Você está na página 1de 10

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
DO TRIÂNGULO MINEIRO - CAMPUS PARACATU

PROJETO DE PESQUISA

Energia solar: uma alternativa possível

Professor Ronaldo Eduardo Diláscio, Msc.

Paracatu - MG
2010
2

1. Introdução

A energia que o Sol fornece para o nosso planeta, anualmente, corresponde a dez
mil vezes o consumo mundial de energia no mesmo período, ou 1,5 x 1018 kWh. O
aproveitamento dessa energia gerada pelo Sol, tendo em vista o esgotamento das reservas
de energia fóssil para as próximas décadas, torna-se uma das alternativas mais promissoras
de recursos energéticos que o homem tem à sua disposição de forma inesgotável na escala
terrestre de tempo.
Segundo o Ministério de Minas e Energia, o Brasil possui um grande potencial para
utilização de energia solar fotovoltaica, pois possui regiões onde existe um baixo consumo
local, uma grande dispersão dos usuários, dificuldade de acesso e restrições ambientais.
Nas comunidades isoladas, painéis solares fotovoltaicos podem ser usados de forma
individual, quando distante da rede elétrica, ou de forma híbrida, visando economizar
Diesel.
Atualmente, os sistemas fotovoltaicos vêm sendo utilizados em instalações remotas
possibilitando vários projetos sociais, agropastoris, de irrigação e comunicações. As
facilidades de um sistema fotovoltaico tais como: modularidade, baixos custos de
manutenção e vida útil longa, fazem com que sejam de grande importância para instalações
em lugares desprovidos da rede elétrica.
O projeto de pesquisa em energia alternativa está em linha com algumas das
finalidades dos Institutos Federais, quais sejam realizar e estimular a pesquisa aplicada, a
produção cultural, o empreendedorismo, o cooperativismo e o desenvolvimento científico e
tecnológico, bem como promover a produção, o desenvolvimento e a transferência de
tecnologias sociais, notadamente as voltadas à preservação do meio ambiente. Segue,
também, um dos objetivos dos Institutos Federais, que é realizar pesquisas aplicadas,
estimulando o desenvolvimento de soluções técnicas e tecnológicas, estendendo seus
benefícios à comunidade.
3

2. Objetivo

2.1. Objetivo Geral

Estudar a produção de energia solar fotovoltaica para a geração de energia elétrica


de forma sustentável, de acordo com as mais recentes tendências tecnológicas e em
consonância com as demandas dos setores mais necessitados.

2.2. Objetivos Específicos

- Identificar as necessidades regionais em relação à energia solar fotovoltaica.


- Elaborar projetos pilotos de geração de energia solar fotovoltaica.

3. Justificativa

Grande parte da energia consumida atualmente no mundo provém de reservas de


energia fóssil. Prevê-se um esgotamento dessas reservas para os próximos cinquenta anos
(FIG. 01). Novos campos de petróleo são descobertos, mas a um custo altíssimo e em
águas ultraprofundas, e que não conseguirão enfrentar o crescimento populacional junto
com a inclusão de imensas populações na economia de mercado. Para substituir os
combustíveis fósseis, a humanidade precisará trocar essas fontes de energia não renováveis
por outras, renováveis.
Com esse esgotamento, é natural que o custo por kW/h de energia elétrica suba em
todo o mundo, inclusive no Brasil, pois o custo do combustível fóssil para as usinas
térmicas terão que ser subsidiadas pelo aumento no custo das outras fontes de energia, para
se manter o equilíbrio no preço de mercado da energia elétrica disponível aos
consumidores.
4

FIGURA 01
Fonte: Embrapa

Nesse contexto, impõe-se às instituições de ensino tecnológico o desafio de


desenvolver pesquisas e criar condições educacionais adequadas para que os futuros
técnicos tenham competências específicas para desenvolver e aplicar os conhecimentos
adquiridos em prol da comunidade, mormente aquelas mais distantes dos grande centros e
as mais necessitadas.
Além de capacitar os discentes na teoria de energias alternativas, o projeto irá
contribuir com a formação acadêmica, criando o hábito da leitura e pesquisa científica e
incentivando os alunos a escrever artigos sobre o tema.

4. Revisão da literatura

De acordo com o Ministério de Minas e Energia (BRASIL, 2007, p.21) em seu


Plano Nacional de Energia 2030, para realizar seu planejamento de longo prazo dois
pontos são destacados e ganham relevância para a sociedade: a busca da eficiência
energética e o respeito às questões socioambientais, dentro da ótica de desenvolvimento
sustentável.
E não poderia ser diferente. A energia tornou-se um bem indispensável para nossa
sobrevivência e bem estar. A sociedade busca levar esse bem a todos os cidadãos, não
5

importa onde estejamos. “Um dos principais motivos da ausência de energia elétrica na
vida de milhares de pessoas no mundo é a condição de pobreza aliada à situação de
isolamento geográfico em que elas se encontram.” (PINHO et al, 2008, p.21)
Uma das soluções para levar energia elétrica a locais isolados é a de utilizar grupos
geradores movidos a combustível fóssil, principalmente óleo diesel. Essa solução tem um
custo inicial reduzido, mas um alto custo ecológico e uma previsão de esgotamento das
reservas de recursos fósseis. Outras soluções passam pela utilização de energias
alternativas. Investimentos estão sendo feito em toda a parte do mundo para tornar as
fontes renováveis de energia mais competitivas em relação às fontes convencionais.
Segundo Pinho e outros (2008, p.21), as opções mais consideradas atualmente para
geração de energia elétrica através de sistemas renováveis, são as que utilizam fontes
primárias dos tipos solar fotovoltaica e eólica, ressaltando-se que existe a possibilidade de
utilização de sistemas a biomassa e pequenas centrais hidrelétricas.

4.1. Energia Solar no Brasil

Quase todas as fontes de energia – hidráulica, biomassa, eólica, combustíveis


fósseis e energia dos oceanos – são formas indiretas de energia solar. Além disso, a
radiação solar pode ser utilizada diretamente como fonte de energia térmica, para
aquecimento de fluidos e ambientes e para geração de potência mecânica ou elétrica. Pode
ainda ser convertida diretamente em energia elétrica, através de efeitos sobre determinados
materiais, entre os quais se destacam o termoelétrico e o fotovoltaico.
Entre os vários processos de aproveitamento da energia solar, os mais usados
atualmente são o aquecimento de água e a geração fotovoltaica de energia elétrica.
O Brasil, além de possuir um grande potencial de geração de energia solar
fotovoltaica (FIG. 03), também possui regiões onde esta tecnologia é a solução mais
adequada (técnica e economicamente), devido ao baixo consumo local, à grande dispersão
dos usuários, dificuldade de acesso e restrições ambientais.
Nas comunidades isoladas, painéis solares fotovoltaicos podem ser usados de forma
individual, quando distante da rede elétrica, ou de forma híbrida, visando economizar
Diesel.
6

Também, existem testes de sistemas híbridos solar-eólico, não necessitando de


geração diesel. Hoje, o custo de instalação de um sistema de 160 Wp, é da ordem de R$
5.800,00 (cinco mil e oitocentos reais), segundo dados do programa LpT (Luz para Todos).
No país, o fator de capacidade médio dessa fonte é de 20 %, o que equivale a 5
kWh/ m²/dia. Dentro de 10 anos espera-se uma redução de 50 % nos custos de instalação.

FIGURA 3 - Potencial solar por região


FONTE: Ministério de Minas e Energia

Existe uma forte tendência mundial de aplicações distribuídas na modalidade


residencial e comercial, com destaque para o Japão e Alemanha. O grande mote é a
redução da dependência do petróleo e a não proliferação da energia nuclear.

4.2. Efeito Fotovoltaico

O efeito fotovoltaico dá-se em materiais da natureza denominados semicondutores


que se caracterizam pela presença de bandas de energia onde é permitida a presença de
elétrons (banda de valência) e de outra onde totalmente “vazia” (banda de condução).
7

O semicondutor mais usado é o silício. Seus átomos se caracterizam por possuírem


quatro elétrons que se ligam aos vizinhos, formando uma rede cristalina. Ao adicionarem-
se átomos com cinco elétrons de ligação, como o fósforo, por exemplo, haverá um elétron
em excesso que não poderá ser emparelhado e que ficará "sobrando", fracamente ligado a
seu átomo de origem. Isto faz com que, com pouca energia térmica, este elétron se livre,
indo para a banda de condução. Diz-se assim, que o fósforo é um dopante doador de
elétrons e denomina-se dopante n ou impureza n.
Se, por outro lado, introduzem-se átomos com apenas três elétrons de ligação, como
é o caso do boro, haverá uma falta de um elétron para satisfazer as ligações com os átomos
de silício da rede. Esta falta de elétron é denominada buraco ou lacuna e ocorre que, com
pouca energia térmica, um elétron de um sítio vizinho pode passar a esta posição, fazendo
com que o buraco se desloque. Diz-se, portanto, que o boro é um aceitador de elétrons ou
um dopante p.
Se, partindo de um silício puro, forem introduzidos átomos de boro em uma metade
e de fósforo na outra, será formado o que se chama junção pn. O que ocorre nesta junção é
que elétrons livres do lado n passam ao lado p onde encontram os buracos que os
capturam; isto faz com que haja um acúmulo de elétrons no lado p, tornando-o
negativamente carregado e uma redução de elétrons do lado n, que o torna eletricamente
positivo. Estas cargas aprisionadas dão origem a um campo elétrico permanente que
dificulta a passagem de mais elétrons do lado n para o lado p; este processo alcança um
equilíbrio quando o campo elétrico forma uma barreira capaz de barrar os elétrons livres
remanescentes no lado n.
Se uma junção pn for exposta a fótons com energia maior que o gap, ocorrerá a
geração de pares elétron-lacuna; se isto acontecer na região onde o campo elétrico é
diferente de zero, as cargas serão aceleradas, gerando assim, uma corrente através da
junção; este deslocamento de cargas dá origem a uma diferença de potencial ao qual
chamamos de Efeito Fotovoltaico.
Se as duas extremidades do "pedaço" de silício forem conectadas por um fio,
haverá uma circulação de elétrons. Esta é a base do funcionamento das células
fotovoltaicas.
8

FIGURA 4 - Efeito Fotovoltaico


FONTE: CEPEL

5. Materiais e Métodos

Sistemas isolados, em geral, utilizam-se alguma forma de armazenamento de


energia. Este armazenamento pode ser feito através de baterias, quando se deseja utilizar
aparelhos elétricos, ou armazena-se na forma de energia gravitacional quando se bombeia
água para tanques em sistemas de abastecimento. Alguns sistemas isolados não necessitam
de armazenamento, o que é o caso da irrigação onde toda a água bombeada é diretamente
consumida ou estocadas em reservatórios.
Em sistemas que necessitam de armazenamento de energia em baterias, usa-se um
dispositivo para controlar a carga e a descarga na bateria. O “controlador de carga” tem
como principal função não deixar que haja danos na bateria por sobrecarga ou descarga
profunda. O controlador de carga é usado em sistemas pequenos onde os aparelhos
utilizados são de baixa tensão e corrente contínua (CC).
Para alimentação de equipamentos de corrente alternada (CA) é necessário um
inversor. Este dispositivo geralmente incorpora um seguidor de ponto de máxima potência
9

necessário para otimização da potência final produzida. Este sistema é usado quando se
deseja mais conforto na utilização de eletrodomésticos convencionais.
O presente projeto necessitará de placas fotovoltaicas, controladores de carga,
inversores e banco de baterias. Será conduzido, em grande parte, nas dependências do IF
Triângulo - Campus Paracatu. Custos estimados para esse conjunto de equipamentos são
listados abaixo:
- 02 Painéis Solares Siemens SR100
- 01 Controlador de Carga Unitron
- 01 Inversor Unitron UNI-300
- 01 Bomba Shurflo 2088 - 12 Vcc
- 02 Baterias 200 AH
Custo total do kit …….. R$ 10.000,00
A pesquisa experimental se dará com a construção de unidade geradora no próprio
Campus, com coleta de dados e análise da eficiência de transformação de energia solar em
energia elétrica, seu armazenamento e sua utilização em equipamentos de corrente
contínua e de corrente alternada.
O levantamento das informações relativas ao potencial de utilização da energia
fotovoltaica na região se dará através de questionário a ser enviado aos cooperados da
COOPERVAP, atingindo, assim, o público alvo desejado, quais sejam, fazendas com
necessidades de energia elétrica e distantes da alimentação da concessionária pública.
Para a disseminação da tecnologia, serão programados “dias de campo” dentro do
Instituto, mostrando o funcionamento do protótipo, suas aplicações e vantagens.

6. Resultados esperados

Ao final do período do projeto de pesquisa, além de publicações de artigos


científicos para o crescimento acadêmico e profissional dos alunos , espera-se verificar a
possibilidade de disseminação das tecnologias para as regiões mais distantes do noroeste
mineiro, tendo em vista a grande área com baixa densidade populacional e baixo índice de
desenvolvimento humano, contribuindo, assim com os benefícios do conhecimento
técnico-científico para a comunidade em geral.
10

7. Cronograma de Atividades

Atividade Cronograma
01 Especificação e compra dos materiais 00 - 90
02 Elaboração do questionário de pesquisa 30 - 60
03 Divulgação do questionário de pesquisa 60 - 150
04 Montagem dos protótipos 120 - 240
05 Análise dos dados e ajuste dos protótipos 180 - 270
06 Demonstração dos protótipos para a comunidade 300 -

8. Referências

ALDABO, R. Energia Solar. São Paulo, Artliber, 2002.

BERMANN, C. Energia no Brasil - Para quê? - Para quem? São Paulo: Livraria da
Física, 2002.

BRASIL. Ministério de Minas e Energia. Plano nacional de Energia 2030 / Ministério


de Minas e Energia ; colaboração Empresa de Pesquisa Energética. Brasília: MME:
EPE, 2007.

COMETTA, E. Energia Solar - Utilização e empregos práticos. São Paulo: Hemus,


1978.

IENO, G; NEGRO, L. Termodinâmica. São Paulo: Pearson, 2004.

LEITE, A.D. A energia do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.

PALZ, W. Energia Solar e Fontes Alternativas. São Paulo: Hemus, 1995.

PINHO, J.T., et al. Sistemas Híbridos. Brasília: Ministério de Minas e Energia, 2008.

WALISIEWICZ, M. Energia Alternativa - Solar, Eólica, Hidrelétrica e de


Biocombustíveis. São Paulo: Publifolha editora, 2008.

Você também pode gostar