Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Angela Freire2
O enfoque sócio-histórico da psicologia à teoria desenvolvida por Vygotsky tem como base a
construção sócio-histórica ou histórica-cultural da mente. A sua preocupação centrava-se na questão
de como os fatores sociais e culturais influenciavam o desenvolvimento intelectual, ou seja, a
aquisição de conhecimentos pela interação do sujeito como o meio. O núcleo central de sua teoria
trata de como os indivíduos, interagindo com agentes sociais mais instruídos (professores/as,
colegas), constroem e internalizam o conhecimento.
HOMEM HOMEM
SER BIOLÓGICO SER HUMANO
Nasce com as funções elemen- CULTURA Adquire funções psicológicas
tares: reflexo, atenção invo- INTERAÇÃO SOCIAL superiores: consciência, planeja-
luntária... (SIGNO / mento, armazenamento, capaci-
LINGUAGEM) dade de resolver problemas e a
formação de conceitos. Desen-
volve-se mentalmente
APRENDIZAGEM DESENVOLVIMENTO
A APRENDIZAGEM RESULTA EM DESENVOLVIMENTO
O ser humano constitui-se enquanto tal na sua relação com o outro; estas relações são
mediadas por sistemas simbólicos. O/a homem/mulher transforma-se de biológico em sócio-
histórico, num processo em que a cultura é parte essencial da natureza humana.
1
Na concepção vygotskyana, todo homem se constitui ser humano pelas relações que estabelece com
os outros sujeitos. O sujeito não é apenas ativo, mas interativo, porque forma conhecimentos e se
constitui a partir de relações intra e interpessoais. Trata-se de um processo que caminha do plano
social (relações interpessoais) para o plano individual (relações intrapessoais). Em outras palavras, é
na troca com outros sujeitos e consigo próprio que se vão internalizando conhecimentos, papéis e
funções sociais, o que permite a formação de conhecimentos e da própria consciência.
2
A ZONA DE DESENVOLVIMENTO POTENCIAL é a capacidade que o indivíduo tem para
desempenhar tarefas e atividades com ajuda de adultos ou colegas mais experientes. Constitui-se
por aspectos do desenvolvimento que, num determinado momento, estão em processo de
realização. É manifestado, na escola, quando o/a aluno/a não consegue fazer a atividade
sozinho/a, podendo resolvê-las com a intervenção do/a professor/a ou de um/a colega.
ZONA DE DESENVOLVIMENTO
PROXIMAL
É a distância entre a Zona de Desenvolvimento
Real e a Zona de Desenvolvimento Potencial.
É determinado por aquilo que está próximo mais
ainda não foi atingido.
A aprendizagem interage com o desenvol-
vimento, produzindo abertura nas zonas de
desenvolvimento proximal, potencialidades para
aprender.
3
A INTELIGÊNCIA: é habilidade para aprender. Vygotsky despreza as teorias que concebem a
inteligência como resultante de aprendizagens prévias, já realizadas.
O CONHECIMENTO: dá-se por meio da interação mediada por várias relações, ou seja, o
conhecimento não está sendo visto como uma ação do sujeito sobre a realidade, assim como no
construtivismo e sim, pela mediação feita por outros sujeitos. O outro social pode apresentar-se por
meio de objetos, da organização do ambiente, do mundo cultural que rodeia o indivíduo.
O ERRO: faz parte do processo de aprendizado, mas o/a professor/a deve apontá-lo sempre para
que a criança o corrija. Não se pode esperar que o/a aluno/a descubra sozinho/a que errou.
O ENSINO: é uma intervenção intencional nos processos intelectuais, sociais e afetivos do/a
aluno/a, buscando sua relação consciente e ativa com os objetos de conhecimento. O objetivo maior
do ensino é a construção do conhecimento por eles/as, de modo que todas as ações devem estar
voltadas para sua eficácia do ponto de vista dos resultados no conhecimento e desenvolvimento do
mesmo.
O PAPEL DO/A PROFESSOR/A é provocar avanços nos/as alunos/as e isso se torna possível com
sua interferência na zona proximal. Ao observá-la, ele/a deve orientar o aprendizado no sentido de
adiantar o desenvolvimento potencial de uma criança, tornando-o real. Ele será um/a interventor/a,
mediador/a e provocador/a de situações que levem as crianças a aprenderem a aprender. O/a
professor/a mediador/a é quem ajuda a criança concretizar um desenvolvimento que ela ainda não
atinge sozinha.
MEDIADOR/A: é quem ajuda a criança concretizar um desenvolvimento que ela ainda não atinge
sozinha. Na escola, o/a professor/a e os/as colegas mais experientes são os principais mediadores/as.
O/A ALUNO/A: não é tão somente o sujeito da aprendizagem, mas, aquele que aprende junto ao
outro o que o seu grupo social produz, tal como: valores, linguagem e o próprio conhecimento.
4
Na ATIVIDADE DE LINGUAGEM: se a linguagem é o principal instrumento de intermediação do
conhecimento e corresponde ao desenvolvimento de uma linguagem interna, as atividades de fala,
escrita e leitura ganham a maior importância. Os/as professores/as buscam então diversificar
técnicas que enfatizem essas ações. Uma delas são os textos sugeridos, em que eles/as desafiam o/a
aluno/a a escrever a partir de diferentes modelos. Pela análise das características estruturais um
texto, as crianças devem criar suas histórias seguindo aquele padrão. Mas os textos livres também
são estimulados. Outra atividade é a roda da leitura, em que as crianças debatem suas
interpretações. Uma das estratégias é o conto e reconto, em que elas ouvem uma história e devem
recontá-la do seu ponto de vista.
REFERENCIAS
REGO, Teresa Cristina. Vygotsky: uma Perspectiva Histórico-cultural da Educação. Petrópolis,
Rio de Janeiro: Vozes, 1995.
VIGOTSKY, L. S. A formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.
NOTAS
1
O texto aborda alguns conceitos da Teoria Sociointeracionista de Lev Vygotsky, que é um dos referencias que dão
sustentação teórica ao CEB. Tem a finalidade de subsidiar o saber-fazer pedagógico do/a professor/a para que ele/a
possa promover ações educativas reais e significativas, à luz dos constructos teóricos.
2
Texto elaborado e sistematizado por Angela Freire, Pedagoga graduada pela UCSAL, Psicopedagoga (UFBA) e
Coordenadora Pedagógica lotada na Coordenação de Ensino e Apoio Pedagógico (CENAP) / Núcleo de Tecnologia
Educacional (NET-17), na Fábrica do Saber.