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unidade 1

Arranjos atômicos e defeitos

Objetivos de aprendizagem
„„ Conhecer os diferentes tipos de materiais.

„„ Refletir criticamente sobre a importância dos materiais


que nos envolvem.

„„ Compreender a diferença entre material cristalino e


amorfo.

„„ Conhecer os diferentes tipos de defeitos formados em


material cristalino durante a cristalização, refletindo
sobre suas potencialidades e importância no mundo
globalizado.

Seções de estudo
Seção 1 Classificação dos materiais

Seção 2 Estruturas cristalinas e amorfas

Seção 3 Defeitos em sólidos


Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo


Nesta unidade, você vai estudar os diferentes materiais existentes
na sociedade moderna e vai compreender a sua formação
microestrutural.

A estrutura dos materiais tem grande influência sobre muitas de


suas propriedades. Numa escala microscópica, a estrutura de um
material é conhecida como microestrutura. Para entendermos o
comportamento de um material, precisamos compreender o que
mudou microscopicamente, para, então, podermos controlar os
materiais macroscopicamente.

Na busca deste conhecimento, é importante que você tenha


muito claro o conceito de microestrutura, pois é a partir desta
teoria que você poderá construir definições como o arranjo básico
dos núcleos e elétrons do material e dos defeitos existentes em
escala atômica.

SEÇÃO 1 – Classificação dos materiais


Os materiais são as substâncias, naturais ou sintéticas, cujo
conjunto de propriedades se torna útil na construção de
máquinas, estruturas, dispositivos e produtos, possibilitando o
funcionamento da sociedade tal como a conhecemos.

Foram milhares de anos até chegarmos ao nível de conhecimento


sobre os materiais que temos hoje. E temos, no nosso dia a dia,
uma série de materiais com características diferentes. O aumento
da industrialização exigiu que se fizesse uma classificação dos
materiais para não ocorrerem falhas de produção devido à
Há várias formas de se classificar inexistência ou insuficiência de peças em estoque.
um material. Geralmente, o que
se faz é agrupar numa mesma
classificação materiais com Os materiais sólidos são frequentemente
características semelhantes. classificados em seis grupos diferentes. São eles:
metais e ligas; cerâmicas, polímeros; materiais
compósitos; semicondutores e biomateriais.

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Ciência dos Materiais

- Vejamos, a partir de agora, um pouco sobre cada um deles, suas


principais características e propriedades.

1.1 Metais e ligas


Os materiais metálicos são aqueles que, normalmente, possuem
combinações de elementos metálicos. Podemos citar, como
exemplo, o aço, a alumina, o ferro, o titânio, o cobre, o níquel,
o cromo entre muitos outros. Lembre que os metais constituem
80% da tabela periódica e que a maior parte deles encontra-se
combinada com outros elementos, como o oxigênio. Você pode
encontrar uma série de exemplos de metais ao seu redor.

Os metais apresentam ligações químicas do tipo metálicas, ou


seja, possuem um grande número de elétrons livres. Este tipo
característico de ligação determina as propriedades dos metais.
Por exemplo, os metais são excelentes condutores de eletricidade
e calor e não são transparentes à luz; também possuem alta
resistência mecânica e são dúcteis.

Quando um material é “dúctil” ou possui


“ductilidade”, isto significa que ele pode
suportar deformação quando sobre ele é
exercida força mecânica sem que haja o
rompimento do material. Por essa e outras
razões, podemos observar vários objetos
metálicos ou componentes metálicos no
nosso dia a dia, como arames, chaves,
cabos, portões, clips, etc.

As ligas metálicas também são bastante Figura 1.1 – Barras Metálicas.


importantes no nosso cotidiano. Trata-se Fonte: Disponível em <http://www.ct.ufrgs.br>.
de combinações de metais que permitem
melhorar uma propriedade específica de um material ou, até
mesmo, obter uma combinação de propriedades.

O aço é um exemplo comum de liga metálica -- uma


combinação de ferro com 0,1 a 2% de carbono. É
desta forma que obtemos este material. Possui uma
resistência à tração maior do que o ferro puro.

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Outro exemplo é o aço inoxidável, uma combinação de aço com


cromo e níquel. Esta junção permite que o material
confeccionado a partir dele não oxide tão facilmente. Assim,
podemos usar um garfo, por exemplo, todos os dias, em nossas
refeições, sem aquela camada avermelhada (ferrugem) sobre ele.

Figura 1.2 – Moeda de 5 centavos


E, ainda, como exemplo, podemos citar o bronze -- que é uma
feita de aço revestido com cobre.
mistura de cobre e estanho -- usado em estátuas, hélices de
Fonte: Disponível em <http://www.
navios, medalhas, troféus, peças de máquinas.
educador.brasilescola.com>.

1.2 Cerâmicas
Os materiais cerâmicos são normalmente combinações de
Segundo Askeland e Phule
metais com elementos não metálicos, unidos através de ligações
(2008), as cerâmicas também são iônicas ou covalentes. Estas ligações são resultado de reações
consideradas os materiais mais termoquímicas formadas durante o processo de fabricação a altas
naturais que existem, por que temperaturas.
esta é a constituição das rochas ou
mesmo da areia, espalhadas por
Em geral, as estruturas são complexas e, em vários casos, usam-
todo lado em nosso planeta.
se misturas de diferentes compostos. Geralmente uma cerâmica
é um óxido metálico, ou um boreto, ou um carbeto, ou mesmo,
um nitreto. Ela também pode ser uma mistura de tais materiais.
Veja, por exemplo, a composição típica do vidro: 70-74% de
sílica (SiO2), 12-16% de óxido de sódio (Na 2O), 5-11% de óxido
de cálcio (CaO), 1-3% de óxido de magnésio (MgO) e 1-3% de
óxido de alumínio (Al 2O3).

Também podemos citar como exemplos de materiais cerâmicos


as velas de ignição de carros, alguns isolantes para linhas de
transmissão, tijolos, telhas, alguns tipos de filtros, enfim existe
uma imensidade de aplicações dos materiais cerâmicos.

Uma das propriedades dos materiais cerâmicos é que costumam


apresentar resistência a altas temperaturas, são excelentes
isolantes elétricos e térmicos, além de serem duros e frágeis.

As cerâmicas são duras e frágeis?

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Pois é! Parece estranho, não é? Isto porque nós pensamos o termo


de “dureza” no sentido de resistência mecânica. Na realidade,
para a engenharia, a dureza é a resistência que um material exerce
ao ser riscado por outro. O material mais duro risca e não é
riscado por um material de dureza menor.

Podemos pensar num copo de vidro. Você não


consegue riscá-lo passando uma faca sobre ele. Mas,
se você jogá-lo no chão, com certeza ele vai quebrar-
se facilmente. Pois aí está: o copo é um excelente
exemplo de uma cerâmica dura e frágil, ele resiste ao
risco, mas se quebra com facilidade.

1.3 Polímeros
Os polímeros são materiais orgânicos de elevada massa
molecular, resultante de reações químicas chamadas “Os materiais poliméricos
polimerização. Sua composição é baseada em um conjunto são macromoléculas
de cadeias poliméricas e cada cadeia polimérica é uma formadas pela reunião de
macromolécula constituída pela união de moléculas simples unidades fundamentais (os
“meros”) repetidamente
ligadas por covalência. Os polímeros são constituídos que dão origem a longas
basicamente por átomos de carbono, hidrogênio, nitrogênio, cadeias. O tamanho
oxigênio, flúor e de outros elementos não metálicos. A ligação das cadeias formadas
química entre átomos da cadeia é covalente, enquanto a ligação principalmente por átomos
intercadeias é fraca, secundária. de carbono, ou seja a
massa molar, é o aspecto
principal que confere à este
Os polímeros têm diversas aplicações. Os exemplos mais comuns grupo de materiais uma
deste tipo de material são os plásticos e as borrachas, mas série de características
podemos citar também o couro, a seda, o chifre, o algodão e a lã. à eles associadas.
Materiais poliméricos
Os polímeros possuem baixa resistência mecânica, baixos pontos apresentam usualmente
baixa densidade,
de fusão e ebulição, entretanto vários polímeros são bastante
pequena resistência à
resistentes a produtos químicos corrosivos, como o poliestireno temperatura, baixas
usado em gabinetes de rádios e TV, por exemplo. condutividades elétrica
e térmica, etc. Polímeros
É claro que, hoje em dia, existem polímeros os quais foram são sintetizadas por
modificados para que se obtivessem propriedades especiais reações de polimerização
a partir de dos reagentes
interessantes para a aplicação no nosso dia a dia. É o caso
monômeros.“ Fonte:
das borrachas dos pneus dos carros: estas são borrachas mais Disponível em <http://
resistentes, pois elas passam pelo processo de vulcanização. www.demet.ufmg.br/
docentes/rodrigo/r1.htm>.

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Curiosidade

Um grande marco na história da indústria de plásticos


foi a descoberta do processo de vulcanização da
borracha em 1839 pela Goodyear. A vulcanização
é um processo pelo qual a estrutura química da
borracha é alterada, conseguindo-se uma borracha de
alta resistência que, hoje em dia, é usada nos pneus
dos veículos automotores. O processo consiste na
aplicação de calor e pressão a uma composição de
borracha, a fim de dar a forma e propriedades do
produto final. Sem dúvida, é a fase mais importante
da indústria de borracha.

- O processo de vulcanização será, a seguir, abordado com mais detalhes.

1.4 Materiais compósitos


Os compósitos surgiram em meados do século XX e são
materiais compostos por dois ou mais materiais diferentes,
tais como: um metal e um polímero; ou uma cerâmica e um
metal; ou mesmo, um polímero e um polímero, e assim por
diante. Estes materiais têm, assim, características diferentes dos
materiais que os originaram.

Em um material compósito, as fases constituintes devem ser


quimicamente diferentes e devem estar separadas por uma
interface distinta. São usados na aeronáutica, indústria de
automóvel e construção civil, mas prevê-se que tenham mais
aplicações no futuro.

Como exemplo de material compósito, podemos citar


a madeira. Este é um material compósito natural,
em que a matriz e o reforço são poliméricos. Ou seja,
consiste da junção de fibras de celulose resistentes e
flexíveis, que são envolvidas e mantidas unidas por
meio de um material mais rígido chamado de lignina.

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Ciência dos Materiais

O concreto também é um exemplo de material compósito. Neste


caso, tanto a matriz como o reforço são materiais cerâmicos. No
concreto, a matriz é cimento Portland e o reforço é constituído
de 60 a 80% em volume de um agregado fino (areia) e de um
agregado grosso (pedregulho). O concreto pode ainda ser
reforçado com barras de aço.

Figura 1.3 – Imagem no microscópio eletrônico de varredura de uma argamassa de cimento Portland
com os constituintes microestruturais identificados.
Fonte: Stancato; 2006; p. 42.

Outro exemplo típico é o compósito de fibra de vidro em


matriz polimérica. A fibra de vidro confere resistência mecânica,
enquanto a matriz polimérica, na maioria dos casos constituída
de resina epoxídica, é responsável pela flexibilidade do
compósito.

Figura 1.4 – Fibra de vidro.


Fonte: Disponível em <http://www.fazfacil.com.br>.

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1.5 Semicondutores
Os materiais semicondutores têm propriedades elétricas
intermediárias entre condutores e isolantes.

Exemplos de materiais semicondutores são aqueles


feitos de silício, germânio e arseneto de gálio. Seu
emprego é importante na fabricação de componentes
eletrônicos tais como diodos, transistores e outros
materiais de diversos graus de complexidade
tecnológica, microprocessadores, e nanocircuitos
usados em nanotecnologia. Portanto atualmente o
elemento semicondutor é primordial na indústria
eletrônica e na confecção de seus componentes.

Figura 1.5 – Imagem de um circuito integrado, ampliada 2.400 vezes.


Fonte: Disponível em <http://pt.wikipedia.org>.

Um semicondutor puro como o elemento silício apresenta


uma condutividade elétrica bastante limitada; porém, se
pequenas quantidades de impurezas são incorporadas à sua
estrutura cristalina, suas propriedades elétricas alteram-se
significativamente. Este é o conhecido processo de dopagem.
Elementos como diodos e os transistores são ótimos exemplos de
materiais dopados.

O diodo é um componente classificado como


semicondutor. Ele é feito dos mesmos materiais
que formam os transistores e chips. Este material
é baseado no silício. Ao silício são adicionadas
substâncias chamadas, genericamente, de dopagem
ou impurezas.

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Figura 1.6 – Diodo.


Fonte: Disponível em <http://www.infoescola.com>.

E o transistor é o mais importante componente


eletrônico já criado. Ele deu origem aos chips que
temos hoje nos computadores. Um processador,
por exemplo, tem, no seu interior, vários milhões de
microscópicos transistores. Inventado nos laboratórios
Bell nos anos 40, o transistor é um substituto das
velhas válvulas eletrônicas, com grandes vantagens:
tamanho minúsculo e pequeno consumo de energia.

Figura 1.7 – Transistor.


Fonte: Disponível em <http://www.infoescola.com>.

1.6 Biomateriais
Os biomateriais são aqueles materiais empregados em
componentes usados para implantes humanos, em substituição
de partes do corpo doentes ou danificados.

Os biomateriais podem ser metálicos, cerâmicos, poliméricos


(sintéticos ou naturais), compósitos ou biorrecobrimentos. Em
função às especificidades que os biomateriais apresentam, tem-se
considerado os biomateriais, hoje, uma classe especial de materiais.

A característica principal e imprescindível destes


materiais é que eles sejam biocompatíveis, ou seja,
devem atender ao requisito de funcionabilidade
para o qual foram projetados, sem provocar reações
alérgicas ou inflamatórias.

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SEÇÃO 2 – Estruturas cristalinas e amorfas


As propriedades dos materiais estão diretamente associadas
à sua estrutura cristalina. Estudando a estrutura do material,
conseguiremos compreender a diferença significativa nas
propriedades de alguns materiais que têm a mesma composição
química, mas, estrutura diferente.

Vamos começar, pensando na diferença entre as estruturas de


um sólido, um líquido e um gás. Em uma substância no estado
gasoso, têm uma grande distância média de separação entre suas
moléculas e/ou átomos. Desta forma, não há interação entre estas
substâncias.

Contudo, quando pensamos em líquidos e sólidos, a proximidade


das substâncias faz com que estas partículas interajam entre
si. Nos sólidos, os átomos (ou moléculas) podem ter as suas
propriedades modificadas pelos átomos (ou moléculas) das
proximidades.

Por exemplo, os níveis de energia dos elétrons


mais externos de um átomo (ou de uma molécula)
são distorcidos pelos átomos (ou moléculas) da
vizinhança.

Segundo a distribuição espacial dos átomos, moléculas ou íons, os


sólidos podem ser classificados de acordo com a regularidade com
que seus átomos ou íons são arranjados na estrutura. Desta forma,
temos três classificações diferentes na natureza de estruturas
cristalinas e amorfas, conforme será apresentado a seguir.

I. Sólido cristalino
É o material no qual os átomos estão situados em um arranjo
cristalino que se repete ou que é periódico ao longo de grandes
distâncias atômicas. Tal estrutura tridimensional, que chamamos
rede cristalina, determina uma série de propriedades nos sólidos.
Todos os metais, muitos cerâmicos e alguns polímeros formam
estruturas cristalinas sob condições normais de solidificação.

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Ciência dos Materiais

II. Sólido amorfo


É aquele material onde os átomos, íons ou moléculas encontram-
se em uma mistura desordenada, ou seja, não se cristalizam.
Algumas vezes podem ser chamados de líquidos superestriados,
pois suas estruturas atômicas lembram as de um líquido.

Como exemplo de um material amorfo podemos citar


os vidros, as borrachas e algumas cerâmicas. Podemos
ver um exemplo de uma estrutura cristalina e uma
não cristalina do composto cerâmico dióxido de silício
(SiO2) na figura 1.8 a) e 1.5 b). Este material pode existir
em ambos os estados.

a) b)

Figura 1.8 – (a) Foto e esquema do quartzo, que é uma forma cristalina da sílica, SiO2, com átomos
num arranjo ordenado. (b) Quando a sílica fundida se solidifica, torna-se vidro, neste caso os átomos
formam um arranjo desordenado.
Fonte: Disponível em <http://www.qmc.ufsc.br>.

III. Sólido Semicristalino


É um sólido no qual os átomos, íons ou moléculas possuem
arranjos atômicos de curto alcance e, na mesma estrutura,
apresentam também uma desordem. Como exemplo, existem
algumas estruturas de polímeros, conforme mostra a figura 1.9.

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Amorphus
region

Região
Cristalina

Região
Amorfa

Figura 1.9 – Modelo de um polímero semicristalino, mostrando as fases cristalinas e as fases


amorfas.
Fonte: Callister; 2002; p. 321.

- Conheça, a seguir, mais detalhes sobre as estruturas cristalinas.

2.1 Reticulado cristalino


Nos materiais cristalinos, denomina-se estrutura cristalina
a maneira como átomos, moléculas ou íons se encontram
espacialmente arranjados. Vamos estudar de que forma estas
partículas estão arranjadas espacialmente, mas, antes, é
importante conhecer alguns conceitos usados nas teorias de
ciências dos materiais.

2.2 Modelo de esferas rígidas


Ao descrevermos estruturas cristalinas, os átomos (ou íons)
são considerados como se fossem esferas sólidas que possuem
diâmetros bem definidos.

Figura 1.10 – Esquema de um átomo representado por uma esfera rígida.


Fonte: Elaboração da autora; 2010.

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Esta é apenas uma forma de simplificar a compreensão, significa


que em todos os estudos sobre estruturas cristalinas é comum
considerar-se um átomo completo, com seu núcleo e camadas,
como se ele fosse uma esfera rígida – quando você estiver
estudando, pode sempre imaginar uma bolinha de isopor de 5
cm. Em teorias mais avançadas ou estruturas mais complexas,
pode-se representar uma molécula inteira como se fosse uma Nesta disciplina, será
esfera rígida. abordado somente as
estruturas mais simples.

2.3 Cristal
É um sólido fisicamente uniforme em três dimensões, com uma
ordem repetitiva a longa distância.

Figura 1.11 – Esquema para representar o cristal.


Fonte: Elaboração da autora; 2010.

Na figura, você pode observar um cristal envolto por um


quadrado: nela, você pode perceber que a repetição da posição
do átomo é mantida. Saindo do quadrado, podemos observar,
também, uma cristalização, mas, agora, com um ângulo
diferente. Este é outro cristal. As fotos a seguir, obtidas em
um microscópio ótico, mostram os cristais reais do ferro puro
e do aço carbono. Os cristais reais do ferro puro (figura 1.12a),
apresentam linhas que separam os diferentes cristais. Já os
cristais do aço carbono (figura 1.12b), apresentam linhas e Estas linhas são chamadas
algumas regiões escuras: as linhas são os contornos de grãos e “contornos de grãos”.
as regiões escuras indicam o acúmulo do carbono (já que o aço
carbono é uma liga de ferro e carbono).

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a) b)

Figura 1.12 – Microestrutura em microscópio ótico do a) ferro puro e b) do aço carbono.


Fonte: Disponível em <http://www.materiais.ufsc.br>.

2.4 Célula unitária


É a menor repetição no espaço, o qual, no todo, produz o
reticulado cristalino (cristal).

Figura 1.13 – Esquema de uma célula unitária.


Fonte: Elaboração da autora; 2010.

Você pode perceber pela figura, que um cristal é feito de


repetições espaciais da posição dos átomos. Estes seguem um
arranjo cristalino que segue uma determinada repetição, e esta
pequena estrutura repetitiva é a célula unitária.

Em 1848, Auguste Bravais propôs que o arranjo cristalino


poderia assumir 14 maneiras diferentes, trata-se dos Reticulados
de Bravais. E estes reticulados podem ser agrupados em 7
sistemas de células diferentes, chamados Sistemas de Bravais.

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Ciência dos Materiais

2.5 Sistemas de Bravais


Existem somente 7 diferentes combinações dos parâmetros
de rede. Cada uma dessas combinações constitui um sistema
cristalino. Geometricamente, uma célula unitária pode ser
representada por um paralelepípedo ou um prisma que possui três
conjuntos de faces paralelas. A geometria de uma célula unitária
é descrita em termos de seis parâmetros: o comprimento das
três arestas do paralelepípedo (a, b e c) e os três ângulos entre as
arestas (α, β e γ). Esses parâmetros são chamados parâmetros de
rede.

No quadro a seguir, você pode ver os diferentes sistemas de


Bravais e seus parâmetros de rede.

Quadro 1.1 - Classificação das estruturas cristalinas dentro dos sistemas cristalinos.

Sistema Parâmetro de Estrutura


Representação
cristalino rede cristalina

a) Cúbica simples
Aresta: a=b=c ,
b) Cúbica de corpo
Ângulo entre
Cúbico centrado
aresta: α=β=γ=90º
(c) Cúbica de faces
centradas

a) Tetragonal
Aresta: a=b≠c,
simples
Tetragonal Ângulo entre
b) Tetragonal de
aresta: α=β=γ=90°
corpo centrado

a) Ortorrômbico
simples
b) Ortorrômbico de
Aresta: a≠b≠c,
bases centradas
Ortorrômbico Ângulo entre
(c) Ortorrômbico de
aresta: α=β=γ=90°
corpo centrado a) b) (c) (d)
(d) Ortorrômbico
de faces centradas

Continua...

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Aresta: a=b=c,
Ângulo entre Romboédrico
Romboédri-co
aresta: α=β=γ≠90° simples

Aresta: a=b≠c,
Ângulo entre
Hexagonal aresta: α=β=90°, Hexagonal simples
γ=120°

Aresta: a≠b≠c, a) Monoclínico


Ângulo entre simples
Monoclínico
aresta: α=β=90°, b) Monoclínico de
γ≠90 bases centradas
a) b)

As células unitárias cúbica e hexagonal são as mais usuais.


Muitos metais assumem estas geometrias. No caso da célula
cúbica, os átomos são localizados em cada um dos vértices e
nos centros de todas as faces do cubo. Na hexagonal, as faces
superiores e inferiores da célula unitária são compostas por seis
átomos os quais formam hexágonos regulares e que se encontram
em torno de um único átomo no centro.

Observe o quadro apresentado por Padilha (2000): com ele você


pode observar alguns exemplos de materiais que assumem estas
duas geometrias.

Quadro 1.2 - Estrutura cristalina dos principais metais puros.

Estrutura Metal

CFC Ag, Al, Au, Ca, Co-β, Cu, Fe-γ, Ni, Pb, Pd, Pt, Rh, Sr

HC Be, Cd, Co-α, Hf-α, Mg, Os, Re, Ru, Ti-α, Y, Zn, Zr-α

Ba, Cr, Cs, Fe-α, Fe-δ, Hf-β, K, Li, Mo, Na, Nb, Rb, Ta,
CCC
Ti-β,V, W, Zr-β

Fonte: Padilha; 2000; p. 64.

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Ciência dos Materiais

Existem também vários casos de metais com


estruturas mais complexas. Um exemplo é o urânio,
que apresenta estrutura ortorrômbica. Outro extremo
é o caso do polônio α, que se cristaliza com estrutura
cúbica simples.

2.6 Interstícios
Como você pôde perceber, em qualquer uma destas células
unitárias o material não vai ser cem por cento preenchido, ou
seja, os átomos não ocupam todo o espaço disponível na célula
unitária. Este fato implica existirem espaços vazios entre os
átomos da estrutura. Estes espaços vazios são conhecidos como
interstícios e exercem um papel muito importante, que você
compreenderá mais adiante. Veja, na figura, os interstícios
preenchidos por esferas pequenas (vermelhas).

Figura 1.14 – Visualização dos interstícios.


Fonte: Disponível em <http://wwwp.fc.unesp.br>.

2.7 Polimorfismo
Este é o fenômeno segundo o qual um sólido (metálico
ou não metálico) pode apresentar mais de uma estrutura
cristalina, dependendo da temperatura e da pressão. Como
exemplo, podemos citar a sílica, SiO2 cristalina. Segundo
Motoki e colaboradores, de acordo com a temperatura e pressão,
a sílica mostra polimorfismo de seis minerais: quartzo de
baixa temperatura (fase β), quartzo de alta temperatura (fase
α) tridimita, cristobalita, coesita e stishovita. O quartzo
β, tridimita e cristobalita são minerais estáveis em alta
temperatura, que se encontram em rochas vulcânicas. A coesita e
a stishovita são minerais de ultra-alta pressão.

Unidade 1 31
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2.8 Alotropia
Alotropia é um fenômeno químico em que um mesmo elemento
forma substâncias simples diferentes. Este fenômeno só ocorre
com os elementos Carbono, Oxigênio, Fósforo e Enxofre. É o
polimorfismo em elementos puros.

Um exemplo clássico é o caso do carbono, que pode


formar o diamante e o grafite. Estes são constituídos
por átomos de carbono arranjados em diferentes
estruturas cristalinas.

a) b)

Figura 1.15 – a) Diamante e b) Grafite.


Fonte: Disponível em<http://www.poli.usp.br>.

2.9 Monocristalinos
São aqueles materiais constituídos por um único cristal em toda
a extensão do material. Todas as células unitárias se ligam da
mesma maneira e possuem a mesma orientação.

2.10 Policristalinos
Figura 1.16 – Esquema de um São os materiais constituídos de vários cristais ou grãos, cada um
Material policristalino. deles com diferentes orientações espaciais.
Fonte: Callister; 2002; p. 35.

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Ciência dos Materiais

- Conhecidas as estruturas cristalinas e amorfas dos materiais, estude,


a seguir, quais são os defeitos existentes nestas estruturas.

SEÇÃO 3 – Defeitos em Sólidos


Todos os materiais apresentam um grande número de defeitos e
imperfeições em suas estruturas cristalinas.

Mas o que é considerado um defeito na estrutura?

Um defeito é uma imperfeição ou um “erro” no arranjo periódico


regular dos átomos em um cristal. Este erro pode ser na posição
dos átomos ou no tipo de átomos.

O tipo e o número de defeitos dependem do material, do meio


ambiente e das circunstâncias sob as quais o cristal é processado.
Ou seja, é durante a fabricação que os defeitos aparecem.

Precisamos então evitar os defeitos durante a


fabricação?

Não, na realidade a presença dos defeitos é bastante importante


para a propriedade dos materiais cristalinos. Os defeitos, mesmo
em concentrações muito pequenas, podem causar uma mudança
significativa nas propriedades de um material.

Figura 1.17 – Rubi.


Por exemplo, a adição de 1% de óxido de cromo na Fonte: Disponível em <http://
alumina cria defeitos. Uma transição entre os níveis www.saberweb.com.br>.
destes defeitos tornam o rubi vermelho.

Unidade 1 33
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Alumina é composta de oxigênio e alumínio, formando o óxido


de alumínio (Al 2O3). Este é o principal componente da bauxita,
ou seja, é o principal minério do alumínio.

O próprio quartzo, embora incolor quando puro, pode apresentar


praticamente qualquer cor, devido às impurezas como Al, Fe,
Figura 1.18 – Ametista. Mn, Cr e Ti as quais se instalam em sua estrutura cristalina.
Fonte: Disponível em <http://
www.dtvb.ibilce.unesp.br>. Dentre as variedades de quartzo, a ametista, de cor violeta, é
a mais apreciada e valorizada entre os minerais da família da
sílica. A cor violeta da ametista ocorre devido à presença de Fe de
determinada valência na estrutura, porém sua concentração não
está relacionada com a intensidade de cor.

Mas esses defeitos não interferem só na cor. Outras características


também podem ser melhoradas, como, por exemplo, em uma
cerâmica (tijolos), podemos aumentar a resistência à transmissão
de calor, introduzindo poros na estrutura. Assim, temos os
tijolos refratários, os quais são aplicados como isolante térmico
para altas temperaturas.

Veja, também, outro exemplo que o Callister (2002) traz em seu


texto sobre ciência e engenharia dos materiais.

Figura 1.19 – Fotografia mostrando o


grau de transparência de três amostras de
alumina (óxido de Alumínio).

a) Amostra da esquerda: é um monocristal de alumina


pura (chamada safira) e apresenta-se transparente.
b) Amostra do centro: Alumina policristalina: é
translúcida, pois perde parte da transparência por
reflexão nos contornos de grão.
c) Amostra da direita: Alumina policristalina é opaca,
pois reflete luz, além dos contornos, nos defeitos
volumétricos como poros residuais (remanescentes,
5% no caso da amostra) do processo de fabricação
(sintetização).

34
Ciência dos Materiais

3.1 Classificação
A classificação das imperfeições cristalinas é feita de acordo com
sua geometria ou dimensões. São elas:

Quadro 1.3 – Tipos de Defeitos.

São aqueles defeitos associados com


Defeitos pontuais uma ou no máximo duas posições
atômicas.
São os defeitos em linha, em uma
Defeitos lineares
dimensão.

Defeitos planos ou São os defeitos de fronteiras,


interfaciais compreendem duas dimensões.

São os defeitos de volume,


Defeitos
compreendem o conjunto 3-D dos
volumétricos
átomos na estrutura.

Fonte: Elaboração da autora, 2010.

- Vejamos, a seguir, mais detalhes desses defeitos apresentados.

3.2 Defeitos pontuais


Os defeitos pontuais são descontinuidades localizadas nos arranjos
atômicos ou iônicos. Tal defeito pode ser criado pelo movimento
dos átomos ou íons, quando há aumento de energia decorrente
de aquecimento, durante o processamento do material, ou devido
à introdução de impurezas ou dopagem. Os defeitos pontuais
podem ser subdivididos em: vacâncias ou vazios; átomos intersticiais;
Frenkel e Schottky, conforme serão apresentados a seguir.

Vacâncias ou vazios
Neste tipo de defeito pontual, ocorre a ausência de um átomo da
sua posição normal em uma estrutura cristalina perfeita.

Nenhum material é isento desse tipo de defeito,


que se forma durante a solidificação do cristal ou
como resultado das vibrações atômicas (os átomos
deslocam-se de suas posições normais).

Unidade 1 35
Universidade do Sul de Santa Catarina

Muitas propriedades dos materiais podem ser controladas,


criando estes defeitos.

Figura 1.20 – Vacância em uma rede cúbica simples.


Fonte: Disponível em <http://www.arauto.uminho.pt>.

Intersticiais
É a ocorrência de um átomo em uma posição que não pertence
à estrutura do cristal perfeito, como um vazio intersticial. Este
defeito produz uma distorção no reticulado, já que as impurezas
têm diferente valência e tamanho em relação aos átomos do
cristal. A rede, então, fica deformada ao redor dos defeitos
pontuais. Veja nas figuras 1.21 (a) e (b).

(a) Átomo intersticial pequeno (b) Átomo intersticial grande

Figuras 1.21 – Representação esquemática de um a) Átomo intersticial pequeno e b) Átomo


intersticial grande, este gera distorção na rede.
Fonte: Askeland; 2008; p. 86.

Muitas vezes estas impurezas são adicionadas intencionalmente


durante a fabricação do material, para formar ligas ou compostos.

36
Ciência dos Materiais

Por exemplo, quando adicionamos carbono ao ferro,


estamos produzindo uma liga Fe-C, mais conhecida
como aço.

Quando impurezas estão presentes num material, estas impurezas


geralmente estão localizadas nestas posições intersticiais. A maior
parte das vezes, nós adicionamos átomos diferentes para formar
ligas ou compostos.

Outro exemplo é que, quando substituímos


átomos de Titânio numa rede CCC de Nióbio,
estamos produzindo uma liga com propriedades
supercondutoras.

Frenkel

Este tipo de defeito só ocorre em sólidos iônicos (materiais


cerâmicos). No caso de sólidos iônicos, as posições atômicas são
ocupadas por íons, e a neutralidade elétrica do composto deve
ser mantida. Então, neste caso, o íon sai de sua posição normal e
vai para um interstício. Veja na figura 1.22.

Figura 1.22 – Representação de um cristal iônico com defeito de Frenkel.


Fonte: Disponível em <http://qaonline.iqsc.usp.br:8180>.

Unidade 1 37
Universidade do Sul de Santa Catarina

Schottky
Este defeito também é característico de sólidos iônicos, ou seja, está
presente em compostos que têm de manter o balanço de cargas.
Neste caso, o defeito envolve a falta de um ânion e um cátion.

Figura 1.23 – Representação de um cristal iônico com defeito de Schottky.


Fonte: Disponível em <http://qaonline.iqsc.usp.br:8180>.

Estes dois últimos vazios devem ser formados


de tal maneira que o sólido permaneça neutro
eletricamente. O material ou composto é dito ser
estequiométrico. Vazios isolados não podem ser
formados, porque eles conduzem ao aparecimento de
um centro da carga.

Em geral, é mais provável que se formem mais defeitos de


Schottky, do que de Frenkel, pois são poucas as estruturas que
apresentam interstícios suficientemente grandes para dissolver
cátions sem distorcer consideravelmente a rede.

Um exemplo de utilização destes defeitos é a adição


de CaO em ZrO2 com objetivo de aumentar a
condutividade elétrica desta cerâmica. Este material é
usado em sensores de oxigênio.

38
Ciência dos Materiais

Impurezas nos sólidos


Um metal, mesmo sendo considerado puro, sempre tem impurezas
presentes – átomos estranhos. Estes são provenientes do processo
de produção do material. Por exemplo, o ferro puro tem, no final
da produção, um percentual de carbono (proveniente do coque que
é usado como combustível no processo), de manganês, de silício,
de fósforo (provenientes da matéria-prima utilizada). A presença
destas impurezas promove a formação dos defeitos pontuais.

Mas, quando adicionamos átomos estranhos, intencionalmente,


durante a produção de materiais, com a finalidade de aumentar a
resistência mecânica, ou aumentar a resistência à corrosão, ou aumentar
a condutividade elétrica, etc., estes átomos passam a ser chamados de
elementos de liga, e o material passa a ser chamada de Liga.

Em termos mais técnicos, as ligas são chamadas de


soluções sólidas.
O cristal matriz contendo
impurezas é chamado
solução sólida, porque
os átomos de impureza
Isto fica fácil de entender, se você imaginar uma ocupam posições
solução de água e açúcar. Você terá água misturada aleatórias no cristal,
com açúcar e não constatará nenhuma diferença similarmente a um soluto
visual no copo até chegar ao ponto de saturação, em um líquido.
quando começam a se formar duas fases, cada uma
com suas propriedades. As moléculas do açúcar,
neste caso, se solubilizam com a água. Nos materiais
sólidos, acontece a mesma coisa: os elementos de liga
assumem posições dentro do cristal matriz.

Solução sólida é, então, um material cristalino, mistura de dois ou


mais componentes em que os íons, átomos ou moléculas de um
componente substituem alguns dos íons, átomos ou moléculas do
outro componente na sua rede cristalina normal.

As soluções sólidas formam-se mais facilmente, quando impureza


e hospedeiro têm estrutura e dimensões eletrônicas semelhantes.
Nas soluções sólidas, as impurezas ou elementos de liga podem ser
do tipo substitucional ou intersticial.

Unidade 1 39
Universidade do Sul de Santa Catarina

a. Soluções sólidas substitucionais

Neste tipo de solução sólida, os átomos de impureza estão


localizados em posições normalmente ocupadas pelos átomos do
cristal matriz. Eles “substituem” os átomos do cristal matriz.

Figura 1.24 – Esquema de uma matriz com


solução sólida substitucional.
Fonte: Disponível em <http://www.cimm.com.br>.

Para este tipo de solução sólida, Callister (2002) comenta que


algumas características devem ser seguidas. Estas são as regras
que governam o grau de solubilidade em sólidos:

Quadro 1.4 – Grau de solubilidade em sólidos.

Para este tipo de liga acontecer, a diferença


entre os raios atômicos tem de ser menor do
Raio atômico que +/- 15%, caso contrário poderia promover
distorções na rede e, assim, formação de nova
fase.

A estrutura cristalina para ambos os materiais


Estrutura cristalina
tem de ser a mesma.

A eletronegativa de hospedeiro e matriz


Eletronegatividade
devem ser próximas.

Um átomo terá uma maior tendência de ser


Valência dissolvido na matriz se tiver a mesma ou maior
Valência que a do hospedeiro.

Como exemplo de solução sólida substitucional,


podemos citar as moedas de cobre e níquel. Os dois
elementos são solúveis em todas as proporções.

40
Ciência dos Materiais

Quadro 1.5 - Características dos átomos de cobre e níquel.

Cu Ni

Raio atômico 1,28 A 1,25ª

Estrutura CFC CFC

Eletronegatividade 1,9 1,8

Valência +1 (as vezes +2) +2

b. Soluções sólidas intersticiais

Já, nas soluções sólidas intersticiais, os átomos de impurezas ou


elementos de liga ocupam os espaços dos interstícios da rede
cristalina. Veja no esquema apresentado na figura 1.25.

Como os materiais metálicos têm geralmente fator de


empacotamento alto, as posições intersticiais são relativamente
pequenas. Geralmente, no máximo 10% de impurezas são
incorporadas nos interstícios.

Figura 1.25 – Esquema de uma matriz com solução sólida intersticial.


Fonte: Disponível em <http://www.cimm.com.br>.

Como exemplo, podemos citar o aço, que é uma


liga de Ferro e carbono. A solubilidade máxima do
Carbono no Ferro é 2,1% a 910º C. O Carbono tem
raio atômico bastante pequeno, se comparado com o
Ferro, como mostra a seguir:
rC = 0,71 A (0,71x10-10 m)
rFe= 1,24 A (1,24 x10 -10 m)

Unidade 1 41
Universidade do Sul de Santa Catarina

3.3 Defeitos lineares: discordâncias


Além dos defeitos até aqui estudados, existem também os
defeitos lineares, que são imperfeições em uma estrutura
Em um material típico, cristalina pelas quais uma linha de átomos tem uma estrutura
aproximadamente 5 de local que difere da vizinhança.
cada 100 milhões de
átomos pertencem a Os defeitos de linha também são chamados de defeitos
um defeito de linha. Em
uma porção de material
extrínsecos, ou seja, sua presença não é necessária por razões
de 10 cm3, haverá termodinâmicas. Eles são criados devido às condições de
aproximadamente 1017 processamento e por forças mecânicas que atuam sobre o
átomos que pertencem a material. Estes estão quase sempre presentes nos cristais reais.
defeitos de linha.

Os defeitos de linha são chamados discordâncias


e têm uma forte influência sobre as propriedades
mecânicas dos metais e de alguns cerâmicos.

Este defeito interfere significativamente na deformação, falha e


rompimento dos materiais.

A quantidade e o movimento das discordâncias podem ser


controlados pelo grau de deformação (conformação mecânica)
e/ou por tratamentos térmicos no material.

Veja na figura 1.26 o esquema de uma discordância em aresta.


Perceba a falta de uma linha de átomos.

Figura 1.26 – Discordância em aresta.


Fonte: Disponível em <http://www.cimm.com.br>.

42
Ciência dos Materiais

Além das discordâncias em aresta, existem as discordâncias em


hélice ou helicoidais. A designação “hélice” para esse defeito
do reticulado deriva do fato de que os planos do reticulado
do cristal formam uma espiral na linha da discordância. Elas
normalmente se formam na superfície de um cristal durante o
seu crescimento.

Figura 1.27 – Discordância em hélice.


Fonte: Disponível em <http://www.cimm.com.bre>.

3.4 Defeitos planos ou interfaciais


Os materiais podem ainda apresentar defeitos em duas
dimensões, que se estendem ao longo da estrutura, gerando
imperfeições de superfície. Estes envolvem fronteiras (defeitos em
duas dimensões) e, normalmente, separam regiões dos materiais
de diferentes estruturas cristalinas ou orientações cristalográficas.
Como defeito em duas dimensões, temos os seguintes tipos:

„„ de supefície externa;

„„ de contorno de grão;

„„ de Maclas ou Twins.

- Conheça mais detalhes, a seguir.

Unidade 1 43
Universidade do Sul de Santa Catarina

Defeitos na superfície externa


As superfícies externas do material representam interfaces nas
quais o cristal termina abruptamente. Nesse caso, os átomos
dessas superfícies não estão completamente ligados, pelo que
teremos então ligações rompidas ou insatisfeitas na superfície.
Então o estado de energia dos átomos na superfície é maior que
no interior do cristal. Os materiais tendem a minimizar esta
energia.

Podemos entender melhor isto no exemplo


apresentado por Callister (2002) para os materiais.
No estado líquido, observamos que as gotículas
se tornam esféricas, as partículas vão assumindo
a forma que possui uma área mínima. É claro que,
com os sólidos, isto não acontece, pois eles são
mecanicamente mais rígidos. Então eles ficam mais
suscetíveis à corrosão, por exemplo, pois sempre
vai haver um elétron livre na superfície. É por isto
também que nós envelhecemos. Sempre há ligações
não completas em nossa superfície.

Defeitos de Contorno de grão


Essa parte corresponde à região que separa dois ou mais cristais
de orientação diferente em materiais policristalinos.

No interior de cada grão, todos os átomos estão arranjados


segundo um único modelo e uma única orientação, caracterizada
pela célula unitária. O material com apenas uma orientação
cristalina, ou seja, que contém apenas um grão, é chamado de
monocristal. Mas a grande maioria dos materiais cristalinos
utilizados em engenharia são policristalinos.

44
Ciência dos Materiais

Figura 1.28 – Grãos e contornos evidenciados pelo ataque químico.


Fonte: Disponível em <http://emc5711.klein.prof.ufsc.br>.

Na figura, podemos observar um material policristalino. Em


cada grão, a orientação cristalina é diferente do grão adjacente.
Nestas linhas (contorno de grão), os átomos precisam mudar
o ângulo de cristalização, então os átomos não ficam à mesma
distância uns dos outros, alguns ficam mais próximos, enquanto
outros ficam mais afastados. Veja o esquema da mudança de
inclinação dos átomos na figura 1.29.

Figura 1.29 – Esquema para representar o afastamento dos átomos no contorno de grão.
Fonte: Elaboração da autora, 2010.

Este movimento do átomo causa uma tensão na ligação. É por


isto que, quando fazemos uma análise em microscópio para
podermos enxergar os contornos de grão, nós mergulhamos
o material em uma mistura de ácidos por dez segundos. Este

Unidade 1 45
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ácido vai corroer, primeiro, a região de maior tensão no material


e, então, vemos na figura o contorno de grão salientado pelo
ácido. É que a luz do microscópio é espalhada por pontos
profundamente atacados (os contornos de grão). E, decorrência
disso, essas regiões se tornam mais escuras.

É possível controlar o tamanho de grão pela composição


química da mistura ou pela taxa (velocidade) de cristalização ou
solidificação.

No próximo capítulo, veremos que a formação de contornos


de grão é um dos métodos de controle das propriedades de um
metal. Podemos alterar a resistência mecânica de um material,
aumentando a quantidade de contornos de grão.

Como exemplo, podemos comentar que a redução


no tamanho do grão em uma liga de latão (70 %Cu
e 30% Zn) aumenta significativamente o limite de
escoamento deste material.

Defeitos de Twins - maclas ou cristais gêmeos


As maclas são um tipo especial de contorno de grão. Neste
caso, os átomos de um lado do contorno de grão são imagens
especulares dos átomos do outro lado do contorno. Observe a
ilustração abaixo.

Figura 1.30 – Esquema de maclas.


Fonte: Disponível em <http://www.e-agps.info/angelus/cap6/defeitos.htm>.

46
Ciência dos Materiais

O aparecimento deste fenômeno está geralmente associado à


presença de tensões térmicas e mecânicas, com o desvio da
estequiometria, além de impurezas. Askeland (2008) comenta
que as maclas interferem no processo de deslizamento dos átomos “A palavra vem do grego
e elevam a resistência mecânica do metal. stoikheion (elemento)
e metriā (medida, de
metron).[...] O termo
‘estequiométrico’ é
usado com frequência
3.5 Defeitos volumétricos em Termodinâmica
para referir-se à
Os defeitos tridimensionais são aqueles que ocupam um espaço ‘mistura perfeita’ de um
maior, ou seja, envolvem um grande volume de átomos. Estes combustível e o ar.”
podem ser de dois tipos: os poros e os precipitados.

Poros
Os poros são espaços vazios que aparecem no material, ou seja,
envolvem a falta de um volume de átomos.

Tais defeitos são especialmente indesejáveis em


materiais cerâmicos elétricos e magnéticos e, só por
isso, devem ser evitados. Mas eles são necessários em
outros tipos de materiais, como os isolantes térmicos
(tijolos refratários) ou mancais fabricados pela
metalurgia do pó.

Veja, por exemplo, a situação apresentada nas duas fotos de


microscópio da figura 1.31. Na figura 1.31a, você observa
a superfície de ferro puro durante o seu processamento por
metalurgia do pó. Ou seja, o pó de ferro é compactado a alta
pressão. Observe as regiões escuras: ali não há presença de
átomos. Na figura 1.31b, você pode ver o mesmo material depois
de ter passado por um forno aquecido, a 1150oC. Onde as esferas
do pó foram unidas, pode-se observar que os poros diminuíram
um pouco (não estão mais tão pretos, ou seja, não são tão
profundos), mas ainda estão presentes. Este processo de união
das partículas é chamado de sinterização.

Unidade 1 47
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a) b)
Figura 1.31 - a) Compactado de pó de ferro, compactação a 550 MPa b) compactado de pó de ferro
após sinterização a 1150oC, por 120min, em atmosfera de hidrogênio.
Fonte: Disponível em <http://www.cimm.com.br>.

Note que, embora a sinterização tenha diminuído a quantidade


de poros bem como melhorado sua forma (os poros estão mais
arredondados), ainda permanece uma porosidade residual.

Precipitados
Os precipitados são partículas de impurezas que se acumulam em
um material, formando duas fases com propriedades distintas.
Temos dois tipos de precipitados: as partículas de segunda fase e
as inclusões.

Para entendermos melhor a diferença entre estes dois


precipitados, vamos pensar em uma solubilização
de água e açúcar. Se adicionarmos uma colher de
açúcar a um copo de água, teremos uma solução
homogênea (significa que você vê apenas uma fase,
a água adocicada). Se continuarmos adicionando
o açúcar nesta mistura, vamos chegar a um ponto
em que veremos parte do açúcar no fundo do copo,
sem solubilização. Neste caso, chegamos ao ponto
de saturação da mistura. Nesta hipótese, você vê
duas fases diferentes (água adocicada e açúcar).
Nos sólidos, acontece o mesmo: a ocorrência de
uma segunda fase deve-se ao grau de solubilidade
entre os componentes da mistura. Nestes casos, os
precipitados são conhecidos como “partículas de
segunda fase.”

48
Ciência dos Materiais

A mistura água com açúcar foi feita de propósito. Então, nos


materiais, as partículas de segunda fase se formam, quando você
adiciona intencionalmente elementos de liga para aproveitar as
propriedades individuais das duas fases.

Imagine que uma abelha caiu na sua água com açúcar.


Agora, a água adocicada tem outra fase (a abelha) que
não nos interessa de forma alguma, nem para beber. A
abelha é um exemplo bem didático para entendermos
que algo pode ser adicionado ao material sem que
tenhamos a intenção que ele apareça. Neste caso,
chamamos esta segunda fase de “Inclusão”.

Veja, na figura 1.32, exemplos de precipitados.

Ferro fundido cinzento perlítico Inclusões de óxido de cobre (Cu2O) em cobre de alta
pureza (99,26%) laminado a frio e recozido a 800 oC.

Figura 1.32 – Exemplos de inclusões em materiais


Fonte: Disponível em <http://www.cimm.com.br>.

Na primeira foto, podemos observar a microestrutura de um


aço e a formação das partículas de segunda fase. Ela é composta
por veios de grafita (hexagonal) sobre uma matriz perlítica.
Cada grão de perlita, por sua vez, é constituído por lamelas
finas, dispostas alternadamente em duas fases: a ferrita (ferro-α,
estrutura CCC) e a cementita (carboneto de ferro, Fe3C, possui
estrutura cristalina ortorrômbica.).

Unidade 1 49
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As propriedades mecânicas da perlita são, portanto,


intermediárias entre as da ferrita e da cementita, dependendo,
entretanto, do tamanho das lamelas de cementita.

E, na segunda foto, você pode observar a formação de óxido de


cobre (Cu 2O) em uma matriz de cobre de alta pureza (99,26%).
A formação do óxido é indesejada, então temos a formação das
inclusões. Além da formação de óxidos, também podem aparecer
outras partículas como sulfetos e fosfetos, por exemplo. Elas são
decorrentes de reações de oxirredução entre o oxigênio do ar e os
metais componentes da mistura. Ou mesmo, advindas de reações
entre componentes da matéria-prima utilizada (por exemplo, o
enxofre que está presente no coque, que, por sua vez, é utilizado
na fabricação do aço) e os componentes da mistura.

Síntese

Nesta unidade, você estudou a classificação dos diferentes


materiais: falamos um pouquinho sobre os metais, os cerâmicos,
os polímeros, os compósitos, os semicondutores e os biomateriais,
e você também viu uma série de exemplos sobre cada um deles.

Você aprendeu ainda que os átomos em um material podem


ou não seguir uma distribuição espacial regular, o que deu
para notar que esta tendência inerente a todo material gerou
a classificação dos materiais em cristalinos, amorfos e
semicristalinos.

Seguindo este raciocínio, você aprendeu que a grande maioria


dos materiais de interesse comercial tem estrutura cristalina e
que, então, o estudo iria continuar sobre os materiais cristalinos.
Foi então definida uma série de conceitos, como o modelo das
esferas rígidas, ou o que é um cristal, e assim por diante. Estes
conceitos foram a base para você conhecer o sistema de Bravais,
quando estudou que os átomos podem assumir sete estruturas
geométricas diferentes, e que as mais comuns são a cúbica e a
hexagonal.

50
Ciência dos Materiais

Em seguida, você aprendeu que os arranjos cristalinos não são


perfeitos; que todos eles têm defeitos. E aprendeu também que
os defeitos não são ruins, apesar de o nome (erro) trazer esta
ideia. Em materiais é comum se forçar um defeito para melhorar
alguma propriedade. Nesta unidade, você ficou conhecendo
os diferentes tipos de defeitos formados no material, desde o
pontual até o volumétrico, e, finalmente, ficou sabendo um
pouco sobre a formação das ligas.

Espero que tenha gostado de tudo até aqui, porque ainda temos
muito para aprender, como: os defeitos presentes nos materiais
interferem no seu comportamento mecânico; compreender o
comportamento dos materiais referentes a solicitações do seu dia a
dia, ou seja, como um material reage a uma carga térmica, elétrica e
magnética.

Atividades de autoavaliação
1. O ferro puro é um dos elementos mais abundantes do Universo; o
núcleo da Terra é formado principalmente por ferro e níquel (NiFe).
Este material é utilizado extensivamente para a produção de aço para
ferramentas, máquinas, veículos de transporte (automóveis, navios,
etc.), como elemento estrutural de pontes, edifícios e uma infinidade de
outras aplicações. O ferro puro, ao ser resfriado, tem uma mudança de
CFC para CCC em 910ºC.
Explique o que é uma célula unitária do tipo CFC e CCC, não se esqueça
de dizer onde os átomos de ferro ficam alojados na estrutura.
Explique a diferença entre célula cristalina, cristal e grão.

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2. O aço inox é uma liga composta de ferro e carbono, onde se introduz


Cr para melhorar a resistência do material à corrosão. O ferro possui
um raio atômico de 0,1241nm, sua estrutura cristalina é do tipo CCC e
sua eletronegatividade é de 1,8. O cromo possui raio atômico de 0,1249
nm, sua estrutura cristalina é do tipo CCC e sua eletronegatividade é
de 1,6. Na formação do aço inox, o cromo formará uma solução sólida
substitucional ou intersticial? Explique sua resposta.

3. Você aprendeu que um material possui uma série de defeitos no seu


reticulado cristalino. Assinale “F” para falso e “V” para verdadeiro.
Quando você assinalar F, justifique sua resposta.

a. ( ) Discordância acontece, quando ocorre a falta de um volume de


átomos.
b. ( ) Os defeitos cristalinos aparecem na estrutura durante a preparação
do material, mas, por serem microscópicos, não interferem nas
propriedades dos materiais.
c. ( ) Os átomos de impurezas (ou ligas) podem ocupar o espaço de um
átomo pertencente à estrutura do cristal.
d. ( ) Um defeito intersticial só ocorre, quando um átomo maior ocupa
uma posição que não pertence à estrutura do cristal perfeito.
e. ( ) Contorno de grão é a região que separa dois ou mais cristais de
orientações diferentes, e os twins são imagens especulares dos
átomos do outro lado do contorno.

52
Ciência dos Materiais

4. A figura 1.33 é uma estátua de Bronze esculpida por Benvenuto Cellini,


encomendada pelo duque Cosmo I de Médici e, hoje, exposta, após
recente restauração, na Loggia dei Lanzi, em frente à Galleria degli
Uffizi, em Florença, sem dúvida um dos maiores monumentos da
Renascença. O material do qual é feita esta estátua é uma liga.

a) Diga que material é esse e qual o material base desta liga.


b) Defina: o que é uma liga?
c) Qual a finalidade de se criar uma liga?

Figura 1.33 – Perseu com


a cabeça da Medusa, de
Benvenuto Cellini.
Fonte: Disponível em <http://
fontanatrevi.blogspot.com>.

Saiba mais
Se você quiser saber mais sobre o assunto microestrutura dos
materiais, leia os livros:

ASKELAND, D.R; PHULÉ, P.P. Ciência e engenharia dos


materiais. Editora Cengage Learning, São Paulo, 2008.

CALLISTER, W.D. Ciências e engenharia de materiais. 5. ed.


LTC, São Paulo, 2002.

PADILHA, A.F. Materiais de engenharia – microestrutura e


propriedades. Editora Hemus,São Paulo, 1997.

Unidade 1 53
Universidade do Sul de Santa Catarina

Artigo

Se você tiver curiosidade sobre novos materiais, existe uma


revista eletrônica portuguesa que aborda sobre esta ciência, é
a Ciência Hoje. Leia, a seguir, um artigo que noticia um novo
material. É bem interessante.

Material sintético muda de cor ao deformar-se


Desenvolvido pela Universidade de Illinois, permite detectar pressão ou tração intensas

Cientistas da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos,


desenvolveram um material sintético que muda de cor quando
está prestes a deformar-se ou a ceder e que, no futuro, poderá
ser integrado na aviação e na construção de pontes, para evitar
acidentes.
O material foi obtido mediante a incorporação, num polímero
(que é uma macromolécula natural ou artificial), de moléculas
mecanicamente sensíveis designadas por “mecanoforos”, que -
perante uma pressão ou tração intensa - desencadeiam reação
química que os torna vermelhos ou roxos.
“Os revestimentos destes polímeros podem, em teoria, vir a ser
usados para indicar quando uma estrutura como uma ponte está
a ser submetida a uma tensão excessiva”, explicou Nancy Sottos,
docente de engenharia que dirigiu um estudo publicado na
revista científica Nature.
Esta foi a primeira vez que se incorporou este tipo de moléculas
em materiais sólidos poliméricos e o desafio seguinte passa por
“desenvolver novos mecanoforos que possam ser introduzidos
num polímero e que tenham a capacidade de autorregenerar-se”,
afirmou Sottos.
Nos polímeros utilizados nas peças de um avião, estas qualidades
podem avisar de uma falha potencial, reduzir a extensão do dano
e até repará-lo para evitar uma catástrofe, sustenta o estudo.

Fonte: Disponível em <http://www.cienciahoje.pt/43>. Acessado em 30


jun. 2010.

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