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1. INTRODUÇÃO

A Análise do Comportamento, enquanto ciência do Behaviorismo, visa a


compreensão do modo pelo qual ocorre o comportamento, por meio da
experimentação. A aprendizagem, aqui, é entendida como um processo
dependente da interação organismo-ambiente. Com base naquela linha teórica,
foi realizado um experimento prático, com um rato virtual.

Nesse sentido, o presente experimento teve como escopo a verificação


da aplicabilidade dos conceitos da ciência do Comportamento, a fim de
compreender a dinâmica relacional do sujeito com o ambiente circundante.

Assim, pode-se orientar o seu passo a passo; verificar como é possível


ensinar, treinar e controlar estímulos, para a alteração de determinado
comportamento. Buscar-se-á proporcionar uma compreensão clara e objetiva
sobre o experimento proposto.

(Compreensão teórica)
 Evolução/níveis de seleção por consequências-filogênese,
ontogênese e cultura- (buscar no livro do Baum Compreendendo o
Behaviorismo e no livro do Catania)

 Teoria do Reforço: explicar aqui Extinção; Nível Operante; Punição


(buscar livro Princípios Básicos)

 Modelagem

A modelagem refere-se ao processo de aprender um comportamento


novo. Conforme leciona Moreira e Medeiros (2007), é uma técnica usada para
se ensinar um comportamento novo, por meio de reforço diferencial (reforça-se
algumas respostas de aproximações sucessivas do comportamento-alvo.

Importante ressaltar que a aprendizagem é um processo. Enquanto tal,


não ocorre de imediato. Nesse sentido, Moreira e Medeiros:
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“A aprendizagem de um novo comportamento parte da modificação


de um comportamento preexistente. Portanto, aprender algo novo
também implica desaprender algo. A técnica comportamental
conhecida como modelagem utiliza-se desses princípios. Na
modelagem de um novo comportamento, reforçamos e extinguimos
aproximações sucessivas da resposta-alvo do comportamento que
queremos ensinar. (p.90)”

Assim, compreende-se que novos comportamentos surgem de


comportamentos anteriores, de acordo com o repertório comportamento de
cada organismo.

 Esquemas de reforçamento (buscar no livro do Catania e no


Princípios Básicos)
Os esquemas de reforçamento de um comportamento podem ser
contínuo ou intermitentes. O esquema de reforçamento contínuo (CRF)
consiste em

Todavia, os comportamentos não precisam ser reforçados em todas as


suas emissões para continuar ocorrendo. Existem várias formas diferentes de
se reforçar o comportamento de forma intermitente, para que ele permaneça.
Tais formas são denominadas esquemas de reforçamento intermitente.

Uma das formas de ser e formar o comportamento e utilizar como critério


o número de comportamentos (respostas) emitidos pelo organismo. Por
exemplo, o organismo receberá um reforço a cada cinco vezes que emitir uma
determinada resposta (comportamento).

Os esquemas de reforçamento intermitente podem ser de razão ou de


intervalo. Os primeiros são baseados no número de respostas emitidas,
podendo ser feitos de duas maneiras, razão fixa e razão variável:

Na razão fixa, exige-se sempre o mesmo número de respostas para


que o comportamento seja reforçado; na razão variável, o número de
respostas necessárias para que o comportamento seja reforçado
muda a cada novo reforçamento, sendo que o número (de respostas)
gira em torno de uma média.(MOREIRA E MODEIROS, 2007, p.180)
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 Controle de estímulo (buscar livro do Baum Compreender o


Behaviorismo; Princípios Básicos; Ciência e Comportamento Humano
Skinner)
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2. MÉTODO

2.1 Sujeitos/Participantes

Para a concretização do experimento, utilizou-se um rato albino ingênuo


virtual.
A observação foi realizada na Faculdade da Fundação Educacional de
Araçatuba (FAC/FEA), pelos alunos do 3° semestre do curso de Psicologia
noturno, sob a orientação do Professor da disciplina Psicologia Geral e
Experimental. Estavam presentes, no local, em média, 60 alunos.

2.2 Materiais e Local

Foram utilizados um microcomputador equipado com programa Sniff


PRO, papel, caneta e folhas de registro. O experimento ocorreu em um
laboratório de informática, nas dependências da Fundação Educacional
Araçatuba (FAC-FEA), na cidade de Araçatuba/SP.

2.3 Procedimento

O experimento foi realizado em seis etapas, em dias e intervalos de


tempo variados. Foram realizados os registros dos comportamentos emitidos
pelo rato dentro da caixa de Skinner.

Fase 1: A primeira fase iniciou-se com a análise do comportamento em


Nível Operante (NO), com duração de 15 minutos. Foram observados e
registrados os comportamentos de pressionar a barra; levantar; farejar; limpar-
se e beber água. Aqui, pôde-se observar como o rato se comportava antes da
manipulação de quaisquer variáveis, de acordo com seu repertório
comportamental.

Fase 2: Na sequência (segunda fase), foi introduzido um reforço no


comportamento de pressão a barra: todas as vezes em que o rato pressionava
a barra, havia liberação de água (modelagem para o ato de pressionar a barra).
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Fase 3: Tal comportamento, com o organismo já treinado, foi fortalecido


pelo Reforço Contínuo (CRF), também por 15 minutos, reforçando o rato
mediante qualquer comportamento. Com a introdução do Reforço Contínuo,
houve um aumento na frequência de pressão à barra, tornando-se o
comportamento mais emitido pelo organismo.

Fase 4: Após, aplicou-se a Extinção do reforço. Verificou-se a extinção


do comportamento de pressionar a barra após a supressão do reforço comida
(duração: 35 minutos). A observação, minuto a minuto, identificou um inicial
aumento brusco da resposta, e a consequente diminuição daquela até o
retorno a seu nível operante (0).

Fase 5: A quinta fase consistiu-se pelo reforçamento intermitente por


razão variável (VR), com a variação do número de respostas entre cada
reforçador. Duração: 30 minutos.

Fase 6: Por fim, o rato é treinado ao comportamento de pressionar a


barra para obtenção de comida através da discriminação de um estímulo que
antecedeu seu comportamento: o som. Aqui, o foco do treino foi fazê-lo
discriminar o Estimulo Discriminativo (SD/ S+) som, de modo a comportar-se
apenas em sua presença. O sujeito só recebeu o reforço caso pressionasse a
barra na presença do som. Quando, todavia, aquele pressionava a barra e não
havia som, o reforço não é liberado. (duração: 30 minutos). Após, analisou-se o
comportamento na ausência de som (S delta) (treino discriminativo).
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3. RESULTADOS

Os resultados obtidos com o presente experimento foram elucidados por


meio de gráficos - elaborados a partir das fichas de registro de cada fase (vide
Anexos) - de modo a facilitar o esclarecimento e compreensão das conclusões.

Fase 1: Nível Operante

De início, buscou-se observar o comportamento do rato numa atividade


exploratória, ou seja, em Nível Operante (NO), para compreender
comportamentos presentes no repertório comportamental do sujeito.

Variação da taxa de comportamentos emitidos pelo rato em N.O. e C.R.F.


durante o experimento - Programa SNIF

16

14

12

10

0
Pressionar Farejar Levantar Limpar-se Beber água

N. O. C.R.F.

Gráfico 1 – Comparação das taxas dos comportamentos emitidos em NO e em


CRF.

Nota-se que a pressão à barra, comportamento visado no presente


trabalho, não fazia parte do repertório comportamental do rato.

Fase 2: Modelagem (treino)


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Foi realizada a modelagem do comportamento de pressão à barra, com


a colocação do reforço. Após a introdução da resposta de pressão à barra no
repertório comportamental do rato, registrou-se, por 15 minutos,
comportamentos de: pressão à barra (com a liberação de comida), farejar,
levantar, limpar-se e beber água, com uma notável diferença de
comportamentos.

Fase 3: Observação em CRF

Com o rato já treinado, foi reforçado com o estímulo comida cada vez
que pressionasse a barra. O procedimento consistiu em reforçar
diferencialmente para que o rato se aproximasse da barra, na maior parte do
tempo.

Frequência acumulada das respostas de pressão à barra em C.R.F.


durante o experimento - Programa SNIF
250

200

150

100

50

N. O. C. R. F.

Gráfico 2 – Frequência acumulada com as respostas de pressão à barra (CRF)

Em consequência, o rato passou a efetuar o comportamento desejado


de pressionar a barra (modelagem por reforço diferencial).

Fase 4: Extinção
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Foi aplicado o procedimento de extinção da resposta de pressão à barra


em consequência da suspensão do Reforço Contínuo – CRF. O rato não
recebia comida (reforço) ao fazer o comportamento de pressionar a barra. Foi
realizada observação por 30 minutos, com anotações das respostas minuto a
minuto, o que se chegou à extinção do comportamento de pressão à barra ao
término do tempo (29º e 30º minuto). Conclui-se, aqui, a influência do reforço
no comportamento do sujeito.
GRÁFICO

Fase 5: Treino discriminativo

Nessa etapa do experimento, visou-se a discriminação de estímulos.


Utilizou-se o estímulo som para sinalizar que o comportamento ‘pressão à
barra’ seria reforçado (comida) e ausência de som, não obteria o reforço. Foi
ensinado ao rato pressionar a barra na presença de um som (Sd) e a não o
fazer na sua ausência (S). A observação por duração de 30 minutos, sendo
15 minutos para Sd e 15 minutos para S , minuto a minuto.

Frequência acumulada das respostas de pressão à barra em SD. e S Delta.


durante o experimento - Programa SNIF
300

250

200

150

100

50

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

SD S Delta

Gráfico 5 – Frequência acumulada com as respostas em SD e S .


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As respostas de pressão a barra só foram reforçadas na presença do


som, não sendo seguidas de reforço caso emitidas sua ausência. Com isso,
após algum tempo de treino discriminativo, a resposta de pressão à barra
passaria a ser emitida apenas na presença de som.

Nota-se, com tal fase, como a discriminação de estímulos é processo


fundamental do comportamento, pela influência de eventos antecedentes sobre
o comportamento.

Fase 5 – Razão Variável

Utilizando-se o rato no mesmo ambiente, observou-se o comportamento


de respostas de pressão à barra com reforçamento intermitente do tipo razão
variável (VR). Variou-se a frequência entre o fornecimento de cada reforçador.
Consequentemente, o número das respostas de pressão à barra variou
conforme o tempo de experimento.

Frequência acumulada das respostas de pressão à barra em V.R. e C.R.F.


durante o experimento - Programa SNIF
350

300

250

200

150

100

50

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

V.R. C. R. F.

Gráfico 4 – variação de respostas de pressão à barra após a aplicação do


reforçamento por razão variável

É possível notar como a frequência das respostas aumenta com este


tipo esquema, em relação a quando o sujeito foi exposto a reforçamento
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contínuo. Verifica-se, portanto, como os comportamentos não precisam ser


reforçados em todas as suas emissões para continuar ocorrendo.

Fase 6: Treino discriminativo

Ocorreu treino discriminativo, utilizando o mesmo indivíduo – rato e a


caixa de Skinner, em ambiente virtual, para observação dos Estímulos
Discriminativos (Sd) – estímulos que sinalizam que uma dada resposta será
reforçada e Estímulos Delta (S) – estímulos que sinalizam que uma resposta
não será reforçada.

No experimento foi usado o estímulo som para sinalizar que o


comportamento ‘pressão à barra’ seria reforçado (comida) e ausência de som,
não obteria o reforço. O animal foi ensinado a pressionar a barra na presença
de som e a não pressionar quando este fosse ausente no ambiente
(discriminação de estímulos).

A observação por duração de 30 minutos, sendo 15 minutos para Sd e


30 minutos para S , minuto a minuto. Verificou-se o acumulado das
respostas de pressão à barra, por minuto, do Sd e S.
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4. DISCUSSÃO

O experimento possibilitou a compreensão mais eficaz do funcionamento


do comportamento; a elaboração das ideias sobre reflexos condicionado num
ambiente controlado. Compreendeu-se o modo pelo qual é possível treinar um
organismo mediante a alteração das variáveis ambientais, modificando seu
comportamento e alterando seu repertório comportamental. Em suma, permitiu-
se a comprovação empírica de processos e conceitos típicos da Análise
Experimental do Comportamento: nível operante, modelagem, esquemas de
reforçamento e treino discriminativo.

Os resultados obtidos mostram ser o procedimento viável para o estudo


do responder relacional e da emergência de estímulos, sugerindo uma reflexão
sobre as características definidoras da relação interacional organismo-
ambiente. Ademais, compreende-se a relevância do repertório comportamental
do sujeito para quaisquer tipos de manipulação de seu ambiente circundante.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAUM
CATANIA
MOREIRA E MEDEIROS
SKINNER

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