Viver com ousadia não significa ser perfeito ou à prova de balas. Apesar de serem
conceitos tentadores, quando esperamos condições favoráveis para adentrar a
arena da vida, acabamos perdendo oportunidades que serão irrecuperáveis,
acabamos deixando de vivenciar as imperfeições da vida que nos permitem crescer
e nos tornarmos melhores seres humanos.
Nos dias de hoje há uma crescente patologização das pessoas como sendo
narcisistas. Segundo o senso comum, essas pessoas possuem um senso de
grandeza acima do normal, além de uma necessidade gritante de admiração e falta
de empatia. Porém ao olharmos tais pessoas pela ótica da vulnerabilidade,
enxergaremos indivíduos extremamente inseguros, sendo o medo da humilhação
uma das causas mais frequentes.
Comumente pensamos não sermos bons o bastante para tal coisa. Esse
pensamento de não suficiência acaba se propagando para as mais variadas áreas
de nossa vida. Boa parte de nossas vidas, passamos nos queixando sobre aquilo
que não temos e que gostaríamos de ter; um emprego melhor, um relacionamento,
mais amigos, mais tempo livre etc. A escassez, portanto é o problema de nunca ser
ou ter o bastante. Com isso, passamos a fazer comparações com a vida das outras
pessoas, comparamos nosso casamento, nosso trabalho, nossa família etc.
A fonte da escassez
Comparação
Vulnerabilidade é fraqueza?
Tememos que a nossa verdade não seja suficiente para o outro, por isso
escondemos nossos reais sentimentos, esperando que os outros tomem a iniciativa
de serem vulneráveis.
Nosso maior inimigo somos nós mesmos, nossa autocrítica e nossos pensamentos
limitantes.
Todos nós temos luz e trevas dentro de nós, todas as pessoas, inclusive as boas, já
foram vilãs na história de alguém.
“resiliência à vergonha”
O verdadeiro amor está atrelado a pessoas que gostam de nossas vulnerabilidades
e não a pesar delas.
Somos aquilo que escolhemos nos tornar e não consequência do que acontece.
Ser homem significa não ter permissão para sentir medo ou ficar vulnerável. Os
padrões de nossa sociedade fazem com que coloquemos nossos medos e
inseguranças dentro de caixas inacessíveis, vestindo uma armadura de homem
durão, provedor e infalível, porém quando nossa realidade ameaça nossos papéis
sociais, entramos em crises existências que apenas nós vivenciamos, por não
deixar transparecer em nenhum momento nossas fraquezas e inseguranças.
Quando estamos nos afogando, fazemos de tudo para chegar a superfície, inclusive
jogar a pessoa que está nos resgatando para o fundo. Chamamos isso de instinto
de sobrevivência, por mais o outro esteja lá para nos ajudar e que nossas chances
de sobreviver sejam maiores se cooperarmos, nosso instinto faz com que tais
ponderações fiquem em segundo plano. Partindo do exemplo acima, ao sentirmos
vergonha ou termos nossas inseguranças expostas, atacamos outras pessoas
desesperadamente com o objetivo de nos livramos desses sentimentos
desagradáveis.
O bullying nas escolas pode ser explicado por tal instinto, as crianças competem por
posições sociais, sendo que para isso diminuem as outras como forma de camuflar
suas próprias inseguranças e falhas. Os pais possuem forte influência sobre esses
comportamentos.
“Reduzir nossas opções de vida a papéis tão limitados e extremos deixa muita
pouca esperança para transformação e mudança significativa.
Cultura e estratégia são dois termos que guiam nossos planos e nossa forma de
agir. Enquanto a estratégia se refere à forma como vamos agir, delimitando os
comportamentos necessários, bem como o plano de ação. A cultura revela o que
queremos conquistar, “é a maneira como fazemos as coisas por aqui”.
A cultura de nossa sociedade é moldada em valores sociais que muitas das vezes
confronta nossas crenças pessoais. Não adianta exigirmos do outro valores de
respeito, solidariedade, empatia, educação etc, se em nossos comportamentos
diários, não incorporamos tais valores.
“Uma empresa não é a instalação física que nela opera, é rede de pessoas que nela
atua”.
Vergonha
O exercício arbitrário de vergonha pública faz com que a falta de motivação impere.
Expor colegas como forma de motivá-lo é pior erro cometido por um líder ou chefe.
Cap. 7. Criando filhos plenos: ousando ser o adulto que você quer que seus
filhos sejam
Quem somos e a maneira como nos relacionamos com o mundo, são indicadores
muito mais seguros de como os nossos filhos serão.
Precisamos ser o que queremos que nossos filhos se tornem.
A vergonha corrói a parte de nós que acredita que podemos melhorar e aperfeiçoar
nossas falhas.
A razão pela qual a maioria de nós regride aos sentimentos infantis quando passa
alguma vergonha é porque o cérebro armazena as experiências de vergonha como
traumas e, quando elas são reativadas, nós retornamos àqueles lugares.
Ser diferente ou fazer escolhas diferentes não significa estar errado ou certo,
apenas vislumbramos a vida sob uma outra perspectiva.
Reflexões finais
Viver com ousadia não tem nada a ver com ganhar ou perder, significa adentrar a
arena da vida, dando o nosso melhor, porém, as consequências disso fogem ao
nosso controle.