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GOIÂNIA
2020
Introdução
Este trabalho falará sobre Contratos de Jogo e Aposta, trata-se da reunião de formas
de contrato, o “Contrato de Aposta” e o “Contrato de Jogo", que são tratados juntas, na
mesma disciplina pelo Código Civil. O contrato de Jogo é o negócio jurídico em que duas ou
mais pessoas prometem realizar determinada prestação a quem vier a conseguir um resultado
favorável na prática de um ato em que todos participam. Já o contrato de aposta é o negócio
jurídico em que duas ou mais pessoas, com opiniões diferentes sobre certo acontecimento,
prometem realizar determinada prestação, àquela, cuja opinião prevalecer. Destaque-se que
as dívidas de jogo ou de aposta não obrigam pagamento; ma também, não se pode recobrar a
quantia que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o perdente é menor
ou interdito.
Desenvolvimento
O Código Civil inclui o jogo e a aposta no rol dos contratos nominados, regulando- os
nos arts. 814 a 817. Embora tenham conteúdos diversos, as duas modalidades aparecem
sempre geminadas e assim reguladas pelos códigos, tendo em vista o elemento comum a
ambas: a álea ou acaso, que pode tomar a forma de risco, sorte ou azar.
Na aposta, o resultado não depende das partes, mas de um ato ou fato alheio ou
incerto. Considera-se vencedora aquela cujo ponto de vista a respeito de fato praticado por
outrem se verifique ser o verdadeiro. Aposta é, assim, o contrato em que duas ou mais
pessoas, cujos pontos de vista a respeito de determinado cuja opinião prevalecer. Enquanto no
jogo há propósito de distração dos contendedores, na aposta há o sentido de afirmação da
opinião manifestada, ficando nas mãos do acaso a decisão sobre a sua prevalência ou não.
Tais contratos são também aleatórios, como dito inicialmente, por terem por objeto
certo risco ou álea, ou seja, a incerteza do acontecimento, e ainda bilaterais ou sinalagmaticos,
uma vez que geram obrigações para ambos os contratantes.
Espécies de jogo
Os parceiros proibidos são chamados de jogos de azar, tendo em vista que o fator
sorte tem caráter predominante. São incriminados pela Lei das Contravençoes Penais e por leis
especiais. Não geram direitos para o infrator e o sujeitam a punição; e se perde, não pode ser
compelido a pagar. Alem dos exemplos supramencionados, é proibida a aposta sobre corrida
de cavalos fora de hipódromos, bem como a extração de loteria sem autorização.
Os jogos tolerados, embora não ingressem no campo da ilicitude, não são bem-vistos
pela lei, pois sofrem as mesmas limitações impostas aos ilícitos. O parágrafo 2 do art. 814 do
Código Civil declara, com efeito, que tem elas aplicação. “ainda que se trate de jogo não
proibido, so se excetuando os jogos e apostas legalmente permitidos”. O contrato de jogo
tolerado também não cria, portanto, a obrigaçao de pagar a divida resultante da perda. E ao
credor não e licito exigi-la.
Assim, não passando de divertimento sem utilidade, como nos jogos tolerados, ou
constituindo vícios que merecem repressão, como nos proibidos, a ordem legal não penetra na
sua orbita, e não lhes regula os efeitos. A mesma carência de interesse social, que recusa
exigibilidade a obrigação, diz CAIO MÁRIO, “nega a repetitio ao perdedor que paga”.
Os jogos e apostas legalmente permitidos são chamados de autorizados, são aqueles
socialmente úteis, pelo beneficio que trazem a quem os pratica (competições esportivas, tiro
ao pombo, corridas automobilísticas, de bicicletas ou a pé etc.) ou porque estimulam
atividades econômicas de interesse geral (turfe, trote), ou pelo proveito que deles aufere o
Estado, empregado no sentido de realizar obras sociais relevantes(loterias). Regularmente
autorizados, dão nascimento a negocios jurídicos, cujos efeitos são legalmente previstos, e
conseguintemente, quem ganha tem ação para receber o credito, revestido que fica de todas
as características de obrigação exigível. Se a loteria ou a rifa não é autorizada, considera-se
jogo de azar. Neste caso, o adquirente do bilhete sorteado não tem ação para reclamar o
premio, nem para pedir a devolução do valor pago.
Consequências Jurídicas
Efeitos Civis dos jogos e apostas lícitas ou ilícitas
1) As dívidas de jogo e aposta não são exigíveis, ou seja, “...” não obrigam a pagamento;”.
(Art. 814 do Código Civil de 2002).
2) uma vez pagas, não há como recobrá-las, a menos que o credor tenha agido com dolo
para fazer jus ao prêmio ou o solvente da obrigação seja absoluta ou relativamente incapaz,
hipóteses que invocam a restituição do que recebeu o vencedor.
Artigo 814 do Código Civil de 2002:
“As dívidas de jogo e aposta não obrigam a pagamento; mas não se pode recobrar a quantia,
que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o perdente é menor ou
interdito.”
3) Não sendo as dívidas de jogo e aposta exigíveis, são infundados quaisquer meios
empregados para encobrir ou garantir o débito, como a novação, o título de crédito, a cláusula
penal, etc.
Artigo 814, parágrafo primeiro, do Código Civil de 2002:
“Estende-se esta disposição a qualquer contrato que encubra ou envolva reconhecimento,
novação ou fiança de dívida de jogo; mas a nulidade resultante não pode ser oposta ao
terceiro de boa-fé”
4) A invalidade da dívida de jogo não pode ser oposta ao terceiro de boa-fé, como o banco
que paga cheque emitido pelo perdedor ao vencedor.
5) Os prêmios oferecidos ou prometidos ao vencedor em competição de natureza esportiva,
intelectual ou artística obrigam a pagamento, descaracterizando-se como jogo e aposta para
tornar-se concurso.
6) Da mesma forma, o sorteio para dividir coisas comuns ou dirimir questões não tem
natureza de jogo e aposta e, sim, de instrumento de transação ou partilha.
7) O empréstimo contraído no ato do jogo ou aposta para saldar as dívidas dessa natureza é
inexigível.
Art. 815 do Código Civil de 2002:
“Não se pode exigir reembolso do que se emprestou para jogo ou aposta, no ato de apostar ou
jogar.”
8) Porém, o empréstimo tomado fora do ambiente do jogo será válido e exigível, ainda que
tenha como objetivo a quitação da dívida advinda do jogo ou aposta.
9) A aquisição de ações (ou equivalente) com quitação em bolsa, em que se constata, na
liquidação, diferença entre o preço ajustado e a cotação no vencimento do ajuste, o que
determina lucro ou prejuízo ao agente, apesar de depender de sua sorte, não pode ser
considerado jogo ou aposta. São negócios especulativos lícitos, que constituem, portanto,
obrigação civil plenamente exigível. Carregam a denominação de CONTRATOS DIFERENCIAIS.
Extinção do Contrato
Por se configurarem, regra geral, como obrigações naturais, juridicamente inexigíveis, não há
grande interesse - prático ou acadêmico - no desenvolvimento deste tópico, razão por que o
legislador, corretamente, permaneceu silente.
Claro está, todavia, que, fora as situações de invalidade, o jogo e a aposta extinguem-se com
o cumprimentoda prestação pecuniária, nos termos e nas condições desenvolvidas no corpo
deste capítulo.
Cumpre-nos lembrar, apenas, e em conclusão, que os jogos e apostas oficialmente autorizados
admitem a sua cobrança judicial por não se subsumirem à noção de obrigações naturais ou
imperfeitas, a exemplo da Loto ou da Mega Sena.
CONCLUSÃO
Contudo o jogo e a aposta possuem relevância nas relações sociais e são bastante
comuns hodiernamente. Embora disciplinados pela lei, como dito anteriormente, geram
insegurança para os participantes, pois sendo obrigações naturais não é passível de cobrança
em juízo e nem de reembolso. Não se podendo recobrar o valor pago voluntariamente, exceto
se foi ganha por dolo ou se o perdente é menor ou interdito, como prevê o
artigo 814 do Código Civil.
BIBLIOGRAFIA
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Civil: contratos, vol.3. Quinta edição. São Paulo:
Saraiva,2016.
NADER,Paulo. Curso de Direito Civil Contratos. Sexta edição. Vol.3. Rio de Janeiro:
Forense,2011.