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A coragem de ser imperfeito – Brené Brown

Viver com ousadia não significa ser perfeito ou à prova de balas. Apesar de serem
conceitos tentadores, quando esperamos condições favoráveis para adentrar a
arena da vida, acabamos perdendo oportunidades que serão irrecuperáveis,
acabamos deixando de vivenciar as imperfeições da vida que nos permitem crescer
e nos tornarmos melhores seres humanos.

Temos a tendência a construir diferentes armaduras em nossa vida, nos protegendo


da vulnerabilidade e suas consequências em nossa vida. Estar vulnerável pode
possibilitar vivências fantásticas e experiências de vida riquíssimas, basta ousarmos
e colocarmos nossas armaduras de lado.

Cap. 1.Por dentro da cultura de não ser bom o bastante

Nos dias de hoje há uma crescente patologização das pessoas como sendo
narcisistas. Segundo o senso comum, essas pessoas possuem um senso de
grandeza acima do normal, além de uma necessidade gritante de admiração e falta
de empatia. Porém ao olharmos tais pessoas pela ótica da vulnerabilidade,
enxergaremos indivíduos extremamente inseguros, sendo o medo da humilhação
uma das causas mais frequentes.

Uma vida comum é uma vida sem sentido?

Vivemos em uma época em que as propagandas de massa nos bombardeiam


diariamente com ideias de grandeza e grandes realizações como parâmetro para
nossas vidas. O culto à celebridade passou a ser uma norma ditada desde muito
cedo, com nossas crianças. As mídias sociais fazem com que as crianças cada vez
mais se exponham à internet, buscando aceitação e fama através de postagens que
muita das vezes não reflete a realidade vivenciada. É preciso conhecermos as
causas do problema para conseguirmos lidar com o problema em si.
Cultura da escassez

Comumente pensamos não sermos bons o bastante para tal coisa. Esse
pensamento de não suficiência acaba se propagando para as mais variadas áreas
de nossa vida. Boa parte de nossas vidas, passamos nos queixando sobre aquilo
que não temos e que gostaríamos de ter; um emprego melhor, um relacionamento,
mais amigos, mais tempo livre etc. A escassez, portanto é o problema de nunca ser
ou ter o bastante. Com isso, passamos a fazer comparações com a vida das outras
pessoas, comparamos nosso casamento, nosso trabalho, nossa família etc.

A fonte da escassez

Vergonha: medo do ridículo, depreciação.

Comparação

Desmotivação: medo de correr riscos ou tentar coisas novas.

O oposto de escassez não é cultivar o excesso, mas sim a plenitude, o suficiente


para uma vida plena e saudável. É enfrentar as adversidades da vida de forma
vulnerável, sabendo que somos bons o suficiente.

Cap. 2. Derrubando os mitos da vulnerabilidade

Vulnerabilidade é fraqueza?

Muitas pessoas consideram estar vulnerável como um momento de fraqueza, porém


a vulnerabilidade é como uma espada de dois gumes, por um lado associamos
emoções sombrias como o medo, frustração, fracasso, porém por outro lado, a
vulnerabilidade está associada a experiências bastante enriquecedoras como
aceitação, amor, coragem, superação, autenticidade, empatia etc.
Sentir é estar vulnerável, amar também é estar vulnerável, pois quando amamos
alguém, não sabemos se nossos sentimentos serão retribuídos, nos deixando
emocionalmente expostos.

Enxergamos comumente nossos sentimentos como fraquezas a serem evitadas,


isso faz com que nos distanciemos das pessoas, fazendo também com que nos
relacionemos de forma engessada e pouco autêntica.

Vulnerabilidade pode também ser interpretado como autenticidade, imperfeição ser


nós mesmos.

Tememos que a nossa verdade não seja suficiente para o outro, por isso
escondemos nossos reais sentimentos, esperando que os outros tomem a iniciativa
de serem vulneráveis.

“Oração da vulnerabilidade = dei-me coragem para aparecer e deixar que me


vejam”

Crescer é aceitar a vulnerabilidade, estar vivo é estar vulnerável.

“Ser amado por nossas vulnerabilidades e não apesar delas”.

Cap. 3. – Compreendendo e combatendo a vergonha

É necessário superar a vergonha para chegar à vulnerabilidade?

A vergonha está muito relacionada à o que as pessoas irão pensar de nós.


Buscamos nos esconder, com medo das críticas e repressões que podem vir de
nossos comportamentos. Quando nossa autoestima e motivação está relacionada à
opinião das pessoas e ao que criamos e fazemos, corrermos o risco de nos
frustrarmos.

Nosso maior inimigo somos nós mesmos, nossa autocrítica e nossos pensamentos
limitantes.

É importante falar abertamente sobre a vergonha, pois o silêncio apenas empurra o


problema para fora de nossas vistas, fazendo com que ele assuma o controle.

Todos nós temos luz e trevas dentro de nós, todas as pessoas, inclusive as boas, já
foram vilãs na história de alguém.

“O que os gremlins estão dizendo”? – Pensamentos automáticos

A vergonha é uma dor real

Estudos indicam que os sofrimentos físicos e as experiências intensas de rejeição


social doem do mesmo modo. A neurociência comprova que as emoções podem
causar sofrimento e dor.

A vergonha está relacionada ao medo de criar uma conexão ou perder o vínculo


com alguém. Todos nós sentimos vergonha e todos nós temos medo de falar sobre
ela. Comumente é associada a sentimentos de culpa, humilhação.

O que fazer com a vergonha

A vergonha procede de um conceito social, acontece entre pessoas – sendo


também curada entre pessoas.

A vergonha pode eliciar/desencadear três comportamentos básicos: fuga; se


esconder; confrontar a situação. (aproximar / ir contra / se afastar)

“resiliência à vergonha”
O verdadeiro amor está atrelado a pessoas que gostam de nossas vulnerabilidades
e não a pesar delas.

Somos aquilo que escolhemos nos tornar e não consequência do que acontece.

Empatia Vs Julgamento – A empatia transmite um sentimento de que não estamos


sozinhos, já o julgamento faz com que nossa vergonha aumente.

Ser empático envolve criar espaço para a sinceridade

Alguns estudos indicam que guardar segredo de experiências traumáticas é tão


prejudicial quanto o evento em si. Uma forma de lidar com os sentimentos negativos
presentes em tais eventos é através da escrita. Escrever sobre experiências
traumáticas produz mudanças positivas em nossa saúde física e mental.

Como mulheres e homens vivenciam a vergonha

A experiência da vergonha é universal e profundamente humana, estando presente


tanto no ambiente das mulheres quanto no dos homens.

Ser homem significa não ter permissão para sentir medo ou ficar vulnerável. Os
padrões de nossa sociedade fazem com que coloquemos nossos medos e
inseguranças dentro de caixas inacessíveis, vestindo uma armadura de homem
durão, provedor e infalível, porém quando nossa realidade ameaça nossos papéis
sociais, entramos em crises existências que apenas nós vivenciamos, por não
deixar transparecer em nenhum momento nossas fraquezas e inseguranças.

Sou tão exigente com os outros quanto sou comigo mesmo

Quando estamos nos afogando, fazemos de tudo para chegar a superfície, inclusive
jogar a pessoa que está nos resgatando para o fundo. Chamamos isso de instinto
de sobrevivência, por mais o outro esteja lá para nos ajudar e que nossas chances
de sobreviver sejam maiores se cooperarmos, nosso instinto faz com que tais
ponderações fiquem em segundo plano. Partindo do exemplo acima, ao sentirmos
vergonha ou termos nossas inseguranças expostas, atacamos outras pessoas
desesperadamente com o objetivo de nos livramos desses sentimentos
desagradáveis.

O bullying nas escolas pode ser explicado por tal instinto, as crianças competem por
posições sociais, sendo que para isso diminuem as outras como forma de camuflar
suas próprias inseguranças e falhas. Os pais possuem forte influência sobre esses
comportamentos.

Cap. 4 – Arsenal contra a vulnerabilidade

Alegria como mau presságio

Comumente nossos momentos de alegria estão acompanhados do temor de que


algo ruim em breve irá acontecer. Isso constitui uma estratégia para diminuir nossas
vulnerabilidades. Ensaiamos a tragédia, levando em consideração os piores
cenários possíveis, além disso vivemos uma decepção perpétua, não conseguindo
desfrutar verdadeiramente dos momentos alegres.

O escudo do perfeccionismo – O perfeccionismo esmaga a criatividade. Não


podemos deixar o perfeito ser inimigo do bom. “é melhor o feito do que o perfeito”.
Embora o ideal seja caminhar 30 minutos todos os dias, uma caminhada de 20
minutos uma vez por semana é melhor do que nenhuma caminhada.

Quando vivemos dentro de nossas histórias e assumimos nossos verdadeiros


papéis, passamos a agir com amor próprio e dignidade.

O escudo do entorpecimento – Ao analisar comportamentos de entorpecimento,


devemos levar em consideração não apenas o comportamento em si (topografia),
mas o motivo por trás desse comportamento.
“Fomos projetados para criar vínculos; emocional, físico e espiritual”.

Para algumas pessoas os papéis desempenhados em nossas vidas se resumem a


termos binários e excludentes entre si denominados de grupos vikings ou vítimas. O
grupo das vítimas faz alusão às vítimas da vida, pessoas passivas que são
humilhadas por outras e aceitam seu destino sem lutar. Já os vikings não aceitam
vitimização, estão constantemente competindo e nunca demonstram
vulnerabilidade.

Tais padrões geralmente são estabelecidos ao longa da infância, através da


convivência e no ambiente profissional. Ambientes supercompetitivos favorecem o
desenvolvimento de pessoas com perfil viking, o que consequentemente eleva o
risco de suicídio dessas pessoas e seu grau de adoecimento.

“Reduzir nossas opções de vida a papéis tão limitados e extremos deixa muita
pouca esperança para transformação e mudança significativa.

Cap. 5. Diminuindo as lacunas de valores: trabalhando as mudanças e


fechando a fronteira da falta de motivação

Cultura e estratégia são dois termos que guiam nossos planos e nossa forma de
agir. Enquanto a estratégia se refere à forma como vamos agir, delimitando os
comportamentos necessários, bem como o plano de ação. A cultura revela o que
queremos conquistar, “é a maneira como fazemos as coisas por aqui”.

A cultura de nossa sociedade é moldada em valores sociais que muitas das vezes
confronta nossas crenças pessoais. Não adianta exigirmos do outro valores de
respeito, solidariedade, empatia, educação etc, se em nossos comportamentos
diários, não incorporamos tais valores.

“Não podemos dar às pessoas o que não temos”.

“Adentrar a arena da vida significa assumir riscos e ficar vulnerável”.


Cap. 6. Ousadia para reumanizar a educação e o trabalho

Como o padrão de escassez está afetando a maneira como lideramos e


trabalhamos?

“Líder é alguém que assume a responsabilidade de descobrir o potencial de


pessoas e situações, não se refere à quantidade de subordinados, status ou
posição social”.

Qual é a maior barreira para a criatividade e inovação? (O medo do diferente, de ser


ridicularizado, de ficar exposto e vulnerável, saindo de nossa zona de conforto).

“Uma empresa não é a instalação física que nela opera, é rede de pessoas que nela
atua”.

Vergonha

Comumente, a vergonha é utilizada como uma ferramenta para o medo, fazendo


com que nossos processos de criatividade, inovação, crescimento, produtividade e
vulnerabilidade fiquem comprometidos, pois o medo da exposição e da vergonha,
faz com que a inércia de novas experiências tome conta de nós.

Rebaixar alguém em público ou utilizar instrumentos que exponham pessoas são


formas eficazes de motivação???

O exercício arbitrário de vergonha pública faz com que a falta de motivação impere.
Expor colegas como forma de motivá-lo é pior erro cometido por um líder ou chefe.

A culpa expõe a dor e o mal-estar presente em nós, descarregamos nossa culpa no


outro como forma de nos livrarmos da mágoa, da raiva, frustração, vulnerabilidade.
Culpar alguém não é algo produtivo, pois geralmente magoamos a outra pessoa,
deixando-a envergonhada.
Aprendizagem e Feedback

O processo de aprendizagem é um processo desconfortável, pois envolve romper


com paradigmas enraizados em nossa concepção de ser. Saímos de nossas zonas
de conforto para nos expor a algo novo, isso pode acabar gerando sofrimento e
medo ante o desconhecido.

O feedback é uma ferramenta de crescimento e amadurecimento de nossas


potencialidades. Através dele podemos ter conhecimento de nossas forças e
fraquezas, possibilitando trabalhos nossos pontos fracos e manter os fortes.

A vulnerabilidade está no âmago do processo de feedback, pois ao evidenciar


nossas falhas, ficamos expostos às críticas e julgamentos dos outros, que nem
sempre serão construtivos.

Um bom processo de feedback envolve, metaforicamente, sentar no mesmo lado da


mesa, desconstruindo os muros de superioridade e hierarquia, fazendo com que
seja um processo honesto, sincero e vulnerável.

“Permita que as pessoas cometam erros”.

Cap. 7. Criando filhos plenos: ousando ser o adulto que você quer que seus
filhos sejam

“Você é o adulto que deseja que seus filhos se tornem um dia? ”

Quem somos e a maneira como nos relacionamos com o mundo, são indicadores
muito mais seguros de como os nossos filhos serão.
Precisamos ser o que queremos que nossos filhos se tornem.

A vergonha corrói a parte de nós que acredita que podemos melhorar e aperfeiçoar
nossas falhas.

A razão pela qual a maioria de nós regride aos sentimentos infantis quando passa
alguma vergonha é porque o cérebro armazena as experiências de vergonha como
traumas e, quando elas são reativadas, nós retornamos àqueles lugares.

Ser diferente ou fazer escolhas diferentes não significa estar errado ou certo,
apenas vislumbramos a vida sob uma outra perspectiva.

Ser aceito X Se encaixar

Somente quando conhecemos bem nossa escuridão, podemos nos mostrar


presentes na escuridão do outro.

A esperança constitui um processo cognitivo, é uma forma de pensar e interpretar a


vida. Podemos aprender a pensar com esperança.

Reflexões finais

Viver com ousadia não tem nada a ver com ganhar ou perder, significa adentrar a
arena da vida, dando o nosso melhor, porém, as consequências disso fogem ao
nosso controle.

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