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APOSTILA PREPARATÓRIA

PARA O EXAME DE
MESTRE-AMADOR.
OBTENÇÃO DA HABILITAÇÃO
PARA CONDUZIR
EMBARCAÇÕES NA
ATIVIDADE DE ESPORTE E
RECREIO, NOS LIMITES DA
NAVEGAÇÃO COSTEIRA.
2ª Edição – Otubro de 2016

IMPORTANTE:

Esta edição da Apostila tem como base os assuntos


relacionados no programa constante do Anexo 5-A da Norma
da Autoridade Marítima (NORMAM-03/DPC), atualizada pela
Portaria nº 250, de 16 de agosto de 2016, para o exame de
habilitação na categoria de Mestre-Amador, com o
diferencial de sintetizar o programa e a relação das
disciplinas sugeridas pela Marinha do Brasil, com foco
específico no conteúdo para a citada categoria.
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PROCESSO DE HABILITAÇÃO
Para se submeter ao exame de Mestre-Amador, o candidato deverá dirigir-se à Capitania dos
Portos, Delegacia ou Agência, portando a seguinte documentação:

1. Cópia da Carteira de Arrais-Amador (o candidato já deve ser habilitado como Arrais-Amador).


2. Cópia autenticada da Carteira de Identidade e do CPF;
3. Atestado médico, emitido há menos de 01 ano, fornecido por qualquer profissional médico
(com carimbo do CRM), que comprove bom estado psicofísico (físico, auditivo, mental e
visual), incluindo limitações caso existam. O atestado médico é dispensável para os
candidatos que apresentarem sua Carteira Nacional de Habilitação (CNH) dentro da
validade;
4. Requerimento para inscrição. Na internet, preencha seus dados e imprima o requerimento
acessando o endereço: http://www.dpc.mar.mil.br/pt-br/sisama;
5. Recibo da Taxa de Inscrição (GRU cobrança). Preencha e imprima a GRU acessando o
endereço: http://www.dpc.mar.mil.br/pt-br/emissao-de-guia-de-recolhimento; e
6. Cópia do comprovante de residência (conta de água luz ou telefone), expedido no prazo
máximo de 90 dias, em nome do interessado ou declaração de próprio punho de endereço.

EXAME DE HABILITAÇÃO
O exame para Mestre-Amador constará de uma prova escrita, constituída de 40 questões do tipo
múltipla escolha. O candidato será considerado aprovado com 50% ou mais de acertos. A duração
da prova será de 2 horas. Para a realização da prova o candidato deverá portar o protocolo de
inscrição, documento oficial de identificação, caneta esferográfica azul ou preta, material de
desenho: lápis ou lapiseira, régua, um par de esquadros ou régua de paralelas, transferidor,
compasso e borracha.

RECOMENDAÇÃO DO AUTOR
Embora a Marinha do Brasil, não exija Curso Prático para Mestre-Amador, recomenda-se que o
interessado procure uma escola náutica ou um amigo que possa lhe dar umas aulas práticas, de
forma que o candidato sinta-se seguro na hora de pilotar sua embarcação na navegação costeira.
Lembre-se: a Segurança no Mar é de imensa importância, pois o comandante ou piloto do barco é
o responsável pela vida de seus tripulantes, familiares e amigos, bem como de seu bem maior, sua
própria vida.

Capitão-Tenente (RM1-AA) Evangelista da Silva


Arte, criação, desenvolvimento e atualização.
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ÍNDICE

 Unidade 1 - Fundamentos da Navegação 01

 Unidade 2 - Cartas Náuticas 11

 Unidade 3 - Publicações de Auxílio à Navegação 23

 Unidade 4 - Instrumentos de Auxílio à Navegação 33

 Unidade 5 - Radar e GPS 45

 Unidade 6 - Noções de Funcionamento da EPIRB 61

 Unidade 7 - Noções de Estabilidade 65

 Unidade 8 - Meteorologia 73

 Unidade 9 - Navegação e Balizamento (RIPEAM) 90

 Unidade 10 - Sobrevivência no Mar 104

 Unidade 11 - Navegando com Agulhas Magnéticas 114

 Unidade 12 - Rumos e Marcações 121

 Unidade 13 - Posição no Mar 129

Carta Especial para Instrução 13006:


↘ Disponível em: http://www.portaldoamador.com.br/paginas/downloads.html
www.portaldoamador.com.br [FUNDAMENTOS DA NAVEGAÇÃO]

[Unidade 1:
Nesta unidade, você terá uma visão geral dos diferentes tipos e métodos de navegação; a forma
da Terra; pontos cardeais; conhecerá as principais linhas, pontos e planos da esfera terrestre;
aprenderá sobre o sistema de coordenadas geográficas; verá as unidades de medidas usadas na
navegação, e entenderá sobre as diferenças entre Loxodromia e Ortodromia, suas vantagens e
desvantagens.

Navegação Que navegar, alem de ciência, é uma arte, todos os bons


navegantes já sabem. Eis aqui a definição universal de
navegação: “Navegação é a ciência e a arte de conduzir uma
embarcação de um ponto a outro da superfície da Terra com
segurança”. Para tal o navegante considera informações sobre
cartografia, meteorologia, auxílios à navegação, sistemas de
posicionamento, perigos existentes e outros.

Tipos e Métodos de Basicamente, quanto à distância em que se navega da costa


ou obstáculo mais próximo, a navegação pode ser de três tipos
Navegação principais:
 Águas Restritas - também denominada Navegação
Interior é aquela que se pratica em águas consideradas
abrigadas, tais como no interior de portos, baías, canais,
rios, lagos e lagoas. É, também a navegação utilizada
próximo à costa (ou perigo mais próximo) a menos de 3
milhas náuticas de terra. É o tipo de navegação que exige
maior precisão. (Veleiro, Motonauta e Arrais-Amador).
 Costeira - é a navegação que se faz ao longo da costa,
entre portos nacionais e estrangeiros, dentro dos limites
de visibilidade da costa, à vista de terra, não excedendo a
20 milhas náuticas. Na navegação costeira a posição da
embarcação é determinada visualmente, tomando-se
por referências, pontos notáveis em terra, tais como:
pontas, ilhas, faróis, torres, edificações etc. (Mestre-
Amador).
Atenção!  Oceânica - é definida como sem restrições, isto é, aquela
- Os conceitos e definições realizada fora dos limites de visibilidade da costa, além
apresentados neste trabalho para das 20 milhas náuticas, e sem outros limites
navegação em águas restritas, costeira
e oceânica, tem como referência a estabelecidos. É caracterizada quando a embarcação
Norma da Autoridade Marítima para navega suficientemente afastada de terra e áreas de
Amadores (NORMAM-03/DPC). tráfego nas quais os perigos de águas rasas e de
abalroamentos são relativamente pequenos. (Capitão-
Pontos Notáveis
Amador).
- São pontos conhecidos devidamente
representados nas Cartas Náuticas,
tais como, pontas, cabos, ilhas, faróis Em qualquer um dos tipos de navegação, o nauta utiliza-se
etc. de um ou mais métodos para determinar a posição da
embarcação no mar. Os principais são:
Águas rasas
- a expressão “águas rasas”, se refere
 Astronômica - método em que o navegante determina a
ao lugar em que a água é pouco posição da embarcação pela observação dos astros (Sol,
profunda. Lua, planetas e estrelas). Normalmente, só é utilizada em
alto-mar (na navegação oceânica).
Nauta
 Visual - método que tem por princípio determinar o
- Aquele que navega; navegador,
marinheiro. rumo ou rota da embarcação com base em pontos

Exemplar [008655] pertencente à: Mestre-Amador 1


Jorge Felix Vilela Ferreira
www.portaldoamador.com.br [FUNDAMENTOS DA NAVEGAÇÃO]

Atenção! notáveis em terra ou na costa (utiliza referências


- Na navegação costeira, devemos visíveis), valendo-se de acidentes naturais e artificiais,
utilizar sempre pontos notáveis em
terra. tais como: pontas, ilhas, faróis, torres etc. (comum em
navegação costeira).
Importante:  Eletrônica - método que tem por princípio obter a
- Não há dúvidas que dos três tipos posição da embarcação com auxílio de equipamentos
primários de navegação: oceânica,
costeira e em águas restritas, está
eletrônicos, tais como radar, radiogoniômetro, GPS e
última exigirá do navegante maior outros.
atenção e cuidado na precisão do  Estimada - método aproximado de navegação. Pode ser
cumprimento da derrota, por envolver à vista de terra ou não. Neste método o princípio é
a proximidade de perigos à navegação. calcular a posição da embarcação em função de outra
Derrota posição já conhecida do navegante, utilizando-se o rumo,
- Rumo ou direção que segue um navio a velocidade no mar e o intervalo de tempo entre as
em viagem. posições.

Antes de aprofundar no estudo da navegação propriamente


dita, torna-se necessário conhecer a forma da superfície
terrestre, uma vez que o problema da navegação diz respeito a
sua representação num plano.

Forma da Terra Algumas civilizações antigas acreditavam que a Terra era


plana; os gregos, porém, já imaginavam que a Terra era
redonda. Chegaram a essa constatação graças a simples
observações: Quando uma embarcação se afastava da costa,
primeiro sumia o casco e só depois as velas. Os exploradores
descreviam mudanças de posição das estrelas no céu,
conforme viajavam para o norte ou para o sul. E, a observação
dos eclipses lunares mostra que a sombra da Terra projetada
na superfície da Lua é sempre esférica.
Hoje, após centenas de novos estudos, sabe-se que a forma
da Terra não é a de uma esfera perfeita e sim a de esferóide (ou
geóide) achatada nos polos devido ao movimento de rotação
ao redor de seus eixos, porém para fins de navegação, sua
forma é considerada esférica, que possui centro e círculos na
superfície como linhas imaginárias.
Essas linhas imaginárias cruzam a superfície terrestre em
dois sentidos: umas, no sentido leste-oeste (E-W - horizontal);
outras no sentido norte-sul (N-S - vertical). E estão divididas,
basicamente, em paralelos e meridianos.

Movimentos da Terra Dois são os movimentos mais importantes da Terra: rotação


e translação.
 Rotação - é o movimento que a Terra executa em torno
de si mesma, ou do seu eixo imaginário, no sentido de
oeste para leste (W-E). Esse movimento dura 24 horas e
é o responsável pela sucessão dos dias e das noites.
 Translação - é o deslocamento da Terra em torno do Sol,
efetuando uma trajetória elíptica completa em 365 dias,
5 horas, 48 minutos e 48 segundos. Esse movimento da
Terra é o responsável pelas estações do ano.

Exemplar [008655] pertencente à: Mestre-Amador 2


Jorge Felix Vilela Ferreira
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Pontos Cardeais, São pontos ou direções da superfície terrestre, elaborados


com base no movimento aparente do Sol.
Colaterais e
 Pontos Cardeais - São quatro os pontos cardeais: O lado
Subcolaterais no qual o Sol nasce foi denominado de Leste (E); o lado
onde o Sol se põe foi denominado de Oeste (W).
Conhecidos esses dois pontos, foram criados os outros
dois pontos: o Norte (N) e o Sul (S).
 Pontos colaterais – Além dos pontos cardeais, para
simplificar a localização foram criados mais quatro
pontos intermediários no meio dos pontos cardeais.
Esses pontos foram denominados de pontos colaterais:
Nordeste (NE), Sudeste (SE), Sudoeste (SW) Noroeste
(NW); e.
 Pontos subcolaterais – Além dos pontos cardeais e
Rosa dos ventos
colaterais, entre os pontos colaterais foram
estabelecidos oito pontos subcolaterais que se
Atenção! encontram no intervalo de um ponto cardeal e um
- Nas cartas náuticas representamos colateral. São eles: Norte-Nordeste (NNE), Este-Nordeste
estas direções em forma de um círculo
graduado de 0° a 360°. Este círculo é
(ENE), Este-Sudeste (ESE), Sul-Sudeste (SSE), Sul-
chamado de rosa dos ventos. Sudoeste (SSW), Oeste-Sudoeste (WSW), Oeste-Noroeste
- No mostrador da bússola (agulha (WNW) e Norte-Noroeste (NNW).
náutica) aparece o conjunto composto
dos pontos cardeais, colaterais e
O conjunto formado pelos pontos cardeais, colaterais e
subcolaterais que formarão a rosa dos
ventos. Em ambos os casos, a rosa dos subcolaterais é chamado de rosa dos ventos, também
ventos fornece ao navegante as conhecida como rosa de rumos ou rosa circular. Para permitir a
direções de que ele precisa para navegação em qualquer direção, é que a rosa dos ventos,
executar a navegação. Portanto, a apresenta-se na carta náutica graduada de 000° a 360° graus no
compreensão desses pontos é de
fundamental importância para aqueles
sentido horário (sentido de rotação que acompanha o
que desejam utilizar, por exemplo, movimento dos ponteiros do relógio), tendo o 0° para cima e
uma bússola, a carta náutica, o GPS alinhado com a direção Norte.
etc.
.

Principais Linhas, Pontos A linha imaginária, em torno da qual a Terra executa seu
movimento de rotação, é chamada de eixo (ou eixo terrestre
e Planos da Esfera
ou eixo polar). Aos lugares formados pela interseção do eixo
Terrestre polar com a superfície terrestre chamamos de polos. Ao
extremo norte temos o Polo Norte (PN) e ao extremo Sul temos
o Polo Sul (PS). Se cortarmos a esfera terrestre por um plano
horizontal que passa pelo centro da Terra (semelhante a dividir
uma laranja em duas partes iguais) teremos um círculo
máximo. Esse círculo aparece nas cartas náuticas como uma
linha horizontal na latitude 0°, e é chamado de equador.
Conhecido também como Equador Terrestre, o equador é
definido como o círculo máximo horizontal da esfera terrestre
perpendicular ao eixo polar e equidistante de ambos os polos,
que divide a Terra em dois hemisférios chamados Norte (N),
acima do Equador, e Sul (S), abaixo do Equador. A partir do
equador (que está na latitude 0°) são contados noventa graus
(90°) para Norte e 90° para Sul. Agora, se cortarmos a esfera
terrestre por um plano horizontal que não passa pelo centro da
Terra (semelhante a dividir uma laranja em duas ou mais partes
desiguais), as seções resultantes serão os círculos menores.

Exemplar [008655] pertencente à: Mestre-Amador 3


Jorge Felix Vilela Ferreira
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Esses círculos aparecem nas cartas náuticas como linhas


horizontais e são chamados de paralelos. Dessa forma,
podemos afirmar que paralelos são cada um dos círculos
menores da superfície terrestre paralelos ao equador e, seus
raios são sempre menores que o do Equador. A partir do
equador, na posição de zero grau (0°), os paralelos servem para
determinar as latitudes dos lugares (de um determinado
ponto). Meridianos são os círculos máximos verticais da esfera
terrestre, limitados pelos polos (vão do polo norte ao polo sul).
Passam por ambos os polos da Terra, e cruzam-se entre si
nestes pontos (semelhante aos gomos de uma laranja). Os
meridianos de referência são o Meridiano de Greenwich,
também chamado meridiano de origem, meridiano zero ou
primeiro meridiano, serve de referência para a contagem das
longitudes. As longitudes assumem valores entre 000⁰ e 180°
para Leste (E) ou para Oeste (W), a partir do Meridiano de
Greenwich. Por outro lado, temos o meridiano 180° ou
Antimeridiano que é o meridiano que está oposto 180° ao
meridiano de Greenwich.

Recordando:
- O equador é o círculo máximo da esfera terrestre, que a divide
Atenção! em dois hemisférios, norte e sul.
- O Meridiano de Greenwich possui
- O equador é aquele que se adota como origem de contagem das
esse nome porque é o meridiano que
passa sobre um observatório latitudes.
astronômico localizado na cidade de - Os paralelos são círculos cujos planos são paralelos ao equador.
Greenwich (Inglaterra). É o meridiano Seus raios são sempre menores que o raio do equador.
de Greenwich que divide a Terra em - Os paralelos mantêm entre si um mesmo afastamento para leste
dois hemisférios Leste (E) e Oeste (W). ou oeste.
- Temos infinitos paralelos de latitude, sendo que o equador é um
único paralelo (círculo máximo), todos os outros são círculos
menores.
- Meridianos são círculos máximos que passam pelos polos
terrestres.
- O Meridiano de Greenwich, é o círculo máximo da esfera
terrestre, que passa pelos polos, e a divide em dois hemisférios
leste e oeste.
- O Meridiano de Greenwich é aquele que se adota como origem
de contagem das longitudes
- Os meridianos convergem do equador (0°) para os polos 90° para
o norte ou 90° para o sul (N ou S), onde se encontram.
- Os meridianos e os paralelos se cruzam num ângulo de 90°.
- Navegando-se sobre um paralelo, o rumo é leste ou oeste.

Coordenadas As coordenadas geográficas foram desenvolvidas para dar


mais segurança ao navegante e principalmente, para permitir
Geográficas Latitude e
que se registrasse em mapas e cartas a exata localização dos
Longitude pontos de destino e as rotas que levavam até eles.
Qualquer posição sobre a superfície da Terra é determinada
pelas Coordenadas Geográficas, expressas em graus (°),
minutos (‘), e segundos (“), que utilizam como referência a
linha do equador e o meridiano de Greenwich, e são chamados
de Latitude e Longitude.

Exemplar [008655] pertencente à: Mestre-Amador 4


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Latitude (ou latitude de um lugar) - é o ângulo ou arco de


meridiano formado, no centro da Terra, a partir do equador,
até o paralelo do lugar, variando de 00° a 90°, para norte ou
sul. Por convenção, a Latitude de um lugar é representada pela
letra grega  - “Phi” ou a abreviatura “Lat.”. A diferença em
minutos, sobre um meridiano, entre o equador, nos fornece a
latitude de um lugar ou latitude de um ponto.
Longitude (ou longitude de um lugar) - é o ângulo, formado
no polo, pelo meridiano do lugar, e o meridiano de Greenwich.
Ou seja, é a distância entre um meridiano qualquer e o
Latitude do Lugar meridiano de Greenwich (partindo do meridiano de Greenwich
- A diferença em minutos, sobre um ao ponto considerado). As longitudes assumem valores entre
meridiano, entre o equador e um
000° no meridiano de Greenwich a 180° no meridiano oposto
ponto, nos fornece a latitude do lugar.
(antimeridiano), no sentido leste (E) ou oeste (W). Por
convenção, a longitude de um lugar é representada pela letra
grega -  - “Lambda” ou a abreviatura “Long.”.

Recordando:
- Veja na figura acima que a longitude corre sobre o equador
partindo da origem até o meridiano do lugar. Já a latitude corre
VALORES ANGULARES sobre o meridiano do lugar tendo como origem o cruzamento dele
Graus (°), minutos (‘) e segundos (“) com o equador.
- Latitude: Os graus inteiros de - As coordenadas de um ponto, são latitude e longitude.
latitude, os minutos e segundos são - A latitude é contada, a partir do equador, variando de 00° a 90°,
sempre informados com dois norte ou sul.
algarismos - Ex.: Lat. 29° 58' 03"S
- A latitude é o arco de meridiano, compreendido entre o equador
- Longitude: Os graus inteiros de
longitude são sempre informados com
e o paralelo do lugar.
três algarismos, e os minutos e - A longitude é contada, a partir do meridiano de Greenwich, de
segundos com dois algarismos – Ex.: 000° a 180°, ao um ponto considerado, no sentido leste ou oeste.
Long. 050° 04’ 07”W - A longitude, do meridiano de Greenwich, é de 000°. Já a
longitude, do antimeridiano, é de 180°.
Atenção! - Um ponto geográfico na superfície da Terra. Isto é, o cruzamento
- Os minutos e segundos de latitude e de um paralelo com um meridiano, é informado através das
de longitude não podem ultrapassar de coordenadas geográficas de latitude e longitude, nesta ordem,
59.
sendo que a latitude é medida sobre um arco de meridiano e a
longitude é medida sobre um arco de paralelo.
Por exemplo:
Errado:
- Todos os pontos geográficos sobre a linha de um mesmo
Lat. 29° 57' 63" paralelo terão a mesma latitude.
Long. 050° 03’ 67”W - Todos os pontos geográficos sobre um mesmo meridiano terão a
Certo: mesma longitude.
Lat. 29° 58' 03"S - Na informação sobre as coordenadas, sempre se indica primeiro
Long. 050° 04’ 07”W
a latitude e depois a longitude.

Segue na sequencia alguns cálculos envolvendo latitudes e


longitudes, essenciais na arte de navegar.
Acompanhe a explicação analisando as figuras, para facilitar
o entendimento:

Exemplar [008655] pertencente à: Mestre-Amador 5


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Diferença de Latitude (ou caminho em latitude) é a


distância angular, tomada ao longo de um meridiano qualquer,
entre os paralelos que passam por dois pontos determinados.
No cálculo da diferença de latitude, somamos as duas latitudes
quando estas estiverem em hemisférios diferentes (N-S); e
Subtraímos as duas latitudes quando estas estiverem no mesmo
hemisfério (N-N ou S-S).
Ex: 1 (DLat de hemisférios diferentes, soma-se)
Dados: Lat. B = 25°N / Lat. C = 25°S
Diferença de latitude Solução: DLat = Lat. B + Lat. C ► 25°N + 25°S = 50°
- Observe que o resultado da diferença
Ex: 2 (DLat de mesmo hemisfério, subtrai-se)
de latitude não tem denominação
Norte (N) ou Sul (S).
Dados: Lat. A = 50°N / Lat. B = 25°N
Solução: DLat = Lat. A - Lat. B ► 50°N - 25°N = 25°

Latitude Média entre dois lugares é a latitude do paralelo


médio entre dois pontos de latitudes diferentes.
No cálculo da latitude média, somamos as duas latitudes e
dividimos o resultado por dois, quando estas estiverem no mesmo
hemisfério (N-N ou S-S), conservando a letra; e
Subtraímos as latitudes quando estas estiverem em hemisférios
diferentes (N-S), e dividimos o resultado por dois, atribuindo a letra
da denominação da latitude de maior valor absoluto.
Ex: 1 (LatM de mesmo hemisfério, soma-se e divide por 2)
Dados: Lat. A = 25°N / Lat. B = 35°N
Latitude Média entre dois lugares
Solução: LatM = [Lat. A + Lat. B] : 2 ► 25°N + 35°N = 60°:2 = 30°N
- Observe que o resultado da Latitude
Média conserva a letra do hemisfério e Ex: 2 (LatM hemisférios diferentes, subtrai e divide por 2)
no caso de hemisférios diferentes Dados: Lat. B = 35°N / Lat. C = 25°S
conserva a letra da latitude de maior Solução: LatM = [Lat. B - Lat. C] : 2 ► 35°N - 25°S = 10° : 2 = 5°N
valor absoluto.
Diferença de Longitude (ou Caminho em Longitude) é a
distância angular, tomada no equador, entre os meridianos que
passam por dois pontos determinados.
O cálculo da diferença de longitude é similar ao da diferença de
latitude, ou seja, somamos as duas longitudes, quando estas
estiverem em hemisférios diferentes (W-E), e subtraímos as duas
longitudes, quando estas estiverem no mesmo hemisfério (W-W ou E-
E). A exceção é quando as longitudes estiverem em hemisférios
diferentes e a soma ultrapassa os 180°. Nesse caso, subtrai-se a soma
de 360° e o resultado será a diferença de longitude.
Ex: 1 (DLong de hemisférios diferentes, soma-se)
Dados: Long. A = 025°W / Long. C = 025°E
Diferença de Longitude
Solução: DLong = Long. A + Long. C ► 025°W + 025°E = 050°
Ex: 2 (DLong de mesmo hemisfério, subtrai-se)
Dados: Long. A = 025°W / Long. B = 050°W
Solução: DLong = Long. A - Long. B ► 025°W - 050°W = 025°

- Observe que o resultado da diferença Ex: 3 (DLong quando o resultado ultrapassa os 180°)
de longitude, também não tem Dados: Long. D = 120°W / Long. E = 160°E
denominação Leste (E) ou Oeste (W). Solução: DLong = Long. D + Long. E ► 120°W + 160°E = 280°
Em princípio realizamos a soma das duas longitudes, porém este
arco de equador é o maior, e a diferença de longitude é medida do
arco menor. Então, faremos ainda mais uma operação:
Solução: DLong = 360° - 280° = 080°

Exemplar [008655] pertencente à: Mestre-Amador 6


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Longitude Média entre dois lugares é a longitude do


meridiano médio entre dois pontos.
No cálculo da longitude média, acha-se o resultado pela
semissoma das longitudes, quando estas estiverem no mesmo
hemisfério e divide-se por dois.
Longitude média entre hemisférios diferentes, cuja soma seja
menor que 180°, achamos pela semidiferença das longitudes, dando o
nome do maior valor absoluto. Se o resultado for maior que 180°,
somamos as longitudes e diminuímos de 360°, depois dividimos o
resultado por dois e somamos a longitude de menor valor absoluto,
considerando o seu sinal.
Longitude Média entre dois lugares Ex: 1 (LongM - mesmo hemisfério, soma-se e divide por 2)
Dados: Long. A = 025°W / Long. B = 40°W
Solução: LongM = [Long. A + Long. B] : 2 ► 25°W + 40°W : 2 =
32,5°W
Ex: 2 (LongM - hemisférios diferentes, subtrai-se e divide por 2)
Dados: Long. B = 040°W / Long. C = 025°E
Solução: LongM = [Long. B - Long. C] : 2 ► 040°W - 025°E = 015° :
2 = 7,5°W

Ex: 3 (LongM - quando o resultado ultrapassa os 180°)


Dados: Long. D = 120°W / Long. E = 130°E
Solução: LongM = Long. D + Long. E ► 120°W + 130°E = 250°
- Como o resultado ultrapassou os 180°, está não é a correta
diferença de longitude. Então, faremos mais uma operação:
LongM = 360° - 250° = 110° : 2 = 55°
Somaremos agora, o resultado com a menor longitude:
LongM = 120° + 55° = 175°W

Unidades de Medidas São três as unidades básicas de medidas usadas na


navegação: distância, velocidade e tempo.
Usadas na Navegação  Distância - a distância, no mar, é medida em milhas
Milha Náutica náuticas ou milha marítima.
- Uma milha náutica corresponde a 1 A milha marítima equivale ao comprimento de um minuto do
minuto da circunferência terrestre na arco de círculo máximo (um minuto de latitude) do globo terrestre,
altura da Linha do Equador, ou seja, se fixada por Acordo Internacional (1929) como o valor padrão 1.852m,
pegarmos a circunferência da Terra e no sistema métrico.
dividirmos por 360°, e dividirmos o  Velocidade - a velocidade, no mar, é expressa em NÓ. O
resultado por 60 minutos, teremos o
valor de 1.852 metros, que nó é a velocidade de uma milha náutica percorrida em
corresponde a uma milha náutica uma hora, ou seja, a relação entre espaço e tempo.
(internacionalmente conhecida como 1 Nó [um (1) nó equivale a 1,852 km/h]
NM).  Tempo – o tempo é medido em horas. Uma hora tem 60
minutos, e cada minuto tem 60 segundos.

Comumente, usa-se a regra do triângulo para calcular a


distância, a velocidade e o tempo percorrido por uma
embarcação.
Ex: 1 - A distância entre o ponto A e o ponto B é de 12,0 milhas.
Sendo a velocidade da embarcação 8,0 Nós, quanto tempo levará a
viagem do ponto A para o B?
Resposta: Usando a fórmula da figura ao lado Temos:
T = D : V ► T = 12,0 : 8,0 = 1,5h. Nesse caso, temos que converter
os décimos de hora em minutos, assim 1,5 h = 01h30min.

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Atenção! Ex: 2 - Se uma embarcação navegou 640 milhas em 65 horas e 18


1 NM = 1852 m, equivale a 1 minuto minutos, logo sua velocidade média foi de 9,8 nós.
de latitude. 1 grau equivale a 60 Resposta: Usando a fórmula:
minutos = 1 hora. 1 minuto equivale a V = D : T ► V = 640 : 65,18 = 9,8189 nós.
60 segundos.

Na Internet: Ex: 3 - Sendo a velocidade média de 12,2 nós, e a duração da


- Aprenda como calcular distâncias, viagem de 2 dias, 20 horas e 30 minutos (2dias20h30m), então a
acesse: pt.wikihow.com/Calcular-uma- distância navegada será de 835,70 milhas.
Distância. Para facilitar, Primeiro vamos converter os dias em horas:
2 dias = 48h ► 48h + 20h + 30m = 68h30m = 68,5h
Resposta: Usando a fórmula:
D = V x T ► D = 12,2 x 68,5 = 835,70 milhas.

Ortodromia e Loxodromia Em um deslocamento entre dois pontos na superfície


terrestre o navegante planejará sua trajetória verificando as
posições que irá ocupar. A derrota planejada será função do
processo de navegação disponível e sempre poderá ser feita
por meio de duas linhas de rumos, a saber:
 Ortodromia - originada das palavras ortho “reto” e
dromos “caminho”, esta derrota se caracteriza por ser o
menor segmento de um círculo máximo que passa por
dois pontos determinados.
 Loxodromia - loxo significa “direção constante” e dromos
significa “caminho”. Também chamada linha de rumo,
loxodromia é a linha que faz sempre o mesmo ângulo
com todos os meridianos, ou seja, é a linha que
intercepta os vários meridianos seguindo um ângulo
constante (ângulos iguais). Ela se apresenta como uma
Ortodromia  Loxodromia espiral que tende para o Polo.
- O caminho mais curto entre dois
pontos sobre o globo é um arco de Embora a menor distância entre dois pontos na superfície
círculo máximo, uma ortodromia. terrestre seja percorrida numa derrota ortodromica, a
Numa carta de Mercator esse caminho navegação sobre uma ortodromia, é de difícil marcação nas
corresponde a uma curva. Nessa carta cartas, tendo em vista que o ângulo entre a curva e os
as linhas retas são chamadas
sucessivos meridianos que ela atravessa varia em cada
loxodromias, curvas de direção cardeal
constante. meridiano atravessado – essa é uma desvantagem da
ortodromia. Assim, quando se pretende navegar de um ponto a
Ortodromia ► linha curva outro na superfície terrestre, pela dificuldade em se traçar uma
- É a menor distância entre dois pontos derrota ortodromica, é sempre mais conveniente navegar por
na superfície da terra.
uma loxodromia, isto é, por uma Linha de Rumo, indicada pela
Loxodromia ► linha reta agulha, na qual a direção da proa da embarcação corte todos
- “linha de rumo”, ou seja, um caminho os meridianos sob um mesmo ângulo – essa é uma vantagem
que segue sempre a mesma direção da loxodromia em relação à ortodromia.
cardeal.
Recordando:
- A menor distância que liga dois pontos da superfície terrestre,
será percorrida numa derrota ortodrômica (linha curva).
- A Navegação feita, em arco de círculo menor, de um ponto a
outro da superfície terrestre, formando ângulos iguais com os
meridianos, chamamos de loxodromia.
- uma milha marítima tem 1.852m.

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Glossário Glossário de Termos empregados e não especificamente


definidos no corpo desta unidade:
Outras medidas de distâncias usadas
 Agulha - geralmente em forma de seta, é a parte da bússola
na navegação, derivadas do sistema que indica a direção dos pontos cardeais, Norte, Sul, Leste e
inglês: Oeste e suas subdivisões.
- Pé (Ft) - é a unidade de comprimento  Apartamento - é a distância entre dois meridianos, medida
ou altura, é igual a 0,33 do metro. num determinado paralelo de latitude e expressa em
- Jarda (Yd) - é a unidade de distância,
é igual a 0,915 do metro. medida linear, ou seja, é a distância percorrida no sentido
- Braça (Fht) - antiga unidade de leste e oeste, quando se navega de um ponto a outro da
medida de profundidade, é igual a superfície terrestre em um mesmo paralelo. Apartamento
1,830 do metro. exprime a distância do navio entre os portos ou costas.
- Polegada (") - unidade de medida de
comprimento antiga, é igual a 0,0254
 Ao apartamento, dos dois lugares - A diferença de
metro. longitude, entre dois lugares, na latitude de 00⁰, é igual ao
apartamento, dos dois lugares.
 Distância entre dois lugares - a diferença de latitude, entre
dois lugares, no mesmo hemisfério é a distância entre dois
lugares.
 Caminho em latitude - é a distância angular, tomada ao
longo de um meridiano qualquer, entre os paralelos que
passam por dois pontos determinados.
 Caminho em longitude - é a distância angular, tomada no
Rosa dos Ventos equador, entre os meridianos que passam por dois pontos
- A rosa dos ventos mais completa, determinados.
com 32 pontos, já se faziam presentes  Derrota - Linha traçada em uma carta de navegação que
em mapas portulanos no século XIV, uma embarcação deve seguir para se deslocar com
que eram mapas utilizados pelos
grandes navegadores europeus.
segurança de um lugar para outro. Rumo ou direção que
Inicialmente, ela tinha outros segue um navio em viagem.
formatos, sendo que a sua composição  Enfiamento - é o alinhamento de dois pontos bem definidos
atual em forma de rosa é creditada aos em terra. Se um observador vê dois objetos em linha então
portugueses colonizadores.
ele estará sobre a direção que os une. Então, diz-se que os
objetos estarão enfiados.
 Jarda - 2027 jardas, no sistema inglês, que é a medida de
um minuto de latitude, na latitude de 48 graus.
 Meridiano Terrestre - é o círculo máximo da esfera
terrestre, que passa pelos polos.

Parabéns por ter concluído está unidade.


Verifique seus conhecimentos, realizando os Simulados Online.
Acesse o site e selecione “Por Disciplina”: Navegação Estimada e Costeira 1

Saiba mais
Você pode saber mais sobre os assuntos estudados nesta unidade consultando os seguintes
endereços eletrônicos:
https://www.mar.mil.br/dhn/bhmn/download/cap1.pdf
(O problema geral da Navegação)
https://www.mar.mil.br/dhn/bhmn/download/cap17.pdf
(A Terra e seus Movimentos. A Esfera Terrestre)

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http://www.melhorsoft.com/detalhes/balistica/index.html#LoxodromiasEOrtodromias
pt.wikihow.com/Converter-de-N%C3%B3s-para-Milhas-por-Hora
(Como Converter de Nós para Milhas por Hora)
http://www.coladaweb.com/geografia/pontos-cardeais-e-colaterais
https://www.youtube.com/watch?v=b3WYYSMpCl0&ebc=ANyPxKqM2OKiIjwpYzz7BIhR7hsvNa-RjhRNo-
XqYpjuYVfzejXLE8EFl7kCz_396GEToHC2r35K_7MP2wSGy-_vye__nleiqQ

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Unidade 2:
Nesta unidade, você conhecerá as cartas náuticas e as suas múltiplas informações; terá uma visão
geral dos sistemas de projeção, escalas, informações contidas na carta, cores e manuseio, com
ênfase à carta náutica na projeção de Mercator.

Cartas Náuticas Uma carta náutica é na realidade um mapa que tem como
propósito servir de ferramenta à navegação em meio aquático.
Suas informações compreendem levantamentos de áreas
oceânicas, mares, baías, rios, canais, lagos, lagoas, ou qualquer
outra massa d’água navegável; representam ainda os acidentes
terrestres e submarinos, fornecendo informações sobre
profundidades, perigos à navegação (bancos, pedras submersas,
cascos soçobrados ou qualquer outro obstáculo à navegação), e
ainda, natureza do fundo, fundeadouros, áreas de fundeio,
auxílios à navegação (faróis, faroletes, boias, balizas, luzes de
alinhamento, radiofaróis etc.), altitudes e pontos notáveis aos
navegantes, linha da costa e de contorno de ilhas, elementos de
marés, correntes e magnetismo e outras indicações necessárias à
segurança da navegação. As cartas náuticas estão associadas a
um sistema de coordenadas (latitude e longitude) que permite a
Atenção! obtenção da localização de qualquer ponto que represente. Além
- A navegação considerada em nosso das cartas convencionais (em papel), existem as cartas náuticas
estudo é aquela realizada em meio
aquático, seja ela marítima, fluvial ou digitais, que podem ser de dois tipos: eletrônica (vetorial) e
lacustre. Para tanto, utiliza-se o termo RASTER, as quais podem, em certas condições, substituir as
“carta náutica”, que é o documento cartas convencionais.
cartográfico resultante de Para melhor compreender a cartografia náutica é
levantamentos de áreas navegáveis
por embarcações.
fundamental iniciarmos o estudo descrevendo a necessidade de
representar a Terra num plano e das técnicas de projeção, pois
assim você estará mais contextualizado.

Necessidade de O globo terrestre é a representação mais fiel do planeta, mas


é difícil de ser manuseado. Entre suas limitações, podemos citar
Representar a Terra duas principais:
num Plano  O globo impossibilita a visão de toda a Terra
simultaneamente.
 A curvatura acaba dificultando possíveis medições de
distâncias.
Assim, apesar da semelhança de forma, o globo não é
funcional para muitas finalidades, em especial, para a navegação
aquaviária e precisa ser substituído pelas cartas náuticas.
As cartas, por sua vez, constituem uma representação plana
reduzida – total ou parcial – da superfície terrestre. No entanto, a
construção de uma carta apresenta dois grandes desafios:
 Representar a curvatura do geoide (formato da Terra),
num plano; e
 Representar as dimensões da superfície terrestre numa
Navegação Aquaviária
folha de papel, que é muito menor.
- É a navegação realizada por barcos,
navios e outros meios aquáticos,
utilizando um corpo de água, tais Para solucionar esse problema, a cartografia desenvolveu um
como oceanos, mares, lagos, lagoas, método para representar a superfície terrestre numa superfície
rios, ou outros canais navegáveis. plana (na carta) chamada de projeção.

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Projeção Projeção é a técnica utilizada para representar uma porção da


Projeção Terra sobre uma superfície plana. O processo consiste em
- A representação gráfica da Terra ou transferir pontos da superfície terrestre para um plano, ou para
parte dela, na qual aparece, com uma superfície desenvolvível em um plano, tal como um cilindro
destaque, o gradeado (ou gratícula)
formado por paralelos e meridianos.
ou um cone.
Como a posição de qualquer ponto da superfície terrestre fica
completamente determinada pelas suas coordenadas de latitude
e longitude, basta que numa carta estejam representados
meridianos e paralelos, para que qualquer ponto possa ser
representado.
Existem diversos sistemas de projeção, com inúmeras
variações. Cada projeção tem uma finalidade específica, como
por exemplo, representar a divisão política mundial, aspectos
Visão Eurocêntrica geográficos naturais, culturais e econômicos de uma
- A carta de Mercator é denominada determinada área, edificações, navegação aérea e a navegação
eurocêntrica, por colocar em destaque aquaviária, que é à base de nosso estudo. O fato é que não existe
a Europa. Geógrafos críticos condenam uma melhor projeção. Elas devem ser escolhidas de acordo com a
essa projeção, porque ela deforma e
distorce grosseiramente as áreas sua finalidade.
representadas, contribuindo assim Destacaremos aqui, a projeção de Mercator, por ser ainda
para a criação de uma imagem hoje a mais usada na confecção das cartas náuticas brasileiras e
ideologizada do mundo a favor das em grande parte das cartas estrangeiras.
economias dominantes, no caso a
Europa.
Projeção de Mercator Idealizada em 1569 por Gerardus Mercator, é a base para a
navegação, na qual os meridianos e paralelos são projetados
geometricamente num cilindro tangente a Terra no equador,
sendo o centro de projeção o centro da Terra.
Nessa projeção os meridianos são retas paralelas (sentido
norte-sul) igualmente espaçadas para iguais diferenças de
longitude (os meridianos formam ângulos iguais com o rumo); o
equador é uma reta perpendicular aos meridianos e os paralelos
são linhas retas paralelas ao equador (sentido oeste-leste).

Algumas características da projeção de Mercator


- Superfície de desenvolvimento - pertence a classe por
desenvolvimento cilíndrico.
- Projeção - pertence a categoria das projeções conformes
(manutenção da forma em pequenas áreas).
- Tangência - equatorial, pois o cilindro é tangente à superfície da
Terra no Equador.
- Meridianos - representados por linhas verticais retas ortogonais
equidistantes (igualmente espaçadas).
- Paralelos - representados por linhas horizontais retas ortogonais
não equidistantes (espaçamentos desiguais).
- Equador - é o centro de projeção (círculo máximo).
- Interseção (cruzamento) de paralelos e meridianos - em 90⁰
- Escala - varia com a latitude.
Atenção!
- Uso para o Navegante - navegação Costeira e Estimada.
- Na projeção de Mercator os
meridianos e paralelos apresentam-se
paralelos e perpendiculares, entre si, Uma condição básica para utilização de um sistema de projeção em
nas cartas de navegação. (cruzam-se Cartografia Náutica é que represente as loxodromias (linhas de rumo),
no ângulo de 90⁰) por linhas retas. Essa é uma característica da Projeção de Mercator.

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Como vimos, a projeção de Mercator é classificada como:


 Cilíndrica - porque a superfície da Terra (ou parte dela) é
Atenção! projetada em um cilindro;
- A Carta de Mercator é geralmente  Equatorial - porque o cilindro é tangente à superfície da
limitada pelo paralelo de 60°, pois, Terra no equador; e
nessa latitude, as deformações já se  Conforme - porque os ângulos são representados sem
apresentam excessivas. Porém,
podemos utilizá-la até a latitude de
deformação.
80°, desde que sejam tomadas A projeção de Mercator apresenta algumas vantagens, como
precauções especiais quanto ao uso da por exemplo:
escala das distâncias.  Os meridianos são representados por um sistema de linhas
retas (N-S);
 Os paralelos e o equador são representados por um
segundo sistema de linhas retas, perpendicular às linhas
que representam os meridianos (W-E);
 Fácil identificação dos pontos cardeais (rosa dos ventos);
 Facilidade de plotagem (gradeados ou reticulados);
 Fácil determinação das coordenadas de qualquer ponto;
 Os ângulos medidos na superfície da Terra são
representados por ângulos idênticos na carta; assim,
direções podem ser medidas diretamente na carta. Na
prática, distâncias também podem ser medidas
diretamente na carta;
 As linhas de rumo ou loxodromias são representadas por
Reticulado ou Graduado linhas retas;
- Na projeção de Mercator, o conjunto  Facilidade de construção (por meio de elementos
de meridianos e paralelos é chamado retilíneos); e
de reticulado. Limitando o reticulado,  Existência de tábuas para o traçado do reticulado.
são traçadas as bordas. A superior e a
inferior contem a escala de longitude e
as laterais, a escala de latitude, Mas não somente vantagens são encontradas na projeção de
também conhecida como escala de Mercator. Veja algumas de suas desvantagens:
distancia. Tais escalas são graduadas  Deformação excessiva nas altas latitudes (geralmente
em graus, minutos e segundos.
limitada pelo paralelo de 60⁰);
 Impossibilidade de representação dos polos; e
 Distorção dos paralelos e meridianos, exceto o equador.
Latitudes Crescidas
- A figura abaixo ilustra este conceito. Latitudes Crescidas - Na carta de Mercator, os meridianos
representados mantém uma distancia constante entre si,
enquanto que os paralelos, devido ao efeito das latitudes
crescidas, vão alterando a distancia que os separa à medida que
se afastam do equador para os polos. A linha do equador é a
única coordenada que é representada em sua dimensão original
(não sofre distorções). Por isso regiões localizadas em altas
latitudes, especialmente nas áreas polares, praticamente não são
representadas, pois as distorções aumentam à medida que nos
afastamos do equador em direção aos polos. Assim, à medida
que a latitude cresce, os paralelos vão se afastando entre si
quanto maior o afastamento do Equador, com os meridianos
sofrendo aumento na mesma proporção. Nasce daí o conceito de
Atenção! latitudes crescidas.
- Na Carta de Mercator, a escala de A Latitude Crescida é definida como o comprimento do arco de
longitudes é sempre constante,
meridiano, entre o equador e um dado paralelo, numa carta de
enquanto que a escala de latitudes
varia com a latitude.
Mercator, medido em unidade de minuto de longitude, no equador.

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Por isso, as distâncias deverão ser lidas na escala das


latitudes. Este é um cuidado que o navegante deve ter na
utilização de uma carta na projeção de Mercator.

Escala A escala é um dos atributos fundamentais de uma carta


náutica, pois estabelece a correspondência entre a distância
medida entre dois pontos, representados na carta e as distâncias
Numerador reais entre esses pontos, na superfície da Terra. Ou seja, é a
ESCALA = ---------------------------- maneira de indicar a proporção de áreas entre a carta e a
Denominador
realidade.
Numerador A escala é definida como a relação entre a distância medida entre
- a unidade é igual a um (1), sempre. dois pontos, em uma folha de papel (carta náutica) e a verdadeira
distância entre esses pontos, na superfície da Terra (medida real no
Denominador terreno).
- número de vezes em que foi dividido
o trecho. Existem duas formas de indicar a proporção de áreas entre a
Atenção! carta e a realidade: uma gráfica e a outra numérica.
- Quanto maior o denominador da  Escala Gráfica - é apresentada com uma linha graduada no
escala, menor a escala. canto inferior da carta.
 Escala numérica - a escala é representada por uma fração,
onde o numerador é igual à unidade um (1) e o
denominador é o número (valor da escala), de quantas
vezes tal unidade foi reduzida no terreno. Sendo uma
fração, a escala fica MAIOR quanto MENOR for o
denominador, ou seja, quanto MAIOR a escala MENOR
será o valor atribuído ao DENOMINADOR.
Para compreender melhor, vamos usar como exemplo a
representação do Cabo Búzios ao Cabo Frio (figura ao lado).
Considerando a escala de 1:40.000 (lê-se: um por quarenta
mil), tem-se que cada 1 mm obtido na representação desenhada
na carta equivale a 40.000 mm ou 40 m do tamanho real do
lugar.
Por exemplo! (1 mm de carta = 40.000 mm = 40 m da superfície terrestre).
- uma escala de 1:25.000 é maior que
1:100.000, uma vez que, em 1:25.000, Assim, as cartas são projetadas em escalas que poderão
1 mm na carta corresponde a 25.000 apresentar um lugar com maior ou menor nível de detalhamento.
mm = 25 m no terreno, enquanto na
Logo, uma carta onde a escala é 1:25.000, classificada como de
outra escala, 1 mm na carta
representa 100.000 mm = 100 m no grande escala representa uma área menor, mas contém
terreno. informações mais precisas e detalhadas sobre a área; já outra, de
1:150.000, classificada como de média escala, abrangeria uma
Exemplos: área maior, porém com menos detalhes e ainda, uma carta de
Escala de 1:100.000
1 mm 100.000 mm 100 m
1:3.000.000, classificada como de escala muito pequena cobriria
Escala de 1:50.000 uma faixa extensa, porém com muito menos detalhes ainda.
1 mm 50.000 mm 50 m
- Escala de 1:25.000 Exemplo:
1 mm 25.000 mm 25 m O que significa a escala numérica de 1:25.000 em uma carta
náutica?
Conclusão: Resposta: Significa que a região representada foi dividida 25.000
- Escala pequena, por exemplo,
vezes, ou seja, cada unidade na carta equivale a 25.000 unidades no
1:250.000, 1:1.000.000, cobrem
grandes áreas, já uma escala grande, terreno (25.000 milímetros ou 25 metros).
por exemplo, 1:25.000, 1:50.000, Então, como seria representada uma distância de 500 metros em
1:100.000, cobrem pequenas áreas uma carta nesta escala?
com muito mais detalhes.

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Lembre-se: Resposta: Se cada milímetro na carta corresponde a 25.000 mm


- Quando o trecho navegável é no terreno (ou 25 metros), teremos:
abrangido por carta náutica, deve-se 1 mm de carta = 25.000 mm = 25 m
fazer uso de cartas de maior escala,
X mm = ?
que mostrarão sempre maiores
detalhes da área abrangida. 500
X= = 20 mm
-----------------------------------

25
Nota:
- No exemplo, cada milímetro na carta Significa dizer que 500 metros na carta de 1:25.000, equivale a
corresponde a 25.000 mm (ou 25 20 milímetros da superfície terrestre.
metros), no terreno.

Classificação das Cartas De modo a melhor atender às necessidades da comunidade


marítima, a Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN) publica e
quanto a Escala
classifica as cartas de navegação de acordo com a escala, nos
seguintes tipos de carta, que podem variar de área para área:
Edição e Publicação das Cartas Cartas Gerais - com escala menor que 1:3.000.000, abrangem
Náuticas grandes extensões de mar e da costa, e apresentam escala muito
- No Brasil, cabe à Diretoria de pequena. São empregadas no planejamento de grandes derrotas
Hidrografia e Navegação (DHN), na
qualidade de Serviço Hidrográfico
oceânicas, não sendo adequada para emprego na navegação.
Brasileiro, manter, por meio do Centro Cartas de Trechos - são cartas de escala intermediária.
de Hidrografia da Marinha (CHM), Subdividem-se em:
todas as Cartas Náuticas em Águas  Cartas de Grandes Trechos - com escala entre 1:3.000.000
Jurisdicionais Brasileiras (AJB) a 1:1.500.000, se destinam à navegação fora do alcance de
atualizadas.
faróis e pontos de terra.
 Cartas de Médios Trechos - com escala entre 1:1.500.000
e 1:500.000, também se destinam à navegação fora do
alcance de faróis e pontos de terra.
Segue, na sequencia, um quadro
 Cartas de Pequenos Trechos - com escala entre 1:500.000
resumo de classificação das cartas,
conforme a escala. e 1:150.000, se destinam à navegação costeira e
Cartas Gerais cabotagem.
Escala menor que 1:3.000.000 Cartas Particulares - com escala maior que 1:150.000,
CARTAS DE TRECHOS destinam-se à navegação em águas costeiras restritas. Abrangem
Grandes Trechos
Escala entre 1:3.000.000 a
extensões relativamente pequenas e apresentam-se em grande
1:1.500.000 escala, ricas em informações, permitindo mostrar maiores
Médios Trechos detalhes sobre um local. Subdividem-se em:
Escala entre 1:1.500.000 e  Cartas de Aproximação - com escala entre 1:150.000 e
1:500.000
1:50.000, destinadas à aterragem de portos ou passagens
Pequenos Trechos
Escala entre 1:500.000 e 1:150.000 por áreas críticas de perigos à navegação afastados da
CARTAS PARTICULARES costa.
Escala maior que 1:150.000  Cartas de Porto - com escala maior que 1:50.000,
Cartas de Aproximação destinam-se a representação detalhada de portos, baías,
Escala entre 1:150.000 e 1:50.000
enseadas e fundeadouros.
Cartas de Porto
Escala maior que 1:50.000
Planos Planos - com escalas igual ou maior que 1:25.000, servem
Escala igual ou maior que 1:25.000 para dar mais detalhes de certos trechos, tais como, entrada de
portos, baías, atracadouros, canais e trechos de rios, onde a
Atenção!
navegação exige mais detalhe e precisão.
- Nas cartas de aproximação e planos
de portos, os pontos referenciais, tais
como, topografia, faróis, torres etc,
para navegação, apresentam-se em
maiores detalhes.

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Orientações das Cartas Uma carta colocada na posição de leitura terá o Norte (N) em
sua parte superior e o Sul (S) na parte inferior da carta. O Leste
(E) está à direita e o Oeste (W) à esquerda da carta. Assim, para
uma leitura correta, devemos nos posicionar ao sul da carta, com
o norte voltado para cima.
Nas cartas náuticas a escala de latitude está localizada nas
laterais da carta (W-E), e a escala de longitude nas partes
superior e inferior da carta (N-S). Desse modo, na determinação
de um ponto, na escala vertical, localizada nas laterais, de uma
carta, lê-se a latitude, e na escala horizontal, superior e inferior,
Leitura da Escala na Carta: lê-se a longitude.
- Na Carta, a escala de latitude cresce Baixe a Carta Especial para Instrução 13006, para visualizar a
de cima para baixo e a escala de imagem em cores e ter uma melhor compreensão.
longitudes cresce da direita para a http://www.portaldoamador.com.br/downloads/carta13006.pdf
esquerda.

Informações Contidas As cartas náuticas trazem importantes informações de


orientações ao navegante, as principais são:
nas Cartas  Título da Carta - indica o país e o trecho de abrangência da
carta. Por exemplo, na figura ao lado (título da carta
náutica), a área geográfica geral é o BRASIL e o trecho da
costa representado situa-se na COSTA LESTE do Cabo
Búzios ao Cabo Frio.
 Número da Carta - situado no canto superior esquerdo e
no canto inferior direito da carta, representa o número de
ordem da carta no Catálogo de Cartas.
 Sondagens - profundidades e altitudes registradas nas
cartas são indicadas por diversos números espalhados pela
carta. São profundidades em metros, levantadas, com
grande aproximação, no local na média das mais baixas
Marés de sizígia marés de sizígia, ou seja, nas condições mínimas de água
- Marés de grande amplitude, que se no local sondado e podem, também, serem representadas
segue ao dia de lua cheia ou de lua por linhas de mesma profundidade, denominadas de linhas
nova; água-viva, maré de lua. isobáticas. As altitudes tem como referência o nível médio
do mar.
Carmim  Notas sobre precauções - apresentam-se, geralmente, em
- Vermelho muito vivo, ligeiramente letras grafadas em vermelho para chamar a atenção do
arroxeado, muito utilizado para usuário. Devem ser lidas com atenção pelo navegante.
correção de pequenos textos.  Observações sobre continuação da Carta - se existente, é
escrito a carmim junto às laterais e margens. Indicam que
a carta continua. Ex.: Carta 1500: adjacente carta 1600.
 Outras cartas de maior precisão existentes no trecho - os
limites de tais cartas são escritos a carmim, em forma de
retângulos, incluindo os números no canto inferior direito.
 Rosa dos Ventos - disposta em um ou mais lugares da
carta, tem o “zero” voltado para o Norte Verdadeiro (Nv)
da Terra. Traz em seu interior, o valor da Declinação
Magnética (Dmg) do trecho, que facilita o traçado de
rumos e marcações. A rosa também traz informações do
ano de seu levantamento e a variação anual.
 Meridianos e Paralelos - as cartas apresentam meridianos
(linhas verticais) e paralelos (linhas horizontais).

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 Escala de Latitudes - apresentadas nas laterais direita e


esquerda das cartas, como já visto, as escalas de latitude
crescem de cima para baixo.
 Escala de Longitudes - apresentadas na parte superior e
Carta 12000 inferior das cartas, como já visto, a escala de longitude
- Em forma de livreto, é uma cresce da direita para a esquerda.
publicação padronizada
internacionalmente, que traz todos os
 Auxílios à Navegação - faróis, radiofaróis, faroletes, boias,
símbolos, abreviaturas e termos balizas, luzes e pontos notáveis do relevo da costa, com
utilizados nas cartas náuticas. suas características, são representados nas cartas por
símbolos e abreviaturas e registrados na Carta 12000.
Datum
 Datum - apresentados na legenda das cartas, refere-se ao
- Relação entre a distância medida
entre dois pontos, na carta náutica, e a modelo de representação matemática da superfície
verdadeira distância entre esses terrestre ao nível do mar utilizado pelos cartógrafos numa
pontos, na superfície da Terra. carta náutica. As cartas Mercatorianas utilizam o datum
WGS-84.
WGS-84
- O World Geodetic System 1984, é a
quarta versão do sistema de referência Com menos detalhes, a carta náutica também traz
geodésico global estabelecido pelo representada na parte terrestre, o contorno da linha da costa,
Departamento de Defesa Americano ilhas, curvas de nível, pontos notáveis à navegação, instalações
(DoD) desde 1960 com o objetivo de portuárias e outras informações de interesse da navegação. É
fornecer posicionamento e navegação
em qualquer parte do mundo. importante saber que em uma carta náutica só serão
representados os detalhes da parte terrestre que sejam de
interesse da navegação aquaviária.

As Cores na Carta As cartas são confeccionadas de acordo com os preceitos e


normas da Organização Hidrográfica Internacional (OHI), da
Organização Marítima Internacional (IMO) e da Associação
Internacional de Sinalização Marítima (AISM), tendo as mesmas
cores em qualquer parte do mundo.
A cor creme representa a parte terrestre; a cor azul royal
(mais forte) indica águas com menor profundidade (sempre
inferior a 10 metros); a cor azul claro indica águas com
profundidade entre 10 e 20 metros; a parte branca indica
profundidades locais superiores a 20 metros. Os diversos
Trecho de uma carta náutica
números espalhados, na parte branca, significam às
profundidades em metros no local, medidos na mais baixa maré
de sizígia.

Atualização das Cartas As Cartas, e as demais publicações de auxílio à navegação


devem ser mantidas atualizadas. A data de atualização constitui
um importante elemento de análise e avaliação de confiança da
carta. Assim, antes de usá-la o navegante deve verificar se não há
nenhum Aviso Permanente que a tenha alterado, após o último
Aviso nela registrado, e deve anotar todos os Avisos-Rádios,
Avisos Temporários e Avisos Preliminares que a afetam e
continuam em vigor, de acordo com o último Folheto Quinzenal
Atenção! dos Avisos aos Navegantes. Este assunto será estudado na
- Todas as alterações que afetam a
segurança da navegação e que podem próxima Unidade.
ser introduzidas na carta à mão ou por
colagem de trecho, são divulgadas por
Avisos aos Navegantes.

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Observe a figura abaixo, ela ilustra algumas das informações contidas nas cartas

Confiança e Precisão da O valor de uma carta náutica depende, principalmente,


da precisão do levantamento em que é baseada, sendo esse
Carta fato tanto mais sensível quanto maior a escala da carta. A
data do levantamento, que é sempre encontrada no título
da carta, é um bom guia para estimar essa precisão.
Nas cartas atuais, os Diagramas de Levantamentos ou
Diagramas de Confiabilidade também fornecem importantes
informações sobre a precisão e confiança da carta. Em certas
zonas, onde a qualidade predominante do fundo é areia ou
lama, podem, com o passar dos anos, ocorrer sensíveis
alterações. É mesmo possível afirmar que, exceto nos portos
muito frequentados e em suas proximidades, em nenhum
levantamento até agora executado o exame do fundo foi
muito minucioso para poder ficar certo de que todos os
perigos foram encontrados e delimitados. Outra maneira de
se avaliar a qualidade de uma carta é o exame da
quantidade e da distribuição das sondagens nela mostradas.
Quando as sondagens são esparsas e irregularmente
distribuídas, pode-se considerar que o levantamento não foi
feito com grande detalhe.
Deve-se ter sempre em mente que o principal método
para conhecer o relevo do fundo do mar é o laborioso
processo de sondagem, no qual uma embarcação que sonda
uma determinada área conserva-se sobre determinadas
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linhas e, cada vez que lança o prumo de mão ou faz uma


Prumo de Mão sondagem sonora, com ecobatímetro, obtém a
- Sendo o mais antigo método usado para
determinar profundidades, consiste em um profundidade sobre uma área diminuta, que representa o
peso de chumbo de forma troncônica, relevo submarino de uma faixa de pouca largura. Por
denominado chumbada, tendo na parte conseguinte, as linhas de sondagem devem sempre ser
superior uma alça, ou um orifício, e na base consideradas como representando o relevo submarino
um cavado, onde se coloca sabão ou sebo,
com a finalidade de trazer uma amostra da
apenas nas suas proximidades imediatas.
qualidade do fundo, indicando a tensa. Para Por vezes, não havendo indícios da existência de um
medição da profundidade com o prumo de alto- fundo, sua localização pode escapar quando se sondam
mão, a velocidade precisa ser reduzida até o duas linhas que o ladeiam, sendo essa possibilidade tanto
valor de três (3) nós. maior quanto menor a escala da carta. As cartas costeiras,
Ecobatímetro por conseguinte, não podem ser consideradas como
- Também usado para medir profundidades, infalíveis, não se devendo, em uma costa rochosa, navegar
o ecobatímetro apresenta vantagem sobre o por dentro da linha de 20 metros de profundidade, sem se
prumo de mão, pois permite sondagem tomar toda precaução para evitar um possível perigo.
contínua com qualquer velocidade do navio,
em profundidades não alcançadas por eles,
Mesmo em carta de grande escala, os navios devem evitar
e quase independentemente das condições passar sobre fundos irregulares representados nas cartas,
de tempo. porque algumas pedras isoladas são tão escarpadas, que, na
sondagem, pode não ter sido encontrada a sua parte mais
Alto fundo rasa. Espaços em branco entre as profundidades podem
- Parte do fundo do mar que está acima do
nível geral em relação a outras áreas. Por significar que nesses trechos não se fizeram sondagens.
exemplo, quando as sondagens indicam Quando há bastante fundo em torno de tais trechos, podem
pouca água e o resto da carta mostra a eles ser considerados como de profundidade grande e
existência de pedras e altos-fundos, os uniforme. Porém, quando as sondagens indicam pouca água
espaços em branco entre as profundidades
devem ser considerados como suspeitos
e o resto da carta mostra a existência de pedras e altos-
para uma navegação segura. fundos, esses espaços em branco devem ser considerados
como suspeitos.

Materiais Básicos Utilizados São utilizados, basicamente, os seguintes materiais para


trabalhar na carta convencional (em papel): Régua de
no Manuseio das Cartas Paralelas, Compasso, Lápis Grafite e Borracha.
Náuticas A régua de paralelas para navegação tem como função o
traçado de linhas que determinam os valores de Rumos e
Marcações. Fabricadas em acrílico e com escalas em graus, a
régua de paralelas compõe-se de duas réguas presas por
duas pequenas barras e um sistema de roldanas, que
promovem seu deslizamento paralelo sobre uma carta
náutica. Existem réguas de paralelas que possuem uma
graduação que facilita seu uso, dispensando seu
deslocamento até a rosa de rumos (rosa dos ventos). A
referência para esta régua será qualquer meridiano.
Para medir distâncias de um ponto a outro, referente a
uma área marítima, usamos o compasso e obtemos a
medida em milhas náuticas. Os compassos de navegação
podem ser de ponta seca, para serem abertos e fechados
com uma só mão, ao mesmo tempo em que se trabalha na
carta, ou do tipo usado em desenho técnico, com ponta de
grafite ou com porta lápis. Para o caso de arcos de grandes
Cintel raios, usamos o cintel (extensão que se adapta ao compasso
- Chama-se “cintel” ao instrumento que
permite o traçado de arcos de distância a fim de traçar grandes círculos).
maiores que a abertura máxima de um
compasso comum.
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Para assinalar o traçado na carta náutica, é importante


ter a mão um lápis macio e uma borracha de boa qualidade.
Recomenda-se que qualquer traço na carta, seja feito
com lápis, pois, além de evitar rasuras, o navegante poderá
apagar o traçado anterior aproveitando a carta por várias
vezes.

A Utilização das Cartas Como já visto, as cartas náuticas trazem uma ou mais
Rosa dos Ventos (ou rosa de rumos), que informa os graus
Náuticas
de cada rumo, de 000° a 360°, no sentido horário.
A medida de qualquer direção na carta é feita, aplicando
a régua de paralelas à direção traçada, cujo valor angular se
queira saber, fazendo com que a régua de paralelas seja
Reta de posição deslocada paralelamente, desde a direção traçada até
- Para o transporte de uma reta de posição, atingir o centro da rosa dos ventos existente na carta.
são necessários a distância, o rumo, a Uso da régua de paralelas:
direção e a hora. Tendo em mãos a carta náutica do trecho que se deseja
navegar, traça-se uma linha reta entre o ponto de partida e
Na Internet ponto de chegada da viagem. Coloca-se uma régua de
- Consulte o vídeo publicado na internet
paralelas sobre esta linha reta e leva-se a régua, de forma
para visualizar os materiais básicos de
manuseio de uma carta náutica e ter uma paralela, até o centro da rosa dos ventos impressa na carta
melhor compreensão. onde é feita a leitura do rumo obtido. Este rumo lido é o
rumo verdadeiro (Rv). No caso do litoral brasileiro,
http://www.youtube.com/watch?v=bSPfeOE acrescenta-se (soma-se) a declinação magnética da área,
ZLOI
onde teremos, então, o rumo magnético a ser seguido na
agulha.
A régua, ao atingir a rosa, estará cortando-a, em dois
pontos: um será o valor angular da direção do movimento
da embarcação, ou seja, a direção verdadeira do movimento
pretendido pela embarcação, e o outro o valor angular da
recíproca, ou seja, a direção oposta a este movimento. Uma
direção e sua recíproca sempre terão a diferença de 180°.

Carta Náutica Digital No que se refere às cartas digitais destinadas a


navegação, há quatro conceitos importantes.
ECDSIS  ECDSIS - (Electronic Chart Display and Information
- Exibe informações por meio de cartas System) – Sistema Eletrônico de Apresentação de
eletrônicas e integra informações do GPS e Cartas e Informações de navegação por computador
outros sensores de navegação como radar,
ecobatímetro e AIS. Pode exibir informações que obedece aos regulamentos da Organização
de derrotas previamente selecionadas. Marítima Internacional e pode ser utilizado em vez
das cartas náuticas tradicionais (impressa);
A principal função do ECDSIS é contribuir para a navegação
segura sem, no entanto, descartar o uso das cartas náuticas
Na Internet
convencionais.
- As cartas ENC, podem ser obtidas em inglês
nos Centros Regionais Autorizados de  ECS - Sistema de Cartas Eletrônicas que pode ser
Distribuição de Cartas ENC, em: utilizado como auxílio à navegação, mas não substitui
http://www.ic-enc.org/ ou em legalmente a carta náutica impressa;
http://www.primar.org/  Carta Náutica Eletrônica (ENC) - é a base de dados
- As cartas Raster podem ser obtidas
gratuitamente na internet em:
padronizada com relação a conteúdo, estrutura e
http://www.mar.mil.br/dhn/chm/box- formato, emitida para uso com o ECDIS sob a
cartas-raster/raster_disponiveis.html. autoridade de Serviços Hidrográficos autorizados pelo
Acesso em: 01/11/2015 Governo; e
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 Carta náutica RASTER (RNC) - é uma cópia digital


- Para saber mais sobre as cartas RASTER e (formato bitmap) da carta náutica convencional de
ENC, acesse o endereço:
http://www.mar.mil.br/dhn/chm/box- papel. A carta náutica digital ENC contém todas as
cartas-nauticas/cartas.html informações úteis da carta náutica para a navegação
Acesso em: 01/11/2015 segura e pode conter informações suplementares
além daquelas contidas na carta em papel, que
possam ser consideradas necessárias para a
navegação segura.

Glossário Glossário de Termos empregados e não especificamente


definidos no corpo desta unidade:
 Azimute - é uma direção definida em graus, variando de
Azimute 000° a 360°. Existem outros sistemas de medida de
- Quando realizamos marcações de objetos azimutes, tais como o milésimo e o grado, mas o mais
na superfície terrestre (morros, faróis, usado pelos navegadores é o Grau. A direção de 000°
navios, edifícios etc.), chamamo-las de
Marcações, porém, quando as marcações
graus corresponde ao Norte, e aumenta no sentido dos
são feitas para astros (Sol, Lua, Estrelas, ponteiros do relógio.
Planetas etc.), denominamos Azimute.  Nível de Redução (NR) - pode ser definido como um
nível tão baixo que a maré, em condições normais, não
fique abaixo dele.
Obtenção de cartas convencionais
- As cartas de papel podem ser obtidas nos  Pontos Notáveis - qualquer ponto que possa servir como
Postos e Agentes de Vendas credenciados referência para a navegação visual ou radar no trecho
pela DHN. A lista completa está disponível que se deseja navegar (morros, faróis, navios, edifícios
na Internet em: etc.).
http://www.mar.mil.br/dhn/bhmn/publica_
postosdevendas.htm
 Plotagem - locar numa carta náutica a posição de uma
Acesso em: 01/11/2015 embarcação, aeronave, alvo etc. Para plotar um ponto,
na carta náutica, é necessário ter as coordenadas.
 Reticulado – também chamado de graduado, é a
denominação dada ao conjunto dos meridianos e
paralelos, em uma Carta de Mercator.
 Linha Isobática ou isobatimétrica - é a linha que, na
carta náutica, liga pontos de mesma profundidade.
 Linhas agônicas - é a linha que une dois pontos onde a
declinação magnética é nula (zero).
 Linhas isogônicas - linhas que unem pontos de mesma
declinação. Nas cartas onde as informações magnéticas
não se apresentarem dentro da rosa dos ventos, estarão
representadas por linhas que unem pontos de mesma
declinação, ou seja, por linhas isogônicas.
 Série Traub - Pela série de TRAUB em uma carta náutica,
verifica-se a existência de corrente. É constituída pela
série de marcações polares 14⁰, 16⁰, 22⁰, 27⁰, 34⁰, 45⁰,
63⁰ e 90⁰ a um mesmo objeto, que apresentam as
seguintes propriedades: As distâncias navegadas entre
duas marcações consecutivas são iguais. A distância do
objeto quando estiver pelo través é o dobro da distância
navegada entre duas marcações consecutivas.
 Singradura - é a derrota efetuada por uma embarcação,
em determinado tempo.

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Parabéns por ter concluído está unidade.


Na próxima unidade você conhecerá outras Publicações de Auxílio à Navegação.
Acesse o site e selecione “Por Disciplina”: Publicações e Cartas Náuticas

Saiba mais
Você pode saber mais sobre “carta náutica” consultando os seguintes endereços eletrônicos:
http://www.mar.mil.br/dhn/bhmn/download/cap2a.pdf
(Projeções Cartográficas; A Carta Náutica)
http://www.mar.mil.br/dhn/bhmn/download/cap2b.pdf
(Projeções Cartográficas; A Carta Náutica)
http://www.youtube.com/watch?v=bSPfeOEZLOI
(Vídeo - Como utilizar a carta náutica, traçar rumos, calcular distâncias e tempo de navegação)
http://www.youtube.com/watch?v=JLbttcQbe2w
(Vídeo - Aprendendo a trabalhar na carta náutica)
http://www.youtube.com/watch?v=LHKHiYYUy8E
(Vídeo - Carta Náutica, uma visão geral)
http://www.youtube.com/watch?v=Hth54V5LRlg
(Vídeo - Medidas elementares sobre a carta náutica)
http://www.youtube.com/watch?v=hHuyyekus8s&feature=player_detailpage#t=131s
http://www.youtube.com/watch?v=LSOIyplcKIQ&feature=player_detailpage#t=130s
http://www.infoescola.com/cartografia/projecao-de-mercator/
http://educacao.uol.com.br/geografia/escala-cartografica-como-interpretar-reducoes-em-mapas.jhtm
http://www.esteio.com.br/newsletters/paginas/006/o-class_cilindrica.htm
http://www.curso-objetivo.br/vestibular/roteiro_estudos/projecoes_cartograficas.aspx
http://www.sispesca.io.usp.br/outros/cursos/navegacao/
http://www.oocities.org/eduardolouro/APOSTMST.htm

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Unidade 3:
Nesta unidade, você vai conhecer as principais publicações de auxílio à navegação, que são de
interesse dos navegantes das embarcações de esporte e recreio, exceto as miúdas, cujas
informações complementam e ampliam os elementos fornecidos pelas Cartas Náuticas
Brasileiras.

Publicações de Auxílio à Como você já viu, a carta náutica é o principal documento


de auxílio à navegação aquaviária, oferecendo o
Navegação
posicionamento geográfico da embarcação, delimitando áreas
que devam ser evitadas e determinando a derrota com
segurança. No entanto, ela não suporta sozinha a totalidade das
informações necessárias ao navegante. Assim, a Diretoria de
Hidrografia e Navegação (DHN), edita outros documentos
cartográficos auxiliares, que tem como principal objetivo
oferecer informações complementares as cartas náuticas,
publicações essas, que devemos ter a bordo, devidamente
atualizadas, para serem consultadas, sempre que for
necessário.
Você estudará cada uma dessas publicações
separadamente.

Catálogo de Cartas e Consiste de um catálogo que relaciona todas as cartas


náuticas, publicações e impressos em geral editados pela DHN.
Publicações As informações contidas no catálogo dividem-se em quatro
partes:
 Parte 1 - traz a relação de todas as cartas publicadas
(Marítimas, Fluviais, Lacustres, Especiais e
Meteorológicas).
 Parte 2 - apresenta os vinte (20) índices em que as cartas
são distribuídas. Cada índice contém uma relação
detalhada das cartas do trecho representado, com área
de abrangência, título, escala e o ano da primeira e da
última edição, a fim de dar ao navegante ciência do
estado de atualização das cartas, que devem ser
Fonte: http://www.mar.mil.br/dhn/chm
constantemente revistas. São incluídas nesta parte as
cartas do II Plano Cartográfico Náutico Brasileiro.
Na Internet  Parte 3 - relaciona todas as publicações e impressos
- O Catálogo de Cartas e Publicações editados pela DHN, de interesse exclusivo à navegação.
você encontra disponível para
 Parte 4 - relaciona todas as Cartas Eletrônicas da DHN
download gratuito no endereço:
http://www.mar.mil.br/dhn/chm/box- disponíveis para aquisição junto ao Centro Internacional
publicacoes/publicacoes/catalogo/cata de Cartas Náuticas Eletrônicas – IC-ENC (www.ic-enc.org)
logo.htm ou Primar (www.primar.no).
Acesso em: 11/11/2015
Na prática, o Catálogo de Cartas e Publicações é para ser
consultado sempre antes de adquirir uma carta ou publicação,
e por ocasião do planejamento de uma viagem, pois ele nos
Derrota ajuda a selecionar as cartas e publicações náuticas necessárias
- Rumo ou caminho traçado na carta para execução de uma determinada derrota a ser percorrida
náutica que uma embarcação deve por uma embarcação.
seguir para se deslocar de um lugar
para outro.

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Roteiro O Roteiro complementa as cartas náuticas brasileiras,


oferecendo subsídios para melhor avaliar as informações das
cartas na navegação ao longo da costa ou dos canais e nas
aterragens, assim como conhecer os regulamentos, recursos e
facilidades dos portos, fundeadouros e terminais portuários. Se
há mais informações disponíveis do que as mostradas nas
cartas, elas são registradas no Roteiro.
Para efeitos de cartografia náutica, o Roteiro é constituído
de três volumes que divide a costa do Brasil em:
 Roteiro Costa Norte - Vai da Baia do Oiapoque ao Cabo
Calcanhar (RN) incluindo o Rio Amazonas, Jarí e
Fonte: http://www.mar.mil.br/dhn/chm Trombetas e o Rio Pará.
 Roteiro Costa Leste - Vai do Cabo Calcanhar (RN) ao
Atenção! Cabo Frio (RJ), incluindo as Ilhas Oceânicas da região.
- Roteiro é a publicação onde o  Roteiro Costa Sul - Vai do Cabo Frio (RJ) ao Arroio Chuí
navegador encontra detalhes dos (RS), incluindo a Lagoa dos Patos e Mirim.
portos, fundeadouros e costas.

O Roteiro também é um documento de consulta. Deve ser


Na Internet utilizado pelo navegante sempre que se tem necessidade de
- O Roteiro completo você encontra
disponível para download gratuito no conhecer, com detalhes, pontos geográficos característicos,
endereço: descrição da costa, estruturas isoladas e auxílios à navegação
http://www.mar.mil.br/dhn/chm/box- que permitam identificá-los para determinar a posição da
publicacoes/publicacoes/roteiros.htm embarcação, perigos existentes, ventos predominantes,
Acesso em: 01/11/2015
correntes oceânicas, áreas e atividades de restrição à
navegação, rotas mais usuais e aconselhadas, fundeadouros,
profundidades das barras e canais, recursos dos portos, áreas
proibidas e outros, antes e no decorrer de uma viagem. Tal
ação, além de ajudar na decisão da melhor derrota a seguir,
evita perigos à navegação.

Lista de Faróis A Lista de Faróis traz todas as informações sobre faróis,


aerofaróis, barcas-faróis, faroletes, balizas, boias luminosas e
luzes particulares ou de obstáculos aéreos de interesse do
navegante, existentes na costa, nos rios, nas lagoas e nas ilhas
do Brasil, assim como nas costas e ilhas dos países estrangeiros
que possuam suas terras representadas nas cartas náuticas
brasileiras.
A Lista de Faróis é constituída de apenas um volume,
dividido em cinco (5) partes:
 Costa Norte e Bacia Amazônica;
Fonte: http://www.mar.mil.br/dhn/chm  Costa Leste;
 Costa Sul;
Faróis  Lagoa dos Patos; e
- Os faróis podem ser classificados em:
 Área Estrangeira.
Radiofaróis e Aerofaróis. Radiofarol é
uma estação de terra que transmite
em ondas radioelétrica para navio ou Atualizado a cada 12 meses, a Lista de faróis apresenta
avião. No caso do navio, ele funciona ainda fotos dos principais faróis e faroletes listados, como mais
como um receptor e marca o farol com um elemento para sua identificação, além das características
o Radiogoniômetro.
dos Radiofaróis tais como: tipo, nome, indicativo, localização,
O Aerofaról é destinado à navegação frequência e alcance.
aérea, podendo ser usado para a
navegação marítima.

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A lista de faróis é complementada pela Lista de Sinais Cegos


Lista de Sinais Cegos (boias cegas, balizas e placas de ponte). Além da Lista de Faróis, as
- Contém informações referentes a principais características de uma boia ou baliza também podem ser
todos os sinais cegos existentes na encontradas na carta náutica da região.
costa e nos rios, lagoas e ilhas do
Brasil, exceto os situados nas hidrovias
Paraguai-Paraná e Tietê-Paraná. Como usar:
A Introdução nos dá explicação detalhada para o seu uso,
Na Internet além de outras informações úteis ao navegante, dentre as quais
- A Lista de Faróis completa você
encontra disponível para download
destacamos: as características das luzes (descrições e
gratuito no endereço: ilustrações), tabela de alcance geográfico das luzes, em que se
http://www.mar.mil.br/dhn/chm/box- entra com a altitude do farol e a elevação do observador,
publicacoes/publicacoes/lf/lf.htm achando-se a distância entre os faróis, o Sistema de
Acesso em: 11/11/2015 Balizamento Marítimo (IALA) Região “B”, que é a região do
Brasil, e a lista de abreviaturas usadas na Lista de Faróis.

Lista de Auxílios-Rádio Dividida em nove capítulos, é a publicação que tem como


principal objetivo fornecer ao navegante, informações
detalhadas sobre os serviços-rádio de auxílio à navegação
marítima existentes na costa do Brasil e sobre serviços-rádio,
incluindo transmissões via satélite, úteis ao navegante que
estiver no oceano Atlântico Sul.
Corrigido e atualizado pelos Avisos-Rádio, Folheto Quinzenal
de Avisos aos Navegantes e Suplemento Anual, a lista de
Auxílios-Rádio trata dos seguintes aspectos: Radiogoniometria,
Fonte: http://www.mar.mil.br/dhn/chm Sinais Horários (para acertarmos o relógio de bordo), Serviços
Radiometeorológicos (Boletins de previsão meteorológica),
Na Internet Avisos-Rádio Náuticos e Avisos-Rádio SAR, Respondedor Radar
- A Lista de Auxílios-Rádio 2015-2019 (RACON), Comunicações de Perigo e Segurança, Apoio Costeiro
completa você encontra disponível e Sistemas de Navegação Eletrônica.
para download gratuito no endereço:
http://www.mar.mil.br/dhn/chm/box-
publicacoes/publicacoes/lar/lar.htm
Quando usar:
Acesso em: 01/11/2015 A Lista de Auxílios-Rádio é especialmente útil, quando
temos a bordo, pelo menos, um rádio receptor e/ou um
Radiogoniômetro.

Tábuas das Marés Editadas anualmente, a publicação Tábuas das Marés


contém previsões das marés com horas e alturas das preamares
e baixa-mares para os principais portos, ilhas oceânicas e
costeiras, barras, fundeadouros e atracadouros da costa
brasileira e da Estação Antártica Comandante Ferraz, para todos
os dias do ano. Esta previsão é feita por meio de cálculos
especiais denominados “métodos harmônicos”.
A publicação fornece ao navegante o nome do porto, as
coordenadas geográficas do porto (latitude e longitude), o fuso
Fonte: http://www.mar.mil.br/dhn/chm a que se referem as horas indicadas, instantes das preamares e
baixa-mares com as respectivas alturas sobre o nível de
Na Internet redução, ao qual correspondem também às sondagens que
- As Tábuas das Marés, na versão estão registradas nas cartas náuticas, a altura do nível médio
online, estão disponíveis para consulta sobre o nível de redução e fases da lua.
em: Atualmente as previsões de marés são disponibilizadas para
http://www.mar.mil.br/dhn/chm/box-
previsao-mare/tabuas/index.htm
consulta on-line, pela DHN, para 53 portos cadastrados.
Acesso em: 01/11/2015

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Extrato das Previsões das Marés – versão eletrônica

Previsão das Marés:


- O navegante necessita dessas
informações para verificar qual é
a profundidade real de um local,
em um determinado dia e
horário. Verificando, também,
qual a intensidade e o sentido da
corrente de maré indicada na
carta de correntes de maré do
referido porto.

http://www.mar.mil.br/dhn/chm/box-previsao-mare/tabuas/index.htm

Maré A fim de melhor assimilar o assunto, vamos conhecer alguns


conceitos básicos ligados a este fenômeno das águas, que
certamente é útil no dia-a-dia do navegante.

Maré é o movimento periódico das águas do mar, pelo qual


elas se elevam ou se abaixam em relação a uma referência fixa
Na Internet no solo. É produzido pela ação conjunta da Lua e do Sol, e, em
- Explicações sobre a aplicação da muito menor escala, dos planetas; a sua amplitude varia para
maré para a navegação, estão cada ponto da superfície terrestre, e as horas de máximo
disponíveis em:
http://www.mar.mil.br/dhn/chm/box- (preamar) e mínimo (baixa-mar) dependem fundamentalmente
previsao-mare/tabuas/mares.html das posições daqueles astros.
Acesso em: 01/11/2015 [Dicionário Aurélio]

Ao movimento horizontal das águas de um ponto a outro,


chamamos de corrente de maré e ocorrem no período em que
a maré está enchendo ou está vazando. No período em que o
nível das águas está subindo, chamamos de maré de enchente
e, quando o nível das águas está descendo ou diminuindo,
chamamos maré de vazante. Quando a maré de enchente
atinge o seu nível mais elevado, chamamos de preamar (ou
maré alta ou maré cheia); quando a maré de vazante chega ao
seu nível mais baixo, chamamos de baixa-mar (ou maré baixa).
No vai e vem das águas, haverá um período de tempo durante o
qual o nível do mar fica praticamente parado, ou seja, o nível do
mar não se altera; a esse curto período dar-se o nome de estofo
da maré.
Existem diferentes definições que conceituam a maré, os
quais podem considerá-la como:
 Altura da Maré - é a distância vertical, em um
Maré de vazante
- Fase de descida lenta do nível das determinado instante, entre o nível do mar e o nível de
águas. Corresponde a transição de redução registrado na carta náutica. Para obter a altura
maré cheia para maré vazia. da maré, o navegante deve interpolar as alturas de
preamar e baixa-mar no horário desejado. Esta
informação, para o ano em curso, está contida na
publicação.
 Nível de Redução (NR) - é o nível escolhido como
referência das sondagens das cartas náuticas e, tem
como base a média das menores baixa-mares de sizígias
da região sondada. Assim, em condições normais, o

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navegante terá a certeza que o nível do mar na baixa-


mar indicada na carta náutica, em nenhum momento,
ficará abaixo do NR, indicando uma segurança a mais
para quem navega na área sondada.
 Maré de Sizígia - é o nome dado a uma maré de grande
amplitude, caracterizada por preamares muito altas e
baixa-mares muito baixas, ou seja, nas altas de sizígia,
temos marés altas mais acentuadas e, nas baixas de
sizígia o mar atinge o nível mais baixo, caracterizando-se
por alturas negativas de maré, isto é, com o nível do mar
abaixo do NR.
 Maré de Quadratura - é a maré de pequena amplitude,
caracterizada por preamares baixas e baixa-mares altas,
ou seja, nas marés de quadratura, temos as marés altas
menos altas e as marés baixas menos baixas.
 Amplitude da Maré - é a diferença entre uma preamar e
uma baixa-mar consecutivas, ou seja, a variação do nível
das águas, entre uma preamar e uma baixa-mar
imediatamente anterior ou posterior.
 Nível Médio do Mar - é o nível do mar que fica entre o
nível da preamar e o nível da baixa-mar, ou seja, é a
Lembre-se:
- É consultando a “Tábuas de Marés” metade da amplitude da maré.
que obtemos a hora e a altura da  Ciclo da Maré - é o período de tempo entre uma
maré, na preamar e na baixa-mar; preamar e a baixa-mar que se segue.
esses dados possibilitam calcular a  Maré Semidiurna - ocorrem entre duas preamares e
amplitude da maré em um
determinado dia e local.
duas baixa-mares no período de um dia.
 Maré Diurna - ocorrem entre uma preamar e uma baixa-
Previsões de Marés (Máximas e mar no período de um dia.
Mínimas Diárias)  Maré Mista - ocorrem oscilações diurnas e semidiurnas
http://www.mar.mil.br/dhn/chm/box- no período de um dia.
previsao-mare/tabuas/index.htm
 Maré de Desigualdades Diurnas - Ocorrem entre duas
preamares e duas baixa-mares no período de um dia,
porém com acentuadas desigualdades.

A figura abaixo apresenta às marés do Porto do Rio de Janeiro –


Ilha Fiscal (Estado do Rio de Janeiro).
Observe!
- Na figura o lado, para o dia
07/10/2010, quinta-feira, temos as
seguintes alturas de marés:
01:49 horas – 1.3m (preamar)
08:53 horas – 0.0m (baixa-mar)
14:21 horas – 1.2m (preamar)
20:56 horas – 0.2m (baixa-mar)

- Para o exemplo, podemos concluir


que, a partir de 01:49 horas, a maré
começará a descer; a partir das 08:53
horas a maré começará subir; a partir
das 14:21 horas a maré começará a
descer, e a partir das 20:56 horas, a
Extrato da Tabela de Marés, versão online disponibilizada pela DHN no
maré começará subir. Observe que
endereço eletrônico:
esse vai e vem das águas, ocorre num
http://www.mar.mil.br/dhn/chm/box-previsao-mare/tabuas/index.htm
ciclo que se completa, mais ou menos,
de 6 em 6 horas, durante 24 horas.

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Como obter a amplitude, a profundidade e a altura da maré


para um determinado porto:
Horário de Verão
- Para obter o horário correto das Amplitude da Maré - para obter a amplitude da maré,
alturas das marés nos portos em que subtrai-se a altura da maré na baixa-mar (BM) da altura da
estiver vigorando o horário de verão, o
navegante deve somar uma (1) hora às maré na preamar (PM), posterior ou anterior.
horas fornecidas nas “Tábuas das
Marés”. ALTURA DA ALTURA DA
AMPLITUDE = BAIXA-MAR (BM) - PREAMAR (PM)

Por Exemplo:
Tábuas das Marés de um Porto Qualquer Consultando a Tábuas das Marés para um determinado porto
Janeiro (quadro ao lado), temos as seguintes informações para o dia
Dia Hora Altura (m) 01/01/2012: baixa-mar (BM) às 00:00 horas, igual a 2.0 metros, e
01/01/2012 00:00 2.0
preamar (PM) às 06:00 horas, igual a 5.0 metros. Qual a amplitude da
06:00 5.0
12:00 2.0 maré no local, naquele instante?
18:00 6.0 Solução:
08/01/2012 00:21 2.1 - Amplitude = BM – PM = 2.0 – 5.0 = 3.0 metros.
06:38 6.0 Conclui-se que a amplitude da maré no local entre 00:00 e 06:00
12:47 2.0
horas será de 3.0 metros, ou seja, no período a maré vai subir 3.0
00:34 6.0
metros, somando-se aos 2.0 metros da BM, podemos afirmar que, às
BM - baixa-mar 06:00 horas a altura da maré será de 5.0 metros.
PM - preamar
Profundidade de um Porto - Para obtermos a profundidade
em um determinado local de um porto, ou nas imediações,
soma-se a profundidade registrada na carta náutica (nível de
redução) a altura da maré no instante desejado.

PROFUNDIDADE PROFUNDIDADE ALTURA DA


REAL NO INSTANTE DA CARTA MARÉ NO
DESEJADO
= NÁUTICA (PC)
+ INSTANTE
DESEJADO (AM)

Por Exemplo:
Tábua das Marés de um Porto Qualquer
Janeiro
Navegando em um determinado local, às 00:30 horas do dia
Dia Hora Altura (m) 08/01/2012, estava registrada em carta náutica a profundidade de 3.0
01/01/2012 00:00 2.0 metros. Como saber a profundidade real naquele instante?
06:00 6.0 Solução:
12:00 2.0 Consultando a Tábuas das Marés (quadro ao lado), colunas mês,
18:00 6.0
08/01/2012 00:21 2.1
dia e hora, verifica-se que às 00:21 horas do dia 08/01/2012, a altura
06:38 6.0 da maré será de 2.1 metros (baixa-mar). Logo, podemos determinar a
12:47 2.0 profundidade no local às 00:30 horas.
00:34 6.0 - Profundidade = PC + AM = 3.0 + 2.1 = 5.1 metros.
PC - profundidade na carta náutica Conclui-se que às 00:30 horas a profundidade será de 5.1 metros
AM - altura da maré no instante desejado
ou próximo a este valor. Entendeu?
Atenção!
- Se na carta consta a profundidade no Altura da Maré - Para obter a altura da maré no instante
local de 3.0 metros, e na “Tábuas de desejado, o navegante tem de resolver uma regra de três, ou
Marés” às 00:21 a altura no local para
seja, hora da preamar menos a hora da baixa-mar e a
o dia e horário é de 2.1 metros, soma-
se. Com isso o valor aproximado às respectiva amplitude (cm). A hora desejada, menos a hora da
00:30 horas será de 5.1 metros. baixa-mar (minutos) e a altura da maré no instante desejado,
menos a altura da baixa-mar (cm).

PM - BM e AMPLITUDE
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Por Exemplo:
Tábua das Marés de um Porto Qualquer
Consultando-se a tábua das marés para um determinado porto,
Janeiro
Dia Hora Altura (m) temos as seguintes informações para o dia 01/01/2012 (quadro ao
01/01/2012 00:00 2.0 lado): preamar às 06:00 horas, igual a 5.0 metros e baixa-mar às 12:00
06:00 5.0 horas, igual a 2.0 metros. Qual a altura da maré prevista para as 09:00
12:00 2.0 horas daquele dia?
18:00 6.0 Solução:
08/01/2012 00:21 2.1
06:38 6.0
PM às 06:00 = 5.0
12:47 2.0 BM às 12:00 = 2.0
00:34 6.0 Hora desejada = 09:00 horas.

1. Calcular o intervalo entre a Baixa-mar e a Preamar:


BM - baixa-mar - Hora da BM - Hora da PM =
PM - preamar - Intervalo: BM - PM = 12:00 - 06:00 = 6 horas.

2. Calcular a Amplitude da Maré:


- Altura da BM - Altura da PM
- Amplitude: BM - PM = PM = 2.0 - 5.0 = 3.0 metros.

3. Calcular o intervalo entre a Hora desejada e a Baixa-mar:


- Hora desejada - Hora da BM
- Hora desejada - BM = 09:00 - 12:00 = 3 horas.
Com os cálculos, concluímos que a maré está vazando (descendo),
pois num intervalo de 6 horas a maré descerá 3.0 metros. Utilizando a
Regra de três simples, agora podemos definir a altura da maré.

3h x 3.0 9.0
(Regra de 3) = = 1.5 metros
6 6

Logo, concluímos que, do horário da preamar até o horário


desejado, a altura da maré vai vazar (descer) 1.5 metros, ou seja, as
09:00 horas a maré estará em 3.5 metros aproximadamente, e
descendo.

Carta 12000 Embora seja chamada de Carta, na prática, a publicação


Carta 12000, intitulada “Símbolos, Abreviaturas e Termos
Usados nas Cartas Náuticas Brasileiras”, é editada em forma de
livreto, baseada nas Especificações de Cartas da Organização
Hidrográfica Internacional (OHI) que reúne a coletânea
completa dos símbolos, abreviaturas e termos utilizados nas
cartas náuticas nacionais e internacionais.
Por conter o significado de cada símbolo, abreviatura e
termos utilizados nas cartas náuticas nacionais e estrangeiras, é
altamente recomendável tê-la a bordo, mantida sempre à
disposição do navegante, e em local de fácil acesso.

Quando usar:
Na Internet Ao nos depararmos com algum símbolo ou abreviatura na
- A Carta 12000, em formato PDF,
pode ser obtida gratuitamente na carta, cujo significado fuja ao nosso conhecimento, a consulta à
INTERNET, no endereço: Carta 12.000 torna-se de grande importância. Por ser um
http://www.mar.mil.br/dhn/chm/box- documento de consulta, não há necessidade de ser decorada.
publicacoes/publicacoes/carta12000/c
arta12000.pdf
Acesso em: 01/11/2015

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A Carta 12000 poderá ser também Conheça a Carta 12000!


adquirida no Posto de Vendas da
EMGEPRON, situado na Base de
Os símbolos (seções de A a U), Abreviaturas (seções V e W)
Hidrografia da Marinha em Niterói e termos são classificados na Carta 12000 como topografia,
(BHMN), Rua Barão de Jaceguay s/nº - hidrografia ou auxílio à navegação, facilitando, desta forma, a
Ponta da Armação – 24048-900 - consulta do navegante.
Niterói, RJ, Brasil; ou na página de Detalhes sobre a Carta 12000 podem ser obtidos baixando a
comércio eletrônico:
http://www.cartasnauticasbrasil.com. publicação, disponível na internet no endereço eletrônico ao
br lado.

Algumas das abreviaturas comumente encontradas nas Cartas


Náuticas e registradas na Carta 12000:
Trecho da Carta 16006 A - tipo de fundo, areia E - encarnada
AL - fundo misto de areia e lama F.E. - luz fixa encarnada
AERO - aerofarol IG - igreja
Alt - alternada ISO - isofásica
Arg – argila L - lama
ACor - fundo misto de areia e coral Lp - lampejo
Av - areia verde MON - monumento
Arreb. - arrebentação NR - nível de redução
B - branca Obstn - obstrução
C - cascalho Pesq. - Pesqueiro
Cor - coral P – pedra
CHM - chaminé V – verde

Alguns símbolos encontrados nas Cartas Náuticas e decifrados na


Carta 12.000:
ʘ - chaminé notável ɷ - boia
 - igreja notável  - luz
—.—.— isobatimétrica de 100m — – — isobatimétrica de 50m

Avisos aos Navegantes De grande importância para a navegação, os Avisos aos


Navegantes (AVGANTES) são publicações editadas
periodicamente sob a forma de Folheto, e tem o propósito de
fornecer aos navegantes, informações destinadas à atualização
das cartas e demais publicações náuticas brasileiras, tais como,
roteiros, listas de faróis, tábuas das marés e outras.
Periodicamente, são publicados três “Avisos aos
Navegantes”:
 Área Marítima e Hidrovias em Geral - folheto quinzenal;
 Hidrovia Paraguai-Paraná - folheto mensal; e
 Hidrovia Tietê-Paraná - folheto trimestral.
Conforme o modo de divulgação e a característica das
Atenção! alterações que são introduzidas, os avisos são classificados
- Os Avisos-Rádio SAR (busca e como:
salvamento) e os Avisos-Rádio
Náuticos relativos à interdição de área  Avisos-Rádio Náuticos - de caráter urgente. Devido à
marítima, realização de reboques, urgência que se deseja com que cheguem aos
ocorrência de derrelitos, regatas, navegantes, tem como método de disseminação
movimentação de navios engajados principal as transmissões via rádio. São classificados em
em levantamentos marítimos e outros
eventos de curta duração, são,
Avisos de Área (NAVAREA), Avisos Costeiros ou Avisos
exclusivamente, divulgados via Locais.
rádio/satélite e disponibilizados na  Avisos Temporários (T) - se destinam a introduzir
Internet. correções nas cartas náuticas de caráter transitório.

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Avisos Permanentes Especiais (APE)  Avisos Preliminares (P) - se destinam a antecipar


- São os que, embora não alterem as informações de correções que, posteriormente, serão
cartas náuticas, divulgam informações
gerais importantes para os incluídos nos Avisos Permanentes.
navegantes. São publicados em sua  Avisos Permanentes - se destinam a introduzir correções
totalidade nos folhetos quinzenais definitivas nas cartas náuticas.
“Avisos aos Navegantes” nº 1 e 13,
sendo válidos para todo o ano.
Formas de Divulgação:
Como já dito, as informações dos Avisos aos Navegantes
Na Internet chegam aos navegantes pela transmissão de Avisos-Rádio, e
- O folheto quinzenal de Avisos aos
Navegantes e a Relação das Cartas e ainda, pela divulgação do Resumo Semanal, pela publicação no
Publicações Náuticas e respectivas folheto quinzenal, e também pela Internet.
correções, estão disponíveis no O folheto quinzenal “Avisos aos Navegantes” é editado pela DHN,
endereço: em português, com um anexo em inglês, sendo distribuído
http://www.mar.mil.br/dhn/chm/box- gratuitamente aos navegantes. Contem os avisos-rádio em vigor,
aviso- avisos permanentes, preliminares e temporários da quinzena, e os
navegantes/avgantes/avgante.htm preliminares e temporários anteriormente publicados e que
Acesso em: 01/11/2015
continuam em vigor. Fazem parte ainda do folheto as alterações
referentes à Lista de Faróis, Lista de Auxílios-Rádio e o Roteiro.

Correções:
As correções às cartas náuticas são consubstanciadas por
meio dos Avisos Temporários (T), Avisos Preliminares (P) e
Avisos Permanentes, apresentados na Seção III. Quando
necessário, a alguns Avisos Permanentes, são associadas
reproduções de trechos, notas e quadros (conhecidos como
"bacalhaus") encartadas nos próprios Avisos aos Navegantes,
em seção específica.
As correções às publicações náuticas são apresentadas na
Seção IV e, quando necessário, por meio de "Folhas de
Correções" encartadas no final dos Avisos aos Navegantes.
Para maiores detalhes, recomenda-se a leitura atenta da
Seção I (Informações Gerais) dos Avisos aos Navegantes.

Cartas Piloto As Cartas Piloto apresentam informações meteorológicas e


oceanográficas de fundamental importância para o navegante,
tanto na fase de planejamento, como na de execução da
derrota.
A DHN publica um Atlas de Cartas Piloto para o Oceano
Atlântico, abrangendo, no sentido N–S, o trecho de Trinidad ao
Rio da Prata e, no sentido E–W, o trecho desde o litoral da
América do Sul até o meridiano de 020ºW.
O Atlas de Cartas Piloto é constituído por 12 cartas, na
Projeção de Mercator, sendo uma para cada mês do ano. Para a
navegação, as principais informações das Cartas Piloto referem-
se a ventos e correntes marítimas. Apresentam ainda,
Na Internet informações sobre a declinação magnética (mostrando linhas
- O Atlas de Cartas Piloto completo isogônicas e linha de mesma variação anual da declinação),
encontra-se disponível no endereço:
http://www.mar.mil.br/dhn/chm/box-
temperatura do ar e temperatura da água do mar. No verso
publicacoes/publicacoes/cp/cp.htm das Cartas Piloto constam, também, informações sobre
Acesso em: 05/05/2016 nevoeiro, visibilidade, temperatura, vento médio e ocorrência
de ventos fortes nos principais portos e ilhas do Brasil.

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Almanaque Náutico O Almanaque Náutico contém dados relativos à Navegação


Astronômica. Traz informações sobre o nascer e por do Sol e da
Lua, passagem meridiana do Sol e da Lua e dos planetas Vênus,
Marte, Júpiter e Saturno, hora e duração dos crepúsculos,
tábuas da Estrela Polar, elementos para correção de alturas
observadas com o sextante, dados sobre hora legal, fusos
horários, cartas celestes etc. Por ser especialmente indicado
para navegação oceânica, não teceremos maiores comentários.

RIPEAM Regulamento Internacional para Evitar Abalroamentos no


Na Internet Mar (RIPEAM-72) - contém as regras de manobra no mar.
- O RIPEAM, em formato PDF, pode ser Pela sua importância, esse assunto você estudará na
obtido gratuitamente na INTERNET, no Unidade 9
seguinte endereço:
https://www.dpc.mar.mil.br/sites/def
ault/files/ssta/ripeam/flipbook/index.
html#/0
Acesso em: 01/11/2015

NOTA IMPORTANTE:
- Todas as publicações citadas nesta unidade são editadas pela Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN) e
mantidas atualizadas pelo Centro de Hidrografia da Marinha (CHM), ambas pertencentes à Marinha do
Brasil.

Para ter acesso a relação das principais Publicações de Auxílio à Navegação, consulte o endereço:
http://www.mar.mil.br/dhn/chm/box-publicacoes/publicacoes/publicacoes.htm

Parabéns por ter concluído mais está unidade.


Verifique seus conhecimentos, realizando os Simulados Online.
Acesse o site e selecione “Por Disciplina”: Publicações e Cartas Náuticas

Saiba mais
Você pode saber mais sobre o assunto estudado nesta unidade consultando os seguintes
endereços eletrônicos:
https://www.mar.mil.br/dhn/bhmn/download/cap12.pdf
(Publicações de Auxílio à Navegação)
http://www.mar.mil.br/dhn/chm/box-publicacoes/publicacoes/publicacoes.htm

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Unidade 4:
Nesta unidade, você terá uma visão geral dos principais instrumentos de auxílio à navegação;
entenderá como funcionam as agulhas (magnética e giroscópica); odômetro de fundo e de
superfície; ecobatímetro e prumo de mão; alidade entre outros.

Instrumentos de Auxílio A escolha dos instrumentos que se deve ter a bordo


depende de alguns fatores, dentre os quais se destacam o
à Navegação tamanho da embarcação, a singradura que irá empreender e
os recursos disponíveis a bordo. Aqui vamos conhecer, sem
Singradura entrar em detalhes técnicos, alguns dos equipamentos de
- Caminho, rota que uma embarcação
percorre em determinado tempo. auxílio à navegação comumentes encontrados na maioria das
embarcações de esporte e recreio (lazer) utilizadas na
Dotação de Equipamentos de navegação costeira, estimada e em águas restritas.
Navegação Os instrumentos náuticos são utilizados basicamente para
- É responsabilidade do Comandante,
dotar a sua embarcação com
se obter as direções no mar (rumos e marcações), medir e
equipamentos de navegação determinar a velocidade e a distância percorrida por uma
compatíveis com a singradura que irá embarcação, medir as distâncias no mar, medir profundidades,
empreender. (NORMAM-03/DPC). desenho e plotagem, ampliação do poder de visão do
navegante, entre outros. Vejamos alguns desses instrumentos:

Agulhas Náuticas Um dos problemas principais da navegação é determinar a


direção no mar (rumos e marcações) a seguir para ir de um
(Bússolas)
ponto a outro na superfície terrestre, bem como determinar a
posição da embarcação em função de pontos de terra quando
Agulha Náutica
dentro do alcance visual. A solução de ambos exige que se
- Instrumento empregado pelo
navegante para se orientar no mar. conheça uma orientação e esta é obtida pelas Agulhas
Náuticas. As agulhas náuticas podem ser Magnéticas e
Giroscópicas.

Agulha Magnética
A bússola, mais conhecida pelos Marinheiros como agulha
é o instrumento de navegação mais importante a bordo ainda
hoje. O seu princípio de funcionamento é, de um ferro natural
ou artificialmente magnetizado que tende em se orientar
segundo a direção do campo magnético da Terra.
Basicamente, a agulha magnética se compõe de um grupo
aglutinado de leves barras magnetizadas (imãs) e paralelas que
Agulha Magnética se fixam na parte inferior de um disco graduado de 000° a 360°
chamado de rosa dos ventos ou rosa de rumos. Possui no
centro um capitel (ou flutuador) com um cavado cônico com
A Agulha Magnética pode ser: uma pedra incrustada (rubi, safira etc.) onde assenta uma haste
- Eletrônica: baseia seu funcionamento
vertical denominada estilete (ou pião), fixado no fundo do
na medida do campo magnético
terrestre - apresentação digital de morteiro composto de uma cuba cheia com uma mistura de
rumos. água destilada e álcool etílico (para não congelar) ou um
- Giromagnética: combina os efeitos destilado fino de petróleo, fechada com um disco de vidro. No
do magnetismo e do giroscópio. vidro da cuba existe um traço vertical chamado linha de fé
(referência para rumos – indica com rigor a direção da proa da
embarcação), que deve ser rigorosamente alinhada com a linha
proa-popa (eixo longitudinal da embarcação). Feita de material
não magnético, a cuba é montada, em um suporte conhecido
por bitácula que contém um sistema dito cardan (suspensão
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cardan). A suspensão cardan é a parte da agulha magnética que


permite que a mesma se mantenha na horizontal, qualquer que
seja o jogo da embarcação.
Quando se começou com os cascos em ferro o desvio da
agulha passou a ter um efeito considerável e a agulha teve que
ser adaptada. Então, a bitácula passou a incluir uns ferros para
compensar esses efeitos e umas esferas de ferro denominadas
“esferas de Barlow”, que na prática, são ímãs de ferro duro e
peças de ferros doces que tem como função, compensar ou
diminuir os desvios, causados pelos ferros de bordo e seus
sistemas elétricos, e pela presença de influências magnéticas da
Denominação das Agulhas Magnéticas Terra; um dispositivo elétrico para iluminação da rosa dos
- Agulha padrão: recebe essa ventos, e um inclinômetro que é destinado a indicar as
denominação, a que estiver mais bem inclinações da embarcação. A bitácula possui ainda uma tampa
instalada sob o ponto de vista
de metal onde existe um dispositivo de iluminação de
magnético, ou seja, em local o mais
livre possível de influências magnéticas emergência à bateria. Para proteção da agulha dos raios
de. Pela agulha padrão é que se solares, existe uma peça de metal não magnético, adaptada à
determinam os rumos e as marcações. parte superior da cuba chamada capuchana.
- Agulha de Governo: é a que fica na
frente do piloto (Timoneiro) da
A Agulha Magnética tem como características importantes:
embarcação. Serve basicamente para o
governo da embarcação.  Operar independente de qualquer fonte de energia
- Agulha Portátil: é uma agulha elétrica, isto é, não necessita de alimentação;
manual, geralmente guardada em uma  Ser muito pouco sujeita a avarias;
caixa de madeira, que pode ser  Estar sempre estabilizada, se bem calibrada; e
transportada para qualquer ponto da
embarcação. Muito útil nas pequenas  Em comparação com outras agulhas, tem custo
embarcações (miúdas). relativamente baixo, motivo pelo o qual a Agulha
Magnética continua fazendo parte do equipamento dos
navios, mesmo dos mais modernos, como sistema de
orientação em caso de emergências.

Porém, esse tipo de agulha tem como limitações, o fato


de ser afetada pelo material ferroso do navio (ferros de bordo)
e pela presença de influências magnéticas da Terra; por isso,
tende a alinhar-se com a direção que chamamos de Norte
Magnético (Nmg), em lugar do Norte verdadeiro (Nv) da Terra.
Também não é tão precisa e fácil de usar como a agulha
giroscópica; além de ser mais afetada por altas latitudes que
uma agulha giroscópica.
Atenção! Independente de onde se pretende navegar, todas as
- As agulhas magnéticas podem ser embarcações, com exceção das miúdas devem ser equipadas com
líquidas ou secas. As agulhas líquidas agulha magnética de governo. As embarcações com comprimento
possuem mais estabilidade que as
igual ou maior que 24 metros deverão possuir, também, certificado
secas, porém as secas são mais
sensíveis. As boas agulhas devem
de compensação ou curva de desvio da agulha atualizada a cada dois
satisfazer duas condições principais: (2) anos.
serem sensíveis, para que acusem a Uma agulha magnética precisa ser compensada (calibrada) a cada
mínima mudança de rumo e, estáveis, dois anos (calibrar uma agulha magnética é determinar o seu desvio).
de forma a permanecerem imóveis A operação de compensação visa anular ou reduzir os efeitos das
tanto quanto possível, qualquer que massas de ferro sobre uma agulha. O desvio da agulha, que
seja o jogo do navio. permanece após sua compensação, chama-se Desvio Residual. Por
Norma, uma agulha magnética também deve ser compensada sempre
Relembrando:
que seus desvios excedam três (3°) graus.
- O desvio da agulha é provocado por
perturbações magnéticas induzidas na
agulha magnética.

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TABELA DE ITEM OBRIGATÓRIO PARA Agulha Eletrônica (“FLUX GATE COMPASS”)


EMBARCAÇÕES DE ESPORTE E/OU A evolução mais recente da agulha magnética é a agulha
RECREIO
(NORMAM-03/DPC) eletrônica. Essa nova agulha baseia seu funcionamento na
medida do campo magnético terrestre, diferentemente da
Embarcações Agulha Magnética agulha tradicional, que utiliza a lei de atração e repulsão dos
Miúdas Dispensadas
polos magnéticos e podem ainda serem utilizadas em latitudes
Médio Porte Obrigatório
Grande Porte Obrigatório mais elevadas. Geralmente seu mostrador é em formato digital,
[Compensada ou não possuindo partes móveis.
possuir curva de
desvios atualizada
a cada dois (2)
Agulha Giroscópica
anos] A Agulha giroscópica, também conhecida por Giro, é um
tipo de bússola que não tem nada de magnetismo, ou seja, não
é afetada pelos ferros de bordo e nem por equipamentos
elétricos, sendo o seu funcionamento baseado no princípio do
giroscópio livre, que possui duas propriedades importantes:
 A Inércia giroscópica (ou rigidez no espaço), que faz com
que o giroscópio mantenha o seu eixo de rotação
paralelo a si próprio, mesmo quando se desloca; e
 A Precessão, que consiste na característica que faz com
que, quando alguma força atua de forma a pretender
alterar-lhe a direção em que aponta o seu eixo de
rotação, ele reaja rodando esse eixo numa direção
perpendicular à força atuante, como que procurando
uma posição em que essa força deixe de perturbar a sua
Rigidez no Espaço.

Funcionamento Básico da Agulha Giroscópica:


Quando uma agulha giroscópica é alimentada, isto é, quando
Inércia Giroscópica o seu rotor é posto a girar e atinge a velocidade normal de
- A inércia giroscópica (ou rigidez no operação (6000 RPM em média), ela começa automaticamente
espaço) é a propriedade que o
giroscópio livre tem em manter seu
a se “orientar” em busca do norte verdadeiro, qualquer que seja
eixo apontado sempre para um a direção em que se encontre quando parada. Quanto mais
mesmo ponto no espaço, a despeito próxima estiver do norte verdadeiro, mais rápida será sua
dos movimentos de sua base. orientação.
Na agulha giroscópica (giro) orientada, o eixo de rotação do
Precessão do giroscópio
- Precessão é a reação que o giroscópio é mantido alinhado com o meridiano geográfico do
giroscópio tem a toda a força que lugar, isto é, na direção da linha norte-sul, verdadeiro. Assim, o
tende a desviar o seu eixo da direção norte da giro aponta para o norte verdadeiro.
em que se encontra. Aplicando-se uma Normalmente, uma agulha giroscópica dispõe de
força externa a um giroscópio, ele
reage rodando o seu eixo num plano a
repetidoras instaladas a bordo, para leitura de rumos e
90º com a direção da força. O marcações. Uma repetidora é, basicamente, uma rosa graduada
movimento de rotação da Terra faz de 000⁰ a 360⁰, que, por meio de servomecanismos eletrônicos,
com que a direção do eixo do reproduz exatamente as leituras da mestra da agulha
giroscópio varie em relação a esta. giroscópica. A repetidora da giro é montada em um suporte
Então, a Terra ao rodar faz com que o
eixo do giroscópio se afaste do plano denominado peloro. Para obtermos as marcações, instala-se
horizontal terrestre e assim o peso sobre a repetidora um círculo azimutal, ou alidade ou utiliza-se
aplicado no giroscópio exercerá uma um taxímetro que fornece marcações relativas e é utilizado em
força (externa) no seu eixo, tentando embarcações menores cuja linha de visada da agulha está
pô-lo paralelo á superfície Terrestre,
fazendo-o precessar para o Polo Norte.
obstruída.
Por isso, a Agulha Giroscópica, se não
tiver nenhum erro, indica sempre para
o Norte verdadeiro.
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Na Internet A agulha giroscópica tem como principal vantagem apontar


- Veja em vídeo como funciona o na direção do meridiano verdadeiro (admitindo que não haja
giroscópio, para ter uma melhor
compreensão. nem erro nem desvio, respectivamente). No entanto, apresenta
http://diariodebordohofmann.blogspo três vulnerabilidades importantes:
t.com.br/2012/07/giroscopio-entenda-  É elétrica, por isso, exige uma fonte de energia a bordo
definitivamente-como.html (se a corrente falha a agulha não funciona);
Acesso em: 30/11/2015
 Necessita, quando lançada, de algum tempo para
Atenção! estabilizar, sendo, portanto, necessário ser posta em
- As embarcações modernas possuem funcionamento com antecedência de pelo menos vinte
normalmente, duas agulhas minutos; e
giroscópicas, uma funcionando como  Está sujeita a avarias próprias dos equipamentos
“backup” da outra. E, nunca é demais
lembrar, a agulha magnética, mesmo elétricos, exigindo uma adequada manutenção para
nas embarcações modernas, operar em boas condições de eficiência.
permanece em uso, continuando
obrigatoriamente a fazer parte dos Agulha Giromagnética
equipamentos de bordo, como É o tipo de agulha que combina os efeitos do magnetismo e
reserva, para o caso de falhas na
agulha giroscópica. do giroscópio. Seu funcionamento baseia-se numa agulha
magnética, a qual possui um dispositivo que fixa no meridiano
Recordando: magnético um pequeno giroscópio, que, por sua vez, controla
- As agulhas magnéticas dependem de um transmissor que opera as repetidoras. Uma agulha
uma curva de desvios atualizada e,
magnética é alojada numa câmara estanque, que é posicionada
devem ser instaladas em locais
distantes de materiais ferrosos ou longe de todos os ferros de bordo. Suas indicações são enviadas
magnéticos, para não interferir em seu a uma unidade giroscópica que possui uma rosa dos ventos, que
funcionamento. Já as agulhas indica o rumo magnético (as indicações da agulha não são
giroscópicas, são mais precisas, afetadas pelos balanços e arfagens da embarcação). Esse rumo
entretanto, exigem manutenções
adequadas para operar em boas é passado a uma repetidora por meio de um transmissor ligado
condições de eficiência. ao giroscópio. O sistema possui capacidade para operar duas
repetidoras.
A agulha Giromagnética pode ser usada com sucesso em
pequenas embarcações de esporte e recreio (quando
aplicáveis), embarcações usadas na pesca, rebocadores e
outras, pois suas indicações são estáveis e pelo seu pequeno
tamanho, ocupa pouco espaço.

Instrumentos de Marcar Quando marcamos alvos (objetos) utilizando pontos


notáveis em terra, tais como ilhas, faróis, faroletes etc,
chamamos Marcações, porém, quando as marcações são feitas
para astros (Sol, Lua, Estrelas, Planetas), chamamos de
Azimute.
A alidade de pínulas, o taxímetro, o círculo azimutal, a
alidade telescópica e a alidade manual são instrumentos
utilizados para medir marcações e azimutes.

Alidade de Pínulas É o mais simples dos instrumentos óticos de marcar,


utilizado sobre um taxímetro, para poder efetuar as marcações.
Faz-se uso da alidade de pínulas nas embarcações que só
possuem agulhas de governo.

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Taxímetro Utilizado em conjunto com a alidade de pínulas, o


taxímetro é um instrumento utilizado para obter marcações
relativas de objetos que estejam na linha de visada da
embarcação. Consiste de uma rosa graduada de 000° a 360°,
montada num suporte vertical chamado de peloro, tendo em
cima uma régua horizontal em cujos extremos existem duas
pínulas que permitem ao observador olhar entre ela e o centro
da rosa o objeto (alvo) visado para poder efetuar as marcações.
O taxímetro ao ser instalado a bordo deve ter sua linha 0° -
180° colocada paralelamente à linha longitudinal proa-popa.

Círculo Azimutal Também empregado na obtenção de marcações de objetos


avistados, o círculo azimutal possui prismas adicionais que lhe
permite, além das marcações de pontos, também ser usado na
determinação da marcação dos astros (Sol, Lua, Estrelas,
Planetas etc.).

Alidade Telescópica Instrumento semelhante a um círculo azimutal, porém


dispõe de uma luneta telescópica com retículo, em vez do
conjunto fenda de visada/mira. Assim, a imagem é ampliada,
melhorando a definição de objetos distantes para o
observador. Um prisma refletor permite que sejam observados
simultaneamente o objeto visado e a marcação
correspondente.

Alidade Manual É o mais simples dos instrumentos de marcar. Comumente


usados nas embarcações de lazer, uma alidade manual nada
mais é que uma cuba, com mostrador graduado de 000° a 360°,
igual à agulha magnética, podendo ser levada a qualquer ponto
da embarcação para tirar marcações de qualquer ponto
avistado. A alidade manual, normalmente, não sofre influência
dos ferros de bordo. O que significa dizer que seu desvio da
agulha é praticamente zero (0) e sua indicação será para o
Norte magnético.

Odômetro Instrumento instalado a bordo das embarcações que tem


como finalidade indicar a velocidade atual e a distância
percorrida (navegada) pela embarcação. Os odômetros são de
três tipos básicos:
 Odômetro de superfície - por ser um instrumento antigo,
é usado atualmente como equipamento de emergência.
Mede a velocidade da embarcação em relação ao seu
deslocamento na superfície (massa d’água circundante).
Consiste de um pequeno hélice portátil, ligado a um
cabo (linha), que por sua vez é conectado com um
volante e a um registrador, tipo relógio. Quando a
embarcação se movimenta provoca o giro do hélice que,
através do cabo e do volante, é transmitido ao
registrador. Obtém-se a velocidade fazendo-se a leitura
das milhas percorridas a cada hora diretamente no
Odômetro de Superfície
contador do registrador que também dispõe de um
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totalizador da distância navegada. Pela simplicidade de


Odômetro
- É o único equipamento que operando instalação e substituição rápida de componentes
corretamente e aferido, permite avariados, o odômetro de superfície é um instrumento,
calcular com precisão o efeito de ainda hoje, utilizado nos navios mercantes, porém está
corrente local. em desuso, sendo substituído por equipamentos mais
modernos. Esse tipo de Odômetro tem limitações, tais
como, precisa ser retirado da água quando o navio dá
máquinas atrás (a ré); sofre muita influência do mar
grosso; enroscam-se em algas, sargaços e lixo com
facilidade; e seu registrador somente permite a indicação
de distância percorrida (navegada) e não de velocidade
da embarcação. Além disso, os odômetros de superfície
podem apresentar indicações erradas devido ao mar
muito agitado, má conservação, hélice rebocando lixo ou
algas e comprimentos de cabos inadequados.
 Odômetro de fundo - mede a velocidade em relação ao
deslocamento da embarcação no fundo (massa d’água no
fundo do casco – quilha); esse instrumento já faz parte
da estrutura do navio e pode ser de dois tipos: de tubo
Pitot e eletromagnético. Ambos consistem em uma
haste projetada através do casco no fundo (quilha)
controlada por uma válvula de mar. Dentro da haste
existe um tubo Pitot, ou um aparelho de indução
eletromagnética que determinam, por medição indireta,
Atenção!
- Os odômetros de superfície e de a velocidade do navio. A velocidade, integrada em
fundo medem a velocidade da função do tempo por meios elétricos e mecânicos, é, por
embarcação na superfície, isto é, em sua vez, convertida em distância navegada.
relação à massa d’água circundante  Odômetro Doppler - No efeito Doppler a velocidade e a
(depois essa velocidade é integrada
em relação ao tempo e transformada
distância navegada é indicada referenciando-se,
em distância percorrida). Já o duplamente, à massa d'água na superfície e ao fundo
odômetro Doppler mede a velocidade (quilha). Esse tipo de odômetro possui no casco da
em relação ao fundo. embarcação, um transdutor de emissão e um de
recepção. Quando a embarcação se movimenta é
emitido um sinal de onda para o fundo do mar pelo
emissor; o sinal regressa levemente defasado do pulso
original. O receptor recebe esse sinal e interpreta com
Velocidade de superfície base no efeito Doppler, e assim é obtida a distância
- Velocidade medida através da água
na qual flutua.
navegada. O odômetro Doppler, além de apresentar a
vantagem de poder indicar velocidades muito pequenas,
Velocidade de fundo é o único que mede a velocidade no fundo. As indicações
- Velocidade medida em relação ao dos outros tipos estão influenciadas pelos movimentos
fundo do mar.
devidos às correntes oceânicas, correntes de marés,
ventos etc.
Corrida da Milha
Os odômetros necessitam de aferição ou calibragem periódica, a
fim de verificar-se a exatidão de suas indicações. Para isto, pode-se
recorrer a vários processos, os quais, na sua essência, consistem todos
em aferir rigorosamente a distância percorrida durante um intervalo
de tempo. Dentre esses processos, o mais comumente utilizado
recebe o nome de corrida da milha. Na “corrida da milha”, o navio
efetua uma série de percursos (corridas) cuja distância, rigorosamente
conhecida, é definida a partir de marcas conspícuas em terra. Observe
a figura abaixo!
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A distância D entre marcas pode ser de uma milha (e daí o nome


tradicional de “corrida da milha”), mas, de preferência, deveria ser
superior a esse valor (3 ou mais milhas).
O tempo que o navio leva para percorrer cada um dos percursos,
em diferentes regimes de máquinas (RPM), é medido, obtendo-se
assim as correspondentes velocidades.
Como as águas não são paradas e, portanto, sempre existe uma
corrente, usa-se um artifício para obter os resultados desejados, sem
sofrer os efeitos da corrente.
Adota-se a média dos valores de duas corridas consecutivas em
rumos opostos, anulando, assim, a influência da corrente, visto que os
seus efeitos foram opostos nas duas corridas mencionadas.
A “corrida da milha” é o processo mais comumente utilizado e o
Corrida da milha mais rigoroso para se proceder à calibragem de odômetros e
velocímetros.

Estadímetro Instrumento destinado a medir de distâncias no mar em


função do conhecimento da altura do objeto que não deverá
ter mais de 200 metros. Baseiam-se no princípio de
determinação da distância pela medição do ângulo vertical que
subtende um objeto de altitude conhecida, utilizando a fórmula:
d = h . cotg a
ONDE:
d: distância ao objeto visado (fornecida pelo estadímetro);
h: altitude conhecida do objeto visado (introduzida no
instrumento); e
a: ângulo vertical que subtende o objeto (medido com o
Estadímetro estadímetro).
Atenção! A altitude do objeto visado, para o qual se determina a
- O estadímetro é o equipamento que distância, deve estar entre 50 e 200 pés (15m e 60m). A maioria
se baseia no princípio de determinação dos estadímetros pode ser capaz de determinar distâncias
da distância pela medição do ângulo desde um mínimo de cerca de 200 metros até um máximo da
vertical que subentende um objeto de
altitude conhecida.
ordem de 10.000 metros.
Tem como princípio de funcionamento as imagens diretas e
refletidas associadas a uma escala de distância, faz-se com que
a imagem refletida seja superposta direta, ocasião em que se lê
a distância mostrada no dial, que é a distância que o objeto
encontra-se do observador.

Sextante Até o aparecimento do GPS, o sextante era um instrumento


primordial em se tratando de navegação.
O Sextante é um instrumento ótico destinado a medir
ângulos entre dois ou mais pontos, sendo usado principalmente
na navegação astronômica (medição da altura de um astro
acima da linha do horizonte).
Basicamente, o sextante compõe-se de uma luneta, dois
espelhos refletores presos a um setor circular, um tambor
micrométrico graduado de 0° a 60°, um limbo graduado em
graus (com um microscópio auxiliar para tornar a leitura mais
precisa), uma alidade que gira em torno de um eixo, e filtros
para a proteção contra a luz solar.
O funcionamento do sextante é simples. O objetivo é medir
Diz-se sextante, pois é na forma de um um ângulo entre dois objetos. Visa-se o horizonte através da
sexto de círculo.

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luneta e movendo a alidade temos de levar a imagem refletida


Alidade (braço)
do astro a coincidir com a imagem do horizonte visado
- É a régua que gira em torno de um diretamente. Se o astro visado é grande, como o Sol ou a Lua, a
eixo que passa pelo centro geométrico coincidência com o horizonte faz-se pelo limbo (borda) superior
do setor. ou inferior do astro. A alidade indica no limbo do sextante o
valor do ângulo medido.
Na navegação costeira, usa-se o sextante, quando se quer
determinar a posição da embarcação conhecendo-se os ângulos
Uso do sextante entre três pontos em terra (segmentos capazes), ou mesmo
-Até ao aparecimento do GPS, o saber a distância a um objeto, desde que se conheça a sua
sextante era um instrumento
primordial em navegação. Convém não
altura ou sua altitude. Para plotagem da posição por segmentos
perder o treino do seu uso, já que capazes podem ser utilizados três processos. O primeiro deles,
apesar de toda a tecnologia, este muito pouco empregado, consiste em traçar os segmentos
método é por enquanto, o único capazes pelo método gráfico. O segundo processo, mais rápido
infalível de obter-se a posição. Desde
e normalmente o preferido a bordo de uma embarcação, utiliza
que haja Sol e Lua.
o estaciógrafo, instrumento específico para esta finalidade.
O sextante pode ser utilizado tanto na navegação astronômica
quanto na navegação por segmentos capazes. Seu uso na navegação
astronômica demanda um prévio estabelecimento do erro
instrumental, que é particular de cada indivíduo, ou seja, deve ser
calculado antes da viagem e ser mantido periodicamente atualizado.

Estaciógrafo
Consiste, sucintamente, de um círculo graduado que dispõe de
três réguas irradiando do centro. A régua central é fixa, determina o
centro do círculo e passa pelo zero da graduação do mesmo que,
geralmente, é marcado de ½ em ½ grau, de 0 a 180° para cada lado
dessa régua. As outras duas réguas são móveis, dispõem de botões de
pressão para travá-las em qualquer graduação do círculo e são
Estaciógrafo munidas, ainda, de verniers ou parafusos micrométricos.

Prumo de Mão Dos instrumentos de navegação, o prumo de mão é, com


certeza, o primeiro que permitiu medir a altura da água por
baixo de uma embarcação.
Usado para medir profundidades de aproximadamente 36
metros (20 braças), a sonda ou prumo de mão consiste de uma
linha marcada em décimos (sandaresa) com um peso de
chumbo denominado chumbada em forma de cone, pesando
cerca de 3 a 7 quilos, tendo na sua base um cavado destinado à
colocação de sebo ou cera ou sabão para coletar amostras do
fundo de modo a se conhecer a sua natureza (lama, areia, lodo,
pedra, cascalho etc.).
Para determinar a profundidade, com a embarcação parada
ou com pouca velocidade, cerca de três (3) nós, deve-se lançar
Prumo de Mão  Ecobatímetro a chumbada com um forte impulso para vante e fazer a leitura
- Quando o aparelho usa uma linha quando o prumo tocar no fundo (não se esquecendo de
com um peso, chama-se Prumo de descontar a altura do prumo de mão entre a quilha e o espelho
Mão. Quando o aparelho usa sons
(ultra-sons), chama-se ecobatímetro.
d’água).
A natureza do fundo é verificada quando se recolhe a
chumbada, pois o sebo ou sabão ou cera poderá conter lama
Atenção!
- Em desuso, o prumo de mão ainda é ou areia e outro, ou pode voltar limpa, mostrando que o fundo
um bom instrumento para ter a bordo é de pedra e, neste caso, imprópria para o fundeio.
capaz de remediar eventuais avarias Saber a natureza do fundo é um dado importante para a
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com o ecobatímetro. Para medição da operação de salvamento, quando ocorre o encalhe da


profundidade com o prumo de mão, a embarcação. O prumo de mão serve também para indicar se o
velocidade precisa ser reduzida até o
valor de três (3) nós. navio fundeado (“garra”). Para isso, larga-se a chumbada no
fundo, com um pouco de seio na linha, e amarra-se esta à
borda. A inclinação da linha indica se o navio está “garrando”.

Ecobatímetro Muito mais moderno que o prumo de mão, o ecobatímetro


tem a vantagem de medir a profundidade instantaneamente e
continuamente do local, por meio da emissão de pulsos e a
recepção do seu eco após tocar no fundo do mar. A
profundidade medida é a partir do fundo da embarcação
(quilha). Para encontrarmos a profundidade do local, devemos
somar o calado da embarcação.
Seu principio de funcionamento baseia-se num feixe ou
impulso de ondas sonoras de frequência sônica (menor que 18
kHz), ou ultrassônica (maior que 18 kHz), que é transmitido
verticalmente por um transdutor instalado no casco da
Tipo de fundo no uso do ecobatímetro embarcação. O feixe bate no fundo e volta em forma de eco à
- O fundo duro, constituído de pedra
superfície onde é recebido por um receptor que calculará a
ou areia, proporciona melhores
condições de recepção do eco. profundidade do local. Seu mostrador pode ser analógico ou
digital.
Dotação de Ecobatímetro nas O ecobatímetro tradicional informa somente o valor que
embarcações de esporte e/ou recreio está imediatamente abaixo da quilha, e nunca o que está
- As embarcações de grande porte adiante.
(Iates), construídas após 11/02/2000,
deverão ser equipadas com um Quando utilizamos o ecobatímetro, devemos também saber
ecobatímetro. Para as embarcações que esse equipamento pode sofrer alterações em seu
menores o seu emprego é rendimento, dependendo da natureza do fundo. Se o local é
recomendado. (NORMAM-03/DPC). constituído de fundo duro como pedra e areia, o eco refletido é
mais forte, mais nítido, pois este tipo de fundo apresenta as
Regras Práticas no uso do
Ecobatímetro melhores condições de reflexão do eco. Se o local é de fundo
1. Dentre os modos de apresentação macio (lama mole, por exemplo), absorve parte da energia
da profundidade, é possível considerar sonora, dando, em consequência, um eco fraco que,
ou não o calado do barco. Caso o principalmente, nos limites da escala do equipamento, pode
calado seja considerado, o que é
recomendável, o seu valor deverá ser
acarretar dificuldades na leitura. Assim, teremos mais precisão
acrescido ao valor da profundidade e confiança nas leituras efetuadas em fundos bons refletores,
obtida no ecobatímetro. No entanto, isto é, fundos duros. Para saber a qualidade do fundo, podemos
convém certificar-se que o valor consultar a carta de náutica (desde que tenhamos uma posição
ajustado está correto, a fim de evitar
estimada confiável) ou colher amostras do fundo com o prumo
erros de leitura.
2. A distância entre a proa e o de mão. Neste caso, poderemos até comparar as leituras do
transdutor também deve ser prumo e do ecobatímetro, para verificar se o ecobatímetro está
considerada, tendo em vista que, em regulado.
caso de aproximação de um alto As Cartas Náuticas também fornecem profundidades em metros, a
fundo, a profundidade apresentada natureza do fundo e todos os perigos à navegação, tais como pedras,
não corresponderá à do bico de proa,
bancos de areia, barcos afundados etc. Porém, para comparar a
podendo ocorrer o encalhe da
embarcação. Ou seja, o encalhe profundidade medida pelo ecobatímetro com a indicada na carta, é
poderá estar mais próximo de que se preciso considerar a altura da maré no instante da medição.
imagina.

Atenção!
- O principio fundamental de operação
do ecobatímetro é a reflexão de ondas
sonoras ou ultra-sonoras no fundo.

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Barômetro Instrumento utilizado na medição da pressão atmosférica ao


nível do mar. Os barômetros podem ser de dois tipos:
Barômetro de Mercúrio e Barômetro Aneróide, sendo este
último, o mais utilizado a bordo das embarcações.
Menos preciso, porém bem menor e mais prático que o
barômetro de mercúrio, o barômetro aneróide está sujeito a
erros instrumentais, que são determinados pela aferição do
instrumento ou pela comparação com um barômetro de
mercúrio, que é mais preciso. Esta operação fornece a correção
instrumental a ser aplicada a todas as leituras feitas.
De uma maneira geral, pois existem muitos parâmetros a
Atenção!
considerar, pressão barométrica alta, significa tempo bom e
- O Barômetro desce quando o ar é pressão barométrica baixa, significa mau tempo. Para saber se
quente e sobe quando o ar é frio. a pressão está alta ou baixa, deve-se saber que a pressão do ar
atmosférico é de 760 milímetros de mercúrio ou 1013
Regra GERAL: milibares.
- Barômetro alto significa TEMPO BOM
De acordo com Miguens (1999), os barômetros de mercúrio não
e Barômetro baixo, MAU TEMPO.
são convenientes para uso a bordo, em virtude de sua fragilidade,
tamanho e susceptibilidade a erros devido aos movimentos do navio.

Termômetro Em navegação a previsão das condições do tempo é de


extrema importância. O termômetro é o instrumento usado
para medir a temperatura ambiente (temperatura do ar) e as
suas variações, ou seja, o termômetro permite saber se em
determinado lugar está quente ou frio e se a temperatura está
aumentando ou diminuindo. Dentre os tipos utilizados na
meteorologia voltados para a navegação, destacam-se: o
termômetro de máxima e mínima (fig. ao lado), que mede a
maior e a menor temperatura ocorrida num dado intervalo de
tempo e o termômetro da água do mar (fig. abaixo), que mede
a temperatura do mar na superfície. Ambos contêm uma escala
em graus Celsius (°C) ou Fahrenheit (°F).
Para garantir melhor precisão das informações, os
termômetros devem ser instalados a bordo em local arejado e
protegido da chuva e dos raios solares.

Anemômetro Também chamado de anemógrafo, é um instrumento


destinado a medir e registrar a velocidade do vento, que é
obtida em m/seg, km/h, nó ou por meio da escala de Beaufort
de ventos, que estima a velocidade do vento a partir do estado
mar, numa escala de zero “0” (calmaria) a doze “12” (furacões).
O vento é um elemento que, atuando sobre a embarcação,
faz com que o caminho realmente percorrido em relação ao
fundo do mar seja diferente do caminho percorrido na
superfície. Os anemômetros existentes a bordo são instalados
no mastro e indicam, geralmente, a velocidade do vento
aparente, em um mostrador.

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Radiogoniômetro É um auxílio eletrônico à navegação que se utiliza das ondas


de rádio. É um tipo especial de aparelho receptor sempre
acoplado a uma antena rotativa (antena de quadro) e a um
disco graduado de 000⁰ a 360⁰ que permite a determinação da
linha de posição (ou marcação) do sinal recebido, sinal este,
emitido por uma estação radiogoniométrica ou radiofarol.
A antena do radiogoniômetro é uma antena especial em
cuja propriedade direcional o funcionamento do aparelho se
baseia. Assim, por meio da antena é que se indica a direção de
uma estação rádio, para obtenção da posição de uma
embarcação.
Radiogoniometria O radigoniômetro é o aparelho eletrônico que determina a
- É o conjunto de operações que visam direção da estação transmissora, com referência a um plano
determinar a direção, segundo a qual determinado, usando a propriedade direcional da antena de quadro.
uma estação recebe sinais Há dois processos para obtenção de uma marcação
radiotelegráficos transmitidos por
outra estação. radiogoniométrica: Uma embarcação transmite os sinais, e uma
estação radiogoniométrica de posição conhecida determina sua
Atenção! direção e fornece a marcação obtida ou a embarcação recebe
- O radiogoniômetro indica a direção os sinais transmitidos por um radiofarol, e determina sua
de uma estação rádio, para obtenção
da posição de uma embarcação.
marcação.

Outros Instrumentos Instrumentos de desenhos e plotagem


Como já estudamos, para plotar nas cartas náuticas,
Plotar
precisa-se de um lápis comum, que deve ser suficientemente
- Na carta náutica, o caminho a seguir macio para que em caso de necessidade de uso de borracha
pela embarcação, por meio das macia, não provoque desgastes nas cartas. Para traçados ou
coordenadas geográficas. leitura de valores de rumos e marcações, usa-se a régua de
paralelas. Para medidas de distâncias usa-se o compasso que,
devido sua facilidade de uso, dispensa maiores comentários.

Binóculo
São instrumentos muito úteis a bordo, pois aumentam o
poder de visão dos pontos notáveis em terra e auxiliam no
Binóculo
reconhecimento de auxílios a navegação, tais como boias,
faróis, igrejas etc. Os binóculos de bordo são quase sempre de
7x50, o que significa que aumentam sete vezes os objetos
visados.

Cronógrafo
É um instrumento muito útil, especialmente nos períodos
noturnos, na identificação de faróis. Na falta de um cronógrafo,
devemos ter, no mínimo, um relógio analógico com ponteiro de
segundos.
Cronógrafo

Relógio de Antepara
Lanterna
É um relógio comum, regulado para Muito útil, especialmente à noite, deve-se optar por
indicar a Hora Legal correspondente lanternas equipadas com vidro vermelho, o que é importante
ao fuso em que se navega. para identificação da nossa embarcação, quando precisamos de
apoio à noite.

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Parabéns por ter concluído mais está unidade.


Verifique seus conhecimentos, realizando os Simulados Online.
Acesse o site e selecione “Por Disciplina”: Instrumentos Náuticos

Saiba mais
Você pode saber mais sobre o assunto estudado nesta unidade consultando os seguintes
endereços eletrônicos:
https://www.mar.mil.br/dhn/bhmn/download/cap3.pdf
(Agulhas náuticas; conversão de rumos e marcações)
https://www.mar.mil.br/dhn/bhmn/download/cap11.pdf
(Navegação costeira, estimada e em águas restritas)

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Unidade 5
Esta unidade tem como propósito, apresentar noções de navegação radar e operação dos
sistemas de navegação por satélite (GPS e DGPS).

Radar O termo “Radar” deriva da expressão inglesa “Radio


Detecting And Ranging“ (Rádio Detecção e Medição de
Alcance), o que significa: Detecção e determinação da distância
por intermédio das ondas de rádio do espectro
eletromagnético.
As principais informações fornecidas pelo radar são:
distância, direção (marcação), altitude e velocidade de alvos
acima d’água, no ar e em terra, ou até mesmo no espaço, caso
o radar seja adequado. Seu funcionamento baseia-se na
medição do tempo necessário para que a onda eletromagnética
Antena radar por sua antena ao encontrar um alvo regresse à mesma antena
sob a forma de um eco. Além disso, sendo sua antena
direcional, a direção de onde provém, o eco, que nada mais é
do que a marcação do alvo pode ser também determinada. Na
prática, o radar usa a reflexão de ondas-rádio para detectar
objetos que não são visíveis normalmente, por estarem na
escuridão, ocultos por nevoeiros ou a grandes distâncias.
A antena do radar gira para que seja possível determinar a
marcação do alvo, ou seja, sua direção. No instante em que a
antena alinha-se com esse alvo, ela pode percebê-lo pela
recepção do eco do pulso de ondas eletromagnéticas emitidas
originalmente pelo radar.
A Imagem radar necessita ser interpretada, pois nem
sempre coincide com a visão real. Observe a figura (ao lado),
que representa a tela do radar que detectou a linha da costa e a
imagem real correspondente.
Podemos verificar que o radar fornece ao navegante,
distâncias e posições reais de objetos (linhas da costa, ilhas,
outras embarcações etc.) em uma determinada escala. Logo,
com o radar é possível executar uma navegação costeira, isto é,
fazer marcações e obter distâncias de pontos notáveis que
estejam identificados pelas cartas náuticas, principalmente
quando existirem dificuldades de executar uma navegação
visual, como, por exemplo, quando se está navegando muito
distante da costa, quando se está navegando à noite ou em
Uso do Radar
- O radar é usado para detectar e condições adversas de tempo, tais como, em temporais e
acompanhar todos os tipos de objetos nevoeiros.
– alvos de superfície, aeronaves ou Além disso, o radar é muito útil para a segurança da
mísseis numa área muito grande ao navegação na entrada e saída de portos, navegação fluvial e
redor da instalação do radar.
lacustre e para o controle do tráfego adjacente, ou seja, o
controle das embarcações que estejam navegando próximo, a
fim de evitar abalroamentos no mar.

Radar de Navegação Existem diversos equipamentos radar, com diferentes


finalidades. Em nosso estudo, vamos distinguir o Radar de
Navegação, que tem como principais finalidades a obtenção de
linhas de posição (LDP) para determinação da posição da

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Principais funções do Radar embarcação, na execução da navegação e a detecção e medição


- Marcação e distância que de distâncias e marcações em relação a outras embarcações, a
determinado objeto (alvo) se encontra
da nossa embarcação. fim de evitar abalroamentos no mar.

Princípio de Embora os equipamentos radar possam ser classificados,


quanto ao tipo de modulação, em radar de pulso, radar de onda
Funcionamento do contínua e radar Doppler, vamos nos ater apenas ao princípio
Radar de funcionamento dos radares de pulso, pois estes são,
Atenção! normalmente, o tipo de radar empregado na navegação
- Os navios mercantes e demais
embarcações normalmente dispõem marítima.
apenas de radar destinado à O princípio básico do radar de navegação é a determinação
navegação e ao acompanhamento de de distância para um objeto (alvo), pela medida do tempo
outros navios, de modo a evitar riscos requerido para um pulso de energia de radiofrequência (RF),
de abalroamento.
- O efeito da refração normal,
transmitido sob a forma de onda, deslocar-se da fonte de
assumindo condições atmosféricas referência até o alvo e retornar como um eco refletido. Os
padrões, é encurvar para baixo a radares de navegação (ou radares de pulso) emitem ondas em
trajetória das ondas-radar, frequências muito elevadas, com pulsos de duração
acompanhando a curvatura da Terra e extremamente curta e medem o intervalo de tempo entre a
aumentando o horizonte-radar, em
relação ao horizonte geográfico. transmissão do pulso e a recepção do eco, refletido no objeto
- O funcionamento do radar depende (alvo), determinando assim a sua distância. A metade do
do fato de que ondas radioelétricas de intervalo de tempo, multiplicada pela velocidade de
alta frequência são refletidas de volta propagação das ondas eletromagnéticas, determina a distância
ao transmissor por todos os objetos
do objeto alvo. Os pulsos que são transmitidos pela antena
dentro do alcance do transmissor.
formam um feixe que, no radar é bastante estreito no plano
horizontal, mas que pode ser bem mais largo no plano vertical.
A antena é normalmente de forma parabólica e gira no sentido
dos ponteiros do relógio, de forma a varrer 360° em torno de
sua posição.
A marcação do objeto (alvo) é determinada pela orientação
da antena no instante de recepção do eco por ele refletido.
Sendo a distância ao alvo, determinada pela medição do tempo
requerido para um pulso de energia deslocar-se até o alvo e
retornar como um eco refletido. É necessário que este ciclo seja
completado antes que seja transmitido o pulso seguinte. Essa é
a razão porque os pulsos transmitidos (de duração
Fonte: www.fazano.pro.br
extremamente curta, muitas vezes de cerca de 1
microssegundo, ou menos) devem ser separados por um
Funcionamento básico do Radar intervalo de tempo relativamente longo, durante o qual não há
- O radar funciona com o transmissor transmissão. De outra forma, se o eco refletido fosse recebido
emitindo um curto pulso de ondas
durante a transmissão do pulso seguinte, usando a mesma
radioelétricas de alta frequência em
direção ao alvo. Este reflete uma antena para transmissão/recepção, este eco, relativamente
pequena porção do pulso transmitido, fraco, seria bloqueado pelo forte pulso transmitido.
de volta, em direção a antena Os equipamentos radar utilizam as três últimas faixas do
receptora. O receptor amplifica esse espectro de RF: frequências ultra-altas (UHF), super altas (SHF)
eco e o apresenta no indicador.
e extremamente altas.
- Os radares para navegação marítima Cada faixa de frequência é destinada a uma aplicação
operam nas faixas de frequências “X” e específica. Os radares de navegação marítima usam as bandas S
“S”. (10 centímetros), para navegação costeira e de alto mar e X (3
centímetros), para aterragem/aproximação e navegação em
águas restritas (canais, portos, baías e enseadas).

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Componentes de um Todos os sistemas radar consistem dos seguintes


componentes básicos:
Sistema Radar Básico
 Fonte - fornece todas as voltagens (AC) e (DC)
necessárias para operação dos componentes do sistema.
 Antena Moduladora - dispara o transmissor e,
simultaneamente, envia pulsos de sincronização para o
indicador e outros componentes. Circuitos de tempo
(que podem estar, ou não, localizados no modulador)
estabelecem a frequência de repetição de impulsos (FRI)
na qual o modulador gera seus pulsos de disparo e de
sincronização, ou seja, o número de pulsos transmitidos
por segundo.
 Transmissor - gera e envia ondas radioelétricas para a
antena, sob a forma de pulsos curtos de alta potência. A
chave T/R (duplexer) controla os ciclos de transmissão de
pulsos e de recepção de ecos (quando a transmissão é
bloqueada).
 Antena - capta quaisquer ondas radar refletida pelo alvo
ou outros objetos sólidos. A antena irradia ondas
eletromagnéticas produzidas pelo transmissor radar,
durante o movimento de rotação. Essas ondas, ao
encontrarem um alvo, são refletidas por ele, retornando
à antena em forma de eco. O Eco captado pela antena
vai a um amplificador e, ao receptor, onde o indicador
Radar  Componentes Básicos
- O equipamento radar consiste de um sensibiliza a tela fluorescente aparecendo sob a forma
transmissor, uma antena direcional de visual. A cada recebimento do eco o processo se repete.
transmissão e recepção, um receptor e  Receptor - recebe os sinais do eco radar. Amplifica os
um indicador. ecos refletidos pelos alvos, reproduzindo-os como pulsos
de vídeo, e os transmite para o indicador.
 Indicador - produz uma indicação visual dos pulsos dos
ecos, em uma maneira que forneça as informações
desejadas dos alvos detectados, ou seja, o indicador
interpreta os sinais recebidos.
 Tela do Radar – Basicamente, na tela do radar existem
cinco circunferências equidistantes e concêntricas, os
chamados “círculos de distâncias”, possuem uma
graduação circular de 0° a 360°, onde a graduação zero
(0) corresponde à proa da embarcação, apresentando,
portanto, marcações relativas. A distância é lida na tela
com o auxílio de um ponto luminoso que pode correr a
linha de varredura a nosso comando e que pode ser
ajustado em cima do alvo desejado lendo a indicação
dada, diretamente no mostrador de distância, em função
de uma das escalas previamente selecionadas.

Limitações do Radar Como todo equipamento, o radar também apresenta


algumas limitações que influem na imagem exibida no indicador
e, portanto, nas informações que ele pode proporcionar, como
por exemplo:
 Discriminação em distância - é a capacidade do
equipamento de diferenciar dois alvos numa mesma
marcação, porém, em distâncias próximas. Abaixo de
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determinada diferença de distância entre os dois alvos, o


radar não consegue mais distingui-los, e os apresenta
como único alvo na tela do indicador.
Uso do radar na navegação costeira e  Discriminação em marcação - é a propriedade do
em águas restritas equipamento em discriminar dois alvos próximos na
- Em virtude de sua maior precisão, as mesma distância, porém em marcações próximas.
distâncias-radar tem preferência sobre
as marcações, na navegação costeira e
Quando a diferença de marcações entre dois alvos é
em águas restritas. menor que um determinado valor angular, o radar não
consegue mais distingui-los e eles aparecerão em sua
tela como único alvo.
 Limitação de alcance mínimo - é a mínima distância
Distâncias X Marcações
- De uma forma geral, obteremos
radar-alvo dentro da qual esse último é apresentado na
maior precisão utilizando as distâncias- tela do indicador, sem ser confundido com o borrão no
radar em vez de marcações-radar. centro da tela.
 Limitação de alcance máximo - é a distância máxima em
que o radar consegue obter os alvos.
 Limitação de precisão - é o grau de precisão de que são
determinadas as marcações e as distâncias dos alvos.

Movimentos do Radar O Radar opera, basicamente, com dois movimentos ou tipos


de apresentação da imagem radar:
 Movimento Verdadeiro - a nossa embarcação se
O GPS possibilita ao radar a referência
movimenta na tela, os alvos se movem com rumo e
do Norte verdadeiro. velocidade reais. A terra é fixa.
 Movimento Relativo - a nossa embarcação fica parada
Movimento Relativo no centro da tela, os alvos se movem com rumo e
- O movimento relativo é o mais usado
velocidade relativos. A terra se move em relação ao
por radares de navegação na Marinha
Mercante. rumo e à velocidade do nosso navio.

Vantagens e O radar tem suas vantagens e desvantagens - entre as


vantagens podemos citar:
Desvantagens do Radar  Pode ser usado à noite, ou sob condições de baixa
visibilidade independentemente da embarcação;
 Pode-se obter a posição facilmente por meio de um
Distância radar x posição do alvo
- O método mais exato, para obtenção único objeto fixo. Porém, para se determinar uma
de uma posição, usando somente o posição, com maior precisão, devem-se obter duas
radar é por meio da distância radar de distâncias radar;
vários alvos.  Não é afetado por fatores que, comumente, causam
interferência e má recepção em outros sistemas
eletrônicos;
 Pode localizar e acompanhar temporais violentos; e
Atenção!  Permite cálculos rápidos de rumos e velocidades de
- Para se determinar uma posição, com embarcações próximas, determinando se há risco ou não
maior precisão, devem-se obter duas
distâncias radar. de abalroamento.
Entre as desvantagens do radar, podemos citar:
 Ser um equipamento muito sensível e, por conseguinte,
sujeito a avarias;
 Necessita ser ajustado e sincronizado com exatidão;
 Exige interpretação da imagem recebida, que nem
sempre fácil ou simples;
 As cartas náuticas não são adaptadas para identificação
na tela, o que causa problemas quando comparamos os
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contornos de terra mostrados no radar com os da carta;e


 Não detecta alvos pequenos e costa muito baixa.

Controles do Radar Alguns dos principais controles de um Radar:


Operação liga-desliga - Com um simples toque no botão
esquerdo do mouse, muda-se de STANDBY para ON. Quando o
sistema é inicializado para a simulação aparecerá
STANDBY/ON, mostrando STANDBY iluminado. Em STAND BY,
o transmissor não está irradiando e a antena está parada, mas
indica que o equipamento está pronto para entrar em
operação. Pressionando ON, o sistema iniciará o exercício
selecionado. Pressionando STANDBY, uma vez, esta função
aparecerá piscando.
Ajuste de Imagem do Radar - Os principais ajustes a serem
feitos na Imagem Radar serão o brilho, o ganho e os
Importante: atenuadores de reverberação, que estão contidos na própria
- A sequência correta, para se ligar o tela radar.
radar é: Escala de distância (Range Scale) - Seleciona a escala
 Stand by; desejada pelo operador, apresentando ao mesmo tempo o
 On;
 Ganho;
valor dos anéis de distância à direita da escala em uso.
 Sintonia; e Controle VRM / EBL (Variable Range Mark/Electronic
 Brilho. Bearing Line) - Apresenta a distância e marcação do navio para
o alvo detectado ou pontos de terra, de acordo com a posição
Atenção! da VRM/EBL, selecionada pelo Operador. Embaixo destas
- No indicador de um radar de leituras é mostrado se o radar está operando em TRUE
navegação o VRM é o controle que (Verdadeiro) ou RELATIVE (Relativo). TRUE é mostrado quando
permite ter maior precisão da
a orientação NORTH UP ou COURSE UP está selecionada e
distância de um alvo.
RELATIVE, quando HEAD UP está selecionado.
Controles de Descentragem - EBL OFFSET - permite ao
operador descentrar a EBL para qualquer posição do display.
 EBL HOME - permite que a origem da EBL seja
instantaneamente recolocada no centro do display.
 OFF CENTER - permite ao operador descentrar o centro
da varredura (próprio navio), com toda a apresentação,
para qualquer posição do display, desde que não
ultrapasse o limite de 60%.
 CENTER - retorna a origem da varredura, com toda a
apresentação, para o centro do display.
Largura de pulso radar:
- Considerando as larguras de pulso PWR pulse (força do pulso) - Permite ao operador trocar o
radar, deverá ser utilizado em águas pulso do radar. Inicialmente o radar encontra-se em Pulso
interiores pulso curto, porque terá Curto; quando o operador acessar esta função, o radar passará
melhor precisão em distância. a operar em Pulso Longo.
Marca de proa (Heading mark) - Remove
momentaneamente a marca de proa do display a fim de
verificar a presença de pequenos alvos sob a mesma. Voltará
ao normal quando o operador liberar a tecla do mouse.
Controle atenuador de reverberação - É utilizado para
melhorar a Imagem Radar pela remoção de manchas e
perturbações indesejáveis, que podem obscurecer contatos
importantes. São os chamados “Anti-Clutters”, e são de dois
tipos diferentes: Anti-Clutter Sea, ou apenas SEA e Anti-Clutter
Rain, ou apenas RAIN.
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Controles GAIN, SEA e RAIN


 GAIN - permite o ajuste do ganho do receptor.
STC  SEA - Também chamado de STC (Sensitivity Time Control
- Em um radar, este controle permite ou Anti-Clutter Sea) serve para reduzir os efeitos do
diminuir o ganho dos ecos mais retorno do mar (Reverberação). Este controle possui
próximos, sem alterar os ecos maior efeito a curta distância, reduzindo seu efeito nos
distantes, sendo seu alcance máximo
efetivo de quatro a cinco milhas,
alvos além de seis milhas.
sendo praticamente ineficaz além de  RAIN – Também conhecido como FTC (Fast Time Control
oito milhas. ou Anti-Clutter Rain), destina-se a diminuir, tanto quanto
possível, os ecos de chuvas fortes, neve ou granizo, que
FTC podem obscurecer os alvos melhorando o desempenho
- Em um radar, este controle, destina-
se a diminuir, tanto quanto possível, os
do radar.
ecos de chuvas, granizo e neve, que Display Orientation - Permite ao operador selecionar os
podem obscurecer os alvos. seguintes tipos de orientação da apresentação do Display:
NORTH UP, COURSE UP e HEAD UP.
 NORTH UP - é o modo de apresentação em que o norte
verdadeiro tem como referência o 000° do display. A
marca de proa (linha de fé) é orientada para o rumo em
que o navio está navegando e acompanha as alterações
de rumo do navio. Permite ao operador obter marcações
verdadeiras dos alvos, pontos de terra etc.
 COURSE UP - este modo apresenta a marca de proa
(linha de fé) no topo do display 000°. Entretanto, se o
operador acessar o MENU 2 e desabilitar COURSE UP
RELATIVE, na função DISPLAY OPTION, a marca de proa
apresentará o rumo verdadeiro do navio no topo e
acompanhará qualquer alteração de rumo. Quando
estabilizado no novo rumo, se o operador tocar e liberar
NEW COURSE, a marca de proa voltará para o topo do
display. Permite ao operador obter marcações
verdadeiras.
Intensity - Este submenu permite ao operador ajustar o
brilho ou intensidade do vídeo do radar, VRM/EBL, anéis de
distância, Painel Gráfico, símbolos do ARPA e Círculo Gráfico.
True motion - Este submenu, quando selecionado pelo
operador, apresenta no display o movimento verdadeiro do
próprio navio e dos alvos. Na apresentação, pontos de terra,
ilhas, boias etc. aparecem parados. Quando o próprio navio
alcança 75% do raio do display, o sistema automaticamente
reposiciona o navio no ponto inicial. O controle MANUAL
RESET permite ao operador reposicionar o navio manualmente
antes de atingir 75% do display.

RACON O sistema de balizamento poderá ser dotado de um


respondedor radar ou RACON (“Radar beacon”), que é um
auxílio à navegação radar, geralmente instalado em um farol,
farolete, boia ou barca-farol etc, que, quando excitado por um
radar de navegação, automaticamente retorna um sinal
distinto, que aparece na tela do radar do navio, como uma letra
em código Morse, proporcionando identificação positiva do
Apresentação radar de alvo e possibilitando determinar sua marcação e distância
um RACON
radar.
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Global Positioning O Sistema NAVSTAR GPS permite a navegação por sinais de


satélite altamente preciso. Foi desenvolvido pelo Departamento
System (GPS)
de Defesa dos Estados Unidos, em conjunto com seus aliados
da OTAN. A base dessa criação foi o projeto NAVSTAR,
desenvolvido em 1960. Seu sistema de radionavegação
determina a posição bi ou tridimensional, de um ponto
qualquer sobre a superfície da Terra ou próximo a ela. Está
disponível 24 horas por dia, com cobertura mundial, em
quaisquer condições de tempo.
Antes de uso somente militar e dirigido à navegação,
atualmente é aberto e pode ser usado por todos os cidadãos
gratuitamente. Sua função é a de identificar a localização de um
aparelho Receptor GPS.
Os aparelhos receptores, por sua vez, têm a função de
enviar um sinal para os satélites. Assim, fazendo alguns
cálculos, o receptor GPS consegue determinar qual a sua
Atenção! posição e, com a ajuda de alguns mapas de cidades, indicarem
- O sistema GPS está sob controle quais caminhos você pode percorrer para chegar ao local
estrangeiro e, até mesmo sob a forma desejado.
Diferencial (DGPS), pode ter sua
precisão degradada intencionalmente
O sistema GPS, por sua integridade, disponibilidade e
sem que nada possamos fazer – essa é precisão, tornou obsoletos praticamente todos os outros
uma de suas limitações. sistemas de navegação eletrônica de médio e longo alcance.
Suas vantagens e possibilidades são imensas, especialmente
Homem ao Mar
com a aplicação da técnica Diferencial (DGPS).
- A expressão “homem ao mar”
significa que uma ou mais pessoas Além das aplicações na navegação oceânica e na navegação
caíram na água. costeira, ou, sob a forma Diferencial (DGPS), na navegação em
águas restritas (no acesso e no interior de portos, baías e
Busca e Salvamento canais); em operações de sinalização náutica, controle de
- A expressão “busca e salvamento”
tem o mesmo significado de
tráfego de porto e dragagem; e em levantamentos
“socorro”. hidrográficos, oceanográficos e geofísicos, o sistema tem, ainda,
outros importantes empregos, como em fainas de homem ao
mar e em operações de socorro, busca e salvamento.

Componentes do O sistema GPS é constituído por três componentes


principais: o segmento espacial (satélites), o segmento terrestre
Sistema GPS (monitoramento e controle) e o segmento do usuário
(receptores GPS e equipamentos associados). Os três
segmentos operam em interação constante, proporcionando,
dados de posicionamento tridimensional (latitude, longitude e
altitude), rumo, velocidade e tempo (hora) com alta precisão.

Alguns detalhes de cada componente dos sistema GPS:


Segmento espacial - Atualmente o segmento espacial é
composto de 27 satélites, sendo 24 operativos e 3 de reserva,
distribuídos em seis planos orbitais (cada órbita com 4
satélites). Esses planos orbitais têm uma inclinação de 55⁰ em
Fonte:
http://www.panda4x4.net/aventura/gps/gps.htm
relação ao equador terrestre, a uma altitude de
aproximadamente 20.200 km (cerca de 10.900 milhas
náuticas). As órbitas são percorridas a cada 12 horas
Segmento espacial
- a parte total do sistema GPS que aproximadamente, por cada satélite.
inclui os satélites e os veículos de Todos os satélites NAVSTAR GPS transmitem seus sinais em
lançamento. duas frequências na faixa de UHF, centradas em 1575,42 MHz e
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1227,60 MHz, designadas, respectivamente, frequências L1 e


Segmento espacial do GPS L2, mas o sinal de cada satélite é transmitido com uma
O segmento espacial do GPS foi
projetado para garantir, com uma modulação diferente, sob a forma de código, que permite a
probabilidade de perfeita identificação dos satélites pelo receptor GPS de bordo.
95%, que pelo menos 4 satélites Essas modulações em forma de código consistem de um
estejam sempre acima do horizonte código de precisão (P CODE) e de um código de aquisição inicial
(com uma altura maior que a elevação
mínima de 5º requerida para uma boa
(C/A – “COARSE ACQUISITION CODE”), que proporcionam,
recepção), em qualquer ponto da respectivamente, dois tipos de serviços conhecidos como PPS e
superfície da Terra, 24 horas por dia. SPS, a saber:
 PPS - Serviço de Posicionamento Preciso (Precise
Positioning Service), acessível apenas aos usuários
Efemérides do satélite
militares norte-americanos e seus aliados da OTAN, além
-São dados orbitais transmitidos pelos de outras agências governamentais dos EUA; e
satélites que permitem prever em que  SPS - Serviço de Posicionamento Padrão (Standard
posição no céu eles estarão, em Positioning Service), acessível aos demais usuários do
determinado instante. Como o GPS sistema.
funciona com base na medida de
distância entre o satélite e o receptor, A portadora L1 contém ambas as modulações em código,
a posição do satélite é fundamental enquanto a L2 contém somente o código P.
para o processo. Embora o serviço PPS seja mais preciso a diferença de
desempenho entre os dois serviços são na realidade menor do
que os projetistas do sistema esperavam.
A expectativa do projeto inicial na precisão obtida pelo PPS
e SPS era de aproximadamente 20 e 100 metros,
respectivamente, o que não ocorreu na prática. Por essa razão
é introduzida uma degradação intencional no sistema que
diminui a precisão do serviço SPS em tempo real, através da
adulteração dos relógios dos satélites, provocando erros nas
medidas das distâncias pela transmissão de efemérides
Fonte: Enet
degradadas.
Segmento terrestre - Consiste em uma rede de estações
Nº de Satélites GPS para terrestres que monitoram e rastreiam os satélites e os mantém
posicionamento:
abastecidos com informações diárias.
4 = Latitude, Longitude, Altitude e
hora. São constituídos por cinco estações monitoras que
3 = Latitude, Longitude e Hora. rastreiam passivamente todos os satélites visíveis. Uma estação
2 = Latitude e Longitude. “Master” (localizada nos EUA, no Estado do Colorado) para
processamento dos dados coletados nas estações monitoras; e
quatro antenas terrestres que transmitem ou carregam os
dados processados na estação “Master”. Ao menos três vezes
por dia essas informações são transmitidas aos satélites para
atualização dos dados codificados nos sinais transmitidos aos
usuários.
O GPS requer a obtenção de mais de uma distância para
produzir uma posição na superfície da Terra. Se desejarmos
uma posição tridimensional (latitude, longitude e altitude) e
informações precisas de tempo é necessário observar quatro
Fonte: www.pazevita.com (4) satélites, o que permite calcular as quatro incógnitas,
LATITUDE (latitude, longitude, altitude e hora). Para a navegação
LONGITUDE
ALTITUDE
marítima, a altitude não tem relevância, mas é um dado
HORA importante para a navegação aérea.
Além das quatro (4) incógnitas anteriormente citadas, o GPS
RUMO
VELOCIDADE fornece também o rumo e a velocidade do navio, ambos em
relação ao fundo, entre outras informações.
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Segmento usuário – Este segmento é composto pelos


equipamentos a bordo de embarcações, aeronaves, automóveis
etc. O usuário, ao receber no seu Receptor GPS, os sinais do
sistema, determina com precisão sua distância para os vários
satélites, pela medição dos tempos de trajeto dos sinais
transmitidos pelos satélites através da variação Doppler e
computam a posição do receptor e, a hora exata da medição.

Receptor GPS O Receptor GPS nada mais é do que um aparelho que


mostra nossa posição, hora e outros recursos que variam
conforme o tipo de aparelho.
A necessidade da medida de distâncias a quatro satélites
para determinação de uma posição GPS tridimensional
(latitude, longitude, altitude) causa um grande impacto no
projeto dos receptores GPS. Uma regra básica que resulta disso
é que, se forem desejadas posições contínuas, de elevada
precisão, será necessário dispor de um receptor com, pelo
menos, quatro canais. Ou seja, um aparelho que possa devotar
um canal para cada um dos quatro satélites GPS sendo
simultaneamente observados.

Determinação da O receptor de GPS de bordo determina continuamente a


sua posição, através do recebimento das informações de três
Posição GPS
(ou quatro) satélites que estejam visíveis (acima do horizonte
da antena de equipamento).
Etapas básicas na determinação da posição são as
seguintes:
1) Os satélites GPS transmitem continuamente os seus
dados orbitais (suas efemérides): hora da transmissão, posição
do satélite, elevação e desvio do relógio, número do satélite e
qualidade do sinal.
Cada satélite transmite uma mensagem que essencialmente diz:
“Eu sou o satélite nº X, minha posição atual é Y e esta mensagem
foi transmitida na hora Z”.
O receptor GPS de bordo recebe os sinais dos satélites e
determina a posição deles (satélites) por comparação dos
dados.
2) o receptor GPS mede com muita precisão (por Doppler) a
distância do navio-satélite.
Fonte: www2.uefs.br
3) sendo a posição dos satélites conhecidas e suas distâncias
ao navio também, o receptor GPS de bordo determina sua
Atenção! própria posição através de uma triangulação dos sinais dos
- A intensidade dos sinais necessária satélites.
para que um receptor adquira (ou
readquira) os satélites é cerca de
4) em poucos minutos, o equipamento efetua esses cálculos
CINCO vezes maior que a intensidade automaticamente e fornece a latitude, a longitude e a hora de
do sinal necessária para que o receptor acordo com o relógio do satélite.
acompanhe os satélites e leia suas 5) o GPS dá uma posição consistentemente mais precisa do
mensagens.
que os resultados da observação astronômica, sob quaisquer
- Os sinais oriundos de satélites a uma
baixa elevação estarão enfraquecidos condições atmosféricas e em qualquer lugar da Terra.
quando, obrigatoriamente,
demorarem mais a passar através da
atmosfera terrestre.

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Fontes de Erro do As principais fontes dos erros que afetam o sistema GPS são
a disponibilidade seletiva (“selective availability”); atrasos
Sistema GPS
ionosféricos e atmosféricos; erros nos relógios dos satélites
GPS e erros dos receptores.
Foi mencionado que o GPS oferece dois (2) serviços de
posicionamento. O Serviço de Posicionamento Preciso (PPS), e o
Serviço Padrão de Posicionamento (SPS). Por razões de
segurança nacional, o Departamento de Defesa dos EUA
Atenção! degrada a precisão do GPS, pela introdução de erros no relógio
- A degradação intencional ou
disponibilidade seletiva é, de longe, a
dos satélites e na mensagem de navegação. Em caso de
maior fonte de erro do GPS padrão. emergência nacional, a degradação do nível de precisão pode
ser elevada para além de 100 metros.

Almanaque Para que o receptor GPS de bordo possa operar, é


necessário que tenha em sua memória todas as informações
Almanaque
sobre os satélites. Tais informações são chamadas de
- Chama-se “Almanaque”, as “almanaque” e são memorizadas logo no início da operação do
informações sobre os satélites, equipamento.
necessárias para a operação dos No entanto, como o equipamento receptor GPS não sai de
receptores do GPS. fábrica com o almanaque inserido, ele deve ser preparado para
recebê-lo após a instalação a bordo. Dessa forma, as
informações do almanaque são memorizadas pelo receptor GPS
por ocasião de sua primeira operação. Sem dispor do
almanaque em sua memória, a posição GPS não pode ser
determinada. A partir daí, cada vez que o receptor captar um
satélite, ele consulta o seu almanaque e calcula imediatamente
a posição do satélite registrado em sua memória.

Funções do GPS A função básica do GPS a bordo é a determinação da


posição precisa do navio. Mas, sendo um equipamento
diversificado, pode ser utilizado para uma infinidade de
funções, todas elas ligadas à navegação e a sua segurança, a
saber:
 Determinar a velocidade do navio em relação ao fundo;
 Determinação exata da hora;
 Possibilidade de inserir, os pontos da derrota (way
points) e programar toda a travessia através dela;
 Possibilidade de determinar o ETA aos diversos pontos
ETA da derrota e se o barco está atrasado ou adiantado em
- Abreviatura de hora estimada de relação ao programado;
chegada (Estimated Time of Arrival).  Fornecimento das correções de rumo e velocidade a
serem efetuados para compensar os efeitos de mar,
vento, corrente, etc. que atuam sobre o navio (correção
do abatimento);
Fundeio  Determinar com precisão a posição de queda de
- Ato de lançar a âncora no fundo para “Homem ao Mar” através de um botão próprio, (M.O.B)
ancorar o barco. O mesmo que
ancorar.
facilitando o recolhimento do mesmo;
 Permite o fundeio de precisão, e dispara alarme no caso
Garrar do navio garrar ou se afastar da posição de fundeio mais
- Arrastar o ferro por este não segurar do que o programado; e
bem a embarcação.  Permite recuperar derrotas anteriores para eventuais
análises ou reutilização etc.
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Programação da Programar a navegação a ser executada consiste em,


conhecendo as coordenadas do ponto de partida e do ponto
Navegação
aonde se deseja chegar, determinar o rumo a ser seguido e a
distância a navegar.
O GPS fornece esses dados da seguinte forma:
 Quando a navegação a ser executada é composta de
apenas um rumo (derrota simples), a programação para
a navegação, neste caso, consistirá em inserir as
coordenadas do ponto de partida e do ponto de
chegada, na função WAYPOINT (WPT ou WP), e acionar,
em seguida a tecla ir para (GO TO). Desta forma, o GPS
fornecerá o Rumo Verdadeiro (Desired Track – DTK) a ser
navegado, assim como a distância a ser navegada (Along
Distance Track – ATD).
 Quando a navegação a ser executada é composta por
mais de um rumo (derrota composta), a programação da
navegação consistirá em inserir as coordenadas de todos
os pontos de mudança de rumo e do ponto de chegada,
na função WAYPOINT (WPT ou WP). Para cada
coordenada inserida, o GPS batizará com um número de
WAYPOINT, de forma que o ponto de chegada será o
último WAYPOINT. Acionando a tecla ir para (GO TO), o
GPS fornecerá os Rumos (DTK) e Distâncias (ATD) entre
os WPT.

Operação do Sistema Modernos equipamentos que trabalham com cartas


náuticas digitais podem ser de grande ajuda na navegação
GPS costeira, informando e visualizando, em tempo real, nossa
posição em relação à costa em que estamos navegando.
Normalmente estas cartas estão sincronizadas com os
demais equipamentos, tais como radar, GPS, ecobatímetro,
odômetro, giro etc.
Ao ligar o aparelho “GPS” é necessário inserir algumas
informações para que, quando receba um sinal do sistema
(satélites artificiais), possa decodificar o sinal de maneira a
fornecer os dados (latitude e longitude) corretamente.
A maioria dos “GPS” mantém estas informações em
memória, mesmo após desligados; portanto, só devem ser
inseridas novas informações caso haja modificações.
Principais informações fornecidas pelo GPS:
 Hora local (Local time) - como o sistema utiliza a Hora
Média de Greenwich (HMG), é necessário que o
navegante insira o fuso horário da região onde está
navegando, a fim de que as posições fornecidas tenham
como registro a hora local. Para tanto, é indispensável
acionar a função UTC (universal time coordinated) e
inserir o fuso. Quem navega na costa brasileira, por
exemplo, deve inserir +3, que corresponde ao fuso da
costa do Brasil.
 Datum - como existem pequenas distorções referentes
às projeções das cartas náuticas, é necessário que o
navegante insira o datum, que é uma referência
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cartográfica da projeção da carta, no equipamento.


Desta forma, as posições fornecidas estarão adequadas a
distorções da projeção. As cartas náuticas brasileiras têm
como datum universal o WGS 84, que deve ser inserido
WGS-84
no equipamento.
- (“World Geodetic System – 1984”);  Sistema Náutico - como o GPS é um equipamento
elipsóide e “datum” utilizados como utilizado para outros tipos de navegação (aérea e
referência para todos os cálculos e terrestre), e cada uma delas utiliza-se de medidas
posições do sistema GPS. características, é necessário que o navegante coloque o
equipamento no modo náutico, para que este forneça as
distâncias em milhas náuticas e as velocidades em nós.
Feito isso, o GPS estará pronto para fornecer ao
navegante, a todo instante, as suas coordenadas de
latitude e longitude.
 Derrota Simples - É quando a navegação a ser executada
é composta apenas de um rumo; este caso acontece
quando vamos para um determinado ponto onde seja
possível traçar apenas um rumo para podermos atingi-lo.
Consistirá em inserir no “GPS” as coordenadas do ponto
(waypoint), onde se deseja chegar.
 Derrota Composta - é quando a navegação a ser
executada é composta por mais de um rumo; este caso
acontece quando precisamos inserir no “GPS” mais de
um ponto (waypoint), para alcançarmos o destino
desejado.
 Velocidade (Ground Speed – GS ou Speed Over Ground –
SOG) - esta informação é fornecida pelo GPS a todo
instante. Basta que o navegante acione a função GS ou
SOG. A velocidade apresentada refere-se à velocidade
real da embarcação em relação ao fundo do mar, isto é,
levando em consideração vento e/ou corrente. A
velocidade em relação ao fundo é usada para determinar
o ETA.
 Rumo no fundo (COG - Course Over Ground) -
Semelhante à velocidade no fundo, o rumo apresentado
refere-se ao rumo real da embarcação, conforme
planejado e traçado na carta náutica, mesmo sob efeito
de vento e/ou corrente.
 Abatimento (XTE - Cross Track Error) – O “GPS” também
fornece o abatimento da embarcação, ou seja, a
distância perpendicular do rumo planejado à posição
atual.
 Rumo a Navegar (Bearing – BRG) - sabendo qual foi o
rumo navegado e o abatimento da embarcação, o GPS
sugere o rumo a navegar para alcançar o waypoint mais
próximo.
 Rumo a Navegar levando em consideração corrente e
vento (Course to Steer – CTS) - utilizando a função CTS, o
equipamento fornece um rumo de governo, ou seja, um
rumo a navegar, levando-se em consideração os efeitos
de corrente e vento existentes, para alcançar o próximo
Waypoint.
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 Duração de travessia até um waypoint (Time To Go –


TTG) - esta função informa o tempo que falta para chegar
a qualquer ponto da derrota, a partir da posição atual.
 Hora estimada de chegada (ETA - Estimated Time of
Arrival) - Esta função fornece a hora estimada de
chegada em um waypoint (ponto de mudança de rumo)
ou do ponto final de chegada (último waypoint).

DGPS É uma das mais sofisticadas formas de navegação GPS,


permitindo medidas muito precisas. O DGPS baseia-se nos
(Diferencial GPS)
sinais transmitidos a partir de uma estação fixa, em terra, de
posição bem definida. É um novo conceito de auxílio à
Precisão do DGPS
navegação, utilizando a transmissão dos radiofaróis existentes
- A precisão do DGPS depende do
afastamento fixo–móvel, ou seja, na costa. Os erros nas pseudo-distâncias (inclusive os devidos
depende da distância entre a AS) calculados a partir do conhecimento das coordenadas da
embarcação e a estação de referência estação fixa, são transmitidos para a estação móvel (a
DGPS. embarcação), eliminando, virtualmente, todos os erros nas
Conceito de Operação do DGPS
medidas. Sua precisão depende do afastamento fixo-móvel.
- O conceito de operação utilizando no A técnica diferencial aplicada ao GPS foi desenvolvida para
DGPS é o de posicionamento relativo. obter maior precisão do posicionamento do SPS do sistema
GPS. Corrige não só a degradação intencional da precisão do
Alcance e Precisão do DGPS GPS introduzida pelo Departamento da Defesa dos Estados
- A precisão do DGPS depende do
afastamento fixo-móvel, ou seja, Unidos, mas também as influências incontroláveis, como as
depende da distância entre a condições de propagação atmosférica, os erros de sincronização
embarcação e a estação de referência dos relógios e as irregularidades nas órbitas dos satélites. Essa
DGPS. Já o alcance preciso dos dados técnica DGPS torna a precisão de posicionamento do GPS
do DGPS é de até 200-250 milhas da
estação de referência.
inferior a 10 metros e acessível a qualquer usuário.
A disponibilidade seletiva (S/A) ou degradação intencional é,
Recordando: de longe, a maior fonte de erros do GPS.
- Por razões de segurança nacional, o Com a técnica diferencial aplicada ao GPS, é compensada
Departamento de Defesa dos Estados uma grande porcentagem dos erros provenientes das fontes
Unidos degrada a precisão do GPS para
100 metros (2 drms), pela introdução citadas.
de erros no relógio dos satélites e na O DGPS foi desenvolvido pela Guarda Costeira dos EUA a fim
mensagem de navegação. Em caso de de fazer com que seja alcançada uma precisão entre 8 e 20
emergência nacional, a degradação do metros, necessária à aproximação de portos, navegação
nível de precisão pode ser elevada
portuária e em águas restritas – que não é dada pelo SPS
para além de 100 metros.
(Standard Positioning Service) nem pela S/A (Selective
Availability).
Tanto a IALA como a IMO, endossaram o uso do DGPS por
seu potencial no incremento da segurança da navegação.
Recordando:
- IALA (Associação Internacional de Ambas as organizações também aprovaram o uso dos
Sinalização Náutica); e radiofaróis para a transmissão dos dados de correção DGPS.
- IMO (Organização Marítima O sistema emprega uma série de estações de referência em
Internacional). pontos cujas coordenadas são conhecidas com precisão. Em
operação, as estações de referência recebem continuamente os
Sinais dos Satélites GPS, comparam os valores recebidos com a
sua posição conhecida, computam a diferença e geram as
correções na medida da distância para cada satélite GPS. Essas
correções são transmitidas pelas estações de referência para os
receptores DGPS instalados em navios/embarcações que
trafegam na área.

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Siglas Comumente Ao navegar utilizando o GPS, devemos levar em


consideração alguns termos próprios do equipamento, tais
Usadas por um GPS
como:
 ALMANAQUE - Informações contidas no sinal do satélite.
 ANCHOR WATCH - alarme para fundeio (usado quando a
embarcação está fundeando, e a âncora sai do lugar,
arrastando o barco pelo fundo) - (garrando).
 ATD - Distância a ser navegada ((Along Track Distance).
 BTW - rumo para o waypoint (bearing to waypoint).
 BRG - Direção em graus para o destino (Bearing).
Tela tópica de um GPS  CLEAR - limpar.
 COG - Rumo no fundo; é a direção resultante realmente
navegada, desde o ponto de partida até o ponto de
chegada, num determinado momento, ou seja, na carta,
o rumo no fundo é a resultante entre o rumo na
superfície e a corrente.
 CROSS TRACK - erros de navegação, desvios lateral em
relação à rota prevista.
 CU - orientação da carta eletrônica com o curso para
Vamos interpretar as informações da
tela acima:
cima (couse UP).
- BRG 324º - Marcação do próximo  CTS - rumo a seguir, considerando o abatimento de
waypoint vento/corrente (couse to steer).
- DIST 0.24 NM – Distância do próximo  CMG - rumo realmente navegado (Course Made Good)
waypoint
corrigido do efeito abatimento.
- COG 323º - Rumo no fundo
- SOG 7.6 Kts – Velocidade no fundo  DISTANCE TO GO - distância para chegar (regular para
- XTE 0.02 NM – Abatimento lateral milhas náuticas).
- NEXT WPT – Próximo ponto 171  DTK - rumo desejado na superfície.
- TTG – Tempo que falta para chegar  DTV - distância até o waypoint (distance to waypoint).
ao próximo ponto.
- TIME – Hora atual e data  DOP - desvio de posição (Diluiton of Precision).
- POSITION – Latitude e Longitude  DMG - distância realmente navegada (Distance Made
atual do navio Good)
- ETA END – Hora final de chegada  EVENT MARCK - marca a posição de algo desejado (ou
simplesmente MARCK).
 ETA - hora estimada de chegada (Estimated Time of
Atenção! Arrival).
- As siglas COG, CTS e UTC no GPS  ETD - hora estimada de partida.
tem o seguinte significado: Rumo  ETE - duração estimada da travessia (Estimated Time of
no fundo, rumo a navegar e hora Enroute).
média de Greenwich.  FT - altitude em pés (feet).
 GO TO - ir para. Comando para ir a um determinado
ponto escolhido.
 GDOP - desvio geometric de posição (geometric diluition
of precision).
 HEADING - direção em que a proa aponta.
 HDOP - desvio horizontal de precisão (horizontal diluition
of precision).
 HU - orientação da carta eletrônica com a proa para cima
(Head UP).
 LAND MARK - pontos de derrota (o mesmo que WP)
 LEG - uma pernada da rota ou rumo.
 MOB - Homem ao mar; esta tecla do GPS imediatamente
após ser acionado, o GPS insere um ponto chamado
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MOB com a posição atual e ao mesmo tempo executa a


função GO TO (vá para), considerando este ponto como
destino.
 MARCK - Comando para marcar um ponto de sua
posição atual
 NO GO AREA - área a ser evitada
 NM - milhas náuticas (nautical Miles).
 NU - orientação da carta eletrônica com o norte para
cima (Norte UP).
 NMEA - Nautical Maritime Eletronic Association.
 POSITION FIX - posição calculada.
 PLOTTER - traçador de derrota.
 RANGE - alcance.
 ROUTE (RTE) - rota ou rumo.
 RNG ou DTG - distância para o destino (Range ou
Distance To Go).
 SOG - velocidade no fundo (speed over gound).
 SHIP POSITION - posição do barco.
 SA - disponibilidade seletiva.
 SETUP - ajustagem. Comando de programação.
 SOA - Velocidade de avanço; é aquela com a qual se
pretende progredir ao longo da derrota planejada.
 TRK ou BRG - É o rumo apresentado pelo GPS. O
instrumento já fornece o rumo verdadeiro.
 TRIP - distância de viagem.
 TTG - tempo para chegar. (Time To Go)
 TIDE - marés.
 UTC - hora média de Greenwich.
 VDOP - desvio vertical de posição (vertical diluition of
precision).
 VMG - velocidade no fundo; é a velocidade ao longo da
derrota realmente seguida em relação ao fundo do mar,
desde o ponto de partida até o ponto de chegada.
 WAYPOINT (WPT) - Insere qualquer ponto pretendido.
Ponto marcado (exemplos: pesqueiro, ponto de fundeio)
 WGS - datum eletrônico (Word geodesic system).
 XTE - erro no rumo (Cross Track Error).
 2D - posição em latitude e longitude.
 3D - Posição em três dimensões (latitude, longitude e
altura).

Parabéns por ter concluído mais está unidade.


Verifique seus conhecimentos, realizando os Simulados Online.
Acesse o site e selecione “Por Disciplina”: Instrumentos Náuticos

Saiba mais
Você pode saber mais sobre o assunto estudado nesta unidade consultando os seguintes endereços
eletrônicos:
https://www.mar.mil.br/dhn/bhmn/download/cap14.pdf
(Navegação Radar)
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http://pt.wikipedia.org/wiki/Radar
http://pt.wikipedia.org/wiki/GPS
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAexa0AC/navegacao
http://cartografia.eng.br/site/introducao-ao-gps/

Exemplar [008655] pertencente à: Mestre-Amador 60


Jorge Felix Vilela Ferreira
www.portaldoamador.com.br [NOÇÕES DE FUNCIONAMENTO DA EPIRB]

Unidade 6
Nesta unidade, você vai conhecer algumas noções básicas de funcionamento da EPIRB.

EPIRB O que é EPIRB?


É uma Radiobaliza Indicadora de Posição em Emergência,
(acrônimo do inglês Emergency Position Indicating Radio
Beacon) destinada a transmitir um sinal que identifique uma
embarcação ou aeronave em perigo e determine sua
localização em qualquer lugar do mundo, facilitando os
trabalhos de busca e resgate, através do Sistema Marítimo
Global de Socorro e Segurança (GMDSS).

GMDSS
Iniciado pela Organização Marítima Internacional (IMO), em
Fonte: http://www.brmcc.aer.mil.br
1988, é um sistema internacional que utiliza tecnologia
GMDSS terrestre e satelital com sistemas de rádio a bordo dos navios
- Em Inglês: Global Maritime Distress para assegurar um rápido e automático envio de um sinal de
and Safety System. socorro a uma central de comunicações em terra e às
autoridades de resgate, em adição aos navios e estações que se
encontram nas proximidades de um incidente.
Atenção!
- Os principais equipamentos utilizados Basicamente, este sistema tem a finalidade de automatizar
pelo GMDSS são o EPIRB, que é um as comunicações de socorro entre os navios e os Centros de
equipamento projetado para Coordenação de Salvamento (RCC) e Subcentros de
transmitir alertas aos Centros de Coordenação de Salvamento (RSC) distribuídos ao longo do
Coordenação de Salvamento de
qualquer lugar do mundo, o NAVTEX,
litoral marítimo e fluvial, fazendo conhecer a situação de
que é um sistema automatizado de emergência a toda embarcação próxima a um sinistro a fim de
distribuição de informações de que coopere nas tarefas de salvamento.
segurança marítima (avisos à Aplicável a todos os navios de passageiros carregando mais
navegação, previsões do tempo e
de doze (12) passageiros em viagens internacionais ou em mar
avisos meteorológicos) e o INMARSAT.
aberto e de carga de 300 toneladas e acima, quando navegando
em viagens internacionais ou em mar aberto, o GMDSS exige
que os navios recebam transmissões de informações de
segurança marítima, e levem uma radiobaliza satelital (EPIRB)
de 406MHz.
COSPAS – Satélites Russos
SARSAT – Satélites Americanos. Satélites do Sistema:
 COSPAS-SARSAT - é um sistema de satélites
SAR
- Sigla do Inglês “Search and Rescue”, desenvolvido para fornecer alertas de perigo e dados de
significa Busca e Salvamento. No Brasil localização em coordenadas geográficas aos RCC para
todos os órgãos componentes de um auxiliar nas operações do Serviço de Busca e Salvamento
Serviço de Busca e Salvamento (sigla SAR), designado para detectar e localizar sinais de
Marítimo, a exceção do Sistema de
Alerta, estão estruturados nas
balizas de emergência (EPIRB) que transmitam durante
Organizações Militares da Marinha do situações de perigo na frequência de 406 MHz.
Brasil, sendo, portanto, designado  INMARSAT - é um sistema que emprega quatro satélites
como Serviço de Busca e Salvamento geoestacionários, situados a cerca de 36000 km acima do
da Marinha – SALVAMAR BRASIL.
Equador, voltados para prover aos navios com estações
Na Internet terrenas de navio (SES), com recursos de alerta e socorro
- Saiba mais sobre o SALVAMAR e capacidade de comunicações ponto a ponto utilizando
BRASIL, acessando o endereço: correio eletrônico, fac-símile, transmissão de dados e
https://www.mar.mil.br/salvamarbrasi radiotelefonia. Tem a limitação de não oferecer
l/
Acesso em: 16/11/2015.
cobertura além dos paralelos 70⁰ Norte e Sul.

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Jorge Felix Vilela Ferreira
www.portaldoamador.com.br [NOÇÕES DE FUNCIONAMENTO DA EPIRB]

Tipos de EPIRB Existem basicamente dois tipos de EPIRB, as ativadas


manualmente e as ativadas automaticamente.
Os aparelhos de acionamento automático possuem um
dispositivo hidrostático que, em caso de afundamento, libera a
EPIRB, lançando-a para fora da embarcação. Transmitem em
duas frequências: 121,5MHz, utilizadas para orientação das
unidades SAR aéreas e 406MHz, utilizadas para orientação das
unidades SAR marítimas. São normalmente de cores fortes (a
mais usada é a vermelha e alaranjada); possuem uma luz
estroboscópica branca que emite 52 lampejos por minuto,
facilitando a localização visual à noite; são à prova d’água até
cerca de 10 metros de profundidade, medem cerca de 30 cm e
pesam cerca de 2 a 5 kg e são alimentados por uma bateria
capaz de mantê-los em funcionamento por cerca de quarenta e
oito (48) horas. Tem vida útil de 10 anos, e são fabricadas de
modo a operar em condições adversas (-40⁰C a 40⁰C). O sinal
do EPIRB contém também a identificação da embarcação ou
aeronave, além de seu código.

Quanto ao modo de ativação a EPIRB pode ser:


 Classe C - VHF canal 15/16. Ativação manual. Somente
marítimo. Não detectável por satélite.
 Categoria I - 406/121,5MHz. Flutuante. Ativada
automaticamente. Detectável por satélite em qualquer
Atenção! parte do mundo. Pode ser ativada manualmente.
- A frequência de 406MHz nas EPIRB  Categoria II - 406/121,5MHz. Igual à categoria I, mas
satélite é a utilizada para orientação manual.
das unidades SAR marítimas.
 INMARSAT E - 1646MHz. Este serviço foi extinto em
2006.

Funcionamento Básico Quando ativada, (automaticamente ou manualmente) a


EPIRB envia sinais intermitentes na frequência de 406 MHz
do EPIRB
captados pelos satélites que imediatamente retransmitem a
informação para uma estação rastreadora de satélite, chamada
de Terminal Local do Usuário (LUT), a qual processa os sinais
para determinar a localização da EPIRB e juntamente com os
dados da localização e outras informações, retransmite o alerta,
via um Centro de Controle da Missão (MCC), onde são
adicionados dados de identificação e outras informações sobre
o navio. O MCC transmite a mensagem de alerta para um RCC
para que este acione os recursos de Busca e Salvamento (SAR).
No Brasil, as mensagens de alerta sobre embarcações ou
aeronaves acidentadas ou em situação de perigo, é recebida
pelo RCC marítimo (SALVAMAR) ou aeronáutico (SALVAERO)
que coordenam os recursos disponíveis para as ações de busca
e salvamento.

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Sequência básica de funcionamento da EPIRB:


Sequência de funcionamento
(1) Ocorre o possível sinistro;
(2) A EPIRB emite o sinal de alarme;
(3) Os satélites recebem o sinal e
retransmitem às LUT (estações
terrestres);
(4) As LUT processam o sinal e enviam
uma mensagem com a posição do
sinistro a um MCC.
(5) O MCC transmite o alerta a um RCC
para iniciar as atividades busca e
salvamento SAR.

Recursos SAR
- Os Recursos SAR incluem aeronaves
de asa fixa, helicópteros, embarcações,
pessoal especializado e até recursos
comerciais ou privados, quando
necessários.

Regras para a EPIRB  Requisitos Técnicos - A EPIRB deve ser instalada a bordo
em local de fácil acesso. Deve ter dimensões e peso tais
que permita o seu transporte por uma única pessoa até a
embarcação de sobrevivência e ter sua liberação,
flutuação e ativação automática em caso de naufrágio da
embarcação; e devem, ainda, possuir dispositivo para
ativação manual quer no local de instalação ou,
remotamente, a partir da estação de manobra.
 Aprovação da EPIRB - Toda EPIRB instalada em
Fonte: http://www.brmcc.aer.mil.br
embarcações deve ser do tipo aprovada pelo COSPAS-
SARSAT.
Obtenção do código
 Frequência de Operação - As EPIRB deverão ser capazes
- O procedimento para registro online
de seu EPIRB, disponível em: de transmitir um sinal de socorro por meio de satélite,
www.brmcc.aer.mil.br/index.php/ct- em órbita polar, na faixa de 121,5MHz ou 406MHz.
menu-item-31/ct-menu-item-37  Código Único de Identificação - As EPIRB deverão ser
Acesso em: 16/11/2015. dotadas de um código único, que é usado para associá-lo
à aeronave ou a embarcação na qual está instalado. O
Importante: código é constituído pelo dígito 710 (identificação do
- Muitas balizas são ativadas
acidentalmente causando falsos Brasil), seguido por outros seis (6) dígitos que
alertas, podendo desencadear ações identificarão a estação do navio, utilizando a frequência
de resgates desnecessários. de 406MHz. O código, é conhecido como MMSI
(Maritime Mobile Safety Identity), é atribuído pela
Licença de Estação
Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL).
- As embarcações que dotam
equipamentos de rádio comunicação  Registro da EPIRB - Após a codificação da EPIRB, o
devem obter a Licença de Estação de proprietário da embarcação ou seu representante legal
Navio nas sedes regionais da ANATEL. deverá registrar a EPIRB no Centro Integrado de Controle
Informações e o formulário para de Missão (BRMCC). Para tal deverão preencher o
preenchimento podem ser obtidos na
página da Anatel em:
formulário de registro, que é gratuito, disponível no site
http://www.anatel.gov.br do órgão na Internet. A Marinha do Brasil, também
orienta o proprietário de embarcação ou seu
representante legal, a dirigir-se a Capitania, Delegacia ou
Agência do órgão, para que o registro seja informado ao
Comando do Controle do Tráfego Marítimo

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Jorge Felix Vilela Ferreira
www.portaldoamador.com.br [NOÇÕES DE FUNCIONAMENTO DA EPIRB]

(COMCOMTRAM), de modo a possibilitar o


cadastramento do equipamento no Sistema “SALVAMAR
BRASIL” do Comando de Operações.
 Alteração de Dados Cadastrais - Quaisquer alterações
nas características da EPIRB, nos dados da empresa,
mudança de propriedade, alteração do endereço ou
telefones, ou de seus navios, deverá ser notificado ao
BRMCC, no prazo máximo de vinte e quatro (24) horas,
por meio do formulário de registro citado anteriormente,
objetivando manter a confiabilidade dos dados inseridos
no Sistema “SALVAMAR BRASIL” e possibilitar a precisa
identificação da embarcação e de seu proprietário em
caso de uma possível emissão de sinal de socorro.

Dotação de EPIRB nas É recomendável que as embarcações que se dirijam a portos


estrangeiros, ou que se afastem, sistematicamente, a mais de
Embarcações Amadoras
100 milhas náuticas da costa, sejam equipadas com a EPIRB de
406MHz.
Todas as embarcações, quando empreendendo navegação
interior, estão dispensadas de serem equipadas com a EPIRB. As
embarcações de médio porte, maiores de 12 metros e menores de 24
metros, quando empreendendo navegação costeira, estão
dispensadas de serem equipadas com a EPIRB; se empreendendo
navegação oceânica, deverão ser equipadas com a EPIRB de 406MHz.
As embarcações de grande porte (iguais ou maiores de 24 metros de
comprimento), exceto quando empreendendo navegação interior,
deverão ser equipadas com a EPIRB de 406MHz.

Parabéns por ter concluído mais está unidade.


Verifique seus conhecimentos, realizando os Simulados Online.
Acesse o site e selecione “Por Disciplina”: Instrumentos Náuticos

Saiba mais
Você pode saber mais sobre o assunto estudado nesta unidade consultando os seguintes
endereços eletrônicos:
http://inseer.ibict.br/sipaer/index.php/sipaer/article/viewFile/260/271
(Emprego de Transmissor Localizador de Emergência 406MHz no Brasil)
http://www.brmcc.aer.mil.br/index.php
http://www.cospas-sarsat.int/en/
http://www.anatel.gov.br/Portal/exibirPortalInternet.do
http://www.popa.com.br/docs/cronicas/epirb/
https://www.mar.mil.br/salvamarbrasil/

Exemplar [008655] pertencente à: Mestre-Amador 64


Jorge Felix Vilela Ferreira
www.portaldoamador.com.br [NOÇÕES DE ESTABILIDADE DE UMA EMBARCAÇÃO]

Unidade 7:
Nesta unidade, você vai conhecer algumas noções básicas e recomendações sobre estabilidade
de uma embarcação. Matéria básica para realização do Exame de Mestre-Amador.

Contribuições de Vamos começar com uma pergunta: POR QUE OS BARCOS


FLUTUAM?
Arquimedes Embora esse não fosse o questionamento de Arquimedes,
contam os livros, que esse sábio descobriu, enquanto tomava
banho, que um corpo imerso na água se torna mais leve devido
a uma força, exercida pelo líquido sobre o corpo, vertical e para
cima, que alivia o peso do corpo. Força essa, denominada
empuxo.
O Princípio de Arquimedes é fundamental para
entendermos porque um navio flutua e pode assim ser
enunciado:
“Todo corpo mergulhado num fluido em repouso sofre, por parte
do fluido, uma força vertical para cima, chamada empuxo, cuja
intensidade é igual ao peso do fluido deslocado pelo corpo”.
Arquimedes (282-212 a.C.)
Inventor e matemático grego.
Então, quando um objeto está na água (que é um fluído)
duas forças atuam sobre ele, o peso (P) do corpo, agindo
verticalmente para baixo (devido à influência do campo
gravitacional da terra), e a força de empuxo (E) exercida pela
água, verticalmente para cima. Assim, podemos afirmar que, é
a existência do empuxo que faz com que os corpos
mergulhados em um fluido pareçam pesar menos do que
realmente pesam. É o que chamamos de peso aparente,
expresso pela diferença entre o peso real e o empuxo.

Características Lineares Para compreender melhor o que será apresentado nesta


unidade, vamos recapitular algumas características lineares de
de uma Embarcação uma embarcação:
A medida longitudinal da embarcação é chamada
comprimento; e a sua medida transversal, é chamada boca,
medido de borda a borda. O calado é a medida da altura, desde
a quilha (fundo da embarcação) até a superfície da água,
quando a embarcação está flutuando. O calado é marcado em
escalas a vante, a ré e a meio navio (meia nau). A linha d’água
ou linha de flutuação é a interseção da superfície da água com
o costado da embarcação. É também chamada de linha d’água
a faixa pintada no casco entre os calados máximo (a plena
carga) e leve (embarcação vazia). O pontal ou pontal moldado
é a medida vertical entre o convés principal e a quilha. A borda
livre é a distância vertical entre a linha de flutuação (superfície
da água) até o convés principal, medido a meio navio. A
superfície do casco que fica mergulhada na água é chamada
obras vivas ou carena; e a parte que fica acima da linha d’água,
é chamada obras mortas. Calado à meia-nau é a distância
vertical entre a superfície da água e a parte mais baixa da
embarcação medida na secção da meia-nau, isto é, na metade
do comprimento entre as perpendiculares dos pontos extremos
da proa e popa.
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Flutuabilidade Para que uma embarcação flutue é necessário que haja


equilíbrio entre o seu peso e a força de empuxo, isto é, que o
Atenção! peso da embarcação seja igual ao peso da água deslocada. Por
- Estabilidade não é flutuabilidade. esta razão, no estudo da estabilidade o peso da embarcação é o
Flutuabilidade é a comparação de mesmo que deslocamento.
duas forças: empuxo da água X peso
do navio. Quando o primeiro é maior Peso da embarcação - é a resultante de todos os pesos de
que o segundo, tem-se uma bordo, incluindo a estrutura, os equipamentos, carga e pessoal,
flutuabilidade positiva e a tendência é sendo considerado como uma força única agindo verticalmente
o navio flutuar. Do contrário, ela passa de cima para baixo, aplicada no centro de gravidade da
a ser negativa e a tendência será de
afundar. Quando se igualam, diz-se
embarcação.
que a flutuabilidade é neutra. Deslocamento é a medida do peso do volume de água que o navio
desloca, quando flutuando em águas tranquilas. Esse valor é o peso do
navio.
Como já vimos, o empuxo é a força que age de baixo para
cima, no centro de empuxo ou centro de carena, e faz a
embarcação flutuar.
As situações abaixo sintetizam bem a relação entre peso (P)
e empuxo (E):
 Se o peso da embarcação for maior que o empuxo (P >
E). O peso adquire aceleração para baixo. Neste caso, a
embarcação afunda na água.
 Se o peso da embarcação for menor que o empuxo (P <
Figura 1 Figura 2
E). O peso adquire aceleração para cima. Neste caso, a
Por exemplo: embarcação será conduzida à superfície.
- Se prendermos um cubo estaque na  Se o peso da embarcação for igual ao empuxo (P = E). A
água (figura 1 acima), ao largarmos embarcação permanece na profundidade em que for
(figura 2 acima) ele subirá. É a força de
empuxo atuando nas paredes deixada na água, inclusive na superfície. Neste caso, a
exteriores do cubo que faz com ele embarcação permanece em equilíbrio indiferente (a
flutue. É exatamente isto que ocorre resultante que atua será zero).
com uma embarcação quando é posta
a flutuar.
Se P > E A embarcação afunda na água.
Se P < E A embarcação será conduzida à superfície.
Se P = E A embarcação permanece em equilíbrio indiferente.

Assim, enquanto for mantido o equilíbrio entre peso


(deslocamento) e empuxo (P = E), a embarcação permanecerá
flutuando. Este equilíbrio deve ser mantido, a fim de assegurar
boa flutuabilidade da embarcação.
Estanque Flutuabilidade - é a propriedade que tem a embarcação de
- Ficar estanque (o navio), não mais
flutuar e permanecer na superfície da água. A reserva de
fazer água (entrar água).
flutuabilidade é o volume da parte estanque das obras mortas,
ou seja, o volume de água que pode embarcar em
compartimentos estanques situados acima da linha d´água, sem
comprometer a segurança da embarcação.
Borda Livre (BL) - é a BL que determina o peso máximo que
uma embarcação pode receber, ou seja, a atribuição de uma
borda-livre mínima visa definir uma reserva de flutuabilidade
para a embarcação. Como já vimos, é caracterizado pelo
volume do casco compreendido entre o plano de flutuação,
correspondente ao carregamento máximo, e o convés principal,
com o objetivo de evitar o carregamento excessivo, garantindo,
assim, uma maior segurança à embarcação, à carga, à
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Borda Livre tripulação e aos passageiros. Se a embarcação inclinar ao ponto


- É a distância vertical entre a linha de da borda molhar, haverá perigo iminente de emborcamento.
flutuação e o convés principal da
A reserva varia em função do embarque e desembarque de pesos
embarcação.
a bordo e, consequentemente, devido à variação do calado. Se o
deslocamento (peso) for aumentando, haverá diminuição da reserva
de flutuabilidade e a embarcação poderá submergir (ir a pique).
Marca de Linha de Carga (Disco de Plimsoll) - As
embarcações sujeitas à borda-livre deverão possuir as marcas
de linha de carga fixadas em ambos os bordos, no costado. Esta
marca deverá ser fixada de forma que o anel seja colocado à
meia-nau. Instituída em 1876, depois de vários acidentes
ocasionados por carregamentos excessivos, são
regulamentadas por uma Convenção Internacional de Linhas de
Carga. A Marca de Linha de Carga (Disco de Plimsoll) das
embarcações não empregadas em viagens internacionais
consiste de um anel, cruzado por uma linha horizontal, cuja face
Disco de Plimsoll superior passa pelo centro do anel. As letras C e P indicam que
a borda foi atribuída por uma Capitania, Delegacia ou Grupo
Especial de Vistoria (GEVI). Quando atribuída por outras
entidades, deverão ser fixadas as marcas das respectivas
entidades.
Estão dispensadas da atribuição de borda livre as embarcações
com comprimento inferior a 20 metros; arqueação bruta (AB) menor
Marca de borda livre em água doce ou igual a 50AB; os navios de guerra; e, as embarcações destinadas
exclusivamente a esporte e/ou recreio (lazer).
Plimsoll
- Lord Samuel Plimsoll, membro do
Arqueação Bruta (AB) - é um valor adimensional. Medida da
parlamento inglês que promoveu a capacidade total da embarcação, proporcional ao volume dos
aprovação dessas marcas. espaços fechados da mesma.
Peso da Embarcação - é a resultante de todos os pesos de
Escala de Calado
bordo, incluindo a estrutura, os equipamentos, carga e pessoal,
- É a graduação marcada no Costado
dos navios, avante, a ré e, algumas sendo considerado como uma força única agindo verticalmente
vezes, a meia nau, em ambos os de cima para baixo, aplicada no centro gravidade da
bordos, para leitura dos Calados. embarcação (G).

Deslocamento e Porte Deslocamento “dead weight” - como já foi dito,


deslocamento é a medida do peso do volume de água que a
de uma Embarcação embarcação desloca, quando flutuando em águas tranquilas. Na
Dead weight prática, o deslocamento corresponde ao seu próprio peso
- Expressão inglesa usada para medir a expresso em toneladas.
capacidade comercial dos navios pelo Dependendo das condições da embarcação, teremos várias
peso que ele é capaz de transportar, o maneiras de considerar o deslocamento, a saber:
que da ideia de tamanho. Um navio de
tantas toneladas “dead weight".  Deslocamento Leve - é o peso da embarcação
totalmente vazia, ao final da sua construção;
Lastro  Deslocamento em Lastro - é o peso da embarcação, sem
- Ação de colocar peso no fundo do carga;
casco para aumentar a estabilidade da
embarcação.
 Deslocamento Atual - é o peso da embarcação flutuando
na linha d’água considerada, geralmente entre a
Deslocamento ≈ Tonelagem condição de lastro e parcialmente carregada; e
- Não se deve confundir deslocamento  Deslocamento em Plena Carga ou Máximo - é o peso da
com tonelagem. Deslocamento refere-
embarcação quando atinge flutuabilidade máxima, isto é,
se ao peso da embarcação, que é igual
ao peso do volume de água deslocada o deslocamento máximo, agrega todos os pesos de
pela carena. bordo.

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Tonelagem é a medida de volume e Porte bruto - é o peso que a embarcação pode transportar,
não de peso. excetuando seu próprio peso, quando se encontra num
- Nos países de sistema métrico determinado calado médio, ou seja, é a diferença entre o
decimal, como é o caso do Brasil, o deslocamento da embarcação pronta (completamente
deslocamento é expresso em carregada com o combustível, aguada, tripulação, os materiais
toneladas de 1000 quilos. Nos países de consumo e a carga), e a embarcação pronta (mas
que adotam o sistema inglês de
medidas, o deslocamento é expresso
completamente vazia, sem combustível, sem aguada, sem
em toneladas longas (de 1016 quilos). materiais de consumo, sem carga e sem tripulação).
Porte líquido - é o peso da carga, passageiros e bagagens
que rendem frete, que a embarcação pode transportar em
determinada condição de carregamento.

Estabilidade É a capacidade que tem uma embarcação de retornar à sua


posição de equilíbrio, depois de um caturro ou após um
balanço motivados por forças externas, tais como: efeito das
ondas, estado do mar conjugado à velocidade da embarcação,
arrumação de pesos a bordo, embarque ou desembarque de
cargas, entre outros fatores que interferem no comportamento
da embarcação. Caturro, ou arfagem, é o movimento de
oscilação vertical da embarcação no sentido longitudinal (proa-
popa); e balanço, é o movimento de oscilação lateral da
embarcação de um bordo para outro (sentido BE-BB).
 Estabilidade longitudinal (sentido proa-popa) – No
movimento longitudinal, os principais problemas
apresentados por uma embarcação estão diretamente
relacionados com o ritmo do caturro e a modificação do
trim. Chama-se trim, ou compasso, a diferença entre os
calados a vante e a ré da embarcação (calados de proa e
de popa). Quando o calado de vante é igual ao calado de
ré, diz-se que a embarcação está trimada (trim correto,
sem compasso ou em águas parelhas); quando o calado
á ré é maior que o calado a vante, diz-se que a
embarcação está derrabada; e quando o calado a vante
é maior do que o calado a ré, diz-se que a embarcação
está abicada. Para segurança da embarcação, devemos
buscar os meios para fazer com que a mesma fique
sempre com o trim correto (calado igual, a vante e a ré).
 Estabilidade Transversal (sentido BE-BB) - Diretamente
relacionada com a segurança da embarcação, a
estabilidade transversal, depende em grande parte do
estado do mar, podendo atingir valores elevados, e
Estabilidade Longitudinal também da distribuição correta de pesos a bordo. Um
balanço rápido demonstra boa estabilidade; já um
Atenção! balanço lento, indica estabilidade deficiente.
- Quando o trim de uma embarcação é
É um procedimento comum descrever a estabilidade de uma
zero, podemos afirmar que ela está
com calados iguais. embarcação pela sua resposta a inclinação de pequenos ângulos (até
aproximadamente 7⁰ a 10⁰). Se o movimento de balanço da
embarcação está muito lento dizemos que a embarcação está com
Atenção! pouca estabilidade; se o movimento do balanço for rápido dizemos
- Se o movimento da embarcação está que está com excesso de estabilidade.
muito lento dizemos que a
embarcação está com pouca
estabilidade.

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Centro de Gravidade Centro de Gravidade (G) - é o ponto onde todo o peso da


embarcação se concentra. Sempre atua na vertical e para
(G), Centro de Carena baixo. O centro de gravidade “G” pode variar de posição em
(G) e Metacentro (M) função do próprio peso da embarcação vazia, dos óleos
combustíveis e lubrificantes, da água potável (aguada), do
lastro de água salgada, da distribuição da carga e demais pesos
a bordo.
Quando desembarcamos pesos na embarcação, o centro de
gravidade move no sentido oposto aos pesos desembarcados.
Centro de Carena (C) - é o ponto onde se concentra a força
de empuxo de baixo para cima e faz a embarcação flutuar, ou
seja, é o ponto em que a força de empuxo se concentra.
Sempre atua na vertical e para cima.
Quando a embarcação aderna o centro de gravidade
A figura acima representa a embarcação permanece na mesma vertical, por outro lado, o centro de
adriçada (na condição de equilíbrio, sem carena se desloca para o bordo em que a embarcação adernou
inclinação).
descrevendo uma curva, indo se situar na vertical da nova
carena adotada pela embarcação em função do balanço. O
centro dessa curva chama-se metacentro (M).
A distância vertical entre o centro de gravidade “G” e o
metacentro “M” chama-se altura metacêntrica (GM) da
embarcação. Essa distância entre “G” e “M”, é também
conhecida como “GM”. O valor da altura metacêntrica dá uma
ideia real da estabilidade da embarcação.
A estabilidade abrange três condições de equilíbrio, a saber:
 Estável - é a condição ideal de estabilidade, pois a
embarcação, ao balançar, volta a sua posição normal de
A figura acima representa a embarcação
adernada (por causa da inclinação o centro equilíbrio. GM será sempre positiva (GM > 0).
de carena se movimenta).  Instável - é a condição indesejável, pois afeta a
segurança da embarcação. GM será sempre negativa
Metacentro (M) (GM < 0).
- É o ponto de encontro de duas linhas  Indiferente - é a condição em que a embarcação poderá
de ação da força de empuxo quando a
ficar em equilíbrio seja qual for a sua posição, adriçado
embarcação se inclina de dois ângulos
muito próximos. ou com banda. GM será sempre igual a zero (GM = 0).
Ao adquirir banda, forma-se o binário de forças, sendo que
ele tem efeito inverso ao da condição estável, porque o braço
de endireitamento (GZ) é negativo e, consequentemente, o
“M” também é negativo e sua tendência é fazer a embarcação
adquirir maior banda. A embarcação irá se inclinando para um
dos bordos e o centro de carena “B” irá se deslocando mais
para à direita conforme a embarcação for adernando. Se a
distância entre “G” e “M” (GM) for negativa e pequena, “B”
alcançará a vertical que passa por “G” e, nesse caso, se
encontrará em equilíbrio indiferente. Entretanto, se a GM
negativa for grande, “B” não alcançará a vertical que passa por
“G” e o navio continuará a adernar. Essa banda que a
embarcação adquire, ao assumir tal posição de equilíbrio,
chama-se banda permanente por GM negativa.
Atenção! Quando a embarcação aderna, existe um braço do binário,
- Quando uma embarcação aderna, o que é formado pelas forças de gravidade atuando
centro de carena se movimenta para o simultaneamente em “G” e a força de empuxo exercida em “C”,
mesmo bordo que adernou.
que dão a embarcação condição de voltar à sua posição normal
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de equilíbrio. A esse braço dá-se o nome de braço de


endireitamento.
Braço de endireitamento (GZ) - é a distância entre as
verticais em que atuam as forças de gravidade e de empuxo. Ele
faz com que a embarcação volte à sua posição de equilíbrio
quando esta se inclina para um dos bordos. Estando a
embarcação em sua posição normal de equilíbrio, o braço de
endireitamento terá o valor nulo. Quanto maior a distância
entre as verticais, maior será o braço de endireitamento e
maior será a estabilidade de embarcação. É claro que existe um
Soçobrar limite para a inclinação de uma embarcação, que, se
- Afundar, naufragar; submergir (-se). ultrapassado, certamente provocará seu emborcamento ou
soçobramento.

Esforços Estruturais A correta distribuição de pesos a bordo é fundamental para


manter a estabilidade e o equilíbrio de uma embarcação. Por
Longitudinais e
outro lado, a má distribuição de pesos pode causar
Transversais deformações no casco no sentido do comprimento que
provoca esforços denominados: alquebramento e contra-
alquebramento.
 Alquebramento - pode ocorrer pela maior concentração
de pesos nas extremidades (proa e popa) da embarcação
provocando uma curvatura longitudinal com
convexidade para cima.
 Contra-alquebramento - é provocado pela maior
concentração de pesos no centro da embarcação (meia-
nau), e pouco peso na popa ou proa podendo vir a
quebrar ao meio em caso de mau tempo. O contra-
alquebramento caracteriza-se por uma curvatura
longitudinal com a convexidade para baixo. Quando
uma embarcação inclina transversalmente, ou seja,
pende para um dos bordos (lados), devido à
movimentação de peso, ou por embarque ou
desembarque de peso a bordo, diz-se que ela está com
banda; quando a embarcação não está inclinada
transversalmente, diz-se que ela está adriçada. Portanto,
dividir os pesos entre as laterais é uma boa prática.

Efeito de Pesos Altos Uma embarcação com centro de gravidade elevado, ao se


inclinar por um motivo qualquer (balanço ou má distribuição de
pesos) produzirá uma inclinação maior, pela atuação da força
da gravidade, transformando o braço de endireitamento em
um braço de emborcamento. O excesso de peso em partes
altas ou a má distribuição de pesos em relação às laterais
prejudica a estabilidade da embarcação. Portanto, evite pesos
altos, coloque mais peso na parte de baixo que na parte de
cima de sua embarcação.

Exemplar [008655] pertencente à: Mestre-Amador 70


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Efeito de Superfície Ocorre quando os tanques não estão completamente


cheios. Como existe um espaço entre a superfície do líquido e o
Livre teto do tanque ou dos tanques, quando a embarcação se inclina
lateralmente, o liquido no interior do tanque, também se
desloca para o mesmo bordo, como se fosse um peso inserido
lateralmente, concorrendo para acentuar a inclinação da
embarcação. Para evitar o “efeito de superfície livre”, é
recomendável dividir os tanques de combustível de forma
proporcional e assim, reduzir ao máximo a instabilidade da
embarcação. Tal efeito, não ocorre se o tanque estiver
totalmente cheio ou totalmente vazio.

Informações  A água salgada é mais densa que a água doce devido a


quantidade de sal. A densidade da água doce é 1 x 103
Importantes km/m3 e a densidade da água salgada é em média 1,025
x 103 km/m3.
 Como o empuxo depende da densidade do líquido, o
empuxo exercido sobre uma embarcação é maior
quando ela está no mar. Assim, uma embarcação utiliza
3% a mais de lastro em água salgada.
 O lastro está relacionado ao centro de gravidade que
deve ficar abaixo do centro de empuxo. Para aumentar o
lastro, são adicionados pesos na embarcação.
 Dar-se o nome de água de lastro, a água utilizada,
especialmente, em embarcações de carga como
contrapeso para ajudar a manter a estabilidade e a
integridade estrutural das embarcações.
 Navegação em mau tempo - Durante mau tempo, o
estado do mar piora e pode afetar o seguimento do
barco ou até mesmo a sua estabilidade. Para essas
situações, são previstas as seguintes medidas:
- Capear - aproar o vento e as ondas. A ação diminuirá o
balanço a um nível aceitável; o caturro aumentará
drasticamente; funciona melhor a baixa velocidade; e
admite a variação de deixar as ondas pela bochecha.
- Correr com o tempo - deixar o vento e o mar pela popa.
A ação diminui sensivelmente o balanço e o caturro; a
velocidade deve ser de, no máximo, 40% da velocidade
das ondas; exige atenção ao governo, pois o efeito do
leme é atenuado; e admite a variação de deixar as ondas
pela alheta.

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Parabéns por ter concluído mais está unidade.


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Acesse o site e selecione “Por Disciplina”: Estabilidade

Saiba mais
Você pode saber mais sobre o assunto estudado nesta unidade consultando os seguintes
endereços eletrônicos:
http://www.if.ufrgs.br/mpef/mef004/20021/Angelisa/
http://www.oceanica.ufrj.br/deno/prod_academic/relatorios/atuais/DanielQ+Leticia/relat1/ESTABILIDAD
E.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Categoria:Arquitetura_naval
http://projetosdeveleiros.com.br/?p=124
http://proavirtualg9.pbworks.com/w/page/18679349/Porque-o-navio-nao-afunda
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAABEkAC/arqnav-cap1
http://www.mar.mil.br/cpal/download/amador/estabilidade.pdf
http://www.aquafluxus.com.br/porque-os-navios-flutuam-principio-de-arquimedes/

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Jorge Felix Vilela Ferreira
www.portaldoamador.com.br [METEOROLOGIA]

Unidade 08:
Nesta unidade, você vai estudar Meteorologia: Interpretação de Cartas Sinóticas; Boletins
Meteorológicos; imagens satélite e avisos de mau tempo; características das frentes, nevoeiros,
nuvens e ciclones extratropicais; principais instrumentos meteorológicos e noções dos ventos
predominantes na costa do Brasil.

Meteorologia Ciência da atmosfera


Segundo a Organização Meteorológica Mundial,
Competências Meteorologia é o estudo de todos os fenômenos diferentes de
- O Centro de Hidrografia da Marinha uma nuvem. É a parte da física que estuda os fenômenos
(CHM), coordenado pela Diretoria de
Hidrografia e Navegação (DHN) é por
atmosféricos, também chamados de meteoros. A meteorologia
lei o órgão, responsável pela operação tem como atividades básicas a pesquisa, a análise e o registro
do serviço meteorológico marinho. dos dados meteorológicos, atividades essas que, no seu
Pela legislação brasileira a Marinha conjunto recebem o nome de observação meteorológica. Entre
tem responsabilidade pela suas principais atividades, cabe determinar as condições do
meteorologia marinha. Toda a área
oceânica adjacente ao nosso litoral é tempo presente em uma determinada localidade ou região,
de responsabilidade da Marinha do bem como suas probabilidades de evolução futura, resultando
Brasil. em um conjunto de informações prováveis denominadas
previsão do tempo.

Atmosfera Massa gasosa que acompanha os movimentos da Terra


(rotação e translação). O Ar atmosférico é composto por uma
mistura de gases. Os gases mais importantes são o Nitrogênio e
Atmosfera
- A massa de ar que envolve a Terra. o Oxigênio, que representam 78% e 20,95% do volume total,
respectivamente, e o restante, 0,97% de outros gases nobres.
Troposfera Além disso, compõem o ar atmosférico: vapor d’água; e
- Camada atmosférica mais próxima da impurezas (poeira, fumaça, sal etc.), sendo estes os mais
Terra, cuja espessura aumenta do pólo
(5 km) para o equador (18 km). importantes na formação dos fenômenos meteorológicos, que
ocorrem principalmente na Troposfera.

Camadas da Atmosfera Em razão de suas características, diretamente associadas


aos eventos meteorológicos que produzem, as seguintes
camadas atmosféricas são consideradas principais ou mais
importantes no estudo dos fenômenos meteorológicos:
 Troposfera - também denominada baixa atmosfera é a
camada da atmosfera em que vivemos e respiramos. É a
primeira camada e a mais importante para a vida na
Terra, pois é onde ocorre a maioria dos fenômenos
meteorológicos (chuvas, formação de nuvens,
relâmpagos). A temperatura do ar varia verticalmente na
atmosfera, diminuindo com a altitude, ao longo da
troposfera, ou seja, à medida que vamos subindo a
temperatura vai caindo.
 Estratosfera - camada situada logo acima da troposfera.
Nessa camada a temperatura é praticamente constante.
É onde se localiza a camada de ozônio, que funciona
como uma espécie de filtro natural do planeta Terra,
protegendo-a dos raios ultravioletas do Sol.
 Mesosfera - camada localizada imediatamente acima da
estratosfera. Nessa camada o comportamento da
temperatura é irregular, aumentando, de maneira geral

Exemplar [008655] pertencente à: Mestre-Amador 73


Jorge Felix Vilela Ferreira
www.portaldoamador.com.br [METEOROLOGIA]

com a altitude. É onde ocorre o fenômeno da


Aeroluminescência aeroluminescência.
- A aeroluminescência é uma fraca  Termosfera - camada situada acima da mesosfera. Nessa
emissão de luz resultante de reações camada a temperatura aumenta com a altitude. É uma
químicas que envolvem o oxigênio, o
nitrogênio, o sódio e o ozônio
camada que atinge altas temperaturas, pois nela há
(quimioluminescência) nas altitudes oxigênio atômico, gás que absorve a energia solar em
entre 80 e 96 km acima da superfície grande quantidade.
da Terra.  Exosfera - camada que antecede o espaço sideral. É na
exosfera que as partículas se desprendem da gravidade
do planeta Terra. Na exosfera ocorre o fenômeno da
aurora boreal e também permanecem os satélites de
transmissão de informações e os telescópios espaciais.

Aquecimento e A Terra é aquecida durante o dia pela Radiação solar ou


Insolação e é resfriada pela Radiação terrestre, dia e noite.
Resfriamento da Terra e A energia irradiada pelo Sol (radiação solar), a qual aquece
da Atmosfera a Terra, permite a evaporação da água, a formação de nuvens, a
chuva, o temporal etc. É, então a fonte de energia responsável
pela ocorrência dos fenômenos meteorológicos e
oceanográficos.
Depois que a temperatura da Terra torna-se mais alta ou
mais baixa que aquela do ar próximo a ela, o ar em contato com
o solo começa a ser aquecido ou resfriado através de um
processo chamado Condução (transferência de calor através da
matéria sem transferência da própria matéria).
A absorção de radiação de onda curta depende da natureza
do solo, portanto, uma massa de ar situada, por exemplo, sobre
uma superfície arenosa será aquecida mais rapidamente que
Atenção! uma massa em contato com uma superfície úmida. Essa
- Depois de aquecida, a Terra irradia desigual distribuição local de calor gera outro método de
calor. O ar, que era quase
transferência de calor conhecido como Convecção
transparente às irradiações de ondas
curtas do Sol, absorve grande parte (transferência das principais propriedades atmosféricas pelo
das irradiações de ondas longas da movimento vertical do ar por meio das correntes ascendentes
Terra, aquecendo-se gradativamente, ou descendentes).
de baixo para cima. Quando o ar aquecido se eleva em correntes de convecção,
ar menos aquecido das adjacências move-se em direção ao
A transferência de calor da Terra para local onde o ar está ascendendo para preencher o espaço.
atmosfera se faz por quatro Nesse momento, ocorre outro método de transferência de uma
processos: propriedade atmosférica, chamado de Advecção (transferência
- A radiação é a transferência de
de alguma propriedade atmosférica por movimento horizontal
ondas eletromagnéticas da Terra para
a atmosfera. A convecção é o do ar). Assim como a superfície da Terra, a atmosfera também
movimento vertical do ar atmosférico. experimenta um aquecimento desigual.
As camadas mais baixas de ar da As principais causas da variação do aquecimento da
atmosfera, quando aquecidas, tornam- atmosfera são:
se mais leves, logo, tendem a subir,
conduzindo calor para as camadas
 Incidência de raio solar - O ângulo de incidência e a
superiores. A condução ocorre quando quantidade de raios solares, em um mesmo lugar, variam
a camada de ar em contato com o solo durante o dia e com a estação do ano, em virtude dos
conduz calor para as camadas movimentos de rotação e translação da Terra e da
superiores e a advecção é o processo
inclinação do eixo da Terra com relação à sua órbita.
de transferência de calor, de região
para região, devido ao movimento Com isso, varia, também, a quantidade de calor
horizontal do ar, ou seja, através dos transmitido à atmosfera (pelo Sol e pelos mecanismos de
ventos. troca de calor com a Terra). Além disso, quanto maior a
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latitude, menor o ângulo de incidência dos raios solares


e, portanto, menor a temperatura. Isto também explica o
aquecimento desigual da atmosfera em diferentes
regiões.
 Cobertura de nuvens - As nuvens dificultam que a
energia solar alcance a Terra, diminuindo o seu
aquecimento e, por conseguinte, o aquecimento da
atmosfera; por isto, nos dias em que o céu está
encoberto, o ar tende a ser mais frio. No entanto, as
nuvens também absorvem uma parte da energia
refletida pela Terra; esta é a causa de serem as noites de
céu encoberto menos frias do que as de céu limpo.
 Natureza do solo - A natureza do solo é responsável pela
quantidade de energia absorvida pela Terra, pela rapidez
com que a Terra se aquece e se resfria, e pela
quantidade de calor que a Terra irradia. Assim, a
natureza do solo é, também, um fator preponderante na
variação do aquecimento da atmosfera.

Elementos Dentre os fatores que influenciam na manobra da


embarcação, a natureza pede atenção especial, por não estar
Meteorológicos sob o controle do navegante. Saber compreender a
Termômetro e Psicrômetro meteorologia é essencial para a garantia da segurança da
- A medida da temperatura do ar seco embarcação.
efetua-a se por meio do termômetro Os elementos meteorológicos mais importantes a observar
ou termógrafo e a medida da são: temperatura, pressão, umidade, ventos, nuvens,
temperatura do ar úmido, que é
utilizada para a determinação da visibilidade e precipitação.
temperatura do ponto de orvalho, Temperatura do Ar - é a quantidade de calor presente na
obtêm-se pelo psicrômetro. atmosfera. O Sol é a fonte de calor do planeta Terra e,
consequentemente da atmosfera. Mas o Sol não aquece
A temperatura do ar aquece de dia e
resfria à noite. A temperatura da
diretamente a atmosfera, ao contrário, os raios solares
superfície do mar (TSM) durante o dia atravessam a camada do ar que nos envolve, sem aquecê-la,
e à noite não apresenta variação de indo esquentar as terras e as águas da superfície do planeta.
valor, uma vez que a energia recebida Depois de esquentadas, as terras e as águas irradiam para a
da radiação solar é em grande parte
atmosfera o calor recebido. Assim, quanto maior a quantidade
utilizada na evaporação da água da
superfície do mar. A TSM tem muita de radiação solar recebida pela Terra, mais alta será a
importância na interação oceano- temperatura do ar.
atmosfera, porque a TSM influencia de Pressão Atmosférica - também chamada de pressão
forma bastante significativa o barométrica, é a pressão (força) exercida pelo peso da
resfriamento do ar.
atmosfera (peso gravitacional) sobre uma coluna de ar em um
determinado ponto. Pode-se afirmar que a pressão em uma
superfície é o peso de toda a coluna de ar acima dela. Portanto,
podemos facilmente concluir que a altitude interfere na
pressão atmosférica. Nas áreas de elevada altitude, a pressão é
menor, porque a coluna de ar nas áreas elevadas é menor que
nas áreas de baixa altitude. A pressão do ar varia com a
altitude, sendo maior ao nível do mar.
Para se medir a pressão atmosférica, utilizamos barômetros
de mercúrio ou aneróides.
Os barômetros de mercúrio são mais precisos, entretanto, os mais
resistentes são os aneróides, sendo estes os mais utilizados a bordo
dos navios.

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Umidade - é a quantidade de vapor de água contida na


atmosfera. A ação da radiação solar e do vento sobre as águas
da superfície da Terra provocam o fenômeno da evaporação,
que nada mais é do que a passagem da água do estado líquido
para o estado gasoso (vapor). Na evaporação, uma quantidade
enorme de vapor de água fica em suspensão na atmosfera, ou
seja, água em estado gasoso, chamada de umidade.
Quando a massa de ar não tem vapor de água, se diz que a
massa é seca. Por outro lado, quando a massa de ar tem vapor
de água, a massa é úmida. A massa de ar úmida é sempre
menos pesada do que uma massa de ar seco, por isso o ar
Higrômetro ≈ Psicrômetro úmido é mais instável.
- Instrumentos para medir o grau de A quantidade de vapor de água ou umidade que pode
umidade do ar.
conter o ar depende diretamente de sua temperatura. Quanto
Saturação maior é a temperatura, maior é a capacidade que tem o ar de
- A saturação ocorre quando uma conter vapor de água. Portanto, o ar está saturado quando
parcela do ar presente deixa de alcança sua capacidade. A quantidade de vapor de água contida
receber vapor d´água, levando-nos a no ar pode expressar-se de diferentes formas. A umidade
dizer, em tais condições, que o ar está
saturado.
relativa é uma das formas mais conhecidas e representa a
relação entre a quantidade de vapor de água que se encontra
Umidade relativa no ar e a máxima capacidade que poderia conter à mesma
- Quando falasse em umidade relativa temperatura. Este valor é expresso na forma de porcentagem
100%, é quando ela está em
(%). A umidade relativa varia sempre que muda a quantidade
saturação; se está chovendo a
umidade fica entre 95%/100%. Então, de vapor de água presente no ar e também quando varia a
umidade relativa é a quantidade de temperatura.
umidade que tem sobre a quantidade Por exemplo, um declínio da temperatura traz uma
que o vapor pode conter naquela diminuição na capacidade do ar, motivo pelo qual aumenta a
mesma temperatura.
umidade relativa ao encontrar-se o ar mais próximo a sua
Temperatura do Ponto de orvalho saturação. Quando a temperatura e, portanto, a capacidade do
- É a temperatura onde o vapor d’água ar diminui até que a umidade atinge 100%, significa que o ar
existente no ar atmosférico começa a está saturado. A temperatura, a qual a umidade relativa chega
se condensar, ou seja, é a temperatura
aos 100%, se chama temperatura de ponto de orvalho. Se o ar
do ar ambiente no qual o ar atinge sua
saturação de umidade, simplesmente continuar esfriando, começa a condensação (transformação do
ou somente por resfriamento do ar. A vapor em água). A temperatura de ponto de orvalho tem uma
relação entre o ponto de orvalho e a característica muito importante, a qual toda vez que o
umidade relativa do ar é conteúdo de uma massa de ar se mantém constante, a
inversamente proporcional, isto é,
quanto menor a diferença, maior será
temperatura de ponto de orvalho também permanece
a umidade relativa. praticamente invariável. Para a formação de nuvens é preciso
que haja levantamento ou brusco esfriamento do ar úmido.
Umidade ≈ Temperatura do Ar Quando o ar úmido sobe várias centenas e milhares de metros,
- A umidade relativa varia de modo
atinge o nível de condensação, que é a altitude a partir da qual
inversamente proporcional à variação
da temperatura. Se a temperatura do o vapor de água se transforma em pequenas gotas. Esta
ar aumenta, a sua capacidade de condensação é obtida pela brusca diminuição da pressão
conter vapor d’água até se saturar atmosférica.
também aumenta; logo, a sua Vento - é o ar em movimento. São partículas de ar que se
umidade relativa diminui. Se a
temperatura do ar diminui, o seu
põem em movimento, tanto no sentido horizontal (chamado
limite de conter umidade até se advecção), quanto no sentido vertical (chamado convecção) e,
saturar também diminui; logo, a sua desta forma, transportando ou distribuindo calor.
umidade relativa aumenta. O ar se desloca das zonas ou áreas de alta pressão
(anticiclones), para zonas ou áreas de baixa pressão (ciclones).
Isto permite dizer que os anticiclones são dispersores de vento
e os ciclones são receptores de vento.
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VENTOS São duas as principais causas dos ventos:


 Por diferença de pressão, condição na qual o fluxo de ar
irá escoar das altas para as baixas pressões; e
 Por diferença de temperatura, condição em que a
desigualdade de aquecimento faz com que o ar mais frio
tome o lugar do ar mais aquecido.
≈ Direção do Vento - o vento é designado pelo sentido de
Ventos
- Sopram de alta pressão para baixa
onde vem, trazendo as características do seu local de origem.
pressão Assim, dependendo do local de onde se originou, podem ser
- Sentido – de onde vem quentes ou frios, úmidos ou secos, sendo, consequentemente,
- Intensidade – velocidade responsáveis pelas variações de temperatura e de umidade do
- Caráter – regular ou rajada.
ar nos locais por onde passa.
Vento à Superfície ≈ Vento e Rajada - Os ventos mudam continuamente tanto
- Por convenção, o termo se aplica à de intensidade quanto de direção, variações essas
velocidade do vento a 10 metros de determinadas, principalmente, pelos acidentes geográficos e
altura e em áreas desobstruídas. pelo relevo da superfície terrestre. Quando a diferença entre a
intensidade de um vento e sua intensidade média é maior que
Força do vento dez (10) Nós, num período de tempo não superior a vinte (20)
- A força do vento é medida em NÓS e segundos, esse vento recebe o nome de rajada.
classificada de acordo com a escala
Beaufort, apresentada mais adiante. ≈ Ventos Locais - os ventos recebem diversos nomes,
atribuídos em função das respectivas zonas de circulação, por
Rajada essa razão são denominados ventos locais, também chamados
- Rápido aumento na intensidade do de brisas ou terrais. Entre esses, pelos efeitos que provocam no
vento em relação à sua intensidade
média. A variação entre a intensidade
clima de suas regiões, merecem destaque:
do vento e os seus picos ocasionais é  Pampeiros - ventos de elevada intensidade, que sopram
de pelo menos 10 nós. no Rio da Prata entre junho e setembro, com direção de
oeste (W) para leste (E). Os pampeiros dão origem ao
Brisas do Mar e de Terra
vento minuano;
- Ventos locais causados pelo
aquecimento e pelo resfriamento  Minuano - vento que sopra na direção SW para NE, na
desigual de superfícies aquosa e região sul do Brasil;
terrestre adjacentes, sob influência da  Papagaio - vento que sopra na Costa Rica, no inverno, de
radiação solar (durante o dia) e da NE e fresco.
radiação terrestre (durante a noite),
que produzem uma gradiente de
 Siroco - vento muito quente e fresco que sopra na África
pressão (razão de decréscimo ou do Norte, durante o verão, com direção de S ou SE; e
aumento da pressão por unidade de  Alísios - ventos que divergem dos cinturões de alta
distância em um determinado período pressão subtropicais em direção a zona de convergência
de tempo) junto à costa. Durante o dia intertropical. Sopram de nordeste no hemisfério norte e
sopra do mar para terra (brisa
marítima) e, à noite, da terra para o de sudeste no sul.
mar (brisa terrestre. Intensidade do Vento - dependendo da intensidade do
vento, poderemos ter uma situação característica do tempo.
Significa que podemos estabelecer certos padrões do tempo
nos mares, rios, lagos ou lagoas por meio da velocidade do
Anemômetro
- Instrumento usado para medir e vento.
registrar a direção e a velocidade Antes de se pensar em medir a intensidade do vento com o
(intensidade) do vento. O anemômetro, foi sentida a necessidade de se graduar de
Anemômetro de bordo pode ser do alguma forma sua velocidade. Assim, seguindo padrão utilizado
tipo Portátil ou de Mastro. Em ambos
os tipos, a orientação do sensor
internacionalmente, a nossa informação de ventos está
(anemoscópio) indica a direção do baseada na Escala Beaufort. Praticamente todos os centros de
vento, enquanto a rotação do hélice meteorologia marinha emitem em termo de força Beaufort.
ou das conchas permite a Disto resulta a lei de Buys-Ballot ou lei básica dos ventos,
determinação de sua velocidade.
que estabeleceu uma relação entre o vento e a distribuição de
Escala Beaufort
pressão que, para efeito de nosso estudo, pode ser aqui
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- Escala numérica de 0 a 12 que estima enunciada do seguinte modo:


a velocidade do vento a partir do Voltando-se para a direção de onde sopra o vento verdadeiro, a
estado do mar.
baixa barométrica fica à sua direita no Hemisfério Norte e à esquerda
Tabela para auxílio na interpretação
no Hemisfério Sul, a cerca de 110⁰ da direção de onde sopra o vento.
da força do vento (ESCALA
BEAUFORT)
Designação Velocidade Sistema de Baixa Pressão (ciclone):
Beaufort Milhas BAIXA ou CENTRO de BAIXA PRESSÃO: estes sistemas
(força) Nós
Por Hora
geralmente tem forma elíptica e a pressão diminui conforme
0 ≈ Calmaria Menor 0 a 0,2
que 1
nos aproximamos de seu centro, a qual é identificada com a
letra B. Em meteorologia, a circulação do ar (vento) em torno
1 ≈ Bafagem 1a3 0,3 a 1,5
de um centro de baixa pressão (ciclone), ocorre no sentido
2 ≈ Aragem 4a6 1,6 a 3,3 anti-horário no hemisfério norte e horário no hemisfério sul.
3 ≈ Fraco 7 a 10 3,4 a 5,4 Por isso também esses sistemas são chamados Ciclones. Dentro
4 ≈ Moderado 11 a 5,5 a 7,9
desses sistemas o ar move-se em direção a seu centro
16 (convergência). Essa convergência de ar em superfície,
5 ≈ Fresco 17 a 8,0 a 10,7
provocada pela presença de um centro de baixa pressão, induz
21 levantamento em seu interior determinando em consequência
6 ≈ Muito 22 a 10,8 a
o mecanismo de levantamento necessário para a formação das
fresco 27 13,8 nuvens.
7 ≈ Forte 28 a 13,9 a
Mau tempo – está quase sempre associado a uma convergência
33 17,1 de ventos, ou seja, a um ciclone ou depressão.
8 ≈ Muito forte 34 a 17,2 a
40 20,7 Sistema de Alta Pressão (anticiclone):
9 ≈ Duro 41 a 20,8 a
ALTA ou CENTRO de ALTA PRESSÃO: estes sistemas
47 24,4 geralmente tem forma elíptica e a pressão aumenta conforme
10 ≈ Muito duro 48 a 24,5 a
nos aproximamos de seu centro, a qual é identificada com a
55 28,4 letra A. A circulação do ar (ventos) em torno de um centro de
11 ≈ 56 a 28,5 a
alta pressão (anticiclone), ocorre no sentido horário no
Tempestuoso 63 32,6 hemisfério norte e anti-horário no hemisfério sul. Por isso
12 ≈ Furacão Maior 32,7 e
também, esses sistemas são chamados anticiclones. Dentro
que 63 acima desses sistemas, o ar se escapa de seu centro (divergência).
Essa divergência de ar em superfície, provocada pela presença
Tabela de Circulação dos Ciclones e do anticiclone, induz subsidência em seu interior, inibindo a
Anticiclones formação de nuvens.
Hemisfério Anticiclone Ciclones A representação gráfica dos ciclones e anticiclones faz-se
Divergente Converge por meio de isóbaras.
Sul anti- nte
horário horário
Chamam-se isóbaras as linhas que unem pontos de uma mesma
Converge pressão atmosférica. O traçado das isóbaras produz padrões
Divergente nte característicos, tais como: depressões, cavados, anticiclones e cristas.
Norte
horário Anti-  Ciclones - regiões de pressões relativamente baixas,
horário
também chamado de centro de baixa pressão. É
Circulação (Lei de Buys-Ballot) também sinônimo de depressão, onde predomina o mau
tempo e a diminuição da pressão para o centro.
Caracteriza-se em uma carta sinótica como um sistema
de isóbaras fechadas, envolvendo uma pressão central
baixa. Pode ser tropical ou extratropical, dependendo de
onde ocorre. Precipitação e ventos mais intensos estão
associados a esta feição.
“No hemisfério norte, os ventos giram
 Cavado - é uma área alongada de pressão atmosférica
em sentido horário em torno dos relativamente mais baixa. Pode ser a extensão de um
anticiclones (A) e no sentido anti- ciclone. É o oposto de crista e é geralmente, associado a
horário em torno das depressões ou mau tempo, assim como o próprio ciclone. A máxima
ciclones (B)”.

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curvatura das isóbaras ocorre ao longo do eixo do


cavado. Uma frente necessariamente localiza-se em um
cavado.
 Anticiclones - regiões de altas pressões, também
conhecidas como centro de alta. Predomina o bom
tempo e a pressão aumenta para o centro.
 Crista - é uma área alongada de pressão atmosférica
“Ao contrário, no hemisfério sul, os
ventos giram em sentido anti-horário
mais alta. Pode ser a extensão de um anticiclone. É o
em torno dos anticiclones (A) e no oposto de cavado e é geralmente associado a bom
sentido horário em torno das tempo, assim como o próprio anticiclone. A máxima
depressões ou ciclones (B)” curvatura das isóbaras ocorre ao longo do eixo da crista.
Além de influenciar no estado do mar, o vento também exerce
influência sobre o deslocamento das nuvens, formação de nevoeiros e
precipitação (chuvas).
Nuvens Nuvens - são indicadores de tempo úteis. As nuvens são
- Umidade do ar condensada. Podem definidas como consistindo de agregados visíveis de pequenas
ser classificadas quanto a sua
aparência (aspecto), estrutura e altura partículas de água, cristais de gelo, ou a mistura de ambos na
da base. atmosfera acima da superfície da Terra. Em geral, as nuvens são
sustentadas por correntes ascendentes na atmosfera e, embora
pareçam flutuar, na verdade os elementos que as compõem
caem lentamente em relação ao ar circulante.
As nuvens podem ser classificadas, quanto à formação,
formato ou tipo de desenvolvimento (aparência ou aspecto), e
quanto à altura de sua base.

Quanto à formação, podem ser:


 Orográficas - formadas pela ascensão forçada do ar, em
consequência de elevações geográficas;
O CÉU ANUNCIA  Frontais - formadas pela ascensão forçada do ar em
- Céu azul escuro: vento.
consequência do encontro de duas massas de ar de
- Céu claro e brilhante: bom tempo.
- Céu azul leitoso: chuva. características diferentes; e
- Céu limpo com clarões no horizonte:  Térmicas ou Convectivas - formadas pela ascensão
bom tempo e calor. adiabática (vertical) do ar aquecido.
- Céu uniforme encoberto: calmaria.
- Céu sem nuvens: vento.
- Céu avermelhado ao pôr do sol: bom
Quanto ao formato, podem ser:
tempo no dia seguinte.  Estratiformes - aquelas que surgem em camadas
- Céu avermelhado ao nascer do sol: o contínuas, apresentando grande expansão horizontal e
tempo geralmente muda para pior. pouca espessura. Em geral caracterizam chuvas fracas,
- Céu amarelo brilhante ao entardecer: nevoeiro e faixa de mau tempo, mais larga;
geralmente é sinal de vento no dia
seguinte.  Cumuliformes - aquelas que surgem em camadas
- Céu amarelo pálido: pode significar descontínuas, formadas por blocos ou glóbulos isolados
chuva. ou agrupados. Apresentam, sempre, expansão vertical
exagerada em relação à expansão horizontal. As nuvens
cumuliformes tem a forma de flocos de algodão isolados,
dando a impressão de nuvem sólida e, em geral,
caracterizam chuvas em forma de pancadas, trovoadas e
faixa de mau tempo mais curta; e
 Cirriformes – são horizontais, mais fibrosas, de aspecto
frágil e ocupam as altas atmosferas. Não dá origem a
precipitação, mas são fortes indicativos da mesma.

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Quanto à altura da base - conforme as altitudes que se


situam, as nuvens podem ser: baixas, médias e altas.

Nuvens Baixas NUVENS BAIXAS (abaixo de 2 km de altura)


 Stratus (St) - normalmente acinzentadas, aparecem em
camadas uniformes, aparentando um nevoeiro. Quando
espessas, dificultam a penetração da luz solar.
 Nimbostratus (Ns) - mais escuras que a stratus, porém
também uniformes, tendo a aparência de nuvens
carregadas, típicas de chuva. Normalmente bloqueiam a
penetração da luz do Sol.
 Cumulus (Cu) - nuvens densas, com a aparência de
chumaços de algodão, porém nunca cobrem inteiramente o
céu. Normalmente, a presença de cumulus significa bom
tempo. Quando a temperatura na superfície do mar for
mais quente que o ar, pode haver instabilidade,
favorecendo a convecção e a formação de nuvens Cumulus.
 Stratucumulus (Sc) - nuvens derivadas de cumulus
ligeiramente acinzentadas, com forma de rolos não
Nuvem de Trovoada uniformes. Normalmente, depois delas, ocorrem dias
- Expressão popular para claros e bom tempo.
Cumulonimbus, a nuvem associada a  Cumulonimbus (Cb) - nuvens muito densas e acinzentadas,
tempestades.
com formatos que lembram grandes torres. Normalmente,
são seguidas de mau tempo com fortes ventos e chuvas
pesadas.

NUVENS MÉDIAS (entre 2 e 6 km de altura)


Nuvens Médias
 Altostratus (As) - nuvens que se assemelham a um véu
ligeiramente acinzentado, deixando o céu fosco.
Normalmente, indicam a aproximação de chuvas e ventos.
 Altocumulus (Ac) - estas nuvens têm aparência de
pequenos chumaços de algodão, sendo, normalmente,
associadas a mudanças de tempo.

Nuvens Altas NUVENS ALTAS (acima de 6 km de altura)


 Cirrus (Ci) - com aparência fibrosa, normalmente se
apresentam isoladas. Nuvens altas e esgarçadas muitas
vezes dão alarme antecipado de mau tempo se seguidas de
formação de nuvens, porém, a direção do vento é
importante. Se dissipando significa melhora do tempo.
 Cirrostratus (Cs) - nuvens finas e esbranquiçadas.
Normalmente, cobrem o céu todo, dando uma aparência de
um fino véu. Sinal de mau tempo.
 Cirrocumulus (Cc) - nuvens pouco densas e esbranquiçadas,
com a aparência de ondas. Normalmente, a presença
dessas nuvens está associada a bom tempo.

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Fenômenos Meteorológicos que Visibilidade - é a maior distância em que objetos e


Aferam a Visibilidade contornos de características definidas podem ser vistos e
Condição de
Fenômeno
Visibilidade
identificados, sem auxílio de instrumentos óticos, ou seja, vistos
Nevoeiro Abaixo de 1km e identificados a olho nu. São vários os motivos pelos quais a
Névoa Acima de 1 km visibilidade é afetada: precipitações, nevoeiros, névoas, chuvas
Chuva Forte
entre 50 e fortes, chuviscos, espumas do mar, tempestades de área,
500m poeira, borrifo das ondas e sal.
Chuvisco Forte Abaixo de 500m
A visibilidade é avaliada em quilômetros (km), e pode ser
Abaixo de 1
Neve classificada em três níveis, a saber:
kkm
Tempestade de  Visibilidade boa - quando não existe nenhuma
Areia, poeira e
Abaixo de 1 km
interferência (fenômeno meteorológico) ou, se existe,
borrifo das não é significativo;
ondas
 Visibilidade moderada - quando existem fenômenos que
Chuva reduzem a visibilidade, causando prejuízo às atividades
- Vapor d'água condensado na humanas; e
atmosfera que se precipita sobre a  Visibilidade má ou péssima - quando os fenômenos
terra em forma de gotas (diâmetro restringem a visibilidade ao ponto de oferecer perigo às
superior a 0,5mm). Dependendo da
média horária de sua acumulação no
atividades humanas.
pluviômetro, pode ser leve (até De acordo com a intensidade, a chuva, com exceção das
2,5mm), moderada (2,5 a 7,5mm) ou pancadas fortes e passageiras, raramente reduz a visibilidade à
forte (superior a 7,5mm). superfície para menos de 1.500 metros. O chuvisco e a neve,
normalmente, reduzem a visibilidade em um grau maior que a
Chuvisco
- Gotas d'água muito pequenas chuva. Nevascas fortes podem reduzir a visibilidade em zero.
(diâmetro inferior a 0,5mm), Nevoeiro é formado quando o vapor d’água existente na
uniformemente dispersas, que atmosfera se condensa, seja como resultado do resfriamento
precipitam sobre a terra. do ar a superfície, pelo oceano ou pelo terreno subjacente
Nevasca
(nevoeiro de resfriamento) ou do acréscimo ao seu teor de
- Nevada acompanhada de temporal. vapor d’água (nevoeiro de evaporação). Por convenção, o
termo se aplica quando a visibilidade for inferior a um
Atenção! quilômetro. Seu aspecto é branco leitoso ou acinzentado,
- A névoa e o nevoeiro, são os
dependendo da concentração de poluentes no ar. Em ambos os
fenômenos que reduzem a visibilidade
em maior grau. O nevoeiro diminui a casos pode-se sentir a umidade.
visibilidade para menos de 1 km; no O nevoeiro de resfriamento, comum sobre campos, em
caso de nevoeiro denso, a visibilidade consequência de contato do ar quente sobre o solo, resfriado
pode ser reduzida a zero. Logo que for durante a noite. Dissipa-se com o aquecimento diurno. O
observada a ocorrência de nevoeiro, é
necessário pôr em prática as medidas
resfriamento pode ser produzido por: Contato com o solo
de segurança para navegação sob resfriado durante a noite (nevoeiro de radiação); contato do ar
visibilidade restrita, especialmente quente e úmido em movimento com uma superfície (solo ou
aquelas estabelecidas pelos mar) mais fria, sobre a qual se desloca (nevoeiro de advecção);
regulamentos internacionais, como o
e por ascensão diabática do ar que se desloca, subindo por um
RIPEAM (Regulamento Internacional
para Evitar Abalroamento no Mar). terreno elevado (nevoeiro orográfico ou de encosta). O
nevoeiro de evaporação, comum sobre superfícies líquidas,
Nevoeiro de Radiação geralmente, acontecem de manhã, como resultado da
- Nevoeiro que se forma sobre terra evaporação da água que é mais quente que o ar. O aumento da
em noites caracterizadas por ventos
fracos, céu limpo e ar úmido nos
evaporação se dar por: Evaporação da chuva quente em ar mais
baixos níveis da atmosfera. frio (nevoeiro frontal), e, também, por evaporação de um ar
mais quente em ar mais frio (nevoeiro de vapor).
Nevoeiro de Advecção São vários os fatores importantes na formação de
- Nevoeiro formado pela passagem
nevoeiros: A elevada umidade relativa (97 a 100%);
lenta de uma massa de ar
relativamente quente, úmida e estável estabilidade atmosférica; o resfriamento convincente e, a
sobre uma superfície fria. velocidade do vento (fraco ou calmo).

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Advecção Os nevoeiros podem ser classificados em três tipos:


- Nevoeiro de vapor  Forte - quando a visibilidade atinge até cem (100) metros
- Nevoeiro marítimo
- Nevoeiro de brisa marítima de distância;
- Nevoeiro glacial  Fraco - quando os objetos podem ser avistados além de
100 metros e a menos de um (1) quilômetro; e
 Baixo - quando alcança aproximadamente três (3) metros
de altitude e se estende como um vasto lençol
envolvendo a área. Forma-se nas primeiras horas da
madrugada em uma camada pouco espessa colada a
superfície, geralmente sobre baixadas e zonas
pantanosas, podendo o céu estar perfeitamente visível.

Névoa - é uma nuvem do tipo stratus, que toca ou se forma


junto ao solo, devido à ausência de movimento vertical. Pode
formar-se em condição de umidade relativamente baixa e
estende-se a altitudes de até três (3) quilômetros. Em geral, a
Névoa Úmida visibilidade vai além de mil (1000) metros e, conforme suas
- Obstrução da visibilidade nas propriedades classificam-se em duas categorias: Névoa úmida
camadas superficiais da atmosfera, que tem a aparência de um nevoeiro muito fraco. Sua umidade,
causada por gotículas de água em apesar de ser alta (mais de 80%) é inferior a do nevoeiro e sua
suspensão. Por convenção, o termo se
aplica quando a visibilidade for visibilidade varia entre um (1) e dois (2) quilômetros. A névoa
superior a um quilômetro. úmida tem uma cor acinzentada, em consequência de sua
constituição, rica em poluentes atmosféricos. Névoa seca que é
Névoa Seca caracterizada pela concentração de minúsculas partículas secas
- Obstrução da visibilidade nas
camadas superficiais da atmosfera,
de ar atmosférico. Apresenta cores diversas, variando conforme
causada por partículas sólidas muito a paisagem. Assim, quando vista na direção de um fundo
pequenas e não aquosas em escuro, como serras, cidades etc., apresenta-se com uma
suspensão. Dá ao ar uma aparência tonalidade azul chumbo, tornando-se, porém, amarela ou
opalescente. alaranjada, quando vista de encontro a um fundo claro (Sol,
nuvem no horizonte, etc.). Na névoa seca, a umidade
permanece abaixo de 80%, porém quantidade considerável de
água em suspensão, e sua visibilidade varia de 1 a 5
quilômetros.
Borrifos ou espumas do mar arrastada pelo vento - Quando
ocorrem no mar ventos de força 10 ou acima, na escala Beaufort
(velocidade maior ou igual a 48 nós), as espumas se desprendem das
cristas das ondas, provocando borrifos que podem reduzir
drasticamente a visibilidade, para umas poucas dezenas de metros
(50m ou menos).
Poeira - a Poeira fina transportada de regiões desérticas, afeta a
visibilidade no mar nas proximidades destas regiões. A poeira roxa do
Monções Saara é comumente observada nas áreas marítimas a oeste da África,
- Nome dado aos ventos que sopram
até o arquipélago de Cabo Verde. Da mesma forma, as monções de NE
principalmente no Sudeste da Ásia,
na China transportam poeira amarela do interior do continente para
alternativamente do mar para a terra e
da terra para o mar, durante muitos além do Mar da China.
meses. Sal - No mar, partículas de sal são levantadas e introduzidas na
atmosfera, podendo reduzir a visibilidade, em uma faixa que varia de
500 a 1.000 metros de altitude.

Precipitação Precipitação - denomina-se precipitação à descida de uma


- Qualquer depósito aquoso, nas
formas líquida ou sólida, derivado da parcela do ar atmosférico sob a forma líquida e/ou sólida para
atmosfera. Pode ser chuva, neve, níveis inferiores. Pode ocorrer sob a forma de chuva, chuvisco
granizo etc. ou garoa e granizo, ou uma combinação deles. Subdivide-se em

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dois tipos: precipitação líquida (chuva, chuvisco), precipitação


Pluviômetro sólida (neve, granizo, saraiva).
- Instrumento para medir a quantidade
acumulada de precipitação em certo Quanto ao caráter de continuidade, as precipitações podem
período de tempo. ser: Intermitentes, contínuas e em pancadas.
Pancadas  Contínua - quando a duração da precipitação oriunda de
- São caracterizadas por curta duração nuvens estratiformes é de uma hora ou mais, sem
e rápidas flutuações de intensidade.
Tem, também, início e fim bem
interrupção;
definidos.  Intermitente - quando os períodos de precipitação
Precipitações, quanto a intensidade oriunda de nuvens estratiformes são inferiores há uma
- De acordo com a intensidade, as hora; e
precipitações subdividem-se em:  Pancadas - precipitação sólida ou líquida oriunda de uma
garoa, chuvisco fraco, chuvisco
moderado e chuvisco forte. nuvem convectiva, que se distingue da precipitação
intermitente ou contínua das nuvens estratificadas.

Frentes Frente à superfície, usualmente representada como uma


linha nas cartas sinóticas é a zona ao longo da qual a superfície
frontal intercepta a superfície da Terra.
Frente
- Encontro de duas massas de ar com No encontro de duas massas de ar de características
características diferentes (frias e diferentes (frias e quentes) identifica-se a superfície que
quentes). delimita essas massas. A interceptação dessa superfície,
denominada superfície frontal com o solo ou o oceano, é uma
linha conhecida como frente.
De acordo com as características termodinâmicas das
massas de ar que as seguem e com os seus deslocamentos, as
principais frentes são:
 Frente Fria - aquela cujo movimento é tal que uma massa
de ar mais fria substitui outra mais quente. A passagem
Fonte: de uma frente fria normalmente caracteriza-se na
http://prezi.com/eeg0x2vkji3n/nocoes-de- superfície da Terra por queda de temperatura e mudança
meteorologia/
na direção do vento. Na maioria dos casos ocorre chuva,
e pode também provocar pancadas de chuvas fortes com
Atenção! trovoadas;
- A temperatura do ar e a umidade  Frente Quente - aquela em que o ar frio é substituído
indicam as propriedades da massa de
ar presente e, sua alteração brusca
pelo ar quente. Seu deslocamento é lento;
pode ser a chegada de uma frente  Frente Oclusa - situação em que a frente fria alcança a
com outra massa de ar. frente quente. É uma superposição (junção) das
superfícies frontais (quente e fria), dando origem a uma,
entre duas formações possíveis: frente oclusa tipo fria,
quando a frente fria alcança a frente quente, e a frente
oclusa tipo quente, quando a frente quente alcança a
frente fria; e
 Frente Estacionária - aquela em que uma massa de ar
não substitui a outra.

Cartas Sinóticas As cartas meteorológicas são conhecidas como Cartas


Sinóticas no qual são representados elementos meteorológicos
selecionados, sobre uma vasta área em um dado horário. É
emitida pelo Centro de Hidrografia da Marinha (CHM), com a
representação gráfica das frentes (frias e quentes), cavados,
zonas de alta e baixa pressão, cobertura de nuvens, velocidade
e direção do vento.

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As Cartas sinóticas de previsão à superfície são transmitidas


por fac-símile ou pela Internet, em dois horários: 00:00 e 12:00
GMT (em intervalos de 12h), na forma gráfica.

Interpretação:
A interpretação das cartas sinóticas dará a previsão do
tempo a ser considerada pelo navegante. O principal quesito a
ser observado na carta são as linhas isóbaras, que marcam as
variações de pressão e consequentemente indicam a direção
em que se deslocarão as massas de ar.
Toda carta sinótica mostra uma distribuição de pressão na
qual existem regiões de alta e baixa pressão.
Na Internet  Regiões de Alta ou anticiclônica são representadas na
- Para visualizar uma Carta Sinótica
completa, consulte na internet o
carta sinótica pela letra - "A". As zonas de alta pressão
endereço: indicam tempo estável, normalmente bom; e
https://www.mar.mil.br/dhn/chm/met  Regiões de Baixa ou ciclônica são representadas na carta
eo/prev/cartas/cartas.htm sinótica pela letra -"B". As zonas de baixa pressão
Acesso em: 18/11/2015
indicam instabilidade no tempo.
 O encontro de massas de alta e baixa pressão irá gerar os
chamados sistemas frontais, que podem ser de frentes
frias, quentes, estacionárias e oclusas, em todos os casos
gerando a formação de nuvens e/ou chuvas.

Serviços Meteorológicos Os serviços meteorológicos de interesse do navegante


obedecem às normas da Organização Marítima Internacional
de Apoio ao Navegante
(OMI). As radiocomunicações das mensagens meteorológicas
obedecem às disposições da União Internacional de
Telecomunicações (UIT). A operação do serviço meteorológico,
na área marítima de responsabilidade do Brasil, cabe ao Centro
Na Internet de Hidrografia da Marinha (CHM), órgão subordinado à
- Avisos de Mau Tempo, Cartas
sinóticas, Meteoromarinha, entre
Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN) e abrange a área do
outras informações importantes para o Oceano Atlântico.
navegante, você encontra disponível Os serviços meteorológicos elaborados pelo CHM são
para consulta no seguinte endereço: agrupados nos seguintes tipos:
http://www.mar.mil.br/dhn/chm/met
 Boletim de Condições e Previsão de Tempo para a Área
eo/prev/avisos/avisos.htm
Acesso em: 18/11/2015 de Responsabilidade do Brasil (Meteoromarinha);
 Boletim de Previsão Especial; e
 Cartas Meteorológicas.

Meteoromarinha - A ciência da atmosfera. É destinado,


preferencialmente, à navegação marítima de longo curso e de
cabotagem.
As partes que constituem o Meteoromarinha são:
 Parte I - Avisos de mau tempo em vigor;
 Parte II - Resumo descritivo de tempo;
 Parte III - Previsão do tempo;
 Parte IV - Análise e/ou prognóstico, no código FM 46-IV
IAC FLEET;
 Parte V - Seleção de mensagens meteorológicas de
navios, no código FM 13-XI SHIP; e
 Parte VI - Seleção de mensagens meteorológicas de
estações terrestres, no código FM 12-XI SYNOP.
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≈ Partes, I, II e III são transmitidas em linguagem clara, em


português e repetidas em inglês, após a Parte VI.
≈ Parte III fornece as previsões de fenômenos de tempo
significativos, ventos predominantes, ondas e visibilidade. As
previsões são válidas para o período mencionado no início do
seu texto, para as áreas costeiras (ALFA a HOTEL) e oceânicas
(NOVEMBER e SIERRA), denominado METAREA V. o Brasil é
METAREA V responsável por esta área.

A tabela a seguir apresenta os limites de cada área:


Área Limite
ALFA Do Arroio Chuí ao Cabo de Santa Marta
BRAVO Do Cabo de Santa Marta ao Cabo Frio (Oceânica)
CHARLIE Do Cabo de Santa Marta ao Cabo Frio (Costeira)
DELTA Do Cabo Frio a Caravelas
ECHO De Caravelas a Salvador
FOXTROT De Salvador a Natal
GOLF De Natal a São Luiz
HOTEL De São Luiz ao Cabo Orange
NOVEMBER Norte Oceânica (Oeste de 020°W, de 7°N a 15°S)
SIERRA Sul Oceânica (Oeste de 020°W, de 15°S a 36°S)
Fonte: Marinha do Brasil
Avisos de Mau Tempo - são mensagens urgentes à
segurança da navegação, disseminados de forma imediata e
Atenção!
- A ausência de avisos de mau tempo é depois incluídos no Meteoromarinha, quando uma ou mais das
claramente mencionada no texto dos seguintes condições de tempo ou mar estejam previstas:
boletins, por meio da expressão NIL ou  Vento - de força 7 ou acima, na escala Beaufort
NÃO HÁ. (intensidade 28 nós ou mais);
 Ondas - de 3 metros ou maiores, em águas profundas;
Ressaca  Visibilidade - restrita a 1 km ou menos; e
- Arrebentação violenta no litoral,
 Ressaca - com ondas de 2,5 metros ou mais atingindo a
causada por ondas de um mar muito
agitado. Tem como causa a ocorrência costa.
de ondas de grande comprimento Exemplo de Aviso de Mau Tempo
atuando perpendicularmente em AVISO NR 146/2014
trechos retilíneos da costa marítima. AVISO DE VENTO FORTE
EMITIDO ÀS 1230 HMG - QUA - 26/MAR/2014
ÁREA SUL OCEÂNICA AO SUL DE 25S E ENTRE 035W E 025W A
PARTIR DE 280000 HMG. VENTO CICLÔNICO FORÇA 7 COM
Boletim ao Mar
RAJADAS.
- Aplicativo de visualização de
VÁLIDO ATÉ 291200 HMG.
Informações de Segurança Marítima –
Desenvolvido pela Marinha do Brasil, o
“Boletim ao Mar” tem como objetivo Boletim de Previsão Especial - fornece previsões
divulgar informações de utilidade ao meteorológicas para uma área marítima restrita e finalidades
navegante. Ao realizar o download (na específicas, tais como: operações de reboque, socorro e
Apple Store ou Ggoogle Play
gratuitamente), o usuário terá acesso salvamento, regatas oceânicas e outros que, por suas
aos boletins meteorológicos, avisos de peculiaridades, exigem informações com maior detalhamento
mau tempo e cartas sinóticas, bem espacial ou temporal ou, ainda, informações que não constam
como os Avisos Rádio Náuticos e de do Meteoromarinha.
Busca e Salvamento (SAR), o que
possibilita a toda comunidade
A forma e o conteúdo deste boletim obedecem, de maneira
marítima uma maior interação com geral, aos modelos das Partes I, II e III do meteoromarinha.
produtos destinados à segurança da O CHM avaliará o pedido e informará ao solicitante sobre a
navegação. possibilidade ou não do seu atendimento, bem como sobre o
Fonte: Marinha do Brasil
custo do serviço para o usuário, quando for o caso.

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As Cartas Meteorológicas são transmitidas por


radiofacsímile, possibilitando ao navegante que dispõe de
receptor apropriado, recebê-las na forma gráfica.
Simbologia utilizada na análise das cartas meteorológicas

Imagens de Satélites Os centros de previsão do tempo, como também os


navegantes, trabalham com o recurso de grande precisão que
são imagens de satélites meteorológicos. Essa ferramenta, de
grande utilidade principalmente em áreas carentes de
informação como aquelas sujeitas à influência de fenômenos
extratropicais (frente fria) é obtida pelos satélites
geoestacionários que fornecem uma visão circular de uma face
da terra ou descrevem ao longo do meridiano superior do local
sua órbita polar, respectivamente.
Nos oceanos, normalmente, tem-se menos observações
meteorológicas a superfície do que nos continentes, então as
imagens cobrindo o oceano e o mar costeiro nos ajuda a
identificar os elementos e fenômenos que estão ocorrendo no
instante da imagem e sua respectiva evolução.
As nuvens Cumulonimbus que provocam trovoadas,
relâmpagos, e fortes precipitações associadas a fortes ventos
aparecem nas imagens de satélite no canal infravermelho (IR)
como regiões bem brancas, diferenciando-as das regiões menos
brancas ou cinza clara, cinza escura ou cor escura. Quanto
menos clara a imagem IR, menor é a espessura da nuvem
representada, indicando que a nuvem não é Cumulus e sim
Nota: Stratus. E quanto menos claro aparece um Stratus mais baixo
- Na imagem IR, as partes bem brancas ele está. Os Cirrus aparecem bem mais brancos que os baixos
indicam a presença de grandes nuvens Stratus. Normalmente, pela intensidade do branco nas
Cumulonimbus tão comuns em frentes
imagens IR, identifica-se primeiro o Cumulonimbus, os Cirrus,
frias, tormentas tropicais e
tempestades isoladas. os baixo Stratus ou pequenos Cumulus e a superfície do oceano
ou continente.

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REGRAS PRÁTICAS PARA PREVISÃO DO TEMPO


BOM TEMPO - O tempo bom geralmente permanece quando:
– O nevoeiro de verão dissipa-se antes do meio-dia;
– as bases das nuvens ao longo das montanhas aumentam em altura;
– as nuvens tendem a diminuir em número;
– o barômetro está constante ou subindo lentamente;
– o Sol poente parece uma bola de fogo e o céu está claro (céu avermelhado no ocaso);
– a Lua brilha muito e o vento é leve; e
– há forte orvalho ou geada à noite.
MUDANÇA PARA MAU TEMPO - O tempo geralmente muda para pior quando:
– Nuvens cirrus transformam-se em cirrostratus, abaixam-se e tornam-se mais espessas, criando uma
aparência de “céu pedrento”;
– nuvens que se movem rapidamente aumentam em número e abaixam em altura;
– nuvens movem-se em diferentes direções, desencontradamente no céu, em diferentes alturas;
– altocumulus ou altostratus escurecem o céu e o horizonte a oeste (isto é, nuvens médias aparecem no
horizonte a oeste) e o barômetro cai rapidamente;
– o vento sopra forte de manhã cedo;
– o barômetro cai rápida e continuadamente;
– ocorre um aguaceiro durante a noite;
– o céu fica avermelhado no nascer do Sol;
– uma frente fria, quente ou oclusa se aproxima;
– o vento N ou NE passa a soprar do S ou SE; e
– a temperatura está anormal para a época do ano.
MUDANÇA PARA BOM TEMPO - O tempo geralmente vai melhorar quando:
– As bases das nuvens aumentam em altura;
– um céu encoberto mostra sinais de clarear;
– o vento ronda de S ou SW para NE ou N;
– o barômetro sobe continuamente; e
– três a seis horas depois da passagem de uma frente fria.

A DHN mantém o Boletim Meteorológico atualizado com previsões para 24 e para 48 horas, na internet
gratuitamente para consulta, no seguinte endereço:
https://www.mar.mil.br/dhn/chm/meteo/prev/meteoro/boletim.htm

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A seguir, é apresentado um exemplo de Boletim Meteorológico

METEOROMARINHA REFERENTE À ANÁLISE DE 1200 HMG - 24/MAR/2014


DATA E HORA REFERENCIADA AO MERIDIANO DE GREENWICH - HMG
PRESSAO EM HECTOPASCAL - HPA
VENTO NA ESCALA BEAUFORT
ONDAS EM METROS
PARTE UM - AVISOS DE MAU TEMPO
NIL.
PARTE DOIS - ANÁLISE DO TEMPO EM 241200
ALTA 1022 EM 33S043W. FRENTE FRIA EM 45S036W E 42S043W MOVENDO-SE COM 10/15 NÓS
PARA E/SE. FRENTE FRIA EM 45S022W, 40S024W, 35S028W E 30S022W MOVENDO-SE COM 05/10
NÓS PARA E/SE. FRENTE FRIA QUASE ESTACIONARIA EM 30S032W, 27S035W E 22S040W.
ZONA DE CONVERGÊNCIA INTERTROPICAL (ZCIT) 03N020W, 02N030W, 02N040W E 00N050W
COM FAIXA DE 3/4 GRAUS DE LARGURA COM PANCADAS DE CHUVA MODERADA/FORTE E
TROVOADAS ISOLADAS A OESTE DE 035W E PANCADAS ISOLADAS NO RESTANTE DA FAIXA.
PARTE TRÊS - PREVISÃO DO TEMPO VÁLIDA DE 250000 ATÉ 260000
ÁREA ALFA (DE ARROIO CHUÍ ATÉ CABO DE SANTA MARTA)
PANCADAS ISOLADAS. VENTO SE/NE 3/4. ONDAS DE SE/NE 0.5/1.5 JUNTO À COSTA E SW/SE
1.5/2.5 NO RESTANTE DA ÁREA. VISIBILIDADE BOA REDUZINDO PARA MODERADA DURANTE AS
PANCADAS.
ÁREA BRAVO (DE CABO DE SANTA MARTA ATÉ CABO FRIO - OCEÂNICA)
PANCADAS E TROVOADAS ISOLADAS NO NORTE DA ÁREA. VENTO SE/NE 3/5 COM RAJADAS.
ONDAS DE SW/SE 1.5/2.5. VISIBILIDADE BOA REDUZINDO PARA MODERADA DURANTE AS
PANCADAS.
ÁREA CHARLIE (DE CABO DE SANTA MARTA ATÉ CABO FRIO - COSTEIRA)
PANCADAS ISOLADAS JUNTO À COSTA. VENTO SE/NE 2/4 COM PERÍODOS DE CALMARIA. ONDAS
DE SW/SE 0.5/1.5 JUNTO À COSTA E 1.5/2.5 NO RESTANTE DA ÁREA. VISIBILIDADE BOA
REDUZINDO PARA MODERADA DURANTE AS PANCADAS.
ÁREA DELTA (DE CABO FRIO ATÉ CARAVELAS)
PANCADAS OCASIONALMENTE FORTES E TROVOADAS ISOLADAS. VENTO SW/SE 5/6 COM
RAJADAS A OESTE DE 038W E SE/NE 3/4 COM RAJADAS NO RESTANTE DA ÁREA. ONDAS DE SE
PASSANDO SW 1.5/2.5. VISIBILIDADE BOA REDUZINDO PARA MODERADA/RESTRITA DURANTE AS
PANCADAS.
ÁREA ECHO (DE CARAVELAS ATÉ SALVADOR)
PANCADAS OCASIONALMENTE FORTES. VENTO SE/NE 3/4 COM RAJADAS DURANTE AS
PANCADAS. ONDAS DE SW/SE 1.0/2.0. VISIBILIDADE BOA REDUZINDO PARA MODERADA/RESTRITA
DURANTE AS PANCADAS.
ÁREA FOXTROT (DE SALVADOR ATÉ NATAL)
PANCADAS JUNTO À COSTA E NO NORTE DA ÁREA. VENTO SE/E 3/4 COM RAJADAS. ONDAS DE
S/SE 1.0/2.0. VISIBILIDADE BOA REDUZINDO PARA MODERADA DURANTE AS PANCADAS.
ÁREA GOLF (DE NATAL ATÉ SÃO LUÍS)
PANCADAS OCASIONALMENTE FORTES E TROVOADAS ISOLADAS. VENTO SE/NE 3/4
OCASIONALMENTE 5 COM RAJADAS DURANTE AS PANCADAS. ONDAS DE SE/NE 1.0/2.0.
VISIBILIDADE BOA REDUZINDO PARA MODERADA/RESTRITA DURANTE AS PANCADAS.
ÁREA HOTEL (DE SÃO LUÍS ATÉ CABO ORANGE)
PANCADAS OCASIONALMENTE FORTES E TROVOADAS ISOLADAS. VENTO NE 3/5 COM RAJADAS
DURANTE AS PANCADAS. ONDAS DE NE 1.0/2.0. VISIBILIDADE BOA REDUZINDO PARA
MODERADA/RESTRITA DURANTE AS PANCADAS.
ÁREA SUL OCEÂNICA
SUL DE 25S
OESTE DE 030W
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PANCADAS OCASIONALMENTE FORTES E TROVOADAS ISOLADAS. VENTO SE/NE 3/5 COM


RAJADAS. ONDAS DE SW/SE 2.0/3.0 PASSANDO 1.5/2.5. VISIBILIDADE BOA REDUZINDO PARA
MODERADA/RESTRITA DURANTE AS PANCADAS.
LESTE DE 030W
PANCADAS OCASIONALMENTE FORTES E TROVOADAS ISOLADAS. VENTO SE/NE
OCASIONALMENTE NW 4/6 COM RAJADAS. ONDAS DE SW/SE 2.0/3.0 PASSANDO SW 1.5/2.5.
VISIBILIDADE BOA REDUZINDO PARA MODERADA/RESTRITA DURANTE AS PANCADAS.
NORTE DE 25S
PANCADAS OCASIONALMENTE FORTES E TROVOADAS ISOLADAS. VENTO SE/NE 3/4 COM
RAJADAS. ONDAS DE SW/SE 1.5/2.5. VISIBILIDADE BOA REDUZINDO PARA MODERADA/RESTRITA
DURANTE AS PANCADAS.
ÁREA NORTE OCEÂNICA
PANCADAS OCASIONALMENTE FORTES E TROVOADAS ISOLADAS ENTRE 05S E 05N E PANCADAS
ISOLADAS NO RESTANTE DA ÁREA. VENTO SE/E AO SUL DO EQUADOR E NE/NW
OCASIONALMENTE SE AO NORTE DO EQUADOR 3/5 COM RAJADAS. ONDAS DE SW/SE AO SUL DO
EQUADOR E SW/SE PASSANDO NE/SE AO NORTE DO EQUADOR 1.5/2.5. VISIBILIDADE BOA
REDUZINDO PARA MODERADA/RESTRITA DURANTE AS PANCADAS.

Parabéns por ter concluído mais está unidade.


Verifique seus conhecimentos, realizando os Simulados Online.
Acesse o site e selecione “Por Disciplina”: Meteorologia

Saiba mais
Você pode saber mais sobre o assunto estudado nesta unidade consultando os seguintes sites:
 https://www.mar.mil.br/dhn/bhmn/download/cap-45.pdf
(Noções de Meteorologia para Navegantes)
 http://www.mar.mil.br/dhn/dhn/downloads/normam/normam_19.pdf
(Normas da Autoridade Marítima para as Atividades de Meteorologia Marítima)
 http://www.ufrgs.br/lmqa/arquivos/uploads/aula_1_introducao.pdf
 http://www.cise.pt/pt/images/Projetos/EA/pdf%20casal%20do%20rei/5%20-
%20Climatologia%20e%20Meteorologia.pdf
 http://andersonmedeiros.com/download-livros-meteorologia-climatologia-geomorfologia/
 http://www.agritempo.gov.br/publish/publicacoes/livros/METEOROLOGIA_E_CLIMATOLOGIA_VD2_Mar_
2006.pdf
 https://content.meteoblue.com/pt/help/parametros/vento
 www.mar.mil.br/dhn/chm/meteo/
(Sítio Institucional do Serviço Meteorológico Marinho para consulta e apoio ao navegante)

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Unidade 09:
Veremos nesta unidade, Noções Básicas de Luzes de Navegação, Luzes Especiais e
Regras de Governo, Sistema de Balizamento Marítimo da IALA B, Sinais de Perigo e
Sinais Diversos.

RIPEAM A “Convenção sobre o Regulamento Internacional para


Evitar Abalroamentos no Mar” (COLREG), conhecida no Brasil
como RIPEAM, foi adotada pela Organização Marítima
Internacional (IMO), no ano de 1972 e entrou em vigor,
internacionalmente, em 1977. O RIPEAM apresenta medidas
para evitar abalroamentos no mar, utilizando-se regras
internacionais de navegação, luzes e marcas e ainda sinais
sonoros, convencionadas pelos países membros da IMO e que
padronizam as ações e manobras, a fim de evitar acidentes
envolvendo mais de uma embarcação.

Palavras e Termos utilizados pelo RIPEAM:


 A palavra “embarcação” designa qualquer engenho ou
aparelho, inclusive veículos sem calado (sobre colchões
RIPEAM de ar) e hidroviários, usado ou capaz de ser usado
Entrada em vigor: 15/07/1977 como meio de transporte sobre a água.
Resumo:  O termo “embarcação de propulsão mecânica”
- Esse regulamento tem sua primeira designa qualquer embarcação movimentada por meio
versão em 1889 e vem sendo
aprimorado ao longo dos anos sempre
de máquinas ou motores.
com o objetivo de estabelecer e  O termo “embarcação à vela” designa qualquer
padronizar as luzes, marcas e sinais embarcação sob vela, ou seja, com a máquina de
(sonoros e luminosos) de navegação, propulsão, se houver, não esteja em uso.
assim como os procedimentos para
 O termo “embarcação engajada na pesca” designa
manobra, de forma a constituir um
tráfego marítimo internacional qualquer embarcação pescando com redes, linhas,
organizado e seguro. redes de arrasto ou qualquer outro equipamento que
restringe sua manobrabilidade. A pesca de anzol não se
Finalidade do RIPEAM inclui nesta definição.
- Evitar abalroamentos no mar,
utilizando-se regras internacionais de  O termo “embarcação sem governo” designa uma
navegação, luzes, marcas e sinais. embarcação que se encontra incapaz de manobrar.
 O termo “em movimento” se aplica a todas as
Aplicação do RIPEAM embarcações que não se encontram fundeadas,
- As regras do RIPEAM se aplicam a amarradas a terra ou encalhadas.
todas as embarcações em mar aberto
e em todas as águas a este ligadas,  O termo “embarcação com capacidade de manobra
navegáveis por navios de alto mar, e restrita” designa uma embarcação que devido a
para embarcações em águas natureza de seus serviços, se encontra restrita em sua
interiores. capacidade de manobrar.
 O termo “embarcação restrita devido ao seu calado”
Hidroavião
- A palavra “hidroavião” designa designa uma embarcação que, devido ao seu calado em
qualquer aeronave projetada para relação à profundidade e largura de um canal, está com
manobrar na água. severas restrições de manobra.
 O termo “no visual” significa que uma embarcação
observa a outra visualmente.
 O termo “visibilidade restrita” se aplica a qualquer
condição na qual a visibilidade é prejudicada por
nevoeiro, névoa, chuva, tempestade ou qualquer causa
semelhante.

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Regras de Governo e de A seguir, estão algumas das regras mais utilizadas e que
devem ser do conhecimento de todos os navegantes:
Navegação
► Regras 5, 7 e 8 – Condução de embarcações em qualquer
condição de visibilidade
 Em face de NÃO existir sinalização em alto mar, efetuar
Abalroamento
constante vigilância visual, auditiva e eletrônica, usando
- Ato ou efeito de abalroar. Choque de
dois veículos em terra, na água ou no velocidade de segurança para poder manobrar a tempo
ar. de evitar um abalroamento.
 Existe um risco de abalroamento com outra embarcação
Velocidade de Segurança quando a sua marcação for constante e a distância estiver
- É a velocidade que possibilita uma
ação apropriada e eficaz para evitar
diminuindo. Em caso de dúvida presuma que o risco de
abalroamento bem como para ser abalroar existe.
parada a uma distância apropriada às  Toda manobra para evitar abalroamento deverá ser feita
circunstâncias e condições de forma franca e positiva, com ampla antecedência,
predominantes – devemos diminuir a
demonstrando à outra embarcação, que houve alteração
velocidade. (Regra 6)
de movimento, para ser imediatamente visualizada pela
outra embarcação, resultando em uma passagem a
distância segura.
 Usar as regras prescritas e soar os sinais de manobra
previstos no RIPEAM.

► Regra 9 - Canais estreitos


Regra 9  Uma embarcação deverá manter-se tão próxima e segura
do limite exterior do canal, que estiver ao seu boreste.
Assim, quando duas embarcações navegam num canal
estreito, em rumos apostos, aproximando-se, a manobra
correta de ambas, caso haja risco de abalroamento, é o de
ir mais para a margem de seu boreste.
CANAIS ESTREIROS
 Uma embarcação deve evitar o máximo possível fundear
Atenção! em um canal estreito.
- Embarcações a vela de comprimento  Uma embarcação não deve cruzar um canal estreito se
inferior a 20 metros, em movimento, esta manobra vier atrapalhar a passagem de outra que só
poderão exibir uma lanterna pode navegar com segurança no canal ou via de acesso.
combinada no mastro onde melhor
possa ser vista.  Embarcações com menos de 20 metros de comprimento,
embarcações a vela ou engajadas na pesca não devem
atrapalhar a passagem de outra embarcação que só possa
navegar com segurança dentro do canal ou via de acesso.

Regra 13 ► Regra 13 – Situação de Ultrapassagem


 Quaisquer que sejam as condições, toda embarcação que
esteja ultrapassando outra deverá manter-se fora do
caminho daquela que é ultrapassada. Uma embarcação
está ultrapassando outra quando se aproxima vindo de
ULTRAPASSAGEM
uma direção de mais de 22,5° graus para ré do través
dessa última e com maior velocidade. Nessa situação, a
Embarcação Alcançadora embarcação é considerada uma “embarcação
- A embarcação alcançadora (de maior alcançadora”. Durante a noite, ela só poderá ver a luz de
velocidade), não tem preferência de
passagem, devendo manobrar para
alcançado (ou de popa) da outra, sem avistar nenhuma de
passar pela outra, a sua frente com suas luzes de bordo.
segurança.

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► Regra 14 - Situação de Roda a Roda


 Quando duas embarcações à propulsão mecânica
Regra 14 estiverem se aproximando em rumos diretamente
opostos, ou quase diretamente opostos, em condições que
envolvam risco de abalroamento, as duas guinam para
boreste, passando bombordo com bombordo uma da
outra.
RODA A RODA A situação de roda a roda é caracterizada quando os rumos são
(Ambas Guinarão para Boreste)
diretamente ou quase diretamente opostos.

► Regra 15 - Situação de RUMOS CRUZADOS


Regra 15  Quando duas embarcações à propulsão mecânica
navegam em rumos que se cruzam, a preferência de
passagem é da que avistar a outra pelo seu bombordo, isto
é, a que vê a luz verde da outra embarcação. Nesse caso, a
embarcação que avistar a outra por boreste (ver a luz
encarnada da outra embarcação), deve manobrar,
mantendo-se fora do caminho da outra evitando cruzar a
sua proa (frente), manobrando antecipada e
RUMOS CRUZADOS substancialmente. A embarcação que tem preferência
deverá, em princípio, manter seu rumo e velocidade ou
manobrar apenas quando verificar que o abalroamento
parece inevitável por omissão do responsável pela
manobra.

Manobra em Canais As regras de navegação e manobras em rios e canais que


apresentem restrições sejam em área para evolução ou
Estreitos profundidade, principalmente se a embarcação for de
propulsão mecânica, requerem do navegante alguns cuidados
e procedimentos, a saber:

Velocidade - A velocidade em canais e rios, principalmente


em locais de pouca profundidade, tende a aumentar o calado
da embarcação. Na prática, se a quantidade de água embaixo
da quilha for pequena em relação ao calado, deve-se reduzir a
velocidade da embarcação para que esta não venha a tocar o
fundo.
Efeito das águas rasas
Águas Rasas Quanto menor a distância entre a quilha do navio e o fundo do
- De um modo geral, o efeito das águas mar, menor será o efeito das correntes geradas pelas pás dos hélices
rasas é aumentar a resistência à sobre o casco e o leme. Quando essa distância é muito pequena, a
propulsão. embarcação leva mais tempo para obedecer ao comando do leme.

Tendência em águas restritas - Verifica-se, principalmente


Atenção! em canais e rios estreitos, uma tendência das ondas que se
- De acordo com o RIPEAM, quando formam na proa de encontrarem resistência na margem mais
duas embarcações navegam num canal próxima, repelindo a proa para o bordo oposto. Nesse caso, a
estreito, em rumos opostos,
aproximando-se, a manobra correta
tendência é de a proa guinar para a margem mais distante e a
para evitar risco de abalroamento é popa ser atraída para a margem mais próxima.
que ambas as embarcações devem ir
mais para a margem de seu boreste.

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Cruzamento de embarcações - Quando duas


embarcações passam em rumos paralelos e em sentidos
contrários, à pequena distância, pode haver uma interferência
recíproca devido ao movimento das águas, gerado pelo
sistema de ondas que se inicia na proa, e pela corrente de
sucção. Convém que ambas as embarcações mantenham a
velocidade a mais reduzida possível para lhes permitir
governar.
Regras de Preferência Exceto em situações especiais, a Regra 18 do RIPEAM
define quem deve manobrar, dependendo da propulsão,
Entre Embarcações
emprego e situação da embarcação.

Regra 18 – Responsabilidade entre embarcações:


 Uma embarcação à propulsão mecânica em movimento
deverá manter-se fora do caminho de embarcações:
 sem governo;
 com capacidade de manobra restrita;
Propulsão mecânica  engajada na pesca; e
(motorizada)
 a vela.

 Uma embarcação de vela em movimento tem preferência


em relação a uma embarcação a motor, mas deverá
manter-se fora do caminho de embarcações:
 sem governo;
 com capacidade de manobra restrita; e
 embarcação engajada na pesca.
Vela

 Uma embarcação engajada na pesca em movimento tem


preferência em relação a uma embarcação a vela, mas
deverá manter-se afastada do caminho de embarcações:
 sem governo; e
 com capacidade de manobra restrita.
Pesca

 Uma embarcação com capacidade de manobra restrita em


movimento tem preferência em relação a uma embarcação
a vela e embarcação engajada na pesca, mas deverá
manter-se fora do caminho de embarcações:
 sem governo.

Sem governo  Uma embarcação sem governo tem preferência em


(avaria na motorização) relação a todas as demais embarcações.
Atenção!
- Toda embarcação obrigada a Toda embarcação que não uma embarcação sem governo
manobrar deverá, tanto quanto ou com capacidade de manobra restrita deverá, se as
possível, fazê-lo antecipadamente, e circunstâncias do caso o permitir, evitar atrapalhar a
de forma clara, possibilitando que a passagem segura de uma embarcação restrita devido ao seu
outra embarcação perceba a sua
intenção e que tenha a eficácia de se
calado, exibindo os sinais adequados à situação. E, uma
manter bem safa da outra. embarcação restrita devido ao seu calado deverá navegar
com cuidado redobrado, levando em conta suas condições
especiais.

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Luzes e Marcas de As luzes de navegação devem ser exibidas do pôr ao


nascer do sol e em períodos de visibilidade restrita, sendo
Navegação que não deve haver outras luzes que possam confundir a sua
identificação por parte de outras embarcações.
As marcas de navegação são cegas (não emitem luzes) e
devem ser exibidas no período diurno. Elas são apresentadas
em forma de cones, esferas e cilindros, de cor preta.

Luzes e Marcas de Navegação

Visibilidade Restrita Definição das Luzes de Navegação:


- Pode ser causada por Chuvas  Luz de mastro é uma luz branca contínua, situada
Torrenciais, Névoa, Nevada, Nevoeiro, sobre o eixo longitudinal da embarcação, visível em um
Tempestade e outras de mesma
natureza.
setor horizontal de 225° desde a proa até 22,5° por
ante-a-ré do través de ambos os bordos. Se houver
duas exibidas, a do mastro de ré da embarcação terá
que ser sempre a mais alta.
 Luz de bordo é uma luz verde a boreste e encarnada a
bombordo, visível em setores de 112,5° desde a proa
até 22,5° por ante-a-ré do través do seu respectivo
bordo.
 Luz de alcançado é uma luz branca contínua situada
tão próximo possível da popa, visível apenas de quem
vem de ré, em um setor horizontal de 135°,
posicionada para projetar sua luz sobre um setor de
67,5° de cada bordo a partir da popa.
 Luz de reboque é uma luz amarela com as mesmas
características da luz de alcançado, e por cima desta,
Luzes de Navegação
- As luzes de navegação são
quanto ao seu posicionamento e visibilidade.
setorizadas para melhor identificar o
movimento da embarcação, à noite. As luzes anteriormente citadas devem ser exibidas pelas
embarcações em situações normais. Em situações especiais
outras luzes poderão ser exibidas.
A seguir, estão algumas das regras mais comuns:
Exibição das Luzes de
Navegação Embarcações de propulsão mecânica em movimento com
mais de 50 metros de comprimento devem exibir:
 luz de mastro de vante branca;
 luz de mastro de ré mais alta que a de vante branca;
 luzes de bordos; e
Propulsão mecânica em movimento
Regra 23 (a)  luz de alcançado.

Embarcações com comprimento entre 12 e 50 metros


Embarcações de Lazer
devem exibir:
- Embarcações de Esporte e/ou  luz de mastro de vante branca;
Recreio (lazer) de comprimento  luz de mastro de ré (facultativa);
inferior a 12 metros, exibem  luzes de bordos; e
normalmente as luzes de bordos e
uma luz circular branca  luz de alcançado.
Se de propulsão mecânica com menos de 12 metros de
comprimento, pode, ao invés das luzes prescritas acima, exibir
uma luz circular branca e luzes de bordos.

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Embarcações menores que 7 metros, independentemente


do tipo de propulsão, devem apresentar uma luz branca;
se tiver velocidade maior que sete nós, deve apresentar
também luzes de bordos.
Quando fundeadas fora das proximidades de um canal estreito,
uma via de acesso, um fundeadouro ou rotas normalmente
utilizadas por outras embarcações estarão desobrigadas de exibir as
luzes de fundeio.

Luzes de reboque e empurra – se o comprimento do


reboque for inferior a 200 metros de comprimento, a
embarcação rebocadora deve exibir:
 2 luzes brancas (verticais) no mastro a vante;
Reboque (inferior a 200m)
Regra 24 (a) (d) e (e)
 luz de alcançado;
 luzes de bordos; e
 luz de reboque (amarelo) acima da de alcançado.

Se o comprimento do reboque for superior a 200 metros,


veremos:
 3 luzes brancas (verticais) no mastro a vante;
Reboque (superior a 200m)
 luz de alcançado;
Regra 24 (a) (d) e (e)  luzes de bordos; e
(Durante o dia uma marca em forma de  luz de reboque (amarelo) acima da de alcançado.
cone onde melhor possa ser vista)

Embarcações empurrando ou rebocando a contrabordo


devem exibir:
 as mesmas luzes dos casos anteriores, exceto a luz
amarela de reboque; e
Reboque a contrabordo ou empurra  se for incapaz de se desviar do seu rumo, deve também
Regra 24 (a) (d) (e) e (f)
exibir as luzes de embarcação com capacidade de
manobra restrita.
Se simultaneamente rebocando e empurrando ou
rebocando a contrabordo devem exibir as mesmas luzes dos
casos anteriores.

Embarcação sem governo deve exibir:


 2 luzes encarnadas (verticais) no mastro a vante; e
Sem Governo
Regra 27 (a)
Se estiver com seguimento, exibirá também: luzes de
(Durante o dia, duas esferas ou marcas bordos e luz de alcançado.
semelhantes dispostas em linha vertical,
onde melhor possam ser vistas)
Embarcação com capacidade de manobra restrita deve
exibir:
 3 luzes verticais, sendo a superior e a inferior
encarnadas, e a do meio branca
Se estiver com seguimento, exibirá também: luzes de
Capacidade de Manobra Restrita mastro, luzes de bordos e luz de alcançado.
Regra 27 (b) - Quando fundeada, exibirá também as luzes e marca
(Exceto em remoção de minas) de fundeio.

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Embarcação com capacidade de manobra restrita devido


ao seu calado deve exibir:
 3 luzes circulares encarnadas (verticais);
 luz de mastro à vante e a ré. (Se a embarcação tiver
Restrita Devido ao seu Calado comprimento inferior a 50m não é obrigada a exibir
Regra 28
(Durante o dia, uma marca constituída de
esta segunda luz a ré);
um cilindro, onde melhor passar ser vista)  luzes de bordos; e
 luz de alcançado.

Embarcação fundeada deve exibir:


 1 luz circular branca na parte de vante; e
 1 luz circular branca mais baixa que a de vante na parte
Fundeada
de ré. (Se o comprimento for inferior a 50 metros pode
Regra 30 (a) exibir apenas uma luz branca onde melhor possa ser
(Durante o dia, uma esfera na parte de vista).
vante)
Embarcação encalhada deve exibir:
 2 luzes encarnadas circulares (verticais);
 luzes de fundeio (conforme regra acima); e
 durante o dia, três esferas dispostas em linha vertical.
Encalhada
Regra 30 (d) Embarcação engajada em varredura de minas deve exibir:
 3 luzes circulares verdes, sendo: 1 próxima do topo do
mastro de vante e as outras duas, uma de cada lado da
verga do mesmo mastro; e
 durante o dia, três esferas pretas.
Operação de Remoção de Minas
Regra 27 (f)
Embarcação engajada em operações submarinas ou de
dragagem com capacidade de manobra restrita e com
existência de obstrução deve exibir:
 luzes de embarcação com capacidade de manobra
restrita (As luzes superior e inferior devem ser
encarnadas e a central deve ser branca).
 2 luzes circulares encarnadas ou duas esferas no bordo
Engajada em Operação Submarina ou de
onde se encontra a obstrução.
Dragagem, com Capacidade de Manobra
Restrita e com Existência de Obstrução.  2 luzes circulares verdes ou duas marcas em forma de
Regra 27 (d) dois cones unidos pela base.
- Com seguimento usar luzes de bordos e luz de
alcançado. Se estiver fundeada não deve exibir as luzes
de fundeio. E na impraticabilidade do uso de todas as
luzes e marcas, deve exibir: as luzes superior e inferior
Bandeira ALFA do Código Internacional de encarnadas e a central branca e, usar uma Bandeira
Sinais “ALFA” disposta a uma altura mínima de 1 metro,
devendo ser visível em todos os setores.

Embarcação à vela, em movimento deve exibir:


 luzes de bordos; e
 luz de alcançado.
- Se de comprimento inferior a 20 metros, poderá exibir
Vela uma lanterna combinada instalada no mastro onde melhor
Regra 25 (a) (c) e (e) possa ser vista;
- pode exibir duas luzes encarnadas (verticais), sendo a

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superior encarnada e a inferior verde. Não usar a lanterna


Atenção! combinada neste caso; e
- De acordo com o RIPEAM, uma
embarcação a vela, mas navegando a - quando também usando sua propulsão mecânica, deve
motor tem os mesmos direitos e exibir a vante, onde melhor possa ser vista: uma marca em
deveres de um barco a motor. forma de cone, com vértice para baixo.

Embarcação transportando carga perigosa deve exibir:


 1 luz encarnada no alto do mastro ou a Bandeira Bravo
durante o dia.
Bandeira BRAVO do Código Internacional de Sinais.
Transportando Carga Perigosa

Marcas de Navegação Como vimos existem regras referentes às luzes que se


aplicam ao período noturno. E, durante o dia as Regras são
definidas por meio de marcas, onde melhor possam ser vistas.
► Vejamos algumas Regras sobre “Marcas” do RIPEAM-72:

Embarcação Fundeada Embarcação em Faina de Reboque


1 esfera preta 2 cones pretos unidos pela base

Embarcação Sem Governo Embarcação Capacidade de Manobra Restrita


2 esferas pretas (verticais) 1 esfera preta sobre 2 cones pretos unidos pelas
base e outra esfera preta abaixo
Embarcação Encalhada Embarcação com Capacidade de Manobra Restrita
3 esferas pretas (verticais) Devido ao seu Calado 1 cilindro

► Sinais de Manobra e Sinais de Advertência


As embarcações demonstram suas manobras e suas advertências, por meio de sinais sonoros, da
seguinte forma (Regra 34 do RIPEAM):
Sinais de Apito Significado Emprego
Um apito curto Estou guinando para boreste Quando, as embarcações estão no
Dois apitos curtos Estou guinando a bombordo visual uma da outra, como sinais de
Três apitos curtos Estou dando atrás (máquinas atrás, a ré) advertência.
Dois apitos longos Tenciono ultrapassá-lo por seu boreste Quando, as embarcações estão no
seguido de um apito visual uma da outra, para indicar
curto intenção de ultrapassagem em um
Dois apitos longos Tenciono ultrapassá-lo por seu canal estreito ou via de acesso.
seguidos de dois bombordo
apitos curtos
Um apito longo, um Concordo com sua ultrapassagem Pela embarcação a ser ultrapassada,
curto, um longo e um para indicar a sua concordância.
curto, nesta ordem
Cinco apitos curtos Não entendi suas intenções de manobra
Quando uma embarcação não
ou mais consegue entender as intenções de
manobra da outra.
Um apito longo Por embarcações aproximando-se de curvas de rios ou canais estreitos, onde
possa haver outras embarcações ocultas por obstáculos ou baixa visibilidade,
como advertência. Este sinal deverá ser respondido pelas embarcações que
estiverem ocultas com um apito longo.
Na ausência de apito, as embarcações poderão utilizar buzina ou sino para sinalizar as suas intenções.

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Qualquer embarcação pode suplementar os sinais de manobra e de advertência com sinais


luminosos por meio de lampejos com duração de cerca de um segundo, em intervalos também de um
segundo, da seguinte forma (Regra 34 do RIPEAM):
Sinais Luminosos Significado
Um lampejo Estou guinando para boreste
Dois lampejos Estou guinando para bombordo
Três lampejos Estou dando máquinas atrás

► Sinais Sonoros emitidos em Visibilidade Restrita


Quando se navega em visibilidade restrita alguns sinais sonoros devem ser executados com o
propósito de evitar abalroamento com outras embarcações, especialmente, nos casos de neblina, chuva
forte, fumaça ou qualquer outra causa semelhante. Assim, as embarcações demonstram suas manobras
em visibilidade restrita, da seguinte forma (Regra 35 do RIPEAM):
Sinais de Apito Significado e Emprego
Um apito longo de dois em dois Embarcação a motor em movimento, com visibilidade restrita.
minutos
Dois apitos longos de dois em Embarcação sob máquinas, mas parada e sem seguimento em
dois minutos visibilidade restrita.
Um apito longo seguido de dois Embarcação sem governo, restrita devido a seu calado, a vela,
apitos curtos de dois em dois engajada na pesca, com capacidade de manobra restrita, rebocando
minutos ou empurrando.
Um apito longo e três apitos Embarcação rebocada ou, se houver mais de uma rebocada, a última
curtos de dois em dois minutos do reboque, se guarnecida.
Um apito curto, um longo e um Embarcação fundeada, indicando sua posição e advertindo uma
curto embarcação que se aproxima quanto à possibilidade de uma colisão.
Além do toque de sino, ou toques de sino e gongo.
Quatro apitos curtos Sinal de identificação de embarcação engajada em serviço de
praticagem.
Cinco apitos curtos Não consigo entender a sua manobra.
Três badaladas distintas de sino, Embarcação encalhada.
um toque de sino batido rápido
e, se determinado, de gongo e
três badaladas distintas depois
do toque de sino

► Equipamentos utilizados para sinalização sonora:


 Embarcações menores de 12 metros - Qualquer dispositivo sonoro
 Embarcações com mais de 12 metros – Apito e sino
 Embarcações maiores de 50 metros – Apito, sino e gongo.
 O holofote pode ser utilizado para sinalizar perigo à outra embarcação quando dirigida a ela.

Balizamento São constituídos de sinais visuais fixos, flutuantes, cegos e


luminosos que demarcam os canais de acesso, áreas de
Balizamento manobra, bacias de evolução e águas seguras e também
- É o conjunto de boias luminosas e indicam os perigos à navegação nos portos e seus acessos, nas
balizas destinadas a orientar a
navegação (à entrada de canais, portos
baias, rios, lagos e lagoas. No entanto, não se aplicam a faróis,
e rios, ou para alertar sobre uma área barcas faróis, sinais de alinhamento, área de regatas, pontos
de perigo rodeada por águas de espera das eclusas e boias gigantes.
navegáveis etc.). No Brasil, o balizamento adotado é o sistema “IALA B”.
IALA, que em inglês quer dizer “International Association of
- Quanto à apresentação das luzes, as
boias do balizamento podem ser cegas Lighthouse Authorities”, pode ser dividido em “IALA A” e
ou luminosas. “IALA B”. Para se distinguir basicamente a IALA B (sistema
usado no Brasil, também chamado “Região B”) e a IALA A
(usado no Reino Unido), simples e basicamente, invertem-se
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as boias que determinam as margens encarnadas para verdes


Atenção! e vice-versa.
- O balizamento deve ser utilizado pelo
navegante como orientação para uma O sistema de balizamento da IALA é constituído pelos
navegação segura. sinais laterais, de canal preferencial, perigo isolado, águas
seguras, cardinais e especiais.

Sistema de Balizamento A identificação dos sinais de balizamento, durante o dia é


feita por marca de tope, forma e cor e, durante a noite pela
da IALA B (Região B)
cor e ritmo das luzes.
Racon: O sistema de balizamento poderá ser dotado de um
- O Racon é um tipo de radar dispositivo denominado “racon”, que emite um sinal na tela
transponder usado na navegação do radar facilitando a sua identificação.
marítima.
Vamos recordar:
A bordo de uma embarcação as cores das luzes de navegação
dos bordos são verdes para boreste (BE) e encarnadas para
bombordo (BB). Assim, no sistema IALA “B”, quem vai para o
mar deixa os sinais encarnados por BB e os verdes por BE.
Esta simples regra de coincidência de cores dos sinais de
balizamento e das luzes da embarcação permite que o
navegante manobre sua embarcação cumprindo as normas de
balizamento. De forma inversa, aquele que vem do mar deixa
os sinais encarnados por BE e os verdes por BB.
a) Sinais Laterais:
Os sinais laterais, geralmente são utilizados para definir os lados ou o canal preferencial
a bombordo e a boreste de um caminho a ser seguido, de acordo com a direção de quem vem do
mar quando se aproximam de um porto, baía, foz de rio e outras vias aquáticas. De uma maneira
geral as boias laterais de canal possuem formato cilíndrico, pilar, charuto ou cônico.
Sinal lateral de bombordo (BB)
Para serem deixados por BOMBORDO, quando a embarcação
estiver entrando no porto. Tem a cor verde e pode ser da forma
cilíndrica, pilar ou charuto. Quando houver luz, a boia exibirá
luz verde.
Sinal lateral de boreste (BE)
Para serem deixados por BORESTE, quando a embarcação
estiver entrando no porto. Tem a cor encarnada e pode ser da
forma cônica, pilar ou charuto. Quando houver luz, a boia
exibirá luz encarnada.

b) Sinais Laterais Modificados:


Canal preferencial a bombordo
Há também a possibilidade de bifurcação dos canais. Então
aparecerão boias encarnadas com uma faixa verde. Indicam
que o “canal preferencial está a bombordo desta boia”. Quando
houver luz, a boia exibirá luz encarnada.

Canal preferencial a boreste


Da mesma forma, aparecerão boias verdes com uma faixa
encarnada. Indicam que o “canal preferencial está a boreste
desta boia”. Pode ser da forma cônica, pilar ou charuto.
Quando houver luz, a boia exibirá luz verde.
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Vamos memorizar:
A regra a ser seguida é, quando a embarcação estiver entrando no porto as boias encarnadas devem
ficar pelo boreste (direita) da embarcação e as boias verdes pelo bombordo (esquerda). Assim, quando
esta mesma embarcação estiver saindo do porto, avistará as boias verdes pelo seu boreste e as boias
encarnadas pelo seu bombordo, coincidindo com as cores das luzes da embarcação. Por isso dizemos na
Marinha que “um marinheiro entra num porto solteiro e sai casado”, referenciando a coincidência das
cores das luzes de navegação e das boias. No Brasil a “direção convencional do balizamento”, ou seja, a
numeração do balizamento de canal segue a ordem crescente, a partir da entrada do canal vindo do mar
e, no caso da navegação fluvial, subindo o rio (de jusante para montante). Nesse caso, as boias
encarnadas recebem a numeração impar e as boias verdes a numeração par, a partir do numeral um (1).

EMBARCAÇÃO ENTRANDO NO PORTO EMBARCAÇÃO SAINDO DO PORTO


(As cores das luzes NÃO casam com as cores das boias) (As cores das luzes casam com as cores das boias)

ENTRANDO: Visualiza e deixa as boias ENCARNADAS SAINDO: Visualiza e deixa as boias VERDES por Boreste e
(vermelhas) por Boreste e as boias VERDES por as boias ENCARNADAS (vermelhas) por Bombordo da
Bombordo da embarcação embarcação

c) Perigo Isolado: Os sinais de “perigo isolado” indicam a existência de


perigos à navegação, tais como pedras, navios afundados etc.
Estes sinais são colocados junto ou sobre um perigo que tenha
águas navegáveis em toda a sua volta.
É de cor preta e encarnada em faixas horizontais. De dia
são identificados por duas esferas pretas uma sobre a outra; à
noite, por dois lampejos brancos.
Novos Perigos
Quando da existência de um perigo isolado ainda não registrado em
carta náutica, se o perigo oferecer risco à navegação é importante
utilizar um balizamento dobrado, ou seja, com dois sinais iguais
para balizá-lo.
d) Águas Seguras: Os sinais de “águas seguras” indicam que em torno desses
sinais ás águas são seguras para a navegação (águas
navegáveis).
É de cor branca e encarnada em faixas verticais. De dia
são identificados por uma esfera encarnada; à noite exibe luz
branca isofásica e exibe a letra A do código Morse.

e) Sinais cardinais:
Nas cores amarelo e preto, os sinais cardinais indicam o quadrante que, a partir deles,
temos águas seguras, ou seja, em que a embarcação deve passar para estar livre dos perigos.
Podem ser usados para indicar águas mais profundas ou ainda para chamar a atenção para a
junção, bifurcação ou fim de um canal. As marcas de tope apontam para as posições das faixas
pretas.

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Boia de Sinal Cardinal Norte


Indicam que as águas mais profundas estão ao norte deste
sinal, ou o quadrante em que a embarcação deve se manter.
De cor preta sobre a amarela, distingue-se, de dia, por dois
cones pretos, um sobre o outro, com os vértices para cima; à
noite, com lampejos brancos rápidos ou muito rápidos
Norte
ininterruptos.

Boia de Sinal Cardinal Sul


Indicam que as águas mais profundas estão ao sul deste sinal,
ou o quadrante em que a embarcação deve se manter. De cor
amarela sobre preto, distingue-se, de dia, por dois cones
pretos, um sobre o outro, com os vértices para baixo; à noite,
Sul com seis lampejos brancos rápidos (em intervalos de 15s) ou
muito rápidos (em intervalos de 10s).

Boia de Sinal Cardinal Leste


Indicam que as águas mais profundas estão a leste deste sinal,
ou o quadrante em que a embarcação deve se manter. De cor
preta com uma larga faixa de cor amarela, distingue-se, de
dia, por dois cones pretos, um sobre o outro, unidos pela base
(base a base); à noite, com três lampejos brancos rápidos (em
Leste intervalos de 10s) ou muito rápidos, com intervalos de 5s.

Boia de Sinal Cardinal Oeste


Indicam que as águas mais profundas estão a oeste deste
sinal, ou o quadrante em que a embarcação deve se manter.
De cor amarela com uma larga faixa preta, distingue-se, de
dia, por dois cones pretos, um sobre o outro, unidos pelas
pontas (ponta a ponta); à noite nove lampejos brancos
Oeste
rápidos (em intervalos de 15s) ou muito rápidos, com
intervalos de 10s.

f) Sinais Especiais: De cor amarela, são especialmente destinados a orientar a


navegação em regiões com características especiais
mencionadas em documentos náuticos. A marca de tope de
um sinal especial é identificada por um X (xis) amarelo.

Exemplo:
Uma área destinada a recreação, área de despejos, área de
exercícios militares, cabo ou tubulação submarina, áreas de
segurança, dragagens, separação de tráfego e outros fins
especiais.

Sinais de Perigo Estando uma embarcação em perigo, pode-se se usar os


May day seguintes sinais de perigo:
- É a chamada radiotelefônica de  A palavra MAY DAY emitida por radiotelefonia.
emergência ou socorro, versão  Foguetes lançando estrelas de luz encarnada (à noite)
anglicizada do francês m'aider ou
m'aidez, que significa "venha me
 Um sinal explosivo soado em intervalos de cerca de
ajudar". um minuto.

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 Um toque contínuo de qualquer aparelho de


sinalização de cerração.
 Código internacional de sinais bandeira NC.
Navegação em baixa visibilidade  Movimentos com os braços para cima e para baixo.
- É a navegação realizada em áreas de  Bandeira quadrada de qualquer cor tendo acima ou
nevoeiro, nevasca, cerração ou fortes abaixo uma esfera ou qualquer coisa semelhante a
aguaceiros, que dificultam avistar
outras embarcações, auxílios ou
uma esfera.
perigos à navegação.  Sinal de SOS emitido por qualquer método de
sinalização inclusive telegrafia.
- Em visibilidade restrita, a  Foguete luminoso com paraquedas ou tocha manual
embarcação que detectar a presença exibindo luz encarnada (à noite).
de outra em situação de risco de
abalroamento deverá manobrar  Um sinal de fumaça de cor alaranjada (de dia).
independentemente da manobra da  Radiofarol de emergência indicador de posição.
outra embarcação com antecedência.  Corante de água.
 Pedaço de lona alaranjado com um círculo e um
quadrado preto para identificação aérea.
Exceto quando da necessidade de indicar perigo, é proibido o
uso ou exibição de qualquer um dos sinais de perigo ou de outros
que com eles possam ser confundidos.

Regras para o No sistema “IALA B” adaptado à navegação fluvial


entende-se por margem esquerda a margem situada do lado
Balizamento Fluvial e esquerdo em relação à direção de montante para a
Lacustre desembocadura do rio e margem direita a margem situada do
Em pontes fixas lado direito, também em relação à direção de montante para
- A viga do vão principal de uma ponte
fixa, deve exibir no centro uma luz a desembocadura do rio.
rápida branca. Em outras palavras, na sinalização fluvial, entende-se por
margem esquerda a margem situada do lado esquerdo de
Atenção! quem desce o rio (navegando no sentido de montante para
- Num rio ou canal, principalmente jusante). A margem direita, portanto, é a margem situada do
estreito, a embarcação maior tem lado direito de quem desce esse mesmo rio.
preferência em relação a outra menor. Se a embarcação estiver descendo o rio (navegando de
- Quando navegar próximo a local com
trapiche, flutuante de atracação ou montante para jusante) a boia verde, será deixada por
embarcação atracada ao barranco, ou boreste, logo a boia encarnada será deixada por bombordo.
ao cruzar com pequenas embarcações, No balizamento fluvial e lacustre que exijam sinais
a velocidade deve ser reduzida com luminosos, os da margem direita exibirão luz verde, logo os
antecedência, para diminuir o efeito
do banzeiro provocado pelo
da margem esquerda exibirão luz encarnada.
deslocamento do barco.
Para a prática da navegação fluvial, devemos observar os
seguintes preceitos:
 Lei do Rio - Quando duas embarcações navegam em
rumos opostos a que vem a favor da corrente deve
posicionar-se no meio do rio e a outra na sua margem
direita, sendo que a que vem em favor da correnteza
tem preferência;
Cambões
- Trechos compreendidos entre duas
 Subindo o rio, deve-se navegar, quando possível, nas
pontas de uma mesma praia. áreas mais rasas, onde a correnteza é menor;
descendo o rio, deve-se navegar nas áreas mais
Estirões profundas, onde a correnteza é maior;
- Trechos longos e retilíneos situados  Nos cambões, as maiores profundidades ficam quase
entre duas praias.
no meio do rio, do lado oposto à praia;
 Nos estirões deve-se navegar no meio do rio; nesses
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trechos podem existir ilhas baixas, longas e estreitas,


situadas próximas e paralelas às margens dos rios e
Remansos cobertas de vegetação rasteira; e
- Áreas onde não há correnteza ou  Nos remansos, geralmente localizados na margem
onde a correnteza é contrária à do rio. fora das curvas muito fechadas, a profundidades são
bem menores, o fundo é sujo e o governo da
Fluvial e Lacustre
- Fluvial: Relativo a rios, lagos e lagoas.
embarcação é muito difícil.
Lacustre: Que está ou vive nas
margens ou nas águas de um lago. Dos termos mais empregados no ambiente fluvial,
destacam-se:
 Banzeiro - ondas provocadas pela passagem dos
navios;
Montante e Jusante  Camalotes - arbustos, folhagens que se despenderam
- Chama-se “Montante” o lado da da margem descendo o rio;
nascente do rio. E, “Jusante” o lado  Jusante - foz do rio, onde desemboca; ponto
para onde correm as águas (sentido da referencial ou seção de rio compreendido entre o
corrente).
observador e a foz de um rio;
 Montante - nascente do rio; ponto referencial ou
seção de rio compreendido entre o observador e a
nascente de um rio;
 Margem direita/esquerda - sentido de montante para
jusante, de quem desce o rio;
 Paranás/Reveses - trecho de um mesmo rio
envolvendo ilhas; espécie de atalho;
 Praias - extensões do leito do rio que descobrem no
período da seca;
 Talvegue - canal mais profundo do rio;
 Volta rápida - curva muito fechada do rio, decorrente
da formação de sacados; e Volta redonda – mantém a
mesma curvatura em sua extensão.

Parabéns por ter concluído mais está unidade.


Verifique seus conhecimentos, realizando os Simulados Online.
Acesse o site e selecione “Por Disciplina”: Navegação e Balizamento

Saiba mais
Você pode saber mais sobre o assunto estudado nesta unidade consultando os seguintes
endereços eletrônicos:
http://www.dpc.mar.mil.br/sta/ripeam/flipbook/index.html#/0
(Convenção Sobre o Regulamento Internacional para Evitar Abalroamentos no Mar, 1972)
http://coisasdebarco.blogspot.com.br/2012/10/respostas-do-teste-ripeam.html
http://www.rumomagnetico.com/#!ripeam/cfdf
http://tempodefun.dominiotemporario.com/doc/Manobras.pdf

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Unidade 10:
Nesta unidade, você terá uma visão geral sobre o material de salvatagem previstos para
embarcações de esporte e/ou recreio; e terá uma noção sobre Sobrevivência no Mar.

Salvatagem Desde que o homem lançou-se ao mar, passou a conviver


com sinistros envolvendo suas embarcações. Por mais
modernos que sejam os sistemas de prevenção, por mais que se
observem as medidas de segurança, em tempo algum será
possível eliminar definitivamente o risco de acidentes no mar.
Por isso, torna-se necessário, que todo o pessoal embarcado
saiba utilizar os equipamentos de salvatagem disponíveis para
uma eventual faina de abandono e conheça os procedimentos
básicos de busca de salvamento (Search And Rescue – SAR).
Os recursos de salvatagem normalmente encontrados nas
embarcações são os coletes salva-vidas, boias circulares, balsas
salva-vidas e os equipamentos de sinalização de emergência.

Material de Salvatagem As Normas marítimas brasileiras determinam que todas as


embarcações devam ter a bordo equipamentos de salvatagem.
Esses equipamentos é que vão facilitar os procedimentos de
Salvatagem emergência para garantir a sobrevivência das pessoas caso
- é o nome dado ao conjunto de
equipamentos e medidas de resgate e
ocorra um naufrágio. Quanto ao uso, podemos dividir os
manutenção da vida no pós-desastre. equipamentos de salvatagem em dois tipos: individuais, tais
como coletes salva-vidas e as boias circulares e os coletivos, por
Homologação exemplo, as balsas infláveis, botes e baleeiras.
- No caso do material de salvatagem, Da Homologação
significa a ação ou efeito de declarar
Cabe a Diretoria de Portos e Costas (DPC), a emissão do
que o produto está de acordo com as
certificado de homologação de todo componente, acessório,
regras exigidas para uso do produto
em atividade náutica. dispositivo, equipamento ou outro produto cuja homologação pelo
Governo Brasileiro, seja requerida por regulamentos nacionais e
internacionais, para aplicações em embarcações, plataformas e
atividades náuticas esportivas.

Coletes Salva-Vidas É o principal e mais comum equipamento de salvatagem a


bordo de uma embarcação. Podem ser infláveis ou rígidos
Atenção! (conhecidos como coletes de paina, estes são normalmente
- Os coletes infláveis devem ser utilizados nas embarcações de esporte e/ou recreio).
inflados quando já estiver dentro da
água. E, deve ser amarrado ao corpo,
São normalmente fabricados em cinco tamanhos básicos:
com a parte flutuante para frente. extragrande, para adultos acima de 110kg, grande, para adultos
- É conveniente que antes de uma de 55 a 110kg, médio, para pessoas de 35 a 55kg, pequeno,
viagem se faça uma demonstração para crianças de 25 a 35kg, e pequeno para crianças até 25kg.
para todos embarcados, da forma de Podem ser do tipo canga (de vestir pela cabeça) ou do tipo
uso dos coletes salva-vidas. Saber
vestir o colete corretamente já salvou jaqueta ou jaleco (de vestir como paletó). Dependendo do
muitas vidas nos casos de abandono emprego, poderão possuir os seguintes acessórios: apito,
de uma embarcação. lanterna, bateria e faixas adesivas refletoras. Os coletes
infláveis contem ainda: ampola de CO2, alça de pick-up e linha
Atenção!
- Dos itens de dotação de a bordo, o
de agregação (utilizado para manter os náufragos reunidos), e
colete salva-vidas é considerado de pó marcador.
dotação obrigatória em todas as É importante que todos a bordo saibam vestir os coletes,
embarcações e em qualquer situação. para que eles sejam utilizados adequadamente quando se
fizerem necessários.

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Uso de roupas protetoras Todos os ocupantes de moto aquática (jet-ski ou similar)


- Nas motos aquáticas, trajes normais devem utilizar coletes salva-vidas classe V ou superior,
de banho não oferecem a proteção
adequada contra fortes jatos de água homologados pela Marinha do Brasil. Os condutores,
como, por exemplo, os da saída da tripulantes e passageiros das demais embarcações, deverão
turbina. É recomendado usar roupas mantê-los a bordo, estivados (guardados) de maneira a serem
de neoprene, calçados tipo crocs ou prontamente utilizados, em local visível, bem sinalizado e de
neoprene, luvas e óculos de proteção.
fácil acesso para uma eventual necessidade de uso.
Os coletes salva-vidas são classificados como:
 CLASSE I – fabricados conforme requisitos previstos na
Convenção Internacional para Salvaguarda da Vida
Humana no Mar (SOLAS). Para uso nas embarcações e
plataformas empregadas em Mar Aberto na Navegação
Oceânica que operam em águas internacionais. Seu
uso é eficiente em qualquer tipo de água, mar agitado e
locais remotos onde o resgate pode ser demorado.
Possui refletivo e lâmpada.
 CLASSE II – fabricados com base nos requisitos SOLAS,
abrandados para uso nas embarcações empregadas em
Mar Aberto na Navegação Costeira que operem
somente em águas brasileiras. Possuem os mesmos
requisitos de flutuabilidade dos coletes Classe I. O que o
diferencia é o fato de não possuir lâmpada. Possui
refletivo.
 CLASSE III – para uso nas embarcações empregadas na
Navegação Interior. Seu uso é eficiente em mar, rios,
lagos e lagoas. Sem refletivo.
 CLASSE IV – fabricado para uso, por longos períodos,
por pessoas envolvidas em trabalhos realizados
próximos à borda da embarcação, cais ou suspensos
por pranchas ou outros dispositivos que corram risco de
cair na água acidentalmente.
 CLASSE V – fabricado para uso em atividades
esportivas de velocidade como: moto aquática,
banana-boat, esqui aquático, windsurf, parasail, pesca
esportiva, canoagem e em embarcações miúdas
classificadas como esporte e/ou recreio, embarcações
de médio porte classificadas como esporte e/ou recreio
(empregadas na navegação interior).
Existem diversos modelos de coletes salva-vidas. No entanto, você
deverá adquirir e utilizar a bordo de sua embarcação, coletes que
estejam homologados (aprovados), pela Marinha do Brasil. Os coletes
homologados possuem uma etiqueta de identificação, impressa em
local facilmente visível. Sem o certificado de homologação, o colete
não terá validade. É importante, também, verificar se o colete está
dentro do prazo de validade.

Recordando [Coletes] A quantidade (dotação) de coletes em uma embarcação


- Classe I - Navegação Oceânica; deve atender ao limite máximo (lotação) de pessoas a bordo,
- Classe II - Navegação Costeira;
- Classe III - Navegação Interior; ou seja, para 100% da lotação autorizada no documento de
- Classe IV - Trabalhos e inscrição da embarcação, devendo haver coletes de tamanho
- Classe V - Embarcações miúdas e pequeno para as crianças, e adquiridos conforme o emprego da
moto aquática (no caso da moto embarcação.
aquática, o porte é obrigatório).

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Os coletes salva-vidas deverão ser estivados (arrumados)


em local visível, bem sinalizado e de fácil acesso, de modo a
estarem prontamente acessíveis.
Para evitar imprevistos com o colete salva-vidas, siga as
seguintes regras básicas:
- Os coletes destinados ao uso por  Nunca use o colete como encosto ou travesseiro.
crianças deverão também ser  Não o retire da embarcação, pois poderá faltar na hora
marcados com o símbolo acima. da necessidade.
 Sempre que ocorrer algum treinamento, principalmente
em água salgada, o colete deve ser lavado com água
doce e posto para secar.
Atenção!  Guarde os coletes sempre a bordo, e em locais de fácil
- Somente os coletes Classe I e II acesso para o caso de necessidade, e nunca amarrado à
deverão ser providos de refletivo (tiras embarcação. Sua localização deverá ser bem indicada;
refletivas). Não use coletes Classe I, II,
III ou IV em Banana-Boat ou em
evite locais trancados com chaves ou cadeados.
atividades de alta velocidade.  Inspecione os coletes periodicamente, e aqueles que
estiverem em mau estado de conservação, mesmo que o
prazo de validade não esteja vencido, substitua-os.

Boias Circulares As boias circulares (também conhecidas como boia salva-


vidas) são equipamentos primários de salvamento, destinados
principalmente para resgate rápido de alguém que cai na água
“homem ao mar”, enquanto aguarda salvamento.
Normalmente, é fabricada em fibra de vidro na cor laranja com
enchimento de poliuretano expandido de baixa densidade.
Deverá possuir uma linha de salva-vidas (cabo de nylon) fixada
em quatro (4) pontos equidistantes em forma de alça, para
facilitar o seu lançamento, bem como servir de apoio a mão do
náufrago. Em alguns casos específicos, a boia deverá ser
provida de um dispositivo de iluminação automático (facho
holmes) para sinalização durante a noite, acompanhado com
um fumígeno flutuante de fumaça alaranjada com duração de 3
a 4 minutos para sinalização durante o dia. Deverá ainda,
possuir uma retinida flutuante (cabo fino) de comprimento
Bóia salva-vidas tipo ferradura igual ao dobro da altura em que ficará estivada (arrumada),
- A boia salva-vidas Classe III quando a mesma estiver acima da linha de flutuação na
(Navegação Interior), poderá ser do
condição de navio leve, ou 30 metros, se este for maior, no caso
formato de ferradura, conforme
mostrado na figura abaixo: das boias Classes I e II. No caso da boia Classe III, a retinida terá
20 metros.
O número de boias a bordo depende do comprimento da
embarcação. Normalmente, são distribuídos nos dois bordos da
embarcação. Não necessita ser marcada com o nome da
embarcação, mas deverá ser marcada de forma permanente,
com uma etiqueta, com o número do Certificado de
Homologação fornecido pela Diretoria de Portos e Costas (DPC).
Boia tipo ferradura
DOTAÇÃO DE BOIAS SALVA-VIDAS NAS EMBARCAÇÕES DE RECREIO
Miúdas Dispensadas
Atenção! Médio porte - com menos de 12 metros de comprimento 1 boia
- Todo material de salvatagem deve Médio porte - com comprimento igual ou superior a 12 2 boias
possuir certificado de homologação metros
emitido pela DPC. Grande Porte (Iates) 2 boias

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As boias salva-vidas são de três tipos:


 CLASSE I (SOLAS) – fabricados conforme requisitos
previstos na Convenção Internacional para Salvaguarda
da Vida Humana no Mar (SOLAS). Para uso em Mar
Aberto e nas plataformas. Seu uso é eficiente em
qualquer tipo de água, mar agitado e locais remotos
onde o resgate pode ser demorado. Seu diâmetro é de
800 mm, sendo provida de fitas retro refletoras.
 CLASSE II – fabricados com base nos requisitos SOLAS,
abrandados para uso nas embarcações empregadas em
Mar Aberto, que operem somente em águas sob
jurisdição nacional. Possui os mesmos requisitos de
flutuabilidade das boias Classe I. Seu diâmetro é de 650
mm, sendo provida de fitas retro refletoras.
 CLASSE III – aprovada para uso nas embarcações
empregadas na Navegação Interior. Seu diâmetro é de
650 mm, não possuem fitas retro refletoras.
A boia salva-vidas é muito utilizada na faina de “homem ao mar”,
ou seja, quando um tripulante ou passageiro cai dentro da água. O
mais importante, no entanto, é o tempo em que se leva para retirar a
pessoa de dentro da água. Quanto mais rápido, melhores serão as
chances de sobrevivência.

Homem ao Mar Na ocorrência de “homem ao mar” em primeiro lugar dê o


alarme, grite, avise ao piloto da embarcação ou comandante
que tem alguém dentro da água. De preferência, jogue uma
boia que tenha retinida, procurando recuperar a pessoa antes
que ela tenha passado pela embarcação. Não sendo possível,
lance ao mar equipamentos de sinalização para marcar a
posição da pessoa (como foi dito, as boias circulares podem ter
acessórios do tipo sinais de fumaça ou dispositivos de
iluminação). Esforce-se para não perder a vítima de vista e
Retinida
- Cabos produzidos em polietileno, providencie juntamente com outros tripulantes algum
muito utilizados a bordo das dispositivo para içar (subir) a pessoa de dentro da água para
embarcações. Tem como característica bordo.
boa resistência química e a solventes,
não absorvem água, flutuante e tem
ótima resistência ao atrito.

Resgate de Homem ao Visando padronizar a forma de recolhimento de alguém que


caiu na água, são consideradas como procedimentos padrão as
Mar
seguintes principais manobras adotadas internacionalmente:
 Curva de Williamson - recomendada para situações de
mar grosso, à noite ou em baixa visibilidade, quando o
homem não está no visual. Consiste em guinar 60° para
o bordo em que o homem caiu e depois inverter o leme
até atingir o rumo oposto ao que inicialmente se
navegava; diminuir a velocidade e aproximar-se do
homem.
 Curva de Anderson - recomendada para situações em
que o homem está no visual. Consiste em guinar 180°
Curva de Williamson para o bordo em que o homem caiu e depois inverter o
leme até atingir o rumo oposto ao que inicialmente se

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navegava, reduzindo máquinas adiante 2/3 e a cerca de


450 jardas do homem, manobrar com as máquinas para
quebrar o seguimento próximo ao ponto de
recolhimento.
 Curva de Boutakow - recomendada para as mesmas
situações da Curva de Williamson. Consiste em guinar
70° para o bordo em que o homem caiu e depois inverter
o leme até atingir o rumo oposto ao que inicialmente se
navegava; diminuir a velocidade e aproximar-se do
homem. Esta manobra é uma das mais usadas em
embarcações de propulsão a motor.
 Manobra “Y” (Yankee) - recomendada quando o
Atenção! recolhimento do homem ocorrer em águas restritas.
- Quando se deseja retornar e navegar Consiste em retornar exatamente no rumo aposto sobre
no rumo oposto exatamente em cima a esteira deixada pelo hélice. A curva é de 70° para um
da esteira (marca deixada pelo hélice)
bordo e depois se inverte todo o leme até atingir o rumo
na manobra de guinada deve-se usar a
Curva de Boutakow. oposto ao que inicialmente se navegava. Quando a proa
estiver próxima da marcação do homem, parar máquinas
- Em todas as situações o navio deve e dar máquinas adiante, para recolhê-lo.
posicionar-se, deixando o homem por  Curva Racetrack - Consiste de duas guinadas
sotavento, entre a bochecha e o
razoavelmente rápidas de 180° para o bordo da queda
través, parando a cerca de 10 metros
do homem. do homem, parando no bordo da queda, devendo
retornar ao homem, mesmo que ele não esteja no visual.
O homem estando safo, dar máquinas adiante toda força
e governar na recíproca do rumo original. Usar máquina
e leme para atingir a posição final adequada ao
recolhimento.
 Curva Retardada - recomendada quando o náufrago
estiver no visual e safo da popa. Esta manobra só deve
ser feita em boas condições de visibilidade. Consiste em
guinar para o bordo da queda do homem, dando
máquinas adiante toda força, e em seguida aproar
diretamente no náufrago. Depois, usar máquina e leme
para atingir a posição adequada ao recolhimento.

Balsas Salva-Vidas São equipamentos que servem como meio secundário de


abandono. As balsas não são equipamentos à prova de fogo e
também não possuem propulsão. Atualmente as balsas infláveis
são lançadas pela borda, podendo ser utilizadas pelos náufragos
em poucos segundos. São acondicionadas em casulos fechado
de fibra de vidro (cofres plásticos), que ficam dispostos em
cabides próprios e localizados nos conveses abertos, ficando
assim protegidas da ação do tempo e dos borrifos do mar. Para
sua utilização basta lançá-lo ao mar e colher o cabo até que seja
encontrada certa resistência, quando deverá ser dado um
puxão mais forte, o que liberará a descarga das ampolas de CO2
que inflarão a balsa em cerca de 30 segundos. Deve existir a
bordo em quantidade suficiente, com uma margem de
segurança de 10%.

Exemplar [008655] pertencente à: Mestre-Amador 108


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Existem três classes de balsas:


 Classe I - Empregadas na navegação internacional (longo
curso), podendo ser utilizadas nas demais classes de
navegação.
 Classe II - Empregadas na Navegação de Cabotagem e
Apoio Marítimo. Exigida nas embarcações de Esporte
e/ou Recreio na Navegação de Alto Mar (Oceânica).
 Classe III - São empregadas na navegação interior.
Balsa e casulo Os modelos das balsas variam conforme o fabricante. A
maioria é para 15 pessoas, algumas são para 20 ou 25 pessoas;
são fabricadas de acordo com as normas da Organização
Marítima Internacional (IMO) e testadas para suportarem
condições adversas de mar aberto por tempo indeterminado,
proporcionando condições de sobrevivência para o número de
pessoas de sua lotação.
Possuem cobertura alaranjada, e em seu interior os
Cobertura das balsas seguintes equipamentos fazem parte da dotação: um apito, um
- A cobertura da balsa salva-vidas é de par de remos, lanterna sinalizadora com pilhas, bujões de vários
cor alaranjada para facilitar o diâmetros, bomba manual (para recompletar o ar), coletores de
avistamento pelas equipes de busca. água, manta térmica, âncora flutuante, aro flutuante, uma
caixa de primeiros socorros, refletor radar, esponjas (para
Iluminação das balsas remoção de água do interior da balsa), pirotécnicos (foguetes
- O dispositivo de iluminação das estrela vermelha com paraquedas, fachos manuais vermelhos e
balsas, quando houver, é alimentado fumígenos laranja), ração líquida (latas de 350 ml, duas latas
por bateria ativada automaticamente
pela água salgada.
por dia para cada náufrago – não usar no primeiro dia), e
sólida (constituição básica: açúcar), para três (3) dias,
instruções para sobrevivência e utilização do kit da balsa,
Atenção!
- A função da âncora flutuante em uma espelho sinalizador diurno, kit para pesca, facas (com ponta
balsa salva-vidas é diminuir a ação do arredondada, para evitar danos à balsa), abridor de lata, tabela
vento e das correntes na deriva da de sinais de salvamento (para orientar a utilização dos
balsa pirotécnicos).
As balsas salva-vidas devem ser revisadas a cada 12 meses
e normalmente tem vida útil de 12 anos, a contar da data de
fabricação.
Boça - nome comum a muitos cabos.
Para operação das balsas, existe um cabo de disparo que é
fixo à estrutura do navio e que é responsável por acionar a
ampola de CO2, que faz com que a balsa infle.
O cabo de disparo também é utilizado como boça. Após
lançado o casulo na água (são necessários, pelo menos, dois
homens); recolha o cabo excedente e puxe com força para
acionar o sistema de disparo (ampola de CO2), que inflará a
balsa em cerca de 30 segundos.
Caso o casulo esteja instalado em um convés muito elevado,
maior que o comprimento do cabo de disparo, este deve ser
aumentado, de modo a permitir a chegada do casulo ao mar
sem que ele fique pendurado pelo cabo de disparo.
Se durante o lançamento da balsa salva-vidas, ela se inflar
de cabeça para baixo, você poderá desvirá-la subindo sobre os
flutuadores, tracionando os tirantes existentes na sua parte
inferior, mantendo os pés apoiados na borda, lançando-se para
trás. Para facilitar, deve-se verificar a direção do vento,
desvirando-se a balsa em seu favor.
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Atenção! Método para entrar na balsa:


- Para embarcar na balsa, devemos Existem duas maneiras de você entrar em uma balsa
evitar fazer peso de um só lado, para
ela não virar. inflável: seco ou molhado. No embarque direto, ou método
- A melhor maneira de saltar na água, seco, deve-se entrar na balsa sem mergulhar na água. Em
utilizando o colete salva-vidas, é com seguida esta é arriada na água com o pessoal dentro dela. Caso
as pernas esticadas e os pés juntos. não seja possível, o embarque será molhado, isto é, você terá
- As balsas salva-vidas rígidas servem
para serem utilizadas para abandonar
que entrar na água.
a embarcação em caso de emergência. O procedimento para pular na água, é pular sempre de pé
(regra dos “pés primeiro”), com as pernas fechadas e braços
juntos do corpo, de preferência segurando seu colete salva-
vidas e nadar até o bote salva-vidas e embarcar nele com
calma.
Em embarcações empregadas para navegação interior,
geralmente existe uma balsa rígida. A melhor maneira de
embarcar na balsa salva-vidas, de dentro da água, é utilizando a
escada de tiras e a plataforma de embarque.

Emprego de Materiais O material de origem estrangeira poderá ser empregado


para atendimento das dotações de embarcações e demais
de Homologação de exigências das Normas Brasileiras e instruções da Diretoria de
Governos Estrangeiros Portos e Costas (DPC). Esses materiais devem possuir
“Certificado de Homologação” do país de origem, no qual esteja
explicitamente declarado que o material foi homologado de
acordo com os requisitos ou regras estabelecidas na Convenção
Internacional para Salvaguarda da Vida Humana no Mar (Sigla:
SOLAS 74/78).

Equipamentos Rádio Em caso de emergência peça socorro usando os canais de


comunicação disponíveis a bordo. Para o navegante amador,
normalmente estão disponíveis os seguintes meios/canais:
 Rádio VHF – canal 16, frequência 156,800MHz.
 Rádio HF SSB – frequências 2181KHz ou 4215,0 KHz
 EPIRB – Se possuir o EPIRB, usar na frequência de
406MHz.
 Celular – Apesar de não fazer parte dos equipamentos
de comunicações de bordo, hoje é largamente utilizado
pelo navegante amador.

Procedimentos do Você só é sobrevivente após o resgate! até ser salvo, você é


apenas um náufrago. Para alcançar o seu objetivo, que é ser
Náufrago Antes do resgatado com vida, você tem que observar os procedimentos
Resgate de sobrevivência no mar. Veja os mais importantes:
Não se deve saltar sobre as balsas salva-vidas e sim nas suas
proximidades. O abandono deve ser feito preferencialmente por
barlavento devendo nadar até a sua balsa. Deve-se evitar saltar
sobre destroços e em locais onde haja óleo. Se o colete for
inflável, saltar com o colete vazio, protegendo o pescoço e os
órgãos genitais (de pernas cruzadas), e nunca pular de cabeça e
sim de pé. O abandono por barlavento se justifica por ser onde
as manchas de óleo terão menor extensão e o abatimento por
efeito do vento tornará mais rápido o afastamento da
embarcação.
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Quando o náufrago já estiver na água deverá observar


Atenção! alguns procedimentos, a saber:
- Chama-se Barlavento, o lado da
embarcação por onde entra o vento e  Manter-se em constante vigilância.
Sotavento, o lado da embarcação por  Não retirar os sapatos e as roupas.
onde o vento sai.  Permanecer imóvel, conservando as energias.
 Caso seja necessário nadar, fazê-lo com braçadas
regulares, evitando movimentos frenéticos.
 Afastar-se de locais onde existam cardumes de peixes.
 Quando ameaçado por tubarão, nadar com movimentos
fortes e regulares, sem ser frenético, de frente para o
tubarão, numa direção que não cruze o seu caminho.
 Bater com as palmas das mãos, em forma de cuia na
superfície da água e gritar com a cabeça mergulhada
Atenção! dentro da água.
- Sobreviventes de naufrágios durante
a segunda guerra mundial apontam o
 Caso o ataque seja iminente, procurar atingir o tubarão
óleo flutuante como a origem das com algum objeto pontiagudo no focinho, olhos, guelras
maiores dificuldades para o ou ventre.
salvamento. Para evitar todos os  A sobrevivência do náufrago depende do tempo de
inconvenientes causados pelo óleo
permanência na água, em função da temperatura da
como o elevado risco de sufocação
pela irritação das vias respiratórias e água do mar.
até mesmo a cegueira, deve-se nadar o
mais rápido possível para nos afastar E, após embarcar na balsa salva-vidas:
da embarcação acidentada e com  Corte o cabo que a prende à embarcação.
incêndio contra a correnteza e, se for o
caso, por baixo da água até afastarmos
 Caso o mar esteja agitado, mantenha-se vestido com o
o risco de óleo na superfície. colete salva-vidas.
 Afastar-se da embarcação que esteja afundando, mas se
mantenha nas proximidades do naufrágio, para ajudar as
equipes de busca e salvamento a encontrá-lo.
 Recolha os companheiros que estejam dentro da água e
aplique os primeiros socorros em quem necessitar.
 Recolha da água objetos que estiverem flutuando e que
possam ser úteis.
 Procure reunir todas as outras embarcações de
sobrevivência que estejam nas proximidades.
 Estabeleça turno de vigia com o objetivo principal de
observar a aproximação de embarcações ou aeronaves.
 Não se exponha ao sol, principalmente sem roupas, pois
Atenção! os raios solares podem causar queimaduras graves.
- havendo revezamento na balsa e
para melhor conforto de quem está na
 Improvise uma cobertura para sua embarcação de
balsa as roupas deverão ser trocadas sobrevivência, caso ela não a possua.
para que os que estão na balsa  Proceda à distribuição controlada das rações de
permaneçam com roupas sempre sobrevivência – água e alimento.
secas. O revezamento deverá ser
 Economize energia, evite fazer esforços e não fale
previsto, para todos que estiverem em
boas condições físicas. desnecessariamente, pois aumentará o desgaste físico e
a perda de água do corpo. É conveniente, porém,
movimentar-se com regularidade, a fim de manter a
circulação sanguínea.
Atenção!
 Envide esforços para manter a moral do grupo elevado.
- O cabo que prende a balsa à  Deixe os sinalizadores de emergência (fumígenos e
embarcação, só deve ser cortado foguetes iluminativos com paraquedas) preparados para
quando todos já estiverem funcionamento.
embarcados na balsa.
 No caso de rios e de águas abrigadas, evite o
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sangramento de feridas quando na água, pois o sangue


atrai piranhas que atacam em cardumes e podem
devorar uma pessoa.

Procedimento de A ordem para abandonar a embarcação deve ser dada pelo


comandante ou mestre da embarcação. Antes da ordem de
Abandono da
abandono, o comandante deve considerar o risco de naufrágio
Embarcação iminente, provável e possível, mas em qualquer dos casos o
fato deve ser tratado como “muito grave”.
Ao receber a ordem para abandonar a embarcação, vista
roupas adicionais e o seu colete salva-vidas, dirija-se ao ponto
de reunião (local previamente definido para abandono da
embarcação), e observe as seguintes recomendações:
 Não leve objeto de uso pessoal nem qualquer tipo de
bagagem.
 Havendo tempo, procure abastecer a embarcação de
sobrevivência com água potável adicional.
 Leve para a embarcação de sobrevivência apenas
equipamentos úteis, como por exemplo, equipamentos
Atenção!
de comunicação (rádios portáteis, de sinalização,
- No mar, a nossa embarcação é o local
mais seguro. A ordem para abandonar fumígenos e pirotécnicos), cabos de fibra, acessórios
a embarcação deve ser dada pelo náuticos (carta náutica do local, régua, compasso, lápis),
comandante ou mestre da cobertores, entre outros.
embarcação.  Execute suas tarefas relativas ao lançamento da
embarcação de sobrevivência.
 Entre na embarcação de sobrevivência, de preferência
seco.
 Assegure-se de que todos os companheiros destinados
para aquela embarcação estão a bordo.
 Afaste-se da embarcação sinistrada o suficiente para
ficar “safo” da embarcação.

Importância da A água é a principal prioridade do náufrago em uma


embarcação de sobrevivência. O corpo humano tem cerca de
Alimentação para o
33 litros de água e esta quantidade não pode baixar para menos
Náufrago de 20 litros.
A água existente nas balsas, não deve ser ministrada ao
naufrago, no primeiro dia, sendo recomendável a partir do
segundo dia, que cada náufrago consuma 700 ml. A ração
sólida também deve ser ministrada ao náufrago a partir do
segundo dia, na proporção de metade da cota, deixando o
restante para o terceiro e quarto dias. A água da chuva pode ser
consumida; não se deve ingerir água do mar; o enjoo deve ser
tratado com medicamentos próprios. Em comparação com a
água, a alimentação vem em segundo plano. Dispondo de água
- As rações modernas são em sua potável para beber, o organismo humano é capaz de suportar
maioria em forma de açúcar.
algumas semanas sem alimento sólido. Entretanto, quando em
completa ausência de água, a sobrevida da pessoa é reduzida
para apenas alguns dias.
Proteger-se do sol, vento, água do mar e do frio e,
sobretudo, procurar manter o equilíbrio hídrico do organismo,
conservando a água do corpo, são bem mais importantes do

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Atenção! que comer. Contudo, não se deve negligenciar quanto à


- Em caso de náusea, deve-se tomar alimentação, embora esta venha no final de sua lista de
logo o medicamento contra enjoo e
manter-se deitado. O vômito prioridades em sobrevivência no mar.
representa grande perda de água para As embarcações de sobrevivência modernas são dotadas de
o organismo. rações sólidas, compostas principalmente de balas de goma
(jujubas) e chicletes, ou então, de tabletes de um composto à
Dispensa (dotação) base de glicose. A explicação para essa composição da ração
- As embarcações empregadas na
Navegação Interior estão dispensadas sólida de sobrevivência no mar está no fato de que o corpo
de dotar (ter a bordo) embarcações de necessita primeiramente de açúcar e gordura, e não de carne
sobrevivência. (proteínas).

Perigos que Ameaçam a Nunca beba água do mar, nem misture com água potável.
Quando o náufrago bebe água salgada, o sal fica acumulado em
Sobrevivência
seu corpo, havendo necessidade de água potável para dissolvê-
lo nos rins, e posteriormente, eliminá-lo através da urina. Como
em sobrevivência no mar não existe água potável em
quantidade adequada para hidratar o corpo, a própria água do
organismo vai migrar para eliminar o sal acumulado. Dessa
forma, o náufrago que bebe água do mar agrava o seu estado
de desidratação, podendo inclusive morrer. Também não se
deve beber a urina. A urina do náufrago é escura, concentrada,
e mal cheirosa. Além de água do mar e urina, é proibida a
ingestão pelo náufrago, de bebidas alcoólicas.
A falta de funcionamento dos intestinos constitui fenômeno
comum em náufragos, dada exiguidade da alimentação.

Parabéns por ter concluído está unidade.


Verifique seus conhecimentos, realizando os Simulados Online.
Acesse o site e selecione “Por Disciplina”: Sobrevivência no Mar

Saiba mais
Você pode saber mais sobre o assunto estudado nesta unidade consultando os seguintes sites:
 https://www.mar.mil.br/cpal/download/amador/sobrevivencia.pdf
 http://www.enautica.pt/publico/professores/jemilio/pdf/SM_II/JE-SOBREVIVENCIA&SALVAMENTO.pdf
 http://www.fenixaviacao.com.br/download/cms/ess/sobrebivernciamar.pdf
 http://g1.globo.com/platb/globomar/2012/04/13/globo-mar-participa-de-treinamento-de-sobrevivencia-
em-alto-mar/

Exemplar [008655] pertencente à: Mestre-Amador 113


Jorge Felix Vilela Ferreira
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(Unidade 11:
Nesta unidade, você estudará o magnetismo terrestre; princípio de funcionamento das agulhas
magnéticas; declinação magnética; desvio da agulha; curva de desvios da agulha; compensação
da agulha e variação total da agulha magnética.

Magnetismo Terrestre O fenômeno do magnetismo terrestre é o resultado de a


Terra ser cortada por diversas linhas magnéticas, se
comportando como um enorme imã. Essas linhas tem
características que possibilitou a construção do primeiro grande
recurso de navegação, que em virtude da sua simplicidade, logo
se universalizou, a agulha magnética.
Antes de você saber como ela funciona, é preciso que
compreenda que na Terra existem dois pontos de concentração
magnética, uma ao Norte (N), com polaridade negativa, o polo
norte magnético (-) e outra ao Sul (S), com polaridade positiva,
o polo sul magnético (+). As linhas de força tendem a se
dirigirem de um ao outro polo. Entretanto estas linhas de força
sofrem interferências, entre outras coisas, em razão da
concentração desuniforme dos materiais magnéticos existentes
na Terra, principalmente o ferro no subsolo, provocando
desvios nestas linhas.
O campo magnético terrestre exerce uma atração sobre
materiais magnetizados, é por isso que, qualquer barra
imantada livremente suspensa se orientará na direção dos
polos magnéticos, ou seja, o polo norte magnético (-) atrairá o
polo positivo da barra, bem como o polo sul magnético (+)
atrairá o polo negativo da barra. É exatamente essa a
Bússola propriedade em que se baseiam as agulhas magnéticas (por
- A bússola, mais conhecida pelos serem imantadas, são atraídas sempre na direção do norte
navegantes como agulha é um magnético da Terra).
instrumento com uma agulha É importante que você entenda que a Terra possui um campo
magnética que é atraída para o polo magnético que atua como referência para o funcionamento da agulha
magnético terrestre.
magnética. Como a Terra é um imã e a agulha também, surge uma
atração magnética. Assim, não importa o lugar, uma agulha
magnética vai apontar sempre na direção do polo Norte Magnético,
isto porque o campo magnético da Terra faz com que o ponteiro
aponte nessa direção.

Vale lembrar, que em determinado ponto do planeta


existem dois pontos que chamamos de Norte. Um deles é
chamado de Norte geográfico ou verdadeiro (Nv) e está
localizado no encontro da latitude 90°N com a longitude 000°.
E, outro localizado próximo a este, que funciona como um
grande centro de atração magnética, chamado de Norte
magnético (Nmg). O norte magnético geralmente não coincide
com o norte geográfico (verdadeiro), ficando um pouco mais a
esquerda ou a direita deste. A essa distância ou ângulo
formado entre os dois nortes chamamos de declinação
Importante!
magnética (Dmg).
- Quando o norte magnético coincidir
com o norte geográfico, a declinação
magnética (Dmg) será considerada
nula.

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Agulhas Magnéticas Como você deve ter notado pelo que leu até agora, as
agulhas magnéticas funcionam por influência do magnetismo
da Terra, tendo como característica se orientar segundo a
direção desse campo.
Porém, esse tipo de agulha, quando instalada nos navios,
passa a sofrer influências de outros campos magnéticos, além
do terrestre, devido à existência de material ferroso na
estrutura dos barcos, e dos equipamentos elétricos de bordo,
chamados genericamente de “ferros de bordo”, causando um
desvio na indicação da agulha, tornando-a imprecisa quanto
mais próxima a eles. Por essa razão, quando a navegação está
sendo orientada por uma agulha magnética, devemos fazer
correções para a declinação magnética (causada pelo
magnetismo terrestre) e também para o desvio da agulha
(causado pelos ferros de bordo).

Tipos de agulhas magnéticas:


A bordo dos grandes navios, a agulha que estiver instalada
Atenção!
- A declinação magnética, assim como
em local mais livre de influências magnéticas é denominada
o desvio da agulha, pode ser para agulha padrão; a agulha utilizada para governo do navio se
Leste (E) ou para Oeste (W). denomina agulha de governo; a agulha instalada no teto de
maneira que se vê a rosa por baixo é chamada agulha de teto.
Nas pequenas embarcações usa-se a chamada agulha manual,
Importante!
que é o tipo de agulha normalmente guardada em uma caixa,
- Para minimizar a influência do
magnetismo produzido pelo próprio que a torna facilmente transportável.
navio, costuma-se instalar a agulha É muito importante que você não confunda desvio da agulha
magnética, em local, o mais distante com declinação magnética
possível de tais influências.  O desvio da agulha é provocado pelo material ferroso de bordo
(os ferros de bordo), e o seu valor é obtido da curva de desvios.
 A declinação magnética é provocada pelo campo magnético da
Terra, e é tirada na rosa dos ventos existente no interior das cartas
náuticas.

Declinação Magnética Lendo uma carta náutica, você pode-se perceber que na
grande maioria dos lugares, existe uma distância entre o Norte
verdadeiro (Nv) e o Norte indicado pela agulha que pode ser
pequena ou grande dependendo do lugar. Essa distância, que é
medida em graus (°) e minutos (‘) para Leste (E) ou Oeste (W),
conforme o Norte magnético (Nmg) esteja a leste ou oeste do
Norte verdadeiro (Nv), é chamada de Declinação magnética
(Dmg). Assim, quando o norte magnético está, a esquerda do
norte verdadeiro, diz-se que a declinação magnética é Oeste
(W), mas quando ocorre ao contrário, e o norte magnético está
à direita do norte verdadeiro, diz-se que a declinação magnética
será Leste (E), e ainda, quando o norte magnético, coincidir
com o norte verdadeiro, a declinação magnética será
considerada nula, embora essa possibilidade seja difícil de
ocorrer. Observe a figura ao lado.
Resumindo, podemos dizer que a Declinação magnética
(Dmg) em um determinado local como sendo: O ângulo
formado entre o norte verdadeiro e o norte magnético,
contado a partir do Norte verdadeiro (Nv), ou seja, é a

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diferença que uma agulha (bússola) marca entre o norte


verdadeiro e o norte magnético.
Variação Anual
- A alteração que o valor da Dmg sofre E para complicar mais ainda a vida do navegante, a Dmg não
durante um ano é o que chamamos de é fixa e varia com o passar dos anos. Essa variação ocorre de
Variação Anual. local para local na Terra, e, em cada local, varia de ano para
ano, aumentando ou diminuindo o seu valor. Dessa forma, para
Siglas:
Nv – Norte verdadeiro
realizar uma navegação precisa, essa variação anual da
Nmg – Norte magnético declinação magnética deve ser corrigida desde o ano de seu
Dmg – Declinação magnética levantamento até o ano vigente.

Onde encontrar o valor da declinação magnética e a


variação anual?
Para ajudar o navegante, a saber, dizer qual a declinação
magnética do local onde se encontra navegando, as cartas
náuticas registram no interior das suas rosas dos ventos, três
importantes informações, a saber:
 O valor da Declinação magnética (Dmg), local;
 O ano de seu levantamento; e
 A sua Variação anual.

Assim, estando de posse da carta náutica do lugar onde


você pretende navegar, é possível obter-se a Dmg para a região
em questão fazendo as devidas correções.

Que tal realizarmos dois exercícios, para fixar melhor?


EXERCÍCIO 1:
De posse da carta náutica do lugar onde se pretende navegar,
digamos que a Dmg, registrada numa carta náutica de 2010, seja de
18°30’W (dezoito graus e trinta minutos para oeste), com o aumento
de 10’W (dez minutos para oeste) por ano.
Então, qual será o valor da Dmg atualizada para o ano de 2012?
Solução algébrica:
1) Calcule a variação da agulha atualizada para o ano de 2012
De 2010 para 2012, são dois anos. Sendo a variação anual de
10’W por ano; basta multiplicar o número de anos com o valor anual,
Exercício 1 logo teremos: 2 x 10’ = 20’W (20 minutos oeste).
Solução gráfica usando o Calunga

2) Calcule a Dmg atualizada para o ano de 2012


Importante! Agora que sabemos o valor do aumento, basta calcular os
- Calunga: A solução dos problemas de 18°30’W registrados na rosa dos ventos da carta de 2010, com os
navegação fica facilitada com o uso do 20’W da correção para o ano de 2012.
“calunga”. (O desenho acima),
popularmente conhecido como: Resultado:
solução gráfica. Fórmula: Dmg = Dmg registrada ± variação total
Exercite o calunga! Dmg = 18°30’W + 20’W (sinais iguais se somam)
Dmg = 18°50’W
Recomendações Práticas
- Tenha muita atenção no sentido
Conclui-se que o valor da Dmg atualizada para o ano de 2012 é
Leste (E) e Oeste (W) do Desvio da de 18°50’W, e aumentando.
agulha (Da) e da Declinação magnética Observe que neste exercício o Norte Magnético (Nmg) está à
(Dmg). esquerda do Norte verdadeiro (Nv), já que a Dmg está no sentido
oeste (W).

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EXERCÍCIO 2:
Digamos que a Declinação magnética (Dmg), registrada numa
carta náutica de 2009, é de 18°30’E (dezoito graus e trinta minutos
para leste), com a variação anual diminuindo de 5’W (cinco minutos
para oeste) por ano.
Qual o valor da Dmg atualizada para o ano de 2012?
Solução algébrica:
1) Calcule a variação anual atualizada para o ano de 2012
De 2009 para 2012, são três anos. Sendo a variação 5’W ao ano,
basta multiplicar o número de anos com a variação anual, logo
teremos: 3 x 5’ = 15’W (15 minutos).

2) Calcule a Dmg atualizada para o ano de 2012


Agora que sabemos o valor que diminuiu, basta calcular
algebricamente os 18°30’E, referente à Dmg de 2009 com os 15’W da
Exercício 2 correção para o ano de 2012.
Solução gráfica usando o Calunga
Resultado:
Fórmula: Dmg = Dmg registrada ± variação total
Dmg = 18°30’E - 15’W (sinais diferentes subtraem)
Dmg = 18°15’E
Recomendações Práticas
- Tenha muita atenção no sentido Conclui-se que o valor da declinação magnética atualizada para o
Leste(E) e Oeste (W) do Desvio da ano de 2012 é de 18°15’E, e diminuindo.
agulha (Da) e da Declinação magnética Observe que neste exercício o Norte Magnético (Nmg) está à
(Dmg). direita do Norte verdadeiro (Nv), já que a Declinação magnética (Dmg)
está no sentido leste (E).

Desvio da Agulha Você já sabe que por influência do magnetismo terrestre a


agulha magnética aponta para o polo magnético da Terra. No
entanto, essa mesma agulha, quando instalada a bordo das
embarcações, sofre pequenos desvios do norte magnético,
provocados pelo campo magnético da própria embarcação e
até mesmo de sua carga, os chamados ferros de bordo, levando
a agulha a apontar para uma direção qualquer, diferente do
Norte magnético (Nmg), denominada Norte da agulha (Nag).
Essa diferença entre o norte magnético (Nmg) e o Norte da
agulha (Nag), é chamada de Desvio da agulha (Da). E, tal como
a Declinação magnética (Dmg), o Desvio da agulha (Da) pode
ser para Leste (E) ou para Oeste (W). Nas figuras ao lado, você
pode observar que os Desvios da agulha (Da) variam de acordo
com a sua posição em relação ao Norte magnético (Nmg).
Também, é importante saber, que o Desvio da agulha (Da) é
uma particularidade de cada embarcação. Por essa razão,
devemos calcular esse desvio através de alinhamentos ou
azimutes.
Dizemos que desvio da agulha (Da) em um determinado
local é o ângulo formado entre o norte magnético e o norte da
SIGLAS: agulha, contado a partir do Norte magnético (Nmg).
Da - Desvio da Agulha É muito importante que você entenda que o desvio da agulha
Dmg - Declinação magnética
causado por influência dos ferros de bordo, varia conforme a
Nmg - Norte magnético
Nag - Norte da Agulha
orientação da embarcação, ou seja, para cada proa (rumo) da
Nv - Norte verdadeiro embarcação haverá um desvio correspondente.

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Curva de Desvios da Assim como a carta náutica mostra no interior de sua rosa
dos ventos o valor da Declinação magnética (Dmg) do lugar e a
Agulha
Variação anual, o navegante necessita ter a bordo, uma Tabela
Tabela de Desvios de Desvios, que lhe dá os valores para o Desvio da agulha (Da)
em função da proa (rumo) da sua embarcação.
A tabela é construída fazendo-se a embarcação girar em
torno de si própria, assumindo todas as proas (rumos) possíveis,
anotando-se por comparação com uma indicação verdadeira, os
desvios da agulha para os principais valores de proa. A técnica é
conhecida como “Compensação da Agulha”.
Na prática, existe um profissional credenciado pela Marinha
do Brasil, denominado “Compensador de Agulha”, que irá a
bordo do navio para minimizar e determinar os desvios da
agulha para cada proa, e que, após a compensação,
confeccionará a Tabela de Desvios da Agulha. A compensação
da agulha visa anular ou reduzir as influências dos ferros de
bordo sobre a agulha.
Após a compensação, os desvios não eliminados são
A tabela da curva de desvios deve ser denominados desvios residuais. São aceitos desvios residuais
atualizada a cada dois (2) anos. menores ou iguais a 3° (graus), devendo ser refeita a
compensação, sempre que os desvios excedam esse valor.
Uso da tabela de desvios
O desvio deve ser revisto, no mínimo, uma vez por ano e sempre
- Para usar a curva de desvios, entra-se
com o rumo magnético (observe a
que ocorrerem acréscimos ou retiradas de equipamentos de bordo,
figura acima) na coluna vertical da especialmente, se eles forem elétricos ou eletrônicos. Tenha em
esquerda (0 a 345) e anda-se na mente que cada agulha tem sua curva de desvios própria, sendo o
horizontal até encontrar a curva e seu desvio uma particularidade de cada embarcação. Ou seja, a tabela de
valor. desvios calculada com base na proa de uma embarcação não serve
para ser utilizada por outra embarcação.
Na Internet
- Relação de Peritos em Compensação
Vejamos um exemplo de como calcular o Desvio da agulha
de Agulha Magnética Cadastrado na
Marinha, disponível em: (Da) para a proa de nossa embarcação.
http://www.dpc.mar.mil.br/sites/defa
ult/files/ssta/material/peritos/peritos_ EXERCÍCIO 3:
agulha.pdf Estando uma embarcação com o rumo na sua agulha magnética
Acesso em: 30/11/2015 (Rag) de 60°E, qual o desvio da agulha (Da) para esta proa e qual do
Rumo magnético (Rmg)?
Solução algébrica:
Consultando a Tabela de desvios (figura acima), observa-se que
para uma proa de 60°E a curva indica um desvio de 1,5°E. Isto
significa que para esta proa os ferros de bordo alteram a direção
fornecida pela agulha magnética em 1,5° para leste (E).
Para corrigir o Desvio da agulha (Da), basta somar 1,5°E ao
Rumo de agulha (Rag) que achamos o Rumo magnético (Rmg).

Resultado:
Exercício 3 Rmg = Rag ± Da
Solução gráfica usando o Calunga Rmg = 60°E + 1,5°E (sinais iguais se somam)
Rmg = 61,5°E
Conclui-se que o valor do desvio da agulha (Da) atualizado para
esta proa é de 61,5°E.

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Jorge Felix Vilela Ferreira
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Variação Total da Já vimos a Declinação magnética (Dmg) e o Desvio da


agulha (Da). Vamos analisar agora a variação total da agulha.
Agulha
Na prática, quando a navegação está sendo orientada por
uma agulha magnética, é importante considerar que teremos
que fazer correções para a Variação Total da agulha.
Essa Variação Total da agulha nada mais é do que a soma
algébrica das duas correções: Declinação magnética (Dmg) e
Desvio da agulha (Da), que tem que ser feita, a fim de obter a
direção verdadeira da embarcação, que certamente é o que
interessa ao navegante.
A Variação total (VT) em um determinado local é o ângulo
Variação Total formado entre o Norte verdadeiro (Nv) e o Norte da agulha
- Fórmula: VT = Dmg ± Da (Nag), contado a partir do Norte verdadeiro (Nv).
E, como calcular a Variação Total (VT) para obter o erro da
Recordando agulha magnética?
- A Variação total (Vt) é a soma Acompanhe os exercícios a seguir:
algébrica da declinação magnética
e desvio da agulha. VT = Dmg ± Da
EXERCÍCIO 4:
Digamos que o Desvio da agulha (Da), registrado na tabela de
desvios é de 3°E, e a Declinação magnética (Dmg), registrada numa
carta náutica para o ano vigente, é de 20°W. Qual será a Variação
Total (VT)?
Organizando os dados conhecidos:
Dmg = 20°W
Da = 3°E
Vt = ?

Solução algébrica:
Para o problema apresentado, basta calcular algebricamente os
Exercício 4 20°W, referentes à Dmg com os 3°E referente ao Da.
Solução gráfica usando o Calunga Resultado:
VT = Dmg ± Da
VT = 20°W - 3°E (sinais diferentes subtraem)
VT = 17°W.

EXERCÍCIO 5:
Digamos que o Desvio da agulha (Da), registrado na tabela de
desvios é de 3°W, e a Declinação magnética (Dmg), registrada numa
carta náutica para o ano vigente, é de 18°W. Qual será a Variação
Total (VT)?
Organizando os dados conhecidos:
Dmg = 18°W
Da = 3°W
Vt = ?
Exercício 5
Solução gráfica usando o Calunga Solução algébrica:
Basta calcular algebricamente os 18°W da Dmg com os 3°W do
Da.
Resultado:
VT = Dmg ± Da
Recomendações Práticas VT = 18°W + 3°W (sinais iguais se somam)
- Tenha muita atenção no sentido VT = 21°W.
Leste(E) e Oeste (W) do Desvio da
agulha (Da) e da Declinação magnética
(Dmg). Observe que em ambos os exercícios o Norte Magnético (Nmg)
está à esquerda do Norte verdadeiro (Nv), já que a Declinação
magnética (Dmg) está no sentido oeste (W).

Exemplar [008655] pertencente à: Mestre-Amador 119


Jorge Felix Vilela Ferreira
www.portaldoamador.com.br [NAVEGANDO COM AGULHAS MAGNÉTICAS]

Desvios da Agulha Depois de conhecer os fatores de influenciam no


funcionamento das agulhas magnéticas, vamos continuar nosso
Giroscópica
estudo falando um pouco sobre outro tipo de agulha - a Agulha
Giroscópica e seus desvios.
Diferentemente da agulha magnética, a agulha giroscópica
não sofre influência do magnetismo terrestre e nem dos ferros
de bordo. Sendo assim, as suas indicações são verdadeiras, ou
seja, uma agulha giroscópica, quando ligada a corrente elétrica,
depois de certo tempo irá apontar para o Norte verdadeiro.
Porém, essa agulha não está totalmente isenta de erro. E,
quando isso acontece, a linha 000° - 180° tende a se afastar do
Meridiano Verdadeiro, formando um ângulo, conhecido como
Desvio da Giroscópica (Dgi). Nesse caso, o 000° da giro não
mais irá apontar para o Norte verdadeiro, mas, para uma
direção chamada de Norte da Giro (Ngi).
Dessa forma, se o 000° da giro cair para oeste (W) do
Meridiano Verdadeiro, o Desvio da giro (Dgi) será oeste (W). E
será Leste (E) quando acontecer ao contrario.
O Desvio da Giro, uma vez confirmado, será igual para
qualquer proa. E, para se determinar o valor do desvio da giro
deve-se fazer a comparação entre as marcações da giro com
alinhamento de pontos de terra.
Com o navio girando, o Desvio da agulha (Da) na Agulha
Magnética vai mudando de valor, ao passo que o Desvio da agulha
(Dgi) na Giroscópica, permanece com o mesmo valor.

Parabéns por ter concluído mais está unidade.


Verifique seus conhecimentos, realizando os Simulados Online.
Acesse o site e selecione “Por Disciplina”: Problemas de Navegação

Saiba mais
Você pode saber mais sobre o assunto estudado nesta unidade consultando os seguintes
sites:
 https://www.mar.mil.br/dhn/bhmn/download/cap3.pdf
(Agulhas Náuticas; Conversão de Rumos e Marcações).
 http://www.sispesca.io.usp.br/outros/cursos/navegacao/
 http://www.oocities.org/g_anjos/ams.htm
 http://www.agulhamagnetica.com.br/home_0.html
 http://www.avela.pt/nav_costeira_estimada.htm
 http://marcelle.br.tripod.com/bussola.htm
 http://www.invivo.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=798&sid=7

Todas as embarcações amadoras, exceto as miúdas, deverão ser equipadas com agulha magnética de
governo. As embarcações com comprimento igual ou maior que 24 metros (Iates) deverão possuir,
também, certificado de compensação ou curva de desvios disponível a bordo, atualizado a cada dois
anos. Não existe obrigatoriedade de equipar esse tipo de embarcação com agulha giroscópica.

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Unidade 12:
Nesta unidade, você identificará os diversos tipos de rumos e marcações e aprenderá a fazer
conversão de rumos e marcações resolvendo exercícios.

Rumos e Marcações a Um navio para ir de um ponto a outro da superfície da Terra


deve seguir um Rumo. Esse rumo deve ser traçado na carta
Bordo náutica, com direção e sentido definidos.
Ademais, quando se navega próximo da costa ou em águas
Direção restritas, para determinar a posição de uma embarcação,
- É, na superfície da Terra, a linha que
liga dois pontos. normalmente, o navegante observa Marcações de pontos
notáveis em Terra ou auxílios à navegação.
Exemplos de pontos notáveis: A bordo para obtermos os Rumos e as Marcações,
- Igrejas, faróis, ilhas, torres etc. normalmente, utilizamos Agulhas Náuticas, que podem ser
Magnéticas ou Giroscópicas.

Direção Direção - é na superfície terrestre, a linha que liga dois


pontos. O desenho ao lado, chamado de Rosa dos Ventos,
apresenta as direções cardeais (N, S, E, W), laterais (NE, SE,
SW, NW) e colaterais (NNE, ENE, ESSE, SSE, SSW, WSW, WNW,
NNW), já estudadas na Unidade 1. Pelo fato da estrela Polar
estar parada no céu, ela foi definida como a direção Norte (N).
Tendo essa direção como referência foi possível criar todas as
outras. Assim, nas cartas náuticas usadas na navegação
representamos as direções em forma de um círculo dividido em
360° graus, tendo como 0° graus para cima e alinhado para com
a direção Norte.

Rumo Rumo - é o ângulo horizontal formado entre uma direção de


referência e a direção para a qual aponta a proa da nossa
embarcação, quando navegando.
Os rumos são medidos de 000° a 360° graus, sempre no
sentido horário, a partir da direção de referência adotada para
indicar o rumo.
As direções de referência utilizadas em navegação para
indicar rumos são:
 Norte verdadeiro (Nv) ou geográfico;
 Norte magnético (Nmg); e
 Norte da agulha (Nag).

Conforme o Norte utilizado como referência (origem), os


rumos podem ser:
 Rumo verdadeiro (Rv) - é o ângulo formado entre o
Norte verdadeiro (Rv) e linha de proa da embarcação,
medido a partir do Norte verdadeiro (Nv).
 Rumo magnético (Rmg) - é o ângulo formado entre o
Norte magnético (Nmg) e a linha de proa da embarcação,
medido a partir do Norte magnético (Nmg).
 Rumo da agulha (Rag) - é o ângulo formado entre o
Norte da agulha (Nag) e a linha de proa da embarcação,
medido a partir do Norte da agulha (Nag).
A figura ao lado ilustra bem a teoria de que todos os rumos tem

Exemplar [008655] pertencente à: Mestre-Amador 121


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origem num norte [Nv, Nmg e Nag], e levam até a proa de nossa
embarcação.
RUMOS PRÁTICOS
Quando se navega em águas restritas, tais como, em lagos, lagoas,
Atenção!
baías, rios e canais, é comum orientar-se por referências em Terra
- Em navegação, o Norte que interessa (pontos notáveis) para obtermos o posicionamento da nossa
ao navegante é o verdadeiro (Nv), ou embarcação, dispensando o uso de agulha. A essa referência dar-se o
seja, aquele onde se inicia a contagem nome de Rumos Práticos.
da rosa dos ventos (000°). A operação
de transformar os rumos, conhecida Na realidade, especificamente, o termo Rumo aplica-se à
como Correção de Rumos, pode ser
feita através de formulas ou de
direção na qual se navega na superfície do mar, que, em geral,
gráficos comumente chamados de encontra-se em movimento, pelo efeito da corrente. Assim,
“calunga”. surge o conceito de Rumo no Fundo, em referência a direção
resultante realmente navegada, desde o ponto de partida até o
ponto de chegada num determinado instante. Normalmente, o
Rumo no Fundo é a resultante entre o Rumo na Superfície e a
Corrente.

Marcação Marcação - é o ângulo horizontal entre a linha que une a


embarcação a um objeto (ou alvo) e uma determinada direção
Objeto ou alvo de referência, medido a partir dessa referência.
- Em nosso estudo, o termo objeto, As direções de referência utilizadas como origem das
refere-se a um alvo qualquer, por marcações, são:
exemplo, um farol, uma ilha, uma
torre ou igreja, etc.  Norte verdadeiro (Nv) ou geográfico;
 Norte magnético (Nmg);
 Norte da agulha (Nag); e
 Proa da embarcação.

Assim, se adotarmos como origem da marcação um Norte,


poderemos ter as seguintes marcações ate o objeto, variando
de 000° a 360°, sempre no sentido horário:
 Marcação verdadeira (Mv) - é o ângulo formado entre o
Norte verdadeiro (Nv) e a linha do alvo (objeto), medido
no sentido horário, a partir do Norte verdadeiro (Nv).
 Marcação magnética (Mmg) - é o ângulo formado entre
o Norte magnético (Nmg) e a linha do alvo (objeto),
medido no sentido horário, a partir do Norte magnético
(Nmg).
 Marcação da agulha (Ma) - é o ângulo formado entre o
Norte da agulha (Nag) e a linha do alvo (objeto), medido
no sentido horário, a partir do Norte da agulha (Nag).

Analise a figura ao lado:


- Você, provavelmente, já observou que todas as marcações
tem origem num norte [Norte verdadeiro (Nv), Norte magnético
(Nmg) ou o Norte da agulha (Nag)], e ainda na proa de nossa
embarcação que levam até um objeto (alvo).
Importante!
- Utilizando a Agulha Giroscópica,
quando o ângulo da marcação é
contado a partir do Norte da Giro (Ngi)
ate o objeto, temos a Marcação da
Giroscópica (Mgi).

Exemplar [008655] pertencente à: Mestre-Amador 122


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Mas, atenção!
Quando a direção de referência é a proa da nossa
embarcação, teremos as seguintes marcações distintas:
 Marcação relativa (Mr) - é o ângulo formado entre a
linha de proa de uma embarcação e a linha do alvo
(objeto marcado), medido de 000° a 360° (sempre no
sentido horário, a partir da proa da embarcação).
 Marcação Polar (Mp) - é o ângulo formado entre a linha
de proa de uma embarcação e a linha do alvo (objeto
marcado), medido de 000° a 180°.

É importante saber que a marcação polar (Mp) recebe


sempre uma designação para cada um dos bordos, isto é, 180°
para Boreste (BE) ou 180° para bombordo (BB).
Vamos analisá-las uma por uma:
 Marcação Polar Boreste (MpBE) - é o ângulo formado
Atenção! entre a linha de proa de uma embarcação e a linha do
- Observando a figura acima, vemos alvo (objeto marcado), por boreste, de 000° a 180°.
que, quando o objeto (alvo) está por  Marcação Polar Bombordo (MpBB) - é o ângulo formado
boreste (BE), a Marcação Polar (Mp) é
entre a linha de proa de uma embarcação e a linha do
igual a Marcação relativa (Mr). Quando
o objeto (alvo) está por bombordo alvo (objeto marcado), por bombordo, de 000° a 180°.
(BB), a Marcação Polar (Mp) é igual a
360° menos a Marcação relativa (Mr). A Exceção - Na marcação polar, a exceção se dá quando o
Mp = 360° - Mr. objeto está pela Proa ou pela Popa, ou seja, encontra-se
exatamente a 000° ou 180°, em relação a Proa ou Popa
Recordando: respectivamente. Nesse caso, não é necessário informar o valor
- Marcação Relativa (Mr): conta-se de da marcação polar, dizemos apenas que o objeto está pela
000⁰ a 360⁰, no sentido horário, a Proa ou pela Popa.
partir da proa.
- Marcação Polar (Mp): conta-se de Fique esperto!
000⁰ a 180⁰ para boreste (MpBE) ou
- Se a marcação relativa (Mr) for menor que 180°, então, a
bombordo (MpBB), a partir da proa.
marcação polar será por boreste. Nesse caso, a marcação polar será
igual à marcação relativa.
Importante: - Se a marcação relativa (Mr) for maior que 180°, então, a
- Ao escolher os pontos a serem marcação polar será por bombordo. Nesse caso, basta subtrair 360° à
usados na determinação de uma marcação relativa.
posição, deve-se atentar para os
seguintes detalhes: Se a posição vai ser Importante:
determinada por duas retas de Fazer marcações é uma rotina que objetiva determinar a posição
marcação, o ideal e que o ângulo entre
da embarcação ou verificar o movimento relativo de outra
as mesmas, seja próximo a 090°; Se
forem tomadas três marcações, os embarcação em relação à sua. Porém, não devemos esquecer de que
ângulos entre as retas deverão ser as marcações a serem traçadas na carta náutica tem que ser
próximos de 060°. Marcações Verdadeiras (Mv) sendo, portanto, necessário saber
convertê-las.

Conversão de Rumos a Antes de prosseguir no estudo de Rumos e Marcações, é


essencial fixar, os conceitos de Declinação magnética, Desvio
Bordo da agulha e Variação Total. Assim, se necessário, reveja a
Unidade 11 (Navegando com Agulhas Magnéticas).

Vamos em frente?

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Na conversão de rumos realizamos, basicamente, a ação de


somar ou subtrair a Declinação magnética (Dmg) e o Desvio da
agulha (Da) ao Rumo (R) apresentado.
Para facilitar o trabalho de converter rumos, o navegante
deve considerar que, a bordo, ele sempre está vendo o Rumo
da agulha (Rag), quando usando agulha magnética, mas
colocará na carta náutica o Rumo verdadeiro (Rv).
E, quando estiver trabalhando na carta, precisa levar o rumo
verdadeiro para a agulha (para o piloto da embarcação).

Preste muita atenção!


Há dois métodos para converter rumos:
1. Método gráfico (ou calunga) - Neste método,
construímos um desenho, começando sempre pelo
Norte verdadeiro (Nv), em seguida aplicamos a
Declinação magnética (Dmg) e desenhamos o Norte
magnético (Nmg). Depois, aplicamos o Desvio da agulha
(Da) e o Norte da agulha (Nag). Com o desenho pronto,
somamos ou subtraímos para converter o rumo
desejado; e
2. O segundo método, é o matemático (ou algébrico).

A seguir, apresentaremos alguns exercícios resolvidos, que


certamente o ajudarão a entender melhor os assuntos
estudados nesta Unidade. Vamos iniciar com a conversão de
rumos:

EXERCÍCIO 01:
Sendo o Rumo verdadeiro (Rv) = 120°, a Declinação magnética (Dmg) = 20°W, e o Desvio da agulha
(Da) = 5°W, então o Rumo da agulha (Ra) será:

a) Resolvendo pelo Calunga:


Faça o calunga, conforme mostra a figura começando pelo Nv, a
partir do qual, aplique a Dmg para obter o Nmg. Em seguida aplique o
Da, a partir do Nmg para obter o Nag. Depois aplique o Rv, a partir do
Nv, quando então poderá desenhar a Proa.
Solução:
Depois de fazer o calunga, fica fácil saber que, para governar em
um Rv = 120°, é preciso governar com o Ra de 145°.

b) Resolvendo o mesmo exercício algebricamente:


Primeiro organize os dados conhecidos:

Rv = 120°E
Dmg = 20°W
Relembrando:
Da = 5°W
- Mantemos fixos, o rumo da
embarcação (proa) e o Norte
Ra = ?
verdadeiro (Nv).
- O Rv é medido do Nv até a proa da Para simplificar, vamos obter a Variação Total (VT):
embarcação. Como VT = Dmg ± Da
- A Dmg varia do Nv para o Nmg. Aplicando a fórmula teremos:
- O Da varia do Nmg para o Na
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- O Ra é medido do Na até a proa da VT = 20°W + 5°W = 25°W (sinais iguais somam-se)


embarcação.

Vamos encontrar o Rumo agulha (Ra):


Fórmula: Ra = Rv ± VT
Aplicando a Fórmula teremos:
Ra = 120°E + 25°W
Ra = 145°.

EXERCÍCIO 02:
Sendo o Rumo da agulha (Ra) = 180°, a Declinação magnética (Dmg) = 25°E, e o Desvio da agulha
(Da) = 5°W, então o Rumo verdadeiro (Rv) será:

a) Resolvendo pelo Calunga:


Faça o calunga, conforme mostra a figura começando pelo Nv, a
partir do qual, aplique a Dmg para obter o Nmg. Em seguida aplique o
Da, a partir do Nmg, quando então poderá desenhar o Na. Em
seguida, aplique o Ra, a partir do Na. Agora, você já pode desenhar o
Rv, a partir do Nv. Depois de fazer o Calunga, conclui-se que o Rv que
a embarcação está navegando é de 200°.

b) Resolvendo o mesmo exercício algebricamente:


Primeiro organize os dados conhecidos:

Ra = 180°
Dmg = 25°E
Da = 5°W
Rv = ?
Lembre-se:
- Mantêm-se fixos o rumo da
embarcação (proa) e o Norte Para simplificar, vamos obter a Variação Total (VT):
verdadeiro (Nv). Como VT = Dmg ± Da
- A Dmg varia do Nv para o Nmg. Aplicando a fórmula teremos:
- O Da varia do Nmg para o Na VT = 25°E - 5°W = 20°E (sinais diferentes subtraem)
- O Ra é medido do Na até a proa da
embarcação. Vamos encontrar o Rumo Verdadeiro (Rv):
- O Rv é medido do Nv até a proa da Fórmula: Rv = Ra ± VT
embarcação.
Aplicando a Fórmula teremos:
Rv = 180°E + 20°E
Rv = 200°

Conversão de A conversão de marcações segue as mesmas regras da


conversão de rumos.
Marcações Bordo Acompanhe os exercícios resolvidos:

EXERCÍCIO 03:
Sendo o Rumo verdadeiro (Rv) = 040°, a Marcação da agulha (Mag) = 270°, a Declinação magnética
(Dmg) = 19°W, e o Desvio da agulha (Da) = 5°E, então a Marcação verdadeira (Mv) será:

a) Resolvendo pelo Calunga:


Faça o calunga, conforme mostra a figura começando pelo Nv, a
partir do qual, aplique a Dmg para obter o Nmg. Em seguida aplique o
Da, a partir do Nmg, quando então poderá desenhar o Na. Em
seguida desenhe o Rv, a partir do Nv para obter a Proa. Depois
desenhe a Mag, a partir do Na até o objeto. Observando o calunga
verificamos que a Mv = 270° - 14° = 256°.

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b) Resolvendo o mesmo exercício algebricamente:


Primeiro organize os dados conhecidos:
Rv = 040°
Mag = 270°
Dmg = 19°W
Da = 5°
Mv = ?

Vamos encontrar a Variação Total (VT):


Fórmula: VT = Dmg ± Da
Aplicando a fórmula teremos:
VT = 19°W – 5E° = 14°W.

Vamos encontrar a Marcação verdadeira (Mv):


Fórmula: Mv = Ma ± VT
Aplicando a Fórmula teremos:
Mv = 270°E - 14°W
Mv = 256°
Mais uma vez, Lembre-se:
- Mantêm-se fixos o rumo da Lembre-se:
embarcação (proa) e o Norte
- Isto é uma soma algébrica, portanto, caso o Da e a Dmg sejam
verdadeiro (Nv).
- A Dmg varia do Nv para o Nmg. negativos (-), em vez de somar você terá que subtrair.
- O Rmg varia do Nmg até a proa.
- O Rv é medido do Nv até a proa.

Siglas (recordando):
Da - Desvio da agulha
Ra - Rumo da agulha
Vt - Variação Total
Exercício 04:
Sendo o Rumo da agulha (Ra) = 025°, a Marcação relativa (Mrel) = 090°, a Declinação magnética
(Dmg) = 21°W, e o Desvio da agulha (Da) = 4°W, então a Marcação verdadeira (Mv) será:
.
a) Resolvendo pelo Calunga:
Faça o calunga, conforme mostra a figura começando pelo Nv, a
partir do qual, aplique a Dmg para obter o Nmg. Em seguida aplique o
Da, a partir do Nmg, quando então poderá desenhar o Na. Em
seguida aplique o Ra, a partir de seu norte para obter a Proa. Depois
desenhe a Mrel a partir da Proa. Agora para finalizar desenhe a Mv, a
partir de seu Norte de referência. Observando o calunga verificamos
que a Mv = 090°.

b) Resolvendo o mesmo exercício algebricamente:


Primeiro organize os dados conhecidos:

Ra = 025°
Mrel = 090°
Dmg = 21°W
Da = 4°
Mv = ?

Vamos encontrar o Rumo verdadeiro (Rv):


Fórmula: Rv = Ra ± Dmg ± Da
Aplicando a fórmula teremos:
Rv =025°E - 21°W - 4°W = 000°.

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Vamos encontrar a Marcação verdadeira (Rv)


Fórmula: Mv = Mr + Rv
Mais uma vez, Lembre-se: Aplicando a Fórmula teremos:
- Isto é uma soma algébrica, portanto, Mv = 090°W - 000°W
caso o Da e a Dmg sejam negativos (-), Mv = 090°
em vez de somar você terá que
subtrair.

Após realizar os exercícios, certamente você percebeu que o método de fazer o Calunga, é
muito prático, especialmente, por permitir visualizar o problema sem a necessidade de decorar
fórmulas.

Vamos Praticar mais um Resolva graficamente (utilizando o calunga) os exercícios


pouco? abaixo:

Confira as respostas dos exercícios ao final desta Unidade.

Recomendações práticas: 5.1 – Sendo o Rmg=120° e a Dmg=20°W, então o Rv será:


Leia cuidadosamente o problema e Resposta = ______
certifique-se de que compreendeu
perfeitamente, que dados são 5.2 – Sendo o Rv = 000° e a Dmg = 20°E, então o Rmg será:
fornecidos e que dados são
pedidos. Lembre-se de que a Resposta = ______
solução de todos os problemas 5.3 – Sendo o Da = 3°E e a Dmg = 20°W, então a VT será:
baseia-se em uns poucos princípios
básicos e simples. Certifique-se de Resposta = ______
haver compreendido esses
princípios básicos. 5.4 – Sendo o Rv = 100°, o Rmg = 119° e o Ra =122°, então os valores
da Dmg, VT e Da serão, respectivamente:
Resposta – Dmg = ______ VT = ______ Da = ______
Dicas:
- Faça o Calunga: 5.5 Sendo a Dmg = 20°W, o Rmg = 090° e a MpBB = 090°, então a MV
1. Desenhe a reta que representa o será:
Norte verdadeiro (Rv);
2. Desenhe a reta que representa o Resposta = ______
Norte magnético. Para isto precisará
5.6 – Sendo o Rv = 100° e a Mv = 055°, a Mrel será:
do valor da Declinação magnética
(Dmg); Resposta = ______
3. Desenhe a reta que representa o
Norte da agulha (Nag). Para isto 5.7 – Sendo o Rv = 145° e MpBE = 045°, a Mv será:
precisará do valor do Desvio da agulha Resposta = ______
(da);
4. Desenhe a curva que representa o 5.8 – Sendo o Rv = 045° e a Mrel = 300°, a MpBB será:
Rumo verdadeiro (Rv). Para isto
precisará do valor do Rumo verdadeiro Resposta = ______
ou a curva que representa o Rumo
magnético (Rmg) ou o Rumo da agulha
(Rag), conforme cada caso.

Abreviaturas Utilizadas Abreviatura Significado


N ou Nv Norte verdadeiro
Nesta Unidade e seus Nm ou Nmg Norte magnético
Significados: Na ou Nag Norte da agulha
Dm ou Dmg Declinação magnética
Nota: Da ou Dag Desvio da agulha
- Não existe um padrão universal ou Vt ou VT Variação Total
internacional de abreviaturas na Rv Rumo verdadeiro
representação dos termos Rm ou Rmg Rumo magnético
empregados em navegação. Porém, Ra ou Rag Rumo da agulha

Exemplar [008655] pertencente à: Mestre-Amador 127


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buscamos utilizar nesta unidade Rp Rumos práticos


abreviaturas comumente utilizadas Mv Marcação verdadeira
pela Marinha do Brasil em suas obras. Mm ou Mmg Marcação magnética
Mr ou Mrel Marcação relativa
Mp Marcação polar
MpBB Marcação polar Bombordo
MpBE Marcação polar Boreste

Resposta dos Exercícios 5.1 a 5.8:

Parabéns por ter concluído mais está unidade.


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Acesse o site e selecione “Por Disciplina”: Problemas de Navegação

Saiba mais
Você pode saber mais sobre o assunto estudado nesta unidade consultando os seguintes
sites:
 https://www.mar.mil.br/dhn/bhmn/download/cap3.pdf
(Agulhas Náuticas; Conversão de Rumos e Marcações)

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 http://www.caaml.mb/geral/arquivos/publicacoes/caaml-1111.pdf
 http://www.sispesca.io.usp.br/outros/cursos/navegacao/
 http://clubedoarrais.com/?p=404
 http://www.4shared.com/document/UMy0M1Pr/4_-_NAV_1_10__-_UN_IV_-_Posio_.html

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Unidade 13:
Nesta unidade, você aprenderá sobre as linhas de posição (LDP), os processos para a
determinação da posição no mar, as técnicas e regras da navegação estimada e costeira, os
efeitos da corrente sobre a trajetória da embarcação e como determinar distâncias no mar.

Posição No Mar Já vimos que uma posição no mar é definida por um


paralelo e um meridiano que passa no ponto, ou seja, por suas
coordenadas geográficas de latitude e longitude como
referências.
Conhecendo nossa posição, podemos determinar a direção
a seguir e corrigi-la sempre que necessário: saber a que
distância está nossa embarcação; quanto tempo levará para
alcançar o destino, e também, evitar perigos eventuais em
nossa derrota (viagem).
Se a “derrota”, do ponto de partida até o destino, é feita
em um único rumo, dizemos que a embarcação segue uma
derrota simples ou singradura única. Se, para alcançar o
destino, for necessário usar mais de um rumo, dizemos que a
embarcação segue uma derrota composta, ou em singraduras
Derrota:
- Linha traçada na carta náutica que múltiplas.
uma embarcação deve seguir numa Chamamos de ponto de chegada ou final a um ponto nas
viagem para se deslocar de um lugar proximidades do porto de destino, arbitrariamente
para outro. determinado pelo navegador, a partir do qual se navega em
“rumos práticos”, com o prático do porto a bordo ou não. É
Singradura
- caminho percorrido num único rumo. preciso notar que nessas ocasiões, mesmo navegando em
“rumos práticos”, fazem-se ainda as marcações julgadas
Recordando:
necessárias para conhecer, a curtos intervalos de tempo, a
- Rumos práticos - quando se navega posição da embarcação e verificar se ela vai bem ou mal
em águas restritas, tais como, em navegada, adotando-se de pronto os cuidados e medidas
lagos, lagoas, baías, rios e canais, é necessárias a uma navegação segura e precisa.
comum orientar-se por pontos em
Durante a execução da derrota, o navegante está
Terra (pontos notáveis) para obtenção
do posicionamento da embarcação, e constantemente fazendo-se as seguintes perguntas: “qual é
não por rumos da agulha. A essa minha posição atual? Para onde estou indo? Qual será minha
referência denomina-se de Rumos posição num determinado tempo futuro?”.
Práticos. A determinação da posição e a plotagem na carta náutica
Plotagem constituem, normalmente, os principais problemas do
- Localizar, no mar, a posição da navegante, advindo daí uma série de raciocínios e cálculos, que
embarcação ou de um objeto (alvo), dizem respeito ao caminho percorrido ou a percorrer pela
numa carta náutica. embarcação e à decisão sobre os rumos e velocidades a adotar.
Para determinar a sua posição, o navegante recorre ao
emprego das Linhas de Posição (LDP).

Linhas de Posição (LDP) Chama-se Linha de Posição (LDP) ao lugar geométrico de


todas as posições possíveis que o barco pode ocupar, tendo
efetuado certa observação, em um determinado instante.
Sempre que em navegação costeira olhamos um
determinado objeto (alvo), podemos dizer que a linha de visada
ligando “observador e alvo” determinam uma linha de posição
(LDP).
As LDP possuem formas geométricas diferentes, de acordo
com as observações que lhes deram origem.
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Com exceção das isobatimétricas (ou linhas de igual


profundidade), que podem assumir as curvas mais caprichosas,
as LDP, geralmente, possuem formas retas ou circunferências,
o que simplifica o traçado sobre uma carta náutica.
As LDP recebem denominações de acordo com o tipo de
observação que lhes dão origem.

As principais LDP utilizadas em navegação costeira e em


Linha de Posição (LDP) águas restritas são:
- É o lugar geométrico de todas as  retas de marcação;
posições que navio pode ocupar. Ou  retas de alinhamento;
seja, é a linha, sobre a qual, se
 circunferência de igual distância; e
encontra a embarcação.
 linhas de igual profundidade (isobatimétricas).

Importante: Uma única LDP indicará ao navegante o lugar


geométrico das múltiplas posições que a embarcação poderá assumir
em um determinado instante, fruto da observação que efetuou, mas
não a sua posição.
Por exemplo:
Sabendo-se que às 16:30h, o navio está na distância de 3 milhas
de uma determinada ilha, o navegante saberá que, nesse instante, o
navio se encontra em algum ponto da circunferência com centro na
ilha e raio de 3 milhas.

Descrição das Linhas de Vamos analisá-las uma por uma:


1. Reta de Marcação - (figura 1) é, talvez, a LDP mais utilizada
Posição (LDP)
em navegação costeira e em águas restritas. Traça-se a reta de
marcação apenas nas proximidades da posição estimada da
embarcação, para evitar rabiscar demais a carta náutica.
- Lembrando que na carta só se traçam marcações verdadeiras.

2. Reta de Alinhamento - (figura 2) é a LDP de maior precisão,


não necessitando de nenhum instrumento para ser obtida,
Figura 1 (reta de marcação) sendo determinada por observação visual direta (a olho nu).
São condições essenciais:
 Os dois pontos que se alinham devem ser bem definidos,
corretamente identificados e, estarem representados na
carta náutica; e
 A altitude do ponto posterior deve ser maior que a do
ponto anterior. Por exemplo: na figura 2, a igreja N. S. de
Nazaré (Ig) está acima do Antigo farol da Pta. de
Figura 2 (reta de alinhamento) Saquarema.
Alinhamento
- É a linha na qual o observador pode ver dois objetos
identificáveis na mesma marcação. Pode ser usado para dar ao
observador uma indicação rápida de sua posição, ou de sua direção.

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3. Circunferência de igual distância - (figura 3) existem alguns


métodos para se determinar a distância de terra e, além disso,
os equipamentos de auxilio à navegação fornecem também
essas distâncias. Porém, todos eles geram linhas de posição
através de circunferências de igual distância. Para obter-se a
distância de um ponto notável qualquer basta traçar na carta a
LDP de igual distância com o compasso centrado no objeto
(ajustado na escala de latitudes, com uma abertura igual à
distância medida). Tal como no caso da reta de marcação,
normalmente, traça-se apenas o trecho da circunferência de
Figura 3 (circunferência de igual igual distância situada nas proximidades da posição estimada
distância) da embarcação.
Observe que circunferências de igual distância são linhas de
posição, já que em um dos pontos do círculo, e somente um, está a
posição da embarcação.

4. Linha de igual profundidade (isobatimétrica ou isobática) -


(figura 4) quando é medida uma profundidade a bordo, fica
definida uma linha de posição, pois se pode dizer que o barco
estará em algum ponto da isobática correspondente à
profundidade obtida. Cabe ressaltar, que a isobática é uma LDP
aproximada, mas que tem grande emprego como LDP de
segurança, para se evitar áreas perigosas. A profundidade limite
Figura 4 (isobatimétrica)
pode, inclusive, ser ajustada no alarme do ecobatímetro.
Contudo, o emprego da isobatimétrica como LDP só tem real
Isobatimétrica ou isobática valor em áreas onde o relevo submarino é bem definido e
- Linha de igual profundidade. Que tem apresenta pouca variação.
igual fundura. Digamos que o navio sondou 20 metros em um determinado
instante. Dizemos que nesse instante ele está sobre a isobática de 20
Ecobatímetros
- Equipamentos que medem as
metros, representada na carta náutica da área. (Quando se utiliza
profundidades. uma isobática como LDP, convém usar sempre uma que conste da
carta náutica na qual se navega). Além disso, ao utilizar
Calado isobatimétricas é indispensável ter em mente que os ecobatímetros
- Distância entre a quilha (fundo da indicam, muitas vezes, a profundidade abaixo da quilha. Nesse caso,
embarcação) e a linha de flutuação. para saber a profundidade real, é importante somar o calado do
Espaço ocupado pelo barco dentro da navio ao valor indicado pelo equipamento; e quando se desejar maior
água. precisão, deve-se considerar também a altura da maré no momento
da medição.
Atenção!
Por exemplo:
► Nesse exemplo, estamos
considerando a profundidade + o - Se o ecobatímetro indica a profundidade de 10 metros, e seu
calado + a altura da maré. barco tem calado de 2 metros, então a profundidade real é de 12
metros. Se a altura da maré, no local, indica 3 metros, então a
profundidade mais precisa será de 15 metros.

Marcações Simultâneas Você aprendeu que uma única LDP contém a posição da
embarcação, mas não a define. Para determinar a posição, é
necessário cruzar duas ou mais LDP, do mesmo tipo ou de
naturezas diferentes.
Dessa forma pode-se determinar a posição da embarcação,
ou seja, o ponto onde se situa a embarcação, pelo cruzamento
de duas ou mais LDP derivadas de marcações e/ou distâncias
obtidas em um mesmo instante.

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Marcações Simultâneas - consiste em tomar a direção


Atenção! (marcação) de no mínimo dois pontos notáveis diferentes, no
- As marcações são simultâneas,
quando tem dois pontos, no mesmo mesmo instante, converter a marcação para verdadeira se
instante. estiver usando a agulha magnética e, em seguida, plotar as LDP
na carta náutica. O resultado desta operação é que, no
cruzamento das LDP, se determina o ponto (posição) onde se
encontra a embarcação.

Ao fazer as marcações simultâneas, é necessário ter alguns


cuidados com os pontos de apoio, são eles:
 O ângulo formado entre as duas marcações não deve
ser nem muito fechado (menor que 30°) nem muito
aberto; (maior que 120°).
 Sempre que possível, deve-se obter a marcação de um
terceiro ponto notável, a fim de confirmar a posição.
Nesse caso, o ângulo de cruzamento ideal é de 120°
(quando se visam pontos por ambos os bordos) ou 60°
(quando todos os pontos estão situados dentro de um
arco de 180°, como no caso em que um navio se desloca
ao longo da costa).
 Antes de tomar as marcações, identifique corretamente
os pontos notáveis em terra e na carta náutica.
 Para minimizar os possíveis erros na LDP, devemos evitar
marcações de pontos muito distantes.
 Devemos fazer a marcação de um ponto notável e, em
Marcações Simultâneas
seguida, o do outro, no menor intervalo de tempo
Fonte: https://www.mar.mil.br/dhn/bhmn/ possível.
Nota: Utilizando dois pontos, o ângulo de cruzamento ideal
entre as LDP é de 90°. No caso de interseção de três LDP, o ângulo
ideal é de 120° (quando se visam pontos por ambos os bordos) ou 60°
(quando todos os pontos estão situados dentro de um arco de 180°).

Obtenção da Posição na É bom você saber que existe um número infinito de


posições possíveis ao longo de uma linha de posição ou sobre
Navegação Costeira um único círculo de distância. No entanto, para a obtenção da
Relembrando: posição de nossa embarcação, em um determinado instante, é
- Navegação Costeira é a que se faz necessário que tenhamos duas ou mais marcações, duas ou
tendo como referência pontos em mais distâncias de objetos diferentes, ou uma combinação de
terra, tais como, montanhas, pontas, marcação e de distância, alinhamentos e profundidades.
faróis, torres, picos, ilhas e outras
constantes das cartas náuticas.
Vejamos os principais processos para obtenção da posição:
1. Posição determinada por duas marcações simultâneas
Mesmo que seja apenas um observador determinando as
duas LDP, elas poderão ser consideradas “simultâneas”, desde
que o intervalo de tempo entre as observações seja o mínimo
possível. Assim, quando uma posição é determinada por LDP
simultâneas, as linhas de posição não necessitam ser
individualmente identificadas, rotulando-se apenas a posição,
com a hora e o odômetro correspondentes.
Posição determinada por duas marcações Hora Odômetro Objeto Visado Marcação
visuais (simultâneas) 06:48 0022.0 Mastro 286°
Frarolete (Fte.) 194°

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2. Posição determinada por alinhamento e marcação visual


É, também, uma combinação de LDP bastante empregada
na pratica da navegação costeira ou em águas restritas. Cruza-
se a reta de alinhamento com a reta de marcação de outro
ponto notável.
Oferece algumas vantagens especiais, tais como boa
precisão e o fato de o alinhamento não necessitar de nenhum
instrumento para sua observação.
Posição determinada por alinhamento e
marcação visual Hora Odômetro Objeto Visado Marcação
12:27 1247.0 Alinhamento -
Mastro/Chaminé
Torre 047°

3. Posição determinada por marcação e distância


simultâneas de um mesmo objeto
Consiste em tomar marcação de um ponto notável e obter a
sua distância no mesmo momento (marcações simultâneas de
um mesmo objeto). Após esta operação, plota-se na carta as
LDP (reta e curva). O cruzamento das linhas determinará o
ponto (posição) onde se encontra a embarcação.
Esse método produz bons resultados, pois as duas LDP
cortam-se num ângulo de 90°, o que constitui condição
favorável. É especialmente indicado quando se combinam uma
Posição determinada por marcação e marcação visual e uma distância radar a um mesmo objeto,
distância simultâneas de um mesmo pois ambos os tipos de LDP apresentam boa precisão.
objeto

Hora Odômetro Objeto Visado Marcação


14:15 0043.8 Torre M = 000°
Dist. 2.3M

4. Posição determinada por marcação de um objeto e


distância de outro
Esse método é empregado quando não é possível obter a
marcação e a distância de um mesmo objeto. Por exemplo,
(observe a figura ao lado) a TORRE “A”, embora notável e bem
definida para uma marcação visual, está interiorizada e situada
em um local que não produziria uma boa distância radar, o que
se obtém, então, da LAJE PRETA. Cruza-se, então, a linha de
Posição determinada por marcação de um marcação da Torre A, com o círculo de distância da Laje Preta.
objeto e distância de outro

5. Posição determinada por distâncias simultâneas


Consiste em obter as distâncias de dois ou mais pontos
notáveis diferentes em um mesmo momento e, em seguida,
plotar as circunferências de distância (linha de posição curva); o
cruzamento das LDP determinará o ponto (posição) onde se
situa a embarcação.
Acompanhe na figura ao lado, na qual o Ponto A foi plotado
Posição determinada por distâncias a partir de duas distâncias de terra: Lj Marambaia a 3,5’ milhas
simultâneas de dois pontos notáveis
e I. Urupira a 3.0 milhas. A posição é encontrada no
cruzamento das duas circunferências traçadas, com o compasso
posicionado em cada ponto de terra, com a abertura
correspondente às suas distâncias em milhas.
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6. Posição determinada por marcação e profundidade


Embora seja um processo pouco preciso, pode fornecer um
ponto razoável, na falta de alternativas. É conveniente escolher
uma profundidade correspondente a uma das isobáticas
representadas na carta. Além disso, melhores resultados são
obtidos quando a marcação corta a isobática o mais
perpendicularmente possível. Por exemplo, na figura ao lado, o
barco marcou o farol aos 262° e, simultaneamente, sondou 20
metros com o ecobatímetro. A posição estará na interseção da
reta de marcação com a isobática de 20 metros, representada
Posição por marcação profundidade
na carta.

7. Posição determinada por meios eletrônicos


Há diversos sistemas de posicionamento eletrônicos,
capazes de fornecer ao navegante a posição da embarcação.
Entre os mais modernos, destaca-se o GPS, que, especialmente,
na sua forma Diferencial (DGPS), pode proporcionar a precisão
requerida até mesmo para navegação em águas restritas. O GPS
fornece, a qualquer momento, as coordenadas do ponto
(latitude e longitude) diretamente na tela de um monitor com
grande precisão, sem interferência humana.

Triângulo de Incerteza Uma posição determinada por apenas duas LDP pode
conduzir a uma ambiguidade (erro). Por isso, sempre que
Triângulo de Incerteza
possível, é conveniente obter uma terceira LDP, que eliminará a
- Em uma navegação costeira, quando possibilidade de dúvida. Assim, quando somamos três retas de
se tomam três retas, elas nem sempre marcações e elas não se cruzam em um ponto, gera-se um
se cruzam em um ponto, podendo triângulo de incerteza, cujas principais causas são: não
gerar um triângulo de incerteza. simultaneidade das marcações; erros na observação de uma ou
mais marcações; desvio da agulha não detectado ou com erro;
erro na identificação dos objetos marcados; erro de plotagem;
ou erro na carta (erro na representação cartográfica: pontos
mal posicionados). Dessa forma, se:

Triângulo de Incerteza Procedimento


Adota-se o seu centro para a posição do
For pequeno
barco.
Adota-se para a posição do barco a
interseção (vértice do triângulo) mais
For próximo de um
próxima do perigo e obtêm-se outra
perigo
Fonte: http://www.mar.mil.br/dhn/bhmn/ posição imediatamente, para
(Posição pela interseção de três Linhas de confirmação.
posição – triângulo de incerteza.)
Abandona-se a posição e determina-se
For grande
outra imediatamente.
Poderá ser gerado um quadrilátero de
For obtida por
incerteza, e o procedimento adotado
interseção de 4 LDPS
deve ser idêntico ao acima descrito.

Nota: Quando se utilizam duas retas de marcação, devem ser


visados, sempre que possível, um ponto pela proa (ou pela popa) e
outro pelo través, para melhor definir o caimento e o avanço (ou
atraso).

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Simbologia das Posições Para indicar posições na carta, usam-se, comumente, entre
outras, as seguintes simbologias:

Símbolo Significado
Posição estimada, representada por um triângulo, é
Podemos, então, resumir que: uma posição sem precisão, determinada através de
- Linha de Posição (LDP), é a linha, reta valores de rumo, velocidade e tempo estimados de
ou curva, onde em um dos seus acordo com as características da embarcação e das
pontos, e somente um, se situa a condições de navegação.
embarcação.
- Para determinar o ponto (posição) Posição observada, posição confiável, determinada
onde se situa a embarcação, são através de marcações visuais ou por outros meios que
necessárias, no mínimo, duas linhas de possam determinar a posição com precisão.
posição.

Posição radar, posição confiável. Determinada através


de marcações e distâncias pelo radar.

Posição por Marcações Quando se tem apenas um ponto notável à vista, e não
dispomos a bordo de recursos para obter a distância de terra, é
Sucessivas possível obter a posição da embarcação por marcações
sucessivas.
Pode-se dizer que existe uma série delas. Isto porque, na
verdade, todas utilizam o método de resolução de triângulos,
ou seja, marca-se um ponto notável, navega-se um período e,
em seguida, marca-se novamente o mesmo ponto notável.
Por exemplo: Observe no desenho que um triângulo está
formado, entre a ilha Rasa e a posição A (1ª marcação) e entre a Ilha
Rasa e a posição B (2ª marcação), sendo seus lados: a primeira
marcação (A), a distância navegada (d) e a segunda marcação (B).
Marcações Sucessivas
Assim, forma-se um triângulo isóscele (dois lados iguais),
onde a distância navegada (d, entre A e B) é igual à distância ao
ponto notável (I. Rasa) por ocasião da segunda (ponto B à Ilha
Rasa), e pode-se determinar a posição da embarcação.

Marcações sucessivas Veja como formar esse tipo de triângulo:


- As Marcações sucessivas nem sempre Processo de marcações sucessivas - utilizando marcações
são precisas, isto porque depende de
uma velocidade média confiável, o que polares (Mp), marca-se duas vezes um mesmo ponto notável, e
nem sempre ocorre devido à influência a segunda marcação, do ponto, deve ter o dobro da primeira
de correntes, ventos, estado do mar (exemplo: 30° e 60°, 45° e 90° etc.). Com esta técnica, forma-se
etc. um triângulo isóscele, onde um dos lados corresponde a
distância navegada (d), que é conhecida do navegador, e será a
mesma distância que o separa do ponto notável na segunda
marcação (que é o 2° lado do triângulo).
Quando você for aplicar esta técnica observe a seguinte
sequência:
1. Marca-se o ponto notável e converte-se a marcação
verdadeira para Marcação polar (MP). Anota-se a hora;
2. Calcula-se o dobro da primeira Mp e converte-se em
Marcação verdadeira (Mv), plotando-a na carta;
3. Quando a embarcação estiver nessa segunda marcação
verdadeira, anota-se a hora novamente;
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Distâncias por Marcações Sucessivas 4. Multiplica-se o tempo decorrido entre a primeira e a


- Nestes casos, três situações podem segunda marcação pela velocidade da embarcação,
ocorrer:
a) Duas marcações de um mesmo obtendo-se a distância navegada. (D = V x T); e
objeto, tomadas com um intervalo de 5. Na escala de latitude, faz-se uma abertura com o
tempo entre elas. compasso igual à distância navegada (em milhas) e, em
b) Duas marcações de objetos seguida, com a ponta do compasso sobre o ponto
diferentes, tomadas com um intervalo
de tempo entre elas.
notável marcado, traça-se um círculo de mesma
c) Uma série de marcações de um distância, de forma a cruzar a segunda marcação. O
mesmo objeto. cruzamento determinará o ponto (posição) onde se
encontra a embarcação.

Vamos a um exercício:

Exercício:
- Uma embarcação navega aos
100° verdadeiros e com velocidade
média de 8 nós. Às 08h horas, o
Mestre marcou o farol da Ilha
Brava, aos 145° verdadeiros.
Utilizando a técnica da (segunda
marcação o dobro da primeira)
para obter a posição da
embarcação, calculou e plotou na
carta a segunda marcação, que Solução:
aconteceu às 08h30m. Quais são a 1. Converte-se a primeira marcação verdadeira em Mp (BE):
marcação polar (Mp) e a marcação Mp (BE) = Mv - Rv
verdadeira (Mv) referentes à Mp (BE) = 145⁰ - 100⁰
segunda marcação e a distância ao Mp (BE) = 045° (Primeira Marcação Polar)
farol?
2. Dobrando a primeira Mp (BE) acha-se o valor da 2ª marcação:
Dados Iniciais: Logo,
Rv = 100° - Primeira Mp (BE) = 045° e Segunda Mp (BE) = 090°
Mv = 145°
Mp = ? 3. Converte-se a 2ª marcação polar para verdadeira (MV) e acha-se
Mv = ? a 2ª marcação (Mv):
Mv = Rv + Mp (BE)
Fórmula para cálculo de distância, Mv = 100° + 090° Mv = 190°
velocidade e tempo:
4. Calcula-se a distância navegada, que é igual à distância ao farol,
ao chegar o barco na segunda marcação:

Distância navegada
D = V x T ► D = 8 nós x 0,5 horas = 4 milhas
Distância ao farol na segunda marcação = 4 milhas.

A distância navegada também pode ser obtida por meio do


odômetro.
Cálculo da Hora:
1 hora = 60 minutos Outra técnica, também utilizada em marcações sucessivas,
X hora = ?
é o transporte de marcação.
► no caso 08h30min - 08h = 30min
Então,
X = 30 minutos / 60 minutos Vejamos como funciona:
X = 0,5 horas.

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Transporte da Primeira Marcação:


Consiste em marcar um ponto notável, deixar que passe um
Relembrando:
1 hora = 60 minutos período a fim de que a marcação varie, e marcar uma segunda
0,5 hora (metade de uma hora), que é vez o mesmo ponto notável. Em seguida, usando a régua de
igual a 30 minutos. paralelas, transporta-se (desloca-se) a primeira marcação para
o tempo da segunda. O cruzamento das marcações determina o
ponto (posição) onde se situa a embarcação.
Quando você for aplicar esta técnica observe a seguinte
sequência:
1. Marca-se um ponto notável e anota-se a hora.
2. Deixa-se passar um intervalo de tempo, a fim de que a
marcação do objeto varie (no mínimo 30°).
3. Marca-se pela segunda vez o mesmo ponto notável,
anota-se a hora e calcula-se a distância navegada entre a
primeira e a segunda marcação.
4. Transporta-se a primeira marcação, sobre o rumo,
paralelamente a si mesma, para a hora da segunda,
utilizando a distância navegada, entre a 1ª e a 2ª
marcação.
5. O cruzamento da segunda marcação com a primeira
marcação transportada determina o ponto onde se situa
a embarcação, para este segundo instante.

Vamos a um exercício para facilitar o entendimento:

Exercício:
- Um barco navega com rumo
verdadeiro de 000° e com
velocidade média de 10 nós. Às
10h, o Mestre marcou o farolete
da Ilha Comprida aos 050°
verdadeiros e, às 11h, marcou
novamente o mesmo farolete aos
110° verdadeiros.
- Como determinar a posição da
embarcação, somente com estas
duas marcações?
Solução:
Dados Iniciais: Determina-se a distância navegada entre as duas marcações:
Rv = 000° D = V x T ► D = 10 nós x 1 hora = 10 milhas (distância navegada)
V = 10 nós
Observe a figura acima. Com a ajuda do compasso, marca-se,
Cálculo da Hora:
1 hora = 60 minutos
sobre o rumo, 10 milhas a partir da primeira marcação. Em seguida,
X hora = ? ► no caso 11h - 10h = transporta-se a 1ª marcação para o ponto marcado, com a ajuda da
60min régua de paralelas. No cruzamento da segunda marcação com a
Então, primeira transportada, determina-se o ponto onde se situa a
X = 60 minutos / 60 minutos embarcação.
X = 1 hora.

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Obtenção da Posição na Você já sabe que a navegação estimada é o processo de


determinar a posição aproximada da embarcação, recorrendo-
Navegação Estimada
se somente às características do seu movimento, aplicando-se à
última posição conhecida plotada na carta um vetor, ou uma
série de vetores, representando todos os rumos verdadeiros e
velocidades ordenados subsequentemente.

Veja na figura ao lado, um exemplo de plotagem do ponto


estimado, pela aplicação da equação que relaciona distância,
velocidade e tempo, ao movimento da embarcação, a partir de
uma posição conhecida inicial.
No exemplo, partindo de uma posição inicial conhecida (posição
observada de 07 horas), o barco governou no rumo verdadeiro (Rv =
100°), com velocidade de 15 nós. Às 08 horas, a posição estimada do
barco estará sobre a linha de rumo (R = 100°) e a uma distância de 15
milhas da posição de 07 horas (pois, em uma hora, um barco a 15 nós
navega 15 milhas).

Vamos conferir?

Usando a Fórmula: D = V * T
D = 15 nós * 1 hora
D = 15 milhas

Tirando a prova: Se uma embarcação percorre 15 milhas em 1


hora. Qual a sua velocidade média?
Usando a Fórmula: V = D : T ► V = 15 : 1 = 15 nós.

Regras para a As seis regras para a navegação estimada são: (Acompanhe


na figura ao lado).
navegação Estimada 1. As horas devem representadas por quatro algarismos,
desde o ponto inicial (partida) até o ponto de chegada
(final);
2. Uma nova posição deve ser plotada a cada mudança de
rumo;
3. Uma nova posição deve ser plotada a cada mudança de
velocidade;
4. Uma nova posição deve ser plotada para o instante em
que se obtém uma posição determinada;
5. Uma nova posição deve ser plotada para o instante em
que se obtém uma simples linha de posição;
6. Uma nova linha de rumo e uma nova plotagem estimada
devem ser originadas de cada posição determinada
obtida e plotada na carta.
Nota:
- Uma posição estimada deverá ser representada na carta náutica
por um triângulo (Δ). Os rumos verdadeiros por seus valores
angulares. Deve-se anotar também a velocidade ao longo de cada
rumo.
- Não se ajusta uma plotagem estimada com uma única LDP.
- Uma LDP cruzando uma linha de rumo não constitui uma posição
determinada, pois uma linha de rumo não é LDP.

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Fatores que Influenciam Podemos distinguir vários fatores influenciam a posição


estimada, os mais importantes são: correntes marítimas;
a Posição Estimada
correntes de marés; efeito dos ventos; estado do mar; mau
Correntes: governo da embarcação; indeterminação do desvio da agulha
- Na prática chama-se “corrente” à ou não detecção; erros de odômetro ou do velocímetro; “obras
resultante de todos os fatores que vivas” com excesso de incrustações; e Banda e trim.
afetam o movimento da embarcação.

Termos Empregados na Veja os principais termos empregados na Navegação


Estimada:
Navegação Estimada
 Velocidade do navio (Vn) - ou, simplesmente,
velocidade, é a distância percorrida em 1 hora na
superfície.
 Velocidade no fundo (VFd) - é a distância percorrida pelo
navio, em 1 hora, em relação ao fundo. É, então, a
resultante da velocidade do navio com a velocidade da
corrente.
 Velocidade da corrente (Vcor) - é o efeito combinado
provocado pelos fatores mencionados acima, durante
cada hora, sobre o caminho percorrido pelo barco. O
termo também é empregado para indicar, isoladamente,
o deslocamento da massa líquida por ação exclusiva das
correntes marítimas, ou, em águas restritas, pela ação
conjunta das correntes marítimas e correntes de marés.
 Rumo na superfície (Rn) - ou, simplesmente, Rumo (R)
como já visto, é o ângulo entre o Norte verdadeiro e a
direção na qual governa o barco (em relação à
superfície), contado de 000° a 360°, no sentido horário, a
partir do Norte Verdadeiro.
 Rumo no fundo (Rfd) - é o ângulo entre o caminho
efetivamente percorrido pelo navio (projetado sobre o
fundo do mar) e o Norte verdadeiro, contado de 000° a
360°, a partir do Norte verdadeiro, no sentido horário.
 Rumo da Corrente (Rcor) - é o ângulo entre o caminho
efetivamente percorrido pelo navio (projetado sobre o
fundo do mar) e o norte verdadeiro, contado de 000⁰ a
360⁰, a partir do Norte verdadeiro, no sentido horário.
 Abatimento (abt) – é o ângulo entre o rumo na
superfície e o rumo no fundo, contado para BE ou para
BB, a partir do rumo na superfície.
 Caimento, avanço e atraso - quando se compara uma
posição observada com a posição estimada para um
mesmo instante, a distância entre os dois pontos é o
efeito da corrente. Esta distância poderá ser decomposta
em duas componentes: a primeira, denominada avanço
(ou atraso), é obtida pelo rebatimento do ponto
estimado sobre o rumo no fundo e, consequentemente,
igual à diferença das distâncias percorridas no fundo e na
superfície. A Segunda, denominada caimento, é igual à
corda compreendida pelo arco do rebatimento. Há
avanço quando a distância percorrida no fundo é maior
que a distância percorrida na superfície.
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 Posição estimada - posição obtida pela aplicação, a


partir de uma posição observada, de vetores definidos
pelo rumo do barco e a distância em relação à
superfície.
 Posição estimada corrigida - posição obtida pela
aplicação, a partir de uma posição observada, de vetores
definidos pelo rumo no fundo e distância percorrida em
relação ao fundo.
 Posição carteada - é a posição que se prevê que o barco
ocupará em horas futuras. Dependendo da navegação
em curso, poderá tomar como base uma posição
observada, estimada ou estimada corrigida. Para ser
plotada, poderá ser considerada ou não a corrente,
dependendo dos elementos que o navegante dispuser.
Se a corrente foi determinada como critério, o navegante
não deverá omiti-la na carteação dos próximos pontos,
adotando, então, a premissa de que a embarcação irá se
deslocar com o rumo e a velocidade em relação ao
fundo. A posição carteada é bastante útil como
antecipação dos eventos que deverão ocorrer nas
próximas horas, para alertar o pessoal sobre faróis que
irão “boiar”, variações sensíveis nas isobatimétricas,
proximidades de perigo etc. É representada por um
pequeno traço cortando o rumo, com a indicação da
hora.

Triângulo da Corrente Para determinar os elementos de uma corrente,


necessitamos plotar a posição estimada da embarcação e
compará-la à posição observada no mesmo instante
considerado. Será, então, formado o triângulo chamado
triângulo da corrente.

Neste triângulo temos os seguintes elementos:


 Ponto A – posição anteriormente observada.
 Ponto B – posição estimada da embarcação, para um
determinado instante, em função, a partir do ponto A,
de um rumo e uma velocidade.
 Ponto C – posição observada para o mesmo instante da
posição estimada plotada.
 Ponto D – destino final.
 Linha AB – rumo da embarcação sem levarmos em
consideração o efeito das correntes.
 O comprimento da linha AB é função do tempo de
navegação com a velocidade indicada (é o rumo da
superfície).
 Linha AC – rumo verdadeiro correto da embarcação
entre as posições observadas. É costume chamá-lo de
rumo no fundo. O comprimento da linha AC dividido pelo
número de horas navegadas exprimirá a velocidade de
fundo da embarcação.
 Linha BC – rumo e velocidade da corrente. Lembrando
que o comprimento da linha deverá ser dividido pelo
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número de horas navegadas para exprimir corretamente


a velocidade da corrente.
 Ângulo BAC – diferença entre o rumo da embarcação
Abatimento (estimado) e o seu rumo verdadeiro correto (ou rumo no
- Ventos, correntes, marés e a própria fundo). Essa diferença angular denomina-se abatimento.
condução da embarcação, quase
sempre, provocam abatimento. É uma Correção do Abatimento - se, ao determinar a posição
boa prática verificar periodicamente
sua posição e corrigir o abatimento observada, você verificar que ela não coincide com a estimada,
sempre que se fizer necessário. havendo inclusive uma diferença angular entre o rumo traçado
e o efetivamente seguido pela embarcação, pode concluir que o
navio sofreu um abatimento.

Determinação de Hoje em dia, a maneira mais usual de se determinar


distâncias quando se está navegando é através do radar.
Distâncias no Mar
Porém, aqui, você conhecerá métodos práticos de se obter
distâncias os quais, embora não sejam muito precisos, são úteis
em certos momentos e são calculados em função das altitudes
do olho do observador e do objeto visado. Mas, antes, entenda
a diferença entre os alcances mais comumente usados no mar.

 Alcance geográfico - é à distância de visibilidade ao


horizonte no mar. Vai do olho do observador ao
horizonte. Depende da curvatura da Terra, da altitude do
observador, da refração terrestre e de fatores
meteorológicos.
 Alcance luminoso ou alcance ótico - é a distância
máxima de visibilidade de uma luz, considerando-se
apenas a potência luminosa do foco. Assim, independe
da curvatura da Terra, da refração etc.

a) Determinação da distância ao horizonte - consiste em


determinar a distância ao horizonte do navegante (também
conhecido como alcance geográfico), em face da sua elevação
em relação ao nível do mar. Desta forma, você poderá precisar
qual é seu alcance.

Vamos a um pequeno exercício:

Um navegante encontra-se no tijupá de sua embarcação, que fica


elevado 9 metros em relação ao nível do mar. Qual é a distância visual
Determinação da distância ao
horizonte
de seu horizonte?
Fórmula: Solução: Aplicando a fórmula ao lado:

D=2 Fórmula: d = 2 ►d=2 ► d = 2 x 3 ► d = 6 milhas


D – distância ao horizonte em milhas
náuticas. b) Determinação da distância a um objeto de altitude
h – elevação do olho do observador conhecida no horizonte (boiando) - Esse método é uma
em metros. variação da distância ao horizonte e é muito utilizado para
determinar a distância, à noite, no momento em que um farol
aparece pela primeira vez no horizonte, o que chamamos de
boiar, ou quando desaparece no horizonte, que nós chamamos
de alagar.

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Nesse método, leva-se em consideração não somente a


elevação do observador (navegante), mas também a do farol,
que está registrado na carta náutica ou na Lista de Faróis.

Vamos a um pequeno exercício:

Se você sabe que sua altitude acima do nível do mar é de 9 metros


e que o objeto a ser visado tem uma altitude de 100 metros, pode
dizer que, em boas condições de visibilidade, quando do seu
avistamento (boiar) a distância aproximada (D) para ele será a soma
da sua distância ao horizonte (D1) com a distância do Farol ao
horizonte (D2).
Solução: Aplicando a fórmula ao lado:

Fórmula: d = 2 ►d=2 ► d = 2 x 3 ► d = 6 milhas

Determinação da distância a um Ou seja: D = D1 + D2.


objeto de altitude conhecida no Usando a formula ao lado, temos que a distância (D) ao farol será:
horizonte (boiando) D = 2 ( 9 + 100 )
Fórmula: D = (2 x 3) + (2 x 10) = 6 + 20
d = (2 + ) D = 26 milhas

d - distância do observador ao farol em Para facilitar o navegante, foi construída uma tabela que resolve
milhas náuticas. este cálculo.
h - elevação do olho do observador em
metros. Baixe a Tabela de Alcance Geográfico na internet, no endereço:
H - elevação do farol em metros. http://www.portaldoamador.com.br/paginas/downloads.html,
para acompanhar o exercício a seguir:

Um navegante que está no passadiço de sua embarcação, com a


elevação de 5 metros, presenciou, às 22:00 horas, boiar no seu
horizonte o farol de Camocim, que tem uma altitude de 20 metros.
Qual a distância do navegante ao farol?

Solução:
Utilizando a Tabela de Alcance Geográfico, entra-se na horizontal
com a altura dos olhos do observador e na vertical com a elevação
(altitude) do farol. Obtém-se, no cruzamento, a distância de 12,9
milhas. Caso você utilize a fórmula, encontrará como resultado 13,5
milhas, isto porque o coeficiente da fórmula está arredondando para
2, quando na verdade é 1,92, sendo feito para facilitar os cálculos.
Portanto, é recomendo que, sempre que possível, utilize a tabela em
vez da fórmula, tendo em vista ser mais precisa.

c) Métodos práticos de determinação de distâncias

► Método da régua graduada


Uma boa maneira de se estimar a distância a um objeto
de altitude conhecida é utilizando uma régua graduada. Basta
estender o braço na horizontal, segurar a régua verticalmente
na direção do objeto visado e verificar qual o comprimento na
régua que cobre o objeto visado (ou seja, devemos medir, sobre
a escala da régua, a dimensão do objeto), tal como ilustrado na
Processo prático para estima de figura ao lado.
distância A distância do olho do observador à régua pode ser
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facilmente determinada (e tende a ser uma constante para cada


observador). Com a altitude conhecida do objeto visado,
calcula-se a distância ao objeto, conforme mostrado abaixo.
De acordo com a propriedade de semelhança de triângulos,
podemos chegar à seguinte fórmula:

Vamos a um pequeno exercício:


De acordo com a propriedade de
semelhança de triângulos, podemos
Um farol com 70 metros de altitude cobre 4 centímetros de uma
chegar à seguinte fórmula: régua afastada 60 centímetros do olho do observador. Então, a
distância ao farol será de:

D – distância do observador ao ponto


notável em milhas;
H – elevação do ponto notável em Este método também pode ser usado horizontalmente,
metros; quando se tem um objeto de comprimento conhecido. Neste
d – comprimento do braço do caso, a régua deve ser segurada horizontalmente, com o braço
observador em centímetros (converter
para metro); esticado, devendo ser medida, sobre a escala da régua, a
L – medida da imagem do ponto dimensão de objeto visado.
notável em centímetros, lida, na régua A distância será expressa na unidade em que se medir a
(converter para metro). altitude ou o comprimento do objeto. Sendo estas expressas
em metros ou pés, para termos a distância em milhas, basta
dividir o resultado por 1.852 ou 6076,12, respectivamente.

► Método do dedo
Distância a um objeto de comprimento conhecido também
pode ser estimada pelo “método do dedo”. Para tanto, basta
fechar um olho, estender um braço na horizontal, distender o
polegar na vertical e, nessa posição, fazer o polegar tangenciar
uma das extremidades do objeto. Abrindo o olho e fechando o
outro, o polegar “parece” deslocar-se sobre o objeto conhecido.
Então, com o comprimento do objeto e estimando a
porcentagem desse comprimento que o polegar “percorreu”,
ao se deslocar, aparentemente, tem-se a distância ao objeto, na
mesma unidade para medir o seu comprimento, desde que se
multiplique a porcentagem anterior por 10.

Vamos a um pequeno exercício:


A distância a ilha é calculada pela
fórmula: Um observador estimou que o polegar, ao se deslocar, sobre uma
ilha de comprimento C=2, aparentemente, da posição 1 para a
posição 2, percorreu a porcentagem P = 30% de C.
D = Distância
P = Porcentagem de deslocamento do A distância da ilha seria:
dedo D = P% x C x 10
C = Comprimento da ilha D = 0,3 x 2 x 10 = 6 milhas.

Lembre-se: Embora elementar esse método mostra-se eficaz com o aumento


- O alcance ao horizonte é limitado da prática, na estimativa percentual do deslocamento aparente do
pela curvatura da Terra e depende da polegar.
altitude do observador. Assim, quanto
mais elevado estiver o observador
maior será seu alcance visual.

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As publicações da Diretoria de Hidrografia e Navegação


(DHN) fornecem alcances geográficos dos faróis, considerando
o olho do observador elevado 5 metros acima do nível do mar,
em tempo claro.

Considerações Finais:
Nesta unidade, você estudou o tema “Posição no mar”, que
é um dos mais importantes para o Exame de Mestre-Amador.
Você aprendeu como determinar a posição no mar pelos
processos mais variados sempre utilizando as “linhas de
posição”.
Conheceu as técnicas e regras para as navegações costeira e
estimada. Aprendeu como anular os efeitos da corrente sobre a
trajetória da embarcação, mantendo, assim, sua derrota
planejada, e por fim, conheceu alguns métodos para
determinar a distância a um objeto que “boiou” ou “alagou” no
horizonte.

Para concluir o estudo


A finalização do estudo só estará completa se você realizar
os exercícios propostos de forma disciplinada. Realize o máximo
de exercícios simulados online, e se for preciso, consulte os
endereços indicados na coluna “Saiba mais” relacionados ao
final de cada unidade.

Bons Ventos!

Parabéns por ter concluído está unidade.


Verifique seus conhecimentos, realizando os Simulados Online.
Acesse o site e selecione “Por Disciplina”: Navegação Estimada e Costeira e Problemas de Navegação

Saiba mais
Você pode saber mais sobre o assunto estudado nesta unidade consultando os seguintes
sites:
 https://www.mar.mil.br/dhn/bhmn/download/cap4.pdf
(a posição no mar; navegação costeira)
 https://www.mar.mil.br/dhn/bhmn/download/cap5.pdf
(navegação estimada)
 http://www.sispesca.io.usp.br/outros/cursos/navegacao/
 http://www.4shared.com/document/UMy0M1Pr/4_-_NAV_1_10__-_UN_IV_-_Posio_.html
 http://www.ebah.com.br/content/ABAAAexa0AC/navegacao
 http://www.oocities.org/g_anjos/ams.htm
 http://www.ancruzeiros.pt/anci-bussola.html
 http://clubedoarrais.com/?tag=declinacao-magnetica&paged=3

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