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Referente ao questionamento 10 ohm.

Acontece que até a versão de 1977 da norma, essa era uma obrigação. Em 1993, passou a ser apenas uma
recomendação e continuou sendo válida até a revisão de 2015 da norma, quando o comitê da ABNT optou por
remover esse conceito, que gerou tanta dúvida e transtornos nas instalações do SPDA. A atual versão apenas
ressalta, no item 5.4.1 da parte 3, que trata justamente dos conceitos gerais da malha de aterramento, que:

“Quando se tratar da dispersão da corrente da descarga atmosférica (comportamento em alta frequência) para a
terra, o método mais importante de minimizar qualquer sobretensão potencialmente perigosa é estudar e
aprimorar a geometria e as dimensões do subsistema de aterramento. Deve-se obter a menor resistência de
aterramento possível, compatível com o arranjo do eletrodo, a topologia e a resistividade do solo no local.”

Em resumo, não somos mais obrigados a alcançar nenhum valor de resistência de aterramento, porém devemos
sempre buscar o menor valor possível, atentando-nos também ao comprimento mínimo de eletrodo nos casos de
edificações enquadradas nos níveis 1 e 2 do Gerenciamento de Risco, conforme a parte 2 da NBR-5419. Assim,
fica claro que o mais importante para o aterramento do SPDA é justamente a sua configuração, que visa
proteger seus ocupantes internos, dissipando a energia do raio para fora dos limites da edificação. Por isso,
devemos sempre utilizar elementos normalizados, como as hastes de alta camada, e seguir as exigências da
NBR 5419-3:2015.

Ou seja, o Engenheiro que elaborou o Laudo avaliou que a medida de 10ohm para o local estava em
conformidade com a norma vigente a época de quando o SPDA foi instalado. Caso por um exemplo a medição
desse fora do valor, seriam analisadas outras variáveis do Gerenciamento de risco para validar ou não o ponto
em questão.

Referente a Atualização de normas.

Se há um projeto de engenharia que foi projetado de acordo com as normas vigentes na época por profissional
habilitado é corretamente construído, é de se esperar que ele ofereça segurança correspondente. Deste modo,
cabe ao usuário analisar (e solicitar apoio técnico para isso, se necessário) e definir se aquele nível de segurança
atende a sua aplicação ou sua utilização no momento atual.
Se for necessária uma avaliação neste sentido, a análise de riscos estabelecida na parte 2 da NBR 5419:2015
indica os pontos de melhorias e adequações.
Fica o questionamento:
Imagina se a cada nova revisão de normas de concreto ou outras referentes às construção civil, para incorporar
melhorias tecnológicas, seria necessário demolir muitas edificações e reconstrui-las novamente.
Em particular, o laudo deveria atestar que o que se encontra construído está ou não de acordo com o que foi
projetado pelo responsável técnico, pois tanto na revisão de 2005 quanto na revisão de 2015 (veja bem, não são
normas diferentes).
O objetivo das inspeções é assegurar que:
a) o SPDA esteja de acordo com projeto baseado nesta norma;”

Ou seja, essa questão é muito pertinente e motivo de discussão entre os profissionais que executam SPDA. Para
o Engenheiro Responsável pelo Laudo foi adotada a premissa de que como o SPDA não foi projetado no ano da
nova norma vigente entretanto a edificação encontra-se nos parâmetros mínimos exigidos pelas normas
anteriores e gerenciamento de risco da norma atual. Com base nisso, concluiu-se que ficaria inviável fazer um
laudo cobrando todas as modificações que pede apenas na norma atual, trazendo a necessidade de uma grande
reforma e despesa para o cliente final.
Referente a validade do Laudo do SPDA

Inspeções e Laudos Periódicos

Segundo o item 7.3.1 da “NBR 5419-3:2015 Errata 1:2018” o Laudo de SPDA tem validade de 01a 03 anos.
Para a grande maioria das edificações em sites industriais o Laudo de SPDA deve ser feito a cada 03 anos,
porém existem edificações que o Laudo deve ser realizado anualmente.

As edificações em que o Laudo deve ser feito anualmente, são aquelas que se encaixam nas seguintes situações:

● Região geográfica onde a edificação está instalada e a localização da edificação no site industrial;
○ Neste caso a norma fala especificamente em relação a regiões litorâneas, visto que podem
ocorrer corrosão nos materiais construtivos do SPDA e com o tempo a deterioração desses
materiais pode levar a uma queda na eficiência e/ou capacidade do sistema em captar e escoar
a descarga atmosférica ao solo.

● Finalidade da utilização da edificação.
○ Se a edificação pertencer a “fornecedores de serviços considerados essenciais” ao público como:
energia; água; comunicação etc. Neste caso entendemos que esta situação se aplica a edificações
que, se forem atingidos por uma descarga atmosférica, possam causar a interrupção no
fornecimento dos serviços prestados, mas não limitando a tais edificações, visto que salas de
controle de operação também podem causar interrupção no fornecimento mesmo de longe dos
centros operacionais.
○ No ambiente industrial as edificações que se encaixam neste conceito são as subestações de
energia e edificações relacionadas ao tratamento e fornecimento de água e esgoto (ETA/ETE),
portanto para estas deverão ser realizados Laudos anuais.

● Tipo de material que é armazenado na edificação;
○ Neste ponto a norma não é muito clara, visto que cita apenas “estruturas contendo munição ou
explosivos” o que pode levar ao entendimento de que se trata apenas de prédios industriais de
fabricação e armazenamento de armas explosivas e/ou fogos de artifício. Porém existem
edificações de outros segmentos industriais onde os produtos armazenados podem gerar
Atmosferas Explosivas, e caso isso ocorra, para esta edificação o Laudo deve ser realizado
anualmente. O documento responsável por determinar se alguma edificação é definida como
Atmosfera Explosiva é o Estudo de Áreas Classificadas.

Portanto, a tarefa é identificar e classificar todas as edificações que se encaixam nos requisitos para a realização
do Laudo a cada 01 ano, conforme descrito acima e consequentemente todas as outras edificações, deverão
ser realizadas Inspeções e Laudos a cada 03 anos.

Inspeções e Laudos Esporádicos

Além da Inspeção e Laudo Periódico do SPDA deve-se observar que também existe anecessidade de
realização do Laudo nas seguintes ocasiões:

● Após a conclusão da instalação do SPDA;


● Quando houve alteração ou reforma no SPDA;
● Quando houver evento de descarga atmosférica.
Após a realização da Inspeção e Laudos em virtude das situações listadas acima, as
edificaçõespassam a ficar sujeitas ao Laudo Periódico, conforme citado no item anterior.

Inspeção Visual Semestral

Os Gestores de Manutenção Elétrica devem também se atentar a inspeção visual semestral, que
deverá ser realizada em todas as edificações. Na maioria das plantas industriais este trabalho é
feito internamente e comprovado através do registro fotográfico, não é necessário recolher a
ART para a inspeção semestral, porém caso seja encontrada alguma situação de risco ou não
conformidade, o plano de ação do Laudo de SPDA deverá ser atualizado incluindo o resultado
da inspeção visual semestral.

O que exatamente a norma diz?

NBR 5419-3:2015 Errata 1:2018 (item 7.3.1)

a) durante a construção da estrutura;

b) após a instalação do SPDA, no momento da emissão do documento “as built”;

c) após alterações ou reparos, ou quando houver suspeita de que a estrutura foi atingida
por umadescarga atmosférica;

d) inspeção visual semestral apontando eventuais pontos deteriorados no sistema;

e) periodicamente, realizada por profissional habilitado e capacitado a exercer esta


atividade, com emissão de documentação pertinente, em intervalos determinados, assim
relacionados:
— um ano, para estruturas contendo munição ou explosivos, ou em locais expostos à
corrosão atmosférica severa (regiões litorâneas, ambientes industriais com atmosfera
agressiva etc.), ou ainda estruturas pertencentes a fornecedores de serviços
considerados essenciais (energia, água, sinais etc.);
— três anos para as demais estruturas.

Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5419-3:2015 Errata


1:2018: Proteção contra descargas atmosféricas Parte 3: Danos físicos a estruturas e perigos
à vida. Rio de Janeiro, 2018.

Referente ao questionamento de quem fez o laudo

Conforme DECISÃO NORMATIVA Nº 070, DE 26 DE OUTUBRO DE 2001

Art. 1º As atividades de projeto, instalação e manutenção, vistoria, laudo, perícia e parecer


referentes a Sistemas de Proteção contra Descargas Atmosféricas-SPDA, deverão ser
executadas por pessoas físicas ou jurídicas devidamente registradas no CREA.
– engenheiro eletricista, de computação, mecânico/elétrico, produção (modalidade eletricista),
operação (modalidade eletricista) e civil;

Todo contrato que envolva qualquer atividade constante do art. 1º deverá ser objeto de
Anotação de Responsabilidade Técnica-ART. Deverá ser registrada uma ART para cada tipo de
pára–raios projetado e/ou fabricado. Quando as ARTs relativas às atividades de instalação
elétrica/telefônica exigirem a instalação de SPDA, esta deverá estar explícita na respectiva
ART.

Todo contrato que envolva qualquer atividade constante do art. 1º deverá ser objeto de
Anotação de Responsabilidade Técnica-ART. Deverá ser registrada uma ART para cada tipo de
pára–raios projetado e/ou fabricado. Quando as ARTs relativas às atividades de instalação
elétrica/telefônica exigirem a instalação de SPDA, esta deverá estar explícita na respectiva
ART.

Fonte: http://normativos.confea.org.br/ementas/visualiza.asp?idEmenta=624

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