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1) O IDEAL DE AUTOGOVERNO
Defensores do JR e da crítica majoritária discordam fundamentalmente quanto
às qualidades definidoras de uma democracia. Para estes, a satisfação das
pretensões da maioria é condição necessária e suficiente da democracia.
Aqueles, por sua vez, defendem uma concepção diferente, chamada de
“concepção constitucional”, segundo a qual a qualidade definidora de uma
democracia não é a fidelidade incondicional às preferências da maioria, mas
sim a participação conjunta e igualitária dos cidadãos no processo de
autogoverno. Segundo essa visão, a democracia é realizada quando cada um
dos membros da sociedade possui garantido o direito de participar, em termos
iguais, no processo de autogoverno. A democracia, ainda de acordo com a
essa visão, é uma forma atrativa de governo porque possibilita uma forma de
vida na qual se pode dizer genuinamente que as pessoas governam a si
mesmas. Só podemos dizer genuinamente que as pessoas participam como
iguais no processo de autogoverno quando os interesses de cada um são
tratados com igual consideração e respeito. A satisfação dessa condição
requer que o Estado limite a influência de certos tipos de preferências no
processo de escolha social. Particularmente, preferências inconsistentes com o
compromisso democrático fundamental com a igualdade política jamais devem
exercer uma influência decisiva sobre as decisões coletivas. Essa exigência
expressa uma condição constitutiva que define a relação adequada entre
preferências e tomada de decisão democrática. Direitos constitucionais são
projetados para implementar essa exigência, filtrando os resultados das
escolhas sociais e garantindo o exercício legítimo do poder político, o qual deve
demonstrar igual consideração e respeito por cada cidadão. Portanto, quando
os tribunais aplicam os direitos constitucionais, eles cumprem uma função
essencial para assegurar as condições necessárias de um autogoverno
democrático.
2) FILTRANDO PREFERÊNCIAS