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Henor Artur de Souza e Luciano Souza Rodrigues et al.

Engenharia Civil
Civil Engineering

Ventilação natural como


estratégia para o conforto
térmico em edificações
Natural ventilation as a strategy
for thermal comfort in buildings

Henor Artur de Souza Resumo


Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil
Construção Metálica, Escola de Minas, UFOP. Uma circulação natural de ar adequada dentro de um ambiente construído, além
henor@em.ufop.br de auxiliar na diminuição do gradiente térmico, contribui para a renovação do ar
interno. Este, dependendo do perfil de ocupação do ambiente, pode ser prejudicial
Luciano Souza Rodrigues à saúde. Uma circulação natural pode se constituir em uma alternativa eficiente na
CEMIG, MG, Brasil redução do consumo de energia no condicionamento de edificações. Nesse trabalho,
luciano.srodrigues@cemig.com.br estuda-se a ventilação natural, dirigida pela ação combinada das forças do vento e
térmicas num ambiente. Avalia-se a eficiência da ventilação unilateral e cruzada, uti-
lizando-se o método numérico de elementos finitos, por meio do software ANSYS. O
modelo numérico é utilizado na determinação dos efeitos das forças do vento e das
forças térmicas combinadas, obtendo-se o fluxo de ar e a distribuição de temperatura
dentro do ambiente. Os resultados obtidos são comparados com resultados de modelos
empíricos, observando-se que a eficiência da ventilação cruzada fica em torno de 3,5
vezes maior do que a ventilação unilateral, aumentando os vórtices no fluxo de ar no
interior do ambiente.

Palavras-chave: Ventilação natural, conforto térmico, solução numérica.

Abstract

Appropriate natural air circulation within a structure reduces the thermal gradi-
ent, and contributes towards internal air renewal. This latter is important because,
depending on the profile of occupation of the environment, the lack of this process
can be harmful to the health. This type of circulation is an efficient alternative for
the reduction of the consumption of energy in the conditioning of buildings. In this
research, we studied natural ventilation, driven by the combined action of the forces
of wind and thermals. The efficiency of the single sided and cross natural ventilation
is evaluated, using the numerical method of the finite elements with the software AN-
SYS. The numeric model is used to determine the effects of the force of the winds and
the combined thermal forces, resulting in the airflow and the temperature distribution.
The results obtained are compared with the results of empiric models, whereby it was
observed that the efficiency of the cross ventilation is around 3.5 times higher than the
single sided ventilation, increasing the vortexes in the airflow inside the environment.

Keywords: Natural ventilation, thermal comfort, numerical solution.


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Ventilação naturl como estratégia para o conforto térmico em edificações

1. Introdução

A ventilação natural é um dos re- efeito chaminé. Esses dois mecanismos blemas de convecção natural bidimen-
cursos naturais mais eficazes, quando podem agir de maneira separada ou sional, analisando os fatores relevantes
se busca obter conforto ambiental e de forma combinada, dependendo das como tamanho e posição das abertu-
eficiência energética das edificações. O condições atmosféricas, do projeto e da ras e o efeito de fontes internas de ca-
emprego do fluxo normal do ar, com o localização do edifício. lor (Souza & Rocha, 2007; El-Agouz,
propósito de se obter um condiciona- Em uma edificação, a ventilação 2008). No entanto, estudos sobre o flu-
mento térmico do ambiente que propi- natural também pode ser cruzada, xo tridimensional, dentro do ambiente,
cie condições favoráveis de conforto aos quando a circulação do ar se dá através não têm sido desenvolvidos (Zhao et al.,
ocupantes e melhoria da qualidade do de aberturas situadas em lados opostos 2006; Zhao et al., 2008). Nesse traba-
ar interno é o que se define como ven- de um ambiente, ou unilateral, quando lho, aborda-se uma questão atual, que
tilação natural (Allard, 1998; Liping & a circulação do ar se dá através de aber- é o bem-estar do homem em relação ao
Hien, 2007). turas situadas no mesmo lado de um conforto térmico e a qualidade do ar,
A diferença de pressões exercidas ambiente. Fatores como número, tipo, dois aspectos intrinsecamente ligados à
pelo ar sobre um edifício pode ser cau- posição e tamanho das aberturas exis- ventilação. Também verifica-se a influ-
sada pelo vento ou pela diferença de tentes para a passagem de ar, perfil de ência da fonte de calor, no ambiente in-
densidade do ar interno e externo, ou ocupação e posição da edificação, em terno, considerando as configurações de
por ambas as forças, agindo simultane- relação à direção predominante do ven- ventilação cruzada e ventilação unilate-
amente. A força dos ventos promove a to, interferem no desempenho da ven- ral. Com esse propósito, foi utilizada
movimentação do ar através do ambien- tilação natural (Eftekharl et al., 2001; uma abordagem numérica tridimensio-
te, produzindo a ventilação denomina- Alloca et al., 2003). nal na avaliação da distribuição do ar
da ação dos ventos e o efeito da dife- Recentemente, muitas investiga- e da temperatura no ambiente interno,
rença de densidade provoca o chamado ções têm mostrado soluções para pro- para um ambiente típico de escritório.

2. Materiais e métodos

Para esse estudo, considera-se um na. A fonte interna de calor é avaliada xo incompressível e regime permanen-
ambiente típico de escritório com as entre 200 W e 1000 W, representando te. Admitem-se conhecidas as tempera-
dimensões de 4,7 m x 2,9 m e 2,8 m pessoas e equipamentos de um ambien- turas nas superfícies do ambiente e de
de altura (Figura 1), com as aberturas te típico de escritório. entrada do ar e a velocidade de entrada
de entrada e saída do ar nas dimensões Na resolução das equações gover- do ar. Considera-se, ainda, a superfí-
0,60 m x 0,60 m. Considerou-se, tam- nantes, são consideradas as seguintes cie inferior (piso) como uma superfície
bém, a existência de uma fonte inter- condições: escoamento turbulento, flu- isolada.

A B
0,20
0,20

0,60
0,60

2,00
2,80

y y
2,80
2,80
1,20

2,00

z x z x
0,60

0,60

Figura 1
0,20

0,20

1,15 1,15
0,6
1,15 4,70
0,6
1,15 4,70
Modelo físico
2,90 2,90
(A) Ventilação unilateral.
(B) Ventilação cruzada.

O aspecto físico de um escoa- conservação da quantidade de movi- pressos por um conjunto de equações
mento de fluido é governado pelas mento e conservação da energia. Esses diferenciais parciais. De uma forma
equações de conservação da massa, três princípios fundamentais são ex- genérica, tem-se:


∂ (ρ ui ϕ) = ∂ Γ ∂ϕ
∂xi ∂xi
ϕ (
∂xi
)+S ϕ
(1)

onde ρ é a densidade; S j é o termo-fonte e cinética k e a taxa de dissipação turbu- utilizando-se o programa computacional
representa uma taxa de geração por uni- lenta ε. ANSYS (ANSYS, 2007) e empregando-
dade de volume da variável dependente As equações de conservação da se o modelo de turbulência padrão k-e
j; Gj é o coeficiente de difusão de j. As quantidade de movimento, de massa, de (Chen, 1995).
variáveis dependentes de interesse são as energia, energia cinética turbulenta e sua As taxas de ventilação, obtidas via
três componentes da velocidade u, v, w, taxa de dissipação são resolvidas pelo simulação numérica, são comparadas
a pressão p, a temperatura T, a energia método numérico dos elementos finitos, com o modelo empírico apresentado na
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norma Britânica BS 5925: 1991 (Quadro e (d) aberturas em paredes de um único fachada, no caso da ventilação unilateral,
1). O modelo empírico propõe fórmulas lado (ventilação unilateral). Esse método mas, segundo Allocca et al. (2003), em
para o cálculo do fluxo de ar, consideran- assume um fluxo bidirecional através do sua pesquisa, o coeficiente 0,025 pode
do: (a) a ventilação por ação dos ventos; edifício e ignora todas as divisões internas. ser aumentado para 0,1, para configura-
(b) a ventilação por ação da diferença de No método empírico proposto pela ção de duas aberturas. Este aumento, no
temperatura (efeito chaminé); (c) o efeito norma britânica, não existe uma equa- coeficiente, aumentaria, efetivamente, a
combinado de ambos por aberturas em ção correspondente para ventilação por ventilação por ação dos ventos por cerca
paredes opostas (ventilação cruzada); ação dos ventos para duas aberturas por de duas vezes.

Condição Ventilação cruzada Ventilação unilateral

vz

A1 A3
Qw = C d. A w.v z. Δ Cp
Somente C p1 C p2 vz
H Ti Qw = 0,025Av
por ação + - z

dos ventos 1 1 1 A
= +
Te A2 2 2
A w (A1+ A 2) (A 3+ A 4)
2
A4

Te Ti Te Ti
A1 A3
Somente 2 ΔT gH
Qb = C d. A b
por Te
C p2 ΔT gH
diferença H
C p1 H A Qb = C d A
de + - 3 T med
1 1 1
temperatura 2
= + 2
A b (A1+ A 3) (A2+ A 4)
2
A2 A4

vz Te Ti
Efeito Ti
A1
A1 H A3
combinado vz A
<0,26 b
Q=Q b Qb=C dA 2
por ação ΔT A Δc p
C p1 w
C p2 (1+ ε) (1+ ε) 2
dos ventos H H
+ -
e diferença vz A H
de Q=Q w >0,26 b ε = A 1/ A 2 A = A 1+ A 2
A2 ΔT Aw Δc p A4 A2
temperatura Te

Notas:
1) As equações referentes à ação dos ventos e à ação da temperatura, para ventilação unilateral, são conside-
radas para somente uma abertura.
2) Para o cálculo do efeito combinado de vento e diferença de temperatura da ventilação unilateral, tem-se:
Q = √ (Qw)2 + (Qb)2
3) Qw é a vazão de ar pela ação dos ventos (m3/s), Qb é a vazão de ar pela ação da temperatura (m3/s), A é a
área da abertura (m2), Ab e Aw são as áreas equivalentes das aberturas (m2), Cd é o coeficiente de descarga
referente à perda de carga por ação dos ventos (≈ 0,61), v z é a velocidade do vento externo resultante na
abertura (m/s), Cp1 é o coeficiente de pressão da abertura de entrada de ar, Cp2 é o coeficiente de pressão da
Quadro 1 abertura de saída de ar, DCp é a variação dos coeficientes de pressão (ΔCp = Cp1 - Cp2), Cd é o coeficiente de
Equações empíricas para o cálculo descarga referente à perda de carga (0,6), Te é a temperatura externa (K), T i é a temperatura interna (K),
do fluxo de ar em edificações. ΔT é a variação de temperatura (ΔT = Ti – Te), Tmed é a temperatura média (Tmed =(Ti + Te)/2), g é a aceleração da
Fonte: BS 5925: 1991. gravidade (9,81 m/s2), H é a altura entre as duas aberturas verticais (m).

Para o cálculo das vazões de ar, do esse valor não é conhecido, em um se encontra disponível, a carga de calor
por ação da temperatura, a condição ambiente particular, principalmente a total, dentro do espaço, q, é alternativa-
ΔT deve ser conhecida. Porém, quan- temperatura interna Ti, que nem sempre mente usada,

q = r . Q. Cp . DT (2)

resolvendo-se, simultaneamente, essa No presente trabalho, conside- altera o resultado final e é realizada
equação, com aquelas para vazão de ar. ra-se a temperatura externa, Te, no porque não se conhece a temperatura
Os dados são obtidos pelo modelo empí- lugar da temperatura média, Tmed . média interna do ambiente (Alloca et
rico apresentado na norma BS 5925: 1991. Essa simplificação, praticamente, não al., 2003).
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3. Resultados

Os resultados da taxa de renovação Pode-se observar, no caso da ven- utilizam condições de contorno de pare-
do ar, por hora, versus o aumento da fon- tilação unilateral, que o modelo numéri- de isolada, em todas as superfícies, e, nes-
te interna de calor, no ambiente interno, co encontra-se bem próximo do modelo se trabalho, admite-se somente a super-
são mostrados na Figura 2. Os valores empírico, tendo uma pequena diferença fície inferior isolada. Admite-se, ainda,
obtidos são comparados com aqueles ob- para os casos com a fonte interna de que as demais superfícies estejam numa
tidos por meio do modelo empírico, suge- calor de 800 W e 1000 W. Entretanto, temperatura conhecida.
rido pela norma BS 5925: 1991. Também comparando com os resultados apresen- Nas simulações numéricas, para a
são comparados com os resultados apre- tados por Allocca et al. (2003), encontra- ventilação unilateral, pode-se observar
sentados por Allocca et al. (2003), para o se uma diferença de, aproximadamente, que, com o aumento da fonte interna de
caso da ventilação unilateral. 10 %. Deve-se salientar que esses autores calor, aumenta-se o número de trocas de
35

30

25

x
N (1/hr)

20
x x
15 x
10
x
5

0 x
0 200 400 600 800 1000
Fonte de calor (W)
Nesse trabalho - vent. unilateral Figura 2
BS 5925 (1991) - vent. unilateral x BS 5925 (1991) - vent. cruzada
Taxa de ventilação em função
Allocca; Chen; Glicksman (2003) - vent. unilateral Nesse trabalho - vent. cruzada
da fonte interna de calor.

ar por hora, dentro do ambiente interno ser feita quanto à localização da fonte in- de 0,4 m/s, para ventilação unilateral e
da edificação, o que era de se esperar, terna de calor, que direciona o fluxo de cruzada, respectivamente.
pois a diferença de temperatura aumen- ar da entrada para cima, prejudicando a Observa-se que a fonte interna de
ta. Observa-se, também, que a fonte ventilação na parte inferior da edificação. calor influencia, fortemente, a tempera-
de calor interna ficou muito próxima a Na avaliação numérica da ventila- tura do ar, na sua vizinhança, modifican-
abertura de entrada da ventilação, o que ção unilateral e cruzada (Figura 1), são do a estratificação do perfil e alterando,
ocasionou um direcionamento da venti- derivados os campos de distribuição de também, fortemente, a recirculação do
lação para a abertura superior. Com o temperatura e distribuição de velocidade ar. Para o modelo de ventilação unila-
aumento da fonte interna de calor, esse do ar interno. Para apresentação dos re- teral, observa-se, também, que, depen-
direcionamento ficou mais acentuado. sultados obtidos na análise da distribui- dendo da profundidade do ambiente, re-
Desta forma, a posição da fonte de calor ção da temperatura e do fluxo de ar, no sultam regiões de ar estagnado na parte
interna deve influenciar na distribuição ambiente interno, considera-se um plano posterior da fonte.
do ar no ambiente interno. passando pelo centro longitudinal do do- No caso do modelo de ventilação
No caso da ventilação cruzada, mínio (ambiente). cruzada com o aumento da fonte interna
pode-se observar que o modelo numé- Admite-se a temperatura de entra- de calor, tem-se uma recirculação mais
rico encontra-se, aproximadamente, 35 da do ar igual a 25,5°C e a temperatura, acentuada do ar vizinho, diminuindo
% acima do modelo empírico. Essa dife- nas superfícies laterais e na superfície su- as porções de ar estagnado, resultando
rença se justifica em função de o modelo perior, igual a 30°C. O piso é admitido numa maior eficiência do processo de
estudado ser tridimensional e o modelo isolado. Segundo a norma NBR 15220: ventilação, independentemente da pro-
empírico ser bidimensional. Observa-se 2005, a região metropolitana de Belo fundidade do ambiente.
que a taxa de renovação do ar da ventila- Horizonte, incluindo Ouro Preto, se en- No entanto, deve-se observar que,
ção cruzada é de, aproximadamente, 3,5 contram na zona bioclimática 3. Nesse para o caso de fontes internas de calor ele-
vezes maior que a da ventilação unilate- estudo, admite-se, como temperatura de vadas e uma maior recirculação do ar inter-
ral, o que era de se esperar. entrada do ar, uma condição-limite que no, a influência da fonte pode levar a uma
Nas simulações numéricas, para a representa a temperatura máxima duran- condição de desconforto térmico interno,
ventilação cruzada, também se observa te o mês de janeiro, na região metropoli- causada pela elevação da temperatura in-
que, com o aumento da fonte interna de tana de Belo Horizonte (Moraes, 2002). terna, em relação às condições climáticas
calor, aumenta-se o número de trocas de Nas Figuras 3 e 4, apresenta-se a externas, com temperatura do ar acima de
ar por hora, dentro do ambiente interno influência da fonte interna de calor, ad- 28°C (condição-limite de temperatura de
da edificação. A mesma observação pode mitindo uma velocidade de entrada do ar conforto estabelecida por norma).
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Figura 3
Perfil da temperatura e velocidade Y Y

do ar com fonte interna de calor x x

de 600 W, para ventilação unilateral. 298.5


299.961
301.421
302.882
304.342
305.803
307.263
308.724
310.184
311.645
0
.144412
.228823
.433235
.577646
.722058
.86647
1.011
1.155
1.3

Figura 4
Perfil da temperatura e velocidade Y Y
x
do ar com fonte interna de calor x

de 600 W, para ventilação cruzada. 298.5


299.939
301.379
302.818
304.257
305.697
307.136
308.576
310.015
311.454
0
.132918
.265836
.398755
.531673
.664591
.797509
.930428
1.063
1.196

4. Conclusões

A utilização da ventilação natural tomados na definição correta das condi- Com base nos resultados do mo-
como estratégica arquitetônica e biocli- ções de contorno, o que nem sempre é delo empírico e do modelo numérico,
mática é importante. Um projeto adequa- uma tarefa fácil. encontra-se uma diferença de, aproxi-
do de ventilação natural deve ser avaliado Nesse trabalho, verifica-se a influên- madamente, 10%, no caso da ventilação
em detalhes, observando-se as condições cia das fontes internas de calor existentes unilateral, o que revela um desempenho
climáticas e condições de vento locais, num ambiente interno típico de escritório, satisfatório do modelo numérico utiliza-
para se terem ótimos resultados. No en- com intuito de se comparar o efeito da da. No caso da configuração de ventila-
tanto, em função da complexidade das referida influência na taxa de renovação ção cruzada, o modelo numérico valoriza
condições de contorno e da imprevisibili- do ar, tanto para a ventilação unilateral, as taxas de fluxo de ar, em torno de 35%,
dade das forças naturais, é muito difícil de quanto para a ventilação cruzada. De em relação ao modelo empírico.
se definirem, corretamente, as condições acordo com as comparações realizadas Com os resultados mostrados, ob-
de velocidade e a direção do vento, pois se entre o modelo empírico, sugerido pela serva-se que a localização da fonte inter-
trata de forças variáveis, que não se pode norma BS 5925: 1991, e o modelo de si- na de calor pode influenciar o perfil de
controlar, como na ventilação mecânica. mulação numérica utilizado, via o progra- velocidade do ar, dentro do ambiente, e,
Nesse contexto, a simulação nu- ma ANSYS (2007), observa-se que o au- consequentemente, no perfil de tempe-
mérica se torna uma ferramenta em po- mento da fonte interna de calor influencia, ratura. Nesse trabalho, não se analisa a
tencial, pois permite que se possa ava- diretamente, a taxa de recirculação do ar influencia da posição da fonte interna de
liar essa influência das forças naturais interno, mostrando uma maior eficiência calor, durante o processo de simulação
(vento). No entanto, cuidados devem ser para o modelo de ventilação cruzada. numérica da ventilação no ambiente.

5. Agradecimentos

Os autores agradecem à FAPEMIG tado de Minas Gerais - Brasil) pelo apoio


(Fundação de Amparo à Pesquisa do Es- financeiro.

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Artigo recebido em 11 de setembro de 2009. Aprovado em 05 de março de 2012.

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