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CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA - JUNHO/ 2021 1

• Polícia Militar da Bahia - PMBA

• Centro de Formação e Aperfeiçoamento


de Praças - CFAP

• Divisão de Ensino

CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS


Apostila de Socorro de Urgência – Módulo I

Salvador / Bahia - Brasil, 28 de Junho de 2021


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Direitos desta edição reservados ao

CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DE PRAÇAS - CFAP ©


ESTABELECIMENTO CEL PM JOSÉ IZIDRO DE SOUZA NETO
Criado em 06/03/1922, com missão de formar exclusivamente Graduados instituída
através de publicação do Estado da BAHIA, Lei nº 20.508 de 19/12/1967.

Direção do CFAP
Diretor - Cel PM Alfredo José Souza Nascimento
Diretor Adjunto -Ten Cel PM Lucas Miguez Palma

Equipe Pedagógica
Chefe da Divisão de Ensino: Maj PM Helena Carolina Jones da Cunha
Coordenadora dos Batalhões-Escola: Maj PM Karina Silva Seixas
Instrutor–Chefe: Cap PM Guttemberg Loiola de Carvalho dos Santos
Seção Técnica Pedagógica e Design: Sub Ten PM Karina da Hora Farias
Seção Técnica Pedagógica: Sub Ten PM Lindinalva Brito da Silva

Créditos de Autoria e Atualização


Apostila atualizada pela 1ª Sgt PM Jaciara Estrela da Silva - Colaboradora CFAP.

VENDA PROIBIDA. A reprodução e divulgação do material é permitida mediante citação da


fonte; nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida, copiada, transcrita ou mesmo
transmitida por meios eletrônicos ou gravações, para fins não educacionais, comerciais ou ilícitos.
Os infratores serão punidos com base na Lei nº 9.610/98.

Impresso no Brasil / Printed in Brazil


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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..................................................................................................................4

2. NOÇÕES DE ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANA ......................................... 5

3. CONCEITOS DO ÂMBITO DA SAÚDE ..................................................................... 8

4. LEGISLAÇÃO PERTINENTE ......................................................................................... 9

5. PROVIDÊNCIAS INICIAIS NO LOCAL DO ACIDENTE.................................. 14

6. ABORDAGEM A VÍTIMA ............................................................................................. 18

7. SUPORTE BÁSICO DE VIDA ..................................................................................... 24

8.ATENDIMENTO AO TRAUMATIZADO .................................................................. 34

9. CONVULSÃO ................................................................................................................... 36

10. PREVENÇÃO DO SUICÍDIO ..................................................................................... 39

REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 46

1.INTRODUÇÃO
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Busca-se através desse material, norteá-lo quanto à importância dos


cuidados com a vida e o mínimo conhecimento sobre socorro em caso de urgência
e, o emprego de técnicas que façam o grande diferencial para a salvaguarda da
vida das pessoas da sociedade e até em situações que envolvam a própria família,
o que vem ocorrendo com frequência.
Noções de primeiros socorros e anatomia para policiais militares
complementam a formação de auto-socorro durante o curso de formação,
levando conhecimento sobre os procedimentos básicos que podem subsidiar o
policial em ações corriqueiras tornando-o apto a atuar em ações de primeiros
socorros.
É importante pontuar que é um curso de noções básicas que traz
ações simples, não invasivas, mas que podem fazer a diferença entre a vida e a
morte de uma vítima, em especial, quando o tempo do atendimento seja o
diferencial no resultado.
Deste modo, traremos pontos que tentam retratar as diversas
situações pelas quais um policial pode passar em suas funções diárias, ao
passo, que sugerimos que todos aproveitem essa oportunidade para aprender
e se tornar um multiplicador de conhecimento sobre primeiros socorros.

Bons estudos e boa sorte!


Equipe CFAP

2. NOÇÕES DE ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANA


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CÉLULA
É a menor parte dos seres vivos com forma e função definidas.
Considerada a unidade funcional e estrutural dos seres vivos, isolada ou
junto com outras células forma todo o ser vivo ou parte dele. 70% do
volume celular são compostos por água, que dissolve e transporta
materiais na célula e participa de inúmeras reações bioquímicas.

TECIDOS
São conjuntos de células semelhantes que atuam para desempenhar uma
mesma função. Não são encontrados isoladamente no corpo, estando
sempre associados uns aos outros, formando órgãos e sistemas.
Principais: tecido epitelial, conjuntivo, muscular e nervoso.

ÓRGÃOS
É uma estrutura composta por vários tipos de tecidos que se associam
para realizar uma mais função especifica ou grupo de funções. Exemplo:
O intestino contém vários tipos de tecidos que o permitem executar as
funções relacionadas à digestão.

SISTEMAS
Conjunto de órgãos, que, juntos, realizam funções essenciais para a manutenção da
vida.

Exemplo: Sistema musculoesquelético, circulatório, respiratório.


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SISTEMA MÚSCULO ESQUELÉTICO

É formado pelos ossos, articulações, músculos esqueléticos e


tendões. Tem as funções de sustentação, proteção e a de
permitir o movimento.
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SISTEMA CIRCULATÓRIO

É composto pelo coração,


pelos vasos sanguíneos e pelo
sangue, que é o fluido
movimentado sob pressão. A
função principal do coração é
bombear sangue para todo o
corpo levando O² e nutrientes e
eliminar CO².

SISTEMA RESPIRATÓRIO

É composto pelos pulmões e pelas vias


aéreas. Função captar e efetuar as trocas
de O² e CO² entre o corpo humano e a
atmosera.

SISTEMA NEUROLÓGICO

É composto pelo encéfalo, medula espinhal,


nervos periféricos e órgãos dos sentidos.
Função captar informações, mensagens e
demais estímulos e respondê-los, comanda a
execução de todos os movimentos do corpo
sejam eles voluntários ou involuntários. A
interrupção da medula causa isolamento do
segmento corporal no vível e abaixo da lesão
desaparecendo a sensibilidade a capacidade
de movimento.
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3. CONCEITOS DO ÂMBITO DA SAÚDE

a. ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR: Atendimento emergencial realizado em


ambiente extra-hospitalar, que tem por finalidade chegar precocemente à vítima,
após ter ocorrido um agravo à sua saúde (de natureza clínica, cirúrgica, traumática,
inclusive as psiquiátricas), que possa levar a sofrimento, sequelas ou mesmo à morte,
sendo necessário, portanto, prestar-lhe atendimento e/ou transporte adequado a um
serviço de saúde devidamente hierarquizado e integrado ao Sistema Único de Saúde.
Pela legislação brasileira existe dois tipos de APH, o fixo e móvel. (Ministério da
Saúde, Portaria 2048/2002).

b. PRIMEIROS SOCORROS: São os procedimentos prestados, inicialmente, àqueles


que sofreram acidentes ou doença, com a finalidade preservar a vida, aliviar o
sofrimento, prevenir o agravamento do seu estado e promover sua recuperação, até a
chegada de ajuda especializada. É um atendimento imediato e provisório.( American
Heart Association AHA, 2020)

c. ACIDENTE: Qualquer evento súbito, indesejável e inesperado que causa ou


possa vir a causar danos pessoais, materiais, financeiros ou ao meio ambiente,
havendo perdas significativas.

d. INCIDENTE: Evento inesperado, potencialmente perigoso acontece, mas por


alguma circunstância favorável não causa da nos. Ex: uso de EPIs.

e. SINISTRO: É a perda parcial ou integral de um bem após um acidente, ou seja,


que exige a reparação de um dano (em alguns casos, é usado como sinônimo de
acidente que lesou alguma propriedade, bem material);

f. VÍTIMA: Pessoa que sofreu um acidente, mal súbito, dano ou prejuízo qualquer.

g. PACIENTE: Vítima já atendida pelo socorrista ou sendo atendida, com prontuário


parcialmente preenchido.

h. SOCORRISTA: Pessoa que recebeu treinamento adequado para prestação de


socorro às vítimas em situação de risco, a fim de beneficiar sua saúde e vida antes
que ela tenha o atendimento médico especializado.

i. DOENÇA: Conjunto de sinais e sintomas específicos que afetam o ser vivo, alterando
o seu estado normal de saúde.
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j. AGRAVO: Significa qualquer dano à integridade física, mental e social dos


indivíduos provocado por circunstâncias nocivas, como acidentes, intoxicações, abuso
de drogas, e lesões auto ou heteroinfligidas.

k. URGÊNCIA: Ocorrência imprevista de agravo à saúde com ou sem risco


potencial à vida, cujo portador necessita de assistência médica imediata. (Conselho
Federal Medicina).

l) EMERGÊNCIA: Constatação médica de condições de agravo à saúde que


impliquem em risco iminente de vida ou sofrimento intenso, exigindo, portanto,
tratamento médico imediato.(Conselho Federal Medicina)

m) SUPORTE BÁSICO: Consiste no conjunto de medidas e procedimentos de


primeiros socorros não invasivos, realizados por profissionais de Atendimento Pré-
hospitalar ou não.(Ex: primeiro socorro de policiais militares) com o objetivo principal
o não agravamento das lesões já existentes, além de não gerar novas lesões.

n)SUPORTE AVANÇADO: Consistem em um conjunto de manobras invasivas


(procedimentos cirúrgicos, administração de medicamentos, etc ) realizados por
profissional médico e equipe de enfermagem com auxílio de equipamentos,
visando à estabilização de um paciente.( Ex: atendimento do Samu ou hospitalar)

o)SINAIS DE APOIO: São sinais encontrados na vítima ou paciente que nos


auxiliam na avaliação do quadro geral, mas que não devem ser analisados de forma
exclusiva. Principais sinais de apoio: dilatação e reatividade das pupilas, cor e
umidade da pele, nível de consciência, mobilidade e sensibilidade corporal.

p)SINTOMAS: São manifestações ou queixas relatadas pela vítima ou paciente,


dependendo da sua verbalização e que auxiliam o médico a estabelecer um
diagnóstico.

4. LEGISLAÇÃO PERTINENTE

4.1 CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL – 1988

Art. 196 - A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante


políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros
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agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção,


proteção e recuperação.

4.2 CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DA BAHIA – 1989

Art. 148. À Polícia Militar, força pública estadual, instituição permanente,


organizada com base na hierarquia e disciplina militares, competem, entre outras,
as seguintes atividades:

I - polícia ostensiva de segurança, de trânsito urbano e rodoviário, de

florestas e mananciais e a relacionada com a prevenção criminal, preservação,


restauração da ordem pública e defesa civil;
II - a prevenção e combate a incêndio, busca e salvamento a cargo do Corpo de Bombeiros
Militar.

4.3 PORTARIA N.º 2048/2002 - GABINETE DO MINISTÉRIO DA SAÚDE

A Portaria n.º 2048/2002 de 05 DE NOVEMBRO DE 2002, regulamenta os


Sistemas Estaduais de Urgência e Emergência; estabelece os princípios e
diretrizes dos Sistemas Estaduais de Urgência e Emergência, as normas e
critérios de funcionamento, classificação e cadastramento de serviços e envolve
temas como a elaboração dos Planos Estaduais de Atendimento às Urgências e
Emergências, Regulação Médica das Urgências e Emergências, atendimento pré-
hospitalar, atendimento pré-hospitalar móvel, atendimento hospitalar, transporte
inter-hospitalar e ainda a criação de Núcleos de Educação em Urgências e
proposição de grades curriculares para capacitação de recursos humanos da área.
Este Regulamento é extensivo ao setor privado que atue na área de urgência
e emergência, com ou sem vínculo com a prestação de serviços aos usuários do
Sistema Único de Saúde.
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4.4 DEFINIÇÃO DOS RESPONSÁVEIS PELO ATENDIMENTO DE


URGÊNCIA

a) PROFISSIONAIS DE SEGURANÇA: Policiais militares, rodoviários ou


outros profissionais, todos com nível médio, reconhecidos pelo gestor público da
saúde para o desempenho destas atividades, em serviços normatizados pelo SUS,
regulados e orientados pelas Centrais Públicas de Regulação Médica das
Urgências.

Atuam na identificação de situações de risco, exercendo a proteção das


vítimas e dos profissionais envolvidos no atendimento. Fazem resgate de vítimas de
locais ou situações que impossibilitam o acesso da equipe de saúde. Podem realizar
suporte básico de vida, com ações não invasivas, sob supervisão médica direta ou à
distância, sempre que a vítima esteja em situação que impossibilite o acesso e
manuseio pela equipe de saúde, obedecendo aos padrões de capacitação e atuação
previstos neste Regulamento.

b)BOMBEIROS MILITARES: Profissionais Bombeiros Militares, com nível


médio, reconhecidos pelo gestor público da saúde para o desempenho destas
atividades, em serviços normatizados pelo SUS, regulados e orientados pelas
Centrais de Regulação.

Atuam na identificação de situações de risco e comando das ações de


proteção ambiental, da vítima e dos profissionais envolvidos no seu atendimento,
fazem o resgate de vítimas de locais ou situações que impossibilitam o acesso da
equipe de saúde. Podem realizar suporte básico de vida, com ações não invasivas,
sob a supervisão médica direta ou à distância, obedecendo aos padrões de
capacitação e atuação previstos neste Regulamento.
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4.5 CÓDIGO PENAL BRASILEIRO (CPB)


( DECRETO LEI Nº 2.848, DE 07 DE DEZEMBRO DE 1940)

Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança
abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em
grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública
(artigo 135 do CPB).

Deve-se observar que o crime prevê, alternativamente, a ocorrência de duas


condutas. Comete o delito tanto àquele que se omite de prestar o socorro, bem
como aquele que, não tendo condições de prestar o auxílio de forma direta, não
aciona a autoridade pública para fazê-lo.

Nesse delito, o bem jurídico tutelado é a vida e a saúde do indivíduo. O


sujeito ativo pode ser qual quer pessoa (crime comum) e o sujeito passivo é a
pessoa em grave ou iminente perigo. A consumação ocorre com a situação
concreta de risco – vítima adulta, ou em se tratando de criança abandonada ou
extraviada – perigo abstrato (presumido).

O socorrista não deverá se submeter a risco pessoal, porém, é importante


lembrar que se o agente tinha obrigação de cuidado ou de atuar na situação, ele
poderá ser alcançado juridicamente se com omissão agir.

Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão


corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta em morte.

“Todo cidadão é obrigado a prestar auxílio a quem esteja necessitando, tendo três
formas para fazê-lo: atender, auxiliar quem esteja atendendo ou solicitar auxílio”

O policial pode solicitar esse auxílio entre as pessoas presentes para prestar socorros a
terceiros, havendo recusa deverá ter seus dados registrados, para responsabilização.
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Se, o administrador ou funcionário (ou qualquer outra pessoa responsável


pelo atendimento, como médicos ou enfermeiros) caso exija qualquer garantia
(cheque-caução ou nota promissória, por exemplo) como condição para o
atendimento de pessoa que necessite de atendimento médico-hospitalar
emergencial, ele incorrerá no crime do art. 135-A do CPB:

Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial

Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem


como o preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o
atendimento médico-hospitalar emergencial:

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.

Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da negativa de atendimento


resulta lesão corporal de natureza grave, e até o triplo se resulta a morte.

Se tratando de omissão de assistência a idoso, aplica-se o art. 97 da Lei n.º


10.741/2003 (Estatuto do Idoso):

Art. 97.Deixar de prestar assistência ao idoso, quando possível fazê-lo sem risco
pessoal, em situação de iminente perigo, ou recusar, retardar ou dificultar sua
assistência à saúde, sem justa causa, ou não pedir, nesses casos, o socorro de
autoridade pública:

Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.

Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omissão resultar em lesão


corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta em morte.

4.6 CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO (CTB)


( LEI N.º 9.503 DE 23 DE SETEMBRO DE 1997)

Também registra a previsão do delito de omissão de socorro no art. 304,


estabelecendo que este é crime próprio na condução de veículos automotores,
logo, só pode ser cometida pelo condutor:
Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato
socorro à vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de
solicitar auxílio da autoridade pública:
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Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir


elemento de crime mais grave.

Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo,
ainda que a sua omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com
morte instantânea ou com ferimentos leves.

5. PROVIDÊNCIAS INICIAIS NO LOCAL DO ACIDENTE

A atuação do profissional de segurança pública em diversos tipos de


acidentes, é seguida de uma padronização na realização do atendimento, o que
regula as ações de primeiros socorros de forma coordenadas e fáceis de serem
adotadas em momentos de crise.

Dentro desta perspectiva o primeiro ponto que deve ser observado é


exatamente a segurança do socorrista e equipe, pois parte-se do pressuposto que se
uma pessoa enquanto socorrista não consegue manter sua segurança não
conseguirá manter a segurança de terceiros, nem terá êxito no atendimento a
vítimas, logo, as duas primeiras tarefas a fazer é exatamente CHAMAR AJUDA e
SINALIZAR A VIA para evitar outros acidentes e engavetamentos fatais.

CHAMAR AJUDA

PM 190 – Polícia Militar

Corpo de Bombeiros - 193


SAMU - 192

Transeuntes que estão passando no local ou ainda, Polícia Rodoviária local se houver
próxima, Guarda Municipal, etc.

Convém ao policial ter o telefone da sede da Polícia Militar do local onde costuma
transitar, independente do número de emergência.
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A primeira ação a fazer é chamar ajuda, sendo imprescindível esta ação antes de
socorrer ou intervir em qualquer situação de socorro. O suporte a ação do policial
militar precisa ser provocado imediatamente e, nos locais que não houver meios de
telefonia ou recursos de comunicação (ex: estradas sem sinal de telefonia), os
transeuntes ou outros motoristas deverão ser acionados para atuar como
comunicador do acidente, deslocando para pedir socorro.

4.1 PADRONIZAÇÃO DAS AÇOES PARA ATENDIMENTO NO LOCAL DO


ACIDENTE

 Manter a calma; o nervosismo dificulta na tomada de decisões e prejudica o


atendimento até para pessoas com experiência em primeiros socorros;
 Avaliação da cena e riscos potencias, informa-se sobre a situação;
 Pedir ajuda: informar sobre as vítimas e suas condições, se depende de algum recurso
especial;
 Isolar o local da ocorrência, havendo vítima fatal, cobrir e preservar o local;
 Sinalizar “ de modo eficaz” seguindo distância adequada e atentar para as curvas;
 Desviar o trânsito, preocupando-se com a segurança do socorrista e equipe;
 Zelar pela segurança; do socorrista, da equipe, do local e vítima;
 Relacionar testemunhas, relatos iniciais relevantes entre os transeuntes.

PEÇA SOCORRO! Acionar socorro é a garantia da chegada de equipe


especializada, com transporte adequado para remoção da vítima dentro da hora crítica ,
que aumenta o tempo de sobrevida dos envolvidos no acidente. O pedido de socorro deve
ser objetivo e suas orientações as mais corretas possíveis, devendo conter as seguintes
informações:
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INFORMAÇÕES DO PEDIDO DE SOCORRO

 Identificação pessoal;
 Tipo de acidente;
 Local exato do acidente, com pontos de referencias facilmente
localizáveis;
 Quanto tempo, como foi, e como se encontra a cena do acidente;
 Número de vítimas envolvidas e estado aparente delas.

b) IDENTIFIQUE E NEUTRALIZE OS RISCOS DO AMBIENTE

Nos ambientes em que ocorrem acidentes diversos, potencializa perigo e


risco de novos acidentes pode comprometer a vida dos socorristas, das vítimas e
dos curiosos. Sendo classificados como:

 Ambiente com risco vigente: São aqueles em que o perigo está presente,

a exemplo de acidente de transito envolvendo carga perigosa.

 Ambiente com risco iminente: Significa que o ambiente oferece risco

imediato, a qualquer momento da atuação, o socorrista poderá se expor a riscos e


para tanto, deve estar preparado para enfrentar todas as situações possíveis, a
exemplo de acidentes sob chuva com risco de desabamento, queda de árvores e de
raios.
 Ambiente com risco controlado: O ambiente está com níveis de

segurança estáveis, porém as ações devem ser baseadas em atitudes cautelosas.

ALGUMAS SITUAÇÕES QUE OFERECEM RISCOS:


 Áreas com risco de vazamento de produtos químicos;
 Áreas com risco de choque elétrico;
 Áreas com risco de desmoronamentos;
 Áreas com risco de vazamentos de gases tóxicos, asfixiantes e inflamáveis;
 Áreas um risco de afogamentos;
 Áreas com risco de quedas.
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Diante de tantas possibilidades de acidentes, as maneiras de diminuir os


riscos da sua concretização é a realização de ações visando garantir a segurança
do local e de todos os envolvidos para realização do trabalho.

Avaliar e atuar sobre o acidente através de ações como:

 Observar o tipo de acidente, como aconteceu ou está acontecendo e quais


riscos ainda permanecem no local;
 Tomar as precauções necessárias para evitar que novos acidentes ocorram,

provocados por situações como vazamentos de gases, descargas elétricas,


desmoronamentos, contaminação com produtos químicos, quedas e diversas
outras situações presentes no local.

c) BIOSSEGURANÇA

Condição de segurança alcançada por um conjunto de ações


destinadas a prevenir, controlar, reduzir ou eliminar riscos inerentes às atividades que
possam comprometer a saúde humana, animal e o meio ambiente. (Anvisa)

Nos atendimentos, os socorristas estão constantemente expostos ao risco


de contato com sangue, saliva e outros fluídos corpóreos que constitui ameaça de
contaminação por infecções, assim como também, o ato de deixar o material usado
no socorro exposto no local, torna-o um método de infecção para outras pessoas.

Os socorristas devem usar, em todo e qualquer atendimento usar


equipamentos de proteção indivual como: luvas, máscaras, óculos e aventais ou
gandolas estendidas e ao término do socorro, recolher todos os materiais usados e
dá-lhes o descarte correto, principalmente os contaminados e perfuro-cortantes.
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6. ABORDAGEM A VÍTIMA

A avaliação inicial precede todo e qualquer tratamento. O socorrista deve


primeiro saber qual o quadro da vítima e quais as lesões que podem levar a morte
iminente. Fazendo esta avaliação, ele conseguirá estabelecer prioridades de
tratamento, que inicialmente é realizada pela primeira equipe que chega ao acidente,
assim passando informações de extrema importância ao socorro especializado.

6.1 PRIORIDADES NO ATENDIMENTO AS VÍTIMAS

São pontos que devem ser levados em consideração no momento da


abordagem a vítima, bem como definir as prioridades do atendimento. Seguindo três
princípios básicos : triagem, tratamento , transporte e para a plenitude desses princípios
é necessário que haja comando, comunicação e controle, indispensáveis para o sucesso
do atendimento.

1- Como chegar até a vítima: Vítima ao solo o socorrista deve se aproximar

sempre na direção dos pés para cabeça, assim evita o risco da vítima perceber a
aproximação do socorrista e fazer um movimento brusco o que pode lesionar ou
agravar uma lesão já existente;
Ao verificar a responsividade é interessante que se toque a vítima com ambas
as mãos ao tempo em que se faz o chamamento da vítima...

Identifique-se: diga seu nome, que é socorrista, treinado em primeiros


socorros e estar ali para ajudá-lo.
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...“Oi, qual seu nome, o que aconteceu?”

2- Verificação de responsividade: realizada através da identificação do AVDI:

A- Alerta: vítima em estado de consciência, atenta ao socorrista;

V- Responde a estímulos Verbais: a vítima que atende ao chamamento realizado


pelo socorrista;
D- Responde a estímulos Dolorosos: a vítima que recobrou a consciência a partir
de um estímulo doloroso;
I- Inconsciente: a vítima não responde a nenhum dos estímulos anteriores

ATENÇÂO: Vítima consciente › vítima acordada

Vítima orientada › vítima situada no tempo e espaço

6.2 SINAIS VITAIS ( PARÂMETROS DE REFRÊNCIA)

São considerados os principais indicadores do estado de saúde da vítima. É uma


ferramenta básica para eficácia e segurança no atendimento. Estabelece os
parâmetros de normalidade ou anormalidade, da gravidade ou não das lesões
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sofridas pelo acidentado, servindo para mensurar a efetividade de uma intervenção,


bem como a alteração do quadro clínico.

Os sinais vitais importantes para os socorristas:

● Respiração (Frequência Respiratória, FR)


● Pulso (Frequência Cardíaca, FC)
● Temperatura corporéa ( T°C
● Pressão Arterial (PA) (lembrando que a P.A. será avaliada por uma equipe
especializada ou socorrista com esfigmomanômetro)
● Temperatura corpórea (T°C)

O estado de consciência evidência normalidade ou gravidade, a depender dos


achados. Quando uma vítima encontra-se inconsciente, precisamos avaliar seus
sinais vitais de maneira a confirmar sua presença e qualidade.

Respiração

O sistema respiratório tem a função de suprir o organismo de oxigênio através da


inspiração e expiração, deixando desta forma os pulmões em condições de permitir
ao sangue realizar as trocas gasosas ou hematose, para em seguida distribuir o
oxigênio para todo o corpo.

• Uma vez que a respiração pare, o coração também parará de bater pouco segundos
depois;
• Após alguns minutos começarão os danos irreversíveis as células do
cérebro, por conta da hipóxia, ou seja, falta de oxigenação, e acima de dez minutos
a morte cerebral provavelmente está instalada e é irreversível;
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Tabela de Frequência Respiratória normal:

Bebês (Neonato) 30 a 60 irpm Lactente 30 a 50 irpm


Pré Escolar ( 2 anos) 25 a 32 irpm Criança 20 a 30 irpm
Adolescentes 16 a 19 irpm Adulto 16 a 20 irpm

Fonte: Ministério da Saúde 2020

Observações: FR – nº de ciclos respiratórios por minuto (irpm);

O ciclo é composto pela inspiração e expiração, ou seja, para se completar


um ciclo teremos uma expiração e uma inspiração.

Terminologia usada na avaliação da respiração.

Dispnéia: respiração difícil, trabalhosa ou curta.

Ortopneia: incapacidade de respirar facilmente, exceto na posição ereta.

Taquipneia: respiração rápida, acima dos valores normais.

Bradipneia: respiração lenta, abaixo da normalidade.

Apneia: ausência de respiração.

Eupneia: respiração dentro dos parâmetros normais.

Circulação

O sistema circulatório é ou cardiovascular, formado pelo coração e vasos sanguíneos, é


responsável pelo transporte de nutrientes e oxigênio para as diversas partes do corpo.

O pulso é uma avaliação periférica da frequência e ritmo dos batimentos cardíacos.

Tabela de Frequência Cardíaca normal ( Pulso)


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Neonato 120 a 160 bpm 1 a 12 meses 80 a 140 bpm


1 a 2 anos 80 a 130 bpm 3 a 6 anos 75 a 120 bpm
7 a 12 anos 75 a 110 bpm Adolescentes e 60 a 90 bpm
adultos
Fonte: Ministério da saúde 2020

Observação: Alguns fatores podem alterar a circulação não representando


necessariamente uma patologia como : emoções, digestão, exercício físico, entre
outros.

Ou serem patológicos: Febre e doenças agudas – aceleram


Choque - diminui

Cuidados a serem tomados:

- Evitar verificar pulso em membros lesionados;


- Nunca usar o dedo polegar, e sim os dedos indicador e médio, com suas polpas digitais;
- Não fazer pressão forte sobre a artéria;
- Em caso de dúvida, repetir a contagem.
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Terminologia usada na avaliação do pulso.

Normocardia: valores dentro dos parâmetros de referência.


Taquicardia: maior que os valores de referência.
Bradicardia: menor que os valores de referência.

Regularidade: rítmico ou arrítmico

Temperatura

Os seres humanos são animais de sangue quente e logo necessita de uma


temperatura corporal mínima para sobreviver, por isso verifique sempre a
temperatura da pele das vítimas. Geralmente utiliza-se a região frontal do
paciente usando o dorso da mão.

Tabela de paramêtro de temperatura

Afebril 35 a 36ºC Febre discreta 37,1 a 38ºC


Febril 38,1 a 39ºC Pirexia (febre 39,1 a 40ºC
alta)
Hiperpirexia (muito alta) Acima de Hipotermia Abaixo de 35ºC
40ºC
Fonte: ministério da Saúde 2020

A temperatura da pele serve como indicativo para situações diversas, tais como:

 Pele fria e úmida: Estado de choque, hemorragia;


 Pele fria e seca: Exposição ao frio;
 Pele fria e suor pegajoso: Estado de Choque, ataque cardíaco e ansiedade;
 Quente e seca: Febre alta e exposição ao calor;
 Quente e úmida: Infecção.
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7. SUPORTE BÁSICO DE VIDA

Conforme as Diretrizes da American Heart Association (AHA) (2020),


consiste em um conjunto de medidas voltada à redução do dano ou risco de morte
associado a eventos cardiovasculares, em especial, à parada cardiorrespiratória (PCR) não
traumática em ambientes extra ou intra-hospitalar. È utilizado por leigos, socorristas e
profissionais, o SBV, orienta medidas de suporte às vítimas até a chegada dos Serviços
Médicos de Emergência ou da Equipe de Suporte avançado de vida. São padronizados
dentro das seguintes faixas etárias:

- Recém Nascido: do nascimento até 28 dias;

- Bebê: entre 29 dias até 1 ano de idade (12 meses);

- Criança: acima de 1 ano até idade de adolescência ou puberdade a ser


definida pela presença de características sexuais secundárias (ex.: seios
desenvolvidos, pêlo na axila, etc.);
- Adulto: a partir da adolescência.

Para leigos (pessoas que não atuam na área de saúde), aplica -se a faixa etária de 1 a
8 anos para criança. É recomendável, entretanto, que se observe a estrutura física da
vítima antes de executar algum procedimento.

7.1 RESPIRAÇÃO ARTIFICIAL

Processo mecânico realizado para oferecer oxigênio e restabelecer a respiração de


uma vítima, que estar inconsciente e não respira, realizado imediatamente nos casos
de asfixia e parada cardiorrespiratória, aumentando as chances de sobreviver, trata-se
de uma técnica simples em que o socorrista procura apenas encher os pulmões do
acidentado com utilização de aparelho específico, ou seja máscara específica ou ambu.
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Obs: O procedimento de respiração artificial em que o socorrista

coloca a boca na boca da vítima não é mais recomendado tendo

em vista os riscos de contaminação.

Técnica:

 Posicionar-se ao lado da vítima e colocá-la de barriga para cima, desde que não
exista suspeita de lesão na coluna;

 Inclinar a cabeça da vítima, elevando o queixo com os dedos, tampar as narinas


evitando que o ar ofertado escape.

 Afaste a boca para permitir a expulsão do ar e esvaziamento dos pulmões da vítima.

 Encaixar a máscara sobre o nariz e boca da vítima, com parte mais estreita sopre o
ar por 1 segundo fazendo o peito elevar-se.

 repita a manobra quantas vezes for necessário, procurando manter um


ritmo de no mínimo 12 respirações por minuto.
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7.2 PARADA CÁRDIORESPIRATÓRIA (PCR)

PCR é a interrupção temporária das funções do coração e do pulmão


que resulta na cessação total da distribuição de oxigênio e sangue no
organismo. Apresenta-se como a ausência de pulso em artéria de grosso
calibre em paciente inconsciente e que não respira.

7.3 IDENTIFICAÇÃO DE UMA PCR


O socorrista deverá observar:

 Ausência de pulso palpável,


 Ausência de movimentos respiratórios;
 Inconsciência do paciente;
 Cianose, coloração azul-arroxeada de pele e mucosas
 Ausência de resposta a estímulo.

É importante estar atento a um fenômeno chamado respiração agonal ou


gasping, que nada mais é que o início de uma PCR que se apresenta como
uma respiração ruidosa. Isso pode confundir o socorrista e levá-lo a achar que
se trata de uma dificuldade respiratória. Portanto, sempre busque pelo pulso
de grosso calibre e não o encontrando inicie as compressões.

Cadeia de sobrevivência PCR, extra hospitalar adultos


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Obs¹: Se tiver dúvidas, considere o paciente como em PCR.

7.4 TIPOLOGIA DA PCR

A PCR pode ocorrer, por diminuição dos níveis de oxigênio do corpo


ou pela diminuição do volume sanguíneo. Em se tratando de PCR em adultos
na maioria dos casos a tipologia será por perda sanguínea, por conta disso, as
ações de primeiros socorros dão uma ênfase maior nas compressões em
relação à compressão. Já em se tratando de bebês a possibilidade de uma PCR
por diminuição de oxigênio se torna considerável, o que justifica a mudança
nas formas de atuação para este tipo de caso, iniciando com a ventilação
artificial.

7.5 PROCEDIMENTOS INICIAIS APÓS O RECONHECIMENTO DE UMA PCR

 Solicitar ajuda;
 Colocar a vítima em decúbito dorsal
horizontal, em uma superfície plana e dura;
 Manter a cabeça e o tórax no mesmo plano;
 Iniciar suporte básico de vida (CABD primário)

C - Compressões Torácicas; comprimir o tórax de forma a realizar uma pressão


intratorácica que faça o coração bombear sangue para os órgãos vitais;

A - Abertura das Vias Aéreas; manter as vias aéreas permeáveis para a passagem do
ar;
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B - Boa ventilação, aporte de oxigênio, ventilar os pulmões da vítima para garantir


um mínimo de troca de ar;

D - Desfibrilação; aplicação de um choque no coração para normalizar os batimentos


cardíacos que entram em movimentos descompassados como a fibrilação ventricular e a
taquicardia ventricular.

7.6 REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR

Conjunto de manobras realizadas para restabelecer a ventilação pulmonar e


a circulação sanguínea, tais como, respiração artificial e massagem cardíaca
externa, manobras essas utilizadas nas vítimas em parada cardiopulmonar.

7.7 COMO REALIZAR AS COMPRESSÕES TORÁCICAS:

Os aspectos principais a serem observados na compressões são:


freqüência, profundidade, retorno do tórax a cada compressão interrupção
mínima.

• Posicione-se ao lado da vítima e mantenha seus joelhos com certa


distância um do outro, para que tenha maior estabilidade.

• Afaste ou se necessário corte a roupa da vítima, para deixar o tórax desnudo.

• Coloque a região hipotenar de uma mão sobre a metade inferior do esterno


da vítima e a outra mão sobre a primeira, entrelaçando-o.
• Estenda os braços e os mantenha cerca de 90° acima da vítima .
• COMPRIMA NA FREQUÊNCIA DE 100 A 120 COMPRESSÕES POR 1
MINUTO. Com profundidade de, no mínimo 5 cm, evitando compressões
com profundidade maior que 6 cm.

• Permita que o retorno completo do tórax após cada compressão, evitando


apoiar-se no tórax da vítima.
• Minimize interrupções das compressões, PAUSA MÁXIMA DE 10
SEGUNDOS para realização de duas ventilações.
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• COM DOIS SOCORRISTAS, REALIZE O CICLO DE 30 COMPRESSÕES


TORÁCICAS ALTERNANDO COM 2 RESPIRAÇÕES artificiais.

• Reveze com outro socorrista a cada 2minutos, para evitar o cansaço e


compressões de má qualidade. Ou o excesso de ventilações.

Posição correto da realização da PCR Local exato para realizar


compressão

ORIENTAÇÕES

• Se o socorrista não estiver preparado para realizar a respiração artificial


pode se manter apenas realizando a compressão cardíaca.
• Realize a RCP por 2 minutos (5 ciclos de compressões e respirações)
antes de verificar se há sinais vitais.
• A RCP somente com compressão é recomendada para socorristas não
treinados, pois é relativamente fácil para os atendentes orientá-los com
instruções por telefone ou quando não tem o suporte necessário para realizar a
respiração artificial.
• O Recém-nascido, posicionar dois dedos abaixo da linha imaginária
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entre os mamilos, fornecer 3 compressões torácicas 1 ventilação por 2 minutos.


As PCRs neonatais são predominantemente asfixias, motivo pelo qual a
sequência de ressuscitação A-B-C com relação compressão-ventilação de 3:1 foi
mantida, exceto quando há etiologia claramente cardíaca. (AHA, 2020).

CRIANÇAS

• Crianças: (1 ano até a puberdade): profundidade das compressões 5cm ou cerca

de 2 polegadas;
• Bebês (menos de 1 ano de idade, excluindo recém-nascido): 4cm ou cerca 1 e ½
polegadas

- Com 1 Socorrista, variar a relação compressão- ventilação, atendendo como se fosse


um adulto
(30 compressões de alta qualidade para duas ventilações), utilizando dois dedos
abaixo do ponto
médio dos mamilos.

- Com 2 Socorristas, reduzir o tempo para conseguir ventilar mais vezes por
minuto e garantir a oxigenação. Um fica na via aérea e o outro nas compressões,
fazendo 10 ciclos de 15 compressões e duas ventilações. As compressões devem
ser realizadas com os polegares.
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OBS: a RCP deve ser realizada até:

 Outro socorrista venha trocar de lugar com você;


 Auxílio médico apareça;
 Socorrista esteja cansado demais para continuar;
 Desfibrilador externo automático esteja disponível para uso imediato;
 Sinais vitais retornem.

Deverá aplicar a RCP somente com as (compressões torácicas) na vítima


adulta com colapso
repentino, com ênfase em comprimir forte e rápido conforme o algorítimo
abaixo:

Fonte : American Heart Association


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7.8 OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS POR CORPO ESTRANHO (


OVACE)

Consiste na obstrução de vias aéreas causada por aspiração de corpo estranho, em


adulto com frequência na ingestão de alimento, e na criança durante a
alimentação ou recreação, geralmente localizado na laringe ou traqueia.

 Classificação
Obstrução leve: capacidade de responder, tossir e respiração preservada;
Obstrução severa: vítima consciente ou inconsciente, não consegue respirar, falar,
chorar ou tossir e apresenta ruídos à respiração e/ou tosse silenciosa

 Sinais característicos
Vítima leva a mão ao pescoço e não consegue falar, tosse silenciosa, dificuldade
respiratória com ruído, cor arroxeada dos lábios, sinal universal de engasgo,
ansiedade, confusão mental ou agitação. Perda da consciência pode evoluir para a
morte.

 Em casos graves aplica-se a Manobra


Realizada para tratar a asfixia devido à obstrução das vias aérea superiores por
objetos estranhos como alimento, brinquedo ou outro objeto.
Vítimas responsivas acima de 1 ano de idade.

 Posicionamento
Adulto em geral, em pé atrás da vítima, passar os seus braços em torno da cintura.
Cerrar um dos punhos e colocar entre o umbigo e o processo xifóide. Segurar o
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punho com a outra mão, aplicar compressão firme para dentro e para cima
puxando com ambos os membros superiores bem para trás e para cima, repetir a
compressão 6 a 10 vezes, até o objeto ser expelido. Se a obstrução continuar iniciar
a RCP.

Vítima obesa ou em gravidez adiantada: realizar compressões torácicas semelhantes à


RCP.
Vítima leve: encoraje-a a continuar tossindo e fique ao lado dela, monitorando suas
condições.
Vítimas graves: faça movimentos no abdome. Para dentro e para cima até o objeto ser
expelido ou a vítima se inconsciente. Inicie a RCP

GESTANTE ou OBESO LEVE GRAVE

Crianças: maior de cinco anos deve-se ajoelhar, no nível dos pés da criança, em vez de
ficar com um pé em cada lado da criança.

Bebês: colocá-la de bruços apoiada no antebraço e com a cabeça virada para baixo, dê
cinco golpes no dorso ( meio das costas entre as escapulas), seguido de cinco compressões
torácicas, se pesistir o bebê deve ser virado de barriga para cima sob o outro antebraço
pressionado cinco vezes com os dois dedos indicadores no meio do peito do bebê entre os
mamilos. Até que o objeto seja expelido ou a vítima torna-se não responsiva.
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Vítimas inconscientes: Não realizar compressão abdominal. As


compressões aplicadas são torácicas semelhantes as aplicadas na RCP.

8. ATENDIMENTO AO TRAUMATIZADO

O trauma é uma das principais causas de mortalidade, em geral,


decorrente de acidentes automobilístico e tentavivas de homicídios.

O manual do PHTLS (Suporte de Vida ao Trauma no Pré-hospitalar),


adotado pelo Ministério da Saúde, aprovado em consenso internacional em
sua nona edição 2020. estabelece princípios da avaliação e atendimento
iniciais da vítima por trauma, definindo as prioridades no reconhecimento e
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tratamento das condições que compromete a vida da vítima em um curto


período de tempo.

AVALIAÇÃO DA CENA

- Biossegurança (utilização de EPIs);


- Biomecânica do trauma (mecanismo de injúria), cinemática (identificação precoce de
lesões)
- Avaliação e controle dos riscos.

AVALIAÇÃO PRIMÁRIA

Nessa avaliação busca-se identificar, tratar, prevenir lesões e as


condições que ameacem a vida da vítima, em um curto período de tempo.
Seguindo o Nemo técnico (X<A<B<C<D<E) protocolo que indica a prioridade
do atendimento.

X- Controle de hemorragia externa grave: contenção imediata do sangramento


visível e abundante, após estabelecer a segurança o local e antes mesmo do
manejo das vias aéreas.

Havia Aérea e controle da Coluna Cervical : garantir a permeabilidade


(aberta e limpa) da via aérea com manobras Jaw-Thrust (tração da mandíbula) e
o Chin Lift ( elevação do mento).

B- Boa Ventilação e Respiração : analisar se a respiração estar adequada,


verificando presença, qualidade e frequência da respiração, cianose, desvio de
traquéia.

C- Circulação: (Hemorragia e perfusão): controle da hemorragia interna,


perda de volume sanguíneo não visível, analisando os principais pontos:
pelve, abdômen e membros inferiores.

D- Disfunção Neurológica: análise do nível de consciência, tamanho e


reatividade da pupila o paciente pode apresentar agressividade, sonolência,
desorientação, vômito. Verificar pupilas.
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E- Exposição e Ambiente: retirar roupas do paciente para exame detalhado de


todas as parte do corpo da vitima/paciente, prevenir a hipotermia.

9. CONVULSÃO

É a contração involuntária e instantânea da musculatura corporal, que


provoca movimentos desordenados e , em geral com perda de consciência.
Elas acontecem, quando há excitação da camada externa do cérebro,
considerada uma falha elétrica cerebral. Existem muitas causas possíveis,
incluindo, traumatismos na cabeça, doenças danosas ao cérebro, redução do
fluxo de oxigênio, epilepsia e ingestão de substâncias tóxicas ou venenosas. Em
crianças e bebês pode surgir por febre alta.

OBS: na convulsão, a vítima não enrola e nem engole a língua!

9.1 TIPOS PRINCIPAIS

1. Crise tônica, a vítima perde o tônus muscular, a forca, pode desmaiar e


perder a consciência, de curta duração 15 a 20 segundos, acontece várias vezes ao
dia.

2. Tônico crônica, generalizada, mais comum, a vítima cai subitamente ao solo


com muita rigidez muscular, contração involuntária, pode salivar, morder a
língua e emitir sons (gemidos), mais extensa dura de 1 a 3 minutos . ao final a
vítima sente cansaço extremo, sonolência, confusão mental e amnésia.
3. Crise de ausência, quase imperceptível, a vítima fica com o olhar fixo, pupila
dilatada, se desliga do mundo externo, estar inconsciente não ouve e não vê nada,
recobre a consciência em poucos segundos, acontece várias vezes ao dia.

9.2 RECONHECIMENTO

– A pessoa sofre ausência repentina e tem olhar parado;

– Fica rígida, músculos contraídos, inclusive diafragma


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− Perde a consciência repentinamente e cai, quase sempre saltando um grito;

– Lábios podem ficar cianóticos, rosto e pescoço podem ficar vermelhos;

– Fase crônica, em média dura 1 a 3 minutos. Durante as convulsões a


mandíbula fica cerrada e a respiração se torna ruidosa. Pode haver salivação
abundante (sialorréia), e se a vítima morder a língua ou lábios, a saliva é
sanguinolenta. A pessoa pode urinar e/ou defecar durante a convulsão;

– Músculos relaxam, a respiração se normaliza, e a pessoa recupera a


consciência, geralmente, em alguns minutos;

– Pode ficar atordoada, sem consciência das ações enquanto estava em


convulsão. É possível então que adormeça (fase pós-convulsiva).

9.3 AÇÕES DO SOCORRISTA NA CONVULSÃO

1. Se possível, amparar ou atenuar a queda da


vítima;
2. Não se devem impedir os movimentos
convulsivos;
3. Devemos afastar curiosos e objetos que possam
machucar a vítima (móveis, pedras, etc.);
4. Deitar a vítima, afrouxar a roupa em volta do
pescoço;

5. Proteger a cabeça, se possível retirar óculos,


colares,
dentaduras e qualquer coisa que possa machucá-la;
6. Coloque a cabeça da vítima lateralizada, observar a cervical;
7. Se os dentes já estiverem cerrados, não tentar abrir a boca;
8. Inicie a respiração artificial, se necessário
9. Encaminhe para unidade hospitalar;
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OBS: Nas convulsões infantis (por febre alta) dê um banho morno de


imersão por aproximadamente, 10 a 20 minutos e procure atendimento médico.

LEMBRE-SE:

Em toda a situação de emergência, nos locais que houver o SERVIÇO


ATENDIMENTO MÉDICO MÓVEL DE URGÊNCIA - SAMU, Este deverá ser
acionado imediatamente, pois é a equipe preparada para atendimento as vítimas de
modo geral, mesmo com os primeiros cuidados efetuados pelo policial militar, ainda
que tenha conhecimento da área de saúde. A equipe do SAMU deverá ser
imediatamente acionada pelo nº192;

Na ausência do SAMU, poderá ainda, ser solicitada a presença da Equipe de


Policiais Militares do Corpo de Bombeiros pelo nº 193;
Em caso de desastres como enchentes, incêndios e desabamentos, poderá ainda,
ser contatada a equipe da Defesa Civil pelo nº 199.
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10. PREVENÇÃO DO SUICÍDIO

O suicídio é um fenômeno complexo que pode afetar indivíduos de


diferentes origens, classes sociais, idades, orientações sexuais e identidades
de gênero. Mas, o suicídio pode ser prevenido e saber reconhecer os sinais de
alerta em si mesmo ou em alguém próximo a você, pode ser o primeiro e
mais importante passo para evitar essa tragédia.

O suicídio configura-se como morte intencional auto-infligida quando a


pessoa decide retirar sua própria vida. De acordo com a Organização
Mundial de Saúde (OMS), cerca de 3 mil pessoas por dia comete suicídio em
todo mundo.

O Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, 10 de setembro, foi criado em


2003 pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio e pela
Organização Mundial de Saúde (OMS) com a finalidade de que países
adotem estratégias de enfrentamento ao assunto.

Peça ajuda!! Seja a Ajuda!!


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VERDADES E MITOS SOBRE O SUÍCIDIO

VERDADES MITOS

 Em geral, os suicídios são  A pessoa que tem a intenção de


premeditados, e as pessoas dão tirar a própria vida não avisa.
sinais de suas intenções.  O suicídio não pode ser
 Reconhecer os sinais de prevenido.
alerta e oferecer apoio
 Pessoas que falam sobre
 ajudam a prevenir o suicídio. suicídio só querem chamar
 A expressão do desejo suicida a atenção.
nunca deve ser interpretada como  A pessoa que supera uma crise
simples ameaça ou chantagem de suicídio ou sobrevive a uma
emocional. tentativa está fora de perigo.
 Perguntar sobre a intenção  Falar sobre suicídio
de suicídio não aumenta nas pode estimular sua
pessoas o desejo de cometer o
realização.
suicídio.
 O suicídio é hereditário.
 Nem todos os suicídios estão
associados a outros casos de
suicídio na família.

10.1 SINAIS DE ALERTA PARA PREVENÇÃO DO SUICÍDIO

Quem tem pensamentos suicidas nem sempre anuncia seus planos, mas
emite sinais de alerta que devem ser levados a sério por quem estar ao seu
redor, pois a pessoa nessa situação sua intenção não é acabar com a sua vida,
e sim colocar um fim na dor e angústia.

Os sinais de alerta descritos abaixo não devem ser considerados


isoladamente. Não há uma “receita” para detectar seguramente uma crise
suicida em uma pessoa próxima. Entretanto, um indivíduo em sofrimento
pode dar certos sinais que devem chamar a atenção de seus fam iliares e
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amigos próximos, sobretudo se muitos desses sinais se manifestam ao mesmo


tempo (devemos estar atentos aos sinais de alerta).

• O aparecimento ou agravamento de problemas de conduta ou de


manifestações verbais durante pelo menos duas semanas também devem ser
levados em consideração.

• Esses indicadores não devem ser interpretados como ameaças nem


como chantagens emocionais, mas sim como avisos de alerta para um risco
real.

• É muito importante ser compreensivo, além de estar disposto a conversar


e escutar a pessoa sobre o porquê de tal comportamento, criando um ambiente
tranquilo, sem julgar a pessoa afetada.

• Falta de esperança, todos os seres humanos são movidos por sonhos,


expectativas e planos de vida. O suicida não demonstra motivação por nada e
não tem esperança de futuro, ele apenas espera colocar um ponto final em tudo.

• Tristeza profunda, somada à desesperança e a outros sintomas pode indicar


um quadro de depressão. Nem todos os depressivos chegam a cometer suicídio,
mas a maior parte dos suicidas sofre com depressão e não busca tratamento.

• Isolamento social, é outro sinal de alerta do suicídio, costumam se isolar,


não atendendo a telefonemas, interagindo menos nas redes sociais, ficando em
casa ou fechadas em seus quartos. Quem idealiza a própria morte também não
encontra mais prazer em atividades habituais ou na companhia de outras pessoas
e opta por ficar sozinho, pensando em concretizar seus planos suicidas.

• Ideação e tentativas de suicídio, alguns suicidas nunca mencionaram suas


idéias, mas outros sobre suas intenções ou ainda chegam a tentar o suicídio. Isso
pode representar um grito de socorro. Portanto é preciso desconstruir a idéia
equivocada de que “quem avisa, nunca faz” e evitar uma tragédia anunciada

• Preocupação com a sua própria morte, as pessoas sob risco de suicídio


costumam falar sobre morte e suicídio mais do que o comum, confessam se
sentir sem esperanças, culpadas, com falta de autoestima e têm visão negativa
de sua vida e futuro. Essas ideias podem estar expressas de forma escrita,
verbalmente ou por meio de desenhos. Alguns indivíduos começam a
formular um testamento ou fazer seguro de vida.
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• Ficar atentos para os comentários abaixo. Pode parecer óbvio, mas muitas
vezes são ignorados no cotidiano, expressão de idéias ou de intenções
suicidas mais comuns:

• “Vou desaparecer”.
• “Vou deixar vocês em paz”.
• “Eu queria poder dormir e nunca mais acordar”.
• “É inútil tentar fazer algo para mudar, eu só quero me matar”.

• Outros fatores, como a exposição ao agrotóxico, perda de emprego,


crises políticas e econômicas, discriminação por orientação sexual e
identidade de gênero, agressões psicológicas e/ou físicas, sofrimento no
trabalho, diminuição ou ausência de autocuidado, podem ser fatores que
vulnerabilizam, ainda que, não possam ser considerados como determinantes
para o suicídio. Sendo assim, devem ser levados em consideração se o
indivíduo apresenta outros sinais de alerta para o suicídio.

10.2 COMO AJUDAR A PESSOA SOB RISCO DE SUÍCIDIO?

• Familiares tem papel fundamental na prevenção do suicídio. Se perceber algum


sinal de alerta em alguém próximo, leve em consideração a dor e o sofrimento
dessa pessoa. Demonstre EMPATIA. Busque diálogo de forma respeitosa e não
invasiva e incentive acompanhamento psiquiátrico e psicológico.

• Encontre um momento apropriado e um lugar calmo para falar sobre


suicídio com essa pessoa. Deixe-a saber que você está lá para ouvir, ouça-a
com a mente aberta e ofereça seu apoio.

• Incentive a pessoa a procurar ajuda de um profissional, como um médico,


profissional de saúde mental, conselheiro ou assistente social. Ofereça-se para
acompanhá-la a uma consulta.

• Se você acha que essa pessoa está em perigo imediato, não a deixe sozinha.
Procure ajuda de profissionais de serviços de emergência, um serviço
telefônico de atendimentos a crises, um profissional de saúde, ou consulte
algum familiar dessa pessoa.
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• Se a pessoa que com quem você está preocupado (a) vive com você,
assegure-se de que ele (a) não tenha acesso a meios para provocar a própria
morte (por exemplo, pesticidas, armas de fogo ou medicamentos) em casa.

• Fique em contato para acompanhar como a pessoa está passando e o que está fazendo.

10.3 PESSOA SOB RISCO DE SUICÍDIO, O QUE NÃO FAZER!

É necessário ter muito cuidado no trato com pessoas nessa condição


pois normalmente estão com o psicológico abalado, momento em que o menor
nível de estresse pode ser suficiente para uma tragédia, assim, convém a pessoa
que interage evitar menosprezar o sentimento do outro, ou ainda banalizar a
condição na qual se encontra, haja vista, que o aporte emocional dessas pessoas
está girando em torno da sua incapacidade de resolução de alguns conflitos
pessoais ou ainda, do que mundo que o cerca.

É necessário respeitar o outro e auxiliá-lo a passar por este momento de


desespero e não o contrário. Algumas ações que NÃO se deve fazer diante do
risco de suicídio são:

Condenar/ julgar:
“Isso é covardia ”. “É loucura”.
“É fraqueza”.

Banalizar:
“É por isso que quer morrer? Já passei por coisas bem piores e não me matei”.

Opinar:
“Você quer chamar a atenção”. “Te falta Deus”.
“Isso é falta de vergonha na cara”.

Dar sermão:
“Tantas pessoas com problemas mais sérios que o seu, siga em frente”.
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ATENÇÃO:
O incentivo e incitação ao suicídio é crime
punível, de acordo com o Código
Penal Brasileiro.

Ao contrário, deve-se estimular a pessoa para a vida, através de Frases de


incentivo, que o faça reafirmar a sua importância.

“Levanta a cabeça, deixa disso”. “Pense positivo”... “A vida é boa”... ”tudo irá se
resolver.”..”vamos resolver juntos”

Para algumas pessoas o sofrimento interno pode ocasionar um “gatilho”,


muitas vezes esse sofrimento não é compreendido pelas pessoas que estão em
volta da pessoa sob risco de suicídio, contudo, é importante manter o respeito
e levar a sério esse risco.

10.4 COMO O POLICIAL PODE PEDIR AJUDA?

Pensamentos e sentimentos de querer acabar com a própria vida podem ser


insuportáveis e pode ser muito difícil saber o que fazer e como superar esses
sentimentos, mas existe ajuda disponível. É muito importante conversar com
alguém e que você confie. Não hesite em pedir ajuda, você pode precisar de
alguém que te acompanhe e te auxilie a entrar em contato com os serviços de
suporte. Acredite, isso pode fazer a diferença.

Quando você pede ajuda, você tem o direito de:

 Ser respeitado e levado a sério;


 Ser escutado;
 Ter o seu sofrimento levado em consideração;
 Falar em privacidade com as pessoas sobre você mesmo
e sua situação.
 Ser encorajado a se recuperar.
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA - JUNHO/ 2021 45

Quando você fornece ajuda, você deve considerar que é fundamental:


 Respeitar e levar a sério o sofrimento do outro, ainda que julgue
pessoalmente, que o outro está distorcendo a realidade;
 Considerar que o sofrimento pode efetivamente tirar a vida da pessoa,
causando uma grande e irreparável tragédia familiar;
 Considerar a privacidade e direito de intimidade sobre você pessoa sob risco,
buscando ajuda sem expor sua vida íntima;
 Escutar;
 Encorajar o outro a se recuperar
 Buscar as instituições governamentais ou não, que podem auxiliar a pessoa s
sob risco de suicídio.

LOCAIS DE AJUDA

CAPS e Unidades Básicas de Saúde (Saúde da família, Postos e de Saúde)

UPA 24H, SAMU 192, Pronto Socorro: Hospitais

CVV - Centro de Valorização da Vida – 188 (ligação


gratuita) Site: www.cvv.org.br, Skype.

Ministério da Saúde: Disque Saúde 136

Na Polícia Militar do Estado da Bahia

A PMBA Possui Equipe de Psicólogos para dar apoio aos policiais


militares. Os departamentos de auxílio ao policial são:

DPS – Departamento de Promoção Social

DS – Departamento de Saúde

Departamento de Promoção Social


Missão: Servir a todos os policiais militares, bombeiros militares, funcionários
civis e dependentes, informando e dando encaminhamento a direitos e serviços
relacionados à Assistência Jurídica, Psicológica, Assistência Social, de
Enfermagem, Acolhimento, Apoio e Valorização da Mulher, (CMF), bem como
orientando quanto a Educação, Habitação e Seguro de Vida, possibilitando o
empoderamento para a construção da cidadania.
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA - JUNHO/ 2021 46

REFERÊNCIAS

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