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Três explosões, em cerca de 20 minutos, ocorridas na madrugada do dia 15 de março de 2001

na plataforma P-36 da Petrobrás, na bacia de Campos (norte fluminense), deixaram pelo


menos um morto, um ferido grave e nove desaparecidos. No momento do acidente, 175
pessoas trabalhavam na plataforma, no campo de Roncador, a cerca de 125 quilômetros da
costa, no litoral de Macaé.

CRONOLOGIA DO INCIDENTE DA PLATAFORMA P-36


■ 15.03.2001 – 0 h 20 min - A primeira explosão
Por volta da 0h20, acontece uma explosão numa das colunas de sustentação da P-36 As
operações são suspensas, e a brigada de emergência da plataforma, com 25 funcionários,
corre para o local e foram surpreendidos por uma segunda explosão.
■ 0 h 24 min - A segunda explosão
A 0h24, ocorre uma segunda explosão, mais forte do que a primeira, que atinge 11 integrantes
da brigada
■ 0 h 40 min - A terceira explosão
Dez a quinze minutos depois, acontece a terceira explosão

A EXPLOSÃO: PASSO A PASSO


■ Rompe-se o tanque de drenagem de emergência na coluna
■ Entram gases e água no tanque
■ Aumenta a pressão interna e o tanque se rompe
■ Os técnicos sentem um impacto aos 22 minutos do dia 15 de março
■ No 4º piso, tubos, equipamentos e dispositivos eletrônicos já estão danificados
■ No 4º piso já está alagado com água e óleo e há excesso de gás
■ A P-36 inclina 2 graus em apenas 5 minutos
■ Rede de incêndio perde pressão
■ Brigada de emergência vai ao local

EXPLOSÃO ATINGE OS INTEGRANTES DA BRIGADA


■ No 4º piso, nível do gás aumenta muito e a mistura se torna explosiva
■ Violenta explosão na área da coluna
■ Explosão atinge, em cheio, 11 integrantes da Brigada
■ Explosão avaria estrutura e equipamentos nos níveis superiores da coluna
■ Começa a tentativa de resgatar os feridos
■ A P-36 perde mais estabilidade, inclinando-se vertiginosamente
■ Ordem para abandonar a P-36 dada às 1h45
■ A P-36 abandonada às 6h

FIM: AFUNDAMENTO
■ No 4º piso totalmente alagado por conta do rompimento completo do tubo de drenagem de
emergência (TDE)
■ Salas de bombas, propulsores e injeção completamente alagados
■ Tanques e válvulas, por não se ter conseguido fechá-las, deram passagem à água
■ A P-36 se inclina progressivamente, fica em ângulo irrecuperável e afunda
EVACUAÇÃO DA PLATAFORMA
Os empregados foram retirados e levados em embarcações para uma outra plataforma (a P-47,
um navio-cisterna que recebe a produção da P-36), distante 12 km do local do acidente.
A retirada do pessoal foi lenta. Começou por volta das 3h30 e só terminou pela manhã,
segundo relatou o superintendente da bacia de Campos, Eduardo Bellot. Da P-47, foram
levados de helicópteros para Macaé, centro terrestre da produção de petróleo da bacia de
Campos.

SEQÜÊNCIA DO RESGATE:
■ 12 navios são deslocados até a P-36. Um deles, "Fire Fighter",joga água na plataforma para
esfriá-la e acabar com focos de incêndio
■ A P-36 inclina, num ângulo de 30 graus. Com o risco de novas explosões, os navios se
afastam e a tripulação não consegue subir à plataforma
■ Todos os sobreviventes e o funcionário ferido -165 pessoas - são levados de barco para a
plataforma P-47, a 12 km dali. São retirados inclusive os integrantes da brigada de
emergência, quando se constata que a P-36 está inclinado.
■ Da P-47,eles são levados para Macaé em 15 vôos de helicóptero
O resgate durou cerca de nove horas

O gerente de Exploração e Pesquisa Sul-Sudeste da Petrobrás, Carlos Tadeu, informou que 20


embarcações (10 de apoio, 5 especiais e 5 de combate ao incêndio) e 10 helicópteros estavam
trabalhando no local.

CONSEQÜÊNCIAS DA EXPLOSÃO NA P-36


Com uma das quatro colunas de sustentação danificada, a plataforma começou a adernar, com
focos de incêndio persistindo por toda a manhã do dia 15.03.01. Por volta do meio-dia, a
plataforma havia atingido inclinação de 30 graus, com grande de risco de afundar. A Petrobrás
avalia que só poderá retornar ao local se a P-36 permanecer estável ao menos por 18 horas.
Havendo estabilidade, técnicos que estão próximos do local tentarão entrar na plataforma para
verificar se há sobreviventes.
A empresa admite que há risco de vazamento de combustível. Existem 1,2 milhão de litros de
óleo diesel na plataforma, que é o combustível usado para seu funcionamento. Além disso, há
300 mil litros de petróleo bruto nos dutos entre os poços no fundo do mar e a P-36. Se vazar
1,5 milhão de litros de diesel e petróleo, ambientalistas acham que é reduzido o risco de dano
ecológico.
Embora considere praticamente impossível a existência de sobreviventes, a Petrobrás só
reconhece um morto, oficialmente, porque foi essa a constatação dos últimos integrantes da
brigada de incêndio a deixar a plataforma.
RISCOS
Os funcionários, acompanhados por dois mergulhadores, tamparam alguns buracos no casco
com rolhas de madeira, dando mais estabilidade à plataforma. Graças a essa providência, os
riscos a que estão expostos os engenheiros que agora trabalham na plataforma são menores.
Mas ainda assim são enormes.
De acordo com explicações do gerente geral para a Bacia de Campos, Carlos Eduardo Bellot, o
maior risco é o de tombamento da plataforma, devido à grande inclinação em que se encontra.
Também existe a possibilidade ocorrer um incêndio, por causa do óleo e do gás que ainda
estão no equipamento. Para ele, a hipótese mais remota é a de um naufrágio repentino. “Já há
mais estabilidade, depois que alguns buracos do casco foram tampados”, ressaltou.
A partir de domingo, os técnicos realizarão duas ações não simultâneas para tentar fazer a
plataforma flutuar: injetar nitrogênio para expulsar a água e utilizar bombas para sugar o
líquido. “Primeiro, temos que recorrer ao nitrogênio, porque isso pode ser feito do lado de fora
da plataforma. Quando o equipamento estiver menos inclinado, poderemos embarcar as
bombas para tirar a água”, explicou Bellot.

SEM PREVISÕES
As bombas de sucção foram encomendadas à empresa holandesa Smit e trazidas para o
Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio, em aviões cargueiros russos. Pesam 50 toneladas
e devem chegar a Macaé em carretas, na manhã de domingo(18.03.01). A Smit também cedeu
oito mergulhadores para o trabalho. “A gerência da Bacia de Campos tem um cheque em
branco da Petrobrás para gastar o que for necessário para salvar a plataforma e recuperar os
corpos”, afirmou Reichstul.
De acordo com a explicação de Bellot, as bombas sugadoras podem retirar até mil metros
cúbicos de água por hora, se atuarem com capacidade plena. “Se tirarmos cinco mil metros
cúbicos, a plataforma volta à posição normal”, disse. “Mas é muito difícil precisar em quanto
tempo isso poderia acontecer.”
O bombeamento de nitrogênio para a plataforma começou às 16h40 de sábado e a previsão
era de que não pararia durante a noite.

18.03.01 - A P-36 PAROU DE AFUNDAR NO DOMINGO


A plataforma P-36, parou de afundar no domingo (18.03.01) e ficou estabilizada em 22 graus
de inclinação. Com isso, aumentam as possibilidades de resgatá-lo. Uma das maiores
preocupações da Petrobrás, agora, são as condições do tempo, uma vez que está prevista a
chegada de uma frente fria para hoje, que pode agitar o mar e dificultar o trabalho dos
mergulhadores.

Em nota oficial distribuída a estatal admitiu que os resultados obtidos com as primeiras
tentativas de salvar a plataforma P-36 são animadores. “As chances cresceram”, confirmou o
gerente geral da Bacia de Campos, Carlos Eduardo Bellot. Ele ressaltou que não há prazo para
o término da operação. “É impossível prever porque dependemos das condições do mar.”
Por volta das 14 horas de domingo, o bombeamento de nitrogênio foi interrompido e, até o fim
da tarde, não havia sido retomado.
O objetivo da operação é expulsar a água que está dentro dos flutuadores para manter a
plataforma estabilizada, eliminando o risco de naufrágio. “Paramos porque muito nitrogênio
estava sendo perdido devido a furos nos flutuadores. Tivemos de fechar esses orifícios e
reiniciar o processo com mais eficiência”, adiantou Bellot. Ele acredita que a operação será
retomada hoje.
Para que a plataforma volte a sua posição normal, segundo explicações do gerente geral, é
necessária a retirada de pelo menos 7 mil toneladas de água. Até domingo haviam sido
extraídas 700 toneladas.

19.03.01 - SEGUNDA-FEIRA
A plataforma P-36 adernou mais 4, aumentando para 27 o seu nível de inclinação, o que para a
Petrobrás significa que ela passa por "seu pior momento"..
No domingo, a estatal havia anunciado que o trabalho de recuperação da unidade estava tendo
bons resultados, uma vez que a estrutura tinha parado de afundar e recuperado dois graus na
inclinação -de 25 para 23.
A medição, feita na segunda-feira, por volta das 6h por técnicos que participam da recuperação
da plataforma, também indica que ela afundou mais 40 centímetros em relação ao dia anterior.
A notícia não é muito boa.

Foram apontadas duas causas para a piora do estado da estrutura: a frente fria que atinge a
bacia de Campos, provocando ondas, e a existência de aberturas, que se comunicam com os
vários compartimentos da plataforma, permitindo a entrada de água.
As ondas estavam ontem (18.03.01) com um tamanho médio de 1,5 m, com picos de até 1,8 m.
Segundo a Petrobrás, o tempo deve começar a melhorar hoje à tarde. A partir de amanhã, as
ondas poderão estar com altura máxima de 1,2 m.
"O tempo não está favorável, mas não está impedindo a operação, apenas tornando-a mais
difícil", disse o gerente-geral.
Apesar da piora da situação da plataforma, continuam os trabalhos de injeção de nitrogênio e
de ar comprimido -este último feito pela empresa holandesa Smit, especialista na operação-
nos tanques 41 e 43, situados abaixo do convés inferior da estrutura.
O segundo tanque foi completamente esvaziado com a retirada de 400 toneladas de água. De
manhã, começou a injeção no primeiro tanque, mas, até o início da noite, ainda não havia
dados sobre o resultado da operação.

20.03.01 - TERÇA-FEIRA - PLATAFORMA AFUNDA EM 40 MINUTOS


Às 2h30 de terça-feira (20.03.01), um movimento brusco na plataforma P-36 alertou toda a
equipe de resgate. As horas que se seguiram foram de agonia e tensão. A estrutura de mais de
30 mil toneladas estava afundando. Às 10h35, a plataforma tombou.

Técnicos ainda fizeram um esforço desesperado para mantê-la flutuando. Quarenta minutos
depois, ela estava completamente submersa na Bacia de Campos. Cinco dias depois das
explosões que danificaram uma coluna de sustentação.

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