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DIREITO AMBIENTAL

RAFAEL MARTINS COSTA MOREIRA

rafamcosta@yahoo.com.br

@rafaelmcmoreira

@jusfederal

www.jusfederal.com.br
Indicações bibliográficas
Indicações bibliográficas
Indicações bibliográficas
Indicações bibliográficas
Indicações bibliográficas
Indicações bibliográficas
➢ POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (PNMA)
➢ SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (SISNAMA)
➢ PODER DE POLÍCIA AMBIENTAL
➢ LICENCIAMENTO AMBIENTAL
➢ ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL (EIA/RIMA)
➢ ZONEAMENTO AMBIENTAL
POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE

➢ CF, arts. 5, § 1º; 170, inc. VI; 225. Dever estatal de proteção ambiental.

➢ Direito fundamental ao meio ambiente: dupla função

➢ Regulação e poder de polícia: comando-e-controle; incentivos;


consensuais; antecedente, concomitante e repressivo; sanções, limitações,
padrões, normatizações; mercado
➢ Lei 6.938/81; Dec. 99274/90
➢ Lei 6938/81, art. 2º: preservação, melhoramento e recuperação
➢ Art. 4º: objetivos específicos da PNMA
➢ Art. 9º: instrumentos da PNMA (instrumentos regulatórios). Também
estados, DF e municípios
SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (SISNAMA)
➢ art. 6º da Lei 6.938/81

➢ Órgão Superior: Conselho de Governo


➢ CONAMA: órgão consultivo e deliberativo. Normas e padrões (art. 8º).
➢ Órgão central: SMA da Presidência da República
➢ Órgão executor: IBAMA e ICMBio
➢ Órgãos seccionais: estaduais
➢ Órgãos locais: municipais

➢ Não exclui outros. Ex. agências reguladoras como a ANP (STJ, REsp
1142377/RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 18/03/2010) e ANM (Lei n.
13.575/17, art. 2º, XXII)
SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (SISNAMA)

➢ CONAMA: Dec. 99.274/90, arts. 4º a 6º-B, e arts. 8º e 11


➢ Alterações pelo Dec. 9806/19 – ADPF 623/DF
➢ Sem poder de polícia e de fiscalização
➢ Poder normativo (STJ, STJ, 1ª T., REsp 994.881/SC, j. 16/12/2008;
REsp 1462208/SC, j. 11/11/2014; AgRg no REsp 1183018/MG, j.
07/05/2013)
➢ Caráter regulamentar (STF, ADI 2007 MC, j. 12/8/99)
➢ Resoluções do CONAMA vinculam Estados e Municípios (STJ, REsp
194.617/PR, j. 16/04/2002)
➢ Normas para EIA/RIMA e licenciamento: também vinculam Estados e
Municípios (Lei 6938/81, art. 8º, I; STJ, REsp 1330841/SP, j.
06/08/2013)
TAXA DE CONTROLE E FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL
(TCFA)
➢ TCFA: cobrada de empreendimentos já licenciados e em funcionamento,
cujo fato gerador é o exercício do poder de polícia pelo IBAMA (CF, art.
145, II; Lei 6938/81, Art. 17-B).
➢ Constitucionalidade: STF, RE 416601/SC, j. 10/8/2005
➢ Iniciativa concorrente: legislativo e executivo (iniciativa concorrente) (STF,
ADI 5077, j. 25/10/2018)
➢ Não se confunde com os preços dos serviços e produtos do IBAMA (Lei
6938/81, art. 17-A), nem com os custos do licenciamento (res. 237/97
CONAMA, art. 13)
➢ art. 17-F: isenção às entidades públicas federais, distritais, estaduais e
municipais, às entidades filantrópicas, àqueles que praticam agricultura de
subsistência e às populações tradicionais
TAXA DE CONTROLE E FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL
(TCFA)
➢ Recursos arrecadados: utilização restrita em atividades de controle e
fiscalização ambiental (art. 17-G, § 2º).
➢ Art. 17-P: crédito para compensação com o valor devido a título de TCFA,
até o limite de 60% e relativamente ao mesmo ano, o montante
efetivamente pago pelo estabelecimento ao Estado, ao Município e ao
Distrito Federal em razão de taxa de fiscalização ambiental
➢ Não são mutuamente exclusivas as atividades de fiscalização ambiental dos
entes federativos, e não se sobrepõem. Logo, não ocorre bitributação (STF,
AgRg no RE 602.089/MG)
➢ Art. 17-P, § 1º: os valores recolhidos aos demais entres a qualquer outro
título, tais como taxas ou preços públicos de licenciamento e venda de
produtos, não constituem crédito para compensação com a TCFA.
LICENCIAMENTO AMBIENTAL
Hidrelétrica de Balbina

▪ Rio Uatumã
▪ Capacidade 250mw. 60% do consumo de Manaus
▪ Produção atual: 100mw. 10% do consumo
▪ Inundou 2360km²
▪ Gera 10 vezes mais gases de efeito estufa que uma
termelétrica
Tragédia de Mariana e Brumadinho

▪ Falhas no planejamento, controle e gestão de riscos

▪ Falhas no licenciamento, EIA e fiscalização

▪ Inconsistência intertemporal
TRF4, 4ª T.,
AG 502099946.2014.4.04.0000,
02/12/2014
LICENCIAMENTO AMBIENTAL
➢ Instrumento da PNMA (Lei 6938/81, art. 9º, IV)

➢ Prevenção, precaução, poluidor-pagador, intervenção estatal obrigatória,


sustentabilidade e função socioambiental da propriedade

➢ Controle estatal de atividades poluidoras: CF, art. 225, § 1º, V


➢ Controle prévio e acompanhamento continuado

➢ Disciplina: LC 140/11; Res. CONAMA 237/97; Dec. 99.274/90, arts. 16 a


22; Lei 6938/81, art. 10
➢ STF: poder de polícia. Ato do Executivo. Inconstitucional preceito da
Constituição do Estado que submete RIMA ao crivo da AL do Estado (STF,
ADI 1505/ES, j. 24/11/04; ADI-MC 3252, 22/4/05; ADI 4272, j. 30/8/19;
STJ, AgREsp 1038813, 10/9/09).
LICENCIAMENTO AMBIENTAL
➢ Competência para licenciamento (reserva de administração) x competência
para definir taxa ambiental (iniciativa concorrente) (STF, ADI 5077, j.
25/10/2018)
➢ Licenciamento x licença
➢ Licenciamento: Procedimento (LC 140/11, art, 2°, I; (Res. 237, art. 1º, I)
➢ Licença: ato administrativo (Res. 237, art. 1º, II)
➢ Outras autorizações (Res. CONAMA 237/90, art. 10, § 1º). Ex:
conformidade com a legislação de uso e ocupação do solo; outorga de
recursos hídricos (Lei 9433/97, art. 12); outorga de recursos minerais
(ANM ou MME - Lei 13.575/17)
LICENCIAMENTO AMBIENTAL
➢ Lei 6938/81, art. 10, § 1º; Dec. 99.274/90, art. 17, §§ 3º e 4º: publicidade
do licenciamento, resguardado sigilo industrial
➢ Res. Conama 6/86; LC 140/11, art. 20: publicação dos pedidos e
concessões
➢ Art. 17-L: órgãos do SISNAMA

➢ Não é toda a atividade econômica. Impacto ambiental direto negativo: Lei


6938/81, art. 10; Dec. 99.274/90, art. 17; Res. 01/86, art. 1º; Convenção de
Espoo (1991)
➢ Discricionariedade x vinculação. Anexo da Res. 237/97 CONAMA:
obrigatoriedade. Rol não taxativo (art. 2º, § 2º).
➢ Demais casos: conceito jurídico indeterminado
LICENCIAMENTO AMBIENTAL
➢ STF: inconstitucionalidade de lei que dispensa de licenciamento e EIA
atividades conforme o segmento econômico, independentemente de seu
potencial de degradação (ADI 5312, j. 25/10/2018)
➢ STJ: reconhece a discricionariedade, mas possível a intervenção judicial no
mérito (AgRg no AREsp 476.067/SP, Humberto Martins, j. 22/05/2014)
➢ Afastou a discricionariedade nos conceitos indeterminados, e, mesmo que
fosse, não impede o controle judicial do licenciamento (STJ, REsp
1279607/PR, Mauro Campbell Marques, j. 06/12/2011)
➢ Controle de “ampla legalidade” dos atos administrativos, que não podem
prevalecer se afrontarem o sistema jurídico, os valores fundamentais e os
princípios basilares (STJ, REsp 938.484/MG, j. 08/09/2009)
LICENCIAMENTO AMBIENTAL
➢ Não há licença ou autorização ambiental tácita, nem pode o Poder Público
dispensar exigências legais, sob pena de invalidade ex tunc (STJ, REsp
1245149/MS, j. 09/10/2012; REsp 769.753/SC, j. 08/09/2009)
➢ Licenciamento: mantém-se a responsabilidade por dano ambiental (STJ,
REsp 1394025/MS, j. 08/10/2013; AgInt nos EDcl no AREsp 359.140/MS,
j. 07/12/2017; AgInt no AREsp 1211974/SP, j. 17/04/2018). Licenciamento
irregular em APP (STJ, AgInt no REsp 1572257/PR, j. 21/03/2019)
➢ Não, porém, a responsabilidade administrativa, que é subjetiva (STJ, REsp
1.251.697/PR; AgRg no AREsp 62.584/RJ; REsp 1401500/PR).
➢ Limitações à atuação judicial: Judiciário não pode analisar originariamente
pedidos de licenciamento ou de medidas compensatórias, mas apenas
determinar a recuperação do meio degradado, a realização de licenciamento
ou a introdução de parâmetro a ser seguido pelo órgão ambiental (STJ,
REsp 1807851/SP, j. 3/12/19)
LICENCIAMENTO AMBIENTAL
➢ O interesse de agir do MP e de outros legitimados à ACP para proibição de
realização de obra independe de finalização do licenciamento e da
expedição da respectiva licença ambiental (STJ, REsp 1616027/SP, j.
14/03/2017)

➢ COMPETÊNCIA: comum (CF, art. 23, III, IV, VI e VII).


➢ Federalismo cooperativo e amplia a proteção ambiental, mas gera conflitos
➢ Lei 6938/81, art. 17-L – órgãos do SISNAMA. Conselhos estaduais e
municipais.
➢ Arts. 4º da LC 140/11: instrumentos de cooperação institucional
➢ Art. 5º: delegação, mediante convênio, de execução de ações
administrativas. Destinatário: deve ter órgão ambiental capacitado e
conselho de meio ambiente
➢ par. ún.: órgão ambiental capacitado
LICENCIAMENTO AMBIENTAL
➢ LC 140/11, Art. 13. Os empreendimentos e atividades são licenciados ou
autorizados, ambientalmente, por um único ente federativo. Também Res.
237, art. 7º
➢ Demais entes podem se manifestar, de forma não vinculante (§ 1º).
➢ Autorização de supressão da vegetação: pelo ente licenciador (§ 2º).
➢ Necessidade de autorização em qualquer caso: STJ, REsp 1198727/MG, j.
14/08/2012
➢ Fora do licenciamento: Dec. 5975/06, art. 10; Lei n. 12.651/12, art. 26 –
órgão estadual.
➢ Mata Atlântica: Lei n. 11.428/06, art. 14, §§ 1º e 2º; art. 19
➢ Estadual
➢ Municipal: estágio médio de regeneração; em área urbana; possuir
conselho de meio ambiente, com caráter deliberativo e plano diretor;
anuência prévia do órgão estadual
LICENCIAMENTO AMBIENTAL

➢ LC 140/11 – revogou as competências originária (significativo impacto


ambiental de âmbito nacional e regional) e supletiva (inexistência, inércia
ou inépcia do licenciamento estadual) do IBAMA (art. 10, § 4º da Lei
6938/81).
➢ Também revogou o critério da abrangência dos impactos da Res. 237/97.
➢ Substitui o critério de impactos ambientais diretos pela tipologia proposta
pela comissão tripartite
➢ Abrangência dos impactos apenas para os municípios
➢ A LC 140/11 inovou ao excluir APAs como critério (art. 12)
➢ STJ, REsp 1216188/PR, 17/12/2019 – competência supletiva do IBAMA –
atenção! Cuidado (STJ confunde, mas está decidindo assim)!!
LICENCIAMENTO AMBIENTAL

➢ Competência da União (IBAMA) (art. 7º, XIV da LC 140/11) (rol


taxativo):
➢ localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país
limítrofe;
➢ localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na plataforma
continental ou na zona econômica exclusiva;
➢ localizados ou desenvolvidos em terras indígenas;
➢ localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas
pela União, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs);
➢ localizados ou desenvolvidos em dois ou mais Estados (critério
geográfico, e não do alcance dos impactos);
➢ de caráter militar (segurança nacional);
LICENCIAMENTO AMBIENTAL

➢ material radioativo;
➢ que atendam tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir
de proposição da Comissão Tripartite Nacional, assegurada a
participação de um membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(Conama), e considerados os critérios de porte, potencial poluidor e
natureza da atividade ou empreendimento
➢ concomitantemente em áreas das faixas terrestre e marítima da zona
costeira: tipologia em Comissão Tripartite (art. 7º, par. ún.)
➢ Vide Dec. 8437/15, art. 3º
LICENCIAMENTO AMBIENTAL
➢ Competência dos Estados e DF (art. 8º):
➢ Residual (inc. XIV);
➢ localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação
instituídas pelo Estado, exceto em APAs (inc. XV).

➢ Competência dos Municípios e DF (art. 9º, XIV):


➢ que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito
local, conforme tipologia definida pelos respectivos Conselhos
Estaduais de Meio Ambiente, considerados os critérios de porte,
potencial poluidor e natureza da atividade (critério do impacto
ambiental) (inconstitucional? Milaré; Leme Machado; Toshio
Mukai);
LICENCIAMENTO AMBIENTAL
➢ localizados em unidades de conservação instituídas pelo Município,
exceto em APAs

➢ Mineração: competência estadual em regra


➢ Obras públicas federais: não afeta a competência para o licenciamento.
Exceção: Dec. 8437/15

➢ Competência supletiva:
➢ Decurso do prazo: art. 14, § 3º
➢ inexistência de órgão ambiental capacitado ou conselho do meio
ambiente: art. 15 (até a capacitação ou criação)
LICENCIAMENTO AMBIENTAL

➢ Competência subsidiária: apoio técnico, científico, administrativo ou


financeiro, sem prejuízo de outras formas de cooperação. Deve ser
solicitada pelo ente originariamente detentor da atribuição (art. 16 e par.
ún.)

➢ Supletiva x subsidiária: LC 140/11, art. 2º, II e III:


➢ Supletiva: substitui; transcurso do prazo ou incapacidade
➢ Subsidiária: auxiliar; federalismo cooperativo
LICENCIAMENTO AMBIENTAL
➢ Competência para fiscalização (LC 140/11, art. 17): responsável pelo
licenciamento (regra)
➢ § 2º. Iminência ou ocorrência de degradação: o ente que tiver conhecimento
pode determinar medidas. Após, comunica ao competente

➢ Art. 17, § 3º: não impede a atribuição comum de fiscalização. Prevalece o


auto de infração lavrado pelo órgão com atribuição para licenciamento ou
autorização

➢ STJ: interpretação restritiva ao art. 17 caput. Diferencia: a) competência


para licenciamento: concentração mitigada; b) fiscalização e poder de
polícia: compartilhamento de atribuição ou corresponsabilidade solidária
(AgInt no REsp 1676465/SP, j. 08/10/2019)
LICENCIAMENTO AMBIENTAL
➢ “A atividade fiscalizatória das atividades nocivas ao meio ambiente
concede ao IBAMA interesse jurídico suficiente para exercer seu
poder de polícia administrativa, ainda que o bem esteja situado em
área cuja competência para o licenciamento seja do município ou
do estado” (STJ, AgRg no REsp 1.373.302/CE, DJe 19/06/2013;
AgRg no REsp 1466668/AL, DJe 02/02/2016).

➢ Não há competência exclusiva para promover medidas protetivas.


Independe do local do dano e da competência para o licenciamento.
IBAMA tem interesse jurídico para exercer seu poder de polícia
administrativa, “ainda que o bem esteja situado dentro de área cuja
competência para o licenciamento seja do município ou do estado”
(STJ, REsp 1479316/SE, j. 20/08/2015; AgInt no REsp
1530546/AL, j. 07/02/2017).
LICENCIAMENTO AMBIENTAL
➢ Conflito: prevalece a decisão do ente licenciador. Outros entes
podem representar ao MP ou recorrer ao Judiciário.

➢ Licenciamento que afeta UC. Lei 9985/00, art. 36, § 3º Quando o


empreendimento afetar unidade de conservação específica ou sua
zona de amortecimento, o licenciamento a que se refere o caput
(significativo impacto ambiental) deste artigo só poderá ser
concedido mediante autorização do órgão responsável por sua
administração, e a unidade afetada, mesmo que não pertencente ao
Grupo de Proteção Integral, deverá ser uma das beneficiárias da
compensação definida neste artigo
➢ Outros casos (sem EIA/RIMA): Dec. 99.274/90, art. 27; Res.
Conama 428/10 (revogou Res. 13/90)
LICENCIAMENTO AMBIENTAL
➢ Tipos de licenças: Res. 237/97 CONAMA, art. 8º
➢ I - Licença Prévia: fase preliminar; aprova a localização e concepção,
atesta a viabilidade ambiental e estabelece os requisitos básicos e
condicionantes para próximas fases
➢ Não se admite postergação de estudos próprios da fase inicial para as fases
posteriores sob a forma de condicionantes do licenciamento
➢ II - Licença de Instalação: autoriza a instalar a obra, mas ainda não a
operação
➢ III - Licença de Operação: após cumprimento das licenças anteriores,
com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinadas para
a operação
➢ Exceções: LIO única. Res. Conama 289/01 (assentamentos reforma
agrária); Res. Conama 377/06 (esgotamento)
LICENCIAMENTO AMBIENTAL
➢ Obras públicas: nas licitações a LP deve anteceder o projeto básico (Lei
8666/93, art. 6º, IX). A LI deve anteceder o início da obra. LO antes do
funcionamento (TCU)
➢ Dec. 95.733/88 – incluir no orçamento a mitigação dos impactos

➢ Prazos das licenças:


➢ Não são perenes. Estabilidade provisória
➢ Prazos de validade – estabelecidos pelo órgão ambiental competente,
obedecidos os parâmetros do art. 18 e incs. I a III da Res. 237/97
CONAMA
LICENCIAMENTO AMBIENTAL

➢ A LP e LI poderão ter os prazos de validade prorrogados, desde que não


ultrapassem os prazos máximos estabelecidos (Res. 237, art. 18, § 1º)
➢ Prazos de validade da LO específicos estabelecidos pelo órgão competente,
conforme peculiaridades (§ 2º)
➢ Estados, DF, municípios: podem fixar prazos específicos, mas não maiores
➢ LC 140/11, art. 14. Os órgãos licenciadores devem observar os prazos
estabelecidos para tramitação dos processos de licenciamento.
➢ Art. 14, § 3º: não há licença tácita ou por decurso do prazo
LICENCIAMENTO AMBIENTAL
➢ LC 140/11, art. 14, § 4º: pedido de renovação das licenças (todas) não
apreciado – prorrogação automática
➢ Não há limites para a prorrogação automática (Milaré)
➢ Para se valer da renovação automática, o empreendedor deve formular o
requerimento antes de expirado o prazo da licença anterior (STJ, AgRg no
REsp 1284558/PB, Humberto Martins, j. 28/02/2012)
➢ Apenas para mesma modalidade de licença

➢ Licenciamentos simplificados: Res. 237, art. 12 – procedimentos


específicos para casos diferenciados
➢ atividades de pequeno potencial de impacto ambiental (Res. 237, art.
12, § 1º)
LICENCIAMENTO AMBIENTAL
➢ licenciamento único para múltiplos empreendimentos e atividades –
integrador ou “poluidor integrado” (Res. 237, art. 12, § 2º)
➢ gestão ambiental voluntária (Res. 237, art. 12, § 3º)
➢ STF: competência do Estado para estabelecer procedimentos
simplificados (auto-declaração), com base na Res. 237 do CONAMA
(ADI 4615, j. 20/09/2019)
➢ Porém: inconstitucionalidade de lei estadual que prevê licença única
(ADI 5475, j. 20/04/2020)
➢ Licenciamento corretivo: adequação às novas regras x empreendimento
irregular
➢ Críticas: contra a isonomia e prevenção/precaução
➢ Possibilidade de adequação: proporcionalidade
➢ Não há direito adquirido a funcionar sem licença ambiental
LICENCIAMENTO AMBIENTAL
➢ Poderia ser em momento posterior (Talden Farias). Atividade já iniciada:
pode ser exigido licenciamento corretivo. Dever de readequação (Milaré)
➢ Dec. 4340/2002, art. 34 (SNUC); Res. Conama 06/87, art. 12, § 5º (obras
de grande porte); Res. Conama 312/02, art. 13 (carcinicultura)
➢ Termo de compromisso para correção de irregularidades: Lei 9605/98, art.
79-A e §§; LINDB (Lei 13655/17), arts. 26 e 27.

➢ Natureza jurídica da licença: Licença x Autorização


➢ Autorização: Leme Machado; Vladimir Freitas; Toshio Mukai
➢ Licença: A. Inagê de Oliveira; M. Dawalabi; Daniel Fink; Lúcia do V.
Figueiredo; André Macedo; Marcelo Abelha
➢ Natureza peculiar: Milaré; Fiorillo; Talden Farias; Andreas Krell
➢ Prática: focar nas características do ato da licença
LICENCIAMENTO AMBIENTAL
➢ Alteração e desfazimento
➢ Res. 237, art. 19: O órgão ambiental competente, mediante decisão
motivada, poderá modificar os condicionantes e as medidas de controle e
adequação, suspender ou cancelar uma licença expedida, quando ocorrer:
➢ I - Violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas
legais (anulação ou cassação ou revogação).
➢ II - Omissão ou falsa descrição de informações relevantes que
subsidiaram a expedição da licença (anulação).
➢ III - superveniência de graves riscos ambientais e de saúde (revogação).
➢ A LP não autoriza a construção nem a emissão automática das demais
licenças. Mera expectativa de direito.
➢ Modificações sobre condicionantes e medidas de controle e adequação
devem ser exigidas quando da renovação da LO
LICENCIAMENTO AMBIENTAL
➢ Licença: concedida rebus sic stantibus. Dinâmica da natureza. Necessidade
de adaptação.
➢ Lei 6938/81, art. 9º, IV – possibilidade de revisão ≠ renovação

➢ Indenização? Duas posições: a) pela indenizabilidade, se o empreendedor


não deu causa ao cancelamento (Milaré; Fink, André Macedo; Lúcia V.
Figueiredo; Inagê; Talden; Medauar); b) afasta a indenização, pelos
princípios do poluidor-pagador e precaução (Dawalibi).

➢ “Taxas” de licenciamento:
➢ Res. 237, art. 13: custo pelo empreendedor
➢ LC 140/11, art. 13, § 3º: proporcionalidade com o custo e complexidade
➢ Não se confunde com Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental (TCFA),
cobrada de empreendimentos já licenciados e em funcionamento, cujo fato
gerador é o exercício do poder de polícia pelo IBAMA (CF, art. 145, II; Lei
6938/81, Art. 17-B).
ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL
➢ AIA: convenções internacionais. Rio 92, princípio 17; Agenda 21;
Convenção sobre a Diversidade Biológica; Convenção sobre a Mudança do
Clima; Convenção de Proteção de Áreas Úmidas de Importância
Internacional; Convenção de Espoo de 1991
➢ Primeira previsão no Brasil: Lei 6803/80, art. 10, § 3º. Planejamento
territorial de áreas críticas de poluição
➢ Lei 6938/81, art. 9º, III – AIA como instrumento da PNMA
➢ CF, art. 225, § 1º, IV: exigir, na forma da lei, para instalação de obra
ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do
meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará
publicidade
➢ Inconstitucionalidade de lei que dispensa EIA em caso de significativo
impacto ambiental (STF, ADI 1086, j. 10/08/2001; ADI 5312, j. 15/10/18).
ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL
➢ Prévio: para aferir a viabilidade. Após: medidas mitigadoras e
compensatórias
➢ Depende da gradação dos impactos: variedade de estudos. Avaliação de
impacto ambiental (AIA): gênero; Estudo de Impacto Ambiental (EIA):
espécie.
➢ Res. 237/97 CONAMA, art. 1º, III: Estudos Ambientais. Todos e
quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais de uma atividade ou
empreendimento, apresentado como subsídio para a análise da licença

➢ Ex: relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório


ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de
recuperação de área degradada, análise preliminar de risco e avaliação
ambiental estratégica
ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL
➢ AIA: dentro ou fora do licenciamento.
➢ EIA/RIMA: no contexto do licenciamento ambiental. Não tem um “fim em
si mesmo” (STJ, REsp 1072463/SP, j. 15/8/13)

➢ Res. 237/07 CONAMA, art. 3º, par. ún.: O órgão ambiental competente,
verificando que a atividade ou empreendimento não é potencialmente
causador de significativa degradação do meio ambiente, definirá os estudos
ambientais pertinentes ao respectivo processo de licenciamento

➢ “Significativa degradação”: conceito jurídico indeterminado


➢ Res. 1/86, art. 2º - rol exemplificativo em que se presume a significativa
degradação. Maioria: presunção absoluta (Benjamin; Machado; Cappelli).
➢ Presunção relativa: Milaré.
➢ Outros casos: discricionariedade?
ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL
➢ Sindicabilidade judicial quanto à exigência de EIA e sua qualidade. Vícios
substanciais e formais. Ex: queima de palha de cana-de-açúcar em
atividades agrícolas industriais (STJ, AgInt no AREsp 1071566/SP, j.
23/4/19)
➢ Nulidade: ausência de EIA quando há significância do impacto, ou se
defeituoso o estudo realizado
➢ STJ, REsp 1279607/PR, j. 06/12/2011; REsp 1330841/SP, j. 06/08/2013
➢ Desapropriação por utilidade pública para fins de construção ou ampliação
de distrito industrial: necessidade de prévia aprovação do projeto e
realização do EIA/RIMA (STJ, REsp 1426602/PR, j.11/02/2014)
➢ Lei 9985/00, art. 36, §§ 1º e 2º: licenciamento para empreendimentos de
significativo impacto ambiental. Obrigação de apoiar a implantação e
manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral
➢ Independe de dano. Compensação genérica
ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL
➢ STF, ADI 3378, Carlos Brito, 09/04/2008. Constitucionalidade.
Compartilhamento-compensação e usuário-pagador. Inconstitucionalidade
da quantia mínima do § 1º do art. 36 (0,5% dos custos do
empreendimento).
➢ Requisitos formais
➢ Termo de referência: documento que estabelece diretrizes, temas e
especificações para a elaboração de estudos ambientais que embasarão as
análises de viabilidade ambiental de grandes empreendimentos.
➢ EIA deve contemplar todas as alternativas, inclusive a não-execução do
projeto; identificar e avaliar sistematicamente; definir a área de influência
do projeto; considerar os planos e programas governamentais (Res. 1/86
CONAMA, art. 5º)
ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL
➢ Conteúdo mínimo do EIA: diagnóstico ambiental considerando o meio
físico, o meio biológicos e ecossistemas e o meio sócio-econômico;
impactos ambientais do projeto e alternativas, diretos e indiretos; medidas
mitigadoras; programa de acompanhamento e monitoramento (art. 6º).

➢ Despesas: pagas pelos empreendedor (art. 8º)

➢ Possibilidade de relação com proponente. O art. 7º da Res. 01/86 foi


revogado pela Res. 237/97. Mas segue multidisciplinar.
ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL
➢ RIMA: resumo acessível (art. 9º)
➢ Publicidade do RIMA, respeitado o sigilo industrial (art. 11). Vide Lei
10.650/03 (acesso público aos dados e informações existentes nos órgãos e
entidades integrantes do Sisnama), art. 2º, §§ 2º e 3º

➢ Audiências públicas. Res. 1/86, art. 11, § 2º: para informação sobre o
projeto e seus impactos ambientais e discussão do RIMA

➢ Sem caráter decisório, sem votação do mérito e não vinculante. Escuta


pública e controle da decisão estatal. Consultivo, não deliberativo.
ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL
➢ Res. 09/87 CONAMA, Art. 1º: finalidade de expor aos interessados o
conteúdo do produto em análise e do seu referido RIMA, dirimindo
dúvidas e recolhendo dos presentes as críticas e sugestões a respeito.
➢ art. 2º Sempre que julgar necessário, ou quando for solicitado por entidade
civil, pelo Ministério Público, ou por 50 ou mais cidadãos, o órgão de Meio
Ambiente promoverá a realização de audiência pública.
➢ art. 2º, § 2º Solicitação de audiência pública não atendida: invalidade da
licença

➢ Função do EIA: preparatório da decisão. Função de orientar, informar,


fundamentar e restringir a decisão. Mas não a integra nem com ela se
confunde
ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL
➢ Conclusão do EIA: não vinculante
➢ Limita a discricionariedade e amplia o controle judicial e social
➢ Para contrariar o EIA: fundamentar, sem exigir um estudo paralelo ou
contra-estudo
➢ Plano da motivação, controlável pelo Judiciário

➢ Obra ou atividade em andamento ou funcionamento sem EIA/RIMA


➢ Em regra, caso de nulidade da licença. Porém, verificar proporcionalidade
➢ EIA a posteriori?
➢ Lei 6938/81, art. 8º, II: possibilidade de o CONAMA exigir EIA/RIMA
quando julgar necessário.
ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL
➢ Res. 06/87 CONAMA - obras de grande porte (hidrelétrica, termelétrica e
linhas de transmissão). Empreendimento em operação antes de 1º/02/86:
regularização por meio da LO, sem necessidade de RIMA, mas deve
encaminhar descrição do impacto ambiental provocado e as medidas de
proteção adotadas ou em vias de adoção
➢ STJ: O EIA “revela exigência administrativa que não se coaduna com o
funcionamento de empresa instalada há mais de 3 (três) décadas” (REsp
766.236/PR, j. 11/12/2007)
➢ Não há direito adquirido a poluir, mas atrita com o senso lógico pretender a
realização de EIA num empreendimento que está em atividade há 43 anos.
Realização, em substituição, de perícia técnica no intuito de aquilatar os
impactos físicos e econômicos decorrentes das atividades desenvolvidas
pela Usina Hidrelétrica de Chavantes (STJ, REsp 1172553/PR, Rel. j.
27/05/2014)
ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL
➢ Estudo de impacto de vizinhança (EIV): Lei 10257/00, arts. 36 a 38. EIV
não substitui o EIA, mas pode ser substituído por este se mais abrangente

➢ Em obras públicas: EIA deve anteceder a licença prévia e o projeto básico

➢ O EIA deve ser realizado antes da LP, como condição de validade desta
(STJ, AgRg na SL 96/AM, j. 15/09/2004)
➢ EIA/RIMA – antes da licença (STJ, REsp. 769753, DJ 10/6/11)

➢ Reformas legislativas: PEC 65/2012; PL 3729/04 e PLS 654/15


ZONEAMENTO AMBIENTAL
➢ Regulação da ocupação e do uso do solo. Poder de polícia espacial. Orienta
a tomada de decisão do Poder Público
➢ Princípio (art. 2º, V) e instrumento (art. 9º, II) da PNMA (Lei 6938/81)
➢ Competência: comum e concorrente de todos os entes
➢ União Federal: zoneamento de âmbito nacional e regional (LC 140/11,
art. 7º, IV)
➢ Estados/DF: zoneamento ambiental de âmbito estadual, em
conformidade com os zoneamentos de âmbito nacional e regional (art.
8º, inc. IX)
➢ Municípios/DF: elaborar o Plano Diretor, observando os zoneamentos
ambientais (art. 9º, inc. IX)
➢ Ilegitimidade de lei municipal permitir edificações em zona litorânea, em
desacordo com o zoneamento imposto por lei estadual (STJ, AR 756/PR, j.
27/02/2008)
ZONEAMENTO AMBIENTAL
➢ Legislação pertinente
➢ Lei 6.803/80: diretrizes básicas para o zoneamento industrial em áreas
críticas de poluição
➢ Lei n. 8.171/91, art. 19, III: zoneamentos agroecológicos
➢ Lei n. 7.661/81: zoneamento de usos e atividades na zona costeira
➢ Decreto n. 4.297/02: Zoneamento Ecológico-Econômico
➢ Decreto-Lei n. 1.413/75: controle da poluição por atividades industriais

➢ Relocalização e pré-ocupação
➢ Atividades que ficam em desconformidade com as novas regras de
zoneamento
➢ Relocalização: quando não foi possível solução mitigadora com
equipamentos de controle e a convivência da população com a fonte
poluidora ficar insuportável
➢ Ausência de direito adquirido a poluir
ZONEAMENTO AMBIENTAL
➢ Leme Machado diferencia duas situações:
➢ a) situação de funcionamento: necessidade de adaptação. Incidência
imediata de novos padrões
➢ b) situação de instalação em desconformidade com o novo zoneamento:
se a indústria não pode se adaptar, Poder Público deve desapropriar

➢ STJ: em caso de licença para construção prejudicada por zoneamento


superveniente, está caracterizada desapropriação indireta, com direito à
indenização (STJ, REsp 43.806/MG, j. 14/08/1997)

➢ A restrição absoluta ao direito de propriedade descaracteriza a mera


limitação administrativa, que se transmuda para uma desapropriação
indireta, com direito à indenização para o particular (STJ, REsp
930.589/GO, j. 12/04/2016)

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