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REFERENCIAL TEORICO

O período da escola é sempre marcado pelas descobertas de cada um, no que


tange a um dos primeiros grandes contatos sociais humanos que serão de grande
contribuição para o desenvolvimento humano. Para que este desenvolvimento ocorra de
maneira saudável e concreta é preciso que os ambientes do qual o sujeito irá interagir
estejam completamente aptos a recebe-lo e contemplar suas demandas, para isso, faz-se
necessário que haja a intervenção psicológica em todos os âmbitos possíveis (Físicos,
no tocante a ambiente e subjetivos, ao referir-se ao amparo psicológico).
A começar pela educação infantil, local onde a instrução do sujeito estará mais
próxima ao contato com o fato de que o sujeito é uma folha em branco, e os eventos que
tendem a ocorrer serão os guias de sua formação. Segundo Neves e Damiani (2006) a
teoria vigotskyana fundamenta a pessoa humana como um resultado de suas relações
histórico-sociais, onde essas relações fundamentam-se na modelagem do que
entendemos por subconsciente por meio dos signos, onde estes, como forma de
respostas do sujeito as demandas do mundo, geram e organizam processos psicológicos.
Esta modelagem além de construir o “interior” também prepara para futuras conexões
com demais eventos e pessoas que podem gerar, ou não, conflitos internos que podem
resultar em respostas indesejáveis ou até tóxica, como é o caso da agressividade das
crianças para com outras de seu convívio ou a irritabilidade caso seus desejos não sejam
realizados com imediatismo ou frustrados (o que também chamamos de birra).
Nesse contexto faz-se necessário que a criança esteja em uma linha de conexão
maior com o próximo, fazendo-se capaz de captar e interpretar as demandas de outros
que estejam a sua altura e assim responde-las conforme sua capacidade, um ato
fundamentado na empatia, fator esse cada vez mais necessário em nosso contexto
mundano. Esta palavra, empatia, ao ser empregada num contexto social tem a
capacidade de expandir a sororidade entre as pessoas de forma mutua, o que também se
aplica ao meio escolar, principalmente na educação infantil, pois a criança aprenderá
desde cedo a importância de se por em uma situação sem que necessariamente esteja e
assim possa tomar uma medida interventiva para si ou outros.
Para Silva e Rodrigues (2012) ao praticar a empatia a criança é capaz de
desenvolver melhor suas habilidades, ter maior maleabilidade em sua persona perante a
sociedade em que ela deseja se encaixar e também potencializar suas capacidades de
socialização. É evidenciado em texto que as habilidades empáticas da criança irão se dar
através da pratica das mesmas que somadas a fatores sociais exteriores serão capazes de
ascender o rendimento empático.
Sabendo disso, é fato que a escola é um dos maiores experimentos sociais do
sujeito em sua jornada de descobrimento e análise da vida, por isso é de suma
importância que esta, em quanto organização formadora, e os que a compõem estejam
completamente aptos a atender as exigências de seu público. Assim, faz-se necessário
que os professores e demais personas do ambiente educacional também preguem e
pratiquem suas habilidades empáticas. Ao falar sobre o ambiente escola e metodologias
muitas vezes questionáveis Nunes-valente e Monteiro (2016) afirmam que a mesma está
focada no preparo do sujeito para enquadrar-se no mercado de trabalho, no entanto, está
distante da perspectiva do preparo para a vida, negligenciando, muitas vezes, as
emoções dos alunos.
Para além disso, também é falado sobre os professores que exercem a profissão
em um mundo em constante transformação, sendo assim, tardam a rumar seus ensinados
em uma direção que seja apta aos mesmos. Nunes-Valente e Monteiro, ainda neste
contexto inferem:

O currículo escolar dita que até ao ensino secundário os alunos aprendem


disciplinas essenciais para a vida adulta. Mas, a par da Matemática, das
Ciências e do Português há outro conjunto de aptidões que desempenham um
papel importante no futuro de qualquer pessoa: o desenvolvimento da
inteligência emocional, que pode ajudar alunos a obterem melhores
resultados escolares assim como professores a terem uma melhor prática
docente (...) O pensamento platónico defendia que a tarefa essencial da
sociedade era a de ensinar os jovens a encontrar o prazer nas atividades de
aprendizagem, assim como toda a aprendizagem tinha de possuir uma base
emocional. (NUNES-VALENTE & MONTEIRO, 2016, p. 2)

Assim, para que se haja aprendizagem o uso emoção reveste-se de valor, visto que será
esta capaz de alterações orgânicas e psíquicas capazes de dimensionar a interpretação,
logo a interpretação irá ditar atos e retornos a possíveis relacionamentos humanos as
emoções são concebidas numa ligação entre o indivíduo e o meio, representando um
contributo para o raciocínio e para a inteligência em geral, sendo adaptativas e
funcionais, assim “as emoções são concebidas numa ligação entre o indivíduo e o meio,
representando um contributo para o raciocínio e para a inteligência em geral, sendo
adaptativas e funcionais” (NUNES-VALENTE & MONTEIRO, 2016, p. 3).
Como base de explanação, em 2014 com o intuito de evidenciar que os serviços
de psicologia podem potencializar a busca pela terapia no serviço-escola buscar foi
realizado um experimento sobre atenção psicológica das pessoas que se inscreveram em
um serviço escola de uma universidade no interior do estado de São Paulo, por Rita
Aparecida Nicioli Cerioni (Universidade de São Paulo) e Eliana Herzberg
(Universidade Paulista), fazendo uso do método clínico-quantitativo, onde há pesquisa e
ação. No experimento foram entrevistados 10 participantes adultos inscritos em um
serviço-escola no interior de São Paulo.
Cada participante pertencem a comunidade local e foram inscritos no projeto
através de encaminhamentos, indicações ou vontade própria. A ordem de chamada
ocorreu conforme a inscrição e foram excluídos aqueles que já haviam sido
contemplados por alguma intervenção psicológica.
Como instrumentos foram usadas técnicas de triagem psicológica que
conectavam-se ao motivo pela busca em participar do experimento, também foi usado o
método de triagem interventiva. Durante um ano os inscritos foram acompanhados e ao
fim foram coletados dados sobre a triagem.
As analises foram realizadas através da interpretação dos dados obtidos em seu
conteúdo:

A análise de conteúdo consiste em uma codificação do material a partir do


texto em sua forma bruta. Essa transformação é realizada segundo regras
precisas que, por recorte, agregação e enumeração, possibilita que, do
conteúdo, surja uma representação, um significado, um sentido e uma
expressão. (CERIONI & HEZBERG, 2014, p. 5)

Na primeira tabela vê-se em categorias queixas manifestas, latentes e também as


expectativas criadas. Logo em seguida são apresentadas as subcategorias convergentes a
sua frequência, sendo assim: Depressão (5 casos), ansiedade/irritação (3 casos),
inibição/retraimento (2 casos), desvalorização de si (5 casos), sentimento de abandono
(3 casos), rigidez/onipotência (2 casos), cura da queixa manifesta (10 casos), ter com
quem conversar (7 casos), encontrar respostas (2 casos) e conhecer-se (1 caso). Dentre
os casos é deixado claro que o diagnóstico dos sujeitos depressivos foi dado por
apresentação de laudo médico, nem um diagnosticado pelas realizadoras do
experimento, visto que essa tarefa não as cabia.
Na tabela dois é colocado: participante, tempo entre triagem e psicoterapia
breve, número de sessões em psicoterapia breve, faltas e status. Dentre os expostos da
tabela alguns casos foram destacados em suas particularidades. Foram colocados casos
de dificuldade de comunicação familiar, sofrimento por amor não correspondido,
insatisfação com o corpo e sexo de nacimento, inflexibilidade emocional resultada de
sofrimento e patologias decorrentes do sofrimento psíquico.

REFERENCIAS
1
NEVES, R. A. & DAMIANI, M. F. Vygotsky e as teorias da aprendizagem.
UNIrevista, V. 1, n° 2, p. 1-10, Abr. 2016.
2
NUNES-VALENTE, M. & MONTEIRO, A. P. Inteligência Emocional em Contexto
Escolar. Revista Eletrónica de Educação e Psicologia, V. 7, p. 1-11, 2016.
3
CERIONI, R. A. N. & CERIONI, E. Expectativas de Pacientes acerca do Atendimento
Psicológico em um Serviço-Escola: da Escuta à Adesão. Psicologia: Ciência e
Profissão, v. 36, n. 3, p. 597-609, jul/Set. 2016.
4
RODRIGUES, M. C & SILVA, R. L. M. Avaliação de um programa de promoção da
empatia implementado na educação infantil. Estudos e pesquisas em psicologia, v. 12,
n. 1, p. 59-75, 2012.

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