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Introdução
O problema da coerência surge em função do ordenamento jurídico constituir-se
por um conjunto de normas, as quais por emergirem de variadas fontes podem
apresentar oposições entre si. Essas oposições somente podem ser avaliadas ou julgadas
se levado em conta o conteúdo das normas, não bastando referir-se à autoridade jurídica
da qual emanaram. É neste ponto que Bobbio diverge de Kelsen. Para Kelsen o sistema
jurídico é fundamentalmente um sistema dinâmico – entendido este como um sistema
puramente formal, que não se refere à conduta que as normas regulam, mas tão somente
à maneira como essas normas foram postas. Para Kelsen, a existência de duas normas
cujo conteúdo seja contraditório não torna ilegítimo o sistema nem invalida as normas
contraditórias. Bobbio não admite esse ponto de vista porque considera que viola a idéia
de sistema como totalidade ordenada: como considerar um sistema permeado de normas
opostas como uma "totalidade ordenada"?
Ele faz a distinção entre dois tipos de relações de normas: a material e a formal
Uma das diferenças entre Moral e Direito está no fato de que o Direito tem o seu
ordenamento jurídico julgado com base em um critério formal, ou seja, independente do
seu conteúdo e a Moral tem o seu ordenamento baseado em um critério de sobre aquilo
que as normas prescrevem, ou seja, seu conteúdo.
2. Três significados de Sistema
3. As antinomias
Além das situações acima descritas, para que haja antinomia é ainda necessário
que:
1) as duas normas pertençam ao mesmo ordenamento
2) as duas normas devem ter o mesmo âmbito de validade
a) temporal
b) espacial
c) pessoal
d) material
A partir das observações acima, o conceito de antinomia fica ampliado, podendo
ser considerada a antinomia jurídica como "aquela situação que se verifica entre duas
normas incompatíveis, pertencentes ao mesmo ordenamento e tendo o mesmo âmbito de
validade".
Tipos de Antinomias:
a) total-total - em nenhum caso uma das duas normas pode ser aplicada sem
entrar em conflito com a outra.
b) parcial-parcial - tem âmbito de validade em parte igual e em parte diferente.
c) total-parcial - uma tem âmbito de validade igual a outra, porém mais restrito.
Contudo, há casos em que não é possível aplicar esses critérios facilmente, pois
pode ocorrer antinomia entre duas normas contemporâneas, do mesmo nível ou ambas
gerais. Nessa situação, os critérios acima indicados não servem mais e não existe um
"quarto critério" que possa resolver esse tipo de antinomia.
Alguns tratadistas mais antigos tentaram elaborar alguns critérios para tentar
resolver esse tipo de antinomia, segundo a forma das normas antinômicas, que poderiam
ser imperativas, proibitivas ou permissivas, porém deve-se reconhecer que essas regras
não têm a mesma legitimidade daquelas deduzidas dos três critérios acima analisados.
Não havendo critério para resolver a antinomia, o juiz ou intérprete tem três
possibilidades:
1) elimina uma das normas.
2) elimina as duas.
3) conserva as duas.
Sendo três os critérios, os conflitos entre critérios podem ser três tipos:
1) conflito entre o critério hierárquico e cronológico – neste caso, o critério
hierárquico prevalece sobre o cronológico, pois do contrário a estrutura hierárquica do
ordenamento perderia seu sentido.
2) conflito entre o critério da especialidade e o cronológico – neste caso, deve o
critério da especialidade preponderar sobre o cronológico. Contudo, essa regra deve ser
tomada com cautela e ter como fundamento uma ampla casuística.
3) conflito entre o critério hierárquico e o de especialidade – neste caso, Bobbio
afirma que é impossível uma resposta segura e que não existe uma regra geral
consolidada. A solução dependerá do intérprete.
8. O dever da Coerência