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Livro Silva Lane: Psicologia Social- o homem em movimento.

Resumo Parte I - Introdução – A Psicologia Social e uma nova concepção do homem


para a Psicologia

A relação entre a psicologia e a psicologia social deve ser entendida em sua perspectiva
histórica. Na década de 50, quando começou a ser sistematizada, apresentava duas tendências
predominantes: uma nos EUA, por ocasião do final da 2ª Guerra Mundial: visando alterar ou
criar atitudes ou interferindo nas relações grupais para garantir a produtividade, tornando os
homens reconstrutores da humanidade, tornando os homens “felizes” e a outra tendência na
Europa, seguindo a tradição, com raízes na fenomenologia e na busca dos modelos científicos
totalizantes.

E na década de 60, onde a “Crise” do conhecimento psicossocial não conseguia intervir nem
explicar e muito menos prever comportamentos sociais. O movimento psicanalítico em 1968,
surgia na França, uma veemente crítica à psicologia social norte americana, colocando-a como
uma ciência ideológica e reprodutora dos interesses da classe dominante.

Na América Latina, a psicologia social oscilava entre a doutrina norte americana e a visão do
homem, filosófica e ideologicamente. Alguns movimentos interamericanos (congressos,
AVEPSO, ALAPSO) culminavam, em 1979, com uma proposta de psicologia social voltada para
trabalhos comunitários e uma visão baseada no materialismo-histórico.

E para a superação dessa crise da psicologia social, constata-se, por meio do reconhecimento e
tradição de que o organismo do homem, era uma infraestrutura social e histórica. A psicologia
social tinha como desafio analisar e entender o processo de mudança e transformação que o
indivíduo teria dentro da sociedade em que ele vivia.

A ideologia nas ciências

A psicanálise enfatizava a história do ser humano, a sociologia analisa a sociedade em busca de


recuperar a totalidade histórica. Cabe então à psicologia social recuperar o ser humano, na
intersecção de sua história com a de sua sociedade.

Então desconsideramos as contribuições de todas as áreas da psicologia. Começando por


Wundt, na construção de uma psicologia científica, bem como, de Skinner, quando aponta
para as complexidades das relações sociais e as implicações para a análise dos
comportamentos envolvidos. Ainda temos também a psicobiologia e a psiconeurologia, que
descrevem a materialidade do organismo humano, que se transforma por meio de sua própria
atividade.

A psicologia apenas descrever o que é observado no ser humano, como causa e efeito de sua
individualidade. O homem enquanto um sistema nervoso que permite dominar e transformar
a natureza e criar condições de sobrevivência. O homem precisa ser visto como produto e
produtor, tanto de sua história pessoal quanto da história da sociedade.

A psicologia social e o materialismo histórico.

A corrente positivista e a dualidade físico X psíquico, respectivamente, não dão conta de


explicar o homem criativo e transformador. É dentro do materialismo histórico dialético e da
lógica dialética que podemos encontrar os pressupostos epistemológicos para a reconstrução
de um conhecimento que atenda à realidade social e o cotidiano de cada indivíduo, permitindo
uma intervenção efetiva nas redes de relações sociais que define cada indivíduo.

Para tanto, há a necessidade do resgate de dois fatores empíricos (Individuo X grupo é falsa / a
sua participação, ação por estar em grupo), esses fatores permitem ao psicólogo social se
aprofundar na análise do indivíduo, considerando entre as relações sociais, a linguagem, o
pensamento e ações na definição de características fundamentais para a análise psicossocial.
Processa-se então a consciência do indivíduo, que é indissociável enquanto de si e social.

Desta forma é necessário refletir sobre as representações decorrentes de atividades e relações


sociais tidas como “adequadas, corretas, esperadas”...chamadas como “papéis sociais”. Estes
papéis permitem aos indivíduos no grupo superarem suas individualidades e se
conscientizarem das condições históricas comuns aos membros do grupo, levando-os a um
processo de identificação e de atividades conjuntas que caracterizam o grupo como unidade.
Na dialética indivíduo-grupo, estes agentes da história social, tornam-se também, membros
transformadores por suas atividades indissociáveis da totalidade histórica que os produziu.

E para todas essas análises são compostas pelas ciências humanas como: a psicologia,
sociologia, antropologia, economia, história, pedagogia e linguística, áreas que contribuem e
ampliam o conhecimento profundo e concreto do ser humano.

Decorrências metodológicas: a pesquisa-ação enquanto práxis

Pesquisador e pesquisado se definem por relações sociais e estão tão comprometidos um com
o outro que há sempre a possibilidade de uma interferência entre eles. A pesquisa em si é a
prática social propriamente dita, em que as subjetividades se materializam nas relações
desenvolvidas, e os papéis, muitas vezes se confundem e alternam.

As condições históricas sociais as quais as especificidades individuais apontam para o comum


grupal e social propicia a compreensão do indivíduo como manifestação do indivíduo concreto.
A pesquisa faz do conhecimento uma práxis, a partir da reflexão crítica, ao reexame do objeto
da análise, ampliando a compreensão e o âmbito do conhecido. Pesquisa-ação é por definição
a práxis científica.

Toda a psicologia é social significa que cada área da psicologia, dentro de sua especialidade,
deve assumir a natureza histórico-social do ser humano. O grande objetivo e especificidade da
psicologia social é conhecer o indivíduo no conjunto de suas relações sociais, tanto no que lhe
é específico como naquilo que é manifestação grupal e social, para que responda a questão de
como o homem é sujeito da história e transformador de sua própria vida e da sua sociedade.

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