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DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA (DUP) 1

Gizelle Felinto
DEFINIÇÃO o Formam uma lâmina/gel em cima da
mucosa, constituindo a primeira barreira de
➢ Perda circunscrita de tecido, que ultrapassa os limites da proteção contra o ácido do estômago
muscular da mucosa e se localiza nas regiões do tubo digestivo ✓ Fosfolipídios ativos da superfície
em contato com a secreção cloridropéptica do estômago
▪ Epitelial:
FISIOLOGIA DA SECREÇÃO ÁCIDA/PÉPTICA DO ESTÔMAGO ✓ Resistência celular
✓ Restituição
➢ Glândula Oxíntica: ✓ Fatores de crescimento
• Localizada na parte proximal do estômago (corpo e fundo ✓ Proliferação celular
gástrico) ✓ O epitélio gástrico é um epitélio colunar simples
• Nessa glândula está presente a Célula Parietal ou Célula e, apesar de ter apenas uma camada, ele tem uma
Oxítica: regeneração celular muito rápida. Assim, no fundo
▪ Em sua membrana luminal tem-se a bomba de prótons das glândulas oxíticas, tem-se algumas células
▪ Produção de ácido (H+) e secreção desse ácido na luz totipotentes que são rapidamente diferenciadas
gástrica através da bomba de prótons em células da mucosa gástrica, que vão
▪ 3 transmissores que estimulam o funcionamento substituindo as que sofreram morte celular.
da bomba de prótons – a produção de ácido (se Dessa forma, quando ocorre uma lesão
ligam na membrana basal da célula parietal): momentânea do epitélio gástrico, rapidamente há
✓ Gastrina a regeneração desse epitélio
✓ Histamina ▪ Subepitelial:
✓ Acetilcolina ✓ Funciona à base de um fator principal: a
➢ Célula G: microvascularização da submucosa gástrica,
• Está presente na parte distal do estômago (antro gástrico) que é extremamente vascularizada
• Função → produção de Gastrina, que é um dos ✓ Essa microvascularização leva oxigênio e
transmissores que estimula a secreção de ácido pela célula nutrientes para a camada mucosa e a submucosa
parietal → para que a camada pré-epitelial e a epitelial
➢ Célula D: funcionem perfeitamente
✓ São responsáveis por coordenar a
• Está localizada próxima às células G, no antro gástrico
microcirculação e, consequentemente, todo o
• Função → produção de Somatostatina, responsável pela
processo de barreira da mucosa gástrica:
inibição da secreção ácida
o Prostaglandinas (PGs)
➢ As células G e as células D atuam como um balanço de inibição e
o Óxido Nítrico
de estímulo à secreção ácida
➢ FATORES DE PROTEÇÃO E REPARAÇÃO DA MUCOSA GÁSTRICA PATOGÊNESE
CONTRA ESSE ÁCIDO:
• Esses fatores de proteção são necessários para que a ➢ Para que ocorra ulceração é necessário um desequilíbrio entre
mucosa gástrica não sofra lesões devido ao baixo Ph do os fatores de produção de ácido e os fatores de proteção e
estômago (cerca de 1 a 2) reparação da mucosa contra esse ácido. Ou seja, o paciente está
produzindo muito ácido ou existe algum fator que quebre o
• 3 barreiras que protegem a mucosa gástrica contra o
sistema da barreira de proteção gástrica contra o ácido (como
Ph ácido:
AINES). Assim, se algum desses fatores de desequilíbrio ocorrer,
vai existir lesão na mucosa gástrica e, a depender do grau de
lesão, o paciente pode até mesmo desenvolver uma úlcera
➢ 3 principais fatores que danificam a barreira gástrica:
• Helicobacter pylori
• AINES
• Isquemia → ocorre principalmente no tabagismo
➢ Se não houver H. pylori, AINE, Isquemia ou um excesso ácido, não
haverá úlcera
➢ HELICOBACTER PYLORI:
• É a infecção bacteriana mais comum no mundo
▪ Pré-epitelial: • É um bacilo gram-negativo flagelado
✓ Camada de Muco e Bicarbonato (mais importante):
• Danifica a mucosa gástrica e altera a produção de ácido
o São produzidos pelas Células Mucosas ou
• É o principal fator envolvido com o desenvolvimento de
Células Foveolares
úlceras duodenais e gástricas

Fonte: Aula
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• As úlceras mais comuns secundárias ao H. pylori são as o O H. pylori tem uma predileção por ficar mais
duodenais próximo à Célula D (produtora de
• Nem todas as pessoas infectadas pelo H. pylori vão Somatostatina)
desenvolver uma lesão da mucosa gástrica. Isso depende o Com o processo inflamatório na mucosa, que
dos fatores de imunidade do indivíduo contra a bactéria e ocorre em resposta à presença do H. pylori,
dos fatores de virulência da bactéria (existem vária cepas e formando essa gastrite antral crônica, aos
cada cepa tem o seu fator de virulência): poucos as células imunes do paciente vão
▪ Indivíduo com boa imunidade contra a bactéria ou destruindo a região mucosa do antro, onde o
Bactéria com poucos fatores de virulência → não irá H. pylori está localizado, e,
se desenvolver um processo inflamatório intenso consequentemente, também vão destruindo
contra a bactéria e, consequentemente, ele não terá as células D. Assim, essa perda da produção
lesão da mucosa gástrica de somatostatina faz com que as células G
▪ Indivíduo sem fatores imunes contra a bactéria ou Cepa produzam gastrina desenfreadamente,
com acentuados fatores de virulência → causando uma hipergastrenemia que
desenvolvimento de processo inflamatório intenso e, estimula a célula parietal a produzir mais
consequentemente, lesões na mucosa gástrica ácido, ocorrendo, assim, uma Hipercloridria
• Epidemiologia: 3. Pangastrite Crônica Grave (Pangastrite Atrófica):
▪ 10 a 15% dos infectados → úlcera péptica ✓ Ocorre, geralmente, após mais de 10 anos de
▪ 0,1 a 3% → Adenocarcinoma evolução da Gastrite Antral Crônica
▪ < 0,01% → linfoma MALT ✓ O H. pylori, antes localizado na parte antral do
• Evolução da lesão do H. pylori: estômago (depois de ter destruído grande parte
do antro), vai migrar para as partes mais
proximais do estômago (corpo e fundo gástrico),
acometendo a célula parietal (produtora de
ácido). Assim, pela destruição dessas células, o
indivíduo diminui a produção de ácido, passando a
uma Hipocloridria ou Acloridria
✓ Metaplasia do estômago → com essa Hipo ou
acloridria, o estômago vai trocar o seu epitélio por
um que gaste menos ATP, o epitélio glandular
1. Pangastrite Aguda Superficial → é uma reação intestinal, já que não há mais o Ph tão ácido do
inflamatória inicial à bactéria, causando um infiltrado estômago devido a destruição das células
neutrofílico na mucosa parietais
✓ Todos os pacientes com infecção pelo H. pylori vão o Todo epitélio metaplásico é suscetível ao
desenvolver desenvolvimento de displasias e neoplasias,
2. Gastrite Crônica Superficial (85 – 90%) ou Gastrite constituindo um fator de risco para
Antral Crônica (10 - 15%): adenocarcinoma gástrico
✓ Gastrite Crônica Superficial → em indivíduos que ▪ Gastrites Agudas → cursam com um infiltrado
tem fatores imunes contra a bactéria ou cepa com neutrofílico
poucos fatores de virulência ▪ Gastrites Crônicas → cursam com um infiltrado
o Ocorre um leve processo inflamatório
linfocítico ou plasmocitário
crônico que não vai causar maiores lesões à
✓ Causam hipertrofia dos folículos linfóides → por
mucosa gástrica
isso, o H. pylori também pode ser precursor do
o Esse paciente convive com a H. pylore no seu
linfoma gástrico (Linfoma MALT, que é específico
estômago/duodeno pelo resto de sua vida
da mucosa gástrica)
sem ter maiores problemas
✓ Linfoma MALT → já tem risco de ocorrer a partir
✓ Gastrite Antral Crônica → em indivíduos que tem
da fase de gastrite antral crônica
uma imunidade mais baixa contra a bactéria ou
adquiriram uma cepa de virulência mais elevada • COMO SE DESENVOLVE A ÚLCERA PELO H. PYLORI → 2
o A bactéria vai se localizar na parte mais mecanismos de desenvolvimento da úlcera secundária ao H.
distal do estômago (no antro), que é uma pylori:
região em que se tem a maior concentração ▪ Úlcera Duodenal (90% são secundárias ao H. pylori):
de células G e de células D Gastrite Antral Crônica → Hipercloridria → Metaplasia Gástrica no
Duodeno → Infecção Duodenal pelo H. pylori → Duodenite/úlcera

Fonte: Aula
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✓ A hipercloridia chega ao duodeno, no bulbo parietais (produtoras de ácido), levando a uma
duodenal, que tem uma mucosa glandular hipocloridria
intestinal (que não é especializada para se ✓ Como se causa gastrite em um estômago que está
proteger da acidez). Assim, esse bulbo duodenal com hipocloridria → mesmo tendo pouco ácido, a
começa a sofrer uma metaplasia gástrica, mucosa gástrica já foi tão danificada que
substituindo o seu epitélio por um epitélio gástrico praticamente não existe mais barreira da mucosa
especializado para se proteger contra o ácido. gástrica. Assim, mesmo sendo pouco, o ácido
Assim, como o duodeno agora apresenta mucosa produzido vai danificar a mucosa
gástrica, o H. pylori migra do antro gástrico para ✓ Classificação de Jhonson → úlceras tipo I e IV
o duodeno. Essa infecção duodenal pelo H. (no corpo e fundo gástrico)
pylori, acaba gerando uma duodenite e, o Tipo I → acima da incisura angular
consequentemente, a formação de uma úlcera
✓ Mesmo ocorrendo essa metaplasia no duodeno, a
incidência de adenocarcinoma duodenal é
extremamente rara
▪ Úlcera Gástrica (70% são secundárias ao H. pylori):
Gastrite Antral Crônica → Hipercloridria (similar a úlcera duodenal)
– Tipos II e III de Jhonson

✓ É praticamente o mesmo mecanismo da Duodenal


o Tipo IV → próxima á cárdia, no corpo
✓ Essa hipercloridria propicia o desenvolvimento de
gástrico proximal ou no fundo
gastrite e úlcera
✓ Classificação de Jhonson → classificação de
úlcera gástrica e duodenal secundária à infecção
pelo H. pylori
o Gastrite antral crônica (hipercloridria)
→ Tipos II e III de Jhonson (no antro)
❖ Localização do tipo II → parte proximal
do antro + úlcera duodenal

➢ AINES:
• Não alteram a produção de ácido
• Ação → inibição da produção de prostaglandinas
• Os AINES, principalmente os não seletivos, inibem a
Cicloxigenase (COX), que é uma enzima responsável pela
❖ Localização do tipo III → parte distal do produção de Prostaglandinas, convertendo ácido
antro (pré-pilórica) araquidônico em prostaglandina, desestruturando todo o
processo de proteção da mucosa gástrica e favorecendo a
formação de lesões pelo ácido gástrico
• As úlceras mais comuns secundárias aos AINES são as
úlceras gástricas
• Epidemiologia → ocorrem devido aos AINES:
▪ 5 - 10% das úlceras duodenais
▪ 20 - 30% das úlceras gástricas
• Classificação de Jhonson → Úlcera Gástrica Tipo V de
Jhonson
Pangastrite atrófica Crônica → Hipocloridria (hipersensibilidade mucosa ▪ São as originadas apenas pelos AINES
ao HCL, mesmo na hipocloridria) – Tipos I e IV de Jhonson ▪ Podem estar localizadas em qualquer topografia do
estômago, contanto que sejam secundárias ao uso de
✓ Quando o H. pylori começa a migrar do antro para AINES
o corpo e o fundo gástrico, destruindo as células ➢ TABAGISMO:

Fonte: Aula
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• Como o tabagismo acomete a mucosa gástrica para •Principais sinais de alarme:
desenvolver inflamação e úlcera: ▪ Sangramentos
▪ Diminuição da produção de bicarbonato ▪ Anemia crônica
▪ Trombose da microvascularização submucosa ▪ Perda de peso
(principal forma de acometimento!) → impede a ▪ Disfagia progressiva
chegada de oxigênio e nutrientes na mucosa gástrica, ▪ Hepatomegalia
tendo como consequência o mau funcionamento da ▪ Icterícia
barreira e a danificação da mucosa pelo ácido ▪ Linfadenomegalia em locais que não são habituais
▪ Retardo no esvaziamento gástrico (estômago mais ▪ Sintoma noturno
distendido produz mais ácido) ▪ Vômitos exacerbados
▪ Maior incidência de infecção pelo H. pylori • Paciente não é > 45 anos nem tem sinais de alarme → no
▪ Produção de radicais livres lesivos à mucosa Brasil, o TRU não tem ampla disponibilidade. Assim, acaba-se
pedindo uma Endoscopia com pesquisa de H.pylori
QUADRO CLÍNICO • Se o paciente por > 45 anos ou sinais de alarme → deve-se
➢ A DUP se manifesta como uma Síndrome Dispéptica, que se fazer a EDA para ver se há complicações, que é a DUP
caracteriza quando o paciente tem pelo menos 1 dos seguintes • Biópsia de úlcera gástrica → faz-se porque o
sintomas: adenocarcinoma gástrico, muitas vezes, no seu
• Epigastralgia (dor epigástrica) → é o mais comum de desenvolvimento, pode mimetizar uma úlcera péptica
ocorrer nas úlceras • Não se faz biópsia de úlcera duodenal porque o
• Plenitude pós-prandial adenocarcinoma duodenal é extremamente raro de ocorrer
• Saciedade precoce ➢ Classificação Endoscópica da Úlcera Péptica:
➢ Úlceras Duodenais:
• Mais comuns em pacientes jovens (20 – 50 anos)
• Geralmente são pacientes mais sintomáticos
➢ Úlceras Gástricas:
• Mais comuns em pacientes mais velhos (> 60 anos)
• Geralmente essas úlceras são assintomáticas SAKITA A SAKITA H SAKITA S
• O diagnóstico dessas úlceras praticamente só é dado quando • SAKITA A → úlcera ativa
há algum sinal de complicação (Ex: sangramentos) • SAKITA H → úlcera em cicatrização
• É muito comum de ser diagnosticado quando o paciente • SAKITA S → úlcera cicatrizada
chega no pronto-socorro com um quadro de hemorragia
➢ HELICOBACTER PYLORI:
digestiva
• Indicações (Quando pesquisar por H. pylori):
• É sintomático quando há complicações
▪ Doença ulcerosa péptica (DUP)
DIAGNÓSTICO ▪ Linfoma MALT → é o único câncer que se trata com
Antibiótico, na maioria dos casos
➢ FLUXOGRAMA DE COMO AGIR QUANDO UM PACIENTE CHEGA ▪ Fatores de risco para adenocarcinoma (gastrite
COM SÍNDROME DISPÉPTICA: atrófica, metaplasia intestinal, gastrectomia prévia)
Paciente com Síndrome Dispéptica ▪ Após tratamento do adenocarcinoma gástrico
▪ Usuários crônicos de AINEs ou AAS
> 45 anos ou sinais de alarme ▪ Diagnóstico de PTI
Sim Não ▪ Dispepsia não ulcerosa (Funcional)
▪ Síndrome dispéptica sem indicação de EDA
Teste não invasivo para H. pylori (Teste ▪ História de Ca gástrico em parente de 1º grau
Endoscopia Digestiva Alta (EDA)
Respiratório da Ureia marcada - TRU)
_ • As duas principais indicações são → DUP e Linfoma MALT
+ • 2 indicações de não pesquisar e nem tratar H. pylori:
Úlcera Sem Úlcera
Tratar H. pylori IBP por 4 – 8 ▪ DRGE isolada (sem síndrome dispéptica) → pois o H.
e semanas pylori não tem relação com a fisiopatologia da DRGE
- Pesquisar e - Pesquisar e ▪ Paciente com Gastrite assintomática (sem síndrome
IBP por 4 – 8
tratar o H. tratar o H. dispéptica) → paciente já chega no consultório com a
semanas
pylori pylori endoscopia acusando gastrite, mas não tem nenhum
- Biopsia de - IBP por 4 – 8 sintoma
úlcera gástrica semanas
• Como pesquisar o H. pylori:
- IBP por 4 – 8
semanas
Fonte: Aula
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▪ Testes invasivos → testes que precisam de bicarbonato é convertido em água e CO 2
endoscopia digestiva alta (pega-se um pedaço da quando entra em contato com o H+ do ácido.
mucosa para fazer o teste) Esse CO2 é eliminado através da respiração,
✓ Teste rápido de urease → é o mais utilizado carreando consigo o carbono 14. Depois de
atualmente uns 20 – 30 minutos o paciente sopra em um
o O H. pylori produz a uréase, que pega a ureia detector que, se ele detectar a presença do
presente na luz gástrica e a quebra, Carbono 14 na respiração, dá positivo
formando amônia e bicarbonato. Esse o É pouco disponível no Brasil
bicarbonato serve para criar uma barreira ✓ Teste do antígeno fecal (AF):
em volta do H. pylori, protegendo-o do ácido o Também é muito bom para controle de cura
do estômago. A amônia produzida causa o Tem-se em maior disponibilidade no Brasil
lesão na mucosa gástrica. Quando o
bicarbonato se liga com o H+ ele é convertido
em água e CO2. Assim, esse CO2 é expelido na
respiração

TRATAMENTO
o Como funciona o teste → tem-se um potinho
com um indicador de Ph (que tem ureia e INTROCUÇÃO
vermelho fenol) que inicialmente tem cor
➢ MEDIDAS GERAIS:
amarela e, quando se coloca um fragmento
• Suspender o fator causal:
do estômago do paciente nesse potinho, se
▪ AAS/AINEs
tiver H. pylori, essa bactéria quebra a ureia
▪ Tabagismo
presente no meio transformando-a em
▪ Etilismo → etilismo não causa úlcera, mas em
amônia e bicarbonato, mudando a coloração
pacientes etilistas crônicos que já tem úlcera ele
do teste, que passa a ser vermelho
aumenta as chances dessa úlcera sangrar
o A
• Evitar alimentos que precipitem os sintomas
✓ Histopatologia (padrão-ouro entre os testes
invasivos) ➢ TRATAMENTO FARMACOLÓGICO:
✓ Cultura → não é muito utilizada, pois o H. pylori • Reduzir secreção ácida (com o uso de IBPs) → para que
é uma bactéria de difícil cultura (demora cerca de a mucosa, depois de eliminados os fatores causais, consiga
20 – 30 dias para se ter o resultado) cicatrizar. A úlcera gástrica demora mais tempo que a
▪ Testes não invasivos → não precisam de EDA e nem duodenal para cicatrizar, assim o tratamento deve ser:
da retirada de fragmentos de tecido mucoso do ▪ Úlcera Gástrica → IBP por 4 – 8 semanas
paciente ▪ Úlcera Duodenal → IBP por 2 – 4 semanas
✓ Elisa → teste sérico/sanguíneo que detecta IgG EVENTOS ADVERSOS DOS IBPs
contra o H. pylori
o Desvantagem → todo paciente que teve ➢ Relação causal estabelecida com IBPs (efeitos adversos
contato com o H. pylori e já foi tratado, realmente relacionados aos IBPs):
mesmo não tendo mais a bactéria, continua • Nefrite intersticial aguda → mas é uma relação
com anticorpos contra a bactéria. Por isso é idiossincrática (que ocorre independente da dose do IBP,
um teste ruim para o controle de cura variando de paciente para paciente). É raro de ocorrer
✓ Teste respiratório da ureia marcada - TRU • Pólipos de glândulas fúndicas → esse pólipo não
(padrão-ouro entre os testes não invasivos): malignisa, ele é resultado da Hipergastrinemia que ocorre
o É o teste padrão-ouro para detecção de quando há bloqueio da bomba de prótons (as células G vão
controle de cura produzir ainda mais Gastrina)
o O paciente toma uma cápsula com ureia, • Deficiência do ferro e magnésio → ocorrem devido a
marcada com Carbono 14. Assim, quando Hipocloridria, pois dependem de ácido para serem
chega no estômago, o H. pylori quebra essa absorvidos
ureia em amônia e bicarbonato. O
Fonte: Aula
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• Deficiência de B12 →decorrente da Hipocloridria, pois OU
depende do ácido para ser absorvida OMEPRAZOL 20mg 12/12h
• Supercrescimento bacteriano no intestino delgado → +
pois a Hipocloridria causa pelo IBP altera a flora intestinal SAL DE BISMUTO 240mg 12/12h
do paciente, promovendo o crescimento de cepas +
bacterianas que eram sensíveis ao ácido e agora, devido a AMOXICILINA 1g 12/12h ou DOXIXICLINA 100mg 12/12h
hipocloridria, estão se desenvolvendo +
• Efeitos Colaterais mais comuns: FURAZOLIDONA 200mg 12/12h
▪ Diarreia (colite colagenosa) ➢ CONTROLE DE CURA DO H. PYLORI:
▪ Dor abdominal difusa • Faz-se em todos os pacientes tratados, no mínimo 4
▪ Cefaleia semanas após o tratamento
▪ Assim, geralmente, quando se troca de IBP ou de classe • O IBP deve ser suspenso 14 dias antes da realização do teste
de medicamento é devido a esses sintomas acima de controle de cura, para que não cause falsos-negativos
➢ Fraca associação com IBPs: • Como fazer o teste de cura:
• Deficiência de cálcio → ocorre devido a hipocloridria, pois 1. Testes não invasivos (TRU ou AF) → são os testes
depende da acidez para ser absorvido ideais para se fazer, porém, no Brasil, há baixa
▪ Estudos demonstraram que idosos que faziam uso de disponibilidade desses testes. Assim, acaba-se
IBPs tinham um maior risco de ter fraturas (porém, submetendo o pacienta à EDA
esses estudos tem muitos vieses, pois existem muitas 2. Testes invasivos (EDA) → na prática, no Brasil, é o que
outras causas de fraturas nos idosos) se faz, já que os testes não invasivos não estão
• Doença renal crônica → evidência fraca e causa disponíveis
desconhecida ✓ Indicações da EDA como teste de cura →
• Colite pseudomembranosa por C. difficile → decorre da apenas em pacientes que já tem indicação de
mudança da flora intestinal (Hipocloridria), que promove o fazer endoscopia por outros motivos, como:
desenvolvimento do Clostridium o Acompanhamento de Linfoma MALT →
• Peritonite Bacteriana Espontânea (PBE) e encefalopatia para ver se cresceu ou regrediu, se há
em cirróticos → pois o uso de IBP crônico altera a necessidade de iniciar alguma quimioterapia
microbiota e causa deficiência de B12 e magnésio adicional
• Câncer gástrico: o Alguns casos de úlcera gástrica → pois
▪ Alguns estudos demonstraram que o uso crônico de muitas vezes o adenocarcinoma se
IBPs em camundongos estimula a produção de tumores manifesta como uma úlcera. Assim, é
neuroendócrinos, mas não há comprovação em necessário biopsiar
humanos! ➢ Depois que se trata o H. pylori e faz-se o tratamento da úlcera, é
➢ Não relacionados aos IBPs: necessário, nas úlceras gástricas, realizar uma endoscopia para
ver se essa ulcera cicatrizou. Assim, uma úlcera que não cicatriza
• Eventos cardiovasculares agudos
sempre levanta um sinal de alarme, pois pode ser devido à má
• Demência
adesão ao tratamento ou até mesmo um Adenocarcinoma
• Pneumonia Aspirativa
TRATAMENTO CIRÚRGICO DAS ÚLCERAS PÉPTICAS
TRATAMENTO DO H. PYLORI
➢ É um tratamento de exceção, pois a DUP geralmente responde ao
➢ 1ª Linha de Tratamento → por 14 dias: tratamento clínico
OMEPRAZOL 20mg 12/12h ➢ INDICAÇÕES:
+
• Complicações:
CLARITROMICINA 500mg 12/12h
▪ Hemorragia → já se consegue controlar por
+
endoscopia
AMOXICILINA 1g de 12/12h
▪ Perfuração → é a única complicação que tem uma
➢ 2ª Linha de Tratamento → quando o paciente não responde ao
indicação cirúrgica prioritária
tratamento de 1ª linha (o que é extremamente raro, por isso, ▪ Obstrução → controla-se com a endoscopia
geralmente é quando o paciente não aderiu ao tratamento). Por
• Intratabilidade clínica:
10 a 14 dias:
▪ Para a indicação de cirurgia nesses casos, deve-se
OMEPRAZOL 20mg 12/12h
certificar que:
+
✓ A úlcera não cicatrizou após 8 semanas de
LEVOFLOXACINO 500mg 1x ao dia
tratamento com IBP em dose plena
+
✓ Confirmada erradicação do H. pylori
AMOXICILINA 1g de 12/12h
✓ Cessação do uso de AINE e tabagismo
Fonte: Aula
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Gizelle Felinto
✓ Excluída a Síndrome de Zolinger-Elisson → é
uma síndrome derivada de tumores
neuroendócrinos hipersecretores de gastrina
(Gastrinomas). Assim, essa gastrina em excesso
estimula a célula parietal do corpo e do fundo
gástrico a secretar ácido o tempo todo e em
quantidade exageradas. Assim, esse paciente terá
úlceras por todo o corpo (como no esôfago,
estômago, duodeno e até mesmo no intestino
delgado)
o Quando suspeitar → dosar a gastrina sérica
e, quando está elevada, faz-se exames de
imagem para ver a localização do
gastrinoma, que geralmente está localizado
no duodeno ou no pâncreas
✓ Úlcera não cicatrizou após mais de 8 semanas de
tratamento com IBP em dose padrão:
o Faz-se a dose de IBP dobrada e por mais 8
semanas nesses pacientes acima que não
responderam ao tratamento clínico anterior
o Se mesmo assim esses pacientes não
respondem a esse tratamento e a ulcera não
cicatriza, constituindo-se como uma ulcera
péptica intratável clinicamente →
cirurgia

Fonte: Aula

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