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Fundamentos Técnicos

Operativos do
Serviço Social
Material Teórico
Prática social / Prática profissional

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Ms. Rosana Cristina Januário do Nascimento

Revisão Textual:
Profa. Esp. Kelciane da Rocha Campos
Prática social / Prática profissional

• Introdução
• Definição de prática social e prática profissional
• Projeto ético-político do Serviço Social

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· A Unidade pretende possibilitar a compreensão da dimensão da prática
social e da prática profissional na perspectiva do Serviço Social.

ORIENTAÇÕES
Nesta unidade, vamos estudar sobre a Prática Social e a Prática Profissional.
Leia com atenção o conteúdo disponibilizado e o material complementar.

Procure efetuar as leituras recomendadas. As atividades propostas também


são extremamente importantes. Anote suas dúvidas para que possa transmiti-
las ao professor-tutor.

Para que seu processo de aprendizagem aconteça em um ambiente mais


interativo, você encontrará na pasta de atividades as Atividades de Avaliação
e a Videoaula. Participe também do Fórum de Discussão.

Tudo isso foi pensado para garantir que esse tempo de estudos, além de
enriquecedor, seja prazeroso.
UNIDADE Prática social / Prática profissional

Contextualização
Para iniciamos esta unidade, convido você a uma breve reflexão acerca do tema:
Prática Profissional. Veja no quadro a seguir um exemplo de juramento realizado
pelos bacharéis de Serviço Social na ocasião da colação de grau.

Comprometo-me a exercer, com dignidade e respeito, a profissão de Assistente


Social, buscando ser criativo, humano, sensível e atento às questões sociais, fazendo
da escuta, da observação e da intervenção hábeis instrumentos de trabalho.
Comprometo-me a ter como parâmetro de minhas ações os valores da democracia,
liberdade e cidadania, fundamentos no direito de cada cidadão. Comprometo-me
a trabalhar conforme os princípios éticos da profissão, defendendo os direitos e a
emancipação da população. Comprometo-me a contribuir para a construção de
uma sociedade mais justa, igualitária e menos excludente.

Fonte: Serviço social contemporâneo. Disponível em: http://sscontemporanio.blogspot.com.br/2010/11/juramento.html

O texto do juramento nos remete a alguns pontos importantes relacionados


à prática profissional e nos chama a atenção de forma desafiadora para o
cumprimento de ações profissionais com qualidade, e para isso é imprescindível a
busca constante por conhecimento. Isso parece desafiador, não é mesmo?

Pronto(a) para começar?

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Introdução
Nesta unidade, estudaremos sobre Prática Social e Prática Profissional, com o
objetivo de compreender a dimensão da Prática do Assistente Social no trabalho
cotidiano, o que nos levará a uma análise crítica do perfil contemporâneo desse
profissional, cuja carreira escolhida lhe exigirá que seja
[...] um sujeito profissional que tenha competência para propor, para
negociar com a instituição os seus projetos, para defender o seu
campo de trabalho, suas qualificações e atribuições profissionais.
(IAMAMOTO, 2004, p. 12).

O papel do assistente social na contemporaneidade é muito mais do que o


cumprimento do trabalho técnico e burocrático do dia a dia profissional.

Isso é muito importante, pois além do profissional ser tecnicamente competente,


ele também precisa firmar a sua prática nos referenciais teóricos e metodológicos
e ser capaz de desenvolver sua competência crítica, observando sempre o projeto
ético-político da profissão, possibilitando assim a sua instrumentalização.

Quando falamos sobre a “Prática”, parece que há uma separação entre os que
pensam e os que materializam a ação, ou seja, o conhecimento prático é projetado,
planejado na academia, lugar onde se desenvolve o saber e esse é transmitido ao
longo dos processos de formação com vistas a ser aplicado na prática diária. Daí
surge a máxima de que “na prática a teoria é outra”, estabelecendo assim uma
grande dicotomia.

Ao longo desta unidade, vamos perceber como ambas são igualmente importantes
e complementares, que uma não se sobrepõe ou anula a outra. Desse modo, o
assistente social precisa ampliar sua compreensão sobre suas possibilidades de
atuação a fim de qualificar sua ação profissional.

Em algum momento da sua vida acadêmica, você já parou para pensar sobre a Prática Social
Explor

e Prática Profissional? Ou ainda, em qual a importância dessa temática para o Serviço Social?

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UNIDADE Prática social / Prática profissional

Definição de prática social e


prática profissional
A palavra prática aponta para um conceito cuja construção se estabelece a partir
de um conjunto de ações específicas desenvolvidas de forma repetitiva a partir
de certos conhecimentos teóricos ou técnicos. Vejamos a definição da palavra
no dicionário:
1 Ação ou efeito de praticar. 2 Realização de qualquer ideia ou projeto.
3 Aplicação das regras ou dos princípios de uma arte ou ciência. 4 Exercício
de qualquer ocupação ou profissão. 5 Execução repetida de um trabalho
ou exercício sistemático com o fim de adquirir destreza ou proficiência:
A prática leva à perfeição. 6 Habilidade em qualquer ocupação ou ofício
adquirida por prolongado exercício deles:Ter muita prática. 7 Modo ou
método usual de fazer qualquer coisa. 8 Maneira de proceder; uso, costume.

(MICHAELIS. Prática) Disponível em: http://goo.gl/S1FkYL

Desse modo, é através da prática que se materializa a ação profissional e essa


precisa se fundamentar no conhecimento da teoria.

Já a palavra social nos remete ao que é relativo à sociedade enquanto conjunto


de indivíduos, que comumente congregados e interagindo uns com os outros
compartilham a mesma cultura, formando assim uma comunidade onde se constitui
e se expressa o ser social.

A expressão ser social parte da doutrina Marxiana e diz respeito ao homem, na


condição de sujeito individual, que exerce a transformação da natureza e de outros
indivíduos através do trabalho; trata-se de uma transformação prática também para
o sujeito.

Você Sabia? Importante!

A doutrina Marxiana refere-se aos cientistas e estudiosos que se utilizaram dos escritos
de Karl Marx, em especial O capital, para analisarem o sistema capitalista.

Logo, a prática social, segundo Baptista (2014), é uma categoria teórica que nos
possibilita compreender como se efetiva o processo de constituição do ser social; a
prática social também é conhecida por Práxis.

A práxis parte dos processos de trabalho como uma das objetivações do ser social,
porém esse não se reduz ao trabalho. O Trabalho é uma de suas “objetivações”,
logo a práxis “inclui todas as objetivações humanas” (NETTO, 2007, p. 43), ou
seja, quanto mais o ser social se desenvolve, mais ele busca outros espaços para
além dos limites do trabalho, passa a recorrer à ciência, à filosofia, à arte, para o
alcance de suas objetivações.

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A práxis resulta da relação estabelecida entre a teoria e a prática e se apresenta
como uma ação capaz de transformar uma realidade.

Nesse sentido, é através do trabalho que o homem transforma a natureza e


a ele mesmo, e à medida que estabelece relações de mediação nesse processo
transformador, novas formas de trabalho vão sendo desenvolvidas, bem como
instrumentos que possibilitem a finalização e resultado da ação.

O homem retira da natureza os elementos para a construção de seus instrumentos, para o


Explor

aperfeiçoamento ou qualificação de sua ação.


Você pode imaginar um evento de caça ou pesca sem o uso de instrumentos (ferramentas
ou armas) adequados?

A natureza não cria instrumentos: estes são produtos, mais ou menos


elaborados, do próprio sujeito que trabalha, mesmo nos níveis mais
elementares da história, coloca para o sujeito do trabalho o problema dos
meios e dos fins (finalidades) e, como ele, o problema das escolhas: se um
machado mais longo ou mais curto é ou não adequado (útil, bom) ao fim a
que se destina (a caça, a autodefesa etc.). (NETTO, 2007, p. 32)

Ainda segundo esse autor, “o trabalho é sempre uma atividade coletiva”, ou


seja, o sujeito nunca está isolado, mas sempre está inserido num contexto com
outros sujeitos, o que exige sociabilização de conhecimento, distribuição de tarefas,
organização e estabelecimento de uma linguagem coletiva e compreensível, que
articula e regula. “Esse caráter coletivo da atividade do trabalho é, substantivamente,
aquilo que se denominará de social” (NETTO, 2007, p. 34).

E da especificidade do trabalho surge a prática profissional, que se legitima através


de instrumentos legais que a normatiza e protege de acordo com a conjuntura e
momento histórico.

O conhecimento e a prática profissional estão fundamentados em teorias


sociais que se constroem a partir do movimento da sociedade e das relações que
se estabelecem entre os homens, e nessa perspectiva o trabalho profissional passa
a fazer parte dos processos de trabalho e o “sujeito afirma-se como trabalhador
assalariado, inserindo-se no mercado” (BAPTISTA, 2014, p.17) e passa a negociar
sua força de trabalho especializado, que se amplia em diversas áreas de atuação, e
entre essas o Serviço Social.

Prática profissional do assistente social


O Serviço Social surge na década de 1930, como estratégia de combate da questão
social; tratava-se de um momento em que graves problemas sociais dominavam as
sociedades europeias e refletiam a desigualdade social e o antagonismo entre o
capital e o trabalho.

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UNIDADE Prática social / Prática profissional

A profissão nasce com base nos referenciais e na doutrina da Igreja Católica, e


o principal foco de suas mediações é, até hoje, o enfrentamento das expressões da
questão social (desemprego, violência doméstica, alcoolismo, drogadição, crianças
e adolescentes abandonadas, pessoas em situação de rua, alta de moradia, famílias
em situação de vulnerabilidade social, precarização da saúde, entre outras).

Você Sabia? Importante!

Questão social
A questão social não é um assunto novo, ela é um fenômeno histórico, que foi
evidenciado na sociedade capitalista desde o início do processo de industrialização,
período concomitante com o surgimento do Serviço Social. Marcada nas relações de
trabalho, quando os acessos aos bens de consumo permaneciam nas mãos de alguns,
enquanto uma expressiva minoria só contava com sua força de trabalho para negociar, e
dada as precárias condições de vida a exploração era massacrante.

A sociedade, então, se definia a partir dos contornos da desigualdade de classes,


onde homens e mulheres se sujeitavam ao trabalho alienador e alienante para
garantir o mínimo necessário para a sobrevivências.

Desse modo, as expressões da questão social aparecem nesse contexto como


reflexo do modo de produção capitalista, desencadeando muitos problemas sociais.
De forma dinâmica, ela acompanha o movimento da sociedade, redefinindo-se
conforme as relações sociais, econômicas e políticas que se estabelecem.

Trocando ideias...Importante!
Pense na região onde você mora (estado, município, bairro), tente identificar as expressões
da questão social mais presentes ali. Talvez você se surpreenda com a diversidade de
situações em que o assistente social pode intervir.

A questão social é a matéria-prima do trabalho cotidiano do assistente social. Para conhecer


Explor

mais: Pobreza no Brasil: Caminhos da Reportagem - Documentário Nacional TV Brasil,


disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=5LluFN6HUvk

Contudo, ao longo de sua construção histórica, a profissão passou por mudanças


no que se refere ao seu modo de ser e à afirmação de suas ações profissionais. Isso
nos mostra que a identidade de uma profissão tem uma temporalidade histórica
e sofre interferências dos processos sociais, econômicos e políticos de uma dada
conjuntura. Assim, as práticas profissionais são criadas e recriadas, revistas,
alteradas e acrescidas de novos saberes; logo

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[...] a configuração da profissão não é simplesmente produto da vontade de
grupos determinados. Existem, no tipo de relações sociais que se estabe-
lecem no capitalismo monopolista, necessidades e expectativas de práticas
determinadas, legitimadas pela sociedade – dentre essas estão aquelas que
cabe ao assistente social operacionalizar. (BAPTISTA, 20014, 19)

O Serviço Social hoje não é um produto acabado, ou seja, a profissão ainda é


passível de alterações, reformulações, uma vez que sua identidade se estabelece a
partir de uma temporalidade histórica, ou seja, o movimento da sociedade, suas
transformações e fenômenos atuais farão com que se observem as necessidades de
extensão de suas mediações e revisão de suas intervenções.

A atuação do assistente social remete à dinâmica das relações sociais vigentes


na sociedade.

Para que você possa aprofundar mais seus conhecimentos sobre esse assunto, sugiro que
Explor

leia os seguintes textos:


YASBEK, Maria Carmelita. O significado sócio-histórico da profissão.
Disponível em: http://goo.gl/yvUD6P

Ao abordarmos a prática profissional do assistente social, é importante


considerarmos alguns aspectos.

O Serviço Social é uma profissão dotada de elementos sociais e políticos que


exigem a formação em curso de graduação e tem uma natureza crítica e interventiva.
Interventiva: aquela em que se explicita não somente a construção, mas
a efetivação das ações desenvolvidas pelo assistente social. Compreende
intervenção propriamente dita, o conhecimento das tendências teórico-
metodológicas, a instrumentalidade, os instrumentos técnico operativos
e os campos das habilidades, os componentes éticos e os componentes
políticos, o conhecimento das condições objetivas de vida dos usuários e
o conhecimento da realidade social. (TORRES, 2007, p. 47)

Intervir: interferir em algo, modificar, participar: tomar parte voluntariamente em; tornar-
Explor

se mediador; interceder; intrometer-se; modificar; alterar; inserir-se; ser ou estar presente;


assistir; participar.
Usuário: diz-se de quem tem o direito de usar algo coletivo, geralmente ligado a um
serviço público.

E natureza crítica, porque tanto o projeto ético político quanto as diretrizes


curriculares do curso de graduação em Serviço Social primam pela formação de
profissionais capacitados para efetuar análises intelectuais da realidade.

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UNIDADE Prática social / Prática profissional

Atualmente, o assistente social conta com um rico arsenal teórico e metodológico.

O Serviço Social na contemporaneidade está muito mais qualificado, especializado


e habilitado para atuar em meio às mais complexas expressões da questão social.

Isso tudo requer do assistente social um comprometimento ético com o trabalho


e com a população usuária dos serviços, lembrando que o assistente social é o
profissional da intervenção, que busca constantemente a garantia de direitos.

O assistente social tem a oportunidade de se aproximar ao máximo da vida das


pessoas por ele atendidas e assim consegue ter uma dimensão muito mais ampla
da realidade vivida, o que lhe possibilitará intervenções e mediações mais corretas.

O Serviço Social é uma profissão inscrita na divisão sociotécnica do trabalho;


isso quer dizer que em uma sociedade capitalista, o assistente social vende sua força
de trabalho em troca de salário.

Como atividade incluída na divisão sociotécnica do trabalho, o Serviço Social


precisa possuir todos os elementos que constituem uma ação prática de trabalho:
·· a matéria-prima do trabalho;
·· os instrumentos e técnicas para o desenvolvimento do trabalho;
·· resultados do trabalho ou o produto do trabalho.

O assistente social deve intervir com o objetivo claro de que sua ação trará um
resultado final, de forma a transformar as relações sociais; esse é o produto do
seu trabalho. Contudo, esse produto não pode ser entendido como realização ou
conquista individual, é preciso considerar os parâmetros coletivos definidos através
dos instrumentos normatizadores da profissão.

O produto do trabalho do Serviço Social é percebido nas relações que se


estabelecem com o usuário dos serviços, com a instituição e com outros profissionais.

Trocando ideias...Importante!
Mas cuidado!!! As relações estabelecidas no momento da ação direta com o usuário
podem produzir ou reproduzir o caráter de subalternização e dominação, vivenciada lá
no início da profissão; por isso, ressalto a necessidade e importância de se conhecer o
Código de Ética do Serviço Social, em especial sobre esse assunto - observe art. 5º, que
fala sobre os deveres do/a assistente social nas suas relações com os/as usuários/as.

Regulamentação do exercício profissional


A profissão é regulamentada pela Lei 8662/93, de 07 de julho de 1993, que
dispõe sobre as Competências (artigo 4º) e Atribuições Privativas do Assistente
Social (artigo 5º) e é orientada pelo Código de Ética, aprovado pela resolução
CEFESS nº 273/93, de 13 de março de 1993.

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Importante! Importante!

Você precisa conhecer a Lei de Regulamentação do Exercício Profissional, isso vai


qualificar sua prática.
A lei lhe ajudará a compreender suas competências profissionais e facilitará também a
compreensão dos profissionais de outras áreas acerca do papel do assistente social.
A Lei 8662/93 é um documento que pode ser consultado; portanto, não precisa ser
decorado, mas você precisa se apropriar desse conhecimento. O conhecimento da
legislação faz parte da prática profissional do assistente social.

A Lei de Regulamentação do Exercício Profissional nos revela que existem ações


profissionais que podem ser realizadas pelos assistentes sociais, mas que também
podem igualmente ser efetuadas por profissionais de outras áreas; essas ações são
as competências.
Art. 4º Constituem competências do Assistente Social:

I - elaborar, implementar, executar e avaliar políticas sociais junto a


órgãos da administração pública, direta ou indireta, empresas, entidades
e organizações populares;

II - elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos


que sejam do âmbito de atuação do Serviço Social com participação da
sociedade civil;

III - encaminhar providências, e prestar orientação social a indivíduos,


grupos e à população;

IV - (Vetado);

V - orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais no sentido


de identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no atendimento e na
defesa de seus direitos;

VI - planejar, organizar e administrar benefícios e Serviços Sociais;

VII - planejar, executar e avaliar pesquisas que possam contribuir para a


análise da realidade social e para subsidiar ações profissionais;

VIII - prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública


direta e indireta, empresas privadas e outras entidades, com relação às
matérias relacionadas no inciso II deste artigo;

IX - prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em matéria


relacionada às políticas sociais, no exercício e na defesa dos direitos civis,
políticos e sociais da coletividade;

X - planejamento, organização e administração de Serviços Sociais e de


Unidade de Serviço Social;

XI - realizar estudos socioeconômicos com os usuários para fins de


benefícios e serviços sociais junto a órgãos da administração pública direta
e indireta, empresas privadas e outras entidades. (LEI 8662/93)

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Entende-se que o assistente social está habilitado de forma técnica,


teórica e metodológica para realizar tais ações, porém elas não são exclusivas
desse profissional.

Mas a mesma Lei apresenta as atribuições privativas, que dizem respeito às


ações que são exclusivas do assistente social, ou seja, somente ele poderá realizá-
las, dada a especificidade de sua formação.
Art. 5º Constituem atribuições privativas do Assistente Social:

I - coordenar, elaborar, executar, supervisionar e avaliar estudos, pesquisas,


planos, programas e projetos na área de Serviço Social;

II - planejar, organizar e administrar programas e projetos em Unidade de


Serviço Social;

III - assessoria e consultoria a órgãos da Administração Pública direta


e indireta, empresas privadas e outras entidades, em matéria de
Serviço Social;

IV - realizar vistorias, perícias técnicas, laudos periciais, informações e


pareceres sobre a matéria de Serviço Social;

V - assumir, no magistério de Serviço Social tanto a nível de graduação


como pós-graduação, disciplinas e funções que exijam conhecimentos
próprios e adquiridos em curso de formação regular;

VI - treinamento, avaliação e supervisão direta de estagiários de


Serviço Social;

VII - dirigir e coordenar Unidades de Ensino e Cursos de Serviço Social,


de graduação e pós-graduação;

VIII - dirigir e coordenar associações, núcleos, centros de estudo e de


pesquisa em Serviço Social;

IX - elaborar provas, presidir e compor bancas de exames e comissões


julgadoras de concursos ou outras formas de seleção para Assistentes
Sociais, ou onde sejam aferidos conhecimentos inerentes ao
Serviço Social;

X - coordenar seminários, encontros, congressos e eventos assemelhados


sobre assuntos de Serviço Social;

XI - fiscalizar o exercício profissional através dos Conselhos Federal


e Regionais;

XII - dirigir serviços técnicos de Serviço Social em entidades públicas


ou privadas;

XIII - ocupar cargos e funções de direção e fiscalização da gestão financeira


em órgãos e entidades representativas da categoria profissional. (LEI
8662/93)

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Explor
Você percebe como a teoria e a prática caminham juntas harmonicamente se
complementando?

Para a qualificação da prática profissional do assistente social, é imprescindível


observar e cumprir o que está estabelecido no Código de Ética do Serviço Social,
que em todo ou seu texto traz orientações sobre os direitos e deveres do profissional.

O código de ética vai orientar o profissional para o bom funcionamento da


sua prática profissional no estabelecimento de sua relação com a população
usuária, na interação com outros profissionais e com as instituições onde prestará
seus serviços.

Esse instrumento legal também vai dispor sobre as sanções em casos de


descumprimento dos princípios éticos.

BRASIL. CONSELHO FEDERAL DO SERVIÇO SOCIAL – CFESS. Comissão de divulgação e


Explor

imprensa do CFESS (org.). Código de Ética do/a Assistente Social. Lei 8662/93. Brasília:
Conselho Federal do Serviço Social, 2011. Disponível em: http://goo.gl/4aJHWz

Para o exercício da prática profissional, o assistente social também precisa


conhecer os órgãos de fiscalização e proteção da profissão e do profissional que
compõem o conjunto CFESS/CRESS.
· CEFESS – Conselho Federal de Serviço Social: órgão instituído por lei
e seu papel é prestar orientação, disciplinar e normatizar o exercício dos
profissionais assistentes sociais; sua atribuição é de natureza pública e tem
personalidade jurídica. Tem uma diretoria composta por dezoito assistentes
sociais de várias partes do país, que são eleitos por um mandato de três
anos, e esses não recebem remuneração para o exercício dessa função.
· CRESS – Conselho Regional de Serviço Social: também tem personalidade
jurídica e está diretamente vinculado ao CFESS. Dentre outras, suas
atribuições são: efetuar, organizar e manter o registro profissional dos
assistentes sociais; também tem o papel de fiscalizar e disciplinar o
exercício dos profissionais assistentes sociais, bem como zelar para o
cumprimento do Código de Ética. O CRESS também funciona como
um tribunal; trata-se do Tribunal Regional de Ética Profissional, onde
são julgados e punidos os casos de descumprimento do código de ética
profissional. É gerenciado por dezoito assistentes sociais, cujos registros
são ativos no Estado de referência, e desses, nove são efetivos e nove
são suplentes. Quem os elege são os próprios assistentes sociais e seu
mandado dura três anos.

Cabe ainda ressaltar que o assistente social precisa observar toda a legislação
vigente no país para o bom cumprimento de suas ações profissionais.

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Uma vez que as relações sociais são políticas, o assistente social também precisa
se politizar, a fim de acessar novos espaços, dando voz política aos usuários, o que
não significa tomada de partido ou escolha partidária.

Projeto ético-político do Serviço Social


Você conhece o projeto ético-político do Serviço Social?

Segundo Neto (1999), os projetos profissionais indicam a direção que uma


categoria profissional estabelece para realização de seus objetivos. Eles são coletivos
e revelam a autoimagem de uma profissão, apresentam os valores que a legitimam,
delimitam suas funções, dispõem sobre as normas para o funcionamento dos
profissionais.

Desse modo, o projeto ético político do Serviço Social foi formulado durante as
décadas de 1980 e 1990, período de grandes transformações sociais, econômicas
e políticas no país, momento em que a profissão experimentou um expressivo
amadurecimento.

O projeto ético político tem como base o Código de Ética, a Lei de Regulamentação
do Exercício Profissional e as Diretrizes Curriculares do Curso de Serviço Social.

Vamos esquadrinhar o projeto ético-político para analisarmos sua estrutura


básica, conforme compreensão de Netto (1999):

Núcleo: prima pelo reconhecimento da liberdade como sendo valor central, é


comprometido com a autonomia, a emancipação dos indivíduos e está vinculado a
um projeto maior, que propõe, discute, dialoga sobre uma nova ordem social.

Dimensão política: está posicionado em favor da equidade e justiça social na


perspectiva da universalização da cidadania.

Do ponto de vista profissional: enfatiza o compromisso com a competência


profissional e para isso ressalta a importância do aprimoramento profissional e da
autoformação continuada.

Na relação com os usuários: prioriza uma relação baseada nos princípios


éticos do código, chama a atenção para a qualidade dos serviços prestados e a
importância da participação da população nas decisões institucionais.

A materialização do projeto ético-político se dá no cotidiano profissional dos


assistentes sociais, nas intervenções, nas mediações, no saber fazer e se aplica na
realidade concreta, a partir das demandas apresentadas pelos usuários.

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Embora descrito e documentado, não é possível especificar o que de fato é o
projeto ético-político, pois ele deve ser experimentado através das ações práticas
do profissional assistente social. Contudo, são de extrema importância a constante
reflexão e discussão sobre sua eficácia no cotidiano das ações profissionais, para
que não se perca o foco.

A efetivação do projeto ético-político através das ações profissionais permite


a consagração da relação indissociável entre a teoria e a prática e desse modo o
exercício profissional é fortalecido.

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UNIDADE Prática social / Prática profissional

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Livros
Economia política: uma introdução crítica
BRAZ, Marcelo; NETTO, José Paulo. Economia política: uma introdução crítica.
3ª ed. São Paulo: Cortez, 2007 (Biblioteca Básica de Serviço Social)

 Leitura
O serviço social na cena contemporânea
IAMAMOTO, Marilda Villela. O serviço social na cena contemporânea.
http://goo.gl/IYnsrI
A construção do projeto ético-político do Serviço social
NETTO, José Paulo. A construção do projeto ético-político do Serviço social.
http://goo.gl/t94o8y
Atribuições privativas presentes no exercício profissional do assistente social: uma contribuição para o debate
TORRES, Mabel Mascarenhas. Atribuições privativas presentes no exercício profissional
do assistente social: uma contribuição para o debate. Libertas, Juiz de Fora, v. 1, n. 2,
p. 42-69, jun./2007.
http://goo.gl/87x9xA
Conselho Federal de Serviço Social
Atribuições privativas do/a assistente social em questão. Conselho Federal de Serviço
Social, 2012.
http://goo.gl/ZT1ZJf

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Referências
BAPTISTA, Miriam Veras; BATTINI, Odária. A prática profissional do assistente
social: teoria, ação, construção do conhecimento. São Paulo: Veras Editora, 2014.

BRASIL. CONSELHO FEDERAL DO SERVIÇO SOCIAL – CFESS. Comissão


de divulgação e imprensa do CFESS (org.). Código de Ética do/a Assistente
Social. Lei 8662/93. Brasília: Conselho Federal do Serviço Social, 2011.
Disponível em: <http://www.cfess.org.br/arquivos/CEP2011_CFESS.pdf>.
Acesso em: 10 jan. 2016.

BRAZ, Marcelo; NETTO, José Paulo. Economia política: uma introdução crítica.
3ª ed. São Paulo: Cortez, 2007 (Biblioteca Básica de Serviço Social).

CONSELHO Federal de Serviço Social. Legislação e Resolução sobre o Trabalho


do/a assistente social. Brasília: CFESS, 2011.

Conselho Federal de Serviço Social. Trabalho e Projeto Profissional nas Políticas


Sociais. Brasília: CFESS, 2009.

IAMAMOTO, Marilda Villela. A questão social no capitalismo. In: Temporalis /


Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social, 2ª ed. Brasília:
ABEPSS, 2004.

NETTO, José Paulo. A construção do projeto ético-político do Serviço


social. Disponível em http://welbergontran.com.br/cliente/uploads/
4c5aafa072bcd8f7ef14160d299f3dde29a66d6e.pdf. (Acesso: 05/03/2016)

TORRES, Mabel Mascarenhas. Atribuições privativas presentes no exercício


profissional do assistente social: uma contribuição para o debate. Libertas, Juiz
de Fora, v. 1, n. 2, p. 42-69, jun./2007. Disponível em: <http://arquivos.mppb.
mp.br/psicosocial/servico_social/atribuicoes.pdf>. Acesso em: 07 jan. 2016.

YASBEK, Maria Carmelita. A pobreza e exclusão social: expressões da questão


social no Brasil. In: Temporalis / Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em
Serviço Social, 2ª ed. Brasília: ABEPSS, 2004.

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Você também pode gostar