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QUESTÕES
Questão 1
A Lei n. 9.307, de 23 de setembro de 1996, é também conhecida como a Lei da
Arbitragem, visto que estabelece diretrizes principais para que a arbitragem
possa ser utilizada no Brasil para a resolução de conflitos, ao invés do Poder
Judiciário já amplamente conhecido. Posteriormente, com a Lei n. 13.129, de
26 de maio de 2015, houve a Reforma da Lei da Arbitragem, que trouxe
algumas alterações à primeira. Desse modo, houve a introdução de inovações
no ordenamento jurídico brasileiro, como (i) a utilização da arbitragem para
dirimir conflitos relativos à administração pública (art. 1°, §1°); (ii) a resolução
de conflitos por equidade, e não por direito, caso assim as partes desejem (art.
2°); (iii) a utilização da vontade das partes para reger a maior parte do
procedimento arbitral (julgamento por equidade ou direito, escolha dos árbitros,
prazo da arbitragem, dentre outros aspectos); (iv) interrupção da prescrição
durante o procedimento arbitral (art. 19, §2°); (v) a possibilidade de concessão
de tutelas cautelares e de urgência fora do Poder Judiciário (art. 22-B,
parágrafo único); (vi) a instituição da carta arbitral, que trata-se de um
instrumento de cooperação entre o árbitro/tribunal arbitral e o Poder Judiciário
para a execução de algum ato (art. 22-C); (vii) a produção de coisa julgada e
vedação à revisão judicial do mérito, bem como a vedação à homologação
judicial do mérito (arts. 31, 32 e 18); (viii) o próprio árbitro decide se é
competente ou não para julgar (art. 8°, parágrafo único c/c art. 20, §2°); dentre
outras. Nesta senda, entende-se que a Lei n. 9.307/96 introduziu e
regulamentou no ordenamento jurídico brasileiro uma nova forma de resolução
de conflitos que se mostra muito mais rápida e especializada do que a
tradicional do Poder Judiciário, trazendo uma maior eficiência à resolução
destes conflitos.
Questão 2
(i) Trata-se de uma cláusula compromissória cheia, visto que há
expressamente nela todos os elementos necessários para que o procedimento
arbitral seja instaurado. Desse modo, já possui os 3 requisitos básicos: (i)
negócio jurídico definitivo; (ii) desnecessidade de nova declaração de vontade
das partes; e (iii) desnecessidade de compromisso arbitral (aquele que é
pactuado após o surgimento do litígio). Assim, como a cláusula compromissória
já prevê todas as situações para que seja possível a instauração do
procedimento arbitral e não há necessidade do judiciário ser acionado,
entende-se que se trata de uma cláusula compromissória cheia.
(ii) Sim, o item 25.3 é válido. O art. 18, da Lei n. 9.307/96 determina
exatamente o que está descrito neste item ao dizer que a sentença arbitral não
depende de homologação nem está sujeita a recurso do Judiciário. Assim,
entende-se que, ao explicitar este dispositivo na cláusula compromissória, o
objetivo foi ratificar o já disposto na Lei da Arbitragem. Então, mesmo se a
cláusula compromissória não contivesse o item 25.3, a disposto nele já estaria
vigente, pois é o que consta na Lei da Arbitragem.
(iii) Sim, o item 25.4 é válido. Uma vez que o art. 9°, da LINDB determina que
“se aplicará a lei do país em que as obrigações forem constituídas” 1 e o
contrato em questão fora assinado em Nova York, entende-se que se pode
aplicar a legislação nova-iorquina neste caso. Além disso, Lima 2 ainda explica
que há doutrinadores, como Luiz Olavo Baptista e Silvia Julio Bueno, que
defendem que a LINDB não se aplica à arbitragem, visto que se trata de lei
direcionada ao juiz, e não ao árbitro. Assim, entende-se por completamente
válida a pactuação da legislação que será aplicada ao procedimento arbitral,
respeitando, dessa maneira, a vontade das partes.
1
LIMA, Paula Eppinghaus Cirne. A Escolha da Lei Aplicável à Convenção de Arbitragem.
Revista Jurídica Luso Brasileira, ano 4 (2018), n. 3, p. 1220. Disponível em:
https://www.cidp.pt/revistas/rjlb/2018/3/2018_03_1219_1249.pdf. Acesso em: 19 set. 2021.
2
Ibidem, loc.cit.
Questão 3
(i) A Alegação 1 está parcialmente correta. Conforme a Controladora afirmou, a
convenção de arbitragem depende sim do consenso, podendo ser verificado
através da declaração de vontade. Entretanto, a interpretação ampliativa de
uma convenção de arbitragem permite que outros, além das partes que
assinaram o contrato, sejam incluídos no procedimento arbitral. Desse modo,
entende-se que a declaração de vontade deve existir, mas esta pode ser de
maneira tácita, como aconteceu no caso em tela (integrantes de grupo
econômico).