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DIVERSIDADE
PROF.A MA. MALU ROMANCINI
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR
Reitor:
Prof. Me. Ricardo Benedito de
Oliveira
Pró-reitor:
Prof. Me. Ney Stival
Diretor de Ensino a Distância:
Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo Prof. Me. Fábio Oliveira Vaz
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Primeiramente, deixo uma frase de Só-
crates para reflexão: “a vida sem desafios não Diagramação:
vale a pena ser vivida.” Alan Michel Bariani/
Thiago Bruno Peraro
Cada um de nós tem uma grande res-
ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, Revisão Textual:
e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica
Gabriela de Castro Pereira/
e profissional, refletindo diretamente em nossa
Letícia Toniete Izeppe Bisconcim/
vida pessoal e em nossas relações com a socie-
Mariana Tait Romancini
dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente
e busca por tecnologia, informação e conheci-
Produção Audiovisual:
Eudes Wilter Pitta /
mento advindos de profissionais que possuam Heber Acuña Berger/
novas habilidades para liderança e sobrevivên- Leonardo Mateus Gusmão Lopes/
cia no mercado de trabalho. Márcio Alexandre Júnior Lara
De fato, a tecnologia e a comunicação Gestão da Produção:
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, Kamila Ayumi Costa Yoshimura
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e
nos proporcionando momentos inesquecíveis. Fotos:
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino Shutterstock
a Distância, a proporcionar um ensino de quali-
dade, capaz de formar cidadãos integrantes de
uma sociedade justa, preparados para o mer-
cado de trabalho, como planejadores e líderes
atuantes.
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
ENSINO A DISTÂNCIA
01
UNIDADE
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................. 4
A AFIRMAÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS HUMANOS ........................................................................................ 5
CONCEITO E CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS ............................................................................. 10
TERMINOLOGIA: DIREITOS HUMANOS, DIREITOS FUNDAMENTAIS E DIREITOS DO HOMEM ..................... 13
AS GERAÇÕES (OU DIMENSÕES) DE DIREITOS HUMANOS ............................................................................... 16
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ENSINO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
Os direitos humanos surgiram na era moderna, no século XVII, como uma teoria
abstrata, cujo objetivo inicial era limitar o poder do Estado, por meio do controle da ação
dos seus governantes. Sua concretização pode ser observada a partir do século XVIII, com o
constitucionalismo, que previa a organização do Estado e também a liberdade e igualdade entre
os cidadãos.
Com isso, começaram a ser garantidos aos cidadãos alguns direitos individuais, como
as liberdades, que eram exercidas inicialmente pelos indivíduos (liberdade de expressão, de
iniciativa econômica) e depois pela coletividade (como o direito de sindicalização, de greve).
Essa retrospectiva histórica será estudada inicialmente para, em seguida, serem tecidas
considerações sobre o conceito e as características dos direitos humanos.
Logo após, serão abordadas as semelhanças e diferenças entre as diversas nomenclaturas
de direitos. Conforme foram surgindo, os direitos foram divididos em gerações, que serão
aprofundadas posteriormente neste estudo.
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ENSINO A DISTÂNCIA
Para saber um pouco mais, este vídeo apresenta uma breve apre-
sentação da história dos direitos humanos.
Disponível em:
https://youtu.be/kcA6Q-IPlKE
Acesso em: 03 nov. 2017.
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ENSINO A DISTÂNCIA
Como se pode observar, os direitos foram sendo conquistados como frutos de lutas em
razão do sofrimento físico e moral do homem. Nesse sentido, Bobbio explica que:
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ENSINO A DISTÂNCIA
A Revolução Francesa, que veio em seguida, tinha a intenção de alterar toda a concepção
pré-existente e levar este novo pensamento para o restante do mundo. O objetivo da Declaração
dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, era justamente a universalização dos direitos do
homem, ou seja, de conferi-los a todos os homens de todos os lugares. A declaração francesa é
de extrema importância, pois consagra os direitos de liberdade, de igualdade e de fraternidade
já que “todos os homens nascem livres e com direitos iguais”. Além da abolição dos privilégios
de alguns poucos, essa declaração impulsionou ideias que foram garantidas em Constituições
e tratados posteriores de “soberania popular, sistema de governo representativo, igualdade de
todos perante a lei, presunção de inocência, direito à propriedade, à segurança, liberdade de
consciência, de opinião, de pensamento” e o dever de garantir os direitos humanos pelo Estado
(RAMOS, 2014, p. 40).
Em 1848, a Constituição Francesa trouxe algumas questões relevantes à evolução dos
direitos humanos, como os valores do trabalho, a abolição da pena de morte em matéria política
e o fim da escravidão em terra francesa.
A Convenção de Genebra, de 1864, inaugurou a introdução dos direitos humanos na
esfera internacional, o que se denominou “direito humanitário [...]; isto é, o conjunto das leis e
costumes da guerra, visando minorar o sofrimento de soldados doentes e feridos, bem como de
populações civis atingidas por um conflito bélico” (COMPARATO, 2013, p. 167).
No século XX, destaca-se, inicialmente, a Constituição Mexicana, de 1917, que foi a
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ENSINO A DISTÂNCIA
A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) foi palco de muitas atrocidades contra o ser
humano, sobretudo pela quantidade de vítimas, sendo a maior parte delas civis, contrapondo todas
as normativas já analisadas de proteção dos direitos humanos. O fim desta guerra é marcado pela
conscientização da comunidade internacional de que o respeito à dignidade humana era medida
que demandaria esforços de todas as nações, mas que deveria ser respeitada incondicionalmente,
especialmente para se evitar um novo conflito.
A criação da Organização das Nações Unidas, em 1945, evidencia essa conscientização,
que culminou na internacionalização dos direitos humanos de forma mais efetiva. O art. 55, da
Carta de São Francisco (tratado que cria a ONU) determina que a Organização deve favorecer
“o respeito universal e efetivo dos direitos humanos e das liberdades fundamentais para todos,
sem distinção de raça, sexo, língua ou religião”, ao passo que o art. 56 estabelece que os membros
devem agir em cooperação para alcançar o disposto no artigo anterior (ONU, 1945).
Em 1948, foi aprovada a Resolução da Assembleia Geral da ONU denominada Declaração
Universal dos Direitos Humanos, que explicita o rol dos direitos humanos, sendo eles enumerados
em direitos políticos e liberdades individuais, direitos econômicos, sociais e culturais. André de
Carvalho Ramos explica que:
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Universalidade, porque clama pela extensão universal dos direitos humanos, sob
a crença de que a condição de pessoa é o requisito único para a titularidade
de direitos, considerando o ser humano como um ser essencialmente moral,
dotado de unicidade existencial e dignidade. Indivisibilidade, porque a garantia
dos direitos civis e políticos é condição para a observância dos direitos sociais,
econômicos e culturais – e vice-versa. Quando um deles é violado, os demais
também o são (PIOVESAN, 2004, p. 22).
Os direitos humanos apresentam características que lhes são comuns, que são: historicidade,
universalidade, essencialidade, irrenunciabilidade, inalienabilidade, imprescritibilidade, vedação
ao retrocesso (MAZZUOLI, 2015, p. 899-901).
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A historicidade mostra que os direitos humanos foram sendo construídos com o decorrer
do tempo e ganhando maior relevância com as reivindicações da revolução burguesa, passando
pela revolução industrial, garantindo direitos sociais aos trabalhadores, posteriormente,
desenvolvendo-se o Estado social, ampliando-os mais tarde para os direitos civis, políticos,
econômicos, sociais e culturais, do meio ambiente, do desenvolvimento, da paz, etc.
A universalidade indica que todas as pessoas são titulares dos direitos humanos, bastando-
lhes a condição de “ser humano”. Isto também significa que qualquer pessoa, em qualquer lugar,
pode reclamar a proteção deste direito, independente de raça, sexo, cultura, posição social, etc.
A essencialidade atribui aos direitos humanos a característica de serem essenciais por
natureza, ou seja, são valores indispensáveis e todos têm o dever de protegê-los.
A irrenunciabilidade significa que ainda que os direitos humanos não são passíveis de
renúncia. Ainda que o titular do direito não o exerça efetivamente, isto não implica em renúncia.
Essa característica também determina que ainda que seu titular autorize expressamente, a violação
dos seus direitos não será convalidada por essa autorização.
A inalienabilidade determina que os direitos humanos são inalienáveis por não permitirem
que seu titular os aliene, os transfira ou ceda tais direitos, de forma onerosa ou gratuita. Em
outras palavras, ainda que tenha o consentimento do titular, esses direitos são indisponíveis,
inegociáveis.
A imprescritibilidade é uma característica que estabelece que os direitos humanos são
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Figura 2 - Crianças no mundo. Fonte: IPED (2017). DIREITOS HUMANOS E DIVERSIDADE | UNIDADE 1
O resultado dessa Conferência foi a Declaração e Programa de Ação de Viena, que assim
ficou determinado:
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Observa-se, com isso, que a Declaração veio para reforçar que os direitos humanos
possuem essas características, especialmente a universalidade, que determina que os direitos
humanos devem ser garantidos a todas as pessoas, independentemente de raça, cor, religião, sexo,
ou mesmo de estarem localizadas neste ou naquele território.
Além dessas características já abordadas, Carlos Weis atribui, no contexto da
contemporaneidade, a indivisibilidade, a interdependência e a transnacionalidade também como
características dos direitos humanos. Para o autor,
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“Direitos humanos - são, por sua vez, inscritos (positivados) em tratados ou decorrentes
de costumes internacionais. Trata-se daqueles direitos que já ascenderam ao patamar do Direito
Internacional Público.” (MAZZUOLI, 2015, p. 896).
Com isso, pode-se observar que embora pareçam a mesma coisa, não são, já que os
direitos do homem são aqueles que ainda não estão normatizados, os direitos fundamentais são
aqueles garantidos nas Constituições de cada país e os direitos humanos são os assegurados nos
tratados internacionais.
Fábio Comparato esclarece que:
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“[...] o desenvolvimento dos direitos do homem passou por três fases: num
primeiro momento, afirmaram-se os direitos de liberdade, isto é, todos aqueles
direitos que tendem a limitar o poder do Estado e a reservar para o indivíduo,
ou para os grupos particulares, uma esfera de liberdade em relação ao Estado;
num segundo momento, foram propugnados os direitos políticos, os quais -
concebendo a liberdade não apenas negativamente, como não impedimento, mas
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Norberto Bobbio explica que a liberdade tem dois significados relevantes, sendo um
negativo e outro positivo. Para o autor, “a liberdade negativa é uma qualificação da ação; a
liberdade positiva é uma qualificação da vontade”. Quando se observa, com isso, a perspectiva
histórica, a liberdade negativa faz parte do direito de primeira geração, e se refere ao indivíduo
singular, enquanto a liberdade positiva é atribuída ao indivíduo considerado em sua coletividade,
ou do corpo social no qual o indivíduo está inserido e faz parte (BOBBIO, 2004, p. 50).
Nesse sentido, “Por liberdade negativa, na linguagem política, entende-se a situação na
qual um sujeito de a possibilidade de agir sem ser impedido, ou de não agir sem ser obrigado, por
outros sujeitos”. Essa liberdade também costuma ser delineada tanto à “ausência de impedimento,
ou seja, a possibilidade de fazer, quanto a ausência de constrangimento, ou seja, a possibilidade
de não fazer”. (BOBBIO, 2004, p. 49).
Sobre a liberdade positiva, Bobbio fundamenta ser “a situação na qual um sujeito
tem a possibilidade de orientar seu próprio querer no sentido de uma finalidade, de tomar
decisões, sem ser determinado pelo querer de outros”. A essa forma, também é dado o nome de
autodeterminação ou de autonomia, ou seja, “determinar-se sem ser, por sua vez, determinado.”
(BOBBIO, 2004, p. 50).
A segunda geração de direitos humanos passa a exigir um papel mais ativo do Estado e
se refere à igualdade, concepção esta nascida a partir do século XX. Eles são os direitos sociais,
econômicos e culturais, além dos direitos coletivos ou das coletividades, trazidos com o advento
do Estado social.
De acordo com Norberto Bobbio, “a igualdade constitui um valor”, e a máxima de que
todos os homens são iguais tem sido reproduzida desde os estoicos até os dias atuais, sobretudo
por que a igualdade é um ideal a ser atingido (BOBBIO, 2004, p. 22).
A questão da igualdade gera uma amplitude de definições, especialmente para se identificar
igualdade “entre quem” deve ser garantida e “igualdade em que”. A reflexão é importante, sobretudo
porque delimitar a igualdade em algum aspecto não implica automaticamente igualdade num
outro aspecto, como exemplo, igualdade de renda entre duas pessoas e igualdade de saúde.
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Para essa geração, exige-se do Estado um papel mais ativo, principalmente para garantir
os direitos trazidos sob a influência das doutrinas socialistas, advindos dos movimentos sociais de
reivindicações desses direitos que teriam por fim garantir uma condição mínima de sobrevivência
dos indivíduos.
Os direitos sociais de segunda geração compreendem o direito à saúde, à educação, à
previdência social, à habitação, dentre outros. Como se pode observar, esses direitos demandam
uma atuação positiva do Estado para garanti-los aos indivíduos, especialmente aos mais
necessitados que são incapazes de satisfazê-los sozinhos.
Eles são denominados direitos de igualdade pois pretendem garantir aos menos
favorecidos uma equivalência em direitos, especialmente concretizar as liberdades abstratas
reconhecidas nas primeiras declarações internacionais.
Como visto anteriormente, eles podem ser encontrados na Constituição Mexicana de
1917, na Constituição de Weimar de 1919, pela criação da Organização Internacional do Trabalho
neste mesmo ano.
Esses direitos de segunda geração também são denominados de direitos programáticos
“em virtude de não conterem para sua concretização aquelas garantias habitualmente ministradas
pelos instrumentos processuais de proteção aos direitos da liberdade” (MAZZUOLI, 2015, p.
902).
A terceira geração de direitos humanos contempla aqueles direitos de titularidade de uma
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As críticas a essa teoria das gerações não são poucas. Ramos explica que, em primeiro
lugar, a teoria apresenta uma forma errônea e dá a entender que uma geração é substituída por
outra. Na verdade, uma geração deve interagir com a outra, como o direito de propriedade que
deve interagir com o direito ao meio ambiente equilibrado (RAMOS, 2014).
Em seguida, o autor apresenta outra crítica de que a ideia das gerações sugere que um
direito de primeira geração nasceu antes de outro de terceira geração, por exemplo, o que na
prática não ocorreu, tendo em vista que diversos direitos de terceira geração foram consagrados
antes mesmo dos de primeira (RAMOS, 2014, p. 54).
Além disso, Ramos argumenta que a teoria das gerações apresenta os direitos humanos
de forma fragmentada, o que ofenderia a indivisibilidade, uma das características já abordadas.
Por fim, o autor sugere que a divisão em gerações dificulta as novas interpretações acerca do
conteúdo dos direitos, exemplificando que o direito à vida seria da primeira geração, mas que
atualmente, demanda atuação do Estado para a garantia da vida digna, da saúde, por exemplo,
direitos esses inseridos na segunda geração (RAMOS, 2014, p. 54).
Como já mencionada anteriormente, a questão fundamental neste momento não é quais
são os direitos humanos ou a que geração eles pertencem. O verdadeiro problema a ser enfrentado
é a criação de mecanismos ou de ferramentas para efetivamente garantir esses direitos a todas as
pessoas.
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02
UNIDADE
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................ 21
RETROSPECTIVA HISTÓRICA E CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 ................................................................. 22
TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS E O DIREITO BRASILEIRO ....................................... 25
INSTITUIÇÕES DE DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS - PARTE I ..................................................................... 28
INSTITUIÇÕES DE DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS - PARTE II .................................................................... 32
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INTRODUÇÃO
Antes de aprofundar no tema, é importante lembrar que a proteção dos direitos humanos
se dá em duas esferas, uma interna, como dispõe a Constituição Federal de 1988, e uma
internacional, que é estudada pelo Direito Internacional dos Direitos Humanos. Conheceremos,
nesta unidade, esses dois contextos.
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Não bastasse, para manter essa estrutura opressora, foi criada a Polícia Especial e o
Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) que censurava as comunicações orais e escritas,
alcançando inclusive correspondências pessoais. São incontáveis os direitos humanos que foram
violados da população brasileira.
Em 1946, com o fim do Estado Novo, diversas garantias fundamentais foram restauradas
e foram ampliados os direitos garantidos pela Constituição. Dentre os direitos sociais, foi criada
a assistência aos desempregados, o direito de greve, a liberdade de associação patronal e sindical
e o direito do trabalhador de participação nos lucros da empresa.
Embora essa Constituição tenha trazido várias alterações benéficas às pessoas, da
perspectiva dos direitos humanos, ela vigorou, formalmente, até 1967. Na prática, a Revolução
de 1964 suprimiu e suspendeu muitos direitos, com o advento dos Atos Institucionais n. 1 e n. 2.
A ditadura militar, que teve início em 1964, foi catastrófica, sob o ponto de vista dos
direitos humanos. Esse período foi marcado pelo autoritarismo, que suprimiu e violou diversos
direitos fundamentais.
Inicialmente, foram cassados os direitos políticos dos opositores do governo, diversos
partidos políticos foram extintos, foi fechado o Congresso Nacional, e foi criada uma espécie de
polícia da política, o Serviço Nacional de Informações (SNI).
A repressão policial aumentou exponencialmente, além de que os direitos fundamentais
de apresentação imediata ao juiz competente, habeas corpus, e o próprio direito de defesa foram
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É importante acrescentar que esse rol não é exaustivo, ou seja, foi adotado um sistema
aberto de direitos fundamentais (MENDES, 2014, p. 249). Em outras palavras, isso significa que
os direitos humanos que não estiverem inseridos nessas categorias não estão excluídos do âmbito
de proteção. A isto dá-se o nome de princípio da não exaustividade dos direitos fundamentais,
previsto no art. 5º, §2º, da vigente Constituição Federal.
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No entanto, foi mesmo a partir do fim da Segunda Guerra que os países, então, incluindo
o Brasil, passaram a assinar alguns tratados internacionais para a proteção dos direitos humanos.
Esses tratados englobam os Pactos, as Convenções, as Cartas, Acordos.
Em 1945 foi criada uma das Organizações Internacionais mais relevantes para a proteção
dos direitos humanos, que é a Organização das Nações Unidas, criada pela Carta de São Francisco,
cujo objetivo principal é a manutenção da paz e da segurança internacionais. O Brasil é um dos
membros fundadores.
Em 1948 foi assinada a Declaração Universal de Direitos Humanos, na Assembleia Geral
da ONU, também pelo Brasil, o que fez com que o tema dos direitos humanos fosse pensado a
partir da proteção na perspectiva internacional e nacional.
Pode-se considerar que o Brasil é um país que tem ratificado diversos tratados
internacionais para a proteção dos direitos humanos. Dentre eles, pode-se destacar os mais
importantes ratificados pelo Estado brasileiro:
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Há que se observar, também, que o Brasil se compromete a cumprir, nas suas relações
internacionais, o princípio da prevalência dos direitos humanos, como previsto no art. 4º, II, da
Constituição Federal de 1988.
Em 1998, o Brasil reconheceu a jurisdição da Corte Interamericana de Direitos Humanos
e em 2002 a jurisdição do Tribunal Penal Internacional. Com isso, fica ultrapassada a fronteira
das regras nacionais versus as regras internacionais para atribuir uma interpretação de proteção
aos direitos humanos no âmbito interno.
Nesse sentido, André Ramos de Carvalho explica que:
Além do mais, o Brasil tem se mostrado bastante cooperativo no que tange aos tratados de
direitos humanos, por comungar da ideia de que é necessário promover e assegurar mecanismos
de proteção dos direitos humanos.
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- Formular políticas e diretrizes voltadas à defesa dos direitos das pessoas com deficiência
e promoção da sua integração à vida comunitária;
- Articular iniciativas e apoiar projetos voltados para a proteção e promoção dos direitos
humanos em âmbito nacional, tanto por organismos governamentais, incluindo os Poderes
Executivo, Legislativo e Judiciário, quanto por organizações da sociedade;
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Figura 6 - Campanha em defesa dos direitos das pessoas em situação de rua. Fonte: CNMP (2017).
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Outro órgão bastante atuante é o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e Adolescentes
que tem como principais atribuições elaborar normas para promover os direitos humanos das
crianças e dos adolescentes, consoante Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069 de 1990),
zelar pela política nacional de atendimento dos direitos da criança e do adolescente, apoiar os
Conselhos Estaduais e Municipais e outros órgãos, promover campanhas educativas acerca do
tema.
O Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência é outro órgão
importante no cenário brasileiro que tem a finalidade de promover a política nacional de inclusão
da pessoa com deficiência, bem como avaliar as políticas setoriais de inclusão, como na escola,
no desporto, no turismo, no lazer, no trabalho, dentre outras áreas, cooperar com as políticas
governamentais dos estados e municípios, bem como promover pesquisas que objetivem a
conscientização e melhorias na qualidade de vida da pessoa com deficiência.
O Conselho Nacional dos Direitos do Idoso é o órgão que atua para elaborar diretrizes,
instrumentos, leis para promover a política nacional do idoso, para colaborar com outros órgãos
da esfera municipal e estadual, avaliar e apresentar orientações e recomendações para promover
os direitos humanos dos idosos.
O Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos de Lésbicas,
Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais é um órgão que promove o combate a todas as formas
de discriminação. Sua luta tem relação com o combate à discriminação racial e sua função é
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As Defensorias Públicas dos Estados são instituições que prestam assistência jurídica aos
que não podem custear a defesa de seus direitos sem prejuízo do próprio sustento ou de sua família
e pode atuar em todos os graus de jurisdição, no âmbito judicial, extrajudicial e administrativo,
promovendo o acesso à justiça.
A lei que dispõe sobre a organização da Defensoria Pública (Lei Complementar 80 de
1994) determina a descentralização da Defensoria e o atendimento interdisciplinar para a tutela
integral dos interesses individuais, difusos, coletivos e individuais homogêneos.
Além das Defensorias, há ainda os Conselhos Estaduais de Direitos Humanos que
representam a coordenação das políticas públicas estaduais de direitos humanos, assim como se
verifica no âmbito federal. Com isso, objetiva-se a participação da sociedade civil e da população,
que pode contribuir com a apresentação de evidências práticas de como ocorrem as violações
de direitos humanos e como poderiam ser evitadas, ou mecanismos de promover esses direitos.
Esses Conselhos também usam mecanismos de monitoramento e avaliação da situação
dos direitos humanos naquele estado, seja para avaliar o que está ocorrendo, seja para propor
objetivos, metas e medidas para garantir a implementação dos direitos humanos. Além disso, o
Conselho também pode receber notícias acerca da violação de direitos humanos e exigir do poder
público o cumprimento de medidas e a responsabilização dos agentes causadores dos danos.
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03
UNIDADE
SISTEMA INTERNACIONAL
DE PROTEÇÃO DOS
DIREITOS HUMANOS
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SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................... 36
A ONU E A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS DE 1948 ..................................................... 37
O SISTEMA REGIONAL INTERAMERICANO .......................................................................................................... 41
OS SISTEMAS REGIONAIS: EUROPEU, AFRICANO, NO MUNDO ÁRABE .......................................................... 46
A INTERNACIONALIZAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS ...................................................................................... 50
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INTRODUÇÃO
Como vimos anteriormente, a proteção dos direitos humanos e a garantia de que eles
sejam efetivados às pessoas é uma tarefa árdua, que exige um comprometimento de todos os
Estados, tendo em vista que o ser humano merece proteção em qualquer lugar que se encontre,
sendo de qualquer raça ou gênero, pelo simples fato de ter nascido humano.
Nesse sentido, é importante relembrar, que essa evidente necessidade de proteção é fruto
das atrocidades nazistas cometidas contra os judeus e outras minorias com a ajuda do próprio
Estado.
Observou-se, com isso, o surgimento de sistemas de proteção dos direitos humanos.
Pode-se considerar a Organização das Nações Unidas como a representante de um sistema global
de proteção, enquanto o sistema Interamericano, o sistema Europeu, o sistema Africano e o do
mundo árabe como sistemas regionais de proteção dos direitos humanos.
Cada um desses sistemas será analisado a seguir, com o objetivo de verificar como cada
qual pode contribuir para proteger os direitos humanos das graves violações que são noticiadas
diariamente.
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Para se tornar membro das Nações Unidas, um país precisa obedecer a três condições: “a)
ser um Estado amante da paz; b) aceitar as obrigações impostas pela Carta; e c) estarem aptos e
dispostos a cumpri-las.” Segundo Valério Mazzuoli, a Carta entendeu que “a proteção dos direitos
humanos é conditio sine qua non para o bem-estar da sociedade internacional.” (MAZZUOLI,
2015, p. 686).
Esses preceitos podem ser observados no próprio preâmbulo da Carta que determina que
os membros resolvem “reafirmar a fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no
valor do ser humano, na igualdade de direito dos homens e das mulheres” (ONU, 1945). Assim,
ao ratificarem a Carta, os membros reconhecem que têm obrigações nacionais e internacionais
de promover a proteção dos direitos humanos.
Dentre os órgãos da ONU, a Assembleia Geral é o principal e representa o maior foro de
discussões da Organização. Para a proteção dos direitos humanos, não é diferente, a Assembleia
deve iniciar estudos e fazer recomendações para, nos termos do art. 12, §1º:
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Acerca da estrutura da Declaração, ela agrega tanto direitos civis e políticos, o que
tradicionalmente são chamados de direitos e garantias individuais (arts. 3 ao 21) quanto direitos
sociais, econômicos e culturais (arts. 22 ao 28). O art. 29 estabelece deveres da pessoa para com
a comunidade, em que o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é possível, e o art.
30 consagra o princípio da interpretação da Declaração sempre a favor dos direitos e liberdades
nela proclamados:
Observa-se, com isso, que a Declaração combinou o discurso liberal com o discurso
social da cidadania, ou seja, o valor da liberdade com o valor da igualdade.
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O que se observa, diante disso, é que os direitos fundamentais são importantes e devem
ser preservados pela Organização, a qual também reconhece a diversidade cultural existente no
continente americano e preza pelo respeito à personalidade cultural de cada país.
Desde a criação da OEA, em 1948, já existia a preocupação do sistema interamericano em
proteger os direitos humanos, tanto que aprovou a Declaração Americana dos Direitos e Deveres
do Homem na mesma data. O que se seguiu foi um processo de criação de um mecanismo capaz
de promover e proteger os direitos humanos no âmbito da Organização. Surge, com isso, um
órgão especializado que é a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, em 1959.
Inicialmente, a Comissão deveria funcionar de forma provisória, como órgão da OEA,
até a instituição de uma Convenção Americana de Direitos Humanos, que ocorreu em 1969, mas
que só obteve a quantidade mínima de ratificações em 1978, quando então entrou em vigor.
Com a entrada em vigor da Convenção, “estabeleceu-se nas Américas um padrão de
“ordem pública” relativa a direitos humanos até então inexistente”, ainda que Estados Unidos e
Canadá não tenham ratificado a Convenção e não parecem querer fazê-lo (MAZZUOLI, 2015, p.
975). O próprio Brasil apenas ratificou a Convenção em 1992.
Observa-se que a ratificação da Convenção torna a sua aplicação complementar à oferecida
pela legislação interna dos países, sobretudo no que tange à proteção dos direitos das pessoas.
Isso significa que os países precisam atuar para proteger os direitos humanos internamente, ou
seja, não se desincumbiram desse papel. Nesse sentido a Convenção atua para proteger o que o
Estado não garantiu, ou se preservou menos do que deveria. Nesse caso, o Estado é responsável
pela violação dos direitos humanos que se comprometeu assegurar e não o fez satisfatoriamente.
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Vale mencionar que algumas críticas surgem a partir da redação do artigo, tendo em vista
Figura 9 - Justiça Militar e Corte Interamericana discutem direitos humanos na ditadura. Fonte: EBC
(2017).
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Por certo que a ratificação da Convenção, pelo Brasil, aproxima os direitos humanos
dos direitos fundamentais e sua concretização. Isso porque há dois outros órgãos integrados
na Convenção, quais sejam, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos e a Corte
Interamericana de Direitos Humanos. Com o reconhecimento da jurisdição da Corte, pelo
Brasil, observa-se que este órgão:
Por certo que a função de averiguar as comunicações dos indivíduos acerca da violação dos
direitos humanos é bastante relevante, pois essas petições podem dar início a um procedimento
de processo internacional contra o Estado.
Essa garantia se encontra no artigo 44, que determina que:
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Ressalte-se que qualquer pessoa ou grupo de pessoas pode apresentar petições à Comissão
para denunciar a violação de direitos humanos pelo Estado, ou seja, é um mecanismo bastante
interessante. No entanto, para que a denúncia seja processada e julgada, é necessário que se
tenham esgotados os recursos da jurisdição interna, que tenha sido apresentada no prazo de
seis meses, que a matéria não esteja pendente de outro processo de solução internacional e que
contenha a qualificação pessoal do peticionante (pessoa ou entidade que o represente).
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Toda essa efetividade do sistema europeu, contudo, não é constatada no sistema africano,
que é considerado o menos efetivo de todos. Isso se deve ao fato de ser o mais novo, tendo em
vista que a Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos foi assinada em 1981 e só entrou
em vigor em 1986. Na Carta ficou estabelecida somente a criação da Comissão Africana, sendo
que a Corte Africana dos Direitos Humanos e dos Povos só foi efetivamente criada em 2004.
Além disso, o continente africano, ao longo da história da humanidade, tem sido palco
de inúmeras violações de direitos humanos, talvez mais gravosas às que ocorreram na Europa e
nas Américas, sobretudo a chamada África Negra. Tanto é que a autodeterminação dos povos foi
inserida na Carta como evidente necessidade de ser afirmada num tratado internacional para o
amplo reconhecimento pela população local e pelos demais povos.
Em especial, as atrocidades cometidas (e amplamente divulgadas) a partir da década
de 70 em Uganda, Etiópia, República Centro-Africana, Guiné Equatorial e Malawi tiveram
importância fundamental no processo de construção de um sistema regional africano de direitos
humanos (MAZZUOLI, 2015, p. 1024).
A Carta Africana é estruturada em três partes, sendo que a primeira elenca os direitos e
deveres dos cidadãos, na segunda são estabelecidas as medidas de salvaguarda, como a composição
e organização da Comissão Africana de Direitos Humanos e dos Povos, competências, processos
e princípios aplicáveis, e na terceira parte são tratadas disposições diversas.
É importante mencionar que, no que tange aos direitos conferidos pela Carta, estão
contemplados, inclusive, os de terceira geração, como o direito ao desenvolvimento, à paz e ao
meio ambiente sadio. Além disso, no mesmo texto constam direitos civis e políticos e direitos
econômicos, sociais e culturais, além do direito à autodeterminação dos povos. Como a Carta
atribuiu-lhes igual força jurídica, a Comissão pode ser provocada a tratar da violação de um
direito político ou de um direito econômico, por exemplo.
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A única distinção trazida pela Carta Africana é a entre “direitos humanos” e “direitos dos
povos”. Segundo o preâmbulo da Carta, os direitos fundamentais do ser humano são os baseados
em atributos da pessoa humana, o que justifica a sua proteção internacional, bem como o respeito
dos direitos dos povos deem necessariamente garantir os direitos humanos. Decorrente disso, a
concretização dos direitos dos povos é condição para a realização dos direitos individuais.
Além do mais, é importante mencionar o rol de deveres dos indivíduos previsto pela Carta,
diferentemente do sistema interamericano e europeu, que pouco tratam dos deveres. Dentre eles,
a Carta determina: deveres do indivíduo para com a família e a sociedade, o Estado e outras
coletividades, de respeito e consideração a seus semelhantes sem discriminação, de preservação
do desenvolvimento harmonioso da família e respeito aos pais, de servir à comunidade nacional,
de não comprometer a segurança do Estado, de preservar a solidariedade social e nacional, de
preservar a independência nacional e a integridade territorial da pátria, de zelar pela preservação
dos valores culturais africanos, de contribuir para a realização da Unidade Africana (CARTA
AFRICANA, 1981).
Observa-se que os deveres dos indivíduos são, na maioria das vezes, em prol do benefício
da coletividade, o que harmoniza com o “direito dos povos” anteriormente mencionado.
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O autor alerta para a falta de regras, limites e vínculos que visam garantir a paz e os
direitos humanos diante dos novos agentes internacionais, que destronaram os tradicionais
poderes estatais (FERRAJOLI, 2017, p. 06).
Nesse contexto, Delmas-Marty acredita que pode ser possível a criação de um “Direito
Mundial”, que não imponha a hegemonia de uma cultura ou nação, mas que seja um direito
pluralista que se fundamente na razão como instrumento de justificação e diálogo (DELMAS-
MARTY, 2003, p. 09).
A proposta de Marty sugere ser importante priorizar as raízes histórico-jurídicas da
cultura local, mas também interligar com os demais centros, como nuvens que se entrelaçam,
em um nível global. Isso porque, a autora defende a criação de um direito mundial para todos os
povos, entretanto, que não seja imposta uma determinada cultura ou conjunto de normas, mas
sejam respeitadas a miríade de identidades culturais que permeiam o globo.
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Assim, o que Delmas-Marty defende é que a internacionalização do direito faz com que
não haja um sistema fechado de ordens jurídicas, mas uma interligação entre ordens jurídicas
abertas, misturando jurisprudências, juízes e normas nacionais e internacionais, sobretudo as
normas de proteção dos direitos humanos, por entender que o homem é homem onde quer que
se encontre.
Como consequência disso, nasce um direito voltado para as pessoas e não mais para os
Estados, como explica Varella:
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UNIDADE
DIREITOS HUMANOS E
DIVERSIDADE
PROF.A MA. MALU ROMANCINI
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................... 55
O MULTICULTURALISMO E PLURALISMO ............................................................................................................ 56
DIVERSIDADE E TOLERÂNCIA .............................................................................................................................. 58
DIREITOS HUMANOS E MINORIAS ....................................................................................................................... 61
QUESTÕES DE GÊNERO E DIVERSIDADE SEXUAL .............................................................................................. 65
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INTRODUÇÃO
Nesta unidade, serão tratados tópicos relativos aos direitos humanos e diversidade. O
primeiro item a ser estudado é o multiculturalismo ou pluralismo, que nada mais é do que a
convivência harmônica entre várias culturas diferentes no mesmo espaço organizado, que pode
ser uma cidade, um bairro, estado ou país.
Posteriormente, será analisada a diversidade e sua inter-relação com a tolerância, uma vez
que a diversidade nasce e as pessoas devem respeitar as diferenças, pois todos são seres humanos
e somente por isso, devem ser respeitados.
A terceira parte desta unidade tratará de direitos humanos e minorias. Muitas são as
minorias que ainda lutam para garantir seu espaço e seus direitos na sociedade, por isso faz-se
mister tratar do assunto neste estudo.
A última parte desta apostila abordará as questões de gênero e diversidade sexual e sua
relação com os direitos humanos. Isso é importante pois a sociedade evolui e pode-se afirmar
que, nos últimos anos, muitas foram as inovações no que tange o gênero das pessoas. Portanto,
deve-se estar atento à essas questões também.
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O MULTICULTURALISMO E PLURALISMO
Antonio Carlos Wolkmer conceitua e explica que o pluralismo, significa “[...] a existência
de mais de uma realidade, de múltiplas formas de ação prática e da diversidade de campos sociais
ou culturais com particularidade própria, ou seja, envolve o conjunto de fenômenos autônomos
e elementos heterogêneos que não se reduzem entre si” (2001, p. 171-172).
Boaventura de Sousa Santos e Nunes (2003), referem-se ao multiculturalismo como
sendo as cidadanias plurais, o pluralismo e os direitos coletivos como algumas das expressões que
se colocam entre o reconhecimento da diferença e da realização da igualdade, que estão no centro
de lutas emancipatórias de movimentos e grupos minorias que pretendem ser vistas e tratadas da
mesma forma que os “principais”.
Na sua origem, a palavra multiculturalismo significa “a coexistência de formas culturais
ou de grupos caracterizados por culturas diferentes no seio de sociedades “modernas”” (SANTOS;
NUNES, 2003, p. 26). Dessa forma, pode-se dizer que multiculturalismo se tornou rapidamente
um modo de descrever as diferenças culturais que tomaram relevo em um contexto nacional e
global.
Touraine, por sua vez, acredita que o “[...] multiculturalismo não é nem uma fragmentação
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DIVERSIDADE E TOLERÂNCIA
A diversidade é um fenômeno comum e se manifesta em toda natureza. A humanidade
concretiza-se na diversidade, pois é extremamente distinta, tanto em aspectos físicos quanto
culturais. Reconhecer a diversidade é ponto crucial da experiência humana.
A diversidade surge quando nos deparamos com “o outro”, aquele que não é igual a nós,
o diferente, o novo, o desconhecido. O “outro” representa a diferença.
Na atualidade, conviver com a diversidade tem se mostrado um problema para as
pessoas. Geralmente, a diversidade é entendida como grave ameaça externa, fonte constante de
desconfiança, como um empecilho para a realização dos nossos objetivos.
Esse processo de desqualificar o “outro” chama-se etnocentrismo, ou seja, aquela visão
de mundo que nos autoriza a julgar o outro a partir dos nossos valores. Em outras palavras,
desqualificar o “outro” significa avaliar os seus modos de ser, fazer e sentir a partir dos nossos
modos de ser, fazer e sentir. Essas atitudes dão origem ao preconceito e à discriminação.
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Assim, reconhecer as diferenças, sejam elas culturais ou sociais, não sugere uma
igualitarização forçada ou assimilacionista, mas passa pelo respeito ao “diferente” como uma
espécie de “mínimo existencial” do princípio da igualdade no ambiente político e social.
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Contudo, tal diferenciação não é imprescindível, posto que, no dia-a-dia ambos os grupos
sofrem a discriminação e são vítimas da intransigência.
É importante destacar que, nos grupos dos vulneráveis, é comum que os pertencentes não
tenham sequer a consciência de que estão sendo discriminados ou que seus direitos não estão
sendo respeitados. Em outras palavras, a maioria nem sequer sabe que possui certos direitos.
Tendo delimitado a diferença entre minorias e grupos vulneráveis, é necessário entender
quais grupos são considerados minorias ainda no Brasil. Nesse sentido, pode-se afirmar que
as minorias são grupos de pessoas que ainda não atingiram a igualdade material para com
os demais. O que significa dizer que, a Constituição Federal determina que “todos são iguais
perante a lei”, e outrora determina que “iguais sejam tratados como iguais, e diferentes sejam
tratados diferentemente na medida de sua desigualdade”. No entanto, alguns grupos ainda não
vislumbram essa igualdade material.
Podemos citar como minorias que ainda lutam por igualdade os afrodescendentes, que,
devido à um processo de escravização, ainda sofrem hoje as consequências de “serem diferentes”.
A prova disso são as cotas raciais, que infelizmente, se mostram a forma mais “rápida” atualmente
para garantir um espaço para essas pessoas na universidade e no trabalho. Isso porque, é inevitável
dizer que ainda há discriminação e preconceito. As cotas não são a solução ideal ou definitiva,
mas, podem abrir espaço para que no futuro, não sejam mais necessárias.
As comunidades indígenas também são consideradas minorias, uma vez que, se comparada
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Por essas e outras razões, os indígenas ainda devem ser vistos como minoria, que ainda
não consegue tutelar seus direitos de forma igual a um não indígena.
Os idosos também podem ser considerados uma minoria. Segundo dados do IBGE, o
número de idosos com 80 anos ou mais pode passar de 19 milhões em 2060, um crescimento de
mais de 27 vezes em relação a 1980, quando o Brasil tinha menos de 1 milhão de pessoas nessa
faixa etária (684.789 pessoas). Na projeção para 2016, o país contabiliza 3.458.279 idosos com
mais de 80.
Se confirmada a projeção, o Brasil chegaria a 2060 com cerca de 19 milhões de pessoas
com 80 anos ou mais. Esse contingente, se comparado aos dados atuais, perderia apenas para a
população total de São Paulo e Minas Gerais. São dados preocupantes, que merecem uma atenção
especial da lei e da sociedade.
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A definição de pessoa idosa está na a Lei 8.842/94, que determina, em seu artigo 2o,
“idoso, para os efeitos desta lei, a pessoa maior de sessenta anos de idade”. Para tal, foi criada
uma política nacional de proteção ao idoso, que compreende alguns princípios, como determinar
que a família, a sociedade e o estado têm o dever de assegurar ao idoso todos os direitos da
cidadania, garantindo sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade, bem-estar
e o direito à vida; atribuir que o processo de envelhecimento diz respeito à sociedade em geral,
devendo ser objeto de conhecimento e informação para todos; definir que o idoso não deve
sofrer discriminação de qualquer natureza; por fim, as diferenças econômicas, sociais, regionais
e, particularmente, as contradições entre o meio rural e o urbano do Brasil deverão ser observadas
pelos poderes públicos e pela sociedade em geral, na aplicação desta lei (BRASIL, 1994).
Dentre as políticas públicas de combate à discriminação do idoso, bem como visando à
inserção do idoso na sociedade, a lei prevê: a viabilização de formas alternativas de participação,
ocupação e convívio do idoso, que proporcionem sua integração às demais gerações; a participação
do idoso, através de suas organizações representativas, na formulação, implementação e avaliação
das políticas, planos, programas e projetos a serem desenvolvidos; a priorização do atendimento
ao idoso através de suas próprias famílias, em detrimento do atendimento asilar, à exceção dos
idosos que não possuam condições que garantam sua própria sobrevivência; a capacitação e
reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria e gerontologia e na prestação de serviços;
o estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação de informações de caráter
Art.38. Não se aplica o disposto no artigo anterior nos casos de provimento de:
I- cargo em comissão ou função de confiança, de livre nomeação e exoneração; e
II-cargo ou emprego público integrante de carreira que exija aptidão plena do
candidato (BRASIL, 1999, web).
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Minha definição de gênero tem duas partes e duas subconjuntos, que estão inter-
relacionados, mas devem ser analiticamente diferenciados. O núcleo definição
repousa numa conexão integral entre duas proposições: (1) o gênero é um
elemento constitutivo de relações sociais baseadas nas diferenças percebidas
entre os sexos e (2) o gênero é uma forma primária de dar significado às relações
entre os sexos (SCOTT, 1995, p.86).
Assim, pode-se afirmar que gênero, como um elemento que está relacionado à convivência
social, construído culturalmente, ancorado nos discursos das diferenças biológicas entre os
sexos. A concepção tradicionalista entende que somente existem dois gêneros: o masculino e o
feminino. Países como Suécia, França, Austrália, Canadá, Alemanha, possibilitam a escolha do
gênero neutro ou até mesmo, de deixar sem preencher no documento que registra a criança seu
gênero, para que posteriormente escolha a qual gênero quer pertencer. A matéria de jornal abaixo
corrobora com as afirmativas apresentadas:
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Nesse contexto, é necessário afirmar que as concepções mais modernas acerca desta
questão tratam o gênero como um conglomerado de fatores, não somente levando em consideração
a formação biológica.
Figueirêdo e Barros afirmam que a questão das relações de gênero também conforma
identidades de gênero e sexuais. De modo que a diversidade sexual faz menção a um conjunto
dinâmico, plural e multíplice de práticas a qual estão intimamente relacionadas a vivências, prazeres
e desejos sexuais, vinculados a processos que se (re)configuram por meio de representações,
manifestações e afirmações identitárias, geralmente objetivadas em termos de identidades,
preferências, orientações e expressões sexuais e de gênero.
Silva e Lopes (2017) afirmam que a identidade de gênero diz respeito à forma como a
pessoa visualiza a si mesmo; se pertencente ao sexo masculino/homem/macho ou se pertencente
ao sexo feminino/mulher/fêmea. Assim que ocorre esta identificação, feita pela própria pessoa
em seu estado psíquico, ocorre à expressão, ou seja, exteriorização deste gênero pela qual
ela se identificou. Assim, tem-se que alguns usarão vestimentas femininas ou masculinas,
determinadas pelo padrão heterossexual; bem como expressarão seu comportamento, de acordo
com determinado gênero.
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Dessa forma, a diversidade sexual, está imbricada na categoria de gênero. Isso se reflete
nas múltiplas possibilidades de orientação sexual existentes, como: gays, lésbicas, bissexuais,
travestis, transexuais e transgêneros.
No Brasil, muitas foram as mudanças visando proteger essa diversidade sexual, pois,
como dito antes, está contida no direito à liberdade, que é um direito humano.
Dentre as medidas legais para a promoção dos Direitos LGBT, podem ser citadas: a
Orientação Conjunta nº 02/2017 - SUED/SEED, que prevê a inclusão do nome social nos registros
escolares internos do aluno e/ou da aluna menor de 18 (dezoito) anos; Lei Estadual nº 16.454/10
de 17 de maio de 2010 - Institui o Dia Estadual de Combate a Homofobia, a ser promovido,
anualmente, no dia 17 de maio; Plano Estadual de Promoção de Políticas Públicas para promoção
dos direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais; Resolução nº. 12, de 16 de
janeiro de 2015 - Conselho Nacional de Combate às Discriminações e promoções dos direitos de
lésbicas, gays, bissexuais travestis e transexuais CNCD/LGBT. (SECRETARIA DE EDUCAÇÃO
DO PARANÁ, 2017).
Vale fazer menção ao uso da expressão nome social reconhecida como o nome pelo
qual pessoas trans e travestis preferem ser chamadas cotidianamente, em contraste com o nome
oficialmente registrado que não reflete sua identidade de gênero.
No âmbito internacional, em 1997, a Declaração dos Direitos Sexuais foi definida na
cidade de Valência, Espanha, durante o XIII Congresso Mundial de Sexologia. Porém, apenas foi
DECLARA que direitos sexuais são baseados nos direitos humanos universais
que já são reconhecidos em documentos de direitos humanos domésticos e
internacionais, em Constituições Nacionais e leis, em padrões e princípios de
direitos humanos, e em conhecimento científico relacionado à sexualidade
humana e saúde sexual.
REAFIRMA que a sexualidade é um aspecto central do ser humano em toda a
vida e abrange sexo, identidade e papeis de gênero, orientação sexual, erotismo,
prazer, intimidade e reprodução. A Sexualidade é experiência e expressada em
pensamentos, fantasias, desejos, crenças, atitudes, valores, comportamentos,
práticas, papeis e relacionamentos. Embora a sexualidade possa incluir todas
essas dimensões, nem todas elas são sempre expressadas ou sentidas. Sexualidade
é influenciada pela interação de fatores biológicos, sociais, econômicos, políticos,
culturais, legais, históricos, religiosos e espirituais.
RECONHECE que a sexualidade é uma fonte de prazer e bem-estar e contribui
para a satisfação e realização como um todo. (DECLARAÇÃO DOS DIREITOS
SEXUAIS, 1999).
Segundo Silva e Lopes (2017), a Declaração dos Direitos Sexuais foi um documento
elaborado no intuito de discutir e determinar certas providências quanto ao tema da sexualidade
humana, na qual se enquadra a identidade de gênero, dentre outros, vez que estes assuntos,
embora discutidos, não possuíam proteção, estando desamparados em muitos países, dentre eles
o Brasil.
As autoras afirmam que um dos principais objetivos desta Declaração é abordar sobre a
igualdade e não discriminação, necessários para a proteção, bem como promoção, de todos os
direitos humanos, dentre eles a sexualidade. Assim, é necessário dizer que a identidade de gênero,
bem como a expressão deste, dentre outras características que o indivíduo apresenta merecem ser
tutelados como direitos humanos.
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Silva e Lopes (2017) complementam que o ser humano é composto de aspectos físicos, ou
seja, o corpo humano em si, e psicológicos. Assim, tem-se a construção do ser, enquanto pessoa,
o que inclui sua personalidade. A identidade de gênero é um dos direitos fundamentais que está
inserido nos direitos da personalidade, sendo uma das características que definem e singularizam
a pessoa.
A identidade do ser humano é composta de vários caracteres, os quais individualizam cada
pessoa, tornando-a única em meio aos demais. Dentre algumas destas características, visualiza-
se a imagem da pessoa; o nome que este indivíduo apresenta, pelo qual é reconhecido em meio
à sociedade; a identidade cultural; a identidade religiosa; a sexualidade, estando inserida nesta a
identidade de gênero.
Nesse sentido, para Raul Cleber da Silva Choeri:
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