxo de caixa das atividades operacionais de forma


indireta, realizando ajustes ao lucro líquido do exercício. A figura a seguir apresenta a
demonstração da estrutura da DFC quando elaborada pelo método indireto.

DFC pelo método indireto


FLUXO DE CAIXA - MÉTODO INDIRETO

Entradas e saídas de caixa e equivalentes de caixa

Fluxo de caixa das atividades operacionais:


122
Lucro líquido

Depreciação e amortização (+)

Provisão para devedores duvidosos (+)

Aumento/diminuição em fornecedores (+/-)

Aumento/diminuição em contas a pagar (+/-)

Aumento/diminuição em contas a receber (+/-)

Aumento/diminuição em estoques (+/-)

Caixa líquido das atividades operacionais (+/-)

Fluxo de caixa das atividades de investimento:

Venda de imobilizado (+)

Aquisição de imobilizado (-)

Aquisição de outras empresas (-)

Caixa líquido das atividades de investimento (+/-)

Fluxo de caixa das atividades de financiamento:

Empréstimos líquidos tomados (+)

Pagamento de leasing (-)

Emissão de ações (+)

Caixa líquido das atividades de financiamento (+/-)


Aumento / diminuição líquido de caixa e equivalente de caixa

Caixa e equivalentes de caixa - início do ano

Caixa a equivalentes de caixa - final do ano

Fonte: TELES, Egberto Lucena. A demonstração do fluxo de caixa como forma de


123
enriquecimento das demonstrações contábeis exigidas por lei. Revista Brasileira de
Contabilidade. Brasília, ano XXVI, n.5, p.64-71, jul./1997, p.69.

A DFC elaborada pelo método indireto apresenta no grupo das atividades


operacionais primeiro o lucro líquido, proveniente da Demonstração do Resultado do Exercício,
para em seguida adicionar os valores que não representam desembolso de caixa que tenham
sido deduzidos do lucro na DRE, ou seja:

- depreciação e amortização;

- provisão para devedores duvidosos;

- aumento ou diminuição referente a fornecedores, no caso de compras a prazo, ou


contas a pagar, também em longo prazo;

- aumento ou diminuição de valores em contas a receber, para o caso de vendas a


prazo ou nos estoques.

Carmo et al (1997, p.58-59) esclarecem que o método indireto “consiste na


demonstração dos recursos provenientes das atividades operacionais a partir do lucro líquido,
ajustado pelos itens que afetam o resultado, mas que não modificam o caixa da empresa”.
Enquanto, o método direto demonstra “os recebimentos e pagamentos derivados das atividades
operacionais da empresa em vez do lucro líquido ajustado”.

A DFC, quando feita pelo método indireto, é indicada por Silva, Santos e Ogawa
(1993) como mais semelhante à estrutura da DOAR, portanto de mais fácil compreensão aos
que entendem essa demonstração. Ao contrário, a DFC elaborada pelo método direto é de mais
fácil entendimento para aqueles que já não compreendem a DOAR, visto que é feita de forma
direta, com entradas e saídas no caixa.

É importante verificar que a apresentação da DFC pelo método indireto evidencia os


ajustes ao lucro líquido, provenientes da Demonstração de Resultado do Exercício,
assemelhando-se, assim, a DOAR, enquanto o método direto é, em relação a sua forma de
124
apresentação, o modelo que mais se diferencia da forma atual de evidenciação das origens e
aplicações de recursos das empresas.

Diante do exposto, observa-se nitidamente a semelhança da DFC elaborada pelo


método indireto com a DOAR, enquanto que se elaborada pelo método direto, a DFC assume
uma forma mais clara de evidenciação das saídas e entradas de fatores monetários. Evidencia-
se, ainda, a facilidade de entendimento das informações propiciadas pela DFC, no que diz
respeito às operações financeiras das organizações, o que torna relevante sua publicação junto
às demais demonstrações contábeis.

O estudo voltado para o desenvolvimento de novas ferramentas que auxiliem o


processo de tomada de decisão nas empresas deve ser incentivado. Dentre os instrumentos
gerenciais de caráter mais dinâmicos, o fluxo de caixa merece destaque, seja por sua estreita
relação com a situação de liquidez da empresa, como pela propriedade de projetor situações
futuras.

As dificuldades encontradas na gestão dos recursos financeiros de uma empresa,


tomando-se por base dados históricos, relatórios elaborados pelo regime de competência,
fizeram, com que surgisse o fluxo de caixa, bastante evidenciado e indispensável para a boa
gestão das empresas.

Destaca-se também a importância da utilização dos dois fluxos de caixa – histórico e


projetado, enquanto o segundo serve para prever dificuldades futuras e adiantar soluções, o
primeiro serve de base para a projeção do segundo.

Outro aspecto importante a ser considerado é o fluxo de caixa tornar mais conveniente
à administração e acompanhamento do dia a dia das atividades operacionais da empresa. Do
contrário, se ela quiser tomar decisões em função de um horizonte maior, terá que recorrer a
outros demonstrativos contábeis, como a demonstração das origens e aplicações dos recursos –
DOAR, por exemplo.

É importante ressaltar que os gestores devem estar atentos aos mecanismos que
utilizam no planejamento e acompanhamento do desempenho das empresas. A visão holística
da organização e do ambiente em que atua deve ser o parâmetro para a aferição e ajustes nos
125
instrumentos utilizados.

Em resumo é preciso sempre estar preocupados e atentos aos instrumentos de


medição do fluxo de caixa, relatórios, planilhas, sistemas de computador e tudo que possa nos
ser útil para executar ações rápidas e eficientes.

O último módulo trará os seguintes tópicos para encerramento do curso: Economia e


Mercado, Planejamento Tributário, Plano de Negócios, Estratégias em Finanças e as
Ferramentas para profissionais das áreas de finanças e crédito.

17 ECONOMIA E MERCADO

É impossível falar de Gestão Financeira sem falar de Economia e Mercado. Seja qual
for o mercado, então veja os principais conceitos e pontos necessários para nos auxiliar na
compreensão da Gestão Financeira.

Em Economia tudo se resume a uma restrição quase que física, a lei da escassez, isto
é, produzir o máximo de bens e serviços a partir dos recursos escassos disponíveis a cada
sociedade.

Se uma quantidade infinita de cada bem pudesse ser produzida, se os desejos


humanos pudessem ser completamente satisfeitos, não importaria que uma quantidade
excessiva de certo bem fosse de fato produzida. Nem importaria que os recursos disponíveis:
trabalho, terra e capital (este deve ser entendido como máquinas, edifícios, matérias-primas etc.)
fossem combinados irracionalmente para produção de bens. Não havendo o problema da
escassez, não faz sentido se falar em desperdício ou em uso irracional dos recursos e na
realidade só existiria os "bens livres". Bastaria fazer um pedido e, pronto, um carro apareceria de
graça.

Na realidade, ocorre que a escassez dos recursos disponíveis acaba por gerar a
escassez dos bens - chamados "bens econômicos". Por exemplo: as jazidas de minério de ferro
são abundantes, porém, o minério pré-usinável, as chapas de aço e finalmente o automóvel são
126
bens econômicos escassos. Logo, o conceito de escassez econômica deve ser entendido como
a situação gerada pela razão de se produzir bens com recursos limitados, a fim de satisfazer as
ilimitadas necessidades humanas.

Todavia, somente existirá escassez se houver uma procura para a aquisição do bem.
Por exemplo: se alguém quiser adquirir uma roupa de astronauta. É um bem raro, mas não é
escasso porque a procura para a aquisição é bastante limitada, ou seja, a oferta deve ser maior
que a procura ou como muitos preferem chamar, de demanda.

Poder-se-ia perguntar por que são os bens procurados (desejados)? A resposta é


relativamente simples: um bem é procurado porque é útil. Por utilidade entende-se "a
capacidade que tem um bem de satisfazer uma necessidade humana".

Desta última definição resta conceituar o que são “bem” e “necessidade humana”.

Bem é tudo aquilo capaz de atender uma necessidade humana.

Os bens podem ser:

 Materiais - pois se pode atribuir-lhes características físicas de peso, forma,


dimensão etc. Por exemplo: automóvel, moeda, borracha, café, relógio etc.
 Imateriais - são os de caráter abstrato, tais como: a aula ministrada, a
hospedagem prestada, a vigilância do guarda noturno etc. (em geral todos os serviços prestados
são bens imateriais, ou seja, se acabam quase que simultaneamente à sua produção),
normalmente os serviços.
O conceito de necessidade humana é concreto, neutro e subjetivo, porém, para não se
omitir da questão, definir-se-á a "necessidade humana" como qualquer manifestação de desejo
que envolva a escolha de um bem econômico capaz de contribuir para a sobrevivência ou para a
realização social do indivíduo.
Assim sendo, ao economista interessa a existência das necessidades humanas a
serem satisfeitas com bens econômicos, e não a validade filosófica das necessidades.

Para se perceber a dificuldade da questão, é melhor exemplificar: para os muitos


pobres, a carne seca pode ser uma necessidade e não o ser para os mais ricos; para os pobres
um carro pode não ser uma necessidade, porém, para os da classe média já o é; para os ricos a
127
construção de uma mansão pode ser uma necessidade, ao passo que pode não o ser para os de
classe média.

O fato concreto é que no mundo de hoje todos pensam que desejam e "necessitam"
de geladeiras, esgotos, carros, televisão, rádios, educação, cinemas, livros, roupas, cigarros,
relógios etc. As ilimitadas necessidades já se expandem para fora da esfera biológica da
sobrevivência. Poder-se-ia pensar que o suprimento dos bens destinados a atender às
necessidades biológicas das sociedades modernas seja um problema solucionado e com ele
também o problema da escassez.

Todavia, numa contra argumentação dois problemas surgem:

- o primeiro é que essas necessidades renovam-se dia a dia e exigem contínuo


suprimento dos bens a atendê-las;

- o segundo é a constante criação de novos desejos e necessidades, motivadas pela


perspectiva que se abre a todos os povos, de sempre aumentarem o padrão de vida.

Da noção biológica, deve-se, evidentemente, passar à noção psicológica da


necessidade, observando que a saturação das necessidades, e, sobretudo dos desejos
humanos, está muito longe de ser alcançada, mesmo nas economias altamente desenvolvidas
de nossa época. Consequentemente, também o problema de escassez se renova.

Uma vez explicado o sentido econômico de escassez e necessidade, torna-se fácil


entender que "Economia é a ciência social que se ocupa da administração dos recursos
escassos entre usos alternativos e fins competitivos", ou "Economia é o estudo da organização
social através da qual os homens satisfazem suas necessidades de bens e serviços escassos".

As definições trazem de forma explícita que o objeto da Ciência Econômica é o estudo


da escassez e que ela se classifica entre as Ciências Sociais.
 Problemas econômicos básicos

Nas bases de qualquer comunidade se encontra sempre a seguinte tríade de


problemas econômicos básicos:

O QUE produzir? Isto significa quais produtos deverão ser produzidos (carros, 128
cigarros, café, vestuários etc.) e em que quantidades deverão ser colocadas à disposição dos
consumidores.

COMO produzir? Isto é, por quem serão os bens e serviços produzidos, com que
recursos e de que maneira ou processo técnico.

PARA QUEM produzir? Ou seja, para quem se destinará a produção, fatalmente para
os que têm renda.

É muito fácil entender que: QUAL, QUANTO, COMO e PARA QUEM produzir não
seriam problemas se os recursos utilizáveis fossem ilimitados. Todavia, na realidade existem
ilimitadas necessidades e limitados recursos disponíveis e técnicas de fabricação. Baseada
nessas restrições, a Economia deve optar dentre os bens a serem produzidos e os processos
técnicos capazes de transformar os recursos escassos em produção.

Esse fator e a resposta dessas perguntas estão intimamente ligados à Gestão da


produção, da economia e é claro da Gestão Financeira, pois como visto anteriormente, para
produzir precisa-se investir e para investir é preciso planejamento e recursos. Sendo assim a
Gestão Financeira vem dar suporte na economia.

Apresentando agora uma divisão clássica da economia, a microeconomia e a


macroeconomia, será verificado que, por maiores que sejam as diferenças entre elas, a Gestão
Financeira está presente e com alto grau de importância.

Genericamente, a microeconomia é concebida como o ramo da Ciência Econômica


voltada ao estudo do comportamento das unidades de consumo representadas pelos indivíduos
e/ou famílias (estas desde que caracterizadas por um orçamento único), ao estudo das
empresas, suas respectivas produções e custos, e ao estudo da produção e preços dos diversos
bens, serviços e fatores produtivos.
Desta maneira distingue-se da macroeconomia, porque esta se interessa pelo estudo
dos agregados como a produção, o consumo e a renda da população como um todo.

A bifurcação da Ciência Econômica nesses dois grandes ramos, isto é, a


macroeconomia e a microeconomia, data dos primórdios da década de 1930.

Ambos os segmentos gravitam em torno do problema da limitação e do caráter finito 129


dos recursos produtivos em face das necessidades vitais da civilização, infinitas e ilimitadas,
subjacentes ao ser humano, problemática essa que embasa e justifica a razão da existência da
economia como ciência. Entretanto, a micro e a macroeconomia caminham, conforme de início
salientado, por canais distintos, possíveis de serem identificados e/ou distinguidos segundo
certos parâmetros.

Os critérios adotados para a distinção são, entretanto, frágeis, dado que a


compreensão de qualquer fenômeno econômico requer, inevitavelmente, o inter-relacionamento
das teorias que se inserem tanto no âmbito do segmento micro como no do ramo macro da
Ciência Econômica. Entre esses critérios, o primeiro deles fundamenta-se no nível de
abstracionismo envolvido. Efetivamente, como pondera o autor Robert Y. Awh, a microeconomia,
ao estabelecer princípios gerais, revela-se muito mais abstrata do que a macroeconomia, a qual
se encontra voltada ao exame de questões e medidas peculiares a um dado lugar e instante do
tempo.

Secundariamente, a microeconomia apresenta uma visão microscópica dos


fenômenos econômicos, e a macroeconomia, uma ótica telescópica, isto é, esta última possui
uma amplitude muito maior, apreciando o funcionamento da economia no seu global.

Segue um título comparativo: considerando uma floresta, a microeconomia estudaria


as espécies vegetais que a compõem, ou seja, a composição do produto como um todo,
enquanto a macroeconomia preocupar-se-ia com o nível do produto total a floresta e seu
funcionamento.

Uma terceira forma de distinguir a microeconomia e a macroeconomia abrange a


análise das formas de comportamento de variáveis agregadas e de variáveis individuais.
Entretanto a agregatividade aqui explicitada deve ser entendida em termos da homogeneidade
ou não do conjunto considerado.
Dessa maneira, se do agregado pudesse ser extraído, ao acaso, um elemento como
representativo do padrão de comportamento dos demais, ter-se-ia a área de atuação da
microeconomia; caso contrário, se não houvesse a possibilidade de isolar um elemento do grupo
de modo tal que refletisse o padrão de comportamento, os demais adentrariam ao campo da
macroeconomia.
130
Exemplificando, os grandes agregados estudados pela macroeconomia como a renda,
o emprego e o desemprego, o consumo, o investimento, a poupança, são todos de natureza, na
forma como considerada, heterogênea. Já a microeconomia está devotada à apreciação das
unidades individuais da economia.

Assim, o estudo da Teoria do Consumidor considera o comportamento do indivíduo


(ou da família, desde que a unidade de consumo e/ou gasto seja única) e vai subsidiar a Análise
de Procura; igualmente, na Teoria da Firma, que se desdobra em Teorias da Produção, dos
Custos e dos Rendimentos e alicerceia a Análise da Oferta, novamente se tem a análise das
formas de comportamento de unidades individuais, no caso, as empresas.

Mas tanto a Teoria do Consumidor como a Teoria da Firma permitem que sejam
inferidos os instrumentais e/ou as noções, como as subjacentes às Procuras Individuais e
Agregada e às de Ofertas Individual e Agregada. É de se observar, contudo, que tanto a Procura
Agregada como a Oferta Agregada permitem que se obtenha um elemento padrão do conjunto,
dado o caráter homogêneo de que são dotadas.

O derradeiro e não menos relevante critério de distinção entre a microeconomia e a


macroeconomia repousa no aspecto preços. O último segmento quando muito aborda os níveis
absolutos de preços, enquanto os preços relativos são preocupações, por excelência, do
primeiro segmento.

Efetivamente, a microeconomia é igualmente conhecida por Teoria dos Preços, pois


procura evidenciar a formação dos preços dos bens e serviços, assim como dos recursos
produtivos. Como isto é concretizado?

Ora, na Teoria do Consumidor, a microeconomia enaltece a intenção dos indivíduos,


em face das respectivas rendas, de se apropriarem de uma combinação de quantidades de bens
tal que lhes propicie a maximização de suas satisfações. Em outras palavras, originam-se aí as
procuras (individuais e agregadas) que se traduzirão em rendimentos para as firmas.

Já na Teoria da Firma, tem-se a figura do indivíduo-empresário esforçando-se para


combinar os fatores de produção, dado a sua limitação orçamentária, com a intenção de
maximizar o nível de lucro de sua organização. Colocado de outra maneira, obtêm-se a partir da
131
análise desse procedimento os elementos necessários à derivação das ofertas individuais e de
mercado.

A combinação das quantidades de fatores de produção, bens e/ou serviços que os


consumidores estariam dispostos a adquirir (que geralmente são, como já anteriormente
realçado, infinitas e ilimitadas), e das quantidades desses elementos que os empresários teriam
condições de vender (que se traduzem sempre em uma oferta finita e limitada, em face da
escassez dos recursos produtivos), impõe a determinação de um denominador comum, que
nada mais será do que o preço.

A determinação deste preço, cujo nível em muito dependerá do arcabouço econômico


ou, ainda, da estrutura mercadológica envolvida, é a tarefa a que se propõe a microeconomia ao
estudar a questão tanto no âmbito dos fatores de produção como no caso dos bens e/ou
serviços.

É claro que o tema economia é vastíssimo e pode abranger muito mais tópicos e com
mais profundidade, mas como o curso é de Gestão Financeira a preocupação maior é inserir no
contexto do curso a economia, com seu conceito básico e a divisão elementar entre micro e
macroeconomia.

Esclarecendo agora alguns conceitos sobre mercado, será abordado o conceito


genérico de mercado e um maior detalhamento sobre o mercado que mais interessa nesse
curso, o mercado financeiro.

Existem definições clássicas sobre mercado, como por exemplo, a de Adam Smith,
mas de forma mais simplista defini-se mercado como um conjunto de pontos de contatos
voluntários entre vendedores e potenciais compradores de um bem ou serviço, que mediante
condições contratuais de compra e venda concretizam os negócios.
Aspectos implícitos no conceito de mercado:

 O contexto comporta qualquer tipo de intercâmbio: trocas diretas (negociações


diretas entre os vendedores em qualquer lugar) e trocas indiretas (negociações através de
bolsas de mercadorias, intermediários, como por exemplo, corretores ou em instituições
congêneres). Assim, a definição de mercado é caracterizada pela ideia de espaço econômico, ou
132
seja, não está circunscrita a uma região determinada, isso quer dizer que não há limitação física
ou geográfica.
 Negociações são voluntárias e o sistema de preços funciona como denominador
comum nas trocas.
 Desnecessidade da presença explícita das partes envolvidas no processo. Essa
possibilidade é possível pelo desenvolvimento de redes internacionais de telecomunicação em
tempo real e padronização de produtos (commodities). Assim, os mercados se desenvolvem em
termos locais, regionais, nacionais e internacionais.
Vale salientar que existem diferentes estágios no processo de transação, mas o mais
comum e conhecido é o de atacado e varejo.

 Estruturas clássicas básicas de mercado

As estruturas básicas de mercados são divididas em: concorrência perfeita,


monopólio, concorrência monopolista, oligopólio, monopsônio e monopólio bilateral. A
conceituação de cada uma das estruturas segue abaixo:

a) Concorrência Perfeita
A empresa em regime de concorrência perfeita só fixa a quantidade a ser vendida,
pois o preço está fixado pelo mercado (é chamado de variável exógena). Assim, se o preço
fixado pelo mercado for de “p” reais por unidade do produto, a firma sempre receberá sempre p
reais por unidade adicional que vender.

Se a firma ofertar o produto a um preço abaixo do preço dos concorrentes, a firma


venderá toda a sua produção e não afetará o preço de equilíbrio de mercado. E se ofertar o seu
produto acima do preço de mercado, nada venderá.
b) Monopólio
Uma estrutura de mercado é caracterizada como sendo de monopólio quando temos
as seguintes condições:

 O setor (ou mercado) produtor é constituído por uma única firma.


133
 A empresa em questão elabora um produto para o qual não existe substituto
próximo.
 Existe concorrência entre os consumidores.
 A empresa procura estabelecer mecanismos que garantam o monopólio do
mercado.

c) Concorrência Monopolista

Um mercado (ou setor ou indústria) possui uma estrutura caracterizada por


concorrência monopolística desde que:

 Existe um número elevado de empresas.


 Cada uma das empresas é pequena em relação ao tamanho do mercado.
 As empresas produzem bens diferenciados, mas que são substitutos próximos
entre si.
 Existe um grande número de compradores, que são pequenos, individualmente,
em relação ao tamanho do mercado.
 As empresas elaboram esquemas para garantir preferência dos consumidores.
 Há livre entrada e saída de firmas do mercado.

d) Oligopólio

Caracteriza-se por:

 Existência de um número pequeno de produtores (também chamados de


vendedores) fabricando que são substitutos próximos entre si, com elevada elasticidade cruzada.
 Alguns produtores detêm parcela elevada da produção; que em alguns casos
lhes permite exercer uma liderança na fixação de preço no mercado.
 As decisões das empresas quanto à produção e preço são interligadas. Se uma
empresa rebaixar o preço de seu produto para aumentar sua fatia do mercado, será
acompanhada pelas demais empresas. Se uma empresa produzir acima de sua fatia de
mercado, terá que carregar estoques.
 As empresas procuram manter o seu oligopólio através de diferenciação de
produtos, acordos com revendedores, propaganda etc. 134
 Não há livre entrada e saída do mercado. As barreiras à entrada podem ser
tecnológicas, ou o alto valor do capital necessário à produção, entre outras razões.

e) Monopsônio

No mercado monopsônio existe um único comprador e muitos vendedores. A empresa


compradora impõe um preço de compra do produto ou serviço. Esse preço pode ser fixado de
acordo com os interesses da firma. Se desejar aumentar a oferta do produto ou serviço, a
empresa compradora eleva o preço de compra.

f) Monopólio Bilateral

Apenas um produtor (um monopolista) e um consumidor (um monopsonista). O preço


e a quantidade transacionada são feitos por acordo, pois o monopolista deseja vender dada
quantidade de produto por um preço, e o monopsonista deseja obter a mesma quantidade por
um preço diferente daquele pretendido pelo monopolista.
135

Fonte: Vasconcellos, Marco Antonio Sandoval de; Garcia, Manuel Enriquez.


Fundamentos de Economia. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p.81.

Após ter visto as diversas estruturas de mercado, podemos detalhar um dos grandes
instrumentos utilizados no mercado para melhor captação de clientes, criar diferenciações de
produtos e ofertas, ou seja, segmentação do mercado.

A maior parte dos mercados é grande demais para que uma empresa possa fornecer
todos os produtos e serviços necessários a todos os compradores naquele mercado. A
segmentação de mercado é o processo de se identificar grupos de compradores com
semelhantes desejos ou necessidades de compras.

A correta segmentação do mercado, dividindo-o em partes com as mesmas


características é o fundamento básico do planejamento comercial. Pensar grupos de clientes que
tenham afinidade permite ao Gestor Comercial adequar o conjunto de estratégias focando as
ações de venda.
Benefícios de segmentação

A segmentação de mercado começa pela caracterização de grupos de clientes que


tenham algum, ou alguns pontos em comum.
136
A segmentação de mercado é a subdivisão de um mercado em subconjuntos distintos
de clientes que pode ser selecionado como um objetivo de mercado. O gestor de vendas que
considera as diferentes necessidades dos diferentes segmentos de mercado poderá aproveitar
as oportunidades de três maneiras:

Primeiramente, pode examinar as necessidades de cada segmento em confronto com


as ofertas atuais dos concorrentes e determinar o grau de satisfação dos consumidores.

Os segmentos com níveis relativamente baixos de satisfação das ofertas atuais


podem representar excelentes oportunidades de venda.

Em segundo lugar, poderá fazer melhores ajustes de seu produto. Em vez de um


programa de marketing dirigido a todos os compradores em potencial o vendedor pode criar
programas separados para satisfazer as necessidades de diferentes consumidores.

Em terceiro lugar, o vendedor pode desenvolver programas, orçamentos e planos de


venda baseados numa ideia mais clara sobre as características de segmentos específicos de
mercado. Poderá distribuir recursos de forma mais eficaz, a fim de conseguir os efeitos
desejados em diferentes partes do mercado.

Alguns Critérios para a Segmentação do Mercado

A segmentação geralmente envolve a divisão do mercado por uma sucessão de


variáveis que permitam quantificar e localizar os prováveis consumidores através dos canais de
distribuição ou da propaganda segmentada. O gestor comercial deve escolher as variáveis por
dois critérios básicos:
a) Sua linha de produtos também é segmentada;
b) A possibilidade de colher as informações.
Segmentação geográfica: Considera o local em que o consumidor está - país,
estado, região, cidade, bairro, rua etc.

Segmentação demográfica: Na segmentação demográfica, o mercado é subdividido


137
- idade, sexo, o tamanho da família, a renda, a profissão, a instrução, o ciclo de vida da família, a
religião, a nacionalidade ou a classe social.

Segmentação psicográfica: As variáveis psicográficas se referem ao indivíduo e


aspectos tais como o estilo de vida, personalidade, motivos de compra, e conhecimento e
utilização do produto. As pessoas dentro do mesmo grupo demográfico podem exibir traços
amplamente diferentes.

Segmentação por Volume: Alguns mercados podem ser segmentados em pequenos,


médios e grandes, conforme o volume de consumo.

Uma vez estudadas as principais estruturas de mercado, o mercado financeiro pode


ser detalhado.

Como já abordado anteriormente, o termo “mercado” pode ser entendido como um


processo pelo qual existem pessoas interessadas em vender produtos ou serviços para outras
pessoas.

No Sistema Financeiro Nacional (SFN) ocorre o mesmo processo de oferta e demanda


(procura). Entretanto, é importante fazer distinção, desde já, de dois tipos de “intermediação
financeira”:

 Intermediação Financeira Direta

Agentes Superavitários: depositam ou aplicam seus recursos em uma “Instituição


Financeira”. Exemplos: Depósitos à Vista (contas-correntes), Depósitos a Prazo (CDB –
Certificado de Depósito Bancário, RDB – Recibo de Depósito Bancário, Letra de Câmbio) e
Poupança.

Agentes Deficitários: tomam estes recursos na forma de “Operações de Crédito”.


Exemplos: Empréstimos em Conta (sem destinação específica), Financiamentos, Títulos
Descontados (Duplicatas, Cheques, Notas Promissórias.) e Leasing, entre outros.
138

 Intermediação Financeira Indireta

Agentes Superavitários: adquirem como um investimento “Títulos de Crédito


Mobiliários” (ex.: Ações e Debêntures), via Bolsa de Valores (Bolsa de Valores de São Paulo -
Bovespa) e Mercado de Balcão (Organizado e Não Organizado).

Agentes Deficitários: tomam estes recursos na forma de títulos de crédito, inclusive


abrindo a possibilidade de participação de novos acionistas no seu “Capital Social”.

O mercado financeiro é formado pelas Instituições Financeiras que realizam


operações de “intermediação financeira direta” (em mercados como: monetário, mercado de
crédito e mercado de câmbio). E qual a definição de Instituições Financeiras?

São as que realizam o processo de “intermediação financeira direta”. Principais tipos


de instituições financeiras: Bancos Comerciais (BC), Bancos Múltiplos (BM), Bancos de
Investimentos (BI), Caixa Econômicas (CE), Sociedades de Crédito, Financiamento e
Investimentos (SCFI, conhecidas como “Financeiras”), etc.

Para compensar o risco assumido pelas operações de crédito fornecidas a terceiros,


dos recursos captados de seus clientes correntistas, aplicadores e/ou poupadores, os bancos
são remunerados por uma diferença de taxas denominada “Spread” (diferença da taxa de
captação de recursos fornecida pelo banco versus a taxa de aplicação destes mesmos recursos
pelo banco).
E qual o conceito de Sistema Financeiro Nacional? É o conjunto de instituições
financeiras ou não financeiras que utilizam instrumentos financeiros e de capitais específicos
para captação e aplicação de recursos, propiciando um fluxo regular de recursos entre agentes
superavitários (ou poupadores, aplicadores) e deficitários (ou tomadores) de recursos financeiros
(moeda).
139
Finalizando o tópico de conceitos sobre mercados, não se pode deixar de conceituar o
mercado de capitais, que são as Instituições Financeiras ou Não Financeiras (Auxiliares,
Equiparadas) que realizam operações de intermediação financeira indireta.

18 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

A Gestão Financeira é baseada em algumas diretrizes chaves, mas principalmente em


duas, como gerir os recursos que entram e como gerir os recursos que saem, ou seja, minhas
receitas e despesas.

Dentro das minhas despesas, está uma que consome muito da minha receita e
consequentemente diminui o lucro, são os tributos.

A carga tributária no país, cidade ou município é enorme, uma das maiores do mundo,
então é necessário fazer um planejamento adequado para que possamos pagar o mínimo
possível, mas tudo dentro da lei. Isso porque a lei oferece incentivos, opções e maneiras de
pagar determinados impostos em detrimento de outros. O mercado é impiedoso, sendo preciso
lutar com todas as armas disponíveis, e uma delas é o planejamento tributário.

É comum ouvir falar com muita frequência sobre o planejamento tributário e muitas
vezes nem saber exatamente o que isso significa. Uns pensam que se trata simplesmente de
algum "trambique" para pagar menos impostos, outros que é algo muito complicado, e que
somente grandes empresas podem ter acesso a ele, e até existem aqueles que acham algo
misterioso, portanto, tão difíceis e inacessíveis que não se animam a procurá-lo.
Planejar um tributo é organizar todas as etapas de sua apuração, de forma a prever
antecipadamente quanto será pago, preparando cada operação para que seja gerado o menor
valor possível, tudo dentro da lei.

Neste mundo complicado e cheio de armadilhas para as empresas, não se pode


perder qualquer oportunidade de melhorar o resultado financeiro das atividades ou de se livrar
140
das garras da fiscalização de todas as esferas do Estado.

Em que pese a má aplicação de uma parte dos tributos arrecadados, é com eles que o
Poder Público mantém os serviços que são prestados à população. Não se deve revoltar contra
o seu pagamento. Entretanto, é dever de todo empresário responsável cuidar para que seja pago
apenas o tributo devido pelas suas atividades, que é o tributo justo. Não pode ser o justo
segundo a própria vontade, mas sim, segundo a legislação vigente.

Algumas vezes podemos organizar a atividade empresarial de forma que o imposto


apurado seja o menor possível, sem qualquer burla as leis. O simples lançamento das notas
fiscais de compra e de venda ou prestação de serviços nos livros fiscais, se feito corretamente,
já pode ser considerado um planejamento tributário se a apuração for feita com antecipação
suficiente para a programação financeira de seu pagamento.

Outras vezes o planejamento tributário pode ser feito já na hora da compra. Uma
pequena indústria, que esteja enquadrada no ICMS como apuração normal, ao adquirir insumos
de uma empresa localizada em outro Estado, terá direito de creditar-se de 12% de ICMS sobre o
valor da compra. Se esta mesma compra for efetuada de empresa localizada dentro do Estado o
seu crédito será de 18%, portanto, se o preço pago for o mesmo, haverá uma economia de ICMS
de 6% sobre o valor da compra quando esta for feita dentro do Estado. Isto também é uma forma
de planejamento tributário.

Pode-se citar, também, enquadramentos em sistemas de tributação simplificados, mas


que provocam apuração de tributos em valor superior ao que seria apurado se o regime de
apuração utilizado fosse o normal.

Exemplo: uma empresa que tenha poucos empregados e que apresenta prejuízo e
está enquadrada no Lucro Presumido. Em sentido inverso, uma empresa que esteja enquadrada
no Lucro Real e que tenha lucro acima dos índices do Lucro Presumido.
Outro caso que ocorre com alguma frequência é a aquisição de mercadorias com
redução de base de cálculo de ICMS e venda da mesma sem a redução, por falta de orientação
ou erro de lançamento nos livros fiscais. Este procedimento acarreta o pagamento de imposto a
maior, embora indevidamente.

Outra situação é a ilusão de que é possível se "rasgar" algumas Notas de Compra


141
imaginando-se que assim poderia haver redução no faturamento mediante a omissão de Nota
Fiscal de venda. Todas as compras já são informadas à fiscalização pelo vendedor por
obrigação legal de transmissão de arquivos magnéticos. Assim, este procedimento, além de
ilegal, pode custar muito caro na hora em que for descoberto.

Há ainda os casos em que apenas se deixa de emitir a nota fiscal na hora da venda
imaginando-se que com este procedimento se estará pagando menos tributos. Ledo engano! É
só lembrar que as vendas devem ser suficientes para o pagamento das compras e das
despesas, exceto se as contas não estiverem sendo pagas, situação que não perdurará por
longo tempo, pois, logo algum credor pedirá a falência da empresa.

Também é bom lembrar que, pelo recolhimento da extinta CPMF, a fiscalização tem a
informação sobre a movimentação bancária. Como ninguém vai ao Banco retirar dinheiro para
depois redepositá-lo, a regra geral é que todos os depósitos correspondem a vendas efetuadas.

Os exemplos citados são genéricos e correspondem apenas a um pequeno número de


situações que ocorrem numa empresa. Cada caso deve ser analisado em particular, de
preferência com o acompanhamento do contador.

Para praticar o planejamento tributário nem sempre precisamos de grandes e


sofisticadas engenharias; pequenos cuidados podem reduzir nossos tributos de forma legal e,
muito mais do que isso, podem nos livrar de complicações com a fiscalização evitando as
pesadas multas que são aplicadas em caso de infrações, inclusive com risco de processo
criminal.
19 PLANO DE NEGÓCIOS

No mundo financeiro é extremamente complexo, mas existem algumas ferramentas


que nos auxiliam na condução da sua gestão. E uma das principais ferramentas é um Plano de
Negócios ou do inglês “Business Plan”.
142
Na realidade o Plano de Negócios é utilizado não só no mundo financeiro, mas em
qualquer outro projeto que exija planejamento.

O Plano de Negócio é um documento que reúne informações sobre as características,


condições e necessidades de um futuro empreendimento, seja a abertura de um novo negócio,
como apenas um novo projeto dentro da empresa, sempre com o objetivo de analisar sua
potencialidade e viabilidade, facilitando e minimizando os riscos da sua implantação.

O Plano de Negócio também é um importante instrumento de ajuda ao empresário


para enfrentar obstáculos e mudanças de rumos na economia ou no ramo em que atua.

Para os empreendedores, que costumam ser mais realizadores do que redatores de


propostas, uma ferramenta extremamente útil.

Um bom plano é uma peça indispensável para o sucesso de qualquer negócio.

 Para que serve o Plano de Negócio?

a) Examina a viabilidade do empreendimento nos aspectos mercadológico,


financeiro e operacional.

O Plano de Negócios permite desenvolver ideias a respeito de como o negócio deve


ser conduzido. É uma oportunidade para refinar estratégias e cometer erros no papel em lugar
da vida real, examinando a viabilidade da empresa sob todos os pontos de vista, tais como: o
mercadológico, o financeiro e o operacional.

b) Integra o Planejamento Estratégico


O Plano de Negócios é uma ferramenta pela qual o empresário pode avaliar o
desempenho atual da empresa ao longo do tempo. Por exemplo: a parte financeira de um plano
de negócios pode ser usada como base para um orçamento operacional e ser cuidadosamente
monitorada, para se verificar o quanto a empresa está se mantendo dentro do orçamento. A esse
respeito, o Plano pode e deve ser usado como base para um planejamento estratégico.
143
Depois de decorrido algum tempo e, a partir de então, periodicamente, o Plano de
Negócios deve ser examinado, para se ver onde a empresa se desviou do rumo e se esse
desvio foi benéfico ou danoso e como ela deverá operar no futuro.

c) É ferramenta de negociação e ajuda a levantar recursos

A maior parte dos financiadores ou investidores não colocará dinheiro em uma


empresa sem antes ver o seu plano de negócio. O empreendedor poderá não ser levado a sério,
nem mesmo convidado a voltar.

O plano pode ser usado como uma ferramenta de negociação e contribui para
aprovação de empréstimos nos bancos e acesso a linhas de financiamento. Um velho axioma
ensina que se deve “ser claro a respeito do que se deseja do investidor, mas vago a respeito
naquilo que está disposto a ceder”.

 A quem se destina

O Plano de Negócio é um documento confidencial. Deve ser distribuído somente


àqueles que têm necessidade de vê-lo, tais como a equipe gerencial, conselheiros profissionais
e fontes potenciais de recursos.

o Mantenedores de Incubadoras: iniciação de empresas, com condições


operacionais facilitadas, mantidas por instituições de classe, centros de pesquisas, órgãos
governamentais.
o Parceiros: para definição de estratégias e discussão sobre formas de interação
entre as partes.
o Bancos: para pleitos de financiamentos de equipamentos e instalações, capital
de giro, expansão da empresa etc.
o Investidores: entidades de capital de risco, pessoas jurídicas, bancos de
investimento etc. 144
o Fornecedores: para negociação na compra de mercadorias, matéria-prima e
formas de pagamentos.
o A própria empresa: para comunicação, interna, da gerência com o conselho de
administração e com os empregados (comprometimento mútuo de metas e resultados).
o Clientes: para venda do produto e/ou serviço e publicidade da empresa.
o Sócios: para convencimento em participar do empreendimento e formalização da
sociedade.
A apresentação do Plano de Negócio é formatada mais objetivamente nas ênfases
relacionadas com o público específico.

 Cuidados importantes ao redigir um Plano de Negócio

As fontes de financiamento não veem com bons olhos um plano que está sendo
“leiloado” por aí. O ideal é que seja enviado para poucos, no máximo dez fontes financeiras.
Nunca se deve enviar os planos às fontes financeiras em sequência. Esta abordagem pode
adiar por anos um sucesso.

Ao determinar a quem enviar o plano, pesquise cuidadosamente que espécies de


fontes estão interessadas no campo em que eles estão. Espere a resposta de cada instituição,
antes de passar à seguinte. Alguns bancos somente emprestam em certas áreas geográficas;
alguns investidores só investem em determinados tipos de empresas.

Dentro de uma organização, algumas pessoas ou departamentos podem lidar com


planos de negócios. Eles também podem ser divididos por critérios geográficos, por grupo de
negócios ou de alguma outra forma.
É importante fazer com que o Plano chegue ao grupo certo e, melhor ainda, à pessoa
certa. Se houver dúvidas sobre o destino dado ao documento, pode-se solicitar que o
destinatário assine um termo confidencial para minimizar as chances de que informações-chave
da empresa ou da ideia sejam utilizadas ou divulgadas a terceiros. Não se recomenda a
produção de grande quantidade de cópias, nem que sejam confeccionadas de forma
diferenciada do usual. 145

 Objetivos de um plano de negócios

Ser empreendedor não é só ganhar muito dinheiro, ser independente ou realizar algo.
Ser empreendedor também tem um custo que muitos não estão dispostos a pagar. É preciso
esquecer, por exemplo, uma semana de trabalho de 40 horas, de segunda a sexta-feira, das 8h
às 18h e com duas horas de almoço. Normalmente, o empreendedor, mesmo aquele muito bem
sucedido, trabalha de 12 a 16 horas por dia, não raro sete dias por semana. Ele sabe o valor do
seu tempo e procura utilizá-lo trabalhando arduamente na consecução de seus objetivos. O
sucesso na criação de um negócio próprio depende basicamente do desenvolvimento, pelo
empreendedor, de três etapas:

o Identificar a oportunidade de negócio e levantar informações.


o Desenvolver o conceito do negócio, com base nas informações coletadas na
primeira, identificar experiências similares e avaliar os riscos, quantificar o potencial de lucro e
crescimento e definir a estratégia competitiva.
o Detalhar o empreendimento, definir as necessidades de recursos, calcular a
viabilidade econômica, completar o plano.

 Estrutura de um plano de negócio

O Plano de Negócio é composto de oito seções:


Sumário Executivo

É a primeira parte que será lida por um eventual investidor. Deve conter os pontos
principais e mais interessantes do Plano. Não costuma ter mais de uma página.

O Sumário Executivo deve conter:


146
o Quem você é.
o Qual a sua estratégia / visão.
o O que você está fazendo e o propósito de fazê-lo.
o Qual é seu mercado.
o Quanto de dinheiro você precisa e o que fará com ele.
o Quais são suas vantagens competitivas.

Descrição da Empresa

Contém um sumário da empresa, seu modelo de negócio, a natureza, sua história,


estrutura legal, localização, objetivos, estratégias e missão. Uma a duas páginas.

Produtos e Serviços

Descrição dos produtos e serviços da empresa, suas características, forma de uso,


especificações, estágio de evolução. Máximo de duas páginas.

Estrutura Organizacional

Como a empresa está organizada internamente, número de funcionários, principais


posições, perfil do profissional. Máximo de duas páginas.

Plano de Marketing
Aqui será descrito o setor, o mercado, as tendências, a forma de comercialização,
distribuição e divulgação dos produtos, preços, concorrentes e vantagens competitivas. De cinco
a seis páginas.

Plano Operacional 147

Descreve o fluxo operacional, cadeia de suprimentos, controle de qualidade, serviços


associados, capacidade produtiva e logística. De três a quatro páginas.

Estrutura de Capitalização

Como a empresa está capitalizada. Quem faz parte da sociedade, necessidades de


capital de terceiro, forma de remuneração e estratégias de saída. Duas a três páginas.

Plano Financeiro

Como a empresa se comportará ao longo do tempo do ponto de vista financeiro,


descrições e cenários, pressupostos críticos, situação histórica, fluxo de caixa, análise do
investimento, demonstrativo de resultados, projeções de balanços e outros indicadores. De cinco
a seis páginas.

 Cuidados a tomar em um Plano de Negócio

As informações de um Plano de Negócios devem ser precisas, mas transmitindo uma


sensação de otimismo e entusiasmo. Ao preencher o Plano, tenha sempre em mente o objetivo
para o qual ele está sendo escrito.

O tom deve ser empresarial, sem sentimentalismo, para ser levado a sério. Os
possíveis investidores reagirão bem a uma apresentação positiva e interessante, mas reagirão
com indiferença diante uma apresentação vaga, prolongada, ou que não tenha sido bem
ponderada e organizada. Cuidado ao dar ênfase no preenchimento a argumentos
exclusivamente de venda da ideia. Esta ênfase pode levá-lo a redigir um plano exagerado,
destituído de objetividade.

Se o plano transmitir de forma clara e legível as metas e métodos básicos da empresa,


148
o investidor dará atenção ao documento. Caso necessite de mais informações, com certeza ele
pedirá. Preocupe-se, portanto, em apresentar informações reais e que possam ser facilmente
comprovadas quando solicitadas.

 Dicas

Não tenha pressa ao elaborar o seu Plano de Negócio. Para garantir a qualidade, um
bom plano deve cobrir informações abrangentes, bem resumidas e pertinentes. Na maioria das
vezes, estas informações não se encontram facilmente consolidadas. Elas devem ser
procuradas, trabalhadas e manipuladas. É recomendável que se escreva o Plano
paulatinamente, na medida em que as informações forem obtidas, e não de uma só vez.
Algumas dicas simples, mas muito importantes e que tem uma grande aplicabilidade:

o Revise o Plano. Peça ajuda a consultores, professores e etc.


o Mostre nitidamente o que está oferecendo.
o Faça cenários. Quem tem uma proposta não tem nenhuma.
o Faça uma apresentação em Power Point de aproximadamente 12 slides, uns 15
minutos no máximo.
o Seja objetivo.
o Use gráficos e tabelas, afinal uma imagem diz mais que mil palavras.
o Evite excessos, por isso existem anexos. O que puder, coloque como anexo.
o Monte sua própria planilha, evite os formatos existentes no mercado, essa já é
uma oportunidade de mostrar inovação.
o Referencie todos os dados que não são seus.
o Preocupe-se com a aparência do Plano.
o Encaderne de forma que seja de fácil manuseio.
o Faça várias versões do plano, para atingir diversos públicos.
o E finalmente, faça um Sumário Executivo alternativo com umas três a cinco
páginas.

149
 Nem muito longo, nem muito curto.

O tamanho ideal é de 20 a 25 páginas, dependendo do objetivo porte e situação da


empresa. Tenha em mente esta informação enquanto preencher, de forma a manter a
objetividade, colocando apenas as informações relevantes e deixando todo e qualquer material
demonstrativo, suplementar ou ilustrativo como anexo ao final do documento.

No relatório impresso, devem constar apenas os nomes das seções e grupos, e não
as perguntas individuais. Isso dá liberdade para você colocar o conteúdo do grupo onde bem
entender, sem precisar se ater às respostas específicas de cada pergunta, de forma a utilizar as
perguntas apenas como referência ou um tipo de check-list.

 Não esqueça da revisão ortográfica

Uma palavra de cautela a respeito da gramática e ortografia: esses erros podem gerar
uma imagem negativa sobre o empreendedor, e, portanto, sobre todo o empreendimento. Faça
com que alguém qualificado nessa área revise o Plano, para eliminar esses pequenos
aborrecimentos, que podem ter um forte impacto sobre os leitores.

Muitas das perguntas que se faz para preparar um Plano de Negócios precisam ter
uma resposta, ou devem, ao menos, ser respondidas com “não pode ser respondido neste
momento, mas deve ser monitorado”, pelo bem da sobrevivência da empresa.

Estratégias em Finanças
Para se falar de Estratégia em Finanças ou Estratégia Financeira, primeiro é preciso
entender o que é estratégia e como planejá-la, para só depois evoluir para:

 Estratégia empresarial;
 Estratégia corporativa; 150
 Estratégia de negócios;
 Estratégia em finanças.

O termo estratégia é milenar e inicialmente não foi empregado no campo dos


negócios. Nos dias atuais, a palavra estratégia tem aplicação em várias áreas, tais como a
militar, a dos esportes, a da geopolítica, a dos negócios e outras. A proposta nesse momento é
abordar os conceitos genéricos e específicos de estratégia.

Estratégia é uma palavra de origem grega. Strategus, para os gregos antigos


significava o general superior, ou generalíssimo e estratégia significava a arte deste general.

Na obra A Arte da Guerra de SUN TZU (1988:149) é explicitado que as manobras


estratégicas significam escolher os caminhos mais vantajosos.

CLAUSEWITZ (2001:97), um reconhecido estrategista militar, ao definir táticas e


estratégia, afirmou que táticas se referem ao planejamento e à condução de batalhas, enquanto
a estratégia é o uso das batalhas com o objetivo da guerra.

Em dicionários, a primeira definição de estratégia é a arte militar de planejar e


executar movimentos e operações de tropas, navios e/ou aviões, visando alcançar ou manter
posições relativas e potenciais bélicos favoráveis a futuras ações táticas sobre determinados
objetivos.

Segue alguns conceitos dos diversos tipos de estratégias ligadas ao mundo


empresarial.

A estratégia empresarial
O conceito de estratégia aplicado ao campo dos negócios, aqui denominada estratégia
empresarial, absorve ideias do conceito original aplicado à área militar.

Entretanto, na maioria das ocasiões este conceito está dissociado do campo militar. É
usual atribuir-se à estratégia empresarial algumas categorias, como se fossem níveis. Os níveis 151
mais comuns são: corporativa, de uma unidade de negócios e funcional ou operacional.

Diversos autores atestam a existência de níveis de estratégia, entre eles HOFER &
SCHENDEL (1978:57), quando explicam que há a estratégia voltada para a corporação e aquela
voltada para a unidade de negócios.

Estratégia corporativa

De acordo como PORTER in MONTGOMERY & PORTER (1998:237) a estratégia


corporativa é o plano geral de uma empresa diversificada, a qual tem dois níveis de estratégia: a
estratégia das unidades de negócio (ou competitiva) e a estratégia corporativa (ou da totalidade
do grupo empresarial).

Para CHRISTENSEN in FAHEY & RANDALL (1999:67), estratégia corporativa é


aquela que se preocupa com três importantes questões a serem enfrentadas pelos gerentes da
corporação:

 O escopo corporativo: de que complexo de negócios a corporação deve


participar?
 O relacionamento entre as suas partes: em que bases as unidades de negócios
da corporação devem relacionar-se umas com as outras?
 Os métodos para a gestão do escopo e dos relacionamentos: que métodos
específicos – aquisições, alianças estratégicas, desinvestimentos e outros – serão adotados para
efetuar mudanças específicas no escopo corporativo e nos relacionamentos?
A tese de que a estratégia corporativa é um dos níveis da estratégia, aquele referente
ao nível corporativo, é defendida por vários autores, entre eles HOFER & SCHENDEL (1978:27)
e LORANGE & VANCIL (1977:12).

De maneira geral a definição do termo estratégia corporativa é simples, não encontra


muitas variações. A estratégia corporativa existe quando a corporação tem várias unidades de
152
negócios e refere-se à estratégia do grupo como um todo e não às estratégias específicas de
cada unidade de negócio.

Estratégia de negócios

Entre os autores que diferenciam a estratégia corporativa da empregada na unidade


de negócios está Henderson, o qual conceitua tanto o que seria a estratégia corporativa quanto a
estratégia da unidade de negócios.

HENDERSON (1979:19) explica que a estratégia de negócio deveria:

 Definir a área de negócios a ser operada.


 Identificar os concorrentes mais importantes naquela indústria.
 Identificar as diferenças entre a empresa e seus concorrentes.
 Projetar as mudanças no ambiente que irão afetar a concorrência.
 Identificar os objetivos da empresa e todas as diferenças conhecidas entre estes
e de seus concorrentes.
HENDERSON (1979:17) ressalta ainda que a estratégia de negócios esteja envolvida
com questões de preços e custos. Já quanto à estratégia corporativa, ainda segundo
HENDERSON (1979:21) esta se preocupa com as estratégias no campo financeiro, de
aquisições, organizacionais e de estilo de administração.

Estratégia em finanças
A estratégia financeira tem como propósito assegurar que a organização conheça as
suas necessidades financeiras e onde pode obter o financiamento necessário para fazer face a
essas necessidades. Em geral, tem a ver com as necessidades financeiras a médio e longo
prazo da organização.

Auxilia a empresa a determinar o tipo de financiamento adequado para seu negócio.


153
Define o seu valor total e de cada linha de negócios para venda ou investimento de capital de
risco ou de sócios. Auxilia na construção de estratégias financeiras para avaliação contínua do
desempenho de cada linha de negócios permitindo: ajustar o planejamento estratégico e
financeiro; acompanhar o aumento do valor da empresa; adequar a política de salários,
bonificações e participações dos funcionários.

Ao preparar a sua estratégia financeira, convém não refletir apenas sobre o dinheiro
que procura para os projetos imediatos que pretende levar à frente ou para fazer face ao
orçamento do exercício corrente, como também deve refletir sobre formas de assegurar o futuro
financeiro da organização no médio e longo prazo. Resumidamente, há que assegurar que existe
dinheiro suficiente para o presente e para o futuro.

Ao formular a sua estratégia financeira, lembre-se de examinar formas de gerar mais


dinheiro e gastar menos. De um lado, deve procurar maneiras de fazer entrar mais dinheiro na
organização e, de outro lado, há que procurar formas de reduzir as despesas atuais.

Abaixo um gráfico comparativo com as principais iniciativas visando a melhora da


saúde financeira da empresa. As iniciativas vão desde o enxugamento de despesas (saídas)
quanto à captação de recursos (entradas).
154

Fonte: MORAES et al (2001)

Pelo gráfico verifica-se que há inúmeras opções de viabilizar a estratégia financeira.


No gráfico há sete opções, sendo que seis de captação de recursos e apenas uma focando a
redução e controle de recursos.

E a opção que tem maior impacto do equilíbrio das finanças e viabiliza de forma mais
efetiva a estratégia financeira é exatamente a de Diminuição/Controle de Custos.

Há de se tomar alguns cuidados e não pensar de forma simplista quando falar de


redução e controle de custos, porque muitos empresários e gerentes pensam imediatamente na
folha de pagamento.

É evidente que a folha de pagamento é um gasto bastante considerável em uma


empresa, mas não é um custo. É necessário pensar que a folha de pagamento é um gasto que
tem conotação de investimento e não de custo, então busque diversas outras diminuições e
controles, tais como:

 Despesas administrativas;
 Despesas tributárias (já foi abordado aqui o planejamento tributário onde se cria
alternativas lícitas para pagar menos imposto);
 Despesas de viagens.
Enfim, há uma série de despesas que devem ser atenuadas e controladas antes da
folha de pagamento. Veja algumas dicas e procedimentos que podem causar um impacto
substancial nos gastos da empresa.

Formas de reduzir a despesa 155

Além da identificação de fontes de receitas, as estratégias financeiras devem passar


também pelas despesas. A estratégia financeira de despesas visa gastar menos, continuando a
fazer o mesmo trabalho e até procurar aumentar o trabalho que faz.

Seguem algumas dicas:

 Reduzir os serviços: Às vezes, é necessário que a organização reduza os


serviços que oferece se constatar que o impacto desse serviço não justifica o dinheiro que se
gasta nele, é a análise do tradicional conceito custo x benefício. Se o serviço ou o produto não
tiver uma rentabilidade que se justifica então é melhor parar de produzi-lo ou parar de oferecer
tal serviço.
 Contratação externa de serviços: Às vezes, é mais econômico contratar alguém
de fora da organização para executar uma tarefa do que empregar um efetivo para essa tarefa..
Os custos trabalhistas numa demissão, ou até mesmo turn-over (saída e rotatividade de pessoal)
são justificativas tradicionais para ocorrer a terceirização do serviço.
 Plena utilização do tempo do pessoal: Isto significa que a gestão deve assegurar
que todos os empregados sejam utilizados à plena capacidade. A organização desperdiça muito
dinheiro pagando empregados que não estejam com plena produtividade.
 Fornecedores mais econômicos: Tente encontrar fornecedores que prestem
serviços ou forneçam produtos a um preço mais baixo. Na maioria dos casos, isto implica uma
procura mais detalhada ou a negociação do melhor preço.
 Aluguel mais econômico: Uma das maiores despesas da maioria das
organizações é o aluguel dos escritórios. Por conseguinte, é importante que procurem encontrar
um espaço tão econômico quanto possível, mas que responda às necessidades da organização.
 Controlar as despesas: A gestão deve sempre controlar todas as despesas para
se certificar que os recursos da organização não sejam utilizados abusivamente nem gastos
indevidamente. Algumas despesas, tais como as contas de telefone, podem muito rapidamente
entrar em descontrole se não forem monitorizadas para assegurar que as pessoas não estejam
fazendo chamadas desnecessárias.
156

Existe um tradicional estudo de caso da IBM, que a alta diretoria se reuniu para
discutir problemas estratégicos, mas a pauta detalhada da reunião não foi divulgada. No
momento da reunião, foi informado pelo CEO que a pauta seria o cafezinho na IBM. Todos os
membros do conselho acharam ridículo convocar uma reunião para falar sobre o cafezinho, mas
sem opção de escolha, todos participaram e chegaram a algumas ações a respeito do assunto,
como por exemplo: trocariam a marca do café, disponibilizariam menos máquinas de café,
diminuíram o tamanho do copo do café, decidiram não mais liberar o leite nas máquinas, enfim,
decidiram algumas ações e colocaram em prática na semana seguinte.

O resultado dessa ação representou uma economia de 1,5 milhões de dólares no


primeiro ano fiscal, esse número representava 2,3% do Faturamento do primeiro trimestre do
ano. Os diretores começaram a ter uma outra visão do que são desperdício e economia
empresarial.

De qualquer forma se faz necessário verificar as demais opções que normalmente


fazem parte de estratégias financeiras das empresas.

 Recursos próprios como fonte de Financiamento: Iniciativa no sentido de


não utilizar recursos de terceiros, particularmente bancos, ficando independente de garantias.
EXEMPLOS: - Evitar fazer empréstimos em bancos e trabalhar com recursos próprios;
Recorrer cada vez menos à rede bancária; Todos os investimentos estão sendo feitos com
recursos gerados pela operação local.

 Administração de Capital de Giro: visa a criar condições para honrar as


obrigações de curto prazo, reduzindo a dependência de capitais de terceiros de forma a
favorecer o fluxo de caixa da empresa.
EXEMPLOS: Reduzir os estoques, o que representa diminuição no custo financeiro;
Negociar melhor com seus fornecedores para poder repassar os descontos aos clientes;
Recomposição do caixa por meio das vendas à vista.

 Captação de recursos no mercado de Capitais: relação financeira que 157


oferece condições para que a empresa se capitalize com fundos de longo prazo.
EXEMPLOS: Pegar dinheiro no exterior e abater débitos em moeda nacional; O
sistema de vendas parceladas da empresa é sustentado por um banco próprio. O Investcred
reagiu ao Plano Collor vendendo ações e posições de outras empresas para fazer caixa.

 Análise de Investimento: diz respeito aos critérios utilizados visando a


minimizar os riscos dos capitais aplicados.
EXEMPLOS: A estratégia é concentrar esforços nos empreendimentos que gerem
liquidez e rentabilidade; Cortou projeto de investimento; Corte dos investimentos que frearam
seu ritmo de expansão.

 Aplicações Financeiras: procedimentos que objetivam a obtenção de retornos


satisfatórios para os recursos financeiros disponíveis pela empresa.
EXEMPLOS: Aplicar as folgas de caixa no mercado financeiro, obtendo uma receita
adicional de 30% do lucro bruto; Comprar à prazo e aplicar o dinheiro no banco até a data de
pagar o fornecedor.

 Análise de Crédito: associada aos procedimentos que buscam determinar a


concessão de créditos aos clientes e aos métodos de cobrança.
EXEMPLOS: Investiu em técnicas mais avançadas de concessão de créditos para
reduzir gastos com cobrança e inadimplência; Transferência de titularidade aos fornecedores
com faturas emitidas antes de março.
As relações entre as finanças e a estratégia são ambíguas: devem-se limitar as
"ambições" estratégicas de uma empresa aos seus recursos financeiros (coerência) ou devem-
se definir projetos ambiciosos e em seguida utilizar todos os meios para mobilizar os recursos
financeiros necessários (dinâmica). Ambos os princípios parecem justos.

Formular uma estratégia financeira pressupõe uma estimação, mesmo que grosseira,
158
dos recursos e empregos gerados pelo planejamento estratégico. Por outro lado, alguns
princípios orientadores podem ser decididos mesmo antes de qualquer avaliação.

O principal elemento de uma estratégia financeira diz respeito à repartição das fontes
de financiamento da empresa (FRACHOU et ROMANET, 1985):

 Quota de autofinanciamento;
 Quota de empréstimos (nomeadamente a médio e longo prazo);
 Quota por aumento de capital;
 Política de distribuição de dividendos e de participação dos salários no capital.
As decisões sobre estratégia financeira sustentam-se num plano financeiro, que,
considerando o seu grau de incerteza, deve ser visto como uma simulação para testar os
equilíbrios financeiros futuros.

Uma prática muito utilizada e com um grande percentual de acerto é fazer três tipos de
planejamento e preparar planos de ação para cada um. Os planos são os otimistas, pessimistas
e normais.

A análise dos saldos anuais resultantes de um primeiro planejamento permite aferir a


escolha das fontes de financiamento complementar, necessárias ao equilíbrio aplicações-
recursos.

20 FERRAMENTAS PARA PROFISSIONAIS DAS ÁREAS DE FINANÇAS E CRÉDITO

Os negócios de uma empresa têm que ser acompanhados de perto, com muito
cuidado e análise. Cada evento tem que ter um indicador de performance. Estes indicadores
servem de instrumentos que indicam o rumo a ser tomado, em caso de haver indícios de perda
de competitividade, qualidade e eficiência, ajudando a recompor a estratégia.

Muitos sabem que uma gestão perfeita passa por uma definição e conhecimento das
ferramentas de finanças. Estas ferramentas muitas vezes circulam somente entre poucas
pessoas da empresa, e quase sempre não são compreendidos ou bem interpretados.
159
Quem já não ouviu expressões como estas: - Esses relatórios só servem para o
pessoal da contabilidade! - São uns montes de tabelas que não servem para nada! - Eu não
preciso dos números do financeiro para saber como vender, produzir, comprar etc.

Os relatórios gerenciais têm grande parte dos dados vindo da área financeira da
empresa. Porém as áreas que compõem o processo da empresa devem aprender um pouco de
finanças e se envolver na gestão da empresa, por outro lado a empresa deve cobrar
responsabilidade dos gestores.

Os mais recentes métodos de análise financeira trabalham com indicadores de


desempenho, ou indicadores chaves de performance (CFROI – Cash Flow Return on Investment
, EVA – Economic Value Add, Balanced Scorecard etc.), porém acredito que as empresas devem
compor e ensinar o básico de finanças para todos os seus gestores antes de partir para um
sistema mais complexo de análise, pois se não o fizerem irão continuar administrando com a
caixa preta, onde poucos irão compreender o que tem dentro.

Detalhes de alguns dos mais importantes indicadores de desempenho:

 EVA - Economic Value Added (Valor econômico agregado). Muito utilizado por
empresas nos Estados Unidos como a Coca-Cola, Monsanto e Procter & Gamble. EVA é uma
marca registrada por Stern Stewart, empresa de New York.
 CFROI - Cash Flow Return on Investment ( Retorno de Fluxo de Caixa sobre o
investimento) que é desenvolvido pelas consultorias BCG e pela HOLT Value.
 BALANCED SCORECARD - Fornece a estrutura necessária para tradução da
estratégia em termos operacionais. Criado por Robert S. Kaplan e David P. Norton em 1990.
O Balanced Scorecard (BSC) é a principal ferramenta de análise de desempenho
empresarial. Surgiu em 1990 como um estudo intitulado de "Measuring Performance in the
Organization of the Future", patrocinado pela KPMG junto ao Instituto Nolan Norton. O trabalho
foi realizado por David Norton, executivo principal da Nolan e por Robert Kaplan, como consultor
acadêmico.
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Visa atender uma das grandes preocupações dos gerentes em acompanhar e
assegurar que os objetivos da estratégia da empresa serão executados e alcançados. BSC é
uma ferramenta de apoio para acompanhar e monitorar a evolução das decisões da empresa,
centrada em indicadores chaves. Cada pessoa na organização deve entender cada aspecto
ligado à estratégia, para que o sucesso seja pleno.

O Balanced Scorecard está dividido em quatro aspectos: Finanças, Processos


Internos, Clientes, Aprendizado & Crescimento. Em todas as dimensões devem ter seus
objetivos, indicadores, metas e iniciativas muito bem definidas e explícitas.

O BSC precisa ser mais do que uma combinação de medidas financeiras e não
financeiras agrupadas em quatro perspectivas. Tem que compor e demonstrar a história da
estratégia da unidade de negócio. É a integração das medidas de resultados com vetores de
desempenho através de várias relações de causa e efeito.

A construção do BSC deve ligar a missão e a estratégia de uma unidade de negócio a


adjetivos e medidas explícitos. Porém isto representa apenas uma parte do que é um BSC. Pois
deve fazer parte de um plano corporativo com divulgação ampla de pessoas envolvidas com as
decisões da empresa, principalmente funcionários de nível corporativo e conselheiros.

Essas ferramentas são excelentes para a empresa, mas fazendo uma analogia
simplista antes de aprender a correr, é necessário aprender a andar, e as analogias do andar
nas ferramentas financeiras são: análise de relatórios, planejamentos estratégicos e
acompanhamentos financeiros.

Uma das formas de gestão mais básica de finanças para a maioria das empresas é a
análise do balanço, do fluxo de caixa e dos resultados financeiros.
O resultado da gestão de uma empresa pode ser observado pelo impacto causado na
área financeira - que deve ser compreendido como consequência das ações tomadas nas
diversas áreas da empresa - o que não isenta o gestor financeiro de responsabilidade pelos
resultados obtidos pela organização.

Uma nova visão sobre a gestão financeira das empresas surge gradativamente: não
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basta apenas gerar caixa, mantendo as entradas maiores do que as saídas de dinheiro; é
necessário, também, captar e aplicar da melhor forma os recursos disponíveis na organização.

A captação de recursos ocorre não apenas através das Instituições Financeiras, mas
principalmente através de fornecedores, enquanto a aplicação dos recursos ocorre em diversas
contas tais como: estoques, financiamento de clientes, produção, folhas de pagamento,
investimentos, desenvolvimento de novos produtos, e nas instituições financeiras.

Por essa ótica, o gestor financeiro deve possuir um conhecimento mais abrangente,
não bastando apenas negociar com as instituições financeiras. É necessário conhecer todas as
áreas da empresa, bem como suas peculiaridades e, acima de tudo, saber como lidar com elas.

Ser um especialista em tudo é impossível, assim como o é querer administrar a


empresa sozinho. Portanto, o gestor financeiro deve conhecer, além das ferramentas de sua
área, as ferramentas utilizadas na gestão de cada uma das outras áreas, sendo coadjuvante no
sucesso dos gestores de cada uma delas.

O bom coadjuvante é aquele que não aparece, mas faz com que os astros apareçam
e tenham oportunidade de uma atuação brilhante; isso é, na verdade, o que se espera de um
bom gestor financeiro.

Usando ferramentas financeiras como análise do balanço e fluxo de caixa, o gestor


financeiro deve auxiliar seus pares quanto à melhor forma de alocar os recursos existentes, sem,
contudo, esquecer que captar e aplicar recursos no mercado financeiro, bem como administrar o
Contas a Receber e a Pagar, são de sua responsabilidade.

Tradicionalmente, separa-se a análise do balanço e/ou balancete da análise do fluxo


de caixa que, costumeiramente, tem um cunho operacional e não gerencial. A utilização de
relatórios operacionais como se fossem gerenciais é bastante comum e dificulta a tarefa do
gestor.

Apesar de a contabilidade fornecer relatórios gerenciais por excelência, sua utilização


como base para uma análise mais acurada do desenvolvimento da empresa e da sua situação
atual é algo que, apesar de ser do conhecimento de todos os gestores, não é utilizada de forma
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plena e adequada.

No Brasil, onde a contabilidade é utilizada principalmente com uma visão fiscal, a


análise de seus relatórios parece utopia ou, no mínimo, coisa de quem não conhece a realidade
da organização. Quando utilizada dentro de seus critérios e normas, ela contribui muito para a
boa gestão financeira de uma empresa, pois, por seu intermédio, pode-se concluir se a empresa
está ou não atingindo seus objetivos econômicos e financeiros.

O lucro é apenas um dos objetivos da organização, que também necessita da geração


de caixa e de liquidez. Do mesmo modo, a consolidação dos negócios, a participação no
mercado setorial e global, o inter-relacionamento com os clientes e fornecedores, dentre outros,
podem fazer parte dos objetivos que, para um determinado período, devem ser fixados por
ocasião do orçamento anual.

Aí então, além de estabelecer objetivos, devem ser fixadas estratégias a serem


adotadas para que eles possam ser alcançados e, as formas como os resultados serão
mensurados.

Tradicionalmente, são de responsabilidade da controladoria ou da área financeira a


elaboração e o controle do orçamento. Atualmente, também no orçamento, o gestor financeiro
deve assumir o papel de coadjuvante, enquanto que os outros gestores são os verdadeiros
responsáveis pela determinação de suas metas - calculadas com base nas premissas fornecidas
pela área financeira - e, principalmente, por sua realização.

A existência de um Comitê Orçamentário facilita a fixação de objetivos e análise de


dados, metas e resultados obtidos por ocasião do orçamento. Além disso, é responsabilidade
desse Comitê analisar os resultados obtidos na gestão dos negócios durante o período orçado,
bem como redirecionar a empresa, se necessário, para que os objetivos sejam atingidos.
O bom coadjuvante também sabe que, sem os astros, o show não existe, portanto ele
deve levar ao conhecimento de seus pares o fluxo de caixa gerencial, explicando qual a atual
situação financeira da empresa e qual a projeção para o futuro, planejamento financeiro, caso
eles continuem trilhando o caminho atual.

Essa forma de agir e compartilhar conhecimentos, ao contrário do que muitos pensam,


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leva a uma melhor compreensão da situação da empresa por todos os gestores, aumenta o
dinamismo existente entre as diversas áreas, integrando-as definitivamente. Com isso,
conseguem-se aliar todos os gestores em prol de um objetivo único: a melhor gestão dos
negócios.

21 CONCLUSÃO

A questão da gestão financeira nas empresas é de extrema importância, pois muitas


questões são originadas na área financeira, mas qualquer tipo de assunto ou planejamento que
surja nas demais gerências acaba precisando da mesma e, por conseguinte necessitando da
Gestão Financeira. Praticamente tudo que se pensa dentro de uma corporação tem um impacto
financeiro no orçamento sendo então necessário uma avaliação profunda no que diz respeito a
novos investimentos e seus prováveis retornos e custos reais.

As empresas mais preocupadas com esse item e que têm o mínimo de planejamento,
faz anualmente orçamentos, planejamentos estratégicos e estabelecimento de metas sempre
suportadas pela gestão financeira.

Como visto a estratégia financeira de uma empresa é fundamental para deixar a


saúde financeira da empresa sob controle, mas para isso precisamos de planejamento, disciplina
e um frequente monitoramento das despesas e receitas.

A contabilidade tem papel fundamental na gestão financeira fornecendo dados e


relatórios que alertam e divulgam alguns desvios que ocorrem no decorrer no ano fiscal.

A lição e o aprendizado maior que temos que tirar do curso é: Nenhuma empresa,
projeto, aquisição ou negociação poderá ser feita sem um planejamento financeiro sério,
controlado e acertado quando necessário. Para isso a Gestão Financeira oferece ferramentas
que facilitam e permitem o total controle da empresa evitando assim fracassos como fechamento
e falência do negócio.

Esperamos que tenham aproveitado o curso e que os ensinamentos sejam colocados


em prática, orientando e ratificando a necessidade da Gestão Financeira no sucesso de seu
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empreendimento.
REFERÊNCIAS

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