Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
MANAUS
2011
2
3
Aluno: ..................................................................................
4
SUMÁRIO
CONVITE À METODOLOGIA
1. UNIVERSIDADE E A PESQUISA
1.1. Função científica e social da Universidade
1.2. Conhecimento e fontes de informação
1.3. Pesquisa e sua formulação
1.4. Desafios e possibilidades da Universidade brasileira
2. CONHECIMENTO E LEITURA NA UNIVERSIDADE
2.1. Tipos de Conhecimento
2.2.1. Científico
2.2.2. Filosófico
2.2.3. Senso Comum
2.2.4. Conhecimento religioso
2.2. A leitura como processo de apreensão do conhecimento
2.3. Modalidades da leitura
2.4. Técnicas de leitura – Documentação
2.4.1. Sublinhar
2.4.2. Esquematiza
2.4.3. Fichar
2.4.4. Resumir
3. PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO
3.1.Método de investigação científica - a singularidade, a abrangência do conceito, a
classificação e a aplicabilidade
3.2. A pesquisa como investimento de produção do conhecimento
3.3. Tipologia da pesquisa e formato de estudos científicos
3.4. A Monografia de Final de curso e a escolha de um tema
3.5. O Projeto de Pesquisa
3.5.1. A escolha do tema e a formulação do problema
3.5.2. A revisão de literatura
3.5.3. Hipóteses e objetivos
3.5.4. Coleta, tratamento e exposição dos dados
3.5.5. Conclusão, generalização e recomendações
3.5.6. Elementos pós-textuais
3.5.7. Orientação do Trabalho científico
3.5.8 O roubo intelectual como praga do nosso tempo
4. TÉCNICAS PARA A DIFUSÃO E DIVULGAÇÃO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO
4.1. Seminário
4.2. Painel
4.2.1. Apresentação e divisão de projetos de pesquisa sob a modalidade de painel
4.2.2. Modelo de painel
4.3. Fórum
4.4. Congresso
4.5. Palestra
4.6. Artigo
4.6.1. Normas Técnicas para apresentação de um artigo
4.7.Relatórios
4.8. Monografias
5. O PROJETO DE PESQUISA
5
Os autores
6
1. UNIVERSIDADE E A PESQUISA
1.1. FUNÇÃO CIENTÍFICA E SOCIAL DA UNIVERSIDADE
A partir deste quadro geral podemos avaliar os desafios que se colocam às Universidades.
Elas não podem ser reduzidas a macroaparelhos de reprodução da sociedade discricionária e a
7
fábricas formadoras de quadros para o funcionamento do sistema imperante. Boff (1997 p.13)
ressalta:
.
9
Como princípio educativo, a pesquisa passa sempre também pela prática, insistindo na
formação profissional, visando ao domínio produtivo do conhecimento e ao próprio exercício da
cidadania, que não se reduz a exercícios políticos e ao cultivo de ideologias preferenciais.
Cidadania, na universidade, significa formação política mediada pela produção científica. Sendo
a Universidade o lugar por excelência da criação e produção do conhecimento problematizando a
sociedade que a sustenta, a pesquisa é o principal instrumento de produção de conhecimentos,
além de intermediar a relação ensino-aprendizagem.
Mas qual a importância de se fazer pesquisa nos cursos de graduação e pós-graduação? O
pesquisador deve propor alternativas de intervenção planejada e estratégica na realidade social.
Necessita acompanhar, analisar, conhecer a realidade que o circunda, respondendo aos desafios
sociais.
Pesquisa é o mesmo que busca ou procura. Pesquisar, portanto, é buscar ou procurar
resposta para alguma coisa. Em se tratando de Ciência, a pesquisa é a busca de solução a um
problema que alguém queira saber a resposta. Não parece correto dizer que se faz ciência, mas
que se produz ciência através de uma pesquisa. Pesquisa é, portanto, o caminho para se chegar à
ciência, ao conhecimento.
Quanto aos tipos de pesquisa, Santos (2002) define desta forma:
Pesquisa Exploratória: visa criar maior familiaridade em relação a um fato ou fenômeno. É
quase sempre feita como levantamento bibliográfico, entrevistas com profissionais que
estudam/atuam na área, visita a web sites etc.. Ex.: Saber o perfil do profissional de marketing.
Pesquisa Experimental: É toda pesquisa que envolve algum tipo de experimento. Ex.: Pinga-se
uma gota de ácido numa placa de metal para observar o resultado.
Pesquisa Social: É toda pesquisa que busca respostas de um grupo social. Ex.: Saber quais os
hábitos alimentares de uma comunidade específica.
Pesquisa Histórica: É toda pesquisa que estuda o passado. Ex.: Saber os fatores que
desencadearam a Cabanagem.
Pesquisa Teórica: É toda pesquisa que analisa uma determinada teoria. Ex.: Saber o que é a
Neutralidade Científica.
A crise que assola as sociedades manifesta-se nas múltiplas dimensões: política, cultural,
administrativa e organizacional. Nas Universidades, os problemas organizacionais estão ligados à
estrutura e ao funcionamento. Os currículos são atomizados e os estudantes adquirem formação
fragmentada, provocada pelo sistema de matrículas por disciplinas, o que aponta para a tendência
à formação unilateral desprovida de uma visão de conjunto do curso e principalmente da
sociedade nacional e global, com conseqüências imediatas na práxis social.
A pesquisa poderia ocupar o centro do desafio educacional em termos de inovação a
serviço do homem, como princípio científico e educativo, em particular no caso da universidade,
pois domínio científico e tecnológico é a vantagem comparativa diferencial, no atual contexto
econômico e político. Como argumenta Campos (1999, p. 4)
2.1.1. CIENTÍFICO
2.1.2 FILOSÓFICO
São as primeiras manifestações humanas para explicar a realidade. Os mitos têm geralmente
seqüência lógica com início, meio e fim e tentam responder os mistérios da natureza. A cultura
grega é riquíssima em mitos, a amazônica também devido às diversas culturas dos povos da
Amazônia.
15
A LEITURA
2.2. COMO PROCESSO DE APREENSÃO DO
CONHECIMENTO
1. O tempo:
• Planeje seu tempo. Essa é a forma correta de ganhar mais tempo para a leitura;
• Programe a utilização de períodos vazios em sua atividade;
• Substitua o horário de uma ou mais atividades não essenciais, dilatando o tempo
destinado a leitura;
• Não estabeleça períodos muito longos para a leitura, sem pausa para descanso.
3. Os tipos de leitura:
• Verbal: que pode ser informativa, seletiva (também conhecida como analítica ou
formativa) e a técnica.
• Icônica: que consiste na decodificação de índices, símbolos e ícones.
• Gestual: que consiste em decodificar a linguagem dos gestos. Ex: a linguagem dos
surdos-mudos.
• Casual: é bem espontânea. Ex: a leitura de anúncios, cartazes, outdoors, placas de
trânsito.
• Sonora: que consiste em decodificar os sons que comunicam algo, tais como: uma
buzina, uma sirena, um apito, o som do triângulo do cascalheiro.
Os tipos de leitura têm estreita ligação com a finalidade. Eis as modalidades de leitura:
a) Silenciosa - individual ou coletiva, podendo ter tempo delimitado;
b) Oral - podendo ser individual, coletiva ou em mutirão;
c) Especializada - pode ser uma leitura política, semiológica, social, médica etc;
d) De estudo - visa à aquisição de conhecimento;
e) Distração - leitura de revistas, romances;
f) Dinâmica - modalidade avançada para se ler rápido, ganhando tempo.
2.4.1. SUBLINHAR
OBS.: Sublinhe apenas o que for relevante, de maneira que ao reler o que foi destacado, a
idéia principal tenha sido delimitada corretamente.
17
2.4.2. ESQUEMATIZAR
GRÁFICOS
CÓDIGOS
PALAVRAS
As idéias principais.
O inter-relacionamento de fatos e idéias.
FIDELIDADE AO TEXTO
ESTRUTURA LÓGICA
UTILIDADE
CUNHO PESSOAL
ADEQUAÇÃO AO ASSUNTO
2.4.3. FICHAR
2.4.4. RESUMIR
O resumo é uma condensação do texto. Ele apresenta as idéias essenciais e pode, também,
trazer a interpretação do leitor, desde que este o faça separadamente. O objetivo do resumo é
abreviar as idéias do autor, sem, contudo, a concisão de um esquema. Entretanto, pode-se juntar o
resumo e o esquema, tendo como resultado uma técnica mista: o resumo esquemático, que
consiste em:
18
Utilizando as técnicas de sublinhar, esquematizar, fichar e resumir o aluno está preparado para
fazer uma leitura analítica.
19
3. PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO
O termo método tem sua origem na palavra grega “methodos”, que significa caminho para
chegar a um fim. Esta palavra é freqüente em nosso vocabulário, seja quando nos expressamos
em linguagem erudita, seja quando nos expressamos em linguagem menos formal, em nosso
cotidiano. Nas nossas reflexões, nos momentos de sistematização de nossas experiências, nas
formulações de estratégias para superação de dificuldades ou desconhecimento, ou mesmo para
explicar as coisas mais simples do mundo em que vivemos, nós recorremos, portanto, a um
método para alcançar os resultados desejados.
A idéia de caminho é interessante para o nosso entendimento, porém não podemos
entendê-la apenas como algo já construído, mas também como caminho que se prolonga, que se
constrói a partir de alguma coisa já dada como existente. Por esta razão, é que o verbete
“método”, nos dicionários, comporta várias acepções. A que nos interessa, neste momento, é a
noção de método como meio para se chegar ao conhecimento científico. E nesta acepção o
método é singular como forma para conhecer as coisas em profundidade. Chegamos então à regra
básica de nosso aprendizado sobre o método: não pode haver ciência sem método, pois é este que
funda o conhecimento científico. É através dele que experimentamos a forma de conhecer, de
como organizar o conhecimento que constituirá objeto de busca e finalidade das ciências em
geral e de cada uma em particular.
Considerando esta singularidade do método científico, podemos, ainda, afirmar que nem
tudo que descobrimos utilizando um método pode ser considerado como parte da ciência ou das
ciências. Para que o método esteja relacionado com o modo de fazer ciência exige-se rigor,
consistência lógica, coerência de procedimentos racionais para que se possa chegar à verdade das
coisas.
Em que sentido então, o método científico difere dos demais métodos? Talvez a melhor
maneira para responder a esta questão seja recorrendo ao senso comum, isto é, àquilo que nos
ocorre para resolvermos de forma prática, no dia-a-dia, nossas dificuldades e afirmarmos: “tenho
um método particular para resolver essa questão!”. Ou, ainda: “vou resolver isto à minha
maneira, com os meus próprios métodos!”. Como se pode observar, a verdade e o método de cada
um diferem, substancialmente, da verdade e do método científico porque tanto a verdade quanto
o método, próprios da ciência, pretendem ser únicos e universais. Por isso para que uma verdade
científica seja reconhecida como lei é necessário que tenha sido obtida com rigor, com
demonstração a todo tempo das provas que a sustentam e só enquanto sustentada por estes
requisitos é que goza o estado de lei universal, ou verdade universal. Por exemplo: enquanto não
20
ficou provado que a Terra movia-se ao redor do Sol, acreditava-se que ela era plana, parada e
única.
Para a fé, basta acreditar. Para o senso comum, basta parecer verdadeiro. Para a ciência é
necessário método, prova e resultados incontestáveis, até se que prove ao contrário através do
próprio método de fazer ciência. Como a busca da verdade não se esgota, se voltarmos à idéia de
método como caminho, podemos formar uma imagem dinâmica do caminho, do passo firme e
decidido para o avançar do caminheiro que, nas busca de conhecimentos, a partir de certo ponto,
abre novas veredas que mais tarde se tornam novos caminhos. A metáfora do caminho e do
caminheiro nos ajuda a traçar um mapa geral das ciências enquanto esforço humano para
conhecer o desconhecido.
Um questionamento pode ser feito com muita propriedade: considerando que o método
científico distingue-se dos métodos de senso comum, só existe, então, um método válido para
todas as ciências?
Falamos da singularidade do conceito de método, mas temos que nos reportar à sua
aplicação no âmbito das ciências. Ao fazermos isto, constatamos que cada ciência vai agregando
certos procedimentos que se ajustam melhor à busca do conhecimento a que se propõem para
explicação dos problemas que levantam. As combinações, o uso de técnicas de investigação e o
processo de investigação em si, terminam por estabelecer uma tipologia ou variações que nos
levam a falar não mais de um único método de investigação, mas em “métodos de investigação”
mais ou menos utilizados por uma ou mais ciências, sem perder as características fundamentais
como o rigor, a busca de provas e comprovação dos resultados.
Apenas para rememorar, voltemos um pouco no tempo e lembremos do que já
conhecemos sobre a evolução do método científico. A vontade de conhecer é antiga, mas o
aparecimento das ciências, como as conhecemos hoje, é recente, um pouco mais de quinhentos
anos. Foi Galileu Galilei (ver informações no próximo box) quem formulou as diretrizes
primeiras do método científico, na Modernidade, demonstrando que a experimentação era o
caminho por excelência para as Ciências da Natureza, o que permitia estabelecer uma ruptura
com o conhecimento teológico e o conhecimento filosófico vigentes até aquele momento e, ao
mesmo tempo, abria a oportunidade para conhecer e proclamar leis explicativas para os
fenômenos, fazendo o mundo sair do obscurantismo, da crença exagerada no sobrenatural e nas
fantasias que povoavam a imaginação da quase totalidade das pessoas. E foi por contrariar a
maneira vigente de pensar, em sua época, que este precursor da ciência moderna pagou caro. O
Método Experimental criado por Galileu começa com a seleção dos fenômenos, objeto de
investigação, formando, com isso, um campo de investigação que delimita o âmbito de um ramo
do conhecimento, seguindo-se a:
a) Observação;
b) Análise
c) Indução
21
d) Verificação,
e) Generalização
f) Confirmação.
a) Experimentação;
b) Formulação de hipóteses;
c) Repetição dos experimentos;
d) Testagem das hipóteses;
e) Formulação de generalizações e leis.
a) a da Evidência;
b) a da Análise;
c) a da Síntese;
d) a da Enunciação.
leis regentes das coisas do mundo vivido e experimentado pelos humanos. Por esta razão, o
Método Científico tornou-se o “Paradigma Dominante”, isto é, nenhum outro conhecimento que
não seja obtido através dele alcança a condição de Verdade e o que está fora da ciência é mera
crença, senso comum, é arte, dogma de fé, especulação ou visão subjetiva de um fato que por
mais verdadeiro que nos pareça, ainda não é verdade porque não é ciência.
Alinhando e sintetizando as idéias de Bunge in Marconi e Lakatos (2000, p. 51-52)
reuniram as concepções gerais sobre o método científico e as denominam de “Concepção Atual
do Método”: o método científico é a teoria da investigação e como tal deve cumprir as seguintes
etapas:
a) Descobrimento do problema;
b) Colocação precisa do problema;
c) Procura de conhecimentos ou instrumentos relevantes ao problema;
d) Tentativa de solução do problema com auxílio dos meios identificados;
e) Invenção de novas idéias (hipóteses, teorias ou técnicas) ou produção de novos dados
empíricos;
f) Obtenção de uma solução;
g) Investigação das conseqüências da solução obtida;
h) Prova (comprovação) da solução;
i) Correção das hipóteses, teorias, procedimentos ou dados empregados na obtenção da
solução incorreta.
c) Método Hipotético-Dedutivo;
d) Método Dialético.
Cada um tem a sua história de aperfeiçoamento e de aplicação e não nos cabe fazer juízo
de valor sobre qual deles é o melhor ou mais adequado. O uso de cada método depende em última
análise do problema que é levantado e o referencial teórico mais apropriado no âmbito de cada
ciência. O conhecimento ou referências mesmo indiretas ao problema deve pesar bastante na
decisão do pesquisador para a sua escolha.
e da busca incessante de saber sobre as coisas que nos inquietam ou que estão subjacentes aos
fatos que observamos em nossa vida cotidiana.
Quando falamos das contribuições para o aperfeiçoamento dos métodos de investigação e
das técnicas de pesquisa, estamos também adentrando na seara da Metodologia, mesmo que não
tenhamos feito aqui uma crítica às diversas concepções de método e nem tenhamos feito análises
comparativas sobre eficácia, por não ser esse o nosso propósito.
Vale, no entanto, guardar a estreita relação entre Metodologia e Epistemologia, uma vez
que ambas têm como objeto o estudo crítico dos métodos e dos resultados alcançados pelas
ciências constituídas e contribuir para uma Teoria do Conhecimento.
3.2.
A PESQUISA COMO INVESTIMENTO DE PRODUÇÃO DO
CONHECIMENTO
Consideremos que já está bastante claro que pesquisamos para ampliar o conhecimento
existente sobre as coisas. Sabemos, também, que esta busca é sempre guiada por objetivos e que
o conhecimento pelo conhecimento é bastante questionado, mas na verdade, por baixo dessa falsa
polêmica, constatamos as relações sempre existentes entre conhecimento, desenvolvimento
material e desenvolvimento espiritual da humanidade. A prova cabal de tudo é que somente essa
relação explica o desenvolvimento tecnológico, econômico, artístico, político e social dos povos.
Tem-se, também, o registro histórico de que um dos fatores da desigualdade sempre se relacionou
com o saber. Há, portanto, uma forte convicção de que o domínio do saber (o conhecimento) é
parte integrante das relações políticas construídas pelos homens e, com isso, a evidência de que a
ciência nunca foi neutra.
O conhecimento expresso pelas ciências é um bem tão valioso quanto tantos outros que
circulam no meio social, sua posse e o seu progresso exigem organização, formulação de
estratégias, investimentos, determinação, administração de aplicação e de resultados. Espera-se
que sempre seja usado em benefício de todos e da natureza, o que nem sempre ocorre em função
de vários fatores ou variáveis que cabe, inclusive, à Ciência Política analisar.
Francis Bacon já se posicionava contra o conhecimento diletante propugnando a
aplicabilidade que permitisse o domínio dos homens sobre a natureza. De um certo modo, foi esta
a idéia que prosperou e a ciência aplicada, isto é, o emprego do conhecimento científico a serviço
das práticas e das ações humanas, ajudou o progresso da humanidade e, num sentido restrito ao
campo econômico, não se pode negar, ajudou o desenvolvimento do Capitalismo. É claro que
essa vitória também tem um preço que se expressa na devastação em larga escala dos recursos
naturais e de relações desiguais entre os povos. A bomba atômica, a produção de germes em
laboratório para a guerra biológica e os modelos econômicos cientificamente estruturados para
destruir as economias frágeis, mostram-se como exemplos deploráveis de usos indevidos dos
resultados alcançados pelas ciências.
O desenvolvimento da pesquisa, no entanto, é o traço distintivo da chamada civilização
ocidental que, desde os gregos vem se apropriando dos conhecimentos armazenados por todas as
civilizações. Por isso é que não podemos prescindir da pesquisa para manter os nossos
fundamentos, as nossas instituições e conduzir o nosso cotidiano. É por esta razão que a Escola,
até então difusora do conhecimento científico, passa a ser, também, produtora de tal
conhecimento, a partir do nível superior, da mesma forma que as empresas privadas, tradicionais
25
A pesquisa como atividade sistemática e necessária deve ter sempre objetivos finalísticos
bem definidos, dos mais gerais aos mais específicos. Não exclui os gênios e seus dotes
privilegiados, mas é exercida com profissionalismo dentro das corporações universitárias, dos
institutos de pesquisa, das corporações econômicas e dos aparatos do Estado e nas redes ou
estações de trabalho que ligam amplamente estes setores.
O industrial precisa ter acesso a resultados de pesquisas para conhecer as propriedades e
qualidades dos insumos com os quais trabalha o mercado, os avanços tecnológicos, a mão-de-
obra que emprega, além de outros agentes econômicos. Os profissionais liberais, incluídos os
cientistas políticos não podem desligar-se um só dia do que há de novo. As instituições do Estado
e seus dirigentes, para tomarem as decisões mais importantes, para formular políticas públicas,
para avaliar o desempenho institucional, para a produção diária de análises de conjuntura (isto é,
conhecer a interferência das variáveis na dinâmica social em determinado momento), para a
análise das macroestruturas e dos sistemas operacionais da máquina estatal estão constantemente
alimentados por resultados de pesquisa. Por sua vez, os meios de comunicação social, buscam
pela investigação jornalística, os resultados de pesquisa nas diversas áreas e deles se apropriam
para a difusão do conhecimento ao grande público, às vezes, antes que a discussão entre os pares
26
esteja concluída, criando assim, muitas vezes, problemas para os cientistas, visto que o tempo da
ciência não é o mesmo da mídia que está interessada em dar a notícia em primeira mão, mesmo
que isso possa ser desmentido depois por uma outra notícia.
Face a tais questões, surgem os problemas da credibilidade que a ciência deve manter e da
fidedignidade das informações que devem chegar aos pares e aos demais interessados. Por isso,
os pesquisadores devem munir-se de alguns cuidados: rigor metodológico, ética na atividade de
pesquisador e no relacionamento com os pares e usuários, consciência de suas responsabilidades
sociais, respeito aos princípios que regem o resguardo de dados sobre pessoas ou instituições,
humildade para não se erigirem donos da verdade, submeterem-se ao crivo da crítica
especializada e dar as explicações necessárias em espaços apropriados para este fim (congressos,
encontros, simpósios, revistas científicas etc.).
Trataremos aqui, apenas, da pesquisa científica, o que já comporta uma série de divisões
diferentes. A mais antiga e até certo ponto a mais combatida é aquela que cria dois tipos:
Pesquisa Pura e Pesquisa Aplicada. Marconi e Lakatos (2002, p.20-23) mostram várias das
classificações mais usuais. Apesar de todas serem peremptórias e, por isso mesmo, dificultarem o
enquadramento de alguns gêneros de trabalhos científicos, a tipologia de Best (1972) tem o
mérito de ser bem simples: Histórica (descreve o que era); Descritiva (descreve o que é);
Experimental (descreve o que será). A de Remmel (1977) tipifica sem entrar no mérito de uma
classificação aliada a métodos restritos: Pesquisa Bibliográfica; Pesquisa de Ciências da Vida e
Ciência Física-Experimental; Pesquisa Social; Pesquisa Tecnológica ou Aplicada-prática.
É preciso não perder de vista que essas classificações ou tipologias nem sempre são
precisas e um trabalho de pesquisa pode avançar em várias direções, usando vários instrumentos
metodológicos para alcançar a explicação do problema. Neste caso não vale o enquadramento,
mas o esforço do(s) pesquisador(es) para chegar(em) a bons resultados.
Ressaltemos, ainda, a distinção que nem sempre é feita entre pesquisa e formato de estudo
científico. É comum ouvirmos afirmações desse tipo: minha pesquisa de final de curso, meu
trabalho de final de curso (TCC), minha monografia, minha tese ou minha dissertação. O que há
de comum entre todos eles? É que para realizá-los é necessário que se faça um esforço de
pesquisa. Todos exigem trabalho de pesquisa e algo mais.
Os resultados de uma pesquisa podem ser simplesmente apresentados em um
RELATÓRIO DE PESQUISA que tem um formato próprio. As TESES e DISSERTAÇÕES são
trabalhos acadêmicos para obtenção de títulos acadêmicos de doutor ou mestre, respectivamente,
e são apresentadas em exames públicos perante uma banca de Doutores. O TCC ou monografia
são trabalhos acadêmicos submetidos ou não a exame público, mas sempre apreciados por uma
banca, para obtenção do grau de bacharel ou licenciado nos cursos universitários de graduação ou
de pós-graduação (especialização). O grau de exigência nesses vários tipos de trabalho é
progressivo, no entanto, não é raro encontrarmos monografias de final de curso de graduação
bem feitas e que revelam talentos de jovens pesquisadores. Não podemos esquecer, também, que
Monografia é um formato de estudo científico que busca a aplicação de método de investigação
voltado para o conhecimento em profundidade de um tema específico e lançado por Le Play ,
primeiramente, no estudo de famílias operárias, na Europa.
27
Primeira: que o tema responda aos interesses do candidato (ligado tanto ao tipo de exame
quanto às suas leituras, sua atitude política ou religiosa);
Segunda: que as fontes de consulta sejam acessíveis, isto é, estejam ao alcance material
do candidato;
Terceira: que as fontes de consulta sejam manejáveis, ou seja, estejam ao alcance cultural
do candidato;
Quarta: que o quadro metodológico da pesquisa esteja ao alcance da experiência do
candidato. (ECO, 2002, p. 6).
sua especialização), devem ser levados em conta para amadurecer uma idéia e colocá-la em
esboço. A produção científica é, também, um ato de criação, de construção de idéias que vão se
aclarando, ganhando consistência, coerência, princípios fundamentais da sistematização.
Lembre que não existe monografia sem pesquisa e não se faz pesquisa sem um projeto
que contemple os elementos essenciais concernentes ao processo de descoberta, ou seja, ao
processo de busca do conhecimento. A escolha do tema, o esboço ou delineamento, como passos
que antecedem ao projeto, facilitam a sua execução.
O projeto de pesquisa é também uma carta de intenções ou de compromissos firmados
com nós mesmos e com as instituições a quem prestaremos conta de nosso desempenho. Deve ser
o mais objetivo possível e dizer de maneira clara as nossas intenções. Portanto, quando:
i) definimos o método de estudo, deixamos claro qual é o caminho que vamos percorrer
em busca do que nos propomos, com as técnicas mais adequadas para chegarmos a
bom resultado;
j) quantificamos o volume de trabalho intelectual e o material necessário para
empreender nossas buscas, vislumbramos os recursos humanos, materiais e
financeiros como fontes de suprimento indispensáveis:
Nem seria o caso aqui, mas é bom deixar claro que não tenho qualquer
pretensão de proceder a uma ‘arqueologia’ da Ciência Política e que,
igualmente, me abstenho de referências ao tradicional debate sobre a
dicotomia ciências versus política. Arrisco-me a diretamente afirmar que
a Ciência Política ‘é’ uma ciência e, como tal, tem um objeto e um
método. As relações de poder que configuram as ações e instituições
políticas constituem o objeto dessa ciência. Embora essas relações de
poder estejam apoiadas em interesses determinados, tais interesses não
costumam ser explicitados. Ao contrário, são de difícil percepção,
permanecendo como que encobertos por um véu. Já o método da Ciência
Política está caracterizado na análise das ações e das instituições
políticas, revelando justamente os interesses que as sustentam. A Ciência
Política analisa fatos/ações e o funcionamento de instituições; avalia o
resultado das ações, das políticas implementadas. Ela não busca
intenções. Através dos fatos, descreve os vários interesses que justificam
e orientam as ações em um sentido, e não em outro, em determinado
momento histórico e em contexto específico. Demonstra, então a rede de
relações de poder que vai sendo tecida no jogo de interesses que ora se
rticulam, ora se afastam, que às vezes negociam entre si e outras vezes
disputam em terrenos radicalmente opostos (SARTI, 2002, p.63).
Atentemos para tudo que já dissemos sobre a metodologia, sobre os métodos e as técnicas,
os tipos de pesquisa e a necessidade de fazer um PROJETO DE PESQUISA, onde a pesquisa se
inicia, verdadeiramente. Isto é, passa da intenção à ação. Para que isso aconteça todo pesquisador
ou iniciante em pesquisa deve conhecer bem a sua área de atuação, os fundamentos teóricos de
30
sua área de estudos, o objeto de estudo de sua área de saber, os grandes problemas que estão
ligados à sua área de estudo e ter informações suficientes sobre o que está sendo estudado pelos
seus pares, o que pode ser usado em seu favor para chegar a bom resultado no estudo de um
problema que guarda semelhança com outros já estudados.
O estudante em final de curso certamente se perguntará: como será possível se pesquisar
com todas essas exigências? Será que todo pesquisador está de fato preocupado com essas
coisas? Até que ponto é possível contornar as dificuldades que surgirão no caminho?
Todas as áreas de conhecimento têm um conjunto de obras consagradas, os chamados
“clássicos” e os seus comentaristas que abrem o caminho para que você domine as teorias
fundamentais que caracterizam a sua área de saber e, nos cursos de graduação, normalmente são
estudados nas disciplinas ditas “teóricas”, nos primeiros períodos do curso. Normalmente esses
clássicos fundam vertentes teóricas dentro de sua própria área na busca de solução para os
problemas que a ela estão relacionados. Eles mostram os caminhos percorridos, os métodos e as
técnicas por eles utilizados com sucesso. Eles, portanto, ajudam-nos a ver a nossa realidade
imediata e a identificar dentro dela problemas não resolvidos ou ainda não explicados.
Além daquelas chamadas Regras de Ouro dadas por Umberto Eco que nos remetem aos
limites de nossa atuação no plano físico e intelectual, precisamos nos ater ao que é mais relevante
para o momento, para a sociedade em que vivemos e para os compromissos que assumimos
enquanto pesquisadores e cidadãos. E quais poderão ser os temas relevantes para o cientista
político? Voltando ao fragmento de texto que transcrevemos de autoria de SARTI, você poderá
refletir sobre as temáticas que são próprias de sua área de estudos. Por menor que seja o
grupamento humano, ele estará sempre atravessado por forças que alimentam o sistema social
subsistente, que por sua vez com as estruturas sociais que determinam a maneira de seu
funcionamento. Esses sistemas ou estruturas sociais são conhecidos? Como se articulam? Como
se mantêm em funcionamento? Como mudam? E em que sentido ocorrem as mudanças?
Quando você começa a questionar, a levantar perguntas em torno de um tema é sinal de
que já está levantando um problema. O questionamento deve ter uma lógica, isto é, uma razão de
ser por não ter sido ainda respondido. Se você descobre ser relevante uma resposta para ele, está
diante de um PROBLEMA DE PESQUISA, diante de algo que deve ser objeto de suas
preocupações e precisa receber uma formulação adequada. Isso só ocorre quando isolamos o
problema, quando o enunciado chega a um nível de objetividade que não deixa dúvidas. Isolar o
problema não é pensar que não existam relações deste com outros problemas, mas estabelecer a
sua verdadeira dimensão. Por exemplo, constata-se uma baixa freqüência às aulas por parte das
crianças em idade escolar no município, apesar de formalmente matriculadas e de existirem as
condições objetivas e estruturais para que ocorra a prática de ensino: sala, professores, material
didático e alunos matriculados. O que está provocando a evasão escolar? O problema ocorre em
decorrência de políticas educacionais equivocadas? Em decorrência de problemas de estrutura
familiar que não foram levados em conta? Ou em decorrência de ambos os questionamentos?
Verifica-se que o pesquisador está diante de uma questão relacionada com políticas
públicas de educação de seu município; subtende-se que houve uma pesquisa exploratória que
permitiu ao pesquisador constatar dados preliminares que sustentam as suas afirmações no
enunciado, mas a grande questão precisa ser respondia e ela parece ser complexa. Por que é
preciso responder a essa pergunta? Ora, em primeiro lugar as crianças não estão freqüentando a
escola e isto pode configurar-se em crime cometido pelos pais se estes forem os únicos
responsáveis. O dinheiro público está sendo desperdiçado com o pagamento de professores, com
técnicos auxiliares e com infra-estrutura física para abrigar as crianças. O baixo nível de estudo
de uma população compromete o desenvolvimento sócio-econômico e cultural. Além de outras
31
Há uma tendência entre os neófitos em pesquisa em imaginar que são sempre os primeiros
a investigar um problema e a isso se chama “síndrome do ineditismo”.Tal síndrome tem seu
corolário na célebre frase que certamente já foi bastante ouvida: “meu tema é tão inédito que não
encontrei nada publicado sobre ele”. Isso não existe! O que provavelmente está ocorrendo é que o
“pesquisador” não teve acesso às fontes adequadas de informação que o levarão a saber o que
outros pesquisaram e escreveram sobre o tema, pelas mais variadas razões.Tendo acesso,
descobrirá, às vezes com profundo pesar, que aquilo que para si era um problema a ser explicado
já está resolvido. Neste caso, cabe ao pesquisador aceitar o desafio de reformular o problema,
partindo da mais nova descoberta. É para isso que se faz também revisão de literatura.
A revisão de literatura (não pode ser confundida referências ) permite dar crédito aos que
se debruçaram sobre a temática que escolhemos, a entender o caminho percorrido por cada um
dos pesquisadores para obter os resultados, os seus fracassos, os seus sucessos. Ao longo desse
diálogo com os que nos antecederam, vamos refinando os conceitos básicos, acertando a
linguagem para melhor abordar o tema e nos fixar naqueles achados teóricos que deverão vir a se
constituir no Marco Teórico de nosso trabalho, isto é, a teoria ou conjunto de teorias que darão
respaldo a todo o trabalho de pesquisa para comprovação das suposições (hipóteses) iniciais. É
salutar evitar os excessos para que esta parte do trabalho não tenha a pretensão de erudição e
termine obscurecendo as demais partes. Não é difícil encontrar trabalhos onde a revisão de
literatura toma a maior parte, deixando o autor sem fôlego para manter o mesmo ritmo nas partes
posteriores. É sempre bom primar pelo equilíbrio, pela sobriedade, pelo estritamente necessário.
Com o tema escolhido, com uma boa justificativa para escolha desse tema, com uma
precisa e competente revisão de literatura (revisão de bibliografia ou referencial teórico), com
hipóteses e/ou objetivos bem delineados, tem que se ter também um bom plano de coleta de
dados, isto é, saber onde encontrar e como obter as informações (fontes de informação) ou dados
que serão indispensáveis para alcançar o resultado final. Não vamos dizer aqui quais devam ser
os instrumentos ou técnicas para obtenção de dados, pois cada um problema de pesquisa exige o
uso de técnicas apropriadas de coleta de dados. Aconselhamos, nesta hora, primeiramente valer-
se do bom senso, consultar os manuais de pesquisa que estamos indicando ou que estão ao seu
alcance, ouvir pessoas mais experientes, ouvir o orientador e, por último, consultar um
especialista, caso a técnica a ser aplicada assim exija.
Uma providência importante é o pesquisador colocar-se em estado de alerta para tudo que
diga respeito ou se relacione direta ou indiretamente com o seu tema e problema de pesquisa.
Aconselha-se estar sempre munido de um caderno, caneta ou outros instrumentos para registro de
observações, conversas, indicações de fontes, dados em estado bruto, documentos, depoimentos,
etc., tudo pode servir depois de devidamente apurado.
Dados colhidos, dados bem guardados! Há um exemplo clássico do pesquisador que
colhia dados para conhecer a capacidade de uma árvore de determinada espécie, em determinada
região, para transformar as flores de uma florada em frutos. O pesquisador colheu os dados na
época certa, mas não teve o cuidado de protegê-los. Houve um roubo em sua residência e para
infelicidade sua, no rol das coisas levadas foram seus dados. E agora? O pesquisador sem uma
cópia de segurança teve que esperar a floração do ano seguinte, perdeu os prazos e teve um duplo
dispêndio de recursos, além de outros constrangimentos.
Dados coletados, é hora do pesquisador pensar no seu tratamento, interpretação e
exposição na forma exigida pela instituição que financia ou que vai, com a apresentação e
aprovação, conceder um título em decorrência disso. Mais uma vez, os manuais, juntamente com
a leitura e observação de trabalho de igual natureza, são úteis na orientação do pesquisador. Não
esqueça que as normas da ABNT se sobrepõem a quaisquer outras, mas deve, ainda, obedecer às
33
normas de apresentação de resultados de pesquisa exigidos pela instituição desde que não as
contrariem.
Sobre a análise e exposição dos dados coletados, podemos chegar logicamente a uma ou
mais conclusões sobre o problema investigado. Se haviam hipóteses enunciadas, a conclusão
deve explicitar claramente se estas foram comprovadas ou rejeitadas, se parcialmente
comprovadas ou parcialmente rejeitadas. Se não houve hipótese e sim objetivo enunciado, a
conclusão deve indicar claramente se este foi ou não alcançado. Alguns aproveitam para concluir
resumindo ou rememorando as partes principais do trabalho escrito e distribuído em capítulos.
Isto não elimina a necessidade de informar se a hipótese ou objetivo foram alcançados.
A generalização diz respeito primeiramente ao tipo de estudo. Se o estudo recebeu um
tratamento estatístico, isto é, se você trabalhou com uma amostragem ao invés de todo o
universo, a generalização, neste caso, refere-se ao trabalho de estender a validade do que foi
obtido para a amostragem de toda a população (o universo). Em outro sentido a generalização
pode ser entendida como uma forma de estender o resultado obtido a outras situações iguais ou
semelhantes.
A recomendação é um ato de vontade, de coragem ou autoridade do pesquisador quando
disponibiliza os resultados obtidos com o seu trabalho para aplicação no próprio contexto em que
se realizou a pesquisa ou em outros que dele possam fazer proveito.
Finalmente, os resultados de pesquisa numa determinada área de conhecimento devem
confirmar, fortalecer, melhorar ou modificar as teorias existentes sobre os fatos e as ocorrências
do mundo físico ou social. O destinatário maior é a humanidade quando estes resultados podem
contribuir para a melhoria das condições de vida dos povos e/ou conservação e bom uso das
coisas da natureza. Por isso, depois de discutidos pelos pares, isto é, por outros pesquisadores,
integram o patrimônio do conhecimento humano. Pode, ainda, uma pesquisa ter um caráter
particular, uma destinação específica e os seus resultados serem apropriados por poucos ou
apenas por aqueles que a financiaram. Vale lembrar que a ética é um importante guia para os
pesquisadores de um modo geral e constitui falta de ética, antes que possa ser qualificado até
como crime, privatizar resultados de pesquisa financiada com recursos públicos. Cabe, ainda, ao
pesquisador e a instituição a que pertence criarem meios adequados para difundir os resultados e
colaborar para a sua aplicação, se for o caso.
A AVENTURA DA PESQUISA
O trabalho científico requer o auxílio de um professor orientador para ajudar durante todo
o processo, que se inicia pela escolha do tema. Ao orientador cabe ainda:
papel do orientador, porém, não se limita apenas a ajudar na escolha do tema: sua função
é acompanhar seu orientando também nas outras etapas da pesquisa, que veremos a seguir. Sem
dúvida, para que a orientação seja eficiente e produtiva, são necessários encontros constantes e
periódicos com o fim de dirimir dúvidas e superar as dificuldades que irão surgir ao longo do
desenvolvimento do trabalho. Isso só será possível se estabelecer uma relação “simpatética”
entre orientador e orientando. É o respeito e a admiração mútua que tornam agradáveis os
encontros. [...] Na maioria das vezes o discípulo aprende mais pelas longas conversas que tem do
orientados do que pelas leituras de livros. Lembramos que o diálogo entre mestre e alunos era a
forma pedagógica mais desenvolvida na Grécia antiga. As aulas eram ministradas na forma
dialógica de perguntas e respostas entre o sábio e seus seguidores, durante as atividades
corriqueiras da vida: banquetes, passeios públicos, banhos coletivos. (SALOMON, 2000)
Não faz muito tempo que se discutia o direito dos povos sobre o seu patrimônio cultural
para preservação da identidade. Esta era, também, uma das conquistas políticas em resposta ao
cambaleante colonialismo opressor nos anos setenta. Saqueados pelas constantes guerras, pela
venda, por um pouco mais de nada, de sambaquis, de totens, de riquezas naturais, os pobres
pareciam reivindicar o seu lugar na história. Muitas coisas pertencentes aos vencidos constituem,
hoje, patrimônio de outros povos e estão em seus museus e praças públicas. Outras deram origem
a produtos patenteados por empresas, que descobriram as propriedades intrínsecas de suas
substâncias constituintes e hoje embolsam milhões de dólares em royalties dos consumidores.
36
apropriação de peças musicais pelas novas emissoras improvisadas de rádio, via internet? A
extinta União Soviética controlou, até onde pôde, o uso das máquinas reprográficas para impedir
que se fizessem cópias de material ofensivo à hegemonia do partido comunista e do governo
soviético, nem com isso conseguiu o seu intento. O muro de Berlim caiu em 1989. As máquinas
reprográficas, com qualidade ou não, estão em todas as esquinas do Brasil como meio de vida de
muitas pessoas que, muitas vezes, não sabem o que estão copiando ou sobre o crime que estão
cometendo. Além do mais, somos um país de poucas bibliotecas e as que temos nem sempre
estão aparelhadas para servir às necessidades da população. Não temos o hábito de investir em
livros e em leitura. Desenvolvemos a cultura da pressa, do fragmento de texto e ainda temos a
veleidade de propalarmos que conhecemos o pensamento de seus autores. Esta conduta
acadêmica equivocada vem sendo passada de mestres para alunos que se tornam mestres e assim
por diante.
Essas coisas disseminam a insegurança para os produtores de saber, de arte, de
entretenimento, enfim, de cultura e, por isso, podemos falar em uma questão que deverá ser
resolvida com uma tomada coletiva de consciência, para saber até onde podemos ir, uma vez que
existe um outro lado da moeda que deve também ser avaliado, como por exemplo: até onde é
justo impedir que várias pessoas morram por não poderem pagar o preço exigido por um
laboratório que patenteou um bem da natureza - portanto bem universal – para si ? Como negar
a um povo o conhecimento só por que não pode comprar livro e seu único acesso ao saber é
através de cópias de livros ou de fragmentos de textos importantes para seu aprendizado? Como
impedir aqueles que têm o domínio tecnológico e científico de desenvolver um remédio que cura
o câncer só porque o país detentor da matéria-prima impede a sua exploração por questões
estratégicas? Como aprender a produzir e inovar sem repetir, sem compilar ou imitar os passos
dos mais experientes?
Essa questão pode começar a ser deslindada com um processo educativo para desenvolver
uma consciência de honestidade intelectual, uma consciência cívica e uma consciência universal
sobre o valor, a disponibilidade e o usufruto do saber como patrimônio da humanidade. Por aí,
vemos que essa é uma proposta de longo prazo. A forma coercitiva nos parece exagerada, quando
não impositiva, sem atenuantes. O caso da lei de direito autoral de obra musical é tão complicado
e absurdo que, se cumprido a risca, não nos permite fruir publicamente nenhuma obra musical
sem o respectivo pagamento de direito de autor, recolhido por uma instituição comandada por
terceiros, cuja transparência tem sido objeto de constantes críticas, sem falar da ganância de
conglomerados fonográficos nacionais e que facilitam a corrupção encobrindo as trocas de
autoria dos pobres fazedores de música, desde os velhos tempos.
A lei que regula o direito autoral na reprodução de textos é draconiana. A mesma fala em
prisão em flagrante, em crime inafiançável, para quem for surpreendido copiando um texto sem
pagar o correspondente à taxa de reprodução, se até dez páginas, e autorização do detentor do
direito autoral para quem ultrapassar a isto. Significa dizer que você poderá ser detido por
flagrante delito ao reproduzir um texto no seu fax , no seu scaner, na “xerox” ao lado de sua casa
ou de sua faculdade, se esta não estiver devidamente autorizada pela associação encarregada de
recolher os direitos autorais.
Por outro lado, escolas, professores e alunos, se não podem fomentar a ilegalidade não
podem também interromper o processo de aprendizagem quando textos e livros são escassos. Da
mesma forma como o Brasil enfrentou corajosamente os laboratórios internacionais que
cobravam custo exorbitante para os remédios de cura da AIDS, quebrando as patentes dos
mesmos e impondo uma negociação mais equilibrada, o mesmo pode ser feito não só para evitar
38
os absurdos com relação à reprografia, mas também conter o exagero e a banalidade da cópia,
que nem sempre é a solução mais adequada para o processo de aprendizagem.
Resta, no entanto, o ato de consciência para não plagiar. Este só pode ser resolvido pela
sólida formação moral, pois plagiar revela falta de caráter, e caráter não se vende, não se compra,
adquire-se por formação. O ladrão de idéias forma-se nas escolas com a complacência dos
professores e dos pais, que às vezes aplaudem a boa nota do filho sabendo que ele fez uma cópia
fraudulenta de um trabalho via Internet; sabendo que ele “colou” da prova do colega; que ele
copiou de um texto, sem citar a fonte, que o próprio pai trouxe e o deu para este fim. O crime se
completa, quando o professor, ao fazer a correção de forma descuidada e despreparada intelectual
ou tecnicamente, ou até de forma criminosa, não percebe que o texto está acima da capacidade
cognitiva do aluno e não toma nenhuma providência. Assim, o criminoso sai da escola com boas
notas e pode vir até a ser professor.
Segundo matéria veiculada pela revista Saber: revista do livro universitário, Ano I, n. 8,
julho/agosto, 2002, intitulada “Estelionato Intelectual”, uma pesquisa da Rutgers University entre
seus 4500 alunos, mais da metade revelou já ter copiado trabalhos na Internet e entregue como
seus. Nos EUA, segundo a mesma revista e matéria, há mais de 600 sites vendendo trabalhos. E
para se identificar um trabalho plagiado já existem até empresas especializadas em identificação
por computador da autenticidade da obra.
No Brasil, o roubo intelectual via Internet já vem sendo feita com um certo sucesso. O que
mais cresce mesmo é a cópia descarada de trabalhos resultante de busca em Home Pages abertas
para divulgação autoral de professores ou pseudoescritores em busca de fama ou até mesmo de
certos autores que desejam partilhar a sua obra com outros. Para infelicidade nossa já é possível
ver anúncios em jornais oferecendo serviços para realização de trabalhos escolares. Como diz o
bordão do Boris Casoy, “isto é uma vergonha”! A revista Saber, (op. cit., p. 11), cita os tipos de
“rapinagem intelectual” mais comuns: plágio literal, cópia de obra alheia sem alteração;
“tradução” de versão portuguesa, quando se toma uma obra ou texto escrito em português de
Portugal e faz uma “versão” para o português do Brasil; plágio de lógica e idéias, quando a
estrutura de raciocínio é aproveitada e contada com outras palavras, sem citar o autor ou citando-
o marginalmente; plágio de carona, quando o trabalho coletivo termina divulgado ou publicado
como se fosse apenas de um autor; plágio em conversas informais, quando colegas conversam
sobre projetos de futuros trabalhos e um deles se apropria da idéia do outro ou dos outros para
produzir antes dele ou deles.
39
Os eventos científicos devem sempre ser bem planejados e para evitar falhas que podem
comprometê-los é recomendável que se busque ajuda de profissional da área, no caso, um
bacharel em relações públicas, até porque o objetivo de tais eventos é transmitir informações,
idéias, fatos, opiniões, compartilhar experiências e conhecimentos. Vale lembrar que a troca de
experiência é um dos exercícios intelectuais dos mais salutares e que ela se processa de modo
sistematizado nos eventos científicos, ocasião em que há interação entre estudantes, professores,
especialistas, profissionais da área ou de áreas afins através da exposição de seus trabalhos e das
articulações que ocorrem a posteriori. Geralmente, a apresentação de um trabalho científico
acontece em Congressos, Conferências, Jornadas, Mesas Redondas, Painéis, Simpósios,
Seminários, Fóruns, Palestras, Workshops etc.
Independente do tipo de evento escolhido para difundir e divulgar o trabalho científico,
alguns pontos são interessantes e merecem ser observados:
Conteúdo: O que abordar num evento científico? Geralmente, são observações sistemáticas
traduzidas em pesquisa original, ou seja, o resultado de uma pesquisa, detalhando os passos
importantes que foram dados para se chegar àquela conclusão.
40
Finalidade: Qual a finalidade de um evento científico? Ela pode traduzir-se em: Comunicar aos
participantes o resultado de seu trabalho. Influenciar, motivar outras pessoas para produzirem
conhecimento, ou até atualizar profissionais da área.
Apresentação oral: É importante um planejamento específico para quem for apresentar
oralmente um trabalho. É sempre bom treinar antes. Uma boa apresentação oral valoriza o
trabalho que está sendo apresentado. Uma apresentação de improviso pode gerar insegurança,
favorecer o esquecimento, “o famoso branco’, e desvalorizar o trabalho, deixando no pesquisador
e no público uma sensação de frustração, devido a expectativa não correspondida. A regra
número um é preparar-se. Aliás, ela vale para tudo. Desde o visual, até as técnicas de leitura. É
importante ler com clareza e formalmente o que está escrito.Os verbos e os advérbios devem ser
pronunciados com um pouco mais de ênfase, pois eles trazem a mensagem ao texto. Igual atenção
deve ser dada às palavras chaves visando demarcar bem as delimitações do trabalho, como,
também, prender a atenção do público.
Estrutura do trabalho: Às vezes, quando um evento é planejado em seus mínimos detalhes, a
comissão organizadora responsável pelo evento científico já envia aos participantes um modelo
estrutural de apresentação, objetivando obter uma certa padronização e facilitar a edição dos
anais. Quando isso não ocorre pode-se seguir o esquema abaixo:
Título
Autor
Introdução
Objetivos
Procedimentos Metodológicos
Resultados
Conclusões
Referências
Não esquecer de colocar endereço, inclusive o eletrônico, e telefones para contato e,
obviamente, o nome da instituição ou do órgão que fomentou a pesquisa.
Linguagem: Deve ser acadêmica, técnica e objetiva. Nada mais desagradável do que um
expositor fazendo rodeios com as palavras. Ou seja, pode-se resumir numa frase o que foi dito
com mais de mil palavras. Às vezes o expositor peca pelo excesso de beletrismo, apenas para
mostrar erudição e demarcar a distância entre ele e o público. Vale ressaltar que no processo de
comunicação a figura mais importante é a do receptor, pois é para ele que a mensagem é
destinada. Se ele não decodificar a mensagem, não há comunicação.
Argüição: O expositor deve estar preparado para os questionamentos. Queira ou não eles virão.
Já que virão, é bem melhor preparar-se para eles com naturalidade. É de suma importância ser
atencioso nas respostas e caso não saiba o que responder seja honesto. Ninguém é obrigado a
saber tudo sobre o seu objeto de estudo, a pesquisa não é panorâmica, ela é sempre delimitada e
sempre vai ficar algo de fora que o pesquisador não se propôs a explorar, mas que pode ser
aprofundado em outros estudos. A credibilidade é decisiva num trabalho científico e ela é
conquistada com honestidade. Portanto, alguém vai sempre perceber algo que o pesquisador não
41
viu. Isso é bom, é ótimo, é a constatação de que não há conhecimento acabado, ele é um eterno
construto, até porque a verdade de ontem nem sempre é a de hoje. Foucault (1985) ressalta que:
“Por mais que se tente dizer o que se vê, o que se vê, jamais reside no que se diz”. Ou seja, as
palavras não são as coisas, elas, apenas, as representam.
Tempo de apresentação: É fundamental num evento científico que o tempo seja respeitado. Se o
expositor tem vinte minutos para apresentar seu trabalho, cabe a ele verificar se o tempo
destinado ao debate é adicional. Caso não seja, ele deve apresentar seu trabalho em quinze
minutos, deixando cinco para o debate, contribuições, ou dirimir possíveis dúvidas.
Para não extrapolar o tempo, pode-se ensaiar em casa, de preferência na presença de um
amigo que fique cronometrando o tempo, observando os vícios de linguagem, a postura, a
repetição excessiva de algumas palavras, os tiques nervosos etc. Ensaiar em frente ao espelho
também é recomendável. Gravar para depois verificar e corrigir falhas é um recurso utilizado
pelos especialistas em marketing para orientar seus clientes. Os grandes palestrantes fazem isso e
nada impede que os pesquisadores também invistam um pouco no marketing pessoal, afinal todos
ganham com isso. O pesquisador porque se sente mais seguro ao expor seu trabalho e o público
que fica encantado com o trabalho e com o show de exposição.
Distribuição do tempo: Distribuir o tempo não é complicado. É uma questão de organização, de
um planejamento rápido, momento em que o expositor deve selecionar e priorizar, dentro do
tempo limite, aquilo que lhe parece mais relevante. Segue uma tabela como exemplo.
TÓPICOS APRESENTAÇÃO
Título e Introdução 3 minutos
Procedimentos Metodológicos 2 minutos
Resultados 5 minutos
Conclusões 3 minutos
Debate 2 minutos
TOTAL 15 MINUTOS
OBS: O tempo total pode ser modificado, dependendo das normas do evento.
Tabela 01: Distribuição do tempo.
4.1 SEMINÁRIO
42
Consiste em uma exposição verbal, com auxílio de ferramentas tecnológicas, para pessoas
colocadas num mesmo plano e possuindo algum conhecimento prévio do assunto a ser debatido.
Um seminário divide-se em cinco fases:
• O planejamento, quando o coordenador (pode ser um professor ou um especialista no
assunto) seleciona o tema central, os temas circundantes do tema central, a bibliografia
pertinente, os grupos de pesquisa e a metodologia do seminário;
• A exposição, quando alguém ou a equipe escalada leva a sua contribuição ao grupo maior;
• A discussão, quando o assunto em pauta é debatido e esmiuçado em seus aspectos mais
significativos;
• A conclusão, quando o Coordenador, polarizando as opiniões dominantes, propõe à
aprovação do grupo às recomendações finais do seminário;
• A avaliação, quando o Coordenador emite suas observações à guisa de contribuição do
grupo como um todo e abre espaço para os participantes também avaliarem as equipes e o
seminário em geral, num processo de feedback.
4.2 PAINEL
É um outro tipo de reunião onde se divulga o trabalho científico. O painel tem como
característica básica a composição da mesa que deve ser composta por vários especialistas no
assunto a ser discutido. Os expositores discutem entre si o assunto em pauta, cabendo ao público
tão-somente assistir ao debate sem direito a formular perguntas à mesa. O Painel costuma ser
traduzido como uma “briga de leões”. Perto das eleições é comum as instituições organizarem
painéis para que os candidatos discutam determinado tema (saúde, educação, transporte coletivo,
segurança etc.) que interessa aquele tipo de público, pois hoje se trabalha muito com o
denominado público segmentado.
Há uma outra modalidade de painel. Este é tipo pôster e é muito utilizado na divulgação
de trabalhos científicos. Vejamos:
DEFINIÇÃO E VANTAGENS
Itens do painel
1. Título centralizado
2. Autores e demais dados de identificação, deslocados para margem direita
3. Problema
4. Hipótese
5. Justificativa
6. Objetivos
7. Fundamentação teórica
8. Procedimentos Metodológicos
9. Cronograma de execução
10. Orçamento
11. Fonte financiadora
12. Referências.
Normatização:
– O painel terá as dimensões de 0,90 m x 1,20m.
– Tamanho de letra no mínimo 14 e máximo 18 (no Word);
– Tipo de letra ARIAL.
Orientações gerais:
– Cada expositor montará seu painel no horário combinado;
– O autor pode elaborar um resumo para distribuir aos interessados;
– O autor deve ficar próximo ao painel para fornecer explicações e dirimir dúvidas;
– O painel pode ser acompanhado de material ilustrativo, visando despertar mais interesse, chamar
atenção.
Avaliação:
– A Comissão Avaliadora é composta de pessoas especialistas no assunto, podendo
ser incluído, também, um pedagogo.
– A Comissão Avaliadora pode fazer perguntas alusivas ao conteúdo e à
metodologia.
Critérios de avaliação
Devem ser repassados com bastante antecedência para os autores, podendo ser:
- Coerência interna;
- Redação científica;
- Normas Técnicas da ABNT;
- Correção gramatical;
44
- Presença do autor;
- Domínio do conteúdo e da metodologia;
- Estética do painel.
4.2.2. MODELO DO PAINEL
TÍTULO
AUTOR:
IDENTIFICAÇÃO:
PROBLEMA
JUSTIFICATIVA
QUESTÕES REFERENCIAL
TEÓRICO
HIPÓTESE OBJETIVOS
CRONOGRAMA FONTE
DE EXECUÇÃO FINANCIADORA
METODOLOGIA
REFERÊNCIAS
ORÇAMENTO
45
4.3.FÓRUM
Tem por objetivo conseguir efetiva participação de um público numeroso, que deve ser
motivado. O Fórum está se popularizando devido a necessidade crescente de sensibilizar a
opinião pública para certos problemas sociais, como por exemplo: a violência urbana, a
pedofilia, o menor abandonado, a escassez da água no planeta, a clonagem humana etc.
O Fórum deve ser realizado em grandes recintos e possuir um coordenador e vários
subcoordenadores que levantam um problema de interesse geral em busca da participação da
coletividade. Geralmente o debate é livre e as opiniões são colhidas pelo coordenador, que, ao
considerar o grupo esclarecido, apresenta a sua conclusão, representando a opinião da maioria.
Depois de aprovada, transforma-se no objetivo a ser perseguido pelo grupo, orientando seu
comportamento. Os subcoordenadores funcionam como assessores e agentes multiplicadores da
conclusão do Fórum.
4.4 CONGRESSOS
4.5 PALESTRA
PLANEJAR SEMPRE
Outros tipos de eventos, inclusive os mencionados neste texto, podem ser compreendidos
tanto no que se refere à conceituação, quanto à especificidade em bibliografias especializadas em
eventos científicos. Vale frisar, sempre, a importância de aprender a aprender. Aprender
pesquisando é um excelente método. Portando, só se ganha ao tentar, os resultados são
surpreendentes.
Autonomia intelectual não cai do céu, é um processo histórico; portanto, construído
cotidianamente. Parece inicialmente difícil, mas aos poucos tudo começa a fluir como por
encanto. Só que o encantamento aqui tem uma única tradução: o esforço do pesquisador. Sem ele,
parece que o freio que bloqueia o pensamento criativo fica acionado e ninguém, além do próprio
pesquisador, pode soltá-lo. Alguma orientação é necessária sim, mas esperar que o conhecimento
chegue às mãos totalmente esmiuçado é impedir, no mínimo, que o pesquisador se torne
autônomo. Na maioria das vezes, o que deixa as pessoas dependentes é o medo de errar. A
educação formal e informal é repressora. Se a criança faz algo errado em casa, o que acontece?
Ela recebe um castigo etc. Se falha na escola, recebe uma nota baixa, um sermão humilhante, um
rótulo e por aí vai. O castigo e a recompensa sempre fizeram parte do sistema educacional. O
medo que o aluno tem de pensar, pesquisar e criar faz da incerteza uma coisa apavorante, quando
na verdade ela deveria ser considerada maravilhosa. Quando alguém se depara com um artigo
publicado numa revista científica fica, na maioria das vezes, imaginando que o cientista o
escreveu em uma ou duas horas. Mas a coisa não se processa dessa forma. Geralmente ele
escreve, reescreve, corta aqui, ajeita ali, verifica a ortografia, pede para um colega da área fazer
uma leitura crítica, enxuga o texto, cortando os excessos de adjetivos, as repetições
desnecessárias, define melhor os conceitos etc. Entrega para editora e quando o artigo é
publicado, ele sente um misto de prazer e desprazer. Prazer pela produção e desprazer por
verificar que o artigo poderia ser melhorado. Nem todos têm a compreensão de que aquele artigo
é fruto de um momento histórico; tinha, certamente, um tempo limite, e que o autor fez o melhor
dentro desse tempo. Depois, já relaxado, distanciado emocionalmente do trabalho, as idéias
afloram com mais facilidade. São os “ossos do ofício”. Que tal sentir essa emoção? Escrever um
artigo sem medo de se expor, de “errar”. Que tal começar a encarar o “erro” como uma
tentativa de acerto? Mas para isso, algumas orientações a respeito de como escrever um artigo
são necessárias.
47
4.6 ARTIGO
1. Ser digitado em editor de texto compatível com PC (tipo Microsoft Word,Star Office ou
similar) fonte Times New Romam, corpo 12, espaçamento 1 ½, margem superior de 3,5
cm, inferior de 3cm, esquerda de 3cm, e direita de 2,5 cm, com extensão rtf (rich text
format ) – usar o recurso Salvar Como no menu Arquivo do Editor de Textos utilizado,
escolhendo a opção rich text format- rtf.
2. Não conter nenhum tipo de formatação. Os títulos e subtítulos devem ser destacados com
um duplo enter antes e depois do texto.
3. As citações com mais de três linhas deverão ser destacadas com recuo de texto (uma
tabulação) em fonte Times New Roman, corpo 10.
4. Observar a ortografia oficial e fazer constar, na primeira lauda do original, o título do
artigo, o(s) nome(s) do (s) autor(es), vínculo institucional, maior titulação acadêmica e
endereço para correspondência, inclusive eletrônico.
5. Conter, no máximo, 32 000 caracteres (com espaço) equivalente a aproximadamente 15
páginas.
6. Colocar os quadros, mapas, gráficos, entre outros, em folhas separadas do texto e em
arquivo à parte (indicando os locais onde serão inseridos) devendo ser numerados,
titulados corretamente e com indicação das fontes correspondentes. Esse material deverá
ser formatado para a sua reprodução direta, estando de acordo com a NBR 12.256.
7. Incluir resumo informativo e palavras-chaves em português e inglês. O resumo deverá
conter, no máximo, até 100 palavras (com espaço) de acordo com as normas específicas
da ABNT.
8. As palavras-chave, no máximo cinco, são termos que indicam o conteúdo tratado no
texto.
9. Apresentar as referências no final do texto de acordo com a NBR 6023, de agosto de
2002.
10. Enviar à Editoria da Revista, dentro do prazo estabelecido, em CD, ou via e-mail.
11. Checar se chegou e solicitar confirmação.
12. Aguardar comunicação de aceite. Cabe lembrar, no caso de uma negativa, que nenhum
trabalho pode ser modificado em seu estilo, conteúdo ou estrutura sem o consentimento
do autor. Outras informações podem ser adquiridas através do site http:/www.abnt.org.br
48
4.7RELATÓRIO
SUMÁRIO
4.8MONOGRAFIAS
O prefixo grego monos corresponde ao latino solus (solteiro, solitário...) e significa “um
só” e graphein = “escrever”. Etimologicamente, monografia define um trabalho intelectual
concentrado em um único assunto. Qualquer pesquisa pode ser chamada de monográfica se
versar sobre um tema único, focalizando um tema peculiar.
Todos os trabalhos que apresentam uma estrutura geral básica são chamados de
MONOGRAFIA.
Folha em branco - Também chamada de folha falsa, serve de proteção e costuma, às vezes,
trazer apenas o título do trabalho;
Folha de rosto - Conhecida, também por página de rosto ou frontispício, contém todos os
elementos essenciais contidos na capa. Apresenta, à direita e abaixo do nome do autor, em letra
menor ou negrito os seguintes dados:
52
Autor
Título
Local
Data
No verso da folha de rosto deve constar a ficha catalográfica, quando exigida, o nome do
revisor e do digitador.
53
ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS
Anexos - Trata-se de material suplementar que, ajuntado ao trabalho, esclarece e
documenta. Quando os anexos pouco acrescentam, é melhor omiti-los. Só fazem volume e dão
trabalho sem grandes resultados;
Glossário - Lista de palavras pouco conhecidas, de sentido obscuro ou de uso muito
restrito, acompanhadas de definição. Fica a critério do autor a sua inclusão;
Referências - Lista da literatura pesquisada, seja oriunda de livros, revistas ou de outras
fontes escritas e documentadas. A bibliografia vem em ordem alfabética, pelo sobrenome do
autor, conforme previsto pela norma NBR 6023 da ABNT;
Obras consultadas – lista de literatura pesquisada em fontes diversas e não estão citadas no
corpo do texto.
UNIVERSIDADE xxxxxxxxxxxx
CURSO DE xxxxxxxxxxxxxxxxxx
PROJETO DE PESQUISA
NOME DO AUTOR
SUMÁRIO
Tema
Formulação do problema
Hipóteses
Justificativa
Objetivos
Referencial teórico
Procedimentos Metodológicos
Recursos humanos, materiais e financeiros (orçamento)
Cronograma de execução (modelo abaixo)
Referências
XXX
XXX
XXX
XXX
XXX
57
REFERÊNCIAS
LAKATOS, Eva Marina, MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia Científica. 6.ed. São
Paulo: Atlas, 2002. 231 p.
______. ______. São Paulo: Atlas, 2000.
LUCKESI, Cipriano Carlos et.al. Fazer universidade: uma proposta metodológica. 7.ed. São
Paulo: Cortez, 1995.
MORHY, Lauro. A Universidade e o grande desafio. Disponível em:
http://www.unb.br/reitor/reitoria-informa/artigos/desafio.htm. Acesso em 04.dez. 2002.
OLIVEIRA, Silvio Luiz. Tratado de Metodologia Científica: projetos de pesquisas TGI, TCC,
Monografias, dissertações e teses. São Paulo: Pioneira, 2001. 320 p.
SALOMON, Délcio Vieira. A Maravilhosa Incerteza. Pensar, pesquisar e criar. São Paulo:
Martins Fontes. 2000.
SAMPAIO, Mariana. A Pesquisa Interdisciplinar. Porto Alegre: Globo. 1999.
SANTOS, Antonio Raimundo. Metodologia Científica: a construção do conhecimento. Rio de
Janeiro: DP&A, 1999.
SANTOS, Boaventura de Souza. Um discurso sobre as ciências. 13.ed. Porto: Edições
Afrontamento, 2002.
SARTI, Ingrid. Onde está a ciência política?. Ciência Hoje. São Paulo, v.31, n.185, p.62-63,
agosto, 2002.
SELLTIZ, Claire et al. Métodos de Pesquisa nas Relações Sociais. São Paulo: Editora da
Universidade de São Paulo, 1975.
TRALDE, Maria Cristina; DIAS, Reinaldo. Monografia passo a passo. 3.ed. Campinas, SP:
Alínea, 2001.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. SISTEMA DE BIBLIOTECAS. Normas para
apresentação de trabalhos científicos, 10 v. Curitiba: Editora da UFPR, 2000.
VERA, Asti. Metodologia da pesquisa científica. Porto Alegre: Editora Globo, 1974.
59
Leituras Complementares
1- Um Olhar Crítico-reflexivo Sobre o Projeto de Pesquisa
*Ierecê Barbosa
1- Tema;
2- Problema;
3- Revisão de Literatura;
4- Hipóteses;
5- Justificativa;
6- Objetivos;
7- Fundamentação Teórica;
8- Procedimentos Metodológicos;
9- Cronograma de Execução;
10- Orçamento;
11- Fontes Financeiras;
12- Referências.
Quando o avaliador examina um projeto de pesquisa, ele lança sobre o mesmo um olhar
crítico-reflexivo, percebendo que:
Dos critérios supra mencionados pode-se inferir que formular um problema consiste em dizer de
modo claro, compreensível e operacional qual a dificuldade enfrentada pelo pesquisador e que ele
se propõe a resolver, limitando o campo de atuação e as categorias que irá trabalhar.
A revisão de literatura (não pode ser confundida com as referências bibliográficas) ela
permite um mergulho em todos aqueles que já pesquisaram sobre a temática escolhida, bem como
um diálogo entre o pesquisador e os atores, fazendo analogias, verificando pontos de
convergências e divergências, situando o autor do projeto em sua temática.
Para Richardson (1989, p.49): “as hipóteses podem ser definidas como soluções
tentativas, previamente selecionadas, do problema de pesquisa”. Os autores, acima citados,
sinalizam para o caráter provisório das hipóteses e não afirmam que elas seriam a solução do
problema, pois a solução está sujeita a verificação.
o peso das pessoas, e assim, vai-se criando outras categorias (aprovados, reprovados, evadidos,
retidos). Já para Ferrari (1982, p.142) há “variáveis contínuas - que apresentam grande número
de valores possíveis, teoricamente divisíveis em unidades cada vez menores”. Um exemplo disso
é a idade das pessoas que podem ser contadas em anos, em meses, em dias etc. Para este autor,
existe o oposto das variáveis mencionadas, as variáveis descontínuas, que não têm graduação, é
ou deixa de ser. Ex. casada, solteira, viúva. Não existe ½ viúva ou ¼ casada Há, ainda, as
variáveis qualitativas que são avaliadas em suas características e especificidades. Ex: mãe
solteira, pessoa extrovertida, setor terciário etc. Seu oposto são as variáveis quantitativas que são
passíveis de mensuração. Ex: número de habitantes, salários etc. Pesquisas atuais sinalizam para
as variáveis quantiqualitativas. Ou seja, pode-se quantificar o número de mães solteiras em um
bairro (quantitativo) e analisar o que significa para elas a responsabilidade de criar os filhos
sozinhas? Como elas se sentem frente aquelas que tem seus maridos? Que tipo de discriminação
elas sofrem? (qualitativo). Em muitas pesquisas têm-se detectado as variáveis analíticos-
relacionais, que têm assumido quatro formas: As variáveis independentes (que surgem antes e
que determinam a existência de outras); as variáveis dependentes (derivadas das independentes);
as variáveis intervenientes que interferem nas outras, anulando, ampliando ou diminuindo seus
impactos e as variáveis antecedentes, que funcionam como fator-prova, quando não são
suficientes as relações entre as independentes e as dependentes para determinar a causa do
fenômeno. A classificação das variáveis depende muito dos autores.
Eles, muitas vezes, rebatizam as variáveis para dar uma idéia de coisa nova. O certo é que o
pesquisador não deve se descuidar desse item na construção do seu projeto de pesquisa, pois ele é
tão importante como os demais. Aliás, no projeto de pesquisa todos os passos são importantes e
devem estar concatenados.
O próximo passo do avaliador é ler a Justificativa. É ela que vai ressaltar a importância, a
relevância do projeto. É necessário que o pesquisador faça na justificativa a defesa do seu projeto,
expondo de forma convincente os ganhos que a pesquisa deverá obter do ponto de vista da
temática abordada, podendo ser econômico, social, psicológico, ecológico etc. É nesta parte do
projeto de pesquisa que “se vende o peixe” e ninguém compra produto, sem qualidade, sem
validade, sem saber para que serve e quais os benefícios que ele trará ao consumidor. Assim, a
pesquisa tem que enfatizar todo o seu potencial e ressaltar os benefícios de sua aplicabilidade
junto a ciência e a tecnologia, que alavancam o crescimento e desenvolvimento social.
Para isso deve-se prestar atenção aos verbos empregados no início do objetivo geral, que deve
preceituar ações que não se esgotam num único desempenho. Verbos como compreender,
analisar, avaliar, conhecer, investigar, desenvolver, dentre outros, sinalizam para possíveis
desdobramentos de ações e solicitam objetivos específicos, que devem denotar ações menores
como identificar, apontar, selecionar, classificar, comparar, relacionar etc. Quando o examinador
verifica os objetivos, ele já tem a idéia se o elaborador do projeto de pesquisa sabe o que quer, se
ainda está perdido e se foi bem ou mal orientado. Muitos candidatos a curso de pós-graduação
são eliminados pelo fato de terem em seus projetos de pesquisas objetivos mal formulados.
Ocorre, também, com pesquisadores já titulados, que não são contemplados em suas pesquisas
com recurso provenientes das agências de fomento, pelo fato de serem desatentos na elaboração
de seus projetos ou poucos humildes para recorrerem aos pares, solicitando uma avaliação prévia
que sanaria a tempo algumas imprecisões.
Para não se ocorrer em falhas na construção do referencial teórico deve-se ficar atento a
alguns passos significativos que podem resultar num bom referencial teórico, a saber:
Considerações Finais
Referências