Obra 1: Revista: História da educação moçambicana no seculo XX: Lei 4/83 e 6/92 do sistema nacional de educação – Ancha Quimuenhe Obra 2: Livro: Manual II de fundamentos da pedagogia – Fernando Rachide
Finalidades e objetivos da educação moçambicana em diferentes períodos
da história Antes do período colonial Antes do período colonial a educação moçambicana era marcada por um caracter tradicional, em que os conhecimentos eram transmitidos de geração em geração dentro das comunidades, de modo que os valores morais, sociais, culturais e religiosos, conhecimentos, técnicas e práticas acumuladas na prática produtiva fossem retransmitidos às novas gerações. Essa transmissão de conhecimentos era fruto de uma prática de educação não-formal e informal visto que a definida formal reúne requisitos que nesse período não se dispunham. Todos os membros das comunidades tradicionais eram responsáveis pela boa conduta das novas gerações, devendo por isso reprimir qualquer comportamento incorreto de qualquer criança, independentemente de ser parente ou não. Em base essa educação tradicional era de caráter pragmático pois intencionava essencialmente a aquisição de conhecimentos práticos como: praticar atividades socioeconómicas (cultivar, caçar, construir, etc.), atividades culturais (dança, iniciação a vida adulta, respeito a entidades, etc.), técnicas de autodefesa, noção de medicina tradicional, etc. Era caracterizada também pelos ritos de iniciação, pelo dogma, pela superstição e magia, preparação para aceitar a exploração como lei natural e assim reproduzi-la no seu grupo etário, na família, na sua tribo, etnia e raça.
Durante o período colonial
A educação durante o este período foi mais formalizada e marcada por objetivos, que eram: Preparar os colonos petizes à direção política e econômica do país, para a formação de uma elite, num contexto caracterizado pela oposição entre o trabalho manual e intelectual; Civilizar, ou seja, proporcionar o aprendizado da língua portuguesa e dos rudimentos da religião católica, competências para os trabalhos rurais e manuais, de modo que o povo nativo se tornasse como que ‘instrumentos’ e unificar culturalmente os povos; Promover o abandono de práticas tribais e a progressiva, lenta e limitada aproximação aos valores da civilização europeia. Esses objectivos eram assegurados pela seguinte estrutura do ensino: Ensino de adaptação, destinado aos indígenas (compreendendo três anos, com ingresso aos 10 anos); Ensino primário comum - oficial, missionário católico, missionário estrangeiro e o particular – (de 4 anos com ingressos aos 7 anos) destinados a população branca, mestiça e assimilada, subdividida em: Ensino normal indígena (3/4 anos); Escola do Magistério, (ingresso com 5º ano liceal mais 2 anos); Ensino Técnico elementar de 2 anos; Ensino Técnico profissional industrial/comercial de 3 anos; e Ensino Técnico Profissional, com secções preparatórias aos institutos industrial/comercial; Ao nível de Ensino Geral existia: o Ciclo preparatório (2 anos); Ciclo liceal (5 anos) e Estudos Gerais Universitários. Ou seja, em suma possuía dois sistemas de ensino: Sistema oficial – destinado ao povo colonizador e ‘assimilados’, mais especificamente aos seus filhos visando dá-los instrumentos fundamentais de todo o saber e as bases de uma cultura no geral preparando-o assim para a vida social; Sistema indígena/rudimental – destinado ao povo colonizado – povo nativo – com os objetivos de eleva-los gradualmente a uma categoria ‘civilizada’ dos povos ‘cultos’. Esse ensino também se destinava à submissão ideológica e cultural da mão-de-obra do que á formação técnica e profissional.
Durante a luta pela libertação nacional
Durante a luta de libertação nacional, foram constituídas nas zonas libertadas escolas primárias que em muitas das vezes funcionavam por baixo das árvores, como consequência de falta de meios e da necessidade de adaptar-se a situação de guerra. Na sequência do desenvolvimento impetuoso do processo da luta armada de libertação de Moçambique surgiram as zonas libertadas em solo pátrio, no norte do Pais. Nessas zonas a vida das populações era organizada de modo diferente do resto do país, ainda sob administração colonial. Foram consideradas por zonas libertadas, as regiões do território nacional onde a administração colonial se retirou, as populações abandonaram as suas povoações para escapar à repressão colonial e viver sob a proteção da FRELIMO. Eduardo Mondlane definiu a educação como uma condição político-ideológica básica para o sucesso da luta armada em Moçambique. E assim se justificou a conceção dos programas de instrução militar e educacionais ao mesmo tempo. – Ex: A Escola Secundária, Instituto de Moçambique em Tanzânia; destinada a crianças moçambicanas que já tinham saído de Moçambique, e outras junto dos centros de instrução ou bases centrais e regionais. Não havia professores formados, muitas vezes era alguém que tivesse uma classe a mais que os outros, e quem tivesse um conhecimento a mais, devia passar o que sabia a quem não detinha daquele conhecimento. Os alunos não tinham cadernos, livros ou qualquer meio didático. Servia de quadro casca de arvores e o giz era mandioca seca. Os mapas eram desenhados na área, era a “iniciativa criadora” em causa pelas dificuldades do tempo em causa (QUIMUENHE apud GASPERINI, 1989). Os principais objetivos dessa educação eram: A formação do Homem Novo, com uma nova mentalidade que para além de ser capaz de resolver os problemas imediatos colocados pela revolução, fosse livre das ideologias do colono; Rejeitar firme e violentamente todas as tendências do individualismo, bem como da corrupção; Criar nos alunos uma personalidade moçambicana sem subserviência (espírito servil) alguma, capazes de assumir a sua realidade sociocultural, de saber entrar em contacto com o mundo exterior e de assimilar criticamente as ideias e experiências de outros povos.
Após o período colonial
A independência de moçambique em 1975 marcou esse período pós-colonial, onde se abriu espaço para várias mudanças como a garantia de acesso a educação por operários, camponeses e seus filhos a todos os níveis de ensino e a criação de um sistema nacional de educação (SNE) e leis que regessem tal sistema. A educação nesse período teve/tem os seguintes objetivos: Erradicação do analfabetismo; Formação dos quadros do desenvolvimento harmonioso do país no homem moçambicano; Sua nacionalização e a consequente suspensão dos currículos portugueses. 1 Obras Citadas QUIMUENHE, A. (2018). HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO MOÇAMBICANA NO SECULO XX: LEI 4/83 E 6/92 DO SISTEMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO. s.l.: s.e. RACHIDE, F. (2015). Manual II de fundamentos de pedagogia. Maputo, Moçambique: UP- MAPUTO.