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HANSENÍASE
Trata-se de uma doença infectocontagiosa crônica, polimorfa, potencialmente
incapacitante e curável. A doença acomete a pele e nervos periféricos. O agente etiológico é o
Mycobacterium leprar, o qual é um bacilo álcool-ácido resistente (BAAR) e é um organismo de alta
infectividade, baixa patogenicidade e alto poder imunogênico. A transmissão se dá pelo contato
íntimo e prolongado entre pessoas suscetíveis com o indivíduo multibacilar (não-tratado). Carga
bacilar de 10.000.000 de BAAR presentes na mucosa nasal.
A hanseníase parece ser uma das mais antigas doenças que acomete o homem. O
homem é reconhecido como a única fonte de infecção, embora já forma identificados animais
naturalmente infectados (tatu e chipanzé). Os registros da doença desde o século VI a.C.
Acredita-se que a doença tenha surgido no Oriente e se espalhado pelo mundo por tribos
nômades ou navegadores, como os fenícios. Também é conhecida como lepra ou mal de Lázaro,
antigamente a enfermidade era associada ao pecado, à impureza, à desonra.
Continua associada com estigma social considerável. Era incurável antes do advento da
terapia antibiótica eficaz na década de 1940. As pessoas com a doença se tornavam desfiguradas
e muitas vezes tinham deficiências significativas, fazendo com que fossem temidas e evitadas por
outros indivíduos. Por causa desse estigma social, o impacto psicológico da lepra é muito
significativo. A bactéria causadora da moléstia foi identificada pelo norueguês Armauer Hansen
em 1873. O tratamento é eficaz desde 1940.
Epidemiologia
Globalmente, o número de casos de hanseníase está caindo. A meta da OMS é eliminar a
doença até 2020, tendo como ideal 1 caso/100.000 hab. Ao longo de 2014, foram relatados cerca
de 213.000 novos casos, onde 80% desses casos ocorreram na Índia, no Brasil e na Indonésia. A
hanseníase pode ocorrer em qualquer idade, mas aparece, na maioria das vezes, nas pessoas de
5 a 15 anos ou > 30 anos. Tem um longo período de incubação. Predominância no sexo
masculino. Está associada a desigualdades sociais, pois afeta principalmente as regiões mais
carentes do mundo. É transmitida pelas vias aéreas (secreções nasais, gotículas da fala, tosse,
espirro) por pacientes considerados bacíliferos, ou seja, sem tratamento, aqueles que iniciam o
tratamento deixam de transmitir a doença.
Fisiopatologia
Os seres humanos são os principais reservatórios naturais para M. leprae. Acredita-se que
a hanseníase seja disseminada pela transmissão de uma pessoa para outra via gotículas e
secreções nasais. Contato casual (p ex. simplesmente tocar uma pessoa com a doença) e contato
breve parece não disseminar a doença. A maioria das pessoas imunocomprometidas infectadas
pelo M. leprae não desenvolve hanseníase em virtude de sua imunidade eficaz. Aqueles que o
fazem, provavelmentetêm uma predisposição genética. M. leprae cresce lentamente (dobrando
em 2 semanas). O período de incubação habitual varia de 6 meses a 10 anos. Uma vez que a
infecção se desenvolve, a disseminação hematogênica pode ocorrer. Tem tropismo pelos nervos
periféricos, especialmente as células de Schwann.
As formas clínicas da hanseníase apresentam distribuição espectral que está associada a
alterações imunológicas do hospedeiro.
Ptiríase alba
Ptiríase versicolor
Dermatite seborreica
No diagnóstico diferencial da hanseníase deve-se levar em conta as manifestações
dermatológicas, neurológicas, as doenças deformantes e doenças sistêmicas nos períodos
reacionais. A principal diferença entre a hanseníase e outras doenças dermatológicas é que as
lesões de pele de hanseníase sempre apresentam alteração da sensibilidade, as demais doenças
não apresentam essa alteração. As lesões de pele características da hanseníase são: manchas
esbranquiçadas ou avermelhadas, lesões em placas, infiltrações e nódulos.
Reações hansenicas
As complicações mais frequentes em uma pessoa com hanseníase são essas reações. As
reações hansênicas (ou episódios reacionais) são processos inflamatórios agudos ou subagudos
no decorrer da infecção crônica hansênica, e guardam relação direta com a imunidade celular do
indivíduo. As reações hansênicas podem ocorrer antes, durante e após o término do tratamento
com poliquimioterapia (PQT), tanto nos casos multibacilares quanto paucibacilares. Caso
acontecem durante o tratamento, este não deverá ser interrompido e, caso aconteça,
posteriormente ao término da PQT, o mesmo não deve ser reiniciado.
Reação Hansênica Tipo 1 (RT1) ou reação reversa (RR)
Ocorre nos indivíduos com a forma tuberculoide ou dimorfa e tende a surgir mais
precocemente, depois de iniciado o tratamento, entre o segundo e o sexto mês.
São características: lesões cutâneas inflamatórias de aparecimento súbito, formando placas novas
ou por exacerbação de lesões antigas, por vezes acompanhadas de febre e outros sintomas
gerais. As lesões preexistentes ficam mais sensíveis, mais salientes, brilhantes e quentes..... foto
Se as manifestações são apenas cutâneas, deve-se tratar sintomaticamente, com
antiinflamatorios não-hormonais e analgésicos.... foto
Reação hansêmica Tipo II (RT2) ou Eritema Nodoso Hansênico (ENH)
Aparece na forma Virchowiana e algumas vezes na dimorfa. Em geral, está associada a fatores
precipitantes, como infecções intercorrentes, traumatismos, estresse físico ou psíquico,
imunizações, gravidez, parto, diminuição da imunidade por exposição solar, dentre outros.
A clínica pode incluir uma ou mais das características:
Comprometimento de nervos, bem definido após palpação e avaliação da função renal
Presença de lesos coulares reacionais, com manifestações de hiperemia conjuntival com
ou sem dor, embaçamento visual, acompanhadas ou não de manifestações cutâneas.
Edema inflamatório de mãos e pés (mãos e pés reacionais)
Glomerulonefrite
Orquiepididimite
Artrite
Eritema nodoso grave com ulceração ou acometimento de órgãos internos
Pacientes masculinos, crianças e idosos, apenas com lesões cutâneas: talidomida na dose de 100
a 400 mg/dia, até a regressão das lesões cutâneas.
Pacientes do sexo feminino em idade fértil: tentar inicialmente com antiinflamatórios não
hormonais e analgésicos; se não houver resposta terapêutica, introduzir prednisona, na dose de
40 mg/dia, reduzindo gradualmente, conforme a melhoria dos sintomas.
Lesões cutâneas associadas a neurites, uveítes, orquites e mão-reacional: prednisona 1 mg/kg/dia
com redução gradual, como nos esquemas acima. Quando a dose de prednisona está em torno
de 20 mg/dia.... foto
Tratamento da hanseníase
O objetivo principal do tratamento é diminuir a carga bacilar, interrompendo a cadeia de
transmissão. O tratamento apresenta poucos efeitos colaterais. O tratamento com três fármacos
previne a resistência medicamentosa, diminui a taxa de recidiva. Os antibióticos podem
interromper a progressão da hanseníase, mas não revertem os danos aos nervos ou as
deformidades.
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Exames laboratoriais
Hemograma
Glicemia
Avaliação bioquímica renal
Avaliação bioquímica hepática
Urina tipo I
Parasitológico de fezes
Início do tratamento, mesmo sem os resultados dos exames, suspeita de efeitos adversos a
medicamentos episódicos reacionais.
Alta do tratamento
Encerramento da PQT por alta, com saída do registro de casos em tratamento quando ocorre:
melhora clínica ao exame da pele e dos nervos periféricos; e registro de regularidade das doses
recebidas.