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A noite é tão vasta

que me pergunto...

Porque existo Eu

entre a orquestra de cães

que toca no ladrar dos carros?

Quantos pensamentos

me percorrem

ao fugir para as estrelas?

Quantos pensamentos

se esvaziam na barreira

do cemitério dos vivos?

Cemitério ao qual

aprendemos a chamar civilização...

Ah...

Vassalos da noite,

os corpos que balanceiam

ao sabor do vento

e do álcool.

Inconscientes numa consciência ilusória.

Perante as forças do universo,

a mente humana é tão livre quanto uma pedra.

Livre de liberdades!

A liberdade é apenas uma música;

à qual os Deuses da nossa civilização querem


que dancemos.

Oh!

Como rejubilam os nossos Deuses

vislumbrando milhões de corpos

dançando ao sabor da aura nocturna,

corpos ostentando em orgulho todos os símbolos

que visam mascarar a temporalidade que os afecta.

Os símbolos que os organismos racionais

procuram na procura das liberdades

apenas reservadas a divindades.

Mas simbolismos são apenas poeira.

Poeira que se levanta da lama

ao som dos violinos divinos.

A melodia;

é a melodia dos conflitos que perpetuamos

no preenchimento de espaços

que tememos descobrir vazios nas nossas mentes!

Mas nada disso interessa.

Nada disso interessa agora.

É noite.

Nas ruas não faltam os rejeitados

pelo paradigma dos Deuses.

Pelas suas regras...

Mas a mesma pergunta persiste:


O que faço Eu,

metafisicamente falando,

algures na orquestra de cães

que toca no ladrar dos carros.

Nada na existência faz de facto sentido,

disso tenho eu a certeza.

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