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Setembro de 2021
Instrutor: David L V Rodrigues
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Prefácio
Uma pesquisa entre os profissionais da área de automação poderá revelar que,
possivelmente a válvula de controle não faz parte da lista dos dez assuntos mais
populares. A válvula de controle é um equipamento muitas vezes relegado ou mesmo
ignorado durante a rotina operacional de uma unidade de processo. Quais as
consequências de deixar a válvula de controle em segundo plano?
A válvula de controle é um elemento final de controle que atende o comando do
controlador. Recebida a ordem a válvula de controle se desloca para a posição
determinada pelo controlador. Raramente é verificado se a válvula de controle
realmente está na posição desejada e quanto tempo levou para cumprir esta ordem.
Estas informações são essenciais para garantir um controle estável. Atraso na
resposta e posicionamento incorreto são exemplos típicos de falhas que ocorrem com
as válvulas de controle e que frequentemente são ignoradas ou não detectadas, mas
que podem ter grave repercussão na produção, continuidade operacional, qualidade e
segurança.
Sendo um equipamento composto por quase 90% de peças mecânicas, a válvula de
controle é uma espécie de “estranho no ninho” no mundo da automação industrial. O
corpo é um item definido pela equipe de tubulação que estabelece a classe de
pressão, o tipo e o acabamento da conexão e muitas o material de construção. A
especificação dos materiais e o dimensionamento do atuador são quase sempre
delegados aos fabricantes. Resta o posicionador. Este sim, 100% sob a
responsabilidade da equipe de automação!
Mas quando examinamos a folha de especificação da válvula de controle
encontramos um espaço de apenas 10 linhas reservado para especificar o
posicionador. É um componente eletromecânico complexo que tem a
responsabilidade de traduzir e transformar o comando do controlador em ação. A
tecnologia digital possibilita também usar o posicionador como ferramenta de
diagnóstico da válvula de controle.
Podemos concluir que especificar e dimensionar uma válvula de controle requer o
conhecimento de diversas disciplinas. A formação atual do técnico e do engenheiro de
automação são adequadas para estas tarefas?
Quais são as atribuições referentes as válvulas de controle que são requisitadas no
dia a dia? Entre outras podemos citar: especificar, dimensionar, elaborar parecer
técnico, fiscalizar a fabricação, acompanhar os testes, fiscalizar a montagem, planejar
e executar a manutenção, fazer inspeção periódica de campo, diagnosticar, sintonizar
malhas, verificar se é possível o reaproveitamento de uma válvula de controle quando
capacidade da planta for aumentada ...
Para realizar todas estas tarefas o profissional necessita de conhecimento e
experiência de aplicação. Onde buscar? Em princípio o profissional da área de
automação deve receber os fundamentos sobre válvulas de controle nos cursos de
formação do ensino médio e superior e o aperfeiçoamento na empresa onde trabalha.
Mas sabemos que a carga horaria reservada para a válvula de controle e outros
equipamentos de campo é insignificante ou mesmo inexistente.
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Observações importantes:
No controle antecipatório (feedback) é necessário ocorrer um desvio para o
controlador acionar a válvula de controle.
A válvula de controle atua para atender o comando do controlador.
Enquanto houver desvio a válvula de controle continuará atuando.
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Fonte: Neles
Comentários:
1. A válvula de controle é parte do sistema de controle juntamente com os elementos
primários, transmissores, controladores, indicadores, registradores, sistemas de alarmes,
sistema de segurança, e também cabos, terminais, conectores, eletrodutos, suportes,
painéis, etc. Para um sistema de controle funcionar de forma satisfatória é necessário
que TODOS os seus elementos da malha funcionem corretamente. Todos os
componentes da malha são importantes, inclusive os acessórios!
2. No sistema de controle de uma unidade de processo a válvula de controle é a
interface (elo) entre o controle e o processo. O fluido de processo é manipulado
diretamente pela válvula de controle. Nos sistemas digitais são efetuadas as estratégias
de controle, cálculos, logica, intertravamento, acompanhamento, tendências, alarmes, ...
O controlador gera um comando para uma ação sobre o processo através da válvula de
controle.
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Fonte: Flowserve
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Corpo – definição
De acordo com a norma ANSI/ISA-75.05.01-2019, item 3.15, o corpo é a parte da válvula
que:
Contém a pressão
Serve de caminho para o fluxo
Conecta a tubulação
Serve de apoio para os internos
Muitos autores usam indevidamente o termo “válvula” ou
“válvula de controle” em lugar de “corpo” ou “corpo da
válvula de controle”.
Fonte: Fisher
O corpo da válvula de controle é um item de tubulação. Por este motivo várias
informações sobre o corpo são definidas pela equipe de tubulação. Exemplos: classe de
pressão e tipo de conexão.
Fonte: Samson
O castelo tem múltiplas e importantes funções e desempenha papel crítico no
funcionamento da válvula de controle.
Por estar sujeito ás mesmas condições de processo, vamos considerar o corpo e
o castelo como um conjunto. Normalmente o corpo e o castelo são fabricados
com o mesmo tipo de material e a mesma classe de pressão.
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Tipos de corpos lineares: globo (1), globo angular (2), três vias (3), diafragma (4) e
mongote (5).
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A válvula angular (2) é uma variação da válvula tipo globo. A saída da válvula é
perpendicular à entrada. A válvula angular é usada principalmente em aplicações
severas como por exemplo a vaporização (flashing).
As válvulas de três vias (3) são usadas para a separação (uma entrada e duas
saídas) ou mistura (duas entradas e uma saída).
As válvulas tipo diafragma (4) e mongote (pinch) (5) também estão incluídas na
família de válvulas de movimento linear.
Estas válvulas são aplicadas principalmente em industrias que manipulam
fluidos abrasivos e viscosos.
Tipos de corpos rotativos: esfera (1), obturador excêntrico (2) e borboleta (3). O tipo
de válvula é função do formato do obturador.
Internos
Por definição os internos são os componentes operacionais da
válvula que estão em contato com o fluido. O corpo e o castelo não
estão incluídos. Terminologia Norma IEC 60534-1, item 3.2.4
De acordo com a norma ANSI/ISA-75.05.01-2019, item 3.175, o
“trim” são os componentes internos da válvula que modulam a
vazão do fluido controlado”.
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Atuador – definição
De acordo com a norma ANSI/ISA-75.05.01-2019, item 3.3, o atuador é um mecanismo
que supre a força para movimentar o obturador para a posição fechada, para a posição
aberta ou entre estas duas posições.
O atuador não entra em contato com o fluido de processo, mas está sujeito ás
intempéries da área industrial.
Atuador – tipos
Pneumático tipo diafragma
Pneumático tipo pistão
Hidráulico
Elétrico
Eletro-hidráulico
...
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(1) (2)
Posicionador
A norma ANSI/ISA-75.05.01-2019, item 3.127 define o posicionador como sendo
um “controlador de posição” que está conectado fisicamente (link) ou “sente” a
posição da parte que se move do elemento final de controle ou do seu atuador
(haste/eixo) e automaticamente ajusta o sinal de saída (pneumático) para o
atuador de forma a manter a posição desejada do membro de fechamento
(obturador) em proporção ao sinal de entrada (recebido do controlador).
Função principal:
Receber o sinal de comando do controlador.
Amplificar o sinal recebido para o atuador.
Comparar o sinal recebido x posição da haste e corrige em caso de desvio.
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Outras funções:
Permitir o controle “split range”
Vencer o atrito entre gaxetas e haste
Informar a abertura real da válvula
Efetuar diagnósticos
...
(1) (2)
Fontes: Fisher/Masoneilan/Samson
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Acessórios
Os acessórios são instrumentos auxiliares instalados na válvula de controle para exercer
funções complementares. Exemplos:
Filtro/regulador de ar (1): filtrar e reduzir a pressão de ar para o posicionador.
Volante (2): acionar manualmente a válvula de controle para a posição aberta, fechada
ou qualquer outra abertura.
Booster (3): amplificar o sinal pneumático. Normalmente usados para acelerar a
velocidade de abertura ou de fechamento do atuador.
Fontes: YGB/Samson
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Neste relatório técnico (TR) é necessário preencher três Folhas de Dados para cada
válvula de controle. É um número excessivo de Folha de Dados e explica a pouca
utilização deste padrão.
A IEC publicou em 2010 a segunda edição de uma norma especifica para a Folha de
Dados da válvula de controle, a IEC 60534-7. É a Folha de Dados mais atual e completa
do mercado e a que melhor atende aos atuais requisitos do posicionador e acessórios.
Mas não de forma totalmente satisfatória. O formulário desta norma não tem espaço
suficiente para a especificação da nova geração de posicionadores.
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A parte superior do formulário está reservada para registrar informações sobre o número
da Folha de Dados, número do contrato, nome do projeto, identificação da unidade
operacional e outras informações gerais. As linhas não estão numeradas.
Destacamos três informações importantes sobre a construção da válvula de
controle:
- Número de Série. Esta é a informação está registrada na Placa de
Identificação que vem fixada no castelo da válvula de controle. Por este motivo o
número de série será disponível apenas ao final da fabricação da válvula de
controle. Portanto só pode ser incluída na Folha de Dados através de uma
revisão. O Número de Série é uma informação essencial que o cliente deve
informar ao fabricante quando desejar adquirir peças sobressalentes ou resgatar
alguma informação sobre itens e material de construção da válvula de controle.
Uma das características que destaca um bom fornecedor é manter em arquivo e
disponibilizar para os clientes sem custo a folha de fabricação da válvula de
controle fornecida a partir da informação sobre o número de série.
- Número de identificação. O número de identificação da válvula de controle é
definido pelo cliente para controle interno. Esta identificação deve ser definida de
acordo com as regras contidas na norma ISA 5.1. O número de identificação não
tem significado para o fabricante para efeito de fornecimento de peças
sobressalentes. Para esta finalidade é necessário informar o número de série.
- Serviço. O tipo de serviço (aplicação) a ser executado pela válvula de controle
é uma informação que pode ajudar o projetista ou o fornecedor a definir o tipo de
corpo, o tipo de internos, a classe de vazamento e o atuador, entre outros itens.
Em alguns casos esta informação pode ser indispensável. Exemplo: para as
válvulas de controle a serem especificadas para sistemas anti surge, de back
pressure ou de alívio de pressão de tubulação de distribuição de vapor.
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Para lembrar:
1. O primeira e principal prioridade do fornecedor é dimensionar e selecionar uma
válvula de controle para atender as informações contidas nas Folhas de Dados e
que incluem as condições de processo e demais informações referentes a
tubulação, classe de pressão, materiais, classe de vazamento, tipo de atuador...
(proposta técnica).
2. A segunda prioridade do fornecedor é ... ser competitivo (proposta comercial). O
fornecedor deve estar atento para não inverter as prioridades!
Nota importante:
Lembrar que durante a fase de elaboração da proposta técnica e comercial o fabricante
da válvula de controle não tem acesso aos documentos de projeto, como por exemplo
o P & I e o isométrico. Frequentemente o fabricante também não tem acesso ao local
de instalação da válvula e não conhece as rotinas e procedimentos de operação e de
manutenção.
Portanto, é muito importante que a Folha de Dados inclua toda a informação técnica
possível para possibilitar ao fabricante a elaboração de uma proposta que atenda
adequadamente as condições de processo informadas.
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Linha 2: Vazão
Na linha 2 devem ser informadas os valores de vazão para as diversas
condições de processo.
A vazão é a variável de referência. Motivo: a válvula de controle atua alterando a
quantidade de fluido (vazão) que passa através do corpo. A vazão é modificada
através da variação da área entre o obturador e o orifício interno.
Existem processos com apenas uma única condição de vazão. Outros processos
podem ter duas, três ou mais diferentes condições de vazão (coluna outros).
É de suma importância considerar também as vazões de regimes especiais de
processo que podem ocorrer durante a partida, durante a parada e durante uma
emergência.
As diversas vazões (regimes) de processo que a válvula de controle estará
submetida define o número de condições operacionais e que são denominadas
mínima, normal, máxima e outros. A Folha de Dados IEC 60534-7 não tem a
opção (coluna) outros.
Cada condição operacional deve estar obrigatoriamente associada a um
conjunto de variáveis como pressão de entrada, pressão de saída, temperatura e
pressão de vapor.
Devem ser consideradas também as vazões nos regimes especiais de processo
encontradas durante a partida, durante a parada e durante uma emergência.
A Folha de Dados ISA S20.50, Rev 1, Second printing traz a seguinte sequência
de colunas para a linha 2 – Flow rate: Units, Max Flow, Norm Flow, Min Flow,
Shut off, ___
As folhas de dados IEC 60534-7, ISA S20.50 traduzida e o ValSpeQ trazem a
seguinte sequencia – Vazão (Flow rate): Mínimo, Normal e Máximo.
Para lembrar:
1. A válvula de controle atua controlando a vazão que passa através do corpo. Este
controle é determinado pela posição relativa do obturador em relação a sede.
Quem define a posição do obturador é o controlador.
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Linhas 9, 10 e 11
Estes valores podem ser encontrados na memória de cálculo a ser fornecida pelo
fabricante e aprovada pelo cliente. Após a definição da compra é recomendado que a
Folha de Dados seja revisada para incluir todas as informações dos itens sob a
responsabilidade do fabricante.
Linha 9: Cv requerido
O Cv requerido (Required Cv) deve ser calculado para cada condição operacional
fornecida. O Cv requerido é obtido através de cálculo utilizado softwares de cálculo ou
através de equações de vazão que podem ser obtidas na norma IEC 60534-2-1.
Não confundir o Cv requerido com o Cv selecionado (Rated Cv). Para maiores
informações sobre o significado do Cv consultar o Capitulo “Dimensionamento”.
O valor do ruído previsto deve ser calculado pelo fabricante selecionado para cada
condição operacional fornecida.
Os valores finais dos ruídos previstos estão registrados na memória de cálculo
apresentada pelo fornecedor selecionado. É recomendada a revisão posterior da Folha
de Dados para incorporar esta e outras informações definidas na memória de cálculo e
na proposta técnica do fornecedor.
Maiores detalhes sobre o ruído máximo admissível e ruído previsto no capítulo sobre o
“Ruído”.
Linha 12: outras informações
A linha 12 contem espaço em branco para o usuário usar em informações
complementares. Exemplo: fluido corrosivo, fluido bifásico, ...
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Tubulação
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Fonte: Neles
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Resumo:
O tipo de corpo deve ser selecionado pelo cliente. Em casos especiais o
fabricante deve ser consultado.
O tipo de corpo deve ser selecionado com base na aplicação.
Existem outros critérios de seleção adotados. Exemplos: tradição de uso, acordos
de fornecimento, assistência técnica local, custos de manutenção e critérios de
projeto.
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Classe de pressão
A linha 17 da Folha de Dados ISA S20.50 requer duas informações:
Diâmetro nominal (do corpo) da válvula (17a)
Classe de pressão. Na Folha de Dados ISA S20.50 está com nomenclatura antiga
(ANSI Class). (17b)
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A Folha de Dados IEC 60534-6 separa estas duas informações em dois itens separados,
item 38 – classe de pressão e item 39 – diâmetro nominal.
Pressão nominal é um termo usado na norma ISO. Neste caso é usado a
abreviação PN.
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Tipos de conexões
Os tipos de conexões do corpo da válvula de controle devem ser definidos pela equipe
de projeto de tubulação.
Os principais tipos de conexão usadas nos corpos das válvulas de controle na indústria
de processo são:
Roscadas
Flangeadas
Soldadas
Wafer
Conexão Roscada
As conexões roscadas são as mais simples.
Tem como principal vantagem o custo inicial. Porém, devemos lembrar que as
válvulas com o corpo roscado exigem a instalação de um niple e de uma união
para possibilitar a remoção da válvula. Por este motivo
considerar que o preço de comparação da conexão roscada
com os demais tipos de conexão deve incluir além do custo
do corpo roscado os custos do niple e da união.
A conexão roscada traz duas desvantagens marcantes: os
vazamentos e a dificuldade de manutenção.
Algumas empresas não permitem o uso das conexões tipo
roscadas em válvulas de controle aplicadas ao processo.
Motivo: Vazamento.
Norma de construção aplicada: ASME B16.11
Fonte: Baumann
Conexão Flangeadas
As conexões flangeadas são as mais usadas na indústria de processo.
Entre as vantagens das conexões tipo flange podemos citar:
A facilidade de instalação tanto para montar como para remover.
Disponível em diâmetros a partir de ½”
Faixa de uso para largas variações de temperatura x pressão
Norma de construção aplicada: ASME B16.5
Existem diversas variações de conexões flangeadas. Entre outras podemos
citar:
Face plana – FP (Flat Face – FF). Os flanges tipo FF são usados em
válvulas de controle que usam material do corpo em ferro fundido.
Face com ressalto – FR (Raised face – RF). Os flanges com ressalto
(RF). São as conexões mais usadas na indústria de processo.
Face com junta anel – FJA (Ring type joint – RTJ). Os flanges tipo RTJ
foram aplicados pela indústria de produção de petróleo para a classe
de pressão a partir de 600 libras.
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Existem diversos tipos de flanges além dos que foram citados acima. Exemplo: “lens
ring”, muito populares em aplicações de alta pressão.
Os flanges tipo FF são usados em válvulas de controle que usam material do corpo em
ferro fundido.
Os flanges com ressalto (RF) são os mais usados na indústria de processo.
Os flanges tipo RTJ foram durante muitos anos preferidos pela área de produção de
petróleo para a classe de pressão acima de 600 libras.
Conexão soldada
As conexões soldadas são usadas em aplicações onde os vazamentos são
indesejados.
Principais vantagens das conexões soldadas
O menor custo. Menor custo porque há economia com a ausência de
flanges.
Redução de vazamento. Teoricamente o vazamento pode ser reduzido a
zero.
Entre as principais desvantagens podemos citar:
A dificuldade de montagem e de remoção. Toda montagem, seja a
montagem inicial, seja a montagem pós manutenção exige o serviço de
solda. A desmontagem exige os serviços de caldeiraria para o corte.
Custo de manutenção: além dos custos referentes aos serviços de solda
e corte para a montagem e desmontagem devem ser acrescentados os
custos dos serviços de pós solda e custos dos testes de alívio de tensão,
líquido penetrante e de radiografia, que geralmente requer fonte
radioativa.
Norma de construção: ASME B16.25
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As conexões entre flanges são uma alternativa para quem busca redução de
custo. Esta é a principal vantagem.
A principal desvantagem é a maior possibilidade de vazamento entre o corpo e o
flange.
Este tipo de montagem exige um alinhamento rigoroso entre as tubulações de
entrada e de saída. Um desalinhamento mínimo pode provocar vazamento pelas
juntas.
Por este motivo existem alguns usuários que não permitem o uso de válvulas de
controle com conexão tipo Wafer em suas unidades de processo.
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Infelizmente as Folhas de Dados das normas ISA S20.50 e IEC 60534-7 não requerem
esta informação. O Relatório Técnico ISA-TR20.00.01-2011, Folha de Dados Form
20C2011, Rev 0, inclui na linha 19 a exigência de informar a norma que regulamenta a
distância face-a-face (“Face-to-face standard”).
As seguintes normas regulamentam a padronização de distância face-a-face das
válvulas de controle:
IEC 60534-3-1, IEC 60534-2 e IEC 60534-3
ANSI/ISA-75.08.01/02/03/04/05/06/07/08/09/10
Recomendação: inserir na Folhas de Dados requisição solicitando ao fornecedor o
atendimento as normas que regulamentam a distância face-a-face dos corpos das
válvulas de controle.
Exemplo: “A distância face-a-face deve atender a norma ANSI/ISA-75.08.01 (válvula de
controle tipo globo até 600 libras).
As normas da série ANSI/ISA-75.08.01/02/05 e IEC 60534-3-1/2/3 regulamentam
as distâncias entre as faces dos principais tipos de corpos das válvulas de
controle.
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Esta seta metálica pode ser fundida ou cravejada no corpo da válvula. Quando
cravejada deve haver especial cuidado na preservação, principalmente durante os
serviços de jateamento e pintura.
Frequentemente a seta cravejada desaparece devido a execução irregular de
pintura e de jateamento. Também pode cair pela corrosão dos pinos de fixação.
Quando isto ocorre as equipes de montagem ficam em dúvida para definir a
montagem correta do corpo da válvula para atender o sentido do fluxo. Neste
caso recomendamos consultar o fabricante remetendo a foto da válvula de
controle.
A montagem da válvula de controle com o fluxo invertido pode acarretar
problemas no teste de vazamento pela sede e no funcionamento do atuador.
Caso o corpo da válvula de controle não tenha uma indicação do sentido de fluxo
recomendamos contatar o fabricante.
O sentido de fluxo entre a entrada e saída da válvula de controle nada tem a ver
com o item 26 da Folha de Dados da ISA.
Segundo significado: sentido de fluxo quando passa através do corpo. Exemplos: de
baixo para cima (flow up ou flow tend to open – FTO)) ou de cima para baixo (flow down
ou flow tend to close - FTC). Esta é a informação requerida na Folha de Dados e
também para o dimensionamento do atuador.
2. Quanto a dúvida sobre a tradução mais adequada do termo “Flow direction”
usado nos originais das Folhas de Dados ISA S20.50, item 26 e IEC 0534-7, item 37. O
termo em inglês “direction” pode ser traduzido para o português tanto como direção
como sentido. Como estas duas palavras não são sinônimas qual a melhor tradução
para esta aplicação? Para auxiliar nesta decisão vamos analisar o significado destes
termos.
Direção – vamos chamar de direção uma reta imaginária onde um corpo possa se
locomover. A direção é a reta que pode ser, por exemplo, horizontal ou vertical.
Sentido – indica o lado para o qual esse corpo possa ir mantendo-se sobre a linha
(direção). Por exemplo, na direção vertical podemos conceber dois sentidos: de baixo
para cima ou de cima para baixo. Na direção horizontal, o sentido pode ser da direita
para a esquerda ou vice-versa.
Fonte: https://www.infoenem.com.br/fisica-no-enem-diferenca-entre-direcao-e-sentido/,
acesso em 19 de julho de 2017.
Pelos motivos acima expostos na tradução livre da Folha de Dados ISA S20.50
decidimos traduzir o termo em inglês “Flow direction” para “Sentido de fluxo” em
português.
3. Quanto a responsabilidade de definição. No caso do fluxo entre a entrada e a saída
da válvula de controle o sentido é definido pelo fabricante de acordo com o projeto do
corpo. O sentido correto do fluxo é definido pela fixação de uma seta na superfície
externa do corpo. Esta seta pode ser uma placa metálica em aço inoxidável fixada no
flange de interface do corpo com o castelo ou pode ser uma seta em relevo fundida no
corpo.
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“O sentido de fluxo numa válvula de controle tipo globo deve ser definida pelo
fabricante”, Skousen, Philip, “Valve Handbook, 3rd edition, 2011, McGraw-Hill
“O sentido de fluxo tendendo a abrir ou fechar a válvula... deve ser (decidido) com base
nas recomendações do fabricante da válvula que garantirá a abertura e/ou fechamento
da mesma na condição mais crítica de operação”. Norma interna de uma grande
empresa petroquímica.
O item 26 da Folha de Dados ISA S20.50 (flow direction no original) e o item 37 Folha de
Dados IEC 60534-7 (flow direction) se referem ao sentido de fluxo interno ao corpo ou
através do corpo.
Na Folha de Dados IEC são oferecidas três opções de seleção: FTO (flow to open), FTC
(flow to close) e manuf. std. (padrão do fabricante).
FTC (flow to close) e FTO (flow to open) se referem a ação de movimento do obturador
para abrir ou fechar em relação a sede. FTC significa vazão para fechar. FTO significa
vazão para abrir.
Geralmente o sentido FTO está relacionado com as válvulas globo não balanceadas.
Geralmente o sentido FTC está relacionado com as válvulas globo balanceadas. Mas
existe uma exceção: as válvulas globo balanceadas usadas para a redução de ruído tem
o sentido de fluxo modificado para “fluxo para abrir”.
Então a definição do sentido interno de fluxo numa válvula de controle tipo globo está
associado ao tipo de interno selecionado.
No capitulo internos serão abordados as definições e critérios de seleção dos internos
balanceados e as válvulas não balanceados.
Sentido de fluxo - Notas importantes:
1. “As definições de FTO e FTC são aplicáveis apenas ás válvulas de haste deslizante
(globo) e de obturador excêntrico. Nos demais tipos de válvulas o sentido de fluxo é
definido pelo fabricante”. Referência: Norma IEC 60534-7, Edição 2.0, item 6. 3, linha 37
(“Explanations of terms and definitions”)
Portanto se os corpos forem do tipo esfera ou borboleta a definição do sentido de fluxo
deve ser de responsabilidade do fabricante.
2. As válvulas de obturador excêntrico podem manipular fluidos nos dois
sentidos. Fluxo direto e fluxo reverso. A seleção do sentido depende da
aplicação.
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Exemplo: para fluidos que apresentam vaporização o fluido deve ter sentido
reverso. Maiores informações no capítulo sobre vaporização (flashing).
Fonte: Fisher
Conclusão:
“O sentido de fluxo numa válvula de controle tipo globo deve ser definido pelo
fabricante”, Skousen, Philip, “Valve Handbook, 2nd edition, McGraw-Hill
“O sentido de fluxo tendendo a abrir ou fechar a válvula... deve ser (decidido) com
base nas recomendações do fabricante da válvula que garantirá a abertura e/ou
fechamento da mesma na condição mais crítica de operação” (Norma interna de uma
grande empresa petroquímica brasileira).
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Linha 27 Castelo
Os últimos itens deste bloco são destinados a especificação do castelo e do seu
principal componente, as gaxetas. A linha 27 da Folha de Dados padrão ISA S20.50
requer o preenchimento do “Tipo de Castelo”.
Fonte: Samson
A Folha de Dados IEC 60534-7 (Parcol Handbook of Control Valve Sizing) apresenta
três opções de tipos de castelo (bonnet):
Castelo padrão (standard)
Castelo estendido (extension)
Castelo com fole (bellows)
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Até o final dos anos 1960 a lubrificação era uma rotina necessária quando as gaxetas
eram fabricadas com asbestos. Esta pratica foi literalmente extinta quando o asbesto foi
considerado uma substancia cancerígena e substituído pelo Teflon e pelo grafite. Mesmo
assim o item “lubrificador e válvula de bloqueio” permanecem na Folha de Dados. Este
item de especificação é, na quase totalidade das vezes desnecessário e deve ser
deixado em branco. O Teflon e o grafite são materiais auto lubrificantes.
Muito raramente é necessário a lubrificação das gaxetas. Alguns fabricantes ainda
ofertam modelos de castelo com acesso a instalação de válvula de bloqueio para
lubrificação.
Fonte: Fisher
A Folha de Dados IEC 60534-7 não contem uma válvula para o dispositivo
de lubrificação das gaxetas. Em compensação inclui um requisito que a
Folha de Dados ISA S20.50 não contem: a jaqueta de vapor (linha 56). Este
item é necessário quando existe a possibilidade do fluido de processo encrustar
ou polimerizar dentro do corpo.
Caso necessário usar a linha 31, em branco da Folha de Dados ISA para
requisitar esta característica do corpo.
Fontes: Fisher/Samson
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Introdução
A definição das gaxetas ou o sistema de selagem da haste da válvula de controle nunca
foi um item de especificação que exigisse grande conhecimento. De fato, nas folhas de
dados antigas, era um item único e que requisitava apenas o material da gaxeta. O
critério de seleção do material era bastante simplificado exigindo apenas uma análise
simplificada da temperatura máxima de processo e duas opções de materiais.
Porém, nos últimos anos dois assuntos relacionados com as gaxetas instaladas nas
válvulas de controle vêm exigindo a atenção dos profissionais de automação,
notadamente aqueles que trabalham nas áreas de projeto e de manutenção:
O excesso de vazamento do fluido de processo para a atmosfera atarves das
gaxetas.
A instabilidade de controle.
Além das perdas de produção, o excesso de vazamento, principalmente de emissões
fugitivas, pode comprometer a segurança operacional, ter um impacto negativo na saúde
daqueles que circulam na área industrial e no entorno e também prejudicar o meio
ambiente.
A instabilidade de controle pode causar distúrbios operacionais com repercussões na
qualidade do produto e na produção.
As consequências associadas ao vazamento do fluido de processo e a instabilidade de
controle são razões que justificam um novo olhar sobre o sistema de engaxetamento da
válvula de controle.
Especificação rigorosa, definir o tipo correto de engaxetamento, selecionar o material
mais adequados para as gaxetas e exigir a aplicação de normas de teste de vazamento
são os novos conhecimentos que o profissional de automação deve adquirir.
Mudança de paradigma
Em 1990 a Agencia de Proteção ao Meio Ambiente dos EUA (EPA) promulgou a “Lei do
Ar Limpo” (Clean Air Act) que estabeleceu limites rigorosos para vazamentos espúrios.
Entre as principais fontes de vazamentos espúrios nas unidades industriais estão as
válvulas e os equipamentos mecânicos rotativos. As penalidades impostas pelo “Clean Air
Act” estimularam usuários e fabricantes a uma busca imediata por sistemas de contenção
de vazamentos, entre estes os engaxetamentos, desenvolvidos para atender as
exigências legais. Em 1990, os limites máximos de vazamento eram de 500 ppm.
Atualmente, a depender da instalação industrial e do tipo de fluido de processo, este limite
pode chegar em alguns casos a 100 ppm e, em casos mais perigosos, a vazamento zero.
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Engaxetamento - funções
Questão para discussão: É possível obter um equilíbrio entre estas duas exigências?
Resposta: Sim! A equipe de manutenção deve aplicar o torque recomendado pelo
fabricante de acordo com tabelas publicadas no manual de instrução. Com o
desgaste natural das gaxetas este torque deve ser reaplicado periodicamente. O
excesso de torque pode provocar o agarramento e, em casos extremos, travar o
movimento da haste ou eixo. Por outro lado, um torque inferior ao recomendado pode
provocar vazamentos indesejáveis.
Engaxetamento – falhas
Falhas mais frequentes do engaxetamento
1. Vazamento
Causas:
•Excesso de desgaste das gaxetas. Causas: excesso de oscilação do
processo, sintonia inadequada de malha, excesso de uso das gaxetas.
•Danos na haste. Causas: infiltração de particulados na interface entre a
haste e as gaxetas provocando riscos ou danos na haste pelo manejo
inadequado durante a manutenção, montagem ou armazenamento.
•Desalinhamento entre a haste do corpo e a haste do atuador ou o
desalinhamento entre o obturador e a sede. Causa: falha de
montagem.
•Haste empenada. Origem: uso inadequado da válvula ou volante em
operação ou falha de manutenção.
•Torque insuficiente nas porcas do preme gaxetas. Origem: falha de
procedimento de manutenção.
•Outros, ...
2. Agarramento (stiction)
Causa:
•Excesso de aperto das gaxetas. Excesso de torque.
55
56
Especificação –
Abaixo vemos algumas linhas de uma Folha de Dados tradicional usada durante muitos
anos para a especificação de válvulas de controle. A linha 09 requer a especificação do
material das gaxetas. Este era o único item de especificação requerido nesta Folha de
Dados para o sistema de selagem da haste ou do eixo. A seleção do material das
gaxetas era rápida e simples – para fluidos de processo até 200 graus C o material
selecionado era o Teflon®. Para fluidos de processo acima de 200 graus C o material
selecionado era o grafite. Este método impreciso ainda continua sendo aplicado.
A Folha de Dados padrão ISA S20.50, de 1981 abaixo apresenta uma especificação
melhorada porem não atende as exigências atuais. A Folha de Dados padrão ISA S20.50
requer duas informações referentes as gaxetas:
Na Folha de Dados padrão ISA S20.50 não é requisitada a informação sobre o tipo
do engaxetamento. Podemos entender que esta omissão é explicada pela da falta
de atualização deste documento publicado em 1981. A Lei do Ar Limpo (Clean Air
Act), que estimulou o lançamento de novos tipos de engaxetamento, foi
promulgado em 1990, quase 10 anos após a publicação desta Folha de Dados ISA.
57
A Folha de Dados padrão IEC 60534-4, de 2010 é mais atual e completa para a
especificação do sistema de selagem da haste ou do eixo. Na tabela abaixo
retirada do catalogo Parcol – Handbook for Control Valve Sizing, a linha 55 requer
duas definições.
1ª definição – Tipo do engaxetamento (Packing). Opções disponíveis:
ajustável (adjustable) ou auto ajustável (self adjustable).
2ª definição – material (Mat.). Este material se refere ao material das gaxetas.
A Folha de Dados padrão ISA TR20.00.01, Form 20C2001, Rev 0, requer três
informações sobre o engaxetamento:
Na linha 18 é requerido a definição do tipo de engaxetamento (“Stem seal
type”)
Na linha 24 é requerido o material dos parafusos do preme gaxetas
(“Packing flg bolting matl”)
Na linha 26 é requerido o material das gaxetas (“Packing material”).
Na tabela abaixo podemos verificar que a Folha de Dados da ISA TR também
requer o material das juntas; Linha 25 – “Gasket material” e o material do fole;
Linha 27 – “Bellows seal material”. É importante salientar que os materiais do
preme gaxetas, parafusos e porcas devem ser compatíveis com o fluido do
processo.
Esclarecimentos:
As Folha de Dados da ISA S20.50 e IEC 60534-7 determinam a especificação de
materiais apenas para as gaxetas. Os demais materiais do engaxetamento ou sistema de
selagem é de responsabilidade dos fabricantes.
A Folha de Dados ISA S20.50 determina a especificação do tipo de gaxeta e a Folha de
Dados IEC determina a especificação do tipo do engaxetamento.
58
Fonte: Masoneilan
Os fabricantes publicam tabelas com curvas pressão x temperatura para os diversos
materiais de gaxetas para auxiliar na especificação.
Perguntas (consultar a tabela acima):
Qual a pressão máxima de trabalho considerando uma temperatura de 180 graus C?
Resposta: 42 bar.
Para uma pressão máxima de 20 bar qual a temperatura máxima de trabalho?
Resposta: +/- 232 graus C.
Gaxetas – materiais
59
Grafite
Principais características:
Recomendado para serviço nuclear
Compatível com a maioria dos produtos químicos
Não requer lubrificação
Limites de temperatura: -198 ºC a 528 ºC (também considerar a pressão)
Comentários gerais:
O material e o tipo de engaxetamento são itens a serem considerados no cálculo
do atuador.
O coeficiente de atrito do grafite é muito maior que o do Teflon. Em algumas
ocasiões a substituição de gaxetas em Teflon por gaxetas em grafite exige novo
cálculo. Em alguns casos esta troca de material pode exigir a substituição do
atuador.
Engaxetamento - tipos
O tipo de engaxetamento é o primeiro item requerido na linha 55 da norma IEC
60534-7. São oferecidas duas opções de engaxetamento: ajustável e auto
ajustável. Veremos a seguir as características destes dois tipos de engaxetamento.
Engaxetamento ajustável
O engaxetamento ajustável requer um acompanhamento constante após a instalação.
Um ajuste (aperto) manual deve ser feito periodicamente ou todas as vezes que for
detectado um vazamento através da interface entre a haste e as gaxetas. Este aperto
deve ser feito com torquímetro calibrado. O valor do torque a ser aplicado pode ser
encontrado no manual de manutenção de cada fabricante.
Fonte: Parcol
Vantagens:
Custo inferior ao conjunto auto ajustável
Desvantagem
Necessidade de ajustes constantes
60
Vantagens:
Maior restrição para os vazamentos das emissões fugitivas
Menor frequência de reaperto das gaxetas
Maior vida útil
Recomendado o atuador é montado na posição horizontal
Desvantagens:
Custo maior (em relação ao conjunto de gaxetas ajustável)
Aumento do atrito entre haste e gaxetas.
Pode requerer um atuador maior
*Em relação ao conjunto de gaxetas ajustável.
61
Pergunta: quem deve informar se o fluido de processo que está sendo manipulado por
uma válvula de controle é tóxico?
Pergunta: quem deve definir o limite máximo de vazamento de um fluido tóxico?
62
Flowserve
Fisher
Vazamentos pelas gaxetas e pelas juntas de uma válvula de controle podem exigir a
retirada da válvula de controle das instalações de processo para serviços de
manutenção. A retirada da válvula de controle pode significar uma parada parcial ou até
mesmo uma parada total da unidade de processo.
Recomendações finais:
Verificar se o fluido de processo é tóxico. Caso positivo solicitar ao órgão
competente a definição do limite de vazamento máximo permitido.
Verificar se o engaxetamento da válvula de controle existente atende o limite de
vazamento máximo permitido. Caso contrário solicitar ajuda ao fabricante para
adaptar um sistema de limitação de vazamento adequado.
Substituir as gaxetas e juntas todas as vezes que a válvula de controle for aberta
para serviços de manutenção. De preferência substituir os kits completos.
Usar sempre peças originais.
Seguir as instruções dos fabricantes contidas nos manuais de instrução.
Usar sempre o torquímetro. Calibrar o torquímetro periodicamente.
63
Os castelos com foles devem ser especificados para as aplicações com fluidos:
Tóxicos
Poluentes
Inflamáveis
Voláteis
De alto custo
...
64
Emissões fugitivas
Fonte: EPA
Como já foi declarado anteriormente, o controle das emissões fugitivas foi pela
primeira vez determinado a partir do Clean Air Act promulgado pela EPA em
1990. A partir desta data fabricantes de válvulas de controle e usuários
procuraram buscar soluções para limitar a quantidade de emissões fugitivas
liberadas. Neste item vamos apresentar as normas que regulamentam a
fabricação e testes de dispositivos de limitação destas emissões. Vamos
também apresentar sugestões para especificar sistemas de engaxetamento
especiais para limitar as emissões fugitivas e atender as normas internacionais
existentes.
65
Fonte: Masoneilan
66
Especificação
Recomendações da Norma Petrobras N-1882, Revisão E, item 9.6.1.6 sobre fluidos tóxicos
e emissões fugitivas:
“Válvulas de controle operando com fluidos tóxicos devem ser especificadas para
atenderem a requisitos de controle de emissões fugitivas”.
“A relação de produtos tóxicos bem como os valores máximos de suas concentrações
deve ser definida em documento complementar ou no projeto básico”.
Normas aplicadas
Normas de teste para detecção de vazamentos de emissões fugitivas para válvulas de
controle:
ISO 15848-1. Esta norma abrange as válvulas de controle e de bloqueio
FCI 91-1 (Clean Air Act). Norma exclusiva para válvulas de controle.
TA-Luft/VDI 2440,...
Certificação de teste: TÜV; BV,...
67
Teste
1. Quais os pontos de vazamento de fluido de processo na válvula de controle?
2. Quais as causas de vazamento no engaxetamento de uma válvula de controle?
3. Quais as consequências de excesso de vazamento através das gaxetas?
4. Quais os itens a serem considerados na especificação do material das gaxetas?
5. De acordo com a Folha de Dados IEC 0534-7 os tipos de engaxetamento
disponíveis são: ajustável e auto ajustável. Qual a principal aplicação do
engaxetamento auto ajustável?
6. Se o vazamento zero pela haste for exigido qual a solução a ser aplicada?
7. Um fluido de processo deve ter vazamento máximo permitido de 100 ppm. Qual o
tipo de engaxetamento recomendado?
68
Fonte: Fisher
A principal função dos internos é manipular o fluido de processo
através do aumento ou da diminuição da vazão.
As principais partes dos internos da válvula de controle tipo globo são:
Obturador
Sede
Haste
Gaiola (internos balanceados)
Fonte: Samson
Fonte: Neles
69
Porém, entendemos que o cliente, em alguns casos específicos, tem o direito de definir o
tipo de interno desejado. Esta competência normalmente é detalhada em documentos
internos como por exemplo “Critérios de Projetos” e que deve ser de conhecimento
prévio por parte dos fabricantes. Nestes Critérios são concentrados o acervo de
conhecimento técnico do proprietário da unidade industrial de processo. Além dos
Critérios de Projeto uma empresa com tradição de conhecimento do processo industrial
também pode exercer preferências técnicas e comerciais considerando a tradição de
uso, a garantia de qualidade, parceria e a padronização, entre outros aspectos.
No caso do usuário indicar o tipo preferencial de interno o fabricante pode e deve fazer
uma avaliação técnica e, se for o caso, fazer comentários sobre a aplicação.
Exemplos de internos:
71
No software ValSpeq que será usado durante o curso nos exemplos de cálculo
serão informadas opções de Rated Cv (Cv selecionado) ou seja, o Cv com a
válvula a 100% de abertura.
A Folha de Dados IEC 60534-7 não requer informações sobre o diâmetro da
sede nem sobre o curso da haste. São dados construtivos importantes.
O diâmetro da sede pode ser nominal ou reduzido. Diâmetro interno é chamado nominal
quando é igual ao diâmetro do corpo.
Fonte: Flowserve
Fonte: Flowserve
72
Globo balanceada
De acordo com a norma ANSI/ISA 75.05.01 2019, item 3.175.3 o interno balanceado de
uma válvula de controle tem como objetivo minimizar as forças dinâmicas e estáticas
que atuam sobre os internos provocadas pela vazão e pressão do fluido de processo.
Fonte: Fisher
73
Internos balanceados
Válvulas tipo globo de sede simples balanceadas:
Vantagens:
Menor atuador
Maior diferencial de pressão
Maior capacidade
Desvantagens:
Não aplicável a fluidos com sólidos em suspensão.
Adiciona mais um caminho de vazamento entre a entrada e a saída da
válvula de controle através da interface entre o anel pistão e a gaiola.
Nota: a grande desvantagem da válvula balanceada é que não é recomendada para
aplicação em fluidos com sólidos em suspensão. A penetração de particulado entre a
gaiola e o pistão do obturador pode danificar a face interna da gaiola. Pode também
travar ou dificultar o movimento do obturador.
74
Linha 36 – CV selecionado, FL e XT
A Folha de Dados S20.50, linha 36 requer as seguintes informações sobre o CV, FL e XT.
Este Cv é o Cv selecionado (rated Cv), ou seja, o Cv com a válvula 100% aberta.
A Folha de Dados IEC 60534-7 requer as seguintes informações: 1inha 32: XT e FL, linha
50: Cv selecionado (Rated Cv) e rangeabilidade inerente (definição: relação entre o
coeficiente relativo de vazão e a abertura relativa correspondente).
Os valores do Cv selecionado, XT e FL são definidos pelo fabricante durante a
seleção e o dimensionamento do corpo e podem ser encontrados na memória de
cálculo do corpo.
*Maiores detalhes sobre a definição de Cv selecionado, XT e FL podem ser encontrados
no capítulo sobre dimensionamento.
O CV selecionado (rated CV) representa o valor do CV quando a válvula está 100% aberta.
FL – Fator de recuperação da pressão do liquido
XT – Fator da razão da pressão diferencial dos gases
* Maiores detalhes sobre a definição do CV, FL e XT no capítulo sobre dimensionamento.
** Valores encontrados na memória de cálculo do fabricante
75
Folha de Dados ISA S20.50, linhas 37 a 40. Estas linhas requerem a definição dos
materiais de quatro componentes dos internos obturador, sede, gaiola/guia e haste,
respectivamente.
Folha de Dados IEC 60534-7. Linha 48: material do obturador e haste. Linha 49: Material
da guia (ou gaiola) e sede. Linha 52: revestimento dos internos/tratamento. Este item
não está previsto na FD ISA S20.50.
Quem deve ser o responsável pela definição do tipo de material dos internos?
Os materiais dos internos devem ser definidos por quem tiver o pleno conhecimento
sobre:
• A relação dos materiais compatíveis com o fluido de processo sob o ponto de
vista da corrosão.
• A relação dos materiais compatíveis com o fluido de processo sob o ponto de
vista da erosão. Conforme o caso, devem ser consideradas a existência de
partículas solidas na corrente, cavitação e vaporização.
• A influência dos limites superiores e inferiores da temperatura e da pressão de
processo sobre os materiais selecionados.
• A influência da pressão diferencial máxima de processo sobre os materiais
selecionados. Ver norma Petrobras N-1882E, subitem 9.6.4.5.4. Neste subitem é
recomendado usar internos endurecidos quando a) dP > 10 bar, b) em fluidos com
sólidos em suspensão, c) quando ocorrer cavitação ou vaporização.
No caso dos fluidos industriais de uso geral os fornecedores estão aptos a decidirem o
tipo de material mais adequado para os internos.
Porém, quando os fluidos industriais forem proprietários, isto é, de uso exclusivo na
fabricação de determinados produtos, é mandatório que o usuário informe nas Folha de
Dados os materiais mais adequados para estas aplicações.
76
Fonte: Flowserve
Algumas aplicações exigem o revestimento do obturador. Nestes casos o usuário deve
definir na Folha de Dados qual a parte do obturador que deverá ser revestido. Na figura
acima vemos diversos exemplos de revestimento do obturador.
Fonte: Flowserve
Algumas aplicações exigem o revestimento da sede. Nestes casos o usuário deve definir
na Folha de Dados qual a parte da sede que deverá ser revestido. Na figura acima
vemos que a área de revestimento pode ser o local de contato entre o obturador e a
sede ou pode ser toda a superfície interna da sede. Depende da aplicação.
O endurecimento da sede e da haste é recomendado quando o fluido é erosivo e
quando o diferencial de pressão excede determinados limites. A norma Petrobras N-
1882 recomenda o endurecimento quando o dP for superior a 10 bar (item 9.6.4.5.4).
77
78
Fonte: Samson
Acabamento da haste
Podemos encontrar na válvula de controle dois tipos de selagem.
A junção entre os flanges da tubulação, a junta e os flanges da válvula de controle
formam uma selagem estática. Para obter uma melhor vedação as Folhas de Dados
padrão ISA S20.50 e TR20.00.01-2007 incluem um item referente ao acabamento do
flange (flange facing finish).
O conjunto haste e gaxetas formam uma selagem dinâmica. Apesar de ser um item
decisivo nesta selagem não existe nenhum item de especificação sobre o acabamento
da haste nas Folha de Dados publicadas pela ISA e IEC.
O acabamento da haste tem influência direta nos seguintes aspectos do funcionamento
da válvula de controle:
Estabilidade de controle
Vazamento do fluido de processo através do engaxetamento
Continuidade operacional
Custos de manutenção
Por que o acabamento da haste é importante?
O acabamento adequado da haste permite a redução do atrito (agarramento)
entre a haste e as gaxetas (stiction).
Uma redução do atrito entre a haste e as gaxetas possibilita uma redução do
vazamento para atmosfera e uma resposta mais rápida da válvula de controle ao
comando do controlador!
79
Característica
A definição da “Característica” é um dos itens incluídos na especificação da
válvula de controle. Este item tem um impacto direto na ação de controle.
Entretanto poucos entendem o significado, a nomenclatura correta e a diferença
entre as características inerente e instalada. Também poucos sabem reconhecer
a característica através do exame dos internos da válvula de controle. O
entendimento da característica é importante porque:
É uma informação exigida no dimensionamento da válvula de controle.
A característica está associada ao ganho da válvula de controle. O ganho
da válvula deve ser analisado em conjunto os demais ganhos do sistema
de controle incluindo os ganhos do transmissor e do controlador. É um
assunto que deve ser analisado com atenção quando se lida com controle
avançado e otimização.
Na norma ANSI/ISA-75.01.01-2019 o termo característica de vazão (item 3.70) é
considerado um “termo indefinido” e sugere a consulta aos termos característica
de vazão instalada e característica de vazão inerente.
A Norma IEC 60534-1 sobre terminologia define característica de vazão inerente
e característica de vazão instalada. Não há menção do termo característica de
vazão.
Na Folha de Dados ISA S20.50, linha 34 é requerido a definição da
“característica”. Nas instruções de preenchimento da linha 34 desta Folha de
Dados estão sugeridas as seguintes características: linear, igual porcentagem
(=%), parabólica modificada e abertura rápida.
80
Principais Características
81
82
83
Fonte: Fisher
Nas válvulas de controle tipo globo balanceadas a característica é definida pela
geometria das “janelas” da parede das gaiolas.
Muitos fabricantes gravam na parede externa a curva característica para facilitar
a identificação.
Nas válvulas de controle tipo globo balanceada a característica pode ser
modificada pela troca das gaiolas. A depender do resultado do novo cálculo do
Cv e dos limites de abertura, pode ser possível a troca da sede em função da
modificação do diâmetro interno.
84
Fonte: Fisher
85
Seleção da característica –
A Folha de Dados ISA S20.50 requer na linha 34 a definição da característica. A
responsabilidade desta tarefa é da equipe de engenharia de automação com a
colaboração da equipe de engenharia de processo.
Não existe norma técnica com orientação sobre a seleção da característica. Existem,
porém, diversas regras práticas estabelecidas por usuários, fabricantes e também
encontradas na literatura técnica especializada.
Exemplo: a norma Petrobras N-1882E inclui no item 9.3 um Requisito Técnico para a
seleção da característica da válvula de controle.
Seleção da característica – método simplificado
No livro Control Valve Primer, 4ª edição, Hans D. Baumann propõe na página 55, um
método simples de selecionar a característica mais adequada para uma válvula de
controle:
Método sugerido por H D Baumann no livro Control Valve Primer, 4ª edição, pagina 55:
Determinar a pressão diferencial da válvula na vazão mínima e a pressão diferencial da
válvula na vazão máxima.
Verificar a relação entre estes dois valores.
Se dP vazão min ÷ dP vazão máx for menor do que 2, selecione a característica linear
Se dP vazão min ÷ dP vazão máx for maior do que 2, selecione a característica igual %
Outros métodos para selecionar a característica de uma válvula de controle podem ser
encontrados na seguinte literatura técnica:
Equal Percentage Control Valves and Applications, Jacques Smuts, April 23,
2013, https://blog.opticontrols.com/archives/994
Valve Handbook, Philip Skousen, 3rd edition, páginas 30 a 32.
Norma Petrobras N-1882, Rev. E, fevereiro 2017, item 9.6.3
Guidelines for selecting the proper valve characteristic, Michael C. Headley, Valve
Magazine, Spring 2003.
86
Característica – Resumo:
87
Vaporização
Vaporização – introdução
Os assuntos vaporização (“flashing”) e cavitação estão diretamente relacionados
com os fenômenos que ocorrem pela passagem de um fluido dentro de uma
tubulação com uma restrição.
Vamos considerar um fluido que passa através de uma tubulação com uma restrição.
Quando o fluido atravessa o orifício com vazão constante ocorre o aumento da
velocidade e a diminuição da pressão.
A seção transversal da corrente (fluxo) onde ocorre a maior velocidade e a menor
pressão estática é chamada de “vena contracta”.
Fazendo uma analogia com a figura acima vamos considerar na figura abaixo
uma válvula de controle com uma restrição interna. A restrição ou orifício é o que
chamamos de sede. O fluido ao passar pela sede, sofre uma queda de pressão.
Antes de sair do corpo da válvula o fluido recupera parcialmente a pressão.
Chamamos de P1 a pressão de entrada, P2 é a pressão de saída e PVC é a
pressão na vena contracta.
De acordo com a norma ANSI/ISA 75.05.01-2019, a vena contracta é porção da
corrente de vazão onde a velocidade do fluido é máxima e a pressão estática do
fluido e a área da seção transversal são mínimas. Numa válvula de controle a
vena contracta normalmente ocorre imediatamente a jusante do elemento de
restrição (sede)
88
Vaporização – definição
A vazão do líquido ao passar pelo orifício interno da válvula sofre uma queda brusca.
Quando a pressão do liquido que passa através da sede do corpo da válvula cai e fica
abaixo da pressão de vapor (Pv) parte do fluido vaporiza formando bolhas. Na saída da
válvula a pressão P2 permanece abaixo da Pv. Este fenômeno é denominado de
vaporização.
Resumindo:
A vaporização ocorre quando a pressão de saída e a pressão na vena contracta são
menores do que a pressão de vapor (P2 e Pvc < Pv).
A pressão de entrada e a pressão de saída (P1 e P2) são definidos pela equipe de
processo.
A pressão na vena contracta e a pressão de vapor (Pvc e Pv) são características do
fluido e da temperatura de processo.
Em resumo: a vaporização é um fenômeno determinado pela equipe de processo.
89
Vaporização – consequências
A vaporização pode provocar os seguintes problemas na válvula de controle:
Erosão do corpo e dos internos.
Redução da capacidade de vazão da
válvula: vazão saturada (“choked flow”).
Nota:
Vazão saturada (“choked flow”) é uma condição em que uma vazão através de um
orifício de restrição não aumenta quando a pressão a jusante é diminuída considerando
que a pressão a montante se mantem constante.
Nesta apostila estamos traduzindo o termo “choked flow” como vazão saturada. Outras
traduções de “chocked flow” encontradas na literatura em português: vazão chocada,
estrangulada, vazão bloqueada, vazão afogada.
Vaporização – soluções
Vaporização – conclusões
90
Cavitação
A cavitação é a condição de trabalho mais severa para a válvula de controle.
Existem aplicações onde a passagem do líquido através do corpo da válvula de
controle provoca uma diminuição de pressão de tal ordem que a pressão na vena
contracta (Pvc) fica abaixo da pressão de vapor, mas, ainda no interior do corpo da
válvula de controle, ocorrerá uma recuperação e a pressão de saída P2 ficará acima
da pressão de vapor Pv. Este fenômeno é chamado de cavitação.
Fonte: Tomoe
Observar neste gráfico que ao passar pela sede a pressão P1 sofre uma queda de
pressão tão brusca que a pressão na vena contracta (Pvc) fica abaixo da pressão de
vapor (Pv). Porém logo depois que atinge a Pvc ocorre uma significativa recuperação da
pressão de saída (P2) que fica acima da pressão de vapor (Pv).
A cavitação é, portanto, um fenômeno que ocorre em duas etapas.
A primeira etapa é a queda brusca da pressão de entrada P1 até atingir a pressão na
vena contracta (Pvc) que fica abaixo da pressão de vapor. Nesta etapa o liquido começa
a se vaporizar parcialmente.
A segunda etapa é a recuperação da pressão de saída (P2) voltando a ficar acima da
pressão de vapor. Durante esta etapa, as bolhas formadas durante a queda de pressão
entre a pressão de vapor e a pressão na vena contracta implodem e o fluido de processo
volta a ficar líquido.
91
Fonte: Metso
Imagens da cavitação
Fonte: Fisher
Exemplo do efeito da cavitação.
Cavitação em válvulas de controle é mais destrutiva das aplicações. Observar o
potencial destrutivo da cavitação. O que caracteriza um componente da válvula
submetida a cavitação é a dimensão da destruição material e o aspecto rugoso
provocado pelos milhares de micro implosões que podem chegar a 7000 bar.
Consequências
Cavitação, consequências (entre outras).
Ruído hidrodinâmico
Excesso de vibração
Limitação da capacidade de vazão
Danos Materiais (internos, corpo & linha)
Os danos materiais ocorrem principalmente no obturador e sede. Mas também pode
ocorrer no corpo da válvula de controle e na tubulação. Estes danos materiais podem
alcançar valores significativos se os danos exigirem a retirada da válvula para reparo e a
parada da unidade de processo.
92
Cavitação – eliminação
Fonte: Fisher
93
As válvulas tipo rotativas também possuem recursos para eliminar a cavitação. Na figura
abaixo exemplos de internos anti cavitantes em válvulas tipo rotativas.
Nas válvulas rotativas geralmente são usados os mesmos tipos de internos para eliminar
a cavitação e para a redução do ruído.
94
Cavitação: conclusões
“Não existe material conhecido que possa resistir aos danos da cavitação!”
Hans Baumann, Control Valve Primer, 4th edition, página 106.
95
“Para o ser humano, o ruído pode ser não apenas irritante (incômodo) mas pode
também provocar a perda permanente da audição e uma condição insegura de
trabalho”. Philp L. Skousen, Valve Handbook, 3rd edition.
Os problemas gerados pelo ruído aerodinâmico vão além dos fatores de saúde.
Ruído aerodinâmico pode gerar ondas de choque e de vibração que pode
danificar ou alterar o desempenho de válvulas de controle e também reduzir os
intervalos de manutenção. Estes danos começam a ocorrer em níveis de
pressão sonora acima de 100 dBA. Referencia: Finding the Source of All That
Noise, Steven Hocurscak & Kyle Rayhill, Valve Magazine, Spring 2013.
Neste capítulo serão abordados os seguintes assuntos referente a ruído em válvulas de
controle
Qual o valor do ruído máximo admissível a ser inserido na Folhas de Dado?
Justificativa.
Necessidade da uniformização do cálculo do ruído.
Como interpretar o resultado do cálculo do ruído.
É possível verificar o resultado do cálculo ruído no campo?
Técnicas para a redução do excesso de ruído.
96
97
Linha 5: Allowable sound pressure level (ruído máximo admissível). Este item está no
bloco que contém informações sobre as condições de processo.
Linha 34: Predicted LpA (ruído previsto ou calculado). Este item está no bloco que
contém os resultados dos cálculos juntamente com o Cv, Xt/Fl e % curso.
Os ruídos previstos são calculados pelo fornecedor para cada condição operacional
existente. Os valores dos ruídos previstos podem ser encontrados na memória de
cálculo do fornecedor selecionado. A Folha de Dados deve ser revisada para incluir esta
e todas as outras informações definidas pelo fabricante selecionado incluindo resultados
de cálculos e tipos e modelos do corpo, atuador, posicionador, ...
Em tempo: até anos 1970, quando ainda não existia Norma para cálculo do ruído, as
Folhas de Dados não incluíam exigência sobre ruído máximo admissível.
98
Resumo
Para responder corretamente sobre o porquê do nível de ruído máximo ser de 85 dBA
devemos considerar que este é um valor convergente exigido para atender tanto a
legislação sobre insalubridade como a legislação sobre a aposentadoria especial.
Insalubridade, NR-15: jornada até 8 horas o ruído máximo deverá ser de 85 dB(A).
Aposentadoria, Decreto 4882: exposição a níveis de ruído acima de 85 dB(A) por 25
anos.
O valor do ruído máximo tem sido modificado ao longo dos anos. A tendência é baixar
ainda mais.
99
Ruído previsto
Como proceder quando os resultados dos cálculos dos ruídos apresentados pelos
diversos fornecedores forem divergentes?
Antes da existência das normas regulamentadoras dos cálculos do ruído cada fabricante
possuía seu próprio método de cálculo. Os resultados apresentados eram
frequentemente discrepantes e deixava os usuários em situação de grande dúvida.
Para resolver estas situações a ISA lançou a primeira norma padronizando o cálculo de
ruído ANSI/ISA-75.17-1989. A partir de 1995 a IEC começou a publicar normas sobre
ruído hidrodinâmico e aerodinâmico. Edições mais recentes (setembro de 2021)
IEC 60534-8-3, 3ª ed. 2010: ruído aerodinâmico.
IEC 60534-8-4, 3ª ed. 2015, ruído hidrodinâmico
A obrigatoriedade do uso destas normas por parte de todos os fornecedores deve
reduzir a termos aceitáveis as diferenças dos cálculos apresentados.
Nas Folhas de Dados existentes no mercado não existe campo para a inclusão de
norma sobre o cálculo do ruído. Esta exigência deve ser introduzida através de nota
anexa a Folha de Dados (nota de rodapé, remarks, specials, ...).
A não exigência do uso das normas IEC citadas acima pelo fornecedor deve ser
considerada uma falha de especificação.
A comprovação do uso da norma pelo fornecedor deve ser feita através da verificação
das informações constantes sobre a versão do software de cálculo e da documentação
técnica incluindo os boletins e catálogos atualizados.
Divergências no cálculo de ruído podem ser provocadas por erro de cálculo ou por uso
de configurações diferentes de corpos e internos.
100
Vantagens do uso das Normas IEC 60534-8-3 e IEC 60534-8-4 como referência do
cálculo do ruído.
Fornece uma abordagem segura e objetiva para o cálculo do ruído.
É aceito em todo o mundo.
Pode ser usado por qualquer fabricante de válvula de controle.
Possibilita aos usuários uma base única de comparação dos resultados
apresentados pelos fabricantes.
Sobre a incerteza do cálculo do ruído usando o método proposto pela norma IEC.
Interpretação do resultado do cálculo do ruído de acordo com a Norma IEC 60534-8-3,
3ª edição, pagina 6, Introdução – 7º parágrafo (tradução livre):
“Embora este método de predição não possa garantir resultados reais no campo,
fornece predições dentro de 5 dB (A) para a maioria das informações sobre ruído
obtidas em testes realizados sob condições de laboratório. Esta edição aumentou
o grau de confiança do cálculo. Em alguns casos os resultados das edições
anteriores eram mais conservadores”.
Comentários sobre este texto:
“Não garante os resultados reais no campo. O teste é feito em laboratório. E apenas
nesta condição a norma garante os resultados do método proposto.
“fornece predições calculadas dentro de +/- 5dBA”: esta é a incerteza de cálculo
(margem de erro).
“para a maioria dos resultados”: não é informado o significado da palavra “maioria”.
Comparar com a especificação de transmissores que garante resultados 3 sigma. Artigo
Samson: 86%. Em estatística é chamado de nível de confiança.
“realizados sob condições de laboratório”, ou seja, não é possível quantificar a
incerteza de cálculo quando a válvula de controle estiver instalada na área industrial.
“Esta (3ª) edição aumentou o grau de confiança do cálculo. Em alguns casos os
resultados das edições anteriores (1ª e 2ª edições) eram mais conservadores”.
1: As edições anteriores apresentavam predições superiores a +/- 5 dBA. Ver artigo da
Samson de 2007.
2: Por este motivo o usuário deve exigir do fabricante o uso do método proposto na
edição 3 desta norma.
101
102
103
Ruído hidrodinâmico
• Causa: associada a turbulência e a cavitação em líquidos
• Intensidade: até 100 dBA
Solução: ao eliminar a cavitação o excesso de ruído é automaticamente reduzido.
Norma IEC 60534-8-4, 2015, 3a edição. “Prediction of noise generated by hydrodynamic
flow”
Ruído aerodinâmico
104
Tratamento do caminho
O tratamento no caminho reduz o ruído apenas no trecho onde é aplicado.
Métodos:
Silenciador (ver figura abaixo)
Isolamento da tubulação
Aumento do schedule da tubulação
Silenciador
Para reduzir o ruído o silenciador deve ser instalado imediatamente após a válvula de
controle.
O silenciador normalmente é fabricado por terceiros. Porém o fabricante da válvula de
controle é responsável pelo fornecimento e instalação. O cálculo também deve ser
executado pelo fabricante da válvula de
controle e deve levar em consideração os
dados de processo e a redução de ruído
do conjunto válvula e silenciador.
O silenciador tem uma desvantagem que
deve ser lembrada – deve ser usado
apenas com fluidos limpos.
Desvantagem: não recomendado para fluidos contendo sólidos em suspensão.
Atenção: verificar a compatibilidade entre o fluido de processo e os materiais usados na
fabricação do silenciador.
Isolamento da tubulação
O isolamento da tubulação deve ser feito a jusante da válvula de controle.
Existem dois tipos de isolamentos industriais aplicados a tubulação:
O isolamento térmico, que reduz entre 3 a 5 dBA por polegada de espessura e
que tem limite máximo de redução de 15 dBA.
O isolamento acústico que reduz entre 8 a 10 dBA por polegada de espessura e
que tem limite máximo de redução de ruído 25 dBA.
Desvantagem: o ruído só é reduzido no trecho isolado da tubulação. Como o ruído se
propaga através do fluido em tubulação assim que o isolamento acaba o ruído retorna.
Em outras palavras, o efeito do tratamento só é válido no trecho isolado da tubulação.
105
Aumento do schedule
Este método requer a troca da tubulação para o aumento do schedule. O schedule deve
ser selecionado para reduzir o ruído gerado pela válvula de controle para valores
aceitáveis.
Exemplo: schedule normal da tubulação SCH 40. Substituir por SCH 80 ou SCH 160.
Desvantagens:
1. O ruído só é reduzido no trecho onde o schedule foi modificado. Como o ruído se
propaga através do fluido em tubulação assim que o schedule da tubulação
retornar ao valor de projeto o ruído retorna. Em outras palavras, o efeito do
tratamento só é válido no trecho da tubulação onde o schedule foi modificado.
2. O aumento do schedule tem alto custo. Além dos custos de materiais para a troca
dos trechos de tubulação por um schedule maior também devem ser computados
os custos da modificação do projeto e custos de montagem.
Resumo:
As soluções para reduzir o ruído gerado por uma válvula de controle através do
tratamento do caminho (path) ou do tratamento da fonte (source) tem custo alto e níveis
de redução de ruído limitados.
Estes métodos são usados quando o tratamento na fonte não conseguir reduzir o ruído
para níveis aceitáveis. Geralmente estes métodos são usados em grandes termelétricas
geradoras de vapor com alta pressão (> 42 bar).
Tratamento na fonte
O tratamento na fonte tem como objetivo reduzir o ruído através do uso de
internos especiais. Este é o método preferido atualmente. O aperfeiçoamento
dos internos para a redução do ruído é o resultado de pesquisa e
desenvolvimento de décadas por parte
dos fabricantes principalmente para as
válvulas de controle tipo globo. Nas
válvulas tipo globo a redução de ruído é
feita através de gaiolas especiais. Cada
fabricante dispõe de um conjunto de
gaiolas para atender a redução de ruído
necessária.
As válvulas tipo globo possuem um
número maior de opções de internos
para a redução de ruído.
Fonte: Fisher
106
Fonte: Masoneilan/Neles
A seleção do interno mais adequado é de responsabilidade do fabricante e deve
obedecer diversas condições técnicas incluindo:
O limite máximo de ruído estabelecido
As condições de processo
Os limites de abertura estabelecidos
O Cv selecionado.
Quando a solução de reduzir o ruído usando os internos não for suficiente existe
a possibilidade de usar uma combinação dos métodos de tratamento de caminho
e tratamento da fonte.
107
Em alguns casos específicos, para atender a redução de níveis de ruído acima de 110
dB (A), é necessário usar uma combinação dos dois métodos de redução de ruído:
redução na fonte + redução no caminho.
Nestes casos o próprio fabricante deve se responsabilizar pelo fornecimento de todos os
dispositivos, incluindo a montagem do conjunto e a realização dos cálculos.
Ruído – conclusões
O controle do ruído nas unidades industriais é obrigatório por lei e atualmente
requer um limite máximo de 85 dBA, conforme exigência da legislação sobre a
concessão de direitos a adicionais de insalubridade e aposentadoria especial.
Para controlar o excesso de ruído na válvula de controle deve ser usado
preferencialmente o método de tratamento na fonte. Ver Norma Petrobras
N-1882E, item 9.6.2.9.
Consultar periodicamente os fabricantes sobre as novas tecnologias para o
controle de ruído. Participar de eventos da ISA.
Modificações nas variáveis de processo exigem novo cálculo do ruído.
Modificações no tipo de corpo, diâmetro do corpo, diâmetro interno exigem
também novo cálculo do ruído. Esta é uma ação importantíssima e raramente
efetuada. Usar o auxílio do fabricante para as válvulas de controle antigas.
Atualizar a memória de cálculo do ruído (equipe de manutenção?)
Perguntas de revisão
1. Justificar o limite máximo de ruído de 85 dBA?
2. Como manter a uniformidade nos resultados dos cálculos de ruído entre os
fornecedores?
3. Quem deve selecionar os internos para a redução de ruído?
4. Como verificar o ruído da válvula no campo?
5. Qual a incerteza do resultado do cálculo do ruído?
108
Respostas:
1. Para atender a NR 15 (insalubridade) e Lei Federal que regulamenta o
direito de aposentadoria especial.
2. Exigir que todos os fabricantes que apresentarem propostas técnicas
usem as Normas IEC 60534-8-3/4 no cálculo do ruído.
3. Os internos devem ser selecionados pelo fornecedor, com a
aprovação do usuário. Também pode ser o usuário desde que tenha
conhecimento da aplicação e do produto.
4. Não é possível fazer esta verificação no campo. Nas unidades de
processo é impossível isolar o ruído de um equipamento. A medição
do ruído será a resultante dos ruídos gerados pelos equipamentos em
torno da válvula de controle.
5. De acordo com as normas IEC 60534-8-3/4 a incerteza da medição do
ruído, medido em laboratório é de +/- 5 dBA. Usar a última versão das
normas citadas.
109
A norma IEC 60534-4 sobre testes de rotina, recomenda no item 4 diversos testes que
devem ser executados nas válvulas de controle fabricadas de acordo com as normas da
série 60534. Os testes recomendados são divididos em: testes mandatórios e testes
complementares.
Testes recomendados
A norma IEC 60534-4 sobre testes de rotina, relaciona no item 4 diversos testes que
devem ser executados nas válvulas de controle fabricadas de acordo com as normas da
série IEC 60534. Os testes recomendados são divididos em: testes mandatórios e testes
suplementares.
Mandatórios (M): hidrostático, vazamento pela sede e curso da válvula.
Suplementares (S): vazamento pelas gaxetas, banda morta, capacidade de vazão e
característica de vazão.
110
Teste Hidrostático
O teste hidrostático deve ser um requisito obrigatório na fase final de montagem durante
a fabricação da válvula de controle
Sobre a realização do teste hidrostático durante as paradas gerais de manutenção
várias práticas são adotadas pelas diversas unidades industrias.
É recomendado efetuar o teste hidrostático:
• Após um determinado intervalo de tempo de operação. Exemplos: 3 em 3 anos,
10 em 10 anos. O tempo deve ser determinado de acordo com a aplicação.
Válvulas de controle que manipulam fluidos contendo sólidos em suspensão
devem reduzir o tempo entre os testes.
• Quando a válvula de controle é aplicada a serviços severos: vapor, serviços
erosivos, alta pressão/temperatura ...
Teste hidrostático – Normas aplicadas
IEC 60534-4, Inspection & routine testing, 3rd Edition, 2006
ANSI/ISA-75.19.01-2013, Hydrostatic Testing of Control Valves*
ASME B16.34-2017, Valves Flanged, Threaded, and Welding End*
Nota: as normas ANSI/ISA e ASME são equivalentes.
111
Vazamentos externos
Os vazamentos chamados “externos” são aqueles onde o fluido deixa o interior do corpo
e escapa para o meio ambiente.
Fontes de vazamentos externos:
Juntas da tubulação
Junta do castelo
Interface entre haste e gaxetas.
A maior fonte de vazamento externo é através das
gaxetas. Este assunto já foi abordado em capitulo anterior.
Entre as diversas consequências dos vazamentos para o
meio ambiente citamos:
• A perda de produção
• A poluição
• Os riscos à saúde e ao meio ambiente
112
Vazamentos internos
Os vazamentos chamados “internos” são aqueles que ocorrem através do corpo da
válvula entre a entrada e a saída quando a válvula estiver na posição fechada. Em
outras palavras, o vazamento interno é entendido como sendo o vazamento entre a
entrada e a saída do corpo. O vazamento interno também é chamado de vazamento
pela sede.
Fontes de vazamentos internos:
Entre o obturador e a sede
Entre a sede e o corpo
Entre o obturador e a gaiola
- Consequências
• Perda de produção
• Perda de eficiência
• Danos na sede e no atuador
Fonte: Fisher
Nota
No próximo capitulo vamos tratar de vazamentos internos ou
vazamentos através da sede.
Embora a válvula de controle tenha como função atuar para
manter a estabilidade de controle a obstrução da passagem
do fluxo pode ser requerida em manobras operacionais.
Entretanto se esta obstrução, ou vedação, tenha como
objetivo uma função associada a segurança, então a boa
pratica de engenharia recomenda o uso de uma válvula on
off.
113
Classes de vazamento
Programa deste capitulo:
Classe de vazamento ou classe de vedação?
Definições e introdução
Normas aplicadas, objetivos e abrangência
Classes de vazamento e procedimento de testes
Classes de vazamento – descrição
Classes de vazamento – seleção
Conclusões
114
115
Atenção:
A norma ANSI/FCI 70-2 afirma no item 2.4 que deve ser aplicada apenas as
válvulas de controle. Para o teste das válvulas de bloqueio é recomendado o uso
das seguintes normas:
•API 598, 10th edition, 2016, Valve Inspection and Testing
•ISO 5208:2015, Pressure testing of metallic valves
Estas duas normas serão analisadas no capítulo sobre as válvulas esferas para
serviços on off.
Norma ANSI/FCI 70-2 – Standard for Control Valve Seat Leakage Testing
Esta norma é exclusiva para testes de vazamento pela sede. Por este motivo será
considerada a norma de referência neste curso.
A primeira edição da norma ANSI/FCI é de 1970. Antes era denominada ASME B16.104.
Por incrível que pareça ainda encontramos publicações recentes mencionando a norma
ASME B1.104.
Esta norma sofreu diversas atualizações. As mais recentes foram nos anos de 2003,
2006, 2013. A última revisão foi em janeiro de 2021. Custo US$ 200.00.
116
A norma ANSI/FCI destaca no item 2.3 que “esta norma é similar a IEC 60534-4, exceto
que não há previsão para a Classe IV-S1. Devemos entender esta afirmação como: a
norma ANSI/FCI 70-2 é similar a norma IEC 60534-4 no que se refere as classes de
vazamento, aos procedimentos de testes e aos vazamentos máximos permitidos. Ou
seja, estas normas são parcialmente similares.
Porem existem outras diferenças marcantes entre estas duas normas. Entre outras
diferenças destacamos:
A norma ANSI/FCI é exclusiva para testes de vazamento pela sede. A Norma IEC
abrange diversos tipos de testes incluindo o teste hidrostático, teste de
vazamento pela sede, teste de vazamento pelas gaxetas, teste do curso da haste
e teste da banda morta.
A norma IEC tem sete classes de vazamento a norma FCI tem seis classes de
vazamentos.
A norma IEC apresenta dois tipos de procedimentos de testes enquanto a norma
ANSI/FCI apresenta quatro tipos procedimentos de testes.
A norma FCI tem um capitulo exclusivo dedicado a descrição detalhada das
diversas classes de vazamento e os respectivos tipos de corpos e internos
“geralmente associados”. A norma IEC não inclui uma descrição similar sobre as
classes de vazamento.
A medição dos vazamentos máximos permitidos para a classe V indicam
unidades de medição diferentes nas duas normas.
Os procedimentos de testes para a classe IV são diferentes entre estas duas
normas.
117
118
A Norma IEC 60534-4 inclui uma nota sobre a aplicação do teste de vazamento
pela sede no item 4.2:
Nota: Esta parte da Norma não pode ser usada como base para prever
vazamento quando a válvula de controle estiver instalada em condições reais de
operação.
Um trecho desta Nota usa as mesmas palavras da norma ANSI/FCI 70-2, (esta
norma) “não pode ser usada como base para prever vazamento”. Na parte final
da frase a norma IEC 60534-4 é ainda mais enfática do que a norma ANSI/FCI
70-2 quando afirma ”quando a válvula de controle estiver instalada em condições
reais de operação. ”
119
120
Procedimentos de testes
Qual o objetivo da norma ANSI/FCI 70-2?
Norma ANSI/FCI 70-2, item 1.1b – Objetivo: definir os procedimentos de teste de
produção. Quantos e quais são os procedimentos de testes?
Cada classe de vazamento está associada a um determinado procedimento de teste e a
um vazamento máximo permitido pela sede. Quantos e quais são os procedimentos de
teste?
Procedimentos de testes:
Norma ANSI/FCI 70-2-2021: procedimentos de testes A, B, B1 e C.
Norma IEC 60534-4-2006: procedimentos de testes 1 e 2.
Atenção: O tempo do teste não é definido claramente nesta norma. Para termos uma
noção do tempo de teste temos que interpretar o texto dos seguintes itens:
5.2.5 Quando a vazão de teste estiver estabilizada, a quantidade deve ser observada
num período de tempo suficiente para obter a precisão estabelecida no parágrafo 5.
5.4.4 ... e com um tempo suficientemente adequado para a estabilização do fluxo, o
vazamento não deve exceder os valores na Tabela 2.
121
A Tabela 1 da norma ANSI/FCI 70-2-2 apresenta uma coluna com a relação das
seis classes de vazamento, uma coluna determinando o vazamento máximo
permitido para cada classe e uma coluna descrevendo o procedimento de teste
para cada classe de vazamento.
A classe I não tem teste regulamentado nas normas. Se houver teste deve ser
de acordo com entendimentos entre usuário e fabricante.
Observar que as classes II, III e IV tem o vazamento máximo permitido em
função da capacidade nominal da válvula de controle (Cv da válvula 100%
aberta). Por este motivo podem ser comparadas diretamente:
A válvula classe II permite um vazamento 5 x maior que a válvula classe III
A válvula classe III permite um vazamento 10 x maior que a válvula classe IV.
Atenção: a classe V tem dois procedimentos de teste.
A classe VI tem os vazamentos determinados na Tabela 2 da norma
ANSI/FCI 70-2-2021.
122
Notas:
A Tabela 2 da norma ANSI/FCI 70-2 é exclusiva para a classe VI.
Deve ser usado o procedimento de teste C.
Esta Tabela apresenta duas opções de unidades de medição para o diâmetro da
sede: em polegadas e em milímetros.
A norma não define o tempo de teste. Apenas afirma que “deve ser dado tempo
suficiente para estabilizar a vazão”.
O vazamento não deve exceder os valores indicados na coluna “Vazamento Máximo
Permitido” da Tabela 2.
Na norma IEC 60534-4 os vazamentos máximos permitidos para a classe VI estão
publicados na Tabela 3 - Nota 2. Existe apenas uma coluna para diâmetro interno em
milímetros.
As tabelas para a classe VI das duas normas são iguais no que se refere aos
diâmetros internos (22 mm a 400) e aos respectivos vazamentos máximos
permitidos, tanto em ml/min como em bolhas por minuto.
As duas normas permitem o uso da interpolação se o diâmetro interno variar mais
que 2 mm em relação aos valores publicados.
123
Fonte: Fisher
Classe II – norma ANSI/FCI 70-2, item 4.2.2
Esta classe estabelece o vazamento máximo permitido geralmente associado a válvula
de controle comercial:
Globo balanceada com sede dupla
Globo balanceada com sede única, gaiola e um anel
pistão de selagem
Material do assentamento: metal-metal.
Fonte:
Fisher
Observações sobre a classe II:
Abrange dois tipos de internos quanto ao número de sedes, simples e dupla.
A classe II é exclusivamente usada nas válvulas de controle tipo globo
balanceadas.
A válvula de sede dupla é inerentemente balanceada.
O vazamento máximo permitido para a classe II é 0.5% do Cv selecionado (rated Cv).
124
.
Globo não balanceada Obturador Excêntrico Esfera
Fontes: Parcol Masoneilan Neles
125
126
Fonte: Fisher
Norma ANSI/FCI 70-2-2021 item 4.2.5. Classe V – Esta classe estabelece o vazamento
máximo permitido geralmente associada a válvula de controle
Com sede única
Assentamento metal - metal
Não balanceada
Balanceada com ajuste excepcional no assentamento e na selagem entre o anel
pistão e a gaiola.
Procedimento de teste B com agua, aplicando o diferencial de pressão
operacional máximo. Item 5.2.
Procedimento de teste B1, aplicando as condições especificadas no item 5.3
127
Outros comentários
A descrição da classe V tem sofrido modificações constantes nas revisões da Norma
ANSI/FCI 70-2 desde a edição de 2013 e recentemente em 2021.
Na edição de 2006 o item 4.2.5 tinha a seguinte redação: “Esta classe é usualmente
especificada para aplicações críticas onde a válvula de controle pode ser requerida a
fechar, sem a válvula de bloqueio, por um longo período de tempo e com um diferencial
de pressão alto através da superfície da sede. Requer uma fabricação, montagem e
técnicas de testagem especiais. Esta classe é geralmente associada a válvulas de
controle com sede metálica e sede simples não balanceadas ou balanceadas com
ajustes excepcionais de contato entre a sede e o obturador e de selagem entre o anel
pistão e a gaiola”.
Em 2013 o item 4.2.5 passou a ter a seguinte redação: “Esta classe é usualmente
especificada para aplicações críticas onde a válvula de controle pode ser requerida a
fechar, sem a válvula de bloqueio. Esta classe é geralmente associada a válvulas de
controle com sede metálica e sede simples não balanceadas ou balanceadas com
ajustes excepcionais de contato entre a sede e o obturador e de selagem entre o anel
pistão e a gaiola”.
Em 2021, o item 4.2.5 passou a ter a seguinte redação: “Esta classe estabelece a vazão
máxima permitida geralmente associada a válvulas de controle com sede metálica e
sede simples não balanceadas ou balanceadas com ajustes excepcionais de contato
entre a sede e o obturador e de selagem entre o anel pistão e a gaiola”.
128
Classe V – Observações
Notas importantes:
1. Todos os recursos técnicos citados acima têm o único objetivo de
preparar a válvula de controle para ser aprovada no teste de
vazamento pela sede em bancada previsto para a classe V. Este teste
é efetuado em condições estabelecidas em norma que determina o
tipo e temperatura do fluido e a pressão diferencial que a válvula deve
ser submetida. Normalmente 3.5 bar. O tempo de teste também é
determinado.
129
Fonte: Fisher
130
Conclusões
As classes II, III e IV são selecionadas em função do tipo do corpo, do tipo de
internos e do material dos internos. E o que determina a seleção do tipo do corpo,
dos internos e do material dos internos? Resposta: as condições operacionais
descritas na Folha de Dados.
A classe VI é selecionada com os mesmos critérios da classe IV porém é aplicada
quando é desejado um menor vazamento quando comparado com a classe IV.
A classe V deve ser selecionada para aplicações onde a válvula de controle deve
permanecer normalmente fechada quando em operação normal.
131
132
Para lembrar: o tipo do corpo, o tipo do interno e os materiais da válvula de controle são
selecionados para atender as condições de processo.
O principal objetivo do fabricante ao receber a Folha de Dados é dimensionar uma
válvula de controle que atenda as condições de processo. Com este objetivo o fabricante
seleciona o tipo de corpo, o tipo de internos, o material dos internos, o atuador, o
posicionador e acessórios.
O tipo de corpo será selecionado entre as opções globo e rotativas. Entre as
rotativas deverá ser selecionada esfera, borboleta ou obturador excêntrico.
A seleção do tipo de internos inclui entre outras opções: sede simples/sede dupla,
balanceada/não balanceada
A seleção entre o material dos internos é entre sede e obturador em metal e sede
revestida em material resiliente.
Efetuada a seleção para atender as condições de processo o fornecedor passa a avaliar
quais os produtos da sua linha de fabricação aprovadas para esta aplicação.
O fabricante busca a melhor solução técnica com o menor custo. Ou seja, sempre irá
ofertar a válvula de controle para atender 100% das exigências de processo ao menor
custo comercial.
Ao definir o tipo de corpo, o tipo de interno e o material da sede o fabricante estará
automaticamente selecionando a classe de vazamento. Exemplos:
Selecionado rotativa ou não balanceada comerciais com sede em metal: Classe
IV.
Selecionado rotativa ou não balanceada com sede macia: Classe VI.
Selecionado globo com sede dupla: Classe II.
A única que exige uma análise detalhada do tipo dos internos é a válvula tipo
globo gaiola. Este tipo de válvula pode ser classes II, III, IV, V e VI.
Conhecimentos necessários para selecionar uma classe de vazamento:
• Conhecer as Normas aplicáveis: IEC 60534-4 e ANSI/FCI 70-2.
• Conhecer o significado e objetivo do termo “classe de vazamento”.
• Conhecer a característica construtiva de cada classe de vazamento com relação
as associações com os tipos de corpos, tipos de internos e materiais dos internos.
• Conhecer sobre a aplicação de válvulas de controle.
133
134
Atuador
Introdução
O atuador é um dos componentes da válvula de controle juntamente com o corpo, os
internos e o posicionador.
Grande parte da literatura técnica disponível sobre válvulas de controle é dedicada a
assuntos relacionados com o corpo, os internos e o posicionador. A literatura disponível
sobre atuadores é reduzida.
O reflexo deste quase descaso pode ser comprovado de diversas formas. Talvez a
forma mais evidente seja a completa inexistência de normas para regulamentar o
dimensionamento, os testes e a fabricação do atuador.
As folhas de especificação existentes apesar de serem razoavelmente detalhadas não
inclui nenhum material de fabricação de qualquer componente do atuador. Toda a
decisão sobre o tipo de material a ser usado fica sob a responsabilidade do fabricante
selecionado. Para efeito de comparação a especificação do corpo e internos inclui a
definição dos seguintes materiais: corpo, castelo, gaxetas, sede, obturador, haste e
gaiola (quando existir)!
Assim como no dimensionamento do corpo e dos internos, o dimensionamento final do
atuador também é feito pelo fabricante. O memorial de cálculo do corpo é exigido pelo
usuário e sempre passa por uma rigorosa verificação. Por outro lado o memorial de
cálculo do atuador raramente é solicitado e muito menos verificado. É muito difícil
encontrar nos arquivos do usuário a memória de cálculo do atuador. E quando encontra
possivelmente estará desatualizada!
Apesar de não entrar em contato direto com o processo o atuador está sujeito as
intempéries da área industrial, as vibrações da tubulação e atender aos milhares de
comandos ordenados pelo controlador para corrigir os desvios de controle.
Uma falha do atuador pode comprometer o funcionamento da válvula de controle de
diversas formas incluindo a limitar a força de atuação (torque), provocar a instabilidade
de controle e prejudicar o fechamento adequado.
O proposito deste capitulo é corrigir estas distorções no que se refere a especificação do
atuador. No capítulo sobre o dimensionamento do atuador vamos apresentar os itens
que influenciam o cálculo do atuador e dicas sobre a verificação dos cálculos.
.
135
Atuador – definição
Fonte: Hiter
O atuador é um mecanismo que supre a força ou torque para movimentar o obturador
para a posição fechada, para a posição aberta ou entre estas duas posições. Norma
ANSI/ISA-75.05.01, item 3.3
Atuador – funções
Movimentar o conjunto haste e obturador
Assumir a posição definida pelo controlador
Fazer o deslocamento no tempo adequado
Fornecer a carga de assentamento para
atender a classe de vazamento selecionada
Oferecer um modo de falha segura
Manter a estabilidade
...
Fonte: Flowserve
136
Atuador – especificação
A Folha de Dados padrão ISA S20.50, Revisão 1 (em português) tem um bloco
reservado para a especificação do atuador.
Diversas linhas deste bloco devem ser preenchidas pelo usuário para possibilitar
ao fabricante o cálculo e a seleção do atuador. Exemplos: linhas 53, 57, 60 e 63.
Existem, entretanto, algumas linhas que devem ser preenchidas pelo fabricante
selecionado. Exemplos: linhas 54, 55, 58, 59 e 62. A Folha de Dados deve ser
revisada para incorporar estas informações.
A Folha de Dados da norma IEC 60534-7 também tem um bloco dedicado a
especificação do atuador. São treze linhas e contém alguns itens não
contemplados pela Folha de Dados padrão ISA S20.50, como por exemplo o
tempo de atuação (stroking time), o tipo de conexão do ar e a força de atuação.
O primeiro item a ser especificado neste bloco é o tipo do atuador. A definição do tipo
de atuador deve ser de responsabilidade do usuário.
137
138
Pistão Diafragma
Reversível no campo
139
140
Fontes: Fisher/Samson/Rotork
141
142
Notas:
Estas informações são necessárias para o cálculo do atuador.
A pressão máxima disponível deverá ser menor do que a pressão máxima
admissível informada no item 58.
A pressão mínima disponível deverá ser maior do que a pressão mínima
requerida informada no item 59.
A equipe de manutenção deve instituir uma rotina de verificação da pressão de
suprimento disponível no local de montagem da válvula. A equipe de manutenção
deve ter conhecimento dos limites de pressão máxima admissível e mínima
requerida para acionamento do atuador.
143
Bench range – definição: “Range of pressures to the actuator within which the
nominal travel is performed in both directions, with no pressure in the valve, but
including friction forces”. Norma IEC 60534-7, item 63 (Explanation of terms and
definitions)
Tradução: Faixas de pressão para o atuador nas quais o curso nominal é
executado em ambas as direções, sem pressão na válvula, mas com a inclusão
das forças de atrito.
144
Posição de montagem
Notas:
O atuador deve ser preferencialmente montado na posição vertical e na parte
superior do corpo.
O atuador pode ser montado em outras inclinações conforme orientação do
fabricante. Nas posições de montagem inclinadas é recomendado o uso de um
conjunto de gaxetas especiais tipo carga constante (live loaded). Consultar o
fornecedor para estas opções.
A posição de montagem do corpo é determinada pela equipe de tubulação.
A posição de montagem do atuador é determinada pela equipe de
automação/instrumentação
145
Acionamento manual
A Folha de Dados ISA S20.50 requer a
seguinte informação no item 64:
Tipos de acionamento manual. Opções:
montagem lateral e montagem de topo.
O custo do atuador de acionamento lateral é
maior.
Item a ser definido pela equipe de processo
e/ou equipe de operação.
Fonte: Fisher
A válvula de acionamento (trip valve) deve ser usada em aplicações de controle quando
uma ação do conjunto válvula/atuador é requerida no momento em que a pressão do
suprimento cai abaixo de um determinado valor (ponto de ajuste).
Quando a pressão de suprimento cai abaixo to ponto de ajuste (trip), esta válvula aciona
o atuador para abrir, fechar ou travar na última posição.
Acessórios
Os atuadores podem ser instalados com diversos tipos de acessórios. Exemplos:
Batentes mecânicos (limit stops)
Sistema auxiliar de suprimento de ar/nitrogênio
146
Fonte: MIL/KSB
147
Observar na Folha de Dados padrão ISA S20.50 que o bloco que define a especificação
do atuador não tem nenhum item de especificação de material. Em outras palavras, se o
usuário não se manifestar através de uma especificação todos os materiais usados na
construção do atuador serão definidos pelo fornecedor!
Apesar de não entrar em contato direto com o fluido de processo o atuador é submetido
a ação da atmosfera industrial. Portanto é indispensável que o usuário defina partes
mais importantes do atuador por dois motivos:
As intempéries da atmosfera existente em unidades de processo têm influência no
estado de conservação do atuador e dos acessórios.
A qualidade do material usado pode afetar o desempenho e na vida útil do
atuador.
Exemplo de materiais a serem especificados:
Tampa (alumínio, aço carbono, ...)
Diafragma (nitrila/nylon, silicone/poliéster, ...)
Parafusos da tampa: aço inox B8M Cl2
O´rings: nitrila, etileno/propileno, ...
Indicador de posição: aço inox 316
Para as diversas opções de materiais consultar os boletins técnicos dos fabricantes.
Nos casos especiais os fabricantes devem ser consultados.
Comentário: na ausência de definição a responsabilidade da especificação
do material do atuador fica com o fabricante. Nas concorrências acirradas
as compras de materiais e componentes podem ser definidas pelo menor preço.
Quais os itens a serem preenchidos pelo usuário x fabricante?
148
Atuador – conclusões
149
Posicionador
A especificação do corpo, internos e atuador deve ser feita com a
colaboração de diversas equipes. Principalmente da mecânica.
A especificação do posicionador é uma responsabilidade 100% da
automação.
A tecnologia digital e a função diagnostico transformou o posicionador de
acessório para componente obrigatório da válvula de controle.
A tecnologia digital permite maior integração da válvula de controle com o
sistema de controle.
Graças a introdução das novas tecnologias a válvula de controle passou a ocupar um
papel mais importante na integração com o sistema de controle possibilitando, entre
outros benefícios o controle local, a indicação da posição de abertura da válvula de
controle em tempo real e diagnósticos diversos do corpo/internos, castelo, atuador,
posicionador e do processo.
Posicionador – Introdução
O posicionador é o componente da válvula de controle com maior evolução
tecnológica nas últimas décadas
Esta evolução tecnológica foi possível graças a introdução da eletrônica digital
(1994).
Entre as novidades destacamos a função diagnóstico.
A função diagnóstico abrange todos os componentes da válvula de controle e
fornece informações importantes sobre o processo.
Existem diversas normas que devem ser aplicadas a especificação e para o teste
do posicionador.
Importância deste capitulo:
As novas tecnologias incorporadas ao posicionador requerem dos usuários (engenharia,
manutenção, processo, ...) novos conhecimentos para:
Elaborar uma especificação mais detalhada
Configurar e aplicar as funções disponíveis
Entender os diversos diagnósticos disponíveis
Aplicar os resultados do diagnostico na gestão e planejamento da manutenção e
também na interação com as equipes de operação, processo, otimização,
confiabilidade, mecânica, meio ambiente e ciber segurança
Interação:
Com a manutenção: qual a peça que está sofrendo desgaste.
Planejamento: quanto tempo até afetar o correto funcionamento da válvula de
controle; quais peças a serem recuperadas ou substituídas.
Segurança e meio ambiente: vazamentos
Cibersegurança: comunicação remota de falhas, acesso para diagnósticos
Demais equipes: falhas que estão ocorrendo e impactos na operação e
segurança da unidade. Exemplos: agarramento, vazamento pelas gaxetas,
suprimento de ar sujo (mecânica), suprimento de ar inadequado, internos
desgastados, ....
150
Posicionador – definição
A Norma ANSI/ISA-75.05.01-2019, item 3.127 define o posicionador como sendo um
“controlador de posição” que está conectado fisicamente (link) com a haste “sentindo”
a posição da haste e que automaticamente ajusta o sinal de saída (pneumático) para
o atuador de forma a garantir a posição desejada pelo controlador. (adaptado)
O item 3.127.1 define o posicionador de dupla ação como sendo – o posicionador
com duas saídas, apropriado para o atuador de dupla ação.
O item 3.127.2 define o posicionador de ação simples como sendo – o posicionador
com uma saída, apropriado para atuador com mola x diafragma.
O item 3.127.3 define o posicionador inteligente como sendo – um controlador de
posição baseado em tecnologia com microprocessador e utilizando técnicas digitais
para o processamento de dados, tomada de decisão e comunicação bidirecional.
Posicionador – Funcionamento
Fonte: SMAR
Posicionador – outras funções
Possibilitar o uso de pistão de ação dupla (sem molas)
Vencer o atrito entre as gaxetas e a haste
Possibilitar o controle tipo “split range”
Reduzir o tempo morto e histerese
Modificar a característica de vazão
Amplificar o sinal pneumático para o atuador
Indicação remota da posição de haste (digital)
Diagnósticos da válvula de controle (digital)
151
Com exceção das duas últimas funções todas as demais funções também são atendidas
pelos posicionadores pneumáticos e eletrônicos analógicos.
152
Posicionador – especificação
Muitos adquirem um posicionador de última geração com base apenas em propaganda!
É uma decisão que pode significar a perda de recursos valiosos sem proveito. Se for
usar o posicionador apenas na função original, ou seja, para receber “ordens” do
controlador, é recomendável comprar um modelo mais simples...e mais barato!
Folha de Dados
A Folha de Dados padrão ISA S20.50, 1981, dedica apenas sete linhas para
especificar um posicionador (eletro) pneumático. Este espaço não é suficiente
para uma especificação adequada do posicionador.
A Folha de Dados padrão IEC 60534-7 dedica dez linhas para especificar o
posicionador digital. Mesmo assim, os itens previstos são insuficientes para
permitir uma especificação completa. Destaque para as conexões elétricas e
pneumáticas, comunicação digital (HART, FF e Profibus, tipo de atuador e
característica.
Se o usuário for usar as diversas funções do posicionador digital os espaços
previstos nas Folhas de Dados da ISA e IEC são insuficientes.
A especificação completa do posicionador digital requer algumas dezenas de
itens e deve ocupar no mínimo uma folha anexa completa.
153
A Folha de Dados constante na norma IEC 60534-7, 2011 é mais atual que a Folha de
Dados padrão ISA S20.50 porem o espaço também é insuficiente para uma
especificação completa do posicionador digital*.
Folha de Dados IEC 60534-7 (Folha de Dados obtida no Catalogo Parcol Handbook for
Control Valve Sizing, Figure 1)
154
Especificação do hardware
Lembramos que a elaboração da folha de dados tem como objetivo inicial subsidiar os
fornecedores com informações suficientes para elaborar uma proposta técnica e
comercial. Uma especificação completa facilita o trabalho do fornecedor e também
agiliza a elaboração do parecer técnico.
Os primeiros itens a serem informados ao fornecedor são:
Tipo de corpo e de atuador – globo, diafragma
Tipo de posicionador – digital, eletropneumático
Em seguida devem ser relacionados os itens de especificação do hardware.
Conexão pneumática: ¼ NPT; conexão elétrica: ½ NPT
Montagem do posicionador: lateral, NAMUR, remota. Este item deve ser definido
em conjunto com a equipe de manutenção e deve levar em consideração itens
como por exemplo o excesso de vibração, excesso de temperatura e dificuldade
de acesso á válvula de controle.
Acoplamento da haste: mecânico, magnético (Efeito Hall). A opção recomendada
é conexão tipo magnética. Principal vantagem: elimina o efeito da vibração sobre
o link. O excesso de vibração provoca folgas e, em alguns casos extremos, a
ruptura do link. As folgas no conjunto haste/link/posicionador causam o aumento
do tempo morto. A ruptura do link provoca a perda completa do controle.
Entradas/saídas/comunicação: 4 a 20 mA, HART, Fieldbus,
Limites da temperatura ambiente: -40 a 85 graus C. Item importante
principalmente quando a válvula de controle é instalada próxima a equipamentos
que geram calor.
Pressão de suprimento: 1.4 a 8.3 barg. Pressão mínima de suprimento de ar deve
ser garantida pelo usuário no ponto de instalação da válvula de controle. O
fabricante deve informar a pressão de suprimento máxima suportado pelo
posicionador e atuador.
Qualidade do ar: conforme norma ISA 7.0.01. Qualidade do ar: a qualidade do ar
é uma exigência do fabricante para o usuário. Indicar as normas ISA ou ISO. A
ISO usa o critério de Classes. O fabricante informa no catalogo ao usuário os
parâmetros de qualidade do ar necessários para que o seu posicionador funcione
corretamente. Propomos o contrário: o usuário define na especificação a
qualidade do ar de instrumento existente na sua instalação industrial. O fabricante
decide se pode atender...ou não!
Fluidos de suprimento: ar, gás natural. O posicionador deve ter uma certificação
especifica quando o fluido de suprimento for gás natural.
Classe de proteção: IP66, NEMA 4X
Certificações: INMETRO, IEC, FM, ATEX, ... No Brasil é obrigatório o uso de
posicionadores com a certificação Inmetro.
Opcionais: manômetros, filtro/regulador, .... Verificar outras opções junto aos
fabricantes. O filtro/regulador é um opcional “obrigatório”. Ver o capitulo opcionais
para uma descrição completa.
Recomendamos incluir manômetros para a indicação da pressão de suprimento
de ar e da pressão do posicionador para o atuador).
155
156
Especificação do software
Considerações sobre a especificação do software para os posicionadores
• Nenhuma Folha de Dados existente no mercado inclui espaço para a
especificação de itens de software!
• Não faz sentido especificar o hardware de um posicionador digital sem especificar
um software correspondente para configuração e diagnóstico.
• A especificação do software deve ser feita pela equipe de engenharia de
automação com a colaboração da equipe de manutenção. Para definir a
especificação do hardware e do software deverão ser discutidos os diversos
aspectos de aplicação pretendidos pela equipe de manutenção.
• Para a especificação dos diagnósticos também devem ser consultadas as
equipes de operação, processo, otimização e cibersegurança.
157
Especificação do software
Diagnósticos desejados (entre outros)
• Atuador
Vazamentos de ar pelo diafragma ou tubing
Falhas no O´ring do atuador tipo pistão
Quebra da mola do atuador
• Corpo
Válvula com obstrução interna
Excesso ou insuficiência de atrito (agarramento) no conjunto haste e gaxetas
Vazamento interno entre entrada e saída
Carga de assentamento (seat load) insuficiente
Tempo morto excessivo no conjunto da válvula
• Posicionador
Auto diagnóstico/desvio de calibração
Desvio de posição
Alta temperatura interna
Falha nos elastômeros
Contagem do número de ciclos
Contagem do número de reversões
158
Nota:
A ciber segurança deve ser um item a ser considerado na especificação de um
posicionador digital.
No projeto e especificação devem ser fisicamente separados o meio de comunicação do
software de diagnóstico e de monitoração do meio de comunicação das ferramentas
usadas nas configurações e no controle.
Os fabricantes devem informar de forma clara os produtos que podem atender estas
exigências.
A equipe de ciber segurança deve ser envolvida neste assunto desde a fase de projeto
básico até a seleção do equipamento, montagem e testes.
159
Cada fabricante possui um cardápio com uma lista de diagnósticos disponíveis para
cada modelo. O valor do posicionador é função do número e do tipo de diagnósticos que
é capaz de efetuar
Os fabricantes deverão ser consultados para informar sobre a capacidade de
diagnóstico dos modelos de posicionadores ofertados.
O software de diagnóstico deverá ser integrado ao sistema de gestão de ativos.
160
Sobre os fornecedores
• Todos os fornecedores possuem sua própria linha de posicionadores digitais.
• Todos os fornecedores possuem modelos com capacidades diferentes de
diagnósticos.
• Existe uma grande quantidade de funções de diagnósticos ofertadas pelos
fornecedores.
• Todos os fornecedores possuem softwares proprietários de diagnóstico e de
gestão de ativos.
• Fica muito difícil para o usuário conhecer todas as funções de diagnósticos
disponíveis nos diversos modelos ofertados por todos os fornecedores. Mesmo
que a sua lista de fornecedores seja reduzida.
Diagnósticos – vantagens:
Reduz os custos de instalação
Reduz os custos de manutenção
Aumenta o desempenho
Reduz os desvios (offsets) de processo
Aumenta a confiabilidade da planta
Reduz o tempo de treinamento
Hans Baumann, Control Valve Primer, 4ª edição, página 70
161
Diagnósticos – conclusões:
162
Especificação de Acessórios
Definição
“Acessórios são dispositivos geralmente acoplados aos atuadores para funções diversas
de controle como por exemplo posicionadores, relés, válvulas solenoides, reguladoras de
pressão, acionamento manual e chaves fim de curso”. Norma ANSI/ISA-75.05.01-2019.
Atualmente o posicionador digital é considerado um dispositivo de uso obrigatório. É,
portanto, um componente do conjunto válvula de controle, junto com o corpo, os internos
e o atuador.
Introdução
Os acessórios são incluídos na Folha de Dados para cumprir uma tarefa específica.
• Os acessórios são parte integrante da válvula de controle.
• A especificação dos acessórios exige a mesma atenção que os demais
componentes da válvula de controle.
• Acessórios especificados incorretamente podem provocar funcionamento
inadequado ou mesmo falha total da válvula de controle.
• Atenção para a classificação do involucro, certificação para instalação em área
perigosa, tensão de alimentação, acoplamento a válvula de controle,
sobressalentes, assistência técnica, documentação, ...)
• Exigir os hook ups quando necessário!
Os acessórios são dispositivos geralmente montados no atuador, que permitem a
válvula de controle exercer uma função extra. Os acessórios podem ser de fabricação
própria ou podem ser fornecidos por terceiros.
Como muitas vezes o fabricante da válvula de controle adquire os acessórios de
terceiros, a especificação deve conter orientações específicas sobre este
fornecimento incluindo, entre outros:
Fabricantes e modelos preferenciais
Classificação de área/IP/Tensão de alimentação/Pressão de ar disponível
Tipos de conexão
Materiais recomendados.
Peças sobressalentes recomendadas
Certificações
163
Na Folha de Dados ISA S20.50, foi previsto espaço para a especificação de dois
acessórios: a chave limite fim de curso, itens 74 a 78 e o filtro/regulador (Conj. Ar), linhas
79 a 2.
Outros acessórios podem ser especificados entre as linhas 44 a 52 ou em folha anexa.
Na Folha de Dados da norma IEC 60534-7 foi previsto espaço para a especificação da
chave limite fim de curso, da válvula solenoide e de “outros”, incluindo o filtro regulador,
o booster, o relé lockup, e a válvula de trip.
O espaço na Folha de Dados da Norma IEC 60534-7 também não é suficiente
para a Especificação complete dos acessórios. Mas existe uma página extra
chamada “General Requirements for Control Valves” que pode ser usada na
Especificação de itens extras.
A qualidade do ar é um item a ser considerado tanto pelo usuário como pelo fornecedor
do conjunto posicionador/filtro regulador.
O usuário deve implantar um sistema de distribuição de ar com a qualidade definida nas
normas ISA 7.1.01-1996 e ISO 8573-1.
164
Outros acessórios:
Válvula solenoide
Chave fim de curso
Booster
Válvula de lock-up
Pulmão para suprimento de emergência
Batente mecânico
...
Fonte: ATI
165
166
“Control valve selection is part science, part experience and part preference.” Artigo “The
Final Control Element: Controlling Energy Transformation”, Grasser & Gant.
Frase propositadamente deixada em inglês para melhor compreensão.
Comentários:
“A seleção de uma válvula de controle é
Parte ciência – porque depende dos dados de processo, das equações de
cálculo de vazão, da teoria e equações do cálculo do ruído. Do cálculo e
previsão da cavitação, ...
Parte experiência – item muito ligado a parte técnica. É o acumulo de
experiências positivas e negativas que formam opinião e definem
procedimentos. Experiência positiva formada por válvulas de controle que
funcionam corretamente durante anos sem causar distúrbios operacionais e sem
provocar excesso de custo de aquisição e de manutenção. Ou, ao contrário,
válvulas de controle que constantemente falham, causam paradas não
programadas, ou tem alto custo de manutenção definem uma “não preferencia”
ou são incluídas numa lista de fornecedores indesejáveis.
E parte preferência – depende dos diversos fatores que formam uma opinião
sobre um determinado fornecedor que inclui assistência técnica local,
documentação técnica disponível e de fácil consulta, disponibilidade de peças
sobressalentes, apoio técnico para solução de problemas ou de novas consultas,
outros ...
Seleção x especificação
A seleção de uma válvula de controle é uma atividade mais ampla que a
especificação.
A especificação aborda assuntos técnicos. É em essência o
preenchimento da Folha de Dados quando definimos o tipo de corpo, os
internos, os materiais, o tipo de atuador, posicionador, ...
A seleção, além dos assuntos técnicos, deve considerar outras questões
como por exemplo opções de fornecimento, regulamentação ambiental,
custos de manutenção, padronização, prazo de entrega, verba disponível,
parcerias, tradição...
167
Além dos fatores técnicos outros fatores podem ser decisivos na seleção técnica e
comercial de uma válvula de controle. Entre estes podemos citar:
Atmosfera corrosiva
Limites de ruído
Clima (umidade, temperatura)
Regulamentação ambiental
Restrições de orçamento
(custo de aquisição)
Custo de propriedade
Expectativa de vida da planta
Espaço para instalação e
remoção
Período de campanha
Prazo de entrega
Dimensões e peso
Fonte: Fisher
Notas:
Estes itens não constam das folhas de dados.
Como eliminar/reduzir os efeitos destes fatores?
168
Fonte: Flowserve
169
Para cada condição de vazão informada o fabricante deverá determinar o valor do CV. No
exemplo acima serão, portanto, calculados os valores de CV em três condições de
processo. Para efetuar estes cálculos os fabricantes usam softwares proprietários, onde
estão incluídas as equações descritas nas normas ISA e IEC que veremos a seguir. Nestes
softwares os fabricantes também incluem os tipos, modelos, dimensões e características
construtivas das válvulas de controle das suas respectivas linhas de produtos. Este assunto
será visto detalhadamente no capitulo “Dimensionamento por Software”.
O coeficiente de vazão
O coeficiente de vazão é, provavelmente, o conceito mais importante para o
dimensionamento da válvula de controle.
Como vimos acima quando usamos o termo “calcular a válvula de controle” estamos nos
referindo ao cálculo do coeficiente de vazão para as diversas condições operacionais
informadas. Conhecer o significado do coeficiente de vazão é assunto básico para entender
sobre dimensionamento de válvula de controle.
A Norma IEC 60534-1 define genericamente o coeficiente de vazão (C) como sendo o
coeficiente básico usado para definir a capacidade de vazão de uma válvula de controle
sob condições especificas.
C - é o coeficiente básico usado para definir a capacidade de vazão de uma válvula de
controle sob condições especificas.
Coeficientes de vazão reconhecidos pelo IEC: CV e KV
Os coeficientes de vazão reconhecidos pela norma IEC 60534-1 são o C, o CV e o KV.
Por definição CV é o número de galões (US) de água entre 40ºF e 100ºF, que flui através
da válvula em 1 minuto, com um diferencial de pressão de 1 psi, numa determinada
abertura.
Volume: galão (US)
Temperatura: graus Fahrenheit
Tempo: minuto
Diferencial de pressão: 1 psid
Por definição KV é o número de m3 de agua entre 5ºC e 40ºC, que flui através da válvula
em 1 hora, com um diferencial de pressão de 1 bar, numa determinada abertura.
Volume: m3
Temperatura: graus Kelvin ou graus Celsius
Tempo: 1 hora
Diferencial de pressão: 1 bar
170
Notas:
O coeficiente de vazão é um conceito diretamente ligado ao conceito de
capacidade de vazão da válvula de controle.
O coeficiente CV é usado em válvulas de controle fabricadas nos Estados Unidos
e Inglaterra.
O coeficiente KV é usado em válvulas de controle fabricadas na Europa.
Observar que a definição do CV e do KV é referido a válvula de controle numa
determinada abertura.
O coeficiente de vazão AV praticamente não é usado.
171
Onde:
C é o coeficiente de vazão, Q é a vazão volumétrica, N1 é uma constante numérica, Fp é
o fator de geometria da tubulação, dP o diferencial de pressão entre a entrada e a saída
da válvula de controle e , densidade relativa (1.0 para agua a 15 graus C).
Capítulo 7. Equações para o dimensionamento de fluidos compressíveis.
Este capítulo apresenta equações para o dimensionamento de fluidos turbulentos e
fluidos não turbulentos ou laminares.
A equação abaixo, para fluidos turbulentos não saturados, é um exemplo de cálculo do
coeficiente C e apresenta a relação entre a vazão, os coeficientes de vazão, fatores de
instalação e condições de processo.
Onde:
C é o coeficiente de vazão, Q é a vazão volumétrica, N7 é uma constante numérica, Fp é
o fator de geometria da tubulação P1 é a pressão estática absoluta, Y é o fator de
expansão, Gg é a densidade específica do gás, T1 é a temperatura de entrada absoluta,
Z o fator de compressibilidade e x o quociente entre a pressão diferencial sP e a pressão
de entrada absoluta.
Capitulo 8. Determinação dos fatores de correção.
O capitulo 8 define os seguintes fatores de correção, incluídos nas diversas equações
aplicadas para o cálculo do CV.
Fp: fator de correção da geometria da tubulação. É a relação entre a vazão através da
válvula com os redutores e a vazão através da válvula sem os redutores.
FR: fator do número de Reynolds.
FL: fator de recuperação de pressão dos líquidos.
FF: fator do quociente da pressão crítica dos líquidos críticos.
Y: fator de expansão e representa a variação na densidade quando o fluido passa da
entrada da válvula para a vena contracta.
XT: Fator do quociente da pressão diferencial. Este fator representa o valor de dP/P1 a
partir do qual não é mais possível qualquer aumento na vazão. O XT é determinado pelo
fabricante através de testes em laboratório de vazão utilizando como fluido o ar.
172
173
Notas importantes:
Noventa e nove em cada cem vezes, a válvula estará superdimensionada para a
aplicação”. O um por cento restante está subdimensionada devido a um erro na casa
decimal durante o cálculo do CV”. Hans Baumann, Control Valve Primer, 4ª Edição,
página 2.
“O superdimensionamento é o resultado de informações imprecisas e de acréscimos
sucessivos de “margens de segurança”. Steve Hagen, Emerson Process
Consequências:
Instabilidade de controle.
Desgaste dos internos por velocidade excessiva do fluido.
A característica de vazão pode não ser alcançada provocando problemas na
sintonia.
174
Uma válvula de controle com mesmo diâmetro, classe de pressão e curva característica
de vazão pode ter diversos diâmetros internos. Para cada diâmetro interno existe um e
somente um rated Cv. A oferta de diâmetros internos é maior nas válvulas tipo globo.
Existem fabricantes que ofertam até oito diâmetros interno para o mesmo diâmetro de
corpo/classe de pressão/curva característica. Dá mais flexibilidade para selecionar os
limites de abertura.
175
Consequências do superdimensionamento:
Instabilidade de controle.
Desgaste dos internos por velocidade excessiva do fluido.
A característica de vazão pode não ser alcançada provocando problemas na
sintonia.
Consequências do subdimensionamento:
Limitação da vazão, ou seja, limitação na capacidade de produção.
176
Dimensionamento do Atuador
Introdução
“A seleção do atuador é geralmente uma tarefa deixada para o fornecedor”.
Lembrar que o fornecedor selecionado foi o que apresentou o menor preço...”
Hans Baumann, Control Valve Primer, 4ª Edição, Capitulo 10, página 73.
Atenção:
Não existe Norma regulamentando o dimensionamento e a seleção de atuadores!
Cada fabricante tem seu próprio projeto e método de cálculo do atuador.
Um atuador subdimensionado:
Provocará instabilidade no controle de processo
Não atenderá a classe de vazamento desejada
Terá uma velocidade de resposta mais lenta
Observação importante: muitas vezes, perante uma malha de controle em oscilação
podemos ser incorretamente levados a culpar a sintonia da malha ou o agarramento.
Mas o verdadeiro motivo pode ser um atuador subdimensionado.
Um atuador superdimensionado:
Tem maior custo
Tem maior peso
177
2. Castelo
3. Internos
4. Processo
Fonte: Fisher
Fonte: Masoneilan
178
Fonte: Fisher
4. Processo: itens considerados no cálculo do atuador
Pressão diferencial máxima
Pressão
Temperatura
Ação de falha segura
179
Cálculo manual
Para um exemplo completo de cálculo consultar as normas:
IEC 60534-2-1, 2011, 2nd edition, Sizing equations for fluid flow under installed
conditions
ANSI/ISA-75.01.01-2007, Flow Equations for Sizing Control Valves
Nos anexos destas normas podem ser encontrados exemplos de cálculos para líquidos e
gases.
Cálculo por software
Além do cálculo do Cv os softwares disponíveis no mercado também calculam outros
parâmetros como por exemplo:
O ruído*
A velocidade de saída do fluido*
Os percentuais de abertura da válvula*
O tamanho do atuador
A velocidade de atuação
*Nas condições operacionais informadas.
Notas:
Alguns destes softwares são disponibilizados para download gratuito via internet.
Outros, dependem de requisição direta ao fabricante ou seus representantes.
180
181
Introdução
Válvula on-off tipo esfera
Este capítulo foi escrito porque a especificação das válvulas automáticas on off está
incluída entre as atribuições do profissional de automação.
Este apêndice ao curso é fruto de uma frase infeliz – “a válvula on off é o primo pobre da
válvula de controle”.
Muitos anos atrás, durante entrevista de trabalho para o cargo de Gerente de Vendas fui
perguntado se conhecia as válvulas automáticas on off. Minha resposta foi “é claro”. A
válvula on off é a prima pobre da válvula de controle. A válvula on off tem uma função
simples, abre ou fecha no início de operação e abre ou fecha no final. Permanece aberta
ou fechada durante toda a campanha e só atua em emergência. A válvula de controle
funciona dia e noite em posições intermediarias. E arrematei, quem conhece válvulas de
controle conhece as válvulas on off”. Não sabia eu que estava pronunciando uma das
frases mais infelizes da minha vida. Pouco tempo depois, ao iniciar minha jornada como
gerente de vendas descobri que, mesmo tendo quase trinta anos de experiência com
válvulas de controle, nada ou quase nada sabia sobre as válvulas automáticas on off.
Minha primeira providência foi tentar comprar livros sobre o assunto. Descobri então que
a literatura sobre válvulas on off é muito restrita.
A principal fonte de informação usada neste capítulo foi obtida nos catálogos dos
fornecedores e nas conversas com especialistas nas fabricas que tive oportunidade de
visitar.
182
Programa
Este conteúdo foi elaborado com o objetivo de apresentar uma introdução a
especificação do corpo das válvulas esferas para aplicação on-off.
Introdução
Comparação – válvulas on off x controle
Tipos de válvulas esferas para aplicação on off
Corpo – características de construção
Opções especiais
Normas para testes
Especificação
Introdução
Principais famílias de válvulas aplicadas ao serviço on off:
Borboleta
Gaveta
Globo
Macho
Esfera
Neste capítulo vamos apresentar apenas informações sobre as válvulas esferas para
aplicação on off.
183
A tabela abaixo foi desenvolvida para mostrar as principais diferenças entre as válvulas
on off e as válvulas de controle.
Observar que existem muitas e significantes diferenças de funcionamento e de
construção entre estes dois modelos de válvulas.
184
No caso das válvulas esferas algumas destas características não são disponíveis.
Exemplos:
- Não reter fluido nas cavidades
- Baixo torque
Especificação do corpo:
• Parte 1: características construtivas
• Parte 2: características de funcionamento
185
Fonte: VTI
Características construtivas – número de partes:
Corpo inteiriço com tampa aparafusada
(monobloco).
Referência: Norma ABNT NBR 15827, Anexo C,
item C.1.3
Fonte: Xomox
186
Fonte: Xomox
Corpo com três partes aparafusadas
Norma ABNT NBR 15827, Anexo C, item C.1.3
Fonte: Xomox
Tipo Flutuante
Tipo de montagem interna cuja a esfera é suportada
pelas sedes, com bloqueio na sede a jusante do
sentido de fluxo (Norma N-2247).
Aplicação: Usadas em minero dutos, unidades de
coque ou em fluidos contendo resíduos de
catalisadores.
Recomendada quando existe a presença de grande
quantidade de sólidos na corrente.
Fonte: Array
187
Tipo Trunnion
Tipo de montagem interna cuja esfera é suportada por eixos (Norma Petrobras N-2247).
A esfera é retida na posição pela haste e pelo trunnion.
A vedação é garantida pela pressão exercida pelas sedes contra a esfera. As sedes são
pressionadas por molas contra a esfera.
Vantagens da trunnion:
Facilidade de
acionamento
Torque menor
(atuador menor)
Menor desgaste da
sede
Vantagem da flutuante:
Custo Fontes: Velan Array
Desvantagens da trunnion:
Não recomendada para fluidos com sólidos em suspensão.
Desvantagem da flutuante:
Torque alto
188
189
190
191
Em 1941 a Twin Seal (Cameron) lançou uma válvula revolucionaria que garante o duplo
isolamento num mesmo corpo com duas sedes. No caso o corpo de uma válvula tipo
macho. No corpo da válvula foi adaptado um dreno entre as duas
sedes.
Esta técnica também foi adaptada nas válvulas tipo gaveta e
válvulas tipo esfera.
192
Fonte: Cameron
Posição fechada: parte do fluido fica nas cavidades do corpo. Quando a temperatura
sobe, a pressão do fluido aumenta na área Pb.
Para evitar excesso de pressão a característica SPE permite que o fluido seja aliviado
para a tubulação (Pd).
Fonte: Pibiviesse
Alguns fluidos como o GNL podem aumentar o volume em até 600 vezes em função do
aumento da temperatura.
Efeito de pistão simples – resumo
A característica do efeito de pistão simples (SPE) está relacionada com aspectos
de segurança.
As válvulas com montagem trunnion devem ser do tipo efeito de pistão simples
(SPE) exceto quando especificado em contrário (Norma ABNT NBR 15827,
C.1.7.1).
193
Nas válvulas Trunnion do tipo (double piston effect), deve ser prevista a instalação de
dispositivo de alívio de pressão automático. (ABNT NBR 15827, C.1.7.2)
Fonte: Ponsi
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Observações:
Independente do diâmetro todas as válvulas com sede resiliente exigem
vazamento zero durante o tempo de teste.
Entre as válvulas com sede metálica apenas as válvulas com diâmetro inferior a 2
polegadas exigem o vazamento zero durante o tempo de teste.
Os diâmetros acima de 2 polegadas admitem vazamento, proporcional ao
diâmetro dos corpos.
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Fonte: Velan
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Introdução
As Folhas de Dados para válvulas on off utilizadas no Brasil segue um padrão
tradicional adaptado das antigas Folhas de Dados das válvulas de controle.
Para a especificação das válvulas on off deve ser utilizada uma folha de dados
especifica.
Folha de Dados Adaptada – exemplo
Observar que esta Folha de Dados foi adaptada da Folha de Dados usada para
especificar válvulas de controle. Exemplos: classe de vazamento, características (de
vazão).
200
Observar nesta Folha de Dados a inclusão de itens específicos usados para especificar
válvulas on off. Exemplos:
Montagem: trunnion, esfera flutuante, double piston effect, self-relieving (single piston
effect)
Passagem: plena, reduzida, thru conduit
Construção: partes aparafusadas, soldadas, top entry
Teste: API 6D
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A) Livros
B) Revistas
Valve Magazine (www.valvemagazine.com)
Valve World (www.valve-world.net)
Intech (www.isa.org)
Controle & Instrumentação (www.controleinstrumentação.com.br)
Control (www.controlglobal.com)
Control Engineering (www.controleng.com)
Chemical Engineering (www.chemengonline.com)
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206
Dimensionamento
IEC 60534-2-1-2011, Sizing Equations for fluid flow under installed conditions
ANSI/ISA-S75.01.01, Flow Equations for Sizing Control Valves
IEC 50534-2-3-2015, Flow capacity - Test procedures
ANSI/ISA‐75.02.01‐2008, Control Valve Capacity Test Procedures
Especificação
ISA-20-1981, Specification Forms for Process Measurement and Control
Instruments, Primary Elements, and Control Valves
IEC 60534-7-2010, Control valve data sheet
ISA-TR20.00.01-2007, Specification Forms for Process Measurement and
Control Instruments, Part 1: General Considerations
Simbologia e Terminologia
ISA-S75.05.01-2000 (R2005), Control Valve Terminology
IEC 60534-1-2005, Control valve terminology and general considerations
ANSI/ISA-5.1-2009, Instrumentation Symbols and Identification
ANSI/ISA-75.05.01-2019, Control Valve Terminology
Testes
IEC 60534-4, Inspection and routine testing
ANSI/ISA-75.19.01, Hydrostatic Testing of Control Valves
ANSI/ISA-75.26.01-2006, Control Valve Diagnostic Data Acquisition and
Reporting
ANSI/FCI 70-2-2021, Control Valve Seat Leakage
ANSI/ISA-75.25.02-2000, Control Valve Response Measurement from Step
Inputs
ISA-75.25.01-2000 (R2009), Test Procedure for Control Valve Response
Measurement from Step Inputs
ASME B16.34, Valve Valves – Flanged, Threaded and Welding End
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Fabricação
Cálculo do Ruído
IEC 60534-8-3-2010, Control valve aerodynamic noise prediction method
IEC60534-8-4-2015, Prediction of noise generated by hydrodynamic flow
Emissões Fugitivas
ISO 15848-1, 1st Edition, 2006, Industrial Valves – Measurement, test and
qualification procedures for fugitive emissions
FCI 91-1 2010 Edition, 2010, Standard for Qualification of Control Valve Stem
Seals
Qualidade do Ar de Instrumentação
ANSI/ISA-7.0.01-1996, Quality Standard for Instrument Air
ISO 8573-1-2010, Compressed air – Part 1: Contaminants and purity classes
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