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Funções de Variável Complexa

Aula 8

2021

Funções de Variável Complexa


A integral complexa

Seja F : [a, b] → C, F (t) = U(t) + iV (t), uma função contínua.


Definimos
Z b Z b Z b
F (t)dt = U(t)dt + i V (t)dt.
a a a

Funções de Variável Complexa


Exemplo
Z π
Cacule F (t)dt, sendo F (t) = cos(t) + isen(t).
0

Z π Z π Z π
F (t)dt = cos(t)dt + i sen(t)dt
0 0 0

= [sen(t)]π0 + i[− cos(t)]π0

= 0 + i(− cos(π) + cos(0)) = 2i.

Funções de Variável Complexa


Propriedades
Seja F : [a, b] → C uma função contínua.
R  R
b b
P1) Re a F (t)dt = a Re[F (t)]dt.
R  R
b b
P2) Im a F (t)dt = a Im[F (t)]dt.
Rb Rb Rb
P3) a [F (t) + G (t)]dt = a F (t)dt + a G (t)dt.
Rb Rb
P4) a cF (t)dt = c a F (t)dt, c ∈ C.
R R
b b
P5) a F (t)dt ≤ a |F (t)|dt (a ≤ b).

Funções de Variável Complexa


Demonstração
P1) Seja F : [a, b] → C dada por F (t) = U(t) + iV (t). Como
Z b Z b Z b
F (t)dt = U(t)dt + i V (t)dt,
a a a

segue que
Z b  Z b Z b
Re F (t)dt = U(t)dt = Re(F (t))dt.
a a a

P2), P3) e P4) Exercício.

Funções de Variável Complexa


R R
b b
P5) Vamos mostrar que a F (t)dt ≤ a |F (t)|dt (a ≤ b).

Rb R
b Rb
Se a F (t)dt = 0, então a F (t)dt = 0 ≤ a |F (t)|dt.

Rb Rb
Se a F (t)dt 6= 0, podemos escrever a F (t)dt = re iθ com r > 0.
Então Z b Z b
r = e −iθ F (t)dt = e −iθ F (t)dt ∈ R.
a a

Logo,

b b b
Z Z  Z
e −iθ F (t)dt Re[e −iθ F (t)]dt


F (t)dt = r = Re(r ) = Re =
a a a

Z b Z b Z b
≤ |e −iθ F (t)|dt = |e −iθ ||F (t)|dt = |F (t)|dt.
a a a

Funções de Variável Complexa


A integral de contorno

Definição
Um arco C com extremos z, w ∈ C é um conjunto de pontos de C
representado pela imagem de uma função contínua γ : [a, b] → C
tal que γ(a) = z e γ(b) = w .

γ(b) = w
C

γ(a) = z

Note que γ(t) = x(t) + iy (t), t ∈ [a, b]. Podemos escrever

C = {γ(t) : a ≤ t ≤ b}.

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Note que −C representa o mesmo conjunto C , mas com orientação
oposta.

γ(b) = w γ(b) = w
C −C

γ(a) = z γ(a) = z

Se γ : [a, b] → C é uma parametrização para o arco C , então

β : [−b, −a] → C

β(t) = γ(−t)

é uma parametrização para o arco −C .


Funções de Variável Complexa
Definição
Um arco simples ou arco de Jordan é um arco parametrizado por
uma função γ : [a, b] → C injetiva.

se t1 , t2 ∈ [a, b], t1 6= t2 =⇒ γ(t1 ) 6= γ(t2 ).

É um arco de Jordan Não é um arco de Jordan

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Definição
(a) Uma curva fechada é um arco parametrizado por uma função
contínua γ : [a, b] → C tal que γ(a) = γ(b).
(b) Uma curva fechada de Jordan é uma curva fechada que não
auto se intercepta.

Não é uma curva de Jordan


É uma curva de Jordan Mas é uma curva fechada

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Teorema de Jordan
Toda curva fechada simples γ divide o plano complexo em duas
regiões, tendo γ como fronteira comum, uma das quais, chamada o
interior de γ, é limitada.

Região 2

Região 1
Parte limitada

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Definição
Dizemos que um arco C = {γ(t) = x(t) + iy (t) : a ≤ t ≤ b}
é regular se γ 0 (t) = x 0 (t) + iy 0 (t) existe, γ 0 (t) é contínua e
γ 0 (t) 6= 0 para todo a ≤ t ≤ b.

Definição
Um contorno ou caminho é um arco contínuo formado por um
número finito de arcos regulares.

C1 C2

C = C1 ∪ C2

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Definição: integral de contorno
Sejam f : D(f ) ⊂ C → C e C ⊂ D(f ) um contorno tal que f seja
contínua em C . Seja γ : [a, b] → C uma parametrização de C .
Definimos Z Z b
f (z)dz = f (γ(t))γ 0 (t)dt.
C a

Note que f (γ(t))γ 0 (t) = U(t) + iV (t), t ∈ [a, b].

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Propriedades
Sejam f , g : D ⊂ C → C e C ⊂ D um contorno tal que f e g são
contínuas em C .
R R R
P1) C [f (z) + g (z)]dz = C f (z)dz + C g (z)dz.
R R
P2) C cf (z)dz = c C f (z)dz, c ∈ C.

P3) Se C = C1 ∪ C2 ∪ . . . ∪ Ck , então
Z Z Z
f (z)dz = f (z)dz + . . . + f (z)dz.
C C1 Ck

R R
P4) −C f (z)dz = − C f (z)dz.

Demonstração P1) e P2) Exercício.


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P3) Vamos considerar o caso C = C1 ∪ C2 . Sejam γ1 : [a, b] → C
uma parametrização de C1 e γ2 : [b, c] → C uma parametrização de
C2 (γ1 (b) = γ2 (b)). Daí,

 γ (t) para a ≤ t ≤ b
1
γ(t) =
 γ2 (t) para b ≤ t ≤ c

é uma parametrização de C . Então,


Z Z c Z b Z c
f (z)dz = f (γ(t))γ 0 (t)dt = f (γ(t))γ 0 (t)dt + f (γ(t))γ 0 (t)dt
C a a b

Z b Z c Z Z
= f (γ1 (t))γ10 (t)dt + f (γ2 (t))γ20 (t)dt = f (z)dz + f (z)dz.
a b C1 C2

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P4) Seja γ : [a, b] → C uma parametrização para o contorno C .
Então β : [−b, −a] → C dada por β(t) = γ(−t) é uma
parametrização para o contorno −C . Note que

β 0 (t) = γ 0 (−t)(−t)0 = −γ 0 (−t).

Logo,
Z Z −a Z a
f (z)dz = f (β(t))β 0 (t)dt =u=−t f (β(−u))β 0 (−u)(−du)
−C −b b

Z a Z b Z
0 0
= f (γ(u))γ (u)du = − f (γ(u))γ (u)du = − f (z)dz.
b a C

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Exemplo
Cacule C f (z)dz, sendo f (z) = z 2 e
R

C = {γ(t) = t + it : 0 ≤ t ≤ 1}.

Solução γ 0 (t) = 1 + i. Então


Z Z 1 Z 1
0
f (z)dz = f (γ(t))γ (t)dt = (t + it)2 (1 + i)dt
C 0 0

1
(1 + i)3
Z
3
= (1 + i) t 2 dt = .
0 3

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Exemplo
R
Cacule C zdz, onde C é o contorno OAC.
OA é o segmento de reta de liga o ponto O = (0, 0) ao ponto A = (1, 0).

AC é o segmento de reta de liga o ponto A = (1, 0) ao ponto C = (1, 1).

Solução γ1 (t) = t, 0 ≤ t ≤ 1, é uma parametrização para o arco


C1 = OA e γ2 (t) = 1 + it, 0 ≤ t ≤ 1, é uma parametrização para o
arco C2 = AC . Então
Z Z Z Z 1 Z 1
zdz = zdz + zdz = γ1 (t)γ10 (t)dt + γ2 (t)γ20 (t)dt
C C1 C2 0 0
Z 1 Z 1
= tdt + (1 + it)idt
0 0
Z 1 Z 1
= tdt + i (1 − it)dt = 1 + i.
0 0

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Sejam z, w ∈ C dois pontos do plano complexo. O segmento de
reta que liga z a w pode ser dado pela seguinte parametrização:

γ(t) = (1 − t)z + tw , 0 ≤ t ≤ 1.

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Lema
R R
f (z)dz ≤
C C |f (z)||dz|, onde

Z Z b
|f (z)||dz| = |f (γ(t))||γ 0 (t)|dt, a ≤ b,
C a

e γ : [a, b] → C é uma parametrização de C .

Demonstração

b b
Z Z Z
0
|f (γ(t))γ 0 (t)|dt

f (z)dz =
f (γ(t))γ (t)dt ≤
C a a

Z b Z
0
= |f (γ(t))||γ (t)|dt = |f (z)||dz|.
a C

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Se f : D(f ) ⊂ C → C é contínua sobre um contorno C , então
existe M > 0 tal que

|f (z)| ≤ M para todo z ∈ C .

Daí, pelo Lema anterior,


Z Z Z

f (z)dz ≤ |f (z)||dz| ≤ M |dz| = ML,

C C C

Rb
|γ 0 (t)|dt é o comprimento do contorno C .
R
onde L = C |dz| = a

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Exemplo
Mostre que C z1 dz ≤ 1, onde C é o segmento retilíneo que une o
R

ponto 1 a 1 + i.

Solução
y
Se z ∈ C então |z| ≥ 1. Logo

1 1
C |f (z)| = = ≤ 1 para todo z ∈ C .
z |z|
x
Assim M = 1. Note que L = 1. Então C z1 dz ≤ ML = 1.
R

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