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IBAMA
M M A
Plano de gestão
para o uso sustentável
de Lagostas
no Brasil
Ministério do Meio Ambiente
Carlos Minc
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
Ministério do Meio Ambiente
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis
Plano de gestão
para o uso sustentável
Lagostas
de
no Brasil
Panulirus argus (LATREILLE, 1804) e
Panulirus laevicauda (LATREILLE, 1817)
Brasília
2008
Edição
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama
Centro Nacional de Informação Ambiental – Cnia
SCEN Trecho 2, Bloco C, Subsolo, Edifício-Sede do Ibama – 70818-900 - Brasília, DF
Telefone (61) 3316-1191
E-mail: editora.sede@ibama.gov.br
Coordenação editorial
Cleide Passos
Vitória Rodrigues
Revisão de texto
Maria José Teixeira
Ana Célia Luli
Enrique Calaf Calaf
Projeto gráfico
Lavoisier Salmon Neiva
Normalização bibliográfica
Helionidia C. Oliveira
Catalogação na Fonte
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Apresentação ................................................................................................................................................................................ 9
1 Introdução ................................................................................................................................................................................ 11
3 Pesca .................................................................................................................................................................................. 19
3.1 Áreas de pesca ............................................................................................................................................................... 19
3.2 Descrição da pescaria ................................................................................................................................................ 21
3.2.1 Embarcações ................................................................................................................................................... 21
3.2.2 Artes de pesca ................................................................................................................................................ 29
3.2.2.1 Armadilhas ........................................................................................................................................................ 33
3.2.2.2 Caçoeira (rede de espera de fundo) ................................................................................................... 34
3.2.2.3 Mergulho ........................................................................................................................................................... 35
3.2.3 Produção ........................................................................................................................................................... 36
3.2.3.1 Situação no mundo ..................................................................................................................................... 36
3.2.3.2 Situação no Brasil .......................................................................................................................................... 37
3.2.4 Esforço de pesca . .......................................................................................................................................... 40
3.2.5 Captura por unidade de esforço .......................................................................................................... 43
3.2.6 Avaliação de estoques ............................................................................................................................... 46
3.3 Aspectos socioeconômicos .................................................................................................................................... 49
3.3.1 Aspectos gerais .............................................................................................................................................. 49
3.3.2 Instrumentos econômicos . ..................................................................................................................... 51
3.3.2.1 Linhas de créditos especiais, incentivos e subsídios ................................................................ 51
3.3.2.2 Seguro-desemprego (defeso) ............................................................................................................... 53
3.3.3 O mercado ........................................................................................................................................................ 55
Apresentação
1 Introdução
Este Plano segue modelo proposto pela CGSL, e o que foi aprovado pelo Comitê. Con-
Organização das Nações Unidas para Agricultu- templa, portanto, o Plano propriamente dito,
ra e Alimentação (FAO)1 e está estruturado em com a definição dos seus objetivos, pontos de
sete partes (incluindo esta introdução). referência e como se pretende alcançar cada
Na parte 2, são abordados todos os aspec- um deles, oportunidade em que se expõe a es-
tos sobre a biologia e os parâmetros populacio- tratégia para reverter o quadro de crise, com
nais das lagostas P. argus (lagosta-vermelha) e o detalhamento do uso das distintas medidas
P. laevicauda (lagosta-verde) que ocorrem no li- de regulamentação a serem implementadas,
toral do Brasil, ficando evidenciado o bom co- incluindo condicionantes e características,
nhecimento científico já acumulado no País. quando couber, além de como ocorrerá a par-
Ao descrever detalhadamente a pesca bra- ticipação da sociedade no processo de gestão
sileira de lagostas, a parte 3 discorre sobre as compartilhada do uso sustentável dos recursos.
áreas de captura; os tipos de barcos; os métodos Essa é, inegavelmente, a parte mais profunda e
de pesca utilizados; histórico da produção, es- rica do Plano.
forço e Captura por Unidade de Esforço (CPUE); Por último apontam-se, na parte 6, o cami-
e avaliação de estoques encerrando com uma nho para a avaliação e a revisão periódicas do
abordagem sobre os aspectos sociais e econô- Plano e, na parte 7, a bibliografia consultada.
micos. Essa parte evidencia, indiscutivelmente, Este é, pois, o Plano aprovado por consen-
a verdadeira crise enfrentada hoje pelo setor la- so, após ampla discussão no Comitê, e colocado
gosteiro no Brasil. à disposição das instâncias competentes do Es-
São discutidos na parte 4 os aspectos fun- tado para reverter e, posteriormente, manter, em
damentais sobre a gestão do uso de lagostas, níveis sustentáveis, o uso de lagostas no Brasil.
como a questão da propriedade, os objetivos da Não é demais ponderar que a crise não pode ser
gestão, as possíveis medidas de regulamentação, enfrentada com paliativos e que somente medi-
incluindo as utilizadas no mundo, e encerra com das como as aqui definidas e propostas pode-
a gestão de lagostas no Brasil, evidenciando os rão promover a reversão da aguda crise por que
graves problemas enfrentados. passa a pesca de lagostas, assegurando o pleno
A parte 5 apresenta a proposta de plano uso sustentável desses recursos pelas presentes e
inicial, formulada pelo Subcomitê Científico do futuras gerações.
Introdução
2 Biologia e parâmetros
populacionais
Classe Crustacea
fazem parte do sedimento (Fonteles-filho, 1992).
Subclasse Malacrostraca As algas calcárias constituem a fácies sedi-
Ordem Decapoda mentar dominante entre os estados do Pará e do
populacionais
P. argus = Pa
Figura 2 – Distribuição mundial da família Palinuridae, com ênfase na lagosta-vermelha (P. argus).
2.4 Ciclo de vida recifes costeiros. Nessa condição, a espécie
P. laevicauda tem comprimento total médio de 6
15
Em geral, o ciclo de vida das lagostas tem cm (0,7 ano) e a espécie P. argus de 6,5 cm (1,9
início quando as larvas filosoma derivam para a ano) num processo de recrutamento espacial
zona costeira, levadas por correntes. Posterior- contínuo que tem sua maior intensidade durante
mente ocorre a descida das pós-larvas puerulus os meses de abril a agosto, quando os jovens se
para a zona bentônica, quando atingem então o dispersam gradualmente desde as áreas costei-
estágio juvenil nas zonas de criação e daí disper- ras em direção a locais mais afastados da cos-
sam-se para as zonas de alimentação. Quando se ta e mais profundos. As lagostas adultas encon-
tornam maduras, migram para zonas ainda mais tram, nos substratos de algas calcárias, os locais
afastadas da costa para realizar a cópula e deso- próprios para se reproduzirem e/ou evitarem o
va, dando início a um novo ciclo com a liberação estresse, devido a variações ambientais mais co-
dos ovos para o meio ambiente (Figura 3). muns na zona de criação (Lipcius; Cobb, 1994).
dios de 294.175 ovos e 630 ovos/g (P. argus), e táceos, ocorre periodicamente, após o indivíduo
166.036 ovos e 597 ovos/g (P .laevicauda), que abandonar o exoesqueleto, fenômeno conhecido
confirmam a lagosta-vermelha como a espécie como muda ou ecdise. Durante a pré-muda, os
dominante (Fonteles-filho,1992). indivíduos entocam-se, param de se alimentar,
ingerem e absorvem água que se espalha por
2.6 Alimentação todo o corpo. A muda ocorre quando a lagosta
se liberta do exoesqueleto velho, forçando uma
Como animais gregários, as lagostas en- abertura na junção do cefalotórax com o abdô-
contram-se em seu substrato natural formando men. Após a muda, os indivíduos procuram se
grandes agrupamentos e realizam movimentos proteger até que a nova carapaça se torne com-
aleatórios ou tróficos à procura de alimentos e pletamente rígida.
O número de ecdises, em um período
anual, depende da idade do indivíduo e, obvia-
badulta, quando os indivíduos ainda não estão
submetidos à pesca.
17
mente, das suas condições orgânicas. Em geral, Posteriormente, quando os indivíduos atin-
os indivíduos jovens mudam mais freqüentemen- gem as áreas de pesca e passam a fazer parte do
te do que os adultos. estoque capturável, é estabelecido um novo fator
As lagostas encontram-se no quarto nível de mortalidade, de caráter extrínseco, provoca-
trófico da cadeia alimentar. São espécies de ci- do por uma causa externa de mortalidade, que é
clo longo, tendo como característica uma taxa o aparelho de pesca.
de crescimento apenas mediana. A lagosta-ver- Estudos sobre a mortalidade de lagostas
melha cresce mais lentamente, mas atinge maior no litoral brasileiro (Santos; Ivo, 1973; Fonteles-
comprimento máximo que a lagosta-verde, apre- filho, 1979 e 1992) revelam que o coeficiente
sentando as seguintes taxas anuais de cresci- de mortalidade total cresce mais rápido para a
mento, em termos absoluto e relativo: 2,6 cm/ano lagosta P. laevicauda; tal fato deve-se, provavel-
e 24,4 %/ano (lagosta-vermelha), e 2,4 cm/ano e mente, à maior concentração do esforço de pes-
25,7 %/ano (lagosta-verde). Os valores da longe- ca em áreas costeiras onde é maior a densidade
vidade no estoque capturável e no ciclo vital são da lagosta P. laevicauda. Segundo Ivo (1996), os
os seguintes: 13,9 anos e 37,3 anos (P. argus), e elevados valores dos parâmetros de mortalidade,
12,5 anos e 34,7 anos (P. laevicauda). em que se inclui a pesca como fator de mortali-
O estoque capturável é composto de in- dade, com redução dos valores da mortalidade
divíduos nos grupos de idade de II – XIV anos natural, para ambas as espécies de lagosta, são
P. argus) e de II – XII anos (P. laevicauda) e cor- indicativos da existência de sobrepesca sobre
respondem às faixas de 11,4 – 39,3 cm de com- essas populações.
primento total (CT) e 10,1 – 33,5 cm de (CT).
Em P. argus, os grupos de idade IV – VI anos (22,8-
28,6 cm de (CT), recém-adultos, foram predomi- 2.9 Status populacional
nantes no início da exploração, quando os es- O Brasil é o terceiro maior produtor de lagos-
toques virgens eram constituídos principalmente tas espinhosas do mundo, após a Austrália e Cuba,
por indivíduos de maior porte, e a partir de 1980, e o maior produtor da espécie P. laevicauda, cuja
quando novas zonas de pesca (também com esto- distribuição praticamente se resume à costa brasi-
ques virgens) foram incorporadas à área total de leira (Baisre; Alfonse, 1994). A lagosta-vermelha é
captura. Nos anos intermediários, foram predo- a espécie predominante em tamanho, em número
minantes os grupos de idade II – III anos (14,7 – de indivíduos (57 %) e biomassa (71 %), tendo dis-
19 cm de CT), juvenis, devido à intensificação do tribuição mais ampla, e atinge maior profundida-
esforço, e, conseqüentemente, estado de sobre- de do que a lagosta-verde, que se concentra na
pesca no período 1974/79. Quanto à P. laevicau- plataforma interna (Fonteles-filho, 2000).
da, os grupos de idade II – III anos (13,2 – 17,1 cm A distribuição espacial da abundância,
de CT) formados por indivíduos jovens, sempre a exemplo do esforço de pesca, também não é
foram predominantes, numa proporção média de homogênea, repetindo a tendência de concen-
63,9 %, por ser a espécie mais vulnerável aos tração nos blocos geográficos, imediatamente
vários tipos de aparelhos de pesca, com desta- adjacentes à linha da costa. A distribuição tem-
que para a rede de espera e a coleta manual por poral da abundância também não é uniforme,
mergulho, tendo em vista sua distribuição mais ao longo do ano, registrando-se uma interação
costeira e menor área total de distribuição (Fon- “área x tempo” resultante da interdependência
teles-filho, 1992; 1994). das funções biológicas e dos padrões de disper-
são (Fonteles-filho, 1997).
Biologia e parâmetros
3 Pesca
A seguir, serão apresentadas as principais to-filho, 1966, 1967; Izquierdo et al., 1987; Paiva,
informações e os dados sobre a pesca de lagostas 1958, 1961, 1968; Philips, Cobb; George, 1980;
no Brasil, com ênfase para: área de pesca, des- Richard, 1980; Rolim; Rocha, 1972; Williams,
crição da pescaria, onde se incluem os tipos de 1986).
embarcações, artes de pesca, produção, esforço, No litoral do Brasil, as capturas comer-
CPUE e avaliação de estoques e, finalizando, os ciais de lagosta são realizadas desde a costa
aspectos socioeconômicos. do estado do Pará até a costa do Espírito Santo.
A espécie Panulirus argus é capturada em toda
a extensão da costa brasileira e em profundida-
3.1 Áreas de pesca des de até 90 metros. A espécie Panulirus laevi-
As capturas de lagosta no Brasil foram ini- cauda praticamente não ocorre nas capturas co-
ciadas em 1955, concentrando-se principalmen- merciais realizadas na costa do estado da Bahia.
te em áreas costeiras do município de Cascavel Como citado anteriormente, outras três espécies
– Ceará. Naquela época, restringiam-se quase de lagostas vêm participando de forma efetiva
que exclusivamente à espécie Panulirus argus nas capturas ao longo de toda a costa brasileira,
(Paiva, 1961); de 2.574 lagostas amostradas, en- são elas a Panulirus echinatus (lagosta-pintada)
tre agosto de 1956 e julho de 1957, 2.565 per- e as Scyllarides brasiliensis e S. delfose (lagosta-
tenciam à espécie Panulirus argus e apenas nove sapateira ou lagosta-sapata). As lagostas-sapa-
à espécie Panulirus laevicauda. tas apresentam hábitos semelhantes, podendo
Duas espécies de lagostas são particular- ser consideradas fauna acompanhante das duas
mente importantes no que diz respeito às cap- espécies-alvo da pescaria, a lagosta-vermelha e
turas desse crustáceo na costa do Brasil: a) a a lagosta-verde. Já a Panulirus echinatus habita
lagosta Panulirus argus que apresenta a maior preferencialmente as cavidades dos recifes de
área de distribuição entre as espécies do gênero corais e substratos rochosos, que vão desde as
Panulirus, podendo ser encontrada em ilhas oce- regiões mais costeiras até 35 m, porém prefe-
ânicas, em bancos submarinos e na plataforma rencialmente menos que 25 m de profundidade
continental. Sua área de ocorrência estende-se (Melo, 1999; Fao, 1991) e exige uma pesca mais
pela região norte do Oceano Atlântico, desde as direcionada para a sua captura, embora no lito-
Bermudas e Carolina do Norte nos Estados Uni- ral do Espírito Santo seja comumente capturada
dos até o Rio de Janeiro, no Atlântico Sul. Essa com a P. laevicauda, que é a espécie predomi-
espécie também se distribui pela região de Yu- nante na pesca do estado.
catán e pelas Antilhas. A espécie Panurilus argus Em áreas onde ocorrem capturas simultâ
é a mais importante do ponto de vista comercial, neas da lagosta-verde e da lagosta-vermelha,
sendo capturada em todo o Atlântico Oriental, esta última ocorre em maiores proporções, po-
Central e no Brasil; e b) a lagosta Panulirus lae- dendo em algumas localidades e épocas atingir
vicauda, que por sua vez ocorre nas costas tro- até 85 % das ocorrências, como observado por
picais americanas do Oceano Atlântico, e desde Moura (1965), em frente ao estado de Pernam-
Cuba até o Brasil (Rio de Janeiro), sua captura buco. Em geral, a lagosta-vermelha ocorre em
Pesca
íba para, em 1962, alcançar a costa oriental do trato caracterizado pela predominância de fácies
Rio Grande do Norte (Paiva, 1961,1963b,1967). sedimentar arenosa (Coutinho; Morais, 1970)
Somente em 1975, novas áreas de pesca onde se destaca a presença de areia, juntamen-
foram agregadas às já existentes, de modo que te com material organogênico bastante rico, que
a pesca de lagosta passou a ser também desen- favorece principalmente o desenvolvimento de
de Lagostas no Brasil
volvida nas costas dos estados do Piauí e Mara- pequenos crustáceos e moluscos bentônicos.
nhão e em regiões mais ao norte (Fonteles-filho, A produção de lagosta na sub-região será, de
1979 e Fonteles-filho, Ximenes; Monteiro, 1988). certo modo, proporcional à área coberta por esse
No final da década de 1970, quando a pesca de substrato, mas também depende da capacidade
lagosta atingia seu nível máximo de produção, as da frota pesqueira ter acesso aos indivíduos, pro-
frotas baseadas nos estados do Ceará, Rio Gran- vavelmente distribuídos em baixa densidade de-
de do Norte e Pernambuco expandiram suas vido ao tamanho da área a ser coberta pela frota
áreas de atuação para atingir a costa sul do esta- pesqueira.
do da Bahia (Cavalcante, 1982). Nessa região, ocorre predomínio da espé-
Embora não se possa considerar como cie Panulirus argus sobre a espécie Panulirus la-
expansão da área de pesca de lagosta, em evicauda na proporção de 4:1 indivíduos.
Sub-região Nordeste Setentrional a partir do início dos anos de 1960, em função
das exportações crescentes desse recurso pes-
21
Está localizada entre 35 e 41 graus de lon-
gitude oeste (Piauí, Ceará e parte do Rio Gran- queiro, principalmente para os Estados Unidos.
de do Norte), com uma área total de 26.745 km2. As jangadas, os botes a vela e as canoas,
O substrato dessa região é, predominantemente, embarcações típicas da pesca artesanal ou de
composto por uma variedade de algas calcárias pequena escala, mesmo com o desenvolvimento
bentônicas de várias espécies, pertencentes aos da pesca, que assumiu características industriais
gêneros Halimeda, Udotea e Penicillus (Fonteles- já em meados da década de 1960, ainda hoje
filho, 1992). continuam sendo bastante utilizadas nas ativida-
Nessa sub-região, verifica-se uma tendên- des de pesca de lagosta, utilizando, principal-
cia de equilíbrio entre a lagosta-vermelha e a mente, a rede de espera, do tipo caçoeira, como
lagosta-verde, com um ligeiro predomínio da la- arte de pesca.
gosta-vermelha, da ordem de 1,4:1 indivíduos. Na frota industrial, o número de pescado-
res embarcados depende do tamanho do barco
Sub-região Nordeste Oriental e da quantidade de petrechos de pesca em uso
Localiza-se entre 5 e 21 graus de latitude na embarcação.
sul (parte do Rio Grande do Norte até o Espírito Com o crescimento da importância comer-
Santo), com uma área total de 22.521 km2, onde cial da pesca de lagosta, novas embarcações mo-
a produção é menor entre as três sub-regiões torizadas e com maior autonomia de mar foram
consideradas. Nessa sub-região predomina o introduzidas e a pesca passou a atingir maiores
substrato rochoso, com destaque para os arreci- distâncias, surgindo daí a necessidade de as em-
fes coralíneos, que se estendem ao longo de todo barcações serem dotadas de mecanismos de frio,
o litoral. Na sua parte sul, destaca-se o Arquipé- as urnas frigoríficas, para conservação do pesca-
lago dos Abrolhos, famoso por uma rica bioceno- do (Costa, 1966, 1969). Simultaneamente à evolu-
se de peixes das famílias Lutjanidae, Serranidae ção das embarcações, foram surgindo novas artes
e Carangidae (Neiva; Moura, 1977). A abundân- de pesca que, por sua vez, necessitavam de no-
cia de lagostas parece ser a menor entre as três vas modificações nas embarcações. Por exemplo,
regiões, mas mesmo assim tem-se desenvolvido para facilitar a coleta dos aparelhos, que aumen-
importante pescaria desse recurso, desde 1980, tavam em número e passavam a ser usados em
com predominância da espécie P. argus (Caval- maiores profundidades e distâncias, as embarca-
cante, 1982; Silva; Cavalcante, 1994), talvez por ções foram dotadas de guinchos mecânicos.
serem seus indivíduos habitantes de zonas mais Classicamente, as embarcações lagostei-
afastadas da costa, tendo-se adaptado às maio- ras estão divididas em três grupos (Costa, 1966,
res profundidades dessa área. 1969): Grupo 1 (pequenas) – com comprimento
Nessa sub-região, observa-se um predo- de até 11 metros e casco de madeira (Figuras 4,
mínio da lagosta-vermelha, na proporção de 6:1 5, 6 e 7), essas embarcações dispõem de urna
indivíduos. frigorífica (caixa isotérmica contendo gelo) e não
contam com qualquer aparelho de auxílio à na-
3.2 Descrição da pescaria vegação e geralmente também não dispõem de
aparelhos para auxílio à pesca. Com essas ca-
A pesca de lagostas no Brasil é realizada racterísticas, as embarcações pequenas possuem
por dois sistemas de produção: o artesanal ou uma autonomia bastante variada, podendo che-
de pequena escala, e o industrial. A seguir, as gar a até 12 dias de mar. A localização de lagostas
principais características dessas pescarias serão é feita de forma indireta, através da identificação
apresentadas, como: tipos de barcos, artes e es- de áreas com fundo de cascalho, habitat natural
forço de pesca, produção, CPUE e avaliação de das lagostas. Para tal, são usados os “prumos”,
estoques. chumbadas de até três quilos, presas a uma li-
nha de náilon e tendo na sua parte anterior uma
3.2.1 Embarcações porção de sabão que, ao serem lançados ao mar
A atividade pesqueira, na costa nordeste e recolhidos, devem trazer amostra do substrato
do Brasil e principalmente na costa do estado do que, se de cascalho, deverá indicar possível exis-
Ceará, até fins da década de 1950, apresenta- tência de lagosta. As embarcações de pequeno
Pesca
va características eminentemente artesanais, so- porte, no estado do Ceará (jangadas, botes a vela,
mente experimentando algum desenvolvimento, paquetes e canoas), operam com uma tripulação
22 composta por até quatro homens: o mestre, que
é responsável pela condução da embarcação,
uma tripulação de até dez pessoas, assim distri-
buída: seis pescadores, um mestre, um motorista,
e três pescadores. Nos estados do Rio Grande um geleiro e um cozinheiro.
do Norte, Pernambuco, Paraíba e Espírito Santo, Fonteles-Filho et al., 1985, ao analisarem os
considerando somente as embarcações locais, parâmetros técnicos e os índices de rendimento
os barcos do tipo pequeno estão equipados com dos barcos lagosteiros do estado do Ceará, para
motor, cuja potência varia de 18 a 70 HP. Grupo 2 o período 1974 a 1977 (Tabela 1), apontaram as
(médias) – são embarcações que medem de 11 seguintes características da frota daquele estado:
(exclusive) a 15 metros de comprimento, com a) os barcos pequenos e médios participam com
casco de madeira ou ferro (Figuras 8 e 9), pos- 83,7 % do total da frota; b) o índice produção/
suindo motor com potência que varia entre 70 e covo-dia cresce com o tamanho do barco para as
130 HP. Esses são barcos com maior autonomia capturas da espécie P. argus, mas decresce para
de mar do que os barcos pequenos, podendo a espécie P. laevicauda, em função de os barcos
permanecer até 15 dias no mar, e possuem ca- grandes atingirem maiores profundidades, locais
saria na proa ou na popa, estando algumas ve- de maior ocorrência da lagosta-vermelha; e c) os
zes equipados com aparelhos de auxílio à pes- barcos grandes, apesar de apresentarem maior
ca (rádio e ecossonda). Em geral, esses barcos índice de rendimento, quando comparados aos
possuem talha para recolhimento dos petrechos barcos pequenos e médios, não são considera-
de pesca. Entre cinco e seis tripulantes são res- dos como de tamanho ótimo para a pesca da la-
ponsáveis pelas operações de pesca – um mes- gosta. Os barcos médios, por atingirem de forma
tre, três pescadores, um geleiro e um cozinheiro. mais homogênea as populações de lagostas-ver-
As funções de geleiro e cozinheiro podem ser melha e lagosta-verde, por possuírem autonomia
desenvolvidas por um único homem. Grupo 3 de mar mais compatível com os deslocamentos
(grandes) – barcos com comprimento superior a necessários à exploração das duas espécies de
15 metros, casco de ferro (Figura 10), motor de lagosta e por terem volume de urna mais apro-
até 250 HP e autonomia para até 50 dias de mar. priado às capturas de lagosta, apresentam-se
São barcos que possuem câmara frigorífica e es- como os mais econômicos, daí serem indicados
tão equipados com aparelhos de auxílio à pesca por Fonteles-Filho, 1992, como os barcos de ta-
e à navegação (ecossondas, rádios, bússolas e manho ótimo para a exploração de lagosta no
guinchos mecânicos). Esses barcos operam com Nordeste do Brasil.
Plano de gestão para o uso sustentável
de Lagostas no Brasil
Figura 4 –
Paquete do
estado do
Rio Grande
do Norte.
23
Pesca
Pesca
0,3
2,0
2,3
1,2
estado do Rio Grande do Norte, com 669 (17,8 %)
%
Tabela 3 – Número de barcos, por categoria, estado e total, que realizou pelo menos uma viagem na pesca de lagostas, em 2002.
6
40
46
46
participação pouco significativa, conforme segue:
n
0,6
1,2
3,9
0,1
5,1
3,0
%
11
23
77
1
101
112
n
2,9
1,5
%
56
58
n
4,4
166
6,4
242
n
3,8
20,4
6,4
9,4
0,3
16,0
17,8
%
65
349
127
187
6
320
669
n
(Tabela 6).
CE
PQT = Paquete
1,6
2
54
6
62
62
Frota do Ceará
0,1
0,5
0,9
1,5
0,8
CAN = Canoa
%
MA
29
1,9
3,8
%
1
141
n
(Tabela 7).
Vale salientar que 2.252 (70,8 %) embarca-
Motorizado Até 25 m
Motorizado 8 - 12 m
> 12 m
> 25 m
Tipo
Total
Total
(madeira)
Vale salientar que 650 (52,3 %) embarca- tas dessas embarcações são permissionadas para
ções da frota potiguar, pelas razões anteriormen- a captura de peixes e realizam apenas uma ou
te apontadas para a frota cearense, não apresen- poucas viagens, no ano, para capturar lagosta,
tam características adequadas para essa pescaria conforme já discutido, sendo seu maior objetivo
(Tabela 8). preencher os requisitos para habilitar seus pes-
de Lagostas no Brasil
100,0
67,8
11,8
0,4
1,7
11,4
6,9
%
Antes do início das exportações, a produção
Total de lagosta tinha como objetivo a geração de isca
1.204
816
142
21
137
83
para a pesca de peixe e era consumida regional-
n mente por pescadores e nativos. O primeiro sinal
de evolução da pesca de lagosta deu-se com o
100,0
83,6
0,0
0,0
1,8
14,5
0,0
%
55
46
1
8
n
100,0
75,0
0,0
0,0
0,0
0,0
25,0
%
4
3
1
n
0,0
0,0
0,0
0,0
100,0
%
1
formas: a tradicional, de formato haxagonal ir-
1
n
100,0
0,0
0,0
79,22
0,0
0,0
20,78
%
0,0
0,0
46,9
1,0
46,9
%
46
0,9
0,4
72,0
0,9
21,6
232
1
167
2
50
0,4
100,0
2,7
66,2
11,3
2,1
19
707
468
80
15
0,0
0,0
100,0
91,3
0,0
0,0
23
21
0,0
0,0
100,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
100,0
66,7
0,0
0,0
6
4
> 12 m
> 25 m
<8m
em forma de espinhel.
Tipo de barco
Total
Tabela 7 – Número de barcos, por categoria, que operou na pesca de lagosta no estado do Ceará,
durante o ano de 2004.
Meses
Tipo Total
1 2 3 4 5 6 7 8
Embarcações motorizadas
BOM 4 6 8 5 2 3 8 10 46
LAG 14 11 8 6 11 9 22 79 160
LAM 79 76 61 47 43 45 68 231 650
LAP 15 7 10 7 4 4 3 14 64
LIG 1 1
Plano de gestão para o uso sustentável
LIM 6 1 7
LIP 1 1
Total 118 102 87 65 60 61 101 335 929
% 13% 11% 9% 7% 6% 7% 11% 36% 100%
Embarcações não-motorizadas
de Lagostas no Brasil
BOC 41 44 29 27 20 42 52 84 339
BRE 15 11 2 28
CAN 80 82 85 83 127 82 34 9 582
JAN 109 37 37 15 8 12 6 7 231
PQT 242 249 164 114 108 89 51 55 1.072
Total 487 423 317 239 263 225 143 155 2.252
% 22% 19% 14% 11% 12% 10% 6% 7% 100%
Total Geral 605 525 404 304 323 286 244 490 3.181
JAN = Jangada BRE = Bote a remo CAN = Canoa PQT = Paquete
BOC = Bote a vela BOM = Bote a motor LAG = Lancha grande LAM = Lancha média
LAP = Lancha pequena LIG = Lancha industrial grande LIM = Lancha industrial média LIP = Lancha industrial pequena
Fonte: Ibama (Estatpesca) – dados primários.
Tabela 8 – Número de barcos, por categoria, que operou na pesca de lagosta no estado do Rio
Grande do Norte, durante o ano de 2004.
31
Meses
Tipo Total
1 2 3 4 5 6 7 8
Embarcações motorizadas
BOM 0
LAG 1 2 5 8
LAM 17 35 31 16 33 17 24 167 340
LAP 18 33 31 7 28 17 15 97 246
LIG 0
LIM 0
LIP 0
Total 35 68 62 23 62 34 41 269 594
% 6% 11% 10% 4% 10% 6% 7% 45% 100%
Embarcações não-motorizadas
BOC 1 4 5 3 5 2 1 4 25
BRE 9 14 14 3 5 2 3 1 51
CAN 15 5 3 1 3 15 42
JAN 16 25 31 7 14 14 15 151 273
PQT 26 90 43 6 15 11 12 56 259
Total 67 138 96 20 39 32 31 227 650
% 10% 21% 15% 3% 6% 5% 5% 35% 100%
Total Geral 102 206 158 43 101 66 72 496 1.244
JAN = Jangada BRE = Bote a remo CAN = Canoa PQT = Paquete
BOC = Bote a vela BOM = Bote a motor LAG = Lancha grande LAM = Lancha média
LAP = Lancha pequena LIG = Lancha industrial grande LIM = Lancha industrial média LIP = Lancha industrial pequena
Fonte: Ibama (Estatpesca) – dados primários.
1966). Na parte superior, existe uma abertura, a dos manzuás e a colocação de nova isca, quando
sanga, confeccionada em fio poliamida. necessário.
Os covos são geralmente utilizados em Tomando por base amostras da pesca co-
forma de espinhel, com 15 a 25 unidades, em mercial realizada em 1994 (Ibama, 1994), obser-
embarcações médias ou grandes e em profun- vou-se que o covo captura lagostas nas seguin-
didades que variam de 20 a 60 metros ou mais, tes amplitudes de comprimento total, por estado:
dependendo das condições de mar e da própria Ceará – Panulirus argus de 14,5 cm a 33,5 cm e
embarcação. Na costa dos estados da Bahia e do Panulirus laevicauda de 15,5 cm a 28,5 cm; Rio
Pará, as pescarias com covo podem ocorrer em Grande do Norte – P. argus de 15,5 cm a 29,5
profundidade de até 150 metros. Nos espinhéis, cm e P. laevicauda de 11,5 cm a 27,5 cm e Per-
os covos são distanciados entre si em cerca de nambuco – P. argus de 14,5 cm a 27,5 cm e P.
15 metros. Para formar os espinhéis, os covos são laevicauda de 14,5 cm a 25,5 cm.
interligados por cabo de polietileno. As cangalhas são armadilhas de madei-
Cada embarcação pesqueira, dependen- ra, revestidas com arame ou fio de náilon, me-
do do tamanho, conduz desde poucas unidades dem, em geral, 1,20 por 0,65 por 0,35 metros e
de covo até cerca de 1.200 unidades. Barcos possuem duas sangas na parte anterior (Figura
com pequenas quantidades de covo lançam e 14). São comumente usadas em embarcações
recolhem seus petrechos no período de 12 horas, do tipo pequena, que operam com cerca de
mas os barcos com grande número de covos lan- 60 cangalhas. Esses aparelhos de pesca, usa-
çam e recolhem os petrechos em dias alternados dos individualmente, em profundidades de 25
(50 % das armadilhas disponíveis a cada dia), de a 30 metros, ficam presos a uma corda de nái-
forma que os petrechos podem passar até 36 ho- lon à qual se prende uma bandeira, para fa-
ras submersos. cilitar a localização do aparelho. As cangalhas
As despescas são feitas com o auxílio de são mantidas no fundo com o auxílio de pedras
Pesca
talhas mecânicas e os novos lançamentos são fei- presas no seu interior, onde são também colo-
tos, quase que simultaneamente, após a limpeza cadas as iscas.
32
Plano de gestão para o uso sustentável Figura 11 – Manzuá ou covo.
de Lagostas no Brasil
Figura 12 – Caçoeira
multifilamento.
Figura 13 – Caçoeira
monofilamento.
33
Figura 14 – Cangalha.
Pesca
34 3.2.2.2 Caçoeira (rede de espera de fundo) mento do chumbo utilizado na tralha inferior e de
bóias na tralha superior), sempre com o objetivo
Para oferecer novas alternativas à pesca
de aumentar o poder de flutuação da rede.
da lagosta, Moura (1963) realizou alguns expe-
Nesta pesquisa, constatou-se que as redes
rimentos de pesca com redes de espera ou rede
modificadas produziram menor quantidade de
caçoeira, chegando a duas conclusões princi-
fauna acompanhante (moluscos, estrela-do-mar,
pais: que nas condições do experimento, a rede
cascalhos, etc.), mas, a produtividade de lagostas
de espera era menos rentável do que o covo; e
ficou muito abaixo das redes utilizadas na pesca
que a rede captura indivíduos muito grandes
comercial. A baixa produtividade na captura de
ou muito pequenos, dependendo da presença
lagostas fez com que a rede não fosse bem-acei-
dos indivíduos na área do experimento. Moura,
ta pelos pescadores, pelo que seu uso não pros-
1963, sugeriu que a pesca de lagosta, com rede
perou, apesar do seu baixo custo de confecção.
de espera, somente deveria ser incrementada se
Observações subaquáticas constataram
novos estudos fossem feitos para melhor esclare-
que as redes tradicionais ficavam praticamente
cer o seu efeito sobre as populações de lagosta.
deitadas no substrato; o movimento das correntes
Independentemente de qualquer pesqui-
ocasionava a captura de vários organismos aquá-
sa mais aprofundada, já no início da década de
ticos e, com o passar do tempo, as redes ficavam
1970, a rede de espera foi introduzida na pesca
totalmente enroladas. Já as redes modificadas
de lagosta no estado do Ceará (Paiva et al., 1973;
posicionavam-se praticamente na vertical, em
Paiva-filho; Alcantara-filho, 1975). Essa evolução
relação ao substrato, por isso, trazendo reduzi-
teve por objetivo recuperar os índices de cap-
da fauna acompanhante e substrato, visto que a
tura da lagosta, reduzidos como conseqüência
área de contato com o substrato era bem menor
dos elevados níveis de esforço praticados àquela
que a anterior.
época e até hoje não controlados, mas também
As redes de espera utilizadas na pesca de
devido ao seu menor custo operacional.
lagosta são construídas com náilon multifilamen-
Paiva, et al. (1973), com base em dados to ou monofilamento. As primeiras são, em geral,
experimentais de pescarias com rede de espe- utilizadas em embarcações motorizadas. As re-
ra realizadas na plataforma continental do esta- des de monofilamento são utilizadas em embar-
do do Ceará, verificaram que esse petrecho de cações a vela, tendo em vista algumas de suas
pesca captura indivíduos com comprimento de características que as tornam menos pesadas em
cefalotórax variando entre 5 e 14 cm e que re- comparação com as redes de multifilamento; são
movem quantidades consideráveis do substrato, mais baixas e possuem malhas menores, não pos-
tendo atingido o máximo de 201 kg de cascalho suem tralhas para recolhimento e o fio utilizado
recolhido/espinhel-dia. nas redes é mais fino.
Posteriormente, entre 1985 e 1986, expe- As redes são lançadas no início da tarde
rimentos com rede de emalhar de fundo, con- em unidades ou preferencialmente formando es-
feccionada com náilon multifilamento, para cap- pinhel de até dez redes, com o barco à deriva.
tura de lagostas, foram realizados no litoral dos Na extremidade posterior, coloca-se uma ban-
Plano de gestão para o uso sustentável
estados de Pernambuco, Rio Grande do Norte deira presa a uma corda de náilon, também de
e Ceará, com o objetivo de encontrar um mo- polietileno, com duplo objetivo: o de facilitar a lo-
delo de rede que reduzisse a captura de fauna calização e o recolhimento do aparelho. Na outra
acompanhante, de cascalho e de lagostas ima- extremidade, utiliza-se uma poita (fateixa) que,
turas. As redes tradicionais, ainda em uso no amarrada à rede por um cabo de polietileno, é
de Lagostas no Brasil
Brasil, têm um poder de flutuação muito baixo, fixa ao substrato e tem por função evitar que a
devido, principalmente, ao pouco peso da tralha rede seja arrastada pelas correntes.
inferior e à reduzida quantidade de bóias na tra- Três pescadores são responsáveis pelo lan-
lha superior. A rede é considerada muito alta (15 çamento e recolhimento da rede de espera: o
malhas de altura de 130 mm de comprimento) e primeiro desemaranha a rede, o segundo pren-
apresenta baixo coeficiente de entralhe, relação de a isca e o terceiro realiza o lançamento pro-
entre comprimento inicial e final da rede, após o priamente dito. O recolhimento da caçoeira tem
entralhamento. início na manhã seguinte ao dia do lançamento,
Nos experimentos realizados, utilizaram-se e se completa com a sua limpeza total. Completa-
redes modificadas na altura (redes mais baixas), da a operação de limpeza dar-se-á início à nova
na espessura do náilon e no entralhamento (au- operação de lançamento.
Novamente, tendo por base amostras da
pesca comercial realizada em 1994 (Ibama, 1994),
ou, mesmo, sua atividade seria inviabilizada. En-
tretanto, ao atuarem em águas rasas, capturam,
35
observou-se que a rede de espera captura lagos- principalmente, o estoque de lagostas jovens.
tas nas seguintes amplitudes de comprimento to- Especificamente, no que concerne ao esta-
tal, por estado: Ceará – Panulirus argus de 13,5 do do Ceará, sabe-se que existe um movimento
cm a 38,5 cm e Panulirus laevicauda de 11,5 cm disperso entre pescadores, armadores e indus-
a 31,5 cm; Rio Grande do Norte – P. argus de triais no sentido de se suspender, unilateralmen-
17,5 cm a 36,5 cm e P. laevicauda de 14,5 cm a te, a pesca de lagosta com a rede de espera ou
33,5 cm e Pernambuco – P. argus de 10,5 mm a caçoeira, no estado.
39,5 cm e P. laevicauda de 10,5 cm a 39,5 cm.
O uso da rede de espera tem sido ques- 3.2.2.3 Mergulho
tionado por importantes segmentos que atuam A pesca de mergulho, auxiliado por com-
na pesca de lagosta, por se tratar, segundo esses pressor, visando à captura de lagostas, teve iní-
segmentos, de petrecho danoso ao substrato e às cio no litoral do Rio Grande do Norte, no final
próprias populações de lagosta, além dos pei- da década de 1970. Essa técnica foi introduzida
xes que ocorrem na mesma área. Esses aspectos por mergulhadores amadores que praticavam a
fizeram com que a pesca com a caçoeira fosse pesca submarina, a título esportivo, e não pelos
proibida na costa dos estados do Amapá, Pará e pescadores artesanais.
Maranhão, a partir de 2005. A pesca ilegal de mergulho ou de compres-
Pequenas variações foram encontradas sor é, normalmente, realizada por duas duplas de
para o índice de conversão do esforço de pes- mergulhadores. Para o provimento de ar, são usa-
ca de covos para rede de espera; Ibama (1994) dos compressores com características variadas e
aponta o valor de 0,0718 para a conversão de 1 sempre em péssimo estado de conservação. O ar
covo em 1 metro de rede, e Ivo e Ribeiro-Neto comprimido acumulado, geralmente, em botijões
(1996) indicam o valor de 0,0872. de gás adaptados, é levado aos mergulhadores
Quanto, especificamente, aos tipos de isca, por meio de uma mangueira, que deveria supor-
houve variações, sendo que, nos últimos tempos, tar alta pressão, contudo, em geral, trata-se de
dois tipos principais de isca são utilizados na mangueira de jardim, e tem o seu volume contro-
captura de lagostas com covos ou rede caçoeira: lado por válvulas simples que são reguladas por
a cabeça e restos de piramutaba (Brachyplatys- dois “manguereiros”, que no momento seguinte
toma vaillantii) importada da Região Norte e a tornam-se mergulhadores.
carcaça do pargo (Lutjanus purpureus), resultan- Essa modalidade de pesca é desenvolvi-
te do descarte da filetagem da espécie. Alterna- da, em geral, a bordo de uma embarcação pe-
tivamente, também se utilizam peixes de baixo quena e atinge profundidades de até 30 metros,
valor comercial que são capturados na pesca de podendo, em algumas regiões, alcançar maiores
lagosta com covo e rede de espera, a exemplo profundidades. Dois pescadores descem para o
do pirá (Malacanthus plumieri), piraúna (Cepha- local indicado como provável área de ocorrência
lopholis fulva), mariquita (Holocentrus adscen- de lagosta, e, em caso de se confirmar tal evidên-
sionis) e palombeta (Chloroscombrus chrysurus), cia, eles fazem com que os indivíduos se desa-
entre outros. lojem, usando um “bicheiro” para, em seguida,
Tecnicamente, não se observam diferenças capturá-los. Bicheiros são ferros curvos e com
significativas entre o comprimento médio da la- comprimento próximo de 0,5 metro, com cabo
gosta quando capturada com covo ou rede de de madeira. Estando as lagostas fora de suas to-
espera, em um mesmo local. Mas, os indivíduos cas e sem proteção, os pescadores usam peque-
apresentam maior comprimento em maiores pro- nas redes de “cerco”, também conhecidas como
fundidades (Ivo; Ribeiro-neto, 1996; Vasconcelos; “mangotes” ou pequenas redes de espera para
Lins, 1996). Ainda, segundo Vasconcelos e Lins, coletá-las.
1996, independentemente da arte de pesca ser O mangote é descrito como uma rede do
operada em pequenas profundidades, onde pre- tipo circundante, com malha de 5 a 7 mm de di-
dominam lagostas jovens, poderá ser considera- âmetro. Na tralha superior, são colocadas bóias e
da como predatória pela elevada captura de in- na tralha inferior, chumbadas, tendo o conjunto
divíduos imaturos. A rede de espera beneficia as o objetivo de manter a rede aberta. A pesca de
Pesca
embarcações de pequeno porte, já que se ope- lagosta, com o uso de mangote, tem se mostra-
rassem com covo, teriam baixo poder de pesca do bastante predatória, principalmente quando
36 realizada em áreas de criadouro natural (Moura;
Costa, 1966).
e/ou caçoeira, pois os primeiros despes-
cam as lagostas dos aparelhos de pesca e,
O mergulho com compressor tem aparen- às vezes, cortam a poita (cabo de fixação)
tes vantagens se comparado com outros méto- e todo o material de pesca é extraviado;
dos de pesca; não utiliza isca nas operações; l Esse método coloca em risco os mergulha-
o compressor tem longa vida útil, se compara- dores, porque utilizam técnicas inadequa-
do ao covo e à rede caçoeira, por exemplo; os das de mergulho, aliadas a equipamentos
custos com manutenção do equipamento são impróprios para essa prática (botijão de
ínfimos e os gastos com óleo diesel nas embar- gás, mangueiras de jardim, entre outros),
cações são bastante inferiores, quando compa- ao total desconhecimento de regras bási-
rados com embarcações que usam outros petre- cas de segurança da atividade e à falta de
chos de pesca. Por esses motivos, essa atividade treinamento específico, podendo causar
teve rápida aprovação por grande parte dos ar- seqüelas irreparáveis e, em muitos casos,
madores de pesca do estado do Rio Grande do acidentes fatais.
Norte, e logo se expandiu para outros estados Em face dos fatos expostos, o Ibama proi-
da Região Nordeste. Estima-se que a frota moto- biu essa modalidade de pesca, há bastante tem-
rizada, que opera com compressor no estado do po. Entretanto, o que se tem constatado é que as
Rio Grande do Norte, alcance o número atual ações de fiscalização ainda são bastante tímidas
de 385 embarcações. para coibir, definitivamente, essa prática na Re-
Ressalta-se que a captura de lagostas por gião Nordeste.
meio do mergulho seria o método ideal para essa A pesca com mergulho, em 1994 (Ibama,
pescaria, devido ao fato de não afetar o substrato 1994), capturou lagostas nas seguintes amplitu-
e poder ser uma pesca seletiva, permitindo aos des de comprimento total, por estado: Rio Gran-
mergulhadores selecionarem as lagostas acima de do Norte – Panulirus argus de 12,5 cm a 32,5
do tamanho permitido. Entretanto, observa-se cm e Panulirus laevicauda de 10,5 cm a 29,5 cm;
que os pescadores que utilizam o mergulho como e Pernambuco – P. argus de 10,5 cm a 28,5 cm e
método de pesca para a captura de lagostas não P. laevicauda de 10,5 cm a 31,5 cm.
possuem consciência preservacionista e visam
somente os lucros imediatos. 3.2.3 Produção
Em contrapartida, esse método de pesca,
realizado atualmente, traz muitas desvantagens Na seqüência, faz-se um breve comentário
tanto para o homem quanto para o recurso pes- sobre a produção mundial de lagostas, para, a
queiro, como se pode constatar a seguir: seguir, apresentar uma descrição do comporta-
l Os mergulhadores atuam, principalmente, mento da produção brasileira de lagostas.
em baixas profundidades (abaixo de 30
metros), conseqüentemente, exploram os 3.2.3.1 Situação no mundo
estoques juvenis de lagostas, porém em al- O volume de produção, nos quase 90 paí-
gumas localidades podem atingir profundi- ses onde ocorre captura de lagostas espinhosas,
Plano de gestão para o uso sustentável
dades maiores. Segundo dados de pesqui- cresceu consideravelmente a partir dos anos de
sa executada pela Gerência do Ibama/RN, 1970, fato que se deve, sobretudo, ao desen-
nos últimos 5 anos, 56 % da lagosta-verme- volvimento de tecnologias mais avançadas no
lha capturada com esse método de pesca que diz respeito ao congelamento a bordo e ao
está abaixo do tamanho mínimo permitido transporte de lagosta viva, o que resultou em
de Lagostas no Brasil
Pesca
lamentação, as quais (...) passaram a ser laevicauda, são maiores que na Região Nordes-
mais enérgicas a partir de 1972. Em conti- te Setentrional (Ferreira, 1994). Nesse caso, os
nuidade, (...) [e com o aumento do conheci- deslocamentos da frota resultaram em capturas
mento técnico-científico e a consolidação] estáveis de Panulirus argus, apenas pelo aumen-
do GPE (...) o embasamento técnico para to proporcional da biomassa do(s) estoque(s)
de Lagostas no Brasil
Pesca
Figura 16 – Produção anual de lagosta nos quatro principais estados produtores, ao longo da costa
do Brasil, no período 1991-2004.
40 A produção de lagosta no estado da Bahia,
462,8
287,0
23,3
4.020,9
1.306,9
258,4
271,0
50,3
915,2
293,5
7.889,1
quarto estado maior produtor, apresenta grande
Média
variação ao longo do período 1991-2004, prova-
velmente como resultado da pouca eficiência na
coleta de dados de produção no período consi-
1.989,0
22,0
24,0
3.102,5
1.380,5
670,0
278,5
76,5
851,5
275,5
8.670,0
2004
derado. Ao longo de todo o período, o estado da
Bahia apresentou uma produção média de 915,2
toneladas.
1.180,0
21,5
13,0
2.487,0
921,0
375,5
196,0
58,5
827,0
163,5
6.243,0
A produção de lagosta, na área de pesca
2003
tradicional (Piauí a Alagoas) decresceu substan-
Tabela 9 – Produção anual de lagosta, por estado e área total de pesca ao longo da costa do Brasil, no período 1991-2004.
cialmente no período de 1991 a 2004, passan-
do de 9.730,5 toneladas para 5.532 toneladas,
911,5
549,0
37,5
2.965,5
1.223,5
241,5
233,5
32,5
360,5
178,5
6.733,5
2002
com uma redução de 43,2 %, mesmo conside-
rando o aumento de produção observado no ano
de 2004 (em 1998, a produção correspondeu a
1.121,0
556,0
37,0
2.833,5
1.177,5
219,0
232,0
32,0
679,0
179,0
7.066,0
2001
apenas 36,8 %, da maior produção da área). No
que concerne à área total de pesca da lagosta,
desde os estados do Amapá/Pará até o Espírito
289,0
556,0
55,5
3.002,0
893,0
218,0
256,5
39,0
900,0
240,0
6.449,0
Santo, a redução na produção foi bem inferior à
2000
redução observada na área tradicional, chegan-
do a apenas 21,7 %, passando de 11.068,5 t, em
1999, para 8.670 toneladas, em 2004. Esse me-
247,0
463,0
17,5
2.663,0
903,0
321,0
206,0
45,0
1.444,5
9,5
6.319,5
1999
nor decréscimo deveu-se à expansão da área de
pesca, inicialmente para os estados da Bahia e
do Espírito Santo (1.127 t, em 2004) e, posterior-
726,0
1.316,0
21,0
2.238,0
694,0
447,5
164,5
21,5
355,5
16,5
6.000,5
1998
mente, para os estados do Amapá/Pará (2.011 t,
em 2004), cuja produção das duas áreas passou
Ano
e Figura 17).
Total
CE
RN
BA
PB
PA
ES
PI
41
Figura 17 – Produção anual de lagosta, por área de pesca, conforme definida: I = área total de
pesca; II = área tradicional de pesca (PI a AL); III = área de expansão 1 (BA, ES) IV = área de
expansão 2 (AP/PA e MA) ao longo da costa do Brasil, no período 1991-2004.
tecnologia de captura; fatores climáticos e de foi aplicado o elevado valor de 126,93 milhões
comercialização do produto para o mercado ex- de covos-dia sobre as populações de lagosta, na
terno; e maximização da eficiência dos barcos área que vai dos estados do Amapá/Pará ao esta-
ao concentrar o esforço em áreas e períodos de do do Espírito Santo.
maior vulnerabilidade das populações. Dois períodos de grande crescimento do
Para atender demanda do Grupo Técnico esforço de pesca são identificados. O primeiro
de Trabalho (GTT), criado pelo Ibama no ano que vai de 1965 a 1971, com elevada taxa de
de 2001, foi estimado o número de embarca- incremento, abrange toda a etapa de desenvolvi-
ções por categoria e o esforço, para cada cate- mento e parte da etapa de crescimento, com um
goria e total, resultante da frota que operou na aumento de 1.008 %, entre o primeiro e o último
pesca de lagosta desde os estados do Amapá/ ano, sendo que o maior aumento (118 %), entre
Pará até o estado do Espírito Santo, no ano de dois anos consecutivos, ocorreu em 1969. O se-
2002 (Tabela 10). gundo período estende-se de 1979 a 1993, com
Por possuir a maior frota lagosteira, o esta- baixa taxa de incremento (186,7 %). Entre esses
do do Ceará foi o responsável pela maior parte dois períodos, observa-se certa estabilidade do
do esforço aplicado às populações de lagosta no esforço de pesca, entre 1972 e 1981, com mé-
litoral brasileiro, no ano de 2002, com 64,52 mi- dia de 26,6 milhões de covos-dia. As variações
lhões de covos-dia (50,8 %). O segundo maior do esforço nesse período, para maior e para me-
esforço de pesca foi o da frota do estado do Rio nor, em relação à média, foram de 9,3 % e 12 %.
Grande do Norte, com 15,39 milhões de covos- O rápido aumento do esforço de pesca, no pri-
dia (12,1 %). Os demais estados apresentaram meiro período, deve estar relacionado aos fortes
os seguintes valores do esforço de pesca, em mi- incentivos à pesca de lagostas oferecidos pelo
lhões de covos-dia: Pará – 9,72 (7,7 %), Mara- governo federal. O baixo incremento no segun-
nhão – 2,39 (1,9 %), Piauí – 4,08 (3,2 %), Paraíba do período deve estar associado à redução das
– 9,66 (7,6 %), Pernambuco – 9,65 (7,6 %), Ala- capturas e conseqüente redução nos lucros. Em
Pesca
goas – 3,35 (2,6 %), Bahia – 5,49 (4,3 %) e Espíri- 1994, o esforço de pesca sobre as populações de
to Santo – 2,68 (2,1 %). Ao longo do ano de 2002, lagosta no Nordeste do Brasil atingiu o valor de
42 68,9 milhões de covos-dia, número que se altera-
21,6
0,5
32,4
13,5
31,9
100,0
6,8
73,8
19,4
100,0
85,7
14,3
100,0
100,0
ria para 87,6 milhões de covos-dia, procedida a
%
conversão do esforço resultante da captura com
Total
rede de espera (Ibama, 1994).
0,40
0,01
0,60
0,25
0,59
1,85
7,94
86,41
22,67
117,2
6,91
1,15
8,06
126,93
A frota atual, que opera na pesca de la-
n
gosta no Nordeste do Brasil, gera um esforço
0,1
2,2
2,3
2,1
%
de pesca total anual de 80,5 milhões de covos-
dia (Tabela 11), portanto, ainda bem superior
ES
0,12
2,56
2,68
2,68
ao esforço ótimo de cerca de 30 milhões de
n
1,1
0,4
4,2
0,1
4,7
4,3
autores.
%
0,02
0,02
0,44
4,93
0,10
5,47
5,49
nada pela Seap/PR, tem-se que ela gera um es-
n
0,1
2,7
2,9
2,6
valor ainda bem superior ao valor ótimo, confor-
%
0,15
3,20
3,35
3,35
dente de 7,3 milhões de covos-dia, considerando
n
9,65
n
7,6
%
9,66
PQT = Paquete
n
6,5
21,6
2,1
10,2
0,5
12,8
12,1
%
25,4 0,12
77,3 0,40
1,3 2,44
32,6 11,97
13,3 0,58
47,1 14,99
50,8 15,39
n
84,0
14,3
98,3
%
3,2
%
(Tabela 14).
PI
4,08
n
1,9
%
(11,2 %).
0,02
0,64
1,73
2,39
2,39
BRE = Bote a remo
1,7
7,7
de Lagostas no Brasil
0,14
9,72
> 12 m
> 25 m
<8m
Total geral
Total
Total
Motorizado
Motorizado
JAN = Jangada
Propulsão
(madeira)
Fonte: Ibama
(ferro)
de decréscimo, bem mais lenta do que o primei- indivíduo/100 metros de rede-dia e 0,10 indiví-
ro período, que se prolonga até 1986. duo/covo-dia para barco pequeno.
44 A partir dos dados apresentados é possível
Tabela 12 – Estimativa do esforço de pesca, em milhões de covos-dia, aplicado pela frota permissionada pela Seap/PR para operar na pesca de
0,1
3,6
71,2
18,5
1,0
5,6
100,0
%
estimar a cpue por aparelho de pesca e espé-
Total
cie: Panulirus argus – 1,2 indivíduo/100 metros
0,1
2,6
52,1
13,6
0,7
4,1
73,2
de rede-dia e 0,15 indivíduo/covo-dia e Panu-
n
lirus laevicauda – 0,3 indivíduo/100 metros de
0,0
4,7
89,4
0,0
0,0
5,9
100,0
rede-dia e 0,15 indivíduo/covo-dia.
%
A abundância relativa das lagostas captu-
ES
0,0
0,2
2,9
0,0
0,0
0,2
3,3
radas no Nordeste do Brasil apresenta tendên-
n
cia decrescente entre os anos de 1965 e 1976.
0,0
9,1
90,9
0,0
0,0
0,0
100,0
Entretanto, uma análise mais detalhada desses
%
dados permite a identificação de três períodos
BA
0,2
0,0
0,0
0,0
0,2
n
100,0
0,0
0,0
0,0
0,0
100,0
%
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
elevação do esforço de pesca (1.008 %). Segue-
n
7,3
92,7
0,0
0,0
0,0
100,0
1978), com uma cpue média de 0,31 kg/covo-
%
0,0
0,3
3,9
0,0
0,0
0,0
4,2
Nesse período, a máxima e a mínima variação
n
20,5
68,3
11,1
0,0
0,0
100,0
0,9
2,9
0,5
0,0
0,0
4,3
n
Estado
7,3
81,6
7,3
2,2
1,5
100,0
%
1,0
10,7
1,0
0,3
0,2
13,1
n
0,6
64,9
25,3
0,3
8,0
100,0
0,3
29,9
11,7
0,4
3,7
46,1
0,0
87,5
12,5
0,0
0,0
100,0
0,0
0,0
1,3
0,2
0,0
0,0
1,5
0,0
0,0
100,0
0,0
0,0
100,0
%
0,0
0,0
0,1
0,0
0,0
0,1
n
0,0
57,2
42,8
0,0
0,0
100,0
%
0,0
0,3
0,2
0,0
0,0
0,4
> 12 m
> 25 m
Tipo de barco
<8m
Total
Tabela 14 – Esforço de pesca, em covos-dia, por tipo de embarcação, empregado pela frota
lagosteira do estado do Ceará no ano de 2004.
Meses
Tipo Total
1 2 3 4 5 6 7 8
Embarcações motorizadas
BOM 1.920 5.760 11.520 9.600 4.800 8.640 26.880 38.400 107.520
LAG 159.600 250.800 273.600 273.600 627.000 615.600 1.755.600 7.204.800 11.160.600
LAM 434.500 836.000 1006.500 1.034.000 1.182.500 1.485.000 2.618.000 10.164.000 18.760.500
LAP 41.250 38.500 82.500 77.000 55.000 66.000 57.750 308.000 726.000
LIM 126.000 42.000 0 0 0 0 0 0 168.000
LIP 0 0 0 0 0 0 0 108.000 108.000
Total 763.270 1.173.060 1.374.120 1.394.200 1.869.300 2.175.240 4.458.230 17.823.200 31.030.620
% 2% 4% 4% 4% 6% 7% 14% 57% 100%
Embarcações não-motorizadas
BOC 19.680 42.240 41.760 51.840 48.000 120.960 174.720 322.560 821.760
BRE 7.200 10.560 2.880 0 0 0 0 0 20.640
CAN 38.400 78.720 122.400 159.360 304.800 236.160 114.240 34.560 1.088.640
JAN 52.320 35.520 53.280 28.800 19.200 34.560 20.160 26.880 270.720
PQT 116.160 239.040 236.160 218.880 259.200 256.320 171.360 211.200 1.780.320
Total 233.760 406.080 456.480 458.880 631.200 648.000 480.480 595.200 3.910.080
% 6% 10% 12% 12% 16% 17% 12% 15% 100%
Frota lagosteira
Total 997.030 1.579.140 1.830.600 1.853.080 2.500.500 2.823.240 4.938.710 18.418.400 34.940.700
JAN = Jangada BRE = Bote a remo CAN = Canoa PQT = Paquete
Pesca
BOC = Bote a vela BOM = Bote a motor LAG = Lancha grande LAM = Lancha média
LAP = Lancha pequena LIG = Lancha industrial grande LIM = Lancha industrial média LIP = Lancha industrial pequena
Tabela 16 – Valores estimados da CPUE, kg/covo-dia, por tipo de embarcação para os estados do
Plano de gestão para o uso sustentável
Ceará 0,107 0,007 0,058 0,137 0,063 0,039 0,041 0,045 0,118 0,068
Rio Grande do Norte 0,307 0,303 0,160 0,257
Captura por Unidade de Esforço (CPUE) e esfor- correlação, entre os métodos considerados. Os
ço de pesca (f) foram obtidas, outras estimativas resultados são os seguintes: captura máxima sus-
48 tentável de 8.962 toneladas de lagosta inteira a
ser obtida com um esforço de 28,12 milhões de
Partindo das equações das curvas de pro-
dução estimadas pelos diferentes autores indi-
covos-dia. cados, os seguintes valores ótimos da CPUE, em
A captura máxima sustentável foi superada, kg/covo-dia, foram obtidos: Santos, Alcântara-Fi-
pela primeira vez, em 1974, quando foram cap- lho e Rocha (1973) – CE – para Panulirus argus
turadas 9.231 toneladas de lagosta inteira, de = 0,424, para Panulirus laevicauda = 0,101,
ambas as espécies. Outros valores da captura su- para ambas as espécies = 0,529; Fonteles-Filho
perior ao máximo sustentável foram obtidos nos (1979) – para Panulirus laevicauda = 0,153 (Ce-
anos de 1978, 1979, 1990, 1991, 1992 e 1995, ará) e 0,159 (Nordeste Setentrional); Ivo, Coelho
sendo que, nos anos de 1979 e 1991, a captura e Silva (1984) - NE - para ambas as espécies =
atingiu os valores mais elevados de toda a série 0,411; Fonteles-Filho (1986) – NE – para ambas
histórica, respectivamente, com 11.033 e 11.059 as espécies = 0,418; Fonteles-Filho, Ximenes e
toneladas. Monteiro (1988) – NE – para ambas as espécies
No que diz respeito ao esforço de pesca = 0,462 (modelo de Schaefer) e 0,391 (modelo
aplicado sobre as populações de lagosta, o va- de Fox); Fonteles-Filho (1992) – NE – para Panu-
lor máximo foi superado em 1977, ano em que lirus argus = 0,215, para Panulirus laevicauda
foram aplicados 28,76 milhões de covos-dia, fi- = 0,192, para ambas as espécies = 0,208; NS
cando o esforço superior em 2,30 % do valor – para Panulirus argus = 0,287, para Panulirus
máximo. A tendência crescente do esforço de laevicauda = 0,148, para ambas as espécies =
pesca continuou a ser observada, de modo que, 0,215; NO – para Panulirus argus = 0,235, para
em 1993, foram aplicados 68,89 milhões de co- Panulirus laevicauda = 0,102, para ambas as es-
vos-dia, valor que supera em 144,9 % o esforço pécies = 0,192.
ótimo. O aumento do esforço de pesca não resul-
Ao considerar as proporções da captura e tou em crescimento proporcional da captura e,
do esforço de pesca aplicado, por área de pes- conseqüentemente, produziu uma redução na
ca, e os valores ótimos atualizados de captura e abundância relativa. A constatação desse fenô-
esforço, estimam-se os seguintes valores máximos meno, com base em dados coletados até 1975,
de captura e esforço em cada região da plata- induziu Paiva (1976) a apontar para a existência
forma continental do Brasil, onde são realizadas de sobrepesca para as populações de lagosta
pescarias de lagosta, conforme definidos por Fer- capturadas na costa do estado do Ceará.
reira (1994): Fonteles-Filho, Ximenes e Monteiro (1988),
ao analisarem as tendências de variação da cap-
Norte (entre 42 e 48 graus tura, do esforço de pesca e da CPUE, no período
de longitude oeste) de 1965 a 1987, relacionando-as com os valo-
res máximos sustentáveis por eles obtidos, apre-
Captura de 1.972 t para um esforço de
sentam as seguintes conclusões: a) a produção
pesca de 3,60 milhões de covos-dia.
de lagosta apresenta tendência de crescimento
Nordeste Setentrional (entre 35 e 41 entre os anos de 1965 a 1979, quando supera,
Plano de gestão para o uso sustentável
A maioria dos pescadores considera a pes- são responsáveis pelo aumento do custo de pro-
ca de mergulho como a mais rentável, mas afir- dução da lagosta. Esse conjunto de fatores levou
ma ser essa atividade a mais nociva ao recurso. o setor lagosteiro a níveis insustentáveis de dese-
Seguem-se a rede e o covo. Em geral, apenas quilíbrio financeiro, fenômeno que tem cada vez
os pescadores que operam com covo apresen- mais se agravado.
tam documentação regular do Ibama e da Ma- São poucos os dados disponíveis sobre o
rinha do Brasil, apesar de os demais também a desempenho econômico do setor, mas, como
possuírem. Para a maioria dos pescadores, as ilustração, está apresentada, na Tabela 17, uma
condições de trabalho a bordo apresentam nível comparação entre alguns dos principais indica-
bom de segurança, mas o número de acidentes dores da situação econômica do setor, em fins
entre os pescadores embarcados deve ser con- dos anos de 1980 e em 2006.
Tabela 17 – Alguns indicadores da situação
econômica do setor, em fins dos anos de 1980
estados. Como muitos exportadores perderam
dinheiro financiando a armação de barcos para
51
e em 2006. pescar lagostas, o montante de recursos aplica-
dos por eles, no ano de 2006, foi bastante redu-
Fases
Características do setor zido. Os bancos estatais também perceberam a
Anos 80 2006
situação e exigem garantias reais nos financia-
Barcos industriais 315 0
mentos, o que praticamente inviabiliza o acesso
Barcos motorizados 744 821
dos armadores a esses créditos. Esse quadro de
Barcos a vela 479 3.562
escassez de dinheiro subsidiado poderá permi-
Empresas de captura 18 1
tir a redução do esforço de pesca hoje aplica-
Empresas processadoras 12 2
do. Caso não haja dinheiro subsidiado, existe a
Empresas exportadoras 26 5
possibilidade de essa situação contribuir para a
recuperação dos estoques de lagostas.
Observa-se, ao longo da história da pesca
de lagosta no Brasil, que o setor passou por gran- 3.3.2 Instrumentos econômicos
des transformações. A frota cresceu substancial- Como os instrumentos econômicos são fun-
mente em número de embarcações, porém com damentais para o sucesso ou o fracasso da ges-
a paralisação dos barcos industriais e um grande tão do uso sustentável dos recursos pesqueiros,
crescimento dos barcos a vela; a frota lagosteira apresentam-se, a seguir, algumas considerações,
é hoje composta, basicamente, por embarcações sobre suas aplicações, para o caso da pesca de
de pequeno e médio portes, com predominância, lagostas no Brasil.
em número, dos barcos a vela, ao tempo em que
o número de empresas diminuiu drasticamente. 3.3.2.1 Linhas de crédito especiais,
Vários fatores contribuíram para a expansão incentivos e subsídios
da frota de barcos de médio e pequeno portes. A Historicamente, o uso desses instrumentos
desativação das embarcações industriais, que se tem sido totalmente desvinculado da política de
tornaram antieconômicas; a liberação do uso da gestão do uso sustentável de lagostas. Esse com-
rede tipo caçoeira; e a necessidade de produtos portamento, certamente, foi e é um dos grandes
para exportação, o que levou os exportadores a complicadores para a reversão do atual quadro
financiarem as operações dessas embarcações. de crise por que passa essa pescaria.
Embora a caçoeira fosse largamente utili- Não é demais lembrar que o financiamen-
zada de forma ilegal, sua liberação foi um estí- to de plantas industriais e da frota, sem que se
mulo para que mais barcos pequenos e médios tenha levado em conta o potencial dos recursos
passassem a exercer a pesca com esse petrecho. em determinada região ou estado, são identifi-
Por possuir características como maior poder de cados, há algum tempo, como um grave desvio
pesca e ocupar pouco espaço no barco, quando do Estado brasileiro. São vários os autores que
comparado com a pesca com covo, o uso da ca- identificaram esse problema, iniciado na década
çoeira passou a ser intensificado. Trata-se de um de 1970, como: Silva (1972), e, posteriormente,
petrecho de pesca de elevado impacto ambien- Diegues (1983), Dias-Neto e Dornelles (1996),
tal, e, embora não haja estudos suficientes, sabe- entre outros.
se que a caçoeira provoca graves conseqüências A esse respeito, Silva, 1972, ao avaliar a
negativas sobre os estoques e o meio ambiente aplicação dos incentivos, aponta a má distribui-
onde vivem as lagostas. Hoje, são poucas as em- ção entre as áreas geográficas e os recursos pes-
barcações que utilizam o manzuá, uma vez que queiros, quando afirmou: “(...) couberam ao cen-
essas pescarias apresentam menor rentabilidade tro-sul do País 80 % dos recursos, em segundo,
e maior custo financeiro nas operações. Um as- ao camarão couberam 80 % desses 80 %”.
pecto positivo, porém, é que já há um reconheci- A distribuição desigual entre as regiões
mento dos efeitos danosos da caçoeira, e no esta- é confirmada por Dias-Neto e Dornelles, 1996,
do do Ceará, por exemplo, não existem grandes quando apresentam os seguintes dados: “até ju-
resistências à sua proibição. Porém, diante da nho de 1985, os recursos do Fiset/Pesca foram
gravidade da situação atual da pesca da lagosta, distribuídos, regionalmente, da seguinte forma:
com baixos índices de produtividade, acredita-se 5,71 % para o Norte; 15,27 % para o Nordeste;
Pesca
que o movimento de apoio à retirada da caçoei- 53,01 % para o Sudeste; 24,51 % para o Sul e
ra possa em breve disseminar-se para os demais 1,50 % para o Centro-Oeste”.
52 Dias-Neto e Dornelles, 1996, mostraram
que a aplicação dos incentivos foi ainda mais
Esse quadro é hoje mais grave para o caso
de lagostas, pois, conforme já mostrado na Tabela
grave para a depleção dos estoques, que o ante- 17, de 18 empresas de captura e 12 de processa-
riormente citado, ao afirmarem: mento em funcionamento na década de 1980, na
Não foram raras as vezes em que pari pas- atualidade, apenas uma, para o primeiro caso, e
su a adoção de uma legislação que coibis- duas para o segundo, continuam em operação.
se a expansão do esforço de pesca sobre Já dos 315 barcos industriais (de grande porte)
uma determinada pescaria, havia o ofere- existentes no primeiro período, todos, atualmen-
cimento de incentivos/créditos para essa te, estão desativados.
mesma pescaria, quando esses recursos Segundo Dias-Neto (2002), uma importan-
poderiam ter sido direcionados para outra te linha de crédito, disponibilizada nos anos de
pescaria alternativa. Evitar-se-ia, com isso, 1980, foi o Programa de Desenvolvimento Pes-
que perdurasse a pressão dos segmentos queiro (Propesca/Sudepe-BID). Esse programa
interessados naquela pescaria. contemplou mais o Nordeste e o Norte e teve um
Diegues, 1983, afirmou, por sua vez, que quarto dos recursos aplicados na pesca artesa-
o setor industrial foi favorecido pelos incentivos nal.
fiscais, sem, contudo, preparar-se para operar Segundo o autor citado, dos 1.807 barcos
além da plataforma continental: financiados, pelo Propesca, para a pesca artesa-
Essa política trouxe modificações impor- nal, 1.166 foram para a Região Nordeste e de-
tantes na organização da pesca no Brasil, veriam ser direcionados, sobretudo, para a cap-
mas atingiu objetivos distintos daqueles tura de peixes, mas, posteriormente, passaram a
previstos no início. As empresas recém- atuar, clandestinamente, na pesca de lagostas,
criadas lançaram-se num programa de agravando, portanto, a situação da pescaria des-
construção e importação maciça de bar- ses crustáceos.
cos, equipamentos e infra-estrutura de Preocupação adicional deve ser dada ao
terra, dimensionando-os para uma pesca fato de os bancos oficiais continuarem a financiar
costeira que geralmente não podia ir além a construção de barcos no Norte e Nordeste, para
da plataforma continental. a pesca de peixes, e a sua quase totalidade pas-
Os incentivos atenderam a grupos empre- sa a capturar, ilegalmente, no momento seguinte,
sariais despreparados e sem experiência no se- recursos como as lagostas. Financiam, também,
tor. A esse respeito, Diegues,1983, afirmou: artes de pesca típicas para a captura de lagostas,
A tentativa do Governo brasileiro de criar para armadores cujo barco não possui permissão
uma possante indústria capitalista na pes- para a pesca desses recursos.
ca, (...), não deu o resultado esperado. Das O subsídio ao óleo diesel foi instituído,
(...) 131 empresas que receberam incen- pelo governo, como um estímulo às exportações
tivos fiscais, nos dez anos dessa política, de produtos pesqueiros, tendo as pescarias de
cerca de 40 % foram à falência. Muitos lagostas como uma das beneficiadas. Posterior-
proprietários ou grupos que vieram de ou- mente, já na década de 1990, esse benefício foi
Plano de gestão para o uso sustentável
tros setores (outros ramos industriais, firmas ampliado para todos os segmentos da atividade
de engenharia, de comércio, financeiras, pesqueira, deixando, portanto, de atender, ex-
etc.) foram considerados pelos empresá- clusivamente, às atividades que geravam produ-
rios com tradição na pesca como ‘aven- tos para exportação.
tureiros’ que se aproveitaram do dinheiro Tal instrumento, se no início visava estimular
de Lagostas no Brasil
fácil da Sudepe. Santa Catarina foi um dos as exportações, posteriormente, passou também
estados em que mais surgiram empresas a ter o objetivo de equalização entre o preço do
com dinheiro da Sudepe, e foi também aí óleo diesel, pago pelas embarcações nacionais
que ocorreu o maior número de falências. de pesca, com o preço pago por embarcações
Não foram somente as pequenas empresas internacionais. Não é demais lembrar que esse
que faliram. Em São Paulo, grandes em- insumo representa, normalmente, um percentu-
presas, (...), com possantes instalações de al elevado nos custos de produção de um barco
terra, foram à falência após terem recebido pesqueiro.
financiamentos consideráveis (...). As falhas É relevante ponderar que o uso do subsídio
dessa política foram reconhecidas mesmo ao óleo diesel tem sido motivo de severas críticas
por estudos oficiais da Sudepe (...). por parte de formadores de opinião na área de
gestão do uso sustentável de recursos pesqueiros.
Esses especialistas entendem que tal instrumento
lagostas não é diferente, conforme abordado a
seguir.
53
tem favorecido a sobrepesca, especialmente por Analisando os dados fornecidos pela Se-
mascarar o ponto de equilíbrio econômico da ati- cretaria de Políticas Públicas de Emprego, do
vidade e tornar rentáveis pescarias insustentáveis. Ministério do Trabalho e Emprego (SPPE/TEM),
Esse problema dever ser encarado com clareza, sobre o volume de recursos financeiros aplicados
pois se em curto prazo ameniza a situação finan- no seguro-defeso, no período de 1995 a 2005
ceira dos armadores, traz duplo problema para (Tabela 18), pode-se constatar a seguinte reali-
o Estado ao onerá-lo, por um lado, com o uso dade: i) o Ceará foi o estado que recebeu a maior
de significativas quantidades de recursos finan- quantidade de recursos, seguido do Rio Grande
ceiros que poderiam custear outras pescarias, e, do Norte, Paraíba, Pernambuco, Espírito Santo e
por outro, comprometendo a sustentabilidade do Bahia; ii) o crescimento no volume de recursos
uso de um recurso que deveria ser perseguida, aplicados, a cada ano, por estado, aparentemen-
prioritariamente. te, não guarda consonância com o incremento
Esse subsídio enfrenta, ainda, significati- do salário mínimo, mas com outros fatores, discu-
vas críticas por parte de segmentos sociais que tidos posteriormente; iii) o incremento no volume
afirmam haver fortes desvios na sua aplicação, de recursos aplicados, nos últimos anos, para al-
questão que parece merecer uma avaliação es- guns dos estados mais importantes na pesca de
pecífica. lagostas, é o tamanho, que chega a ultrapassar
Enfim, esse quadro deve ser prioritariamen- o total dos pescadores que atuou na pesca de
te revisto, vinculando todo e qualquer crédito e lagostas em alguns dos estados, mesmo se consi-
subsídio ao programa de gestão aqui exposto. derar todos os barcos que realizaram pelo menos
uma viagem direcionada para a captura desses
3.3.2.2 Seguro-desemprego (defeso) crustáceos e independentemente das embarca-
A aprovação do uso do seguro-desempre- ções terem ou não permissão para pescá-los,
go para pescadores de pequena escala ou arte- o que não é razoável, conforme já comentado.
sanal tem como objetivo apoiar a gestão do uso A seguir, serão apresentados dados e comentá-
sustentável de recursos pesqueiros, no tocante, rios que melhor ilustram essa constatação.
Tabela 18 – Valores (R$) pagos como seguro-desemprego (defeso) por ano, estado e total para o
período de 1995 a 2005.
Estado Total
Ano
PI CE RN PB PE AL BA ES no ano
1995 – 652.098 331.160 33.440 28.896 – – – 1.045.594
1996 – 881.160 863.864 61.000 64.464 – – – 1.870.488
1997 – 1.440.464 1.164.440 105.568 128.480 – – – 2.838.956
1998 – 1.862.690 1.724.220 197.848 161.480 – – – 3.946.240
1999 – 2.390.685 2.256.790 332.020 224.640 – – – 5.204.127
2000 – 3.404.179 2.734.500 487.696 271.288 20.989 3.440 78.374 7.000.467
2001 – 4.671.483 3.421.320 791.258 408.266 46.080 18.000 149.584 9.505.994
2002 – 5.740.440 4.344.080 1.317.240 657.320 110.600 44.440 299.160 12.513.280
2003 – 7.640.000 4.992.120 1.934.400 975.160 273.180 80.720 578.360 16.473.940
2004 – 11.326.440 9.189.880 2.418.440 1.454.460 639.300 118.120 1.175.580 26.322.220
2005 22,510 12.447.930 5.117.920 3.366.060 1.602.040 822.500 106.120 1.766.490 25.251.570
Total
22,510 52.457.559 36.140.306 11.044.970 5.976.494 1.912.649 370.840 4.047.548 111.972.880
Estado
Fonte: SPPE/TEM – dados primários.
sionados ou não, e que realizaram pelo menos O quadro descrito anteriormente permite
uma viagem direcionada para a captura de la- inferir que alguns sérios desvios vêm ocorrendo
gostas, esse número seria da ordem de 4.674, ou no uso desse importante instrumento. Entre eles,
o correspondente a 61 % daqueles que se bene- aponta-se:
ficiaram com o seguro. l pagamento indevido do seguro – neste
de Lagostas no Brasil
4 Gestão do uso
de lagostas
Nesta parte do plano, é feita uma contextu- É relevante destacar que, nas últimas déca-
alização dos aspectos relativos à propriedade e das, tem dominado o sistema de acesso limitado
ao acesso ao uso dos recursos; objetivos da ges- ou regulado por cada estado, já que esses, ge-
tão; possíveis medidas de regulamentação; prin- ralmente, figuram legalmente como os proprietá-
cipais medidas utilizadas na gestão de lagostas rios dos recursos pesqueiros, quando dentro das
no mundo; e à gestão da pesca de lagostas no águas sob suas jurisdições.
Brasil. Assim, no Brasil, o pescador deve estar ha-
bilitado e legalizado como qualquer barco. Para
pescar tem que estar permissionado.
4.1 A propriedade
e o acesso ao uso 4.2 Objetivos da gestão
dos recursos É consenso, entre os mais variados auto-
Segundo Marrul-Filho (2001), no Brasil, res, que a definição de objetivos claros é um dos
antes de 1998, os recursos pesqueiros marinhos aspectos mais importantes para o êxito da ges-
constituíam-se no que se chama de res nullius tão do uso sustentável dos recursos pesqueiros
– coisas de ninguém – e a ação do Estado sobre (Gulland, 1969; Caddy; Mahon, 1996; Aragão;
esses bens fazia-se mediante o domínio eminente Dias-Neto, 1988, entre outros).
(direitos de administração e de polícia na jurisdi- Gulland, 1969, destaca que no início da
ção inerente à soberania do território), que justi- aplicação do conceito de gestão não se tinha
ficou regimes especiais como o da pesca. em conta, explicitamente, o equilíbrio entre os
Atualmente, a tutela do Estado sobre esses interesses em longo e em curto prazos. Porém,
bens é mais abrangente, já que o artigo 20 da ao considerar somente a situação de equilíbrio
Constituição Federal, promulgada em 1988, de- do estoque, subentendia-se que os interesses em
fine que os recursos vivos do mar territorial, da longo prazo eram preponderantes, ou seja, se a
plataforma continental e da zona econômica ex- população estava “excessivamente explorada”
clusiva integram os bens da União. era necessário reduzir o esforço de pesca (com
Esse novo estatuto jurídico relativo à pro- a conseqüente redução imediata das capturas)
priedade dos recursos pesqueiros leva a se anali- para conseguir um rendimento sustentável em
Gestão do uso de lagostas
sar a questão considerando-se, também, o artigo longo prazo. Essa perspectiva representava fixar
225 da Constituição Federal e o artigo 3º, da Lei os objetivos da gestão pesqueira usando, como
nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, vez que os referência, o conceito de captura máxima susten-
recursos pesqueiros também fazem parte dos re- tável (CMS).
cursos ambientais (Dias-Neto, 2002). Essa visão era demasiado simplista, pelo
O acesso aos recursos pesqueiros, como menos por quatro razões: (i) as dimensões do
uma das variáveis fundamentais para a gestão sistema que se tinha em conta; (ii) as formas de
dos seus usos, é condicionado pela tutela do Es- medir os insumos; (iii) as formas de medir os
tado, assim como pelas variáveis econômicas, so- rendimentos; e (iv) o equilíbrio entre os interes-
ciais, culturais, biológicas e políticas vigentes em ses em longo e em curto prazos. Em todos esses
cada país. conceitos sensíveis, incluindo o de CMS, con-
58 siderava-se que a população de peixes estava
biologicamente isolada e só se admitia um fator
gica, relacionados com o manejo das populações
sujeitas à explotação. Era comum a idéia da ili-
alterador da suposta situação única de equilí- mitada abundância dos recursos pesqueiros, do-
brio (inexplotação) dessa população: a sua ex- minando, então, os objetivos de natureza social
plotação. e política. Nos dias atuais, acrescenta o autor, há
Gulland (1969) acrescenta que a cada dia que se procurar um justo equilíbrio entre os ob-
reconhece-se mais amplamente a importância jetivos que considerem, em conjunto, a conserva-
de outros fatores, além do efeito direto da pesca. ção dos estoques, o bom desempenho econômi-
As dificuldades práticas que esses fatores deter- co das pescarias, os reflexos sociais da atividade
minam referem-se mais à analise e à interpre- pesqueira e os aspectos políticos. Seguindo es-
tação do que às definições. E exemplifica: uma sas diferentes perspectivas, Paiva apresenta uma
redução do recrutamento, causada diretamente relação do que considerou objetivos do passado
por uma intensa exploração das populações de e dos tempos modernos. Entre esses últimos, cita
adultos, exige que se tomem medidas drásticas dois como os mais importantes: 1) assegurar uma
tão rápidas quanto se consigam em relação a captura máxima sustentável (CMS); 2) garantir a
essa situação. maior rentabilidade para os investimentos feitos
Porém, em muitas populações, ocorrem nas indústrias pesqueiras, com os menores custos
importantes variações naturais anuais no recru- de operação (MRE).
tamento, totalmente independentes de toda a Esse autor comenta que a prevalência de
mudança verificada na população de adultos, qualquer um desses objetivos depende, funda-
mas relacionadas com as flutuações climáticas. mentalmente, das políticas adotadas pelo poder
Entretanto, essas dificuldades não aumentam os público. Acrescenta que só é considerada a con-
problemas teóricos que se enfrentam na hora de servação dos recursos e/ou eficiência econômi-
determinar os objetivos da gestão. ca, sem maiores preocupações com os aspectos
Entre os objetivos de gestão de uma pesca- sociais e políticos. Defende, ainda, a necessida-
ria, Gulland (1969). identifica: de de um outro objetivo que busque assegurar
l obter a captura máxima sustentável (CMS) maior nível de satisfação das pessoas que vivem
ao longo do tempo; da pesca.
Caddy e Mahon (1996) consideram que
l obter o máximo rendimento econômico
os objetivos da gestão de uma pescaria são, ge-
(MRE);
ralmente, mais diversos que a simples maximiza-
l aumentar ao máximo as capturas por um ção do rendimento. Com freqüência, incluem,
determinado período; entre outras, considerações sobre a captação
l recuperar estoques explorados intensa- de divisas, emprego, lucro e contribuição para
mente (em situação de sobrepesca); áreas rurais mais desfavorecidas.
l obter o máximo de alimento, de emprego Esses autores entendem que somente
ou de exportação; quando existem objetivos de gestão claramente
definidos é que se tornam possíveis o estabele-
Plano de gestão para o uso sustentável
ziam críticas veementes às normas e ao compor- toriedade de trituração das cabeças de lagosta;
tamento daqueles a quem interessava a regula- c) estabelecimento da capacidade máxima de
mentação da pesca de lagostas. Segundo eles, covos por embarcação, adotando-se o critério
eram decepcionantes os resultados obtidos com de faixas de tamanho; d) suspensão de qualquer
as medidas que visavam o melhor desempenho incentivo fiscal ou financeiro para a construção
da pesca, tendo em vista a falta de capacitação de embarcações lagosteiras; e) estabelecimento
técnica e administrativa das agências governa- de pesadas penalidades para infratores das me-
mentais e, ao mesmo tempo, as empresas lagos- didas de proteção ao estoque jovem (tamanho
teiras ofereciam sérias resistências à implemen- mínimo); e f) conscientização do pescador no
tação de medidas governamentais destinadas a sentido de que ele não praticasse e não per-
conservar os recursos lagosteiros. mitisse a prática de ações predatórias; 2 (curto
prazo) – a) estimular a captura de espécies pou-
co ou não exploradas; b) desenvolver pesquisas
tores, foi feito através da interdição da pesca, ou
seja, regulando períodos de defeso. Entretanto,
63
aplicadas com o propósito de fornecer subsídios em 1982, essa tradição histórica foi quebrada,
à preservação das espécies e aperfeiçoamento quando a Sudepe estabeleceu, em caráter ex-
dos processos de captura e beneficiamento; c) perimental, o sistema de cota anual globalizada,
execução de medidas corretivas da eventual (9.000 toneladas de lagosta inteira) para o pe-
ação predatória em conseqüência dos métodos ríodo de 1º de julho de 1982 a 30 de junho de
de captura empregados; d) industrialização de 1983. Em 1983, a Sudepe instituiu o sistema de
espécies inexploradas ou subexploradas; e e) interdição da pesca de lagosta e revogou a por-
construção de câmaras frigoríficas e aquisição taria que estabeleceu o sistema de cotas, sem
de carretas frigoríficas; 3 (médio prazo) – es- que fosse dada qualquer explicação para o fato.
tabelecimento de defeso. Ao se considerar a Sabe-se que a cota definida não foi atingida.
qualidade técnica dos trabalhos, as sugestões A substituição da Sudepe, pelo Ibama, em
apresentadas, com vistas ao gerenciamento da termos do gerenciamento da pesca não resultou
pesca de lagostas, evoluíram muito pouco em em grandes modificações. As principais portarias
relação ao que já existia. publicadas, pelo Ibama, não diferem substan-
Acatando parte das propostas apresenta- cialmente das portarias publicadas por aquela
das, como resultado da reunião acima, a Sudepe Superintendência. Apenas duas diferenças fun-
decidiu criar o sistema de licenciamento de em- damentais são observadas: primeira, no que se
barcações para a pesca de lagostas e definiu os refere a novas portarias, deixa-se de fazer men-
parâmetros gerais que deveriam orientar o licen- ção à proibição de captura de fêmeas ovadas
ciamento. Nessa portaria, foi criado um período das lagostas Panulirus argus e Panulirus laevi-
de fechamento da pesca, sem, entretanto, defini- cauda; e segunda, deixa-se de proibir a pesca
lo quanto à época de ocorrência; em 1975, se- de lagostas com rede de espera, não permitida
ria de 30 dias e, nos anos subseqüentes, seriam desde 1971.
acrescidos 30 dias, até atingir um total de 120 As principais medidas de regulamentação
dias em 1978. da pesca de lagostas atualmente praticadas no
Em 1978, a Sudepe baixou portaria reunin- Brasil são:
do as medidas de gerenciamento impostas à pes- 1. proibição da captura de lagosta-vermelha
ca de lagostas, introduzindo pequenas modifica- com tamanho inferior a 13 cm de compri-
ções para atender sugestões apresentadas em mento de cauda (7,5 cm de comprimento
relatórios técnicos e trabalhos científicos. Nessa de cefalotórax) e da lagosta-verde com 11
portaria, ficaram definidas: a) captura por tama- cm de comprimento de cauda (6,5 cm de
nho mínimo da espécie; b) interdição da pesca; comprimento de cefalotórax). Permite, en-
c) proibição da pesca em áreas de criadouros tretanto, uma tolerância de 2 % de lagos-
naturais; d) proibição da pesca com redes de ar- ta, em relação ao peso total, de indivíduos
rasto, de cerco e de emalhar, e proibição do uso com tamanhos mínimos inferiores aos per-
de aparelhos auxiliares de mergulho e limitação mitidos, desde que a diferença, a menor,
do tamanho da malha do covo; e e) permissão não ultrapasse 2 mm. Essa medida tem por
especial para barcos operarem na pesca de la- objetivo proteger o estoque juvenil;
gosta. Segue-se a essa portaria, uma série de no- 2. proíbe a pesca de lagostas nas seguintes
vas portarias, principalmente para promover al- áreas de criadouros naturais, até a distân-
terações no comprimento mínimo de captura das cia de três milhas da costa: a) entre 07° 33’
Gestão do uso de lagostas
duas espécies e no período de defeso. Em geral, 30’’ S e 07° 50’ 00’’ S; b) entre 39° 07’ 00’’
as alterações, nos períodos de defeso, sempre fo- W e 38° 48’ 99’’ W; e c) entre 05° 05’ 00’’ S
ram feitas para atender às pressões da indústria e 05° 07’ 00’’ S e, 36° 12’ 00’’ W e 36° 20’
pesqueira que sempre rejeitou essa forma de ge- 00’’ W;
renciamento da pesca, sob as alegativas princi- 3. permite a captura de lagosta somente com
pais de baixa produção de lagosta e crescimento o emprego de armadilhas do tipo covo
de desemprego na época do defeso. ou manzuá e cangalha, com malhas de 5
Historicamente, o controle do esforço de mm entre nós, ou rede de espera, de nái-
pesca aplicado sobre as populações de lagosta lon multifilamento, do tipo caçoeira, com
no Brasil, na tentativa de mantê-lo em níveis óti- malhas de 140 mm entre nós opostos de
mos e objetivando proteger os estoques reprodu- malha esticada (a caçoeira é proibida na
64 pesca nos litorais do Amapá, Pará e Mara-
nhão). Essa medida também tem por obje-
7. proíbe a captura de lagostas por meio de
mergulho de qualquer natureza. Proíbe,
tivo a proteção do estoque juvenil; também, que as embarcações que operam
4. limita a frota lagosteira às embarcações, na pesca das espécies portem qualquer
cujo pedido de permissão ou registro te- tipo de aparelho de ar comprimido e ins-
nha sido efetivado até o dia 8 de agosto trumentos adaptados à captura de lagostas
de 2000 (combinação das portarias MMA por meio de mergulho.
nº 155 de 2001 e nº 117 de 2000). Essa Ao analisar as informações mais recentes
medida tem por objetivo diminuir o esforço sobre o estado de exploração das lagostas, ob-
de pesca aplicado na captura de lagostas; serva-se que as medidas regulatórias não têm
5. paralisação da pesca (defeso), anualmen- contribuído de modo mais adequado para pro-
te, no período de 1º de janeiro a 30 de mover a exploração racional da lagosta, apesar
abril em águas jurisdicionais brasileiras. da qualidade dos subsídios básicos que a supor-
Essa medida objetiva proteger o período tam. São exemplos dessa afirmativa: a constante
de maior intensidade reprodutiva das es- elevação do esforço de pesca, hoje muito superior
pécies; ao ótimo desejado; a contínua redução da den-
6. proíbe descaracterizar a cauda das lagos- sidade aparente; a péssima situação financeira
tas. A descaracterização da cauda impede das empresas de pesca e a baixa condição de
a identificação e medição dos indivíduos, o vida dos pescadores. Até mesmo a manutenção
que compromete a norma do tamanho mí- da captura em níveis próximos à captura máxima
nimo. Essa medida tem por objetivo evitar sustentável não deve ser totalmente creditada às
burlas no que concerne a medidas de pro- medidas de regulamentação da pesca, mas, em
teção ao estoque juvenil; grande parte, à expansão da área de pesca.
Plano de gestão para o uso sustentável
de Lagostas no Brasil
65
Esta foi a parte que mereceu a maior aten- Nas 6ª e 7ª reuniões do CGSL, deu-se
ção e debate, uma vez que nela foi apresentado continuidade às discussões sobre os pontos de
e defendido o novo caminho para a gestão da referências e as possíveis estratégias ou medidas
pesca de lagostas no Brasil. a serem implementadas, conforme demonstra o
A seguir serão apresentadas as propostas Quadro 1.
iniciais, elaboradas pelo Subcomitê Científico
do Comitê de Gestão do Uso Sustentável de
Lagostas (SCCGSL) e, em seguida, os resul- 5.1 Objetivos da gestão
tados das discussões, com as medidas que re-
sultaram de consenso e que foram aprovadas Proposta do SCCGSL
pelo Comitê para os aspectos fundamentais da Promover a recuperação e a manutenção
proposta, que são: objetivos da gestão e pon- do uso sustentável das lagostas no Brasil, consi-
tos de referência. Como esses objetivos e pon- derando os aspectos bioecológicos, sociais, eco-
tos de referências serão alcançados e medidas nômicos e os relacionados com educação am-
a serem adotadas para tal; e como ocorrerá biental e aspectos legais, numa visão em curto,
a participação da sociedade no processo de médio e longo prazos.
gestão. Avançar na busca do compartilhamento
de poder e responsabilidade entre o Estado e
Apresentação da proposta ao CGSL os pescadores, armadores, industriais e demais
Na 4ª reunião do CGSL, o Coordenador usuários, assegurando a existência de espaços
do Subcomitê Científico apresentou a propos- comunicativos, onde possam negociar seus ob-
ta de plano. Após esclarecimentos de dúvidas jetivos e projetos, de forma democrática e par-
foi aprovado que cada representante dos usuá- ticipativa, tendo o conceito pleno de sustentabi-
rios debateria a proposta em suas bases, assim lidade como vetor instituidor da nova ordem na
1 Propostas prioritárias
Propostas de medidas Estados Posição dos Estados Posição final do CGSL
1 – Adoção da gestão do recurso AP S Aprofundar as discussões.
lagosta por áreas (3 áreas). (*) PA S
MA –
PI S
CE N
RN S
PB S
PE –
AL –
BA S
ES S
2 – Seleção de um dos cenários Aprofundar as discussões.
do número de barcos para
cada área.
3 – Tamanho mínimo de captura. AP – Consenso:
PA S Manter a legislação atual.
MA –
PI S
CE S
RN S
PB S
PE –
AL S
BA S
ES
4 – Defeso. (**) AP S Consenso:
PA S Nos meses de janeiro a abril.
MA –
PI S
CE S
RN S
PB S
Plano de gestão para o uso sustentável
PE –
AL S
BA S
ES S
5 – Áreas interditadas à pesca. AP – Consenso:
PA S(3) Proibição de pesca de lagosta a
de Lagostas no Brasil
RN N
PB SC
PE –
AL S
BA SC
BA SIM – d)
ES
(*) Nas discussões, estaduais os estados do Piauí, Paraíba e Bahia propuseram modificação no estabelecimento das subáreas propostas
no plano.
(**) Nas discussões, estaduais o estado do Rio Grande do Norte recomendou um período de defeso de fevereiro a maio e a Paraíba, de
março a julho.
de Lagostas no Brasil
(***) Nas discussões, estaduais os estados do Piauí e do Rio Grande do Norte impuseram condicionantes para a retirada da rede de
caçoeira, que serão tratadas pela comissão coordenada pela Seap/PR. Os estados da Bahia e Espírito Santo condicionaram a
realização de estudos e comprovação da viabilidade econômica do covo.
S = Sim; N = Não; e SC = Sem Consenso
continua...
2 Outras propostas relevantes do plano
conclusão
69
Proposta de Medidas Posições da 5ª Reunião Encaminhamentos:
1 – Regulamentar um mosaico de Recomendar ao subcomitê Proposta em discussão no CGSL.
áreas especialmente protegidas. científico o aprofundamento
desta questão e encaminhar
proposta concreta.
2 – Assegurar emprego e renda Estes temas serão tratados pela
aos trabalhadores da pesca de Comissão Coordenada pela
lagosta. Seap/PR.
3 – Prevenir contra riscos de morte ou
danos à saúde do pescador.
4 – Utilização do seguro-desemprego
5 – Melhorar a qualidade de vida das
comunidades pesqueiras.
6 – Mercado
7 – O uso de linhas de crédito
especiais e incentivos.
8 – Projeto de educação ambiental. Será discutido depois da Proposta apresentada no final, com
consolidação da proposta. execução em 2008.
9 – Aspectos legais (revisão, A legislação foi revisada, simplificada
simplificação e divulgação da e está em execução.
legislação).
10 – Projeto de Fiscalização. Foi caracterizada a urgência da Projeto em execução.
apresentação do projeto.
11 – Programa de pesquisa. Abranger toda a área de Programa em eleboração para
ocorrência. apresentação no CGSL.
12 – Malha do manzuá ou covo. Manter a atual legislação com a
possibilidade de revisão.
13 – Manter a qualidade do ambiente O subcomitê científico vai se
onde ocorrem as lagostas. aprofundar e apresentar uma
proposta.
14 – Proibição da descaracterização Manter a legislação atual.
prazos e demanda financeira para se atingir os “conflitos ambientais”, que se dão em tor-
objetivos do plano. no da questão lagosta, que se encontra
Pondera-se, por oportuno, que ao adotar referenciada por um dado contexto cultu-
um plano de gestão para o uso sustentável de ral. É a partir disso, e em vista dos grupos
lagostas no Brasil tem-se como objetivo não só sociais envolvidos pelo conflito socioam-
a reversão do quadro agudo já descrito, com
a recuperação dos estoques lagosteiros, mas a
adoção de medidas buscando alcançar a sus- Categoria que envolve um problema, um conflito ou uma potencialidade.
3
de captura (na captura, no desembarque maiores que 10 metros terão um prazo até 31 de
e na comercialização/exportação etc.); dezembro de 2008 para implantar e manter em
l garantir o uso somente de petrechos ou funcionamento um sistema de monitoramento re-
métodos de pesca permitidos; moto, conforme IN Ibama nº 144, de 3 de janeiro
l vigilância absoluta no período de defeso de 2007.
(paralisação) da pesca, na época de maior
intensidade de reprodução. b.2) Fiscalização
Quanto aos procedimentos dos trabalhos Todas as propostas foram aprovadas, à
de fiscalização, recomenda-se o uso permanente exceção daquelas que deveriam ser aplicadas
de rotinas simples e baratas, como a abordagem considerando a gestão por subáreas, conforme
dos barcos nos principais locais de desembar- informado.
5.3.1.8 Pesquisa (monitoramento) l rever as curvas de crescimento das espé-
cies através de métodos baseados na distri-
91
como instrumento de avaliação
dos resultados da gestão buição de comprimento;
l estimar a mortalidade natural e a mortali-
Proposta do SCCGSL dade por pesca que incidam sobre as es-
O plano demanda um programa de pes- pécies, por área;
quisa em longo prazo que deverá ser elaborado l identificar áreas e épocas de maior intensi-
no decorrer do primeiro ano de sua implantação, dade de reprodução das espécies;
envolvendo todas as instituições e representantes l rever os tamanhos de primeira maturação;
da comunidade científica que trabalham com o l identificar áreas e épocas de maior intensi-
recurso lagostas e suas pescarias. dade de recrutamento das espécies;
O objetivo central é a geração de conhe- l identificar o padrão temporal e as variações
cimentos científicos para subsidiar o processo de na intensidade do assentamento de puerulus
gestão compartilhada e sustentável de lagostas na de lagosta em coletores artificiais, correlacio-
costa brasileira, com vistas a otimizar os aspectos nando-o com as capturas e recrutamento;
bioecológicos, sociais e econômicos da utilização l caracterizar a qualidade do meio ambiente
desses recursos. Para que esse objetivo seja al- onde ocorrem as lagostas;
cançado, é necessário obter informações nas três l identificar e monitorar parâmetros ambien-
áreas de pesca apontadas, e contemplando toda tais que influenciam na abundância das
a distribuição das espécies, com vistas a: espécies;
l estabelecer características adequadas
l disponibilizar parâmetros populacionais e
para as artes de pesca;
do ciclo de vida das espécies;
l estimar custos de captura e processamento;
l avaliar o nível atual de explotação das
l manter estudos de mercado;
espécies;
l atualizar as estimativas de rendimento bio-
l determinar o nível sustentável de explota- lógico máximo sustentável das espécies P.
ção bioecológico, social e econômico; argus e P. laevicauda;
l definir e acompanhar a qualidade do meio l determinar o rendimento econômico máxi-
ambiente das áreas onde ocorrem as la- mo sustentável das pescarias;
gostas; l avaliar a biodiversidade em áreas de pesca
l correlacionar a distribuição espacial e sa- de lagostas;
zonal, bem como variações de abundân- l definir a relação trófica entre espécies
cia, com as condições ambientais; ocorrentes em áreas de pesca de lagostas;
l determinar padrões de explotação ade- l avaliar a variabilidade natural do ecossiste-
quados; ma lagosteiro;
l desenvolver metodologias de previsão de l estudar a relação entre estoque jovem (lar-
capturas; vas/pós-larvas) e estoque adulto;
l avaliar os aspectos sociais e econômicos l investigar as interações entre a estrutura
Plano para recuperação e manutenção
da pesca; e genética populacional espacial e tempo-
l acompanhar os parâmetros mercadoló- ral, através do uso de marcadores molecu-
gicos. lares, tendo em vista a análise da pressão do uso sustentável de lagostas
da pesca exercida sobre longos períodos
As metas para alcançar o objetivo do
nas três espécies de interesse para o Brasil:
programa, considerando o conhecimento já dis-
P. argus, P. laevicauda, e P. echinatus;
ponível sobre as espécies, deverão:
l criar um banco de DNA (DNA archival sys-
l implementar uma base de dados biológicos,
tem) usando dados obtidos em recentes
estatísticos, econômicos, sociais e ambien-
estudos genéticos envolvendo as espécies
tais sobre o uso sustentável de lagostas;
de interesse para o Brasil, para que futuras
l estimar a captura e o esforço de pesca, por questões relacionadas à pesca da lagosta
área e total, empregado nas pescarias; possam ser respondidas;
l estimar a composição das capturas em nú- l desenvolver metodologias de previsão de
mero por tamanho e sexo, por área; captura tendo como base a identificação
l rever as relações biométricas, como com- de filossoma por meio do seqüenciamento
primento/peso das espécies; de regiões do DNA mitocondrial;
92 l ampliar áreas para coleta de pueruli e ju-
venis, para a previsão de produções futu-
O Comitê é apoiado por dois subcomitês
e por grupos estaduais e, estes, quando conve-
ras; niente e necessário, por subgrupos municipais
l realizar coletas de filossoma no mar para ou locais.
conhecer detalhes sobre o ciclo de vida O Subcomitê Científico (SCCGSL) apor-
das lagostas; tará as necessárias avaliações do ponto de vista
l promover o acasalamento e a larvicultu- da sustentação técnica e científica das propos-
ra em cativeiro, no sentido de repor esto- tas de política ou medidas de gestão para o uso
ques; sustentável de lagostas a serem analisadas pelo
l realizar estudos genéticos com as outras Comitê.
espécies do gênero Panulirus White ocor- Já o SCAGSL é responsável pelo acompa-
rentes no Brasil; nhamento e avaliação da aplicação das medidas
l complementar estudos genéticos realiza- de gestão do uso sustentável de lagostas, aprova-
dos com Panulirus argus com espécimens das pelo Comitê, bem como pela retroalimenta-
coletados nas regiões Sudeste e Sul do ção de todo o processo.
Brasil. Os grupos de gestão dos estados (GGSLs)
promoverão o necessário debate, com os seg-
Proposta aprovada pelo CGSL mentos envolvidos, de toda e qualquer proposta
A proposta foi aprovada e ficou definido de política, plano ou medida a ser adotada para
que será apresentado um plano de ação de pes- a gestão do uso sustentável de lagostas. Será es-
quisa pelo Subcomitê Científico para avaliação timulado para que cada grupo estadual busque
pelo CGSL. apoio ou assessoria de subgrupos municipais ou
locais (onde a pesca de lagostas é representati-
va) para debater as questões afetas à gestão de
5.4 A participação da lagostas. Importa acrescentar que esses grupos
sociedade no processo ou subgrupos não têm que ser, necessariamen-
te, só para discutirem as questões sobre lagos-
de gestão tas. Pode ser mais viável que seus objetivos sejam
abrangentes, como, por exemplo, debater o uso
Proposta do SCCGSL sustentável dos recursos pesqueiros do estado
Inicialmente, é importante acrescentar que ou do município, mobilizando as representações
o processo de gestão para o uso sustentável de de cada pescaria, dependendo do recurso em
lagostas será apoiar nos fundamentos e princí- questão.
pios da co-gestão ou gestão compartilhada que Dessa forma, buscar-se-á dar capilaridade
se fundamenta na ampla participação dos seg- e ampla discussão das questões, na sociedade
mentos sociais envolvidos e pelo compartilha- e nos segmentos diretamente envolvidos com a
mento de poder e responsabilidade entre o esta- gestão do uso sustentável de lagostas.
do e os usuários de um determinado recurso. Considerando que uma das maiores fra-
Plano de gestão para o uso sustentável
Portaria Ibama nº 83/2004 de 23 de setembro dos setores diretamente relacionados com o uso
de 2004, o qual buscará fortalecer e consolidar dos recursos, seja de pescadores, de armadores
como fórum democrático e amplamente partici- e de empresários, é possível que um dos pontos
pativo. fundamentais seja a promoção de uma mobiliza-
O CGSL tem caráter consultivo e está es- ção social que possa possibilitar o surgimento de
truturado em um comitê nacional composto de bases para nova governança nessa pescaria.
forma paritária, entre representantes do Estado A mobilização aqui referida é aquela ca-
e da sociedade, com o objetivo de assessorar as racterizada por Toro (1996), como: “mobilizar é
autoridades gestoras na definição e implantação convocar voluntários a um propósito com inter-
da política de gestão do uso sustentável de la- pretação e sentidos compartilhados”. De acordo
gostas. com essa concepção, a mobilização social dis-
93
tingue-se da “manipulação, persuasão e chan- vização da prática dos reeditores. Diz-se que há
tagem pública”, por ser, ao mesmo tempo, “um coletivização quando cada reeditor tem a certe-
ato de liberdade e de paixão” que somente se za de que os outros reeditores, de sua categoria,
realiza quando há participação consciente e es- estão fazendo o mesmo que ele faz, a partir de
pontânea dos sujeitos envolvidos. idêntico imaginário.
Para esse autor, uma proposta de mobili- A mobilização, como ato intencionado, ne-
zação se concretiza quando três condições são cessita da ação de um produtor social, entendi-
atendidas. A primeira diz respeito à existência de do como pessoa ou instituição com legitimidade,
um propósito preciso que corresponda a expec- capacidade técnica e financeira para fazer uma
tativas e percepções dos atores sociais. Esse pro- proposta de mobilização à sociedade. O produ-
pósito, denominado imaginário, além de desper- tor social, além de propor idéias, organizar finan-
tar paixão, deve também direcionar a formulação ças e equipes, articular atores sociais e identifi-
das metas e dos procedimentos para atingir o ob- car reeditores, também, de alguma forma, deve
jetivo da mobilização. interpretar a intenção de sentidos que se quer
Plano para recuperação e manutenção
Outra condição refere-se à necessidade imprimir a um imaginário específico.
de pessoas qualificadas para atuarem como mul- Essas condições são perfeitamente possí-
tiplicadores. Esse multiplicador, também chama- veis de serem propiciadas pelo modelo anterior- do uso sustentável de lagostas
do de reeditor, deve ter capacidade de ”negar, mente descrito e a partir de uma coordenação
transmitir, introduzir e criar sentidos” e, também, específica da educação ambiental do Ibama.
de “modificar as formas de pensar, agir e atuar
do público” ao qual está vinculado. Proposta aprovada pelo CGSL
O terceiro aspecto fundamental da mobili- A proposta anteriormente apresentada foi
zação está relacionado com o processo de coleti- aprovada.
95
6 Avaliação e revisão
do plano
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Referências bibliográficas
103
8 Anexo 1
gistro e Permissão de Pesca para as embarcações anual máximo de 40 milhões de covos-dia, como
lagosteiras, disposto no § 2º do art. 1º da Instrução Normativa
RESOLVE: IBAMA nº 144, de 2007;
104 II – Em 2009, o permissionamento ficará restri-
to a um número de embarcações que correspon-
zar na pesca de lagostas, juntamente com o for-
mulário de cadastro de embarcação pesqueira
dam a um esforço anual máximo de 35 milhões em modelo já adotado pela SEAP;
de covos-dia; e b) cópia do Certificado de Registro da embar-
III – A partir de 2010, o permissionamento fica- cação emitido pela SEAP, com permissão para a
rá limitado a um número de embarcações que pesca de lagostas e prazo de validade em vigor.
correspondam a um esforço anual máximo de 30 c) comprovante de inscrição do interessado no
milhões de covos-dia. Registro Geral da Pesca, podendo ser, conforme
§ 3º Do esforço máximo anual permitido, o cor- o caso, Carteira de Pescador Profissional, Certifi-
respondente a 1,5 milhão de covos-dia será des- cado de Registro de Armador de Pesca ou Certi-
tinado às embarcações pesqueiras de proprietá- ficado de Registro de Indústria Pesqueira;
rios ou armadores residentes ou domiciliados nos d) documento emitido pela Autoridade Maríti-
Estados do Amapá, Pará, Maranhão, Alagoas, ma, em nome do interessado, que comprove a
Sergipe e Bahia, como disposto no §1º do art. 1º propriedade, o ano de construção e o compri-
da Instrução Normativa IBAMA nº 144, de 2007, mento da embarcação, como previsto no Inciso
cujo permissionamento pela SEAP será efetivado VIII do art. 3º da Instrução Normativa IBAMA nº
com base em critérios e procedimentos a serem 144, de 2007.
definidos em norma específica, após prévia dis- e) declaração do IBAMA, comprovando que a
cussão no âmbito do Comitê de Gestão de Uso embarcação operou na captura de lagostas, com
Sustentável de Lagostas - CGSL. indicação do número e especificação dos meses
§ 4º A redução do esforço de pesca de que tra- em que operou, em cada um dos anos do perí-
tam os Incisos II e III, deste artigo, se dará com o odo de 2002 a 2005, na forma do disposto nos
cancelamento de permissões provisórias de pes- Incisos III e V do art. 3º, da Instrução Normativa
ca, como previsto no § 3º do art. 1º da Instrução IBAMA nº 144, de 2007;
Normativa IBAMA nº 144, de 2007, a partir de f) certidão de Nada Consta atualizado, referente
critérios e procedimentos a serem definidos em ao armador ou proprietário, emitido pelo IBAMA; e
norma subseqüente específica, após prévia dis- g) comprovante de residência ou domicílio do
cussão no âmbito do Comitê de Gestão de Uso interessado, com data de emissão inferior a 06
Sustentável de Lagostas - CGSL. meses.
II – Os proprietários ou armadores de embar-
CAPÍTULO II cação não portadora de Permissão de Pesca
DA INSCRIÇÃO PARA FINS DE SELEÇÃO para operar na captura de lagostas deverão
E HABILITAÇÃO apresentar a seguinte documentação:
Art. 2º Para a inscrição com fins de obtenção de a) formulário de requerimento devidamente
Permissão de Pesca ou de Permissão Provisória preenchido e assinado pelo interessado ou seu
de Pesca de que trata esta Instrução Normativa e, representante legal, conforme Anexo I desta Ins-
conseqüentemente, para a efetivação ou atualiza- trução Normativa, informando o número de covos
ção do registro da embarcação pesqueira junto à ou cangalhas que a embarcação pretende utili-
Plano de gestão para o uso sustentável
SEAP, os proprietários ou armadores interessados zar na pesca de lagostas, juntamente com o for-
em participar do processo de inscrição de que mulário de cadastro de embarcação pesqueira
trata esta Instrução Normativa deverão protocolar em modelo já adotado pela SEAP;
requerimento junto aos Escritórios Estaduais da b) documento emitido pela Autoridade Marítima,
SEAP, na Unidade da Federação em que sejam em nome do interessado, que comprove a pro-
de Lagostas no Brasil
Parágrafo único. O Anexo III de que trata o ca- cada ano, no período de 2002 a 2005, como dis-
put também servirá de referência para o dimen- posto nos Incisos III e V do art. 3º da Instrução
sionamento do esforço de pesca autorizado. Normativa IBAMA nº 144, de 2005.
106 Parágrafo único. Para a embarcação até então
portadora de Permissão de Pesca construída
Parágrafo único. Ao final da fase de que trata o
caput, será elaborado um Relatório Consolidado
depois do ano de 2001, o proprietário ou arma- sobre os resultados até então apurados, o qual será
dor deverá comprovar que a embarcação passou apresentado pela SEAP ao Comitê de Gestão de
a integrar a frota lagosteira em substituição a ou- Uso Sustentável de Lagostas – CGSL, em Convo-
tra embarcação que já detinha permissão para a cação Extraordinária, para conhecimento e, se for
pesca das referidas espécies, com data de cons- o caso, deliberações julgadas oportunas, visando
trução anterior a 2001. à fase subseqüente dos procedimentos previstos
Art. 6º As embarcações que se enquadrarem nesta Instrução Normativa que tratará da seleção
como até então portadoras de Permissão de Pesca dos interessados a terem seus pleitos deferidos.
para operar na captura de lagostas e que aten-
derem às condições estabelecidas nesta Instrução CAPÍTULO V
Normativa terão essa condição ratificada e obte- DA SELEÇÃO FINAL E DEFERIMENTO
rão uma nova Permissão de Pesca para captura de DOS PEDIDOS
lagostas, na forma do disposto no § 1º do art. 3º da Art. 10 Respeitados os critérios e procedimentos
instrução Normativa IBAMA nº 144, de 2007. já definidos nesta Instrução Normativa e demais
Art. 7º As embarcações que se enquadrarem deliberações emanadas do Comitê de Gestão de
entre aquelas sem permissão para a pesca de Uso Sustentável de Lagostas – CGSL, a serem
lagostas e que atenderem às condições estabe- formalizadas em ato normativo específico emitido
lecidas nesta Instrução Normativa, poderão obter pela SEAP, será processada a seleção final das
uma Permissão Provisória de Pesca para captura embarcações a terem seus pleitos deferidos.
de lagostas, passível de cancelamento quando Art. 11 Para as embarcações cujos pedidos ve-
da readequação do esforço de pesca, como pre- nham a ser deferidos serão emitidas a Permissão de
visto no § 2º do art. 3º da Instrução Normativa Pesca ou Permissão Provisória de Pesca, com res-
IBAMA nº 144, de 2007. pectivo Certificado de Registro, conforme modelos
Art. 8º A comprovação de operação na pesca contidos nos Anexos IV e V desta Instrução Normati-
da lagosta de que trata o Inciso III do art. 5º des- va, onde deverão constar, obrigatoriamente, dentre
ta Instrução Normativa poderá ser dispensada, a outras, a informação referente ao número máximo
critério da SEAP, nos seguintes casos: de covos ou cangalhas permitidas e o número de
I – com comprovação de docagem para reparo tripulantes definidos pela Autoridade Marítima.
da embarcação, com laudo técnico emitido por Parágrafo único. A emissão do Certificado de
pessoa especializada e credenciada na forma Registro e respectiva Permissão de Pesca ou Per-
legal, informando sobre o referido período, com missão Provisória de Pesca ficará condicionada à
indicação dos prazos de início e de retorno da comprovação do recolhimento da taxa de regis-
embarcação à atividade; tro prevista na norma específica vigente.
II – com comprovação de desativação tempo-
rária da atividade para uma outra modalidade de CAPÍTULO VI
pesca, devidamente autorizada, e com compro- DA MANUTENÇÃO, RENOVAÇÃO E
Plano de gestão para o uso sustentável
Art. 16 A documentação a ser entregue pelos Art. 17 Aos infratores da presente Instrução Nor-
interessados deverá ser em original ou cópia de- mativa serão aplicadas as penalidades previstas
vidamente autenticada, na forma da legislação na Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 e no
vigente. Decreto nº 3.179, de 21 de setembro de 1999.
Parágrafo único. Não será aceita qualquer do- Art. 18 Esta Instrução Normativa entra em vigor
cumentação complementar entregue fora dos na data de sua publicação.
prazos estabelecidos nesta Instrução Normativa. Art. 19 Revogam-se as disposições em contrário.
ALTEMIR GREGOLIN
Anexo 1
108 Anexo I
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
SECRETARIA ESPECIAL DE AQÜICULTURA E PESCA
Termos em que,
Plano de gestão para o uso sustentável
P. Deferimento.
,
_____________________________ ____ de __________________________ de 2008
de Lagostas no Brasil
Local e Data
_________________________________________________________________________________
Assinatura do requerente ou do representante legal
Anexo II 109
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
SECRETARIA ESPECIAL DE AQÜICULTURA E PESCA
Eu, ________________________________________________________________________________________________________________________________ , em
atendimento ao disposto na Instrução Normativa SEAP nº _________________________________ /2007, combinado com
o que consta no inciso VII do art. 3º da Instrução Normativa IBAMA nº 144/2007, declaro para os de-
vidos fins, junto à Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência da República, que reco-
nheço o caráter discricionário e precário da permissão provisória de pesca que vier a ser expedida em
favor da embarcação pesqueira, sob minha responsabilidade, denominada _________________________________________,
ao mesmo tempo em que confirmo previamente a aceitação do cancelamento da referida permissão
quando determinado pela Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência da República
– SEAP/PR, com fins de readequação de esforço de pesca, como previsto nos instrumentos normativos
acima referenciados.
,
_____________________________ ____ de __________________________ de 2008
Local e Data
_________________________________________________________________________________
Assinatura do requerente ou do representante legal
Anexo 1
110 Anexo III
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
SECRETARIA ESPECIAL DE AQÜICULTURA E PESCA
Aço Motor
>22 e ≤ 25 900
>25 e ≤ 27 1.100
> 27 1.300
de Lagostas no Brasil
Anexo IV 111
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
SECRETARIA ESPECIAL DE AQÜICULTURA E PESCA
Nº do Ato Administrativo
Concedente:
Nº do RGP:
Prazo de Validade:
Ano de Fabricação Propulsão Potência (Hp) Comprimento Arqueação Bruta Material do Casco
(m) (Ton)
Método(s) de Pesca Permitido(s) Espécie(s) a Capturar:
ARMADILHA (especificar) LAGOSTAS e FAUNA ACOMPANHANTE
Zona de Operação Principais Locais de Desembarque (Município/UF)
PROPRIETÁRIO/ARMADOR
Nome ou Razão Social CPF / CNPJ
Endereço
Bairro Fone
Município UF CEP
Data de Expedição
____________________________________________________________
Assinatura e carimbo do representante da SEAP/PR
Porte Obrigatório
ESTE CERTIFICADO NÃO EXIME DA OBRIGATORIEDADE DE APRESENTAÇÃO DE OUTROS
DOCUMENTOS EXIGIDOS NAS LEGISLAÇÕES FEDERAL, ESTADUAL E MUNICIPAL.
112 Anexo V
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
SECRETARIA ESPECIAL DE AQÜICULTURA E PESCA
Nº do RGP:
Prazo de Validade:
PROPRIETÁRIO/ARMADOR
Nome ou Razão Social CPF / CNPJ
Endereço
Bairro Fone
Plano de gestão para o uso sustentável
Município UF CEP
Observação complementar: Esta permissão poderá ser cancelada a qualquer tempo, considerando o disposto
na Instrução Normativa SEAP nº ______________________________________________/2007, combinado com o que consta no § 2º
de Lagostas no Brasil
____________________________________________________________
Assinatura e carimbo do representante da SEAP/PR
9 Anexo 2
Anexo 2
* Retificação dos artigos 3º, 4º, 5º, 10 e 11, feita pela Portaria Ibama nº
43, de 1º de julho de 2005, publicada no DOU, Seção I, página 97, de
04/07/2005.
117
10 Anexo 3
11 Anexo 4
12 Anexo 5
Anexo 5
Ministério do
Meio Ambiente