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Angela Lazagna2
Sandra Zarpelon3
Este artigo está pautado em dois eixos de discussão: o primeiro, o abandono pelo
Partido dos Trabalhadores de uma proposta de construção de uma democracia ampla e
popular; o segundo, vinculado ao primeiro, a adesão passiva desse partido às propostas
neoliberais, o que implicou na sua negação de uma reflexão sobre um projeto
alternativo de desenvolvimento econômico e social para o país.
Neste sentido, pretendemos apresentar alguns apontamentos sobre as
características dos programas de governos elaborados pelo PT de 1989 a 2006,
articulando essa análise a alguns momentos chaves da atuação petista na cena política
brasileira desse período, no intuito de explicitar o abandono, pelo partido, do projeto de
construção de uma “cidadania ampliada” para a sociedade brasileira.
O Partido dos Trabalhadores, fundado em 1979, apresentou como novidade uma
proposta de organização partidária mais democrática e com maior interação entre as
bases e o partido nos processos decisórios4. Essa dinâmica teve como principal
pressuposto a estreita relação do partido com os movimentos sociais, tais como as CEBs
– Comunidades Eclesiais de Base – e o novo sindicalismo, os quais estavam ligados –
organicamente – à sua constituição e fundação. Caracterizando melhor essa ligação,
pode-se dizer que as CEBs influíram tanto na organização partidária quanto na postura
do PT na sua defesa de um governo democrático, ao insistirem na defesa de formas
participativas e da democracia direta na ação política mais ampla. Já o novo
sindicalismo, através da prática da democracia direta, contribuiu na viabilização de um
maior envolvimento dos seus filiados no processo decisório do partido5.
1
Esse trabalho é uma versão ligeiramente modificada da comunicação apresentada no Simpósio As
eleições de 2006 e a democracia no Brasil”, realiado entre os dias 04 e 07 de dezembro de 2007, na
Universidade Federal do Paraná (UFPR), organizado pelo Núcleo de Pesquisa em Sociologia Brasileira
(UFPR) e pelo Núcleo de Pesquisa “Curitiba pensa o Paraná” (Faculdades Curitiba).
2
Doutoranda no programa de Ciência Política, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), da
Universidade Estadual de Campinas /UNICAMP) e pesquisadora do Centro de Estudos Marxistas
(Cemarx).
3
Doutoranda no programa de Ciência Política, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), da
Universidade Estadual de Campinas /UNICAMP) e pesquisadora do Centro de Estudos Marxistas
(Cemarx).
4
Meneguello, apud, Amaral, Oswaldo E. do. A estrela não é mais vermelha: as mudanças do programa
petista nos anos 90. São Paulo: Garçoni, 2003, p. 37.
5
Amaral, op. cit.
1
Uma importante declaração de Lula, após as experiências das greves do final dos
anos 70, evidencia a constatação de que a participação política era a única forma de
mudar a situação dos trabalhadores. Nas suas palavras:
2
Porém, em 1992, após a derrota de Lula à presidência e instaurado o clima geral
de impeachment do então presidente Collor, a prática e o discurso do PT na cena
política transpareceram a transformação do partido11.
Mesmo com a criação de um Governo Pararelo – órgão liderado pelo PT com o
objetivo de organizar a oposição ao Governo Collor e de sistematizar propostas políticas
nas mais diversas áreas, o comportamento do partido frente ao processo de
impeachment é um indicador do processo de sua aceitação passiva das propostas
neoliberais12.
Na prática, o PT ressaltava a necessidade da comprovação das denúncias de
corrupção endereçadas à Collor para que o pedido de impeachment fosse feito, alegando
a existência de uma ameaça de golpe pela direita. Mas no plano do discurso, o partido
encampou a defesa da ética na política, abandonando a via da crítica contundente ao
modelo neoliberal. Esse discurso despolitizador, segundo Martuscelli, sinaliza que a luta
do PT já estava se dando no plano dos efeitos das políticas neoliberais e não das suas
causas, nunca explicitando, pois, quais interesses de classes se vinculavam à política
econômica aplicada pelo governo Collor13.
É importante ressaltar que no final de 1992, a corrente petista Convergência
Socialista – atual PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado) – foi expulsa
do PT, justamente por defender que a defesa do impeachment de Collor de Mello
deveria significar mais do que a defesa da constitucionalidade; ou seja, após a deposição
do então presidente, essa corrente defendia a convocação de novas eleições. Também
foi característica dessa corrente (bem como da corrente Trabalho) politizar esse
entre uma crítica ao “socialismo burocrático”, ou seja, à experiência do “socialismo real” e a defesa de
um “socialismo democrático”, mas democrático no sentido de viabilização do fortalecimento das
instituições democráticas da sociedade brasileira. A revolução política, para o PT, nunca esteve na ordem
do dia, apesar da sua defesa por correntes internas ao partido (Convergência Socialista – atual PSTU –,
Trabalho, etc.) O que o PT defendeu, de fato, ou seja, o que transpareceu nos seus programas, era a
construção de uma “cidadania ampliada” para o Brasil. O rótulo “socialismo democrático” adequou-se,
neste sentido, à autodenominação do partido para: 1. diferenciá-lo dos outros partidos existentes enquanto
a única opção de esquerda no Brasil, 2. para diferencia-lo da social democracia européia
(“eurcominismo”) ou do “socialismo real”. Não concordamos, pois, com a tese defendida por David
Samuels, em seu artigo “From socialism to social democracy. Party organization and the transformation
of the Worker’s Party in Brazil”. In: Comparative Political Studies. Vol. XX, no X, November, 2004, p.
1-26, qual seja, a de que o PT haveria abandonado a defesa de uma transformação socialista da sociedade
brasileira.
11
Compartilhamos aqui da hipótese de adesão passiva do PT às propostas neoliberais formulada por
Martuscelli, Danilo. A crise do governo Collor e a tática do PT. Dissertação de mestrado, Campinas,
Unicamp, 2005.
12
Idem.
13
Idem.
3
processo através da luta contra a política econômica neoliberal implantada pelo governo
Collor14.
Somente após as denúncias de Pedro Collor na revista Veja, o PT defende a
abertura de uma CPI para investigar as denúncias contra Collor de Mello. Mas, ao invés
de denunciar a política neoliberal implantada por aquele governo, soma seu discurso ao
coro que defendia a ética na política e o combate à corrupção. Além disso, apóia a posse
do vice Itamar Franco, mesmo não concordando em participar do seu governo15.
Já o programa de 1994, intitulado “Uma Revolucção Democrática no Brasil”,
apesar de enfatizar as questões práticas de governo através do detalhamento do seu
plano de ação em várias frentes, não enfatiza a discussão sobre as vias de participação
popular, que passa a ser vista como resultado da auto-organização da sociedade, bem
como as vias de um combate frontal ao projeto neoliberal 16. Sobre esse ponto, verifica-
se a existência da adesão passiva a esse projeto, quando o programa aponta como
inevitáveis as transformações estruturais do processo produtivo, propondo medidas
paliativas de combate aos prejuízos por ela ocasionados. Citando o programa:
4
direta pelas propostas da bolsa-escola e do Orçamento Participativo, a oposição
propositiva ao governo FHC, através da ênfase da capacidade administrativa petista, da
sua experiência e credibilidade para governar o Brasil, em substituição de uma proposta
de contraposição ao modelo neoliberal vigente no país e o desaparecimento da proposta
de suspensão imediata do pagamento da dívida externa.
Já as diretrizes programáticas do PT para as eleições presidenciais de 2002
partem de um diagnóstico da situação econômica e social do país para, então, traçar um
protocolo de intenções de governo19. Podemos dizer que o diagnóstico está em
conformidade com boa parte das análises progressistas sobre os governos neoliberais de
Fernando Henrique Cardoso. Traça um perfil do país, enfatizando sua desigualdade
social, agravada depois de oito anos de políticas neoliberais, e sua situação periférica
dependente economicamente.
Uma das críticas aponta para o modelo de privatizações. Ou seja, a crítica não é
direcionada às privatizações em si, mas à forma como foram realizadas. Assim, o
documento ressalta que as privatizações ocorreram sem planejamento, sem a visão de
uma estratégia de desenvolvimento, nem a consolidação de um marco regulatório
adequado para a sua realização. Isso, aliado à fragilidade do Estado naquela conjuntura,
teria debilitado sua infra-estrutura, diminuindo seu poder de competitividade sistêmica e
tolhendo o potencial de crescimento da economia. Essas colocações presentes no
programa do PT nos levam a entender que o partido apoiaria um outro modelo de
privatizações; ou melhor, aparentemente, o partido teria entendido que as privatizações
eram inevitáveis ou, mais do que isso, necessárias, o que nos leva a pensar que o partido
adotou a idéia do caminho único apregoado pelos neoliberais.
É importante ressaltar que, apesar desse diagnóstico apontar um equívoco no
processo de privatizações, ele não levanta a possibilidade de uma investigação desses
processos e suas possíveis reversões. Muito se falou sobre a ausência desse ponto no
programa de 2002. Entendemos, porém, que o diagnóstico acerca das privatizações não
comportaria esse procedimento. Isso porque o PT não diz, em seu documento, que as
privatizações tiveram irregularidades, mas apenas que foram realizadas sem
planejamento e sem uma estratégia de desenvolvimento que orientasse tal processo.
19
As informações sobre as propostas de governo para 2002 e 2006 foram retiradas dos próprios
programas de governo, através do endereço eletrônico do Partido dos Trabalhadores: www.pt.org.br;
acessado em setembro de 2006.
5
A partir de um diagnóstico pessimista sobre o modelo econômico adotado pelo
governo FHC, o programa reforça, genericamente, a necessidade de ruptura com tal
modelo. Literalmente, diz o documento:
20
PT, Diretrizes do programa de governo do PT para o Brasil, 2002. www.pt.org.br, em setembro de
2006.
6
e riqueza, a geração de emprego, a inclusão social, o uso sustentável dos recursos
naturais, além da promoção de uma democratização do Estado. Tal modelo articularia
três eixos: o social, o democrático e o nacional. Como medidas a serem tomadas
encontram-se o fomento da economia solidária e a adoção de políticas sociais que ajam
como vetores do crescimento regional e local.
Entretanto, entendemos que a ampliação da economia solidária ocorre à margem
de uma ruptura com o modelo neoliberal, enquanto uma medida paliativa, restrita e
incerta de combate ao desemprego estrutural. Seu valor pode estar relacionado a uma
política de combate ao desemprego, mas não pode ser vista como alternativa ao modelo
neoliberal, ou mesmo ao modelo capitalista21. O programa Bolsa-família e a política de
recuperação do valor do salário mínimo atendem a intenção de criar políticas sociais
que funcionem como vetores de crescimento local. Porém, enfatizamos que esse
objetivo somente é alcançado em regiões de baixo desenvolvimento econômico e alto
desemprego, como o interior das regiões Norte e Nordeste. Nestas, o Bolsa-família e,
principalmente, a aposentadoria rural, atrelada ao valor do salário mínimo, têm papel
fundamental no aquecimento do comércio e produção locais. Mas quando pensamos em
áreas metropolitanas e cidades industrialmente desenvolvidas, esse impacto diminui
consideravelmente. Os valores tanto do Bolsa-família quando do salário mínimo são
muito baixos para aquecerem economias já desenvolvidas, com um custo de vida mais
alto e padrões de consumo mais complexos. Neste sentido, as propostas defendidas pelo
programa do PT para as eleições de 2002 em relação ao modelo econômico não
permitem uma ruptura com o modelo neoliberal.
Essa impossibilidade fica ainda mais nítida quando analisamos a “Carta ao Povo
Brasileiro”, lançada pelo então candidato Lula, em 22 de junho de 2002. Estão
presentes nesse documento o respeito aos contratos e o compromisso de manutenção e
até a ampliação do superávit primário como o caminho para um choque de confiança.
Nela também estão presentes propostas de reformas previdenciária e trabalhista. A
reforma previdenciária está referida com algum detalhamento no programa ou, pelo
menos, o programa apresenta uma intenção mais geral, a qual foi atingida, efetivamente,
quando da reforma implantada já no início do primeiro governo Lula: o início da
unificação dos regimes previdenciários público e privado. Logo, a “Carta ao Povo
Brasileiro” é uma condensação das propostas que estão difusas e até um tanto
21
Zarpelon, Sandra. A Esquerda não socialista e o novo socialismo utópico: aproximações entre a
atuação das ONGs e o cooperativismo da CUT. Dissertação de mestrado, Campinas, Unicamp, 2003.
7
disfarçadas no programa, com a “novidade” de estabelecer um compromisso formal
com o sistema financeiro.
Por fim, gostaríamos de ressaltar que consideramos o programa eleitoral de 2006
um reforço do programa de 2002. Mesmo que o diagnóstico nele contido sofra algumas
mudanças, já que parte da “herança maldita” recebida pelo governo FHC e das
dificuldades enfrentadas para superá-la, está presente a idéia de que essa superação
somente foi conseguido ao final do primeiro mandato, pressupondo-se, neste sentido, a
a “necessidade” de um segundo mandato para a concretização do modelo de
desenvolvimento sustentável já proposto em 2002.
Algumas medidas demonstram a disposição em dar continuidade ao modelo
econômico neoliberal sustentado no primeiro mandato, como a manutenção do superávit
primário, a proposta de uma nova reforma trabalhista sem que seu conteúdo esteja
explicitado e o encaminhamento da reforma sindical. Em relação à política social,
podemos notar um aprofundamento de propostas permeadas por características
neoliberais, como a focalização e reformas também de áreas tradicionalmente cobertas
por direitos universais, como saúde e educação. Para promover essa focalização, o
governo pretende se valer do Cadastro Único, usado para a escolha dos beneficiários
dos programas de transferência de renda. Diz o documento:
8
combate à fraude e aos pagamentos indevidos, o programa coloca a institucionalização
do censo previdenciário. Tal institucionalização sugere a adoção de uma periodização
que pode ser, no limite, bastante curta, dificultando a manutenção do recebimento por
parte dos beneficiários.
Ao analisarmos as políticas mais representativas adotadas pelo primeiro mandato
do governo Lula e sugeridas para seu segundo mandato, notamos que há uma
continuidade muito forte em relação à política econômica de caráter neoliberal que vem
sendo desenvolvida desde o governo Collor de Mello e, principalmente, desde o
primeiro mandato de Cardoso. No caso das políticas sociais, essa continuidade também
existe, principalmente em relação ao segundo mandato do governo FHC, quando
começam a ser instituídas as políticas focalizadas de transferência de renda. A timidez
da iniciativa neste governo, no entanto, faz com que o “social” tomasse uma dimensão
muito maior no governo Lula. Assim, o que baliza o caminho trilhado pela política
social do governo Lula é o segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso,
principalmente em relação ao carro-chefe desta política – o Programa Bolsa família.
Este programa aproxima ainda mais a política social do governo Lula ao ideário
neoliberal em relação ao seu antecessor e, ao mesmo tempo, dá a ela um caráter
populista. Isso porque o programa consegue aprimorar a focalização em relação às
iniciativas de transferência de renda do período FHC, restringindo a população-alvo
através da diminuição do valor da renda familiar máxima necessária para que uma
família possa se candidatar ao benefício. Simultaneamente, com o aumento significativo
dos recursos despendidos e uma maneira peculiar de operação e de propaganda,
consegue dividendos políticos baseados em uma orientação de caráter populista.
O programa Bolsa-família – carro-chefe da política social do governo Lula -
representa o abandono da perspectiva universalizante dos direitos sociais ligados à
saúde, educação e saneamento básico e a adesão à perspectiva assistencialista e paliativa
de socorro aos mais vulneráveis e numa noção limitada de proteção social 23. De maneira
geral, é um programa focalizado de combate à pobreza extrema, compensatório,
paliativo e que coloca o foco da assistência social no mercado, e o assistido como
consumidor, mantendo todas as características das políticas neoliberais incentivadas
pelo Banco Mundial. Porém, além desse caráter neoliberal, tal como é
operacionalizado, o programa pode ser considerado uma concessão – e não um direito –
23
Almeida, Maria Hermínia Tavares de. “A política social no governo Lula”.
www.desenvolvimentosocial.sp.gov/desenvolvimentosocial/File/documentos/polsociallula.pdf, 2004;
acessado em fevereiro de 2006.
9
às classes trabalhadoras, representadas pelas frações de difícil ou impossível reinserção
pelo trabalho. O caráter superficialmente reformista, o seu uso ideológico e a sua não
institucionalização como direito dão ao programa um caráter populista.
É nesse sentido que consideramos que a importância do Programa Bolsa Família
para o governo Lula não deve ser minimizada. Apesar de ser um programa paliativo,
com benefícios reduzidos e extremamente focalizado, nas regiões Norte e Nordeste a
sua implantação foi decisiva para dar a Lula o seu segundo mandato. Vejamos alguns
exemplos, apenas para efeito de ilustração, da força do programa nessas regiões: Lula
ganhou a eleição em todos os Estados do Nordeste, onde se concentra o maior número
de beneficiados do Bolsa Família, com um recorde de 77% dos votos válidos da
região24. Em muitas cidades de pequeno porte das regiões Norte e Nordeste, o vitória
ultrapassou os 90% dos votos válidos. Em Guaribas, PI, Lula obteve 93,71% dos votos
válidos; em Quixaba, PE, 95,17%25. Mas o grande recorde veio do Maranhão: Na
pequena cidade de Central do Maranhão, com cerca de 5300 eleitores, Lula obteve
97,1% dos votos. Nessa cidade, sem infra-estrutura de saúde e saneamento, 70% da
população é beneficiada com o programa.
Retomando e retificando, pois, o título desse trabalho, defendemos que a
proposta de construção de uma cidadania ampla e popular é abandonada pelo PT, não
sendo substituída, no entanto, por uma proposta de viabilização da aplicação de um
social-liberalismo, que poderia garantir a coexistência de políticas neoliberais com
direitos sociais mínimos, como a manutenção do direito à saúde, à educação, à
habitação. Mais do que isso, o que tantamos evidenciar, a partir dessa rápida análise dos
programas de governo petista é que uma proposta de uma política social-liberal não foi
delineada, especificamente, pelos programas de 2002 e 2006 e que esta nem mesmo está
colocada no horizonte de prioridades do atual governo.
24
Dado extraído de www.noticias.uol.com.br/ultnot/retorspectiva.2006/materias/eleicoes.jhtm.
25
Dados extraídos do jornal “Correio Brasiliense”, em: www.clipping.planejamento.gov/notícias.
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