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RESENHA CRÍTICA

Texto: MELE, J. L. [et al]. “Lei de Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA
e a Autonomia do Direito Ambiental Brasileiro”

Por Allana Rebouças

O artigo apresenta a Lei nº 6938/1982, mais conhecida como PNMA –


Política Nacional de Meio Ambiente, destacando os seus principais avanços e
sobretudo a sua importância para a consolidação da autonomia do direito
ambiental no Brasil.

Anteriormente à PNMA, as legislações que tratavam sobre o tema no


Brasil, ainda que inovadoras, eram esparsas, tinham caráter mais regulatório
do uso dos recursos naturais do que protetivo do meio ambiente como um todo.

Ainda sob a égide da Constituição de 1967, a PNMA surge como um


resultado da pressão internacional decorrente de reiteradas agressões ao meio
ambiente, bem como da Carta de Estocolmo de 1972. O meio ambiente
passou, então, a ser encarado e tutelado como um todo e ganhou definição no
artigo 3º da referida lei. Mais do que apenas o caráter regulatório, a PNMA
adquiriu caráter protecionista.

A PNMA também tem o mérito de ser a primeira vez em que uma


legislação de meio ambiente tratou do tema da dignidade humana, tendo em
vista a necessidade de preservação para as gerações futuras. No entanto, os
autores não comentam o fato de tal legislação se apresentar pela ótica
antropocentrista, quando mais adequado seria a proteção da vida em si, não
apenas para servir ao utilitarismo humano.

Apesar da Lei nº 6938/1982 introduzir os princípios do usuário pagador e


do poluidor pagador, pouco se efetivou na prática. Os autores também não
abordam a implementação ambiental no Brasil, deixando a desejar no que
concerne a crítica a uma legislação para “inglês ver”, uma vez que o
desenvolvimentismo econômico somente elevou a degradação ao meio
ambiente.

A PNMA sistematizou o estudo do direito ambiental, possibilitando a


submissão dos conflitos ao Judiciário, bem como a identificação das fontes e
do método próprio do ramo ambiental do direito no Brasil.

O SISNAMA e o CONAMA são as primeiras iniciativas de


implementação ambiental no Brasil, ainda que com uma tímida participação. O
SISNAMA é um conjunto articulado de órgãos, entidades, regras e práticas da
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios, dos Municípios, na
definição de José Afonso da Silva, e apesar de ser uma estrutura político-
administrativa, não possui personalidade jurídica, o que limita a sua autonomia.
O CONAMA é o seu órgão deliberativo e consultivo, sem autonomia para
inovar no ordenamento jurídico, de acordo com entendimento doutrinário.

Em conclusão, apesar dos avanços introduzidos pela PNMA e do seu


mérito em conferir autonomia ao direito ambiental, muito ainda precisa ser feito
para que se ultrapasse o nível da regulação para a sua efetiva implementação.

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