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Resenha Crítica do Artigo Científico intitulado “EDUCAÇÃO EM SOLOS:

PRINCÍPIOS, TEORIA E MÉTODOS”.

Cristine Carole Muggler, Fábio de Araújo Pinto Sobrinho e Vinícius Azevedo


Machado são os autores do artigo científico “Educação Em Solos: Princípios, Teoria E
Métodos”, publicado na Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 30, n. 4, p.
733-740, 2006. O artigo apresenta em linhas gerais, a importância de uma consciência
pedológica através de uma prática educativa, tendo em vista que é por meio da educação
que se encontra instrumentos contribuintes para valores, condutas e atitudes de um
indivíduo.
Com isso, os autores trazem no resumo do artigo e no decorrer do texto, que foi
através dessa perspectiva que se desenvolveu o Programa de Educação em Solos e Meio
Ambiente (PES) junto ao Museu de Ciências da Terra do Departamento de Solos da
UFV, que atua na educação formal e informal na região de Viçosa. É visto que a base
teórico-metodológica da prática pedagógica do PES fundamenta-se no construtivismo,
na base ideológica de Paulo Freire, adotando uma abordagem holística, participativa e a
prática da pedagogia de projetos.
É apontado, que o ambiente como o conhecemos, é o resultado da abrangência
das funções dos seus vários componentes e que qualquer intervenção de sobre um deles,
irá afetá-lo como um todo. Um desses elementos é o solo, que é uma parte importante
do meio ambiente, e que de fato, sua importância é muitas vezes esquecida e/ou
subestimada. Uma das consequências dessa escassez de conhecimento, é o crescimento
contínuo de problemas ambientais relacionados à degradação do solo, como erosão,
poluição, deslizamentos, assoreamento de cursos d'água, entre outros.
Diante disso, os autores mostram que a educação pode dar uma contribuição
efetiva para esse processo, pois ela fornece um meio objetivo de articular e reafirmar
valores, comportamentos e atitudes. Desse modo, é destacado em termos de
procedimentos educacionais, a Educação Ambiental, onde nela é considerada um
conjunto de experiências e observações, que contribui na percepção do indivíduo sua
relação com o meio ambiente e a responsabilidade para com ele. A educação do solo
visa conscientizar as pessoas sobre a importância do solo na vida. Nesse processo de
educação, o solo é entendido como parte importante do meio ambiente essencial à vida,
devendo ser protegido e evitado de degradação.
Os autores salientam ainda, que os princípios da Educação Ambiental foram
consolidados na Conferência de Tbilisi, em 1977. No Brasil, os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN´s), estabelecidos em 1997, apontaram que a Educação Ambiental
formal deve ser transversal, ou seja, as questões ambientais devem transpor os
conteúdos, os objetivos e as diretrizes de ensino de todas as disciplinas, não apenas de
uma ou outra disciplina específica.
É ressaltado ainda, que tanto quanto a Educação Ambiental, a Educação em
Solos é um processo de formação, que por si só deve ser dinâmico, permanente e
participativo. Com isso, é necessário educar as pessoas envolvidas, para que se tornem
agentes de mudança, de forma a participar ativamente na busca e construção de
alternativas para reduzir o impacto sobre o meio ambiente e o controle social sobre o
uso dos recursos naturais. Além disso, a educação do solo é uma ferramenta para
conscientizar as pessoas sobre as questões de uso, ocupação e conservação do solo.
Sobre os princípios teóricos e metodológicos que orientam a Educação em
Solos, proposta e desenvolvida pelo PES, é entendido através do texto, que o
Construtivismo consiste no conceito de interatividade do conhecimento, que reconhece
que a aprendizagem é o resultado da interação entre todas as suas características
hereditárias, o meio e todas as condições sociais e culturais. Nesse caso, o educando não
é ativo nem passivo, é interativo. Por meio dessa interação entre o sujeito com o meio,
tendo a linguagem como principal vinculo, a aprendizagem ocorrerá.
Nessa perspectiva, o educador deve atuar como um papel que estimule a
curiosidade dos alunos e acione conflitos cognitivos. Os autores destacam que, na
proposta de Paulo Freire, a educação é vista como a construção e a reconstrução
permanente do sentido de uma dada realidade, proporcionando aos indivíduos a
possibilidade de agirem sobre essa realidade. Onde os educadores devem ser
responsáveis por coordenar as discussões para que as ideias, relatos e opiniões dos
educandos, se tornem o ponto de partida para a investigação e discussão detalhada, para
que possam ter uma melhor compreensão de seus próprios aspectos e desenvolver novas
perspectivas, promovendo assim a análise crítica que possibilite mudanças de
transformação dessa realidade.
No texto, é visto que, ao que se refere a Pedagogia de Projetos, se entende como
uma prática pedagógica caracterizada pela globalização e pela
inter/transdisciplinaridade. Essa prática pedagógica busca ser coerente com os conceitos
de conhecimento, ensino e aprendizagem, que é o processo de construção dos mesmos.
Dessa maneira, a Pedagogia de Projetos tem seu rumo a partir de um tema-problema
que facilite a crítica, a análise, e interpretação. Cada tema pode vir de diferentes
situações: visitas a exposições, atividades, experiências de novos recursos didáticos,
debates em sala de aula, tópicos que os alunos e/ou professores acham que são
necessários aprender, etc. Nesse tipo de prática pedagógica, o conhecimento está ligado
à atividade manual e pressupõe-se que todos os alunos possam aprender se tiverem
oportunidade de fazê-lo.
Com isso, os autores concluem este artigo enfatizando como a educação do solo
pode ser um meio eficaz de educação ambiental, pois parte dos aspectos são familiares
que possibilitam ser realizadas aprendizagens significativas. A educação do solo na
perspectiva do Construtivista-Freiriana promove o desenvolvimento de uma série de
conceitos, procedimentos e valores, que são os eixos integradores. Portanto, na
perspectiva dessa teoria, a aprendizagem é o resultado de um esforço de atribuir e
encontrar sentido para o mundo, o que envolve a construção e revisão da hipótese do
objeto de conhecimento (no caso, o solo).
O progresso da degradação do solo é eloquente e prejudica a manutenção da vida
na terra. A fim de minimizar o processo de destruição e perda de solo, é muito urgente
buscar a popularização do conceito desse recurso ambiental. Com isso, as escolas são o
lugar ideal para realizar essas atividades de despertar da consciência. Inserir a educação
do solo no contexto da educação ambiental inclusiva ajudará "todos" os alunos a
desenvolverem desde habilidades básicas e até as mais complexas.

REFERRÊNCIA:
MUGGLER, Cristine Carole; PINTO SOBRINHO, Fábio de Araújo;
MACHADO, Vinícius Azevedo. Educação em solos: princípios, teoria e métodos. Rev.
Bras. Ciênc. Solo, Viçosa, v. 30, n. 4, p. 733-740, Aug.  2006.   Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
06832006000400014&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 16 Mar.  2021. 
http://dx.doi.org/10.1590/S0100-06832006000400014.

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