Data do estudo
Texto base: 2 Timóteo 3:14,15
Não Desanime!
A Segunda Carta
a Timóteo
Esta segunda carta de Paulo foi
escrita da prisão, possivelmente, du-
rante a segunda vez que foi preso em
Roma, quando estava para ser julga-
do e, provavelmente, pressentia que
seria condenado à morte. A maioria
dos seus amigos o abandonaram e
somente Lucas o apoiava; alguns até
fizeram muito mal, como Alexandre,
o latoeiro (4:14). Precisando de al-
gumas coisas, ele pede a Timóteo:
“Procura vir ter comigo depressa”
(4:9). Diante da realidade dos falsos
mestres na igreja e dos amigos que
o desampararam (4:15) ele pensa nos
futuros líderes. As orientações dadas
a Timóteo tanto na primeira quanto
nesta segunda carta tem uma gran-
de preocupação com a ‘sã doutrina’,
bem como, em dar diretrizes para
as próximas gerações de pastores,
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Lição 11
orientando-os acerca da administra-
ção das igrejas.
1. Exemplo de Fé (1:3-14;
3:14-17)
“Despertes o dom de Deus que
há em ti” (1:6). Pelo fato de Paulo sa-
ber que Timóteo é um homem de
fé, não tem dúvidas de que ele está
pronto a reavivar o dom de Deus que
há nele, e que no dia da ordenação
se confirmou (4:14). Como é impor-
tante relembrarmos o primeiro amor,
o dia da conversão ou do batismo!
A sugestão é reacender, reativar,
não no sentido de que apagou, mas
como as brasas que precisam ser
remexidas. O ministro do Evangelho
e todo cristão devem estar sempre
revitalizando sua fé. – “Permanece
naquilo que aprendeste” (3:14).
Mais uma vez, Paulo retorna ao
fundamento da fé, pois é isso que
deve ser usado contra o engano dos
charlatães, ou seja, a mensagem
do Evangelho em contraste com
as novidades imaginativas que vão
mercadejando. Ele sabia de quem
aprendera essas verdades da tradi-
ção cristã: foram transmitidas a ele
não por aventureiros individualistas,
mas pela mãe e avó, pelo próprio
apóstolo e outras testemunhas de
fidedignidade comprovada.
Outro motivo para que a confian-
ça fosse sólida é que, recebeu as
Escrituras desde a infância, pois ti-
nha familiaridade com as Sagradas
Letras, o Antigo Testamento, o qual
pode “tornar sábio para a salvação
pela fé em Cristo Jesus” (3:15). O
Antigo Testamento transmite não,
simplesmente, fatos históricos e sa-
grados, mas sim, uma revelação do
propósito salvífico de Deus.
Quanto à sabedoria referida que
pode tornar sábio, é aquela que vem
pela fé em Cristo Jesus. A chave das
Escrituras é Cristo e ninguém pode
entendê-las de fato, até que rece-
bam Jesus como Salvador e Senhor.
O valor do Antigo Testamento é des-
crito numa frase: “Toda a escritura é
inspirada por Deus e útil para ensi-
nar...” (3:16). Inspirada por Deus sig-
nifica, literalmente, ‘soprado para
dentro por Deus’. É útil para o ensino,
isto é, como fonte de doutrina cristã;
para repreensão, refutando o erro e
repreendendo o pecado; para cor-
reção, convencendo os mal orienta-
dos dos seus erros e colocando-os
no caminho certo outra vez; e para a
educação na justiça, uma instrução
construtiva na vida cristã, que signi-
fica retidão. Por causa da sua fé, Ti-
móteo estava pronto para enfrentar
todo bom combate com muita cora-
gem. É isso que vamos ver agora.
2. Exemplo de coragem
(1:7-12; 2:3,8; 4:6-8)
- “Não te envergonhes do teste-
munho” (1:8). A graça que Timóteo
recebeu tem uma relevância direta
com sua fé e coragem, “porque Deus
não nos deu o espírito de temor, mas
de fortaleza, e de amor, e de mode-
ração” (1:7). É o próprio Deus quem
fornece a capacitação que preci-
samos, assim como fez com Paulo
e Timóteo, e não era espírito de co-
vardia que poderia deixá-los hesitar
ao serem confrontados com respon-
sabilidades desafiantes e perigos.
Pelo contrário, era espírito de poder,
de amor e de moderação, habilitan-
do-os a dominar qualquer situação
com autoridade moral e amor, de
serviço afetuoso e com abnegação,
o que se requer de cada líder cristão.
- “Participa dos sofrimentos” (1:8),
a favor do Evangelho conforme o
poder de Deus “que nos salvou e nos
chamou com santa vocação” (1:9),
não segundo as nossas obras, mas
por determinação da graça de Cris-
to Jesus desde a eternidade. A graça
de Deus para conosco é manifestada
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por nosso Salvador Cristo Jesus que
“destruiu a morte e trouxe à luz a vida
e imortalidade” (1:10). Quanto ao não
se envergonhar e participar dos sofri-
mentos, Paulo acrescenta “por cuja
causa padeço também isto, mas não
me envergonho” (1:12), porque ele
sabia em quem depositava a sua fé.
Era para ele uma honra sofrer, e não
sentia vergonha no seu sofrimento;
da mesma forma, Timóteo não de-
veria sentir vergonha também dele.
E a razão para sua confiança era: “Sei
em quem tenho crido” (1:12), pois, em
sua experiência pessoal, Deus nunca
o decepcionara. A fé que o apóstolo
argumenta, aqui, não é a fé num cre-
do (corpo de doutrinas), mas em uma
Pessoa. Paulo sabia que além de não
decepcionar, Deus “é poderoso para
guardar o meu depósito até aque-
le dia”, pois colocou-se a si mesmo
nas mãos de Deus e está confiante,
sejam quais forem as circunstâncias,
de que Deus vigiará por ele.
- “Participa dos sofrimentos” (2:3).
Novamente, está o desafio de en-
frentar o sofrimento. Como alguém
de coragem, o líder deve estar pron-
to para enfrentar as dificuldades.
Três ilustrações são apresentadas:
como bom soldado, atleta, e o lavra-
dor. O soldado deve estar desvincu-
lado das outras coisas e pronto para
qualquer batalha, a fim de satisfazer
aquele que o arregimentou. O atleta
deve estar sempre pronto para um
treinamento rigoroso e o lavrador
deve estar pronto para as intempé-
ries com sua labuta infatigável. As-
sim deve ser com qualquer pessoa
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que se dedica ao serviço de Cristo.
- “Combate o bom combate” (4:7).
Nenhum exemplo é melhor do que o
ministério do próprio apóstolo Paulo.
Assim, Timóteo deveria também lu-
tar na nobre competição, não como
uma competição atlética ou uma
disputa de luta romana, mas sim,
como vocação e ministério ao dizer:
o combate é ‘bom’, no sentido de ser
‘o mais nobre’. Vale dizer: ele lutou
bem até o fim, completando a sua
carreira. Ele foi leal ao que lhe fora
confiado, ou seja, guardou a fé. As-
sim, deve combater todo aquele que
é chamado por Deus.
3. Exemplo de santidade
(2:16-26; 3:1-5)
- “Evita falatórios” (2:16). A tarefa
de Timóteo como de todo pastor é
pregar o evangelho em sua pureza.
Ao fazer assim, deve evitar os fala-
tórios inúteis e profanos, que é algo
contrário à pregação, pois esses dis-
cursos são inúteis, com tendência
materialista e que substituem a re-
velação divina pela especulação hu-
mana. As falações dos hereges, que
se acham avançados e progressis-
tas, os levam a passar a impiedade
ainda maior, pois o único progresso
que fazem está na direção da desu-
manidade.
- “Foge das paixões” (2:22; 3:4b)
e “Segue a justiça” (2:22). Sendo Ti-
móteo ainda jovem, o conselho é
para fugir das paixões da mocidade.
Além das tentações sensuais, Paulo
está, de fato, pensando na falha de
caráter por causa da inconstância.
O jovem cristão deve se livrar do
partidarismo, da intransigência, das
explosões emocionais etc. Quando
se foge dessas questões, o local
seguro é sempre a justiça, a fé e o
amor. Como ministro, a paz deve ser
cultivada juntamente com os que de
coração puro invocam ao Senhor.
Contrariamente, em 3:1-5, Paulo ad-
verte que “nos últimos dias surgiriam
pessoas amantes de si mesmas” e
apresenta uma lista de seus vícios
de comportamento. A orientação é
“foge também destes” (3:4b), no sen-
tido de evitá-los com certa aversão.
- “Repele as questões insensatas”
(2:23). O líder da igreja deve rejeitar
as questões ou disputas insensatas
e absurdas, as quais criam contro-
vérsia e contenda. Algumas disputas
teológicas não conduzem a algo de
bom e causam contendas e iras, que
ao final, acabam em desvio da fé.
Uma vida de ‘piedade’ e ‘santidade’ é
o caminho certo para um ministério
abençoado e abençoador.
4. Exemplo de ministério
(1:13,14; 2:1-4, 2:14,15; 4:15)
- “Conserva o modelo das pala-
vras” (1:13). Timóteo deveria manter
o padrão “das sãs palavras que de
mim ouviste”. Tudo que aprendeu era
modelo de ensino sadio, o qual de-
veria ser mantido diante dele. Esse
padrão é como um esboço geral ou
um rascunho, que forma a base de
uma exposição mais plena. Contudo,
deveria fazê-lo na fé e com o amor
que está em Cristo Jesus. Que bom se
todo líder pudesse desfrutar de uma
mentoria como Timóteo experimen-
tou de Paulo!
- “Guarda o bom depósito” (1:14).
O bom depósito é, exatamente, o
ensino de Paulo que foi confiado a
seu herdeiro e sucessor, e que deve
ser conservado contra toda distor-
ção e corrupção.
- “Fortifica-te na graça” (2:1). Ti-
móteo foi lembrado de sua ordena-
ção e da dedicação do próprio Pau-
lo ao Evangelho. Logo, ele deveria,
para cumprir bem o seu ministério,
fortificar-se na graça que está em
Cristo Jesus. A dependência da graça
de Deus é que dá poder e força para
realização de todo trabalho, o qual
permanece para a eternidade.
- “Transmite... a outros” (2:2). O
que ele aprendeu, diretamente do
apóstolo, não deveria ficar só para
ele, mas sim, transmitir a outros
mestres fiéis. Assim como Paulo
foi criterioso em observar Timóteo,
este deveria transmitir o ensino “a
homens fiéis e também idôneos
para instruir a outros”. Mais do que
a posição de uma pessoa na igreja,
o verdadeiro motivo está na fideli-
dade dos líderes em compartilhar o
genuíno Evangelho às gerações fu-
turas. Assim como Deus não nos de-
samparou, bem como, permitiu que
o Evangelho da graça chegasse até
nós, por intermédio de pessoas fiéis,
também, é nossa responsabilidade
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entregar com idoneidade esse Evan-
gelho às próximas gerações.
- “Recomenda estas coisas” (2:14).
As pessoas precisam ser lembradas
destas coisas, ou seja, a verdade do
Evangelho, tendo em vista que a fal-
sa doutrina está à espreita para cau-
sar seu estrago.
- “Dá testemunho” (2:14). Todos
devem ser advertidos de forma so-
lene, como que diante de Deus,
“para que evitem contendas de pa-
lavras”. Todo debate público sobre
assuntos heréticos é desencorajado
aqui. O perigo de ficar envolvido em
discussões tolas, as quais envolvem
teologia e a própria igreja, é que
prevalece a discussão verbal, e não
o progresso do Reino de Deus. O
apóstolo Paulo destaca que, tais dis-
cussões “para nada aproveita” e que
é “só para a subversão dos ouvin-
tes”. Atualmente, com tantos instru-
mentos de comunicação em redes
sociais, as fake news se proliferam,
de forma gigantesca, trazendo con-
fusão e, até, discórdia entre amigos.
Estejamos atentos!
- “Procura apresentar-te a Deus
aprovado” (2:15). O líder deve, no
entanto, dar provas de suas qualida-
des transmitindo, de forma eficiente
e fiel, a ‘sã doutrina’. Deve ser como
um “obreiro que não tem de que se
envergonhar”. Aprovado, uma vez
que foi testado em sua conduta no
ministério, não deve ter vergonha.
Talvez, a comparação seja com um
agricultor. Com “palavra da verdade”,
significa o Evangelho todo, ou seja,
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toda a mensagem cristã. “Manejar
bem” traz a ideia de cortar retamen-
te como um pedreiro que corta uma
pedra conforme um padrão original,
ou, como um lavrador que coman-
da um arado, cortando um sulco na
direção reta. Assim, Timóteo deveria
seguir o caminho estreito, sem se
desviar para direita ou esquerda em
debates acerca de conversas ímpias
e infrutíferas.
- “Prega a palavra” (4:1-5). Nova-
mente, Paulo apela para a principal
obrigação do pastor. Deve instar,
quer seja oportuno ou não, como
um soldado que precisa ficar no seu
posto, ou estar sempre de pronti-
dão e disponível. Junto a essa ação,
seguem-se três exigências ao pre-
gador. Deve-se corrigir o erro com
argumentos bem conscientes; tam-
bém não deve hesitar em repreender,
quando a censura se tornar necessá-
ria. Todavia, deve-se exortar, ou seja,
conclamar seu rebanho ao arrepen-
dimento e à perseverança. Em todas
essas atitudes, o pastor deve ensinar
com longanimidade, não importan-
do quais situações; nunca perdendo
a paciência, mas com os recursos
que apresentam a Palavra de Deus,
deve ensinar o que é saudável da
verdade cristã. Destarte, faz-se ne-
cessária essa postura, porque “have-
rá tempo em que não suportarão a
sã doutrina”. Parece que esse tempo
chegou! O Evangelho, pregado com
zelo e de modo honesto, parece não
satisfazer mais. Por isso, “cercar-se-
-ão de mestres, segundo as suas
próprias cobiças”, os quais ensinam
aquilo que desejam ouvir; que exci-
tam a imaginação ou aguça a curio-
sidade religiosa, independentemen-
te, da veracidade do que dizem. Os
ouvintes, nesse caso, estão ‘como
sentindo coceira nos ouvidos’, pron-
tos a ‘recusar a dar ouvidos à verda-
de’ e afoitos por ouvir coisas sensa-
cionais, os quais se satisfarão com as
fábulas. Timóteo, assim como todo
pastor, ao contrário dos falsos mes-
tres, deve “ser sóbrio em todas as
coisas” (4:5), longe de toda a heresia,
a qual sobe à cabeça como aquele
que se deixa embebedar. A fidelida-
de, portanto, deve levar a “suportar
as aflições” que virão. O grande de-
ver do verdadeiro mestre é “fazer o
trabalho de um evangelista”, pregan-
do o verdadeiro Evangelho que lhe
foi confiado, em contraste às fábulas
estranhas.
Conclusão
Paulo foi mestre e exemplo para
Timóteo em vários sentidos. Chegou
a hora de passar o bastão, e preocu-
pado com a liderança da igreja no
futuro, uma vez que sua morte es-
tava próxima, ele prepara Timóteo
para substituí-lo. Como homem de
fé, foi orientado no temor do Senhor
desde a sua infância. Agora, chega a
hora, de ser convocado e tornar-se
exemplo de fé, coragem, santidade
e, finalmente, de ministro do Evan-
gelho.
Para pensar e agir
1. Infelizmente, muitos pais dei-
xam seus filhos sem qualquer orien-
tação bíblica para, então, escolhe-
rem a fé depois que crescerem. A
Palavra de Deus deve ser imprimida
no coração e mente das crianças,
pois até quando envelhecerem, não
se desviarão. (Provérbios 22:6).
2. Ser cristão é um desafio, o qual
requer do pastor, do diácono e de
cada crente que seja exemplo de fé,
coragem, santidade e serviço. Mes-
mo diante de circunstâncias adver-
sas, como você tem demonstrado
sua fé?
3. Paulo relembra Janes e Jambres
(3:8), que se opuseram a Moisés e, na
sua própria experiência, cita Himeneu
e Fileto (2:17), os quais se desviaram
da fé e perverteram alguns. Os fal-
sos mestres sempre estão bem pró-
ximos da igreja. É preciso que, pais e
líderes exemplares estejam atentos
para identificar o mal e combatê-lo
com autoridade em nome do Senhor
Jesus. Amém!
Leitura Diária
SEG 2 Timóteo 1:1-18
TER 2 Timóteo 2:1-13
QUA 2 Timóteo 2:14-26
QUI 2 Timóteo 3:1-17
SEX Gálatas 3:6-14
SÁB 2 Timóteo 4:1-22
DOM Gálatas 6:1-10
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