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DIREITO CONSTITUCIONAL

Coordenador: Marcelo Schenk Duque


19 aulas

[Ponto 1 Resolução CJF nº 067/2009] Constituição. Conceito.


Classificação. Elementos. Poder constituinte: originário e
derivado. Emendas à Constituição. O constitucionalismo
brasileiro e os ciclos constitucionais. A ordem constitucional
vigente. Disposições gerais e transitórias. Cláusulas pétreas.
Preâmbulo. Princípios fundamentais e Estado laico.

[Pontos 1 e 4 Resolução CJF nº 067/2009] Formas e sistemas


de governo. Poder Executivo. Evolução do conceito. Atribuições
e responsabilidade do Presidente da República. Processo de
impeachment. Agências executivas.

[Pontos 1 e 9 Resolução CJF nº 067/2009] A dignidade da


pessoa humana como fundamento da República. Direitos
Humanos. Direitos e garantias fundamentais. Teoria geral dos
direitos fundamentais.

[Ponto 9 Resolução CJF nº 067/2009] Direitos e garantias


individuais. O rol da constituição brasileira. Direitos explícitos e
implícitos. Classificação dos direitos explícitos. Abuso de direito
individual.

[Pontos 9 e 10 Resolução CJF nº 067/2009] Direitos sociais.


Art. 6 CF. Ativismo judicial. Os direitos constitucionais dos
trabalhadores. Organização sindical.

[Pontos 1 e 8 Resolução CJF nº 067/2009] Direitos de


nacionalidade (perspectiva constitucional). Hermenêutica e
interpretação constitucional.

[Pontos 8 e 9 Resolução CJF nº 067/2009] Direitos políticos e


partidos políticos. Alistamento. Elegibilidade e inelegibilidade.
Suspensão e perda dos direitos políticos. Sufrágio: natureza e
forma. Processo eleitoral. Plebiscito. Referendum.

[Ponto 1 Resolução CJF nº 067/2009] Forma federativa de


Estado. A federação no direito Constitucional em geral. Sistema
brasileiro. Tipologias da federação. Repartição de competências.
União: bens e competência. Competência exclusiva,
competência de normas gerais, competência comum e
competência concorrente.

[Ponto 2 Resolução CJF nº 067/2009] Os Estados-membros na


Constituição. Organização, natureza e conteúdo da autonomia
constitucional do Estado-membro. Competências estaduais.
Intervenção federal nos Estados-membros, no Distrito Federal e
nos Territórios. Os Municípios na Constituição. Competência
municipal, organização política e administrativa dos Municípios.
Intervenção nos Municípios. Representação de
inconstitucionalidade interventiva.

[Pontos 3, 4 e 8 Resolução CJF nº 067/2009] Conselhos da


República e de Defesa Nacional. Da defesa do Estado e das
instituições democráticas. O Estado de Defesa e o Estado de
Sítio. Das Forças Armadas. Da Segurança Pública. Poder
Legislativo. Organização e atribuições. O processo legislativo.
Espécies. Iniciativa legislativa. Normas constitucionais e processo
legislativo. Leis ordinárias e complementares.

[Pontos 3 e 9 Resolução CJF nº 067/2009] O processo


legislativo. Espécies. Iniciativa legislativa. Normas constitucionais
e processo legislativo relativo às emendas constitucionais,
medidas provisórias, leis delegadas, decretos legislativos e
resoluções. Iniciativa Popular.

[Ponto 6 Resolução CJF nº 067/2009] O controle de


constitucionalidade das leis e dos atos normativos. Conceito.
Natureza. Espécies. Teoria geral do controle de
constitucionalidade. Inovações.

[Ponto 6 Resolução CJF nº 067/2009] O controle de


constitucionalidade das leis e dos atos normativos. ADI e ADC.

[Ponto 6 Resolução CJF nº 067/2009] O controle de


constitucionalidade das leis e dos atos normativos. ADI por
omissão e mandado de injunção. ADPF.

[Ponto 6 Resolução CJF nº 067/2009] O controle de


constitucionalidade difuso nos tribunais. Incidente de
inconstitucionalidade. Repercussão geral no Rext, súmula
vinculante e reclamação constitucional.

[Pontos 5 e 7 Resolução CJF nº 067/2009] Poder Judiciário.


Natureza da função jurisdicional. As garantias do Poder
Judiciário. O princípio da reserva legal na apreciação de lesão ou
ameaça de lesão a direito individual e a direito coletivo. Poder
Judiciário Estadual. O Conselho Nacional de Justiça, o Supremo
Tribunal Federal, o Superior Tribunal de Justiça. Funções
essenciais à justiça. Do Ministério Público. Da Advocacia e da
Defensoria Pública.

[Ponto 5 e 7 Resolução CJF nº 067/2009] Poder Judiciário


Federal O Conselho da Justiça Federal e os Tribunais Regionais
Federais. A Justiça Federal de 1º Grau. Lei Orgânica da
Magistratura Nacional. Da Advocacia-Geral da União. Defensoria
pública federal. Princípios e disposições gerais.

[Ponto 10 Resolução CJF nº 067/2009] Ordem Econômica.


Princípios. Intervenção no domínio econômico. Formas e limites
de intervenção. Repressão do abuso do poder econômico. Da
comunicação social. O planejamento na ordem constitucional.
Família, Educação e Cultura. Da Ciência e da Tecnologia. Da
criança, do adolescente e do idoso.

[Ponto 3 Resolução CJF nº 067/2009] Orçamento. Princípios


constitucionais. Fiscalização financeira e orçamentária. O
Tribunal de Contas. Natureza e atribuições.
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MONITOR Valéria Barth Fagundes DATA 04/03/2020


CURSO Preparatório para a Magistratura Federal
DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 01
PROFESSOR Daniela Muraro Rodel

RESUMO1

[Pontos 9 e 10 Resolução CJF nº 067/2009]


Direitos sociais. Art. 6 CF. Ativismo judicial. Os direitos constitucionais dos
trabalhadores. Organização sindical.

BIBLIOGRAFIA INDICADA: Pedro Lenza e Alexandre de Morais*.


- Interessante dar uma olhada no site do STF, na parte dos Direitos
Fundamentais.
____________________________________________________________________________________

DIREITOS SOCIAIS
(ART. 6 ao 11, CF)

FUNDAMENTOS: art. 1º, CF – SO/CI/DI/VA/PLU


OBJETIVOS: art. 3º, CF – o que não for fundamento e
1. PRINCÍPIOS vier precedido de verbo é objetivo.
FUNDAMENTAIS - Verbo, pois objetivo é uma meta.
(art. 1 ao 4, CF) PRINCÍPIOS INTERNACIONAIS: art. 4º, CF – substantivos
(o que não for fundamento, nem objetivo/verbo).
PODERES: art. 2º, CF.

INDIVIDUAIS: artigos 5 + 14, 15 e 16, CF.
- Direitos subjetivos (relacionados ao indivíduo),
negativos (abstenção estatal relativa), de primeira
2. DIREITOS E
dimensão, inerentes à pessoa humana, não-dirigentes.
GARANTIAS
SOCIAIS Art. 6, CF
FUNDAMENTAIS
(arts. 6 ao 13 e 17, CF) Nacionalidade
(art. 5 ao 17, CF)
- Ações positivas do Estado, (art. 12 e 13, CF)
“fazer”, “dever”. Partidos políticos
- Direitos objetivos, dirigentes. (art. 17, CF)

- Ambos são fundamentais, só que princípios não são direitos, são primados
maiores que se pensam para poderem ser criados os direitos.

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Este é um material complementar elaborado por aluno monitor regularmente matriculado no curso. Seu conteúdo está
sujeito a equívocos e revisões.
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OBS - Direitos de (momento em que se pensou para criar a CF):


1ª dimensão – Direitos individuais, inerentes à pessoa humana, invioláveis,
subjetivos, negativos – ideias de egocentrismo, liberalismo.
2ª dimensão – Direitos sociais/econômicos.
3ª dimensão – Direitos sociais/fraternos/solidários/partes e interesses difusos –
direitos que se ampliam a partir dos direitos de 2ª dimensão.
4ª dimensão – Direitos sociais/engenharia genética - vida por causa de ciência e
técnicas científicas.
5ª dimensão – Direitos sociais/engenharia da computação.

- A paz mundial é considerada direito de 3ª dimensão.


- A segurança é direito consagrado tanto em 1ª quanto em 2ª dimensão, mas
com interpretações diferentes em cada uma – segundo a doutrina, não há
perfeita identidade do conteúdo da segurança aplicado ao particular (1ª) com o
aplicado ao público (2ª).
- São se fala mais em “geração”, pois de acordo com o entendimento do STF
sobre o tema, geração remete a 100 anos.

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

FUNDAMENTOS (SO/CI/DI/VA/PLU)
SOberania
CIdadania
DIgnidade da pessoa humana
VAlores sociais do trabalho e da livre iniciativa
PLUralismo político

- Princípio da liberdade religiosa está embutido no pluralismo político, bem


como o pluripartidarismo (pluralismo político é gênero).

OBS: crença é quando se crê em algo que está estabelecido por outro.

PODERES
- Não há que se falar na teoria tripartite dos poderes em âmbito municipal, pois
no município só há poder legislativo e executivo – o poder judiciário do
município atrela-se à justiça estadual.
- Poderes são princípios fundamentais, mas suas funções estão dentro dos
direitos fundamentais.
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DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

• Direitos fundamentais (normas fundamentais) não são


maiores/melhores/hierarquicamente superiores a qualquer outro direito
consagrado na CF.
- Há hierarquia dos direitos constitucionais em relação aos direitos
infraconstitucionais; o direito constitucional primário/originário é
hierarquicamente superior a todos os demais, inclusive ao poder constituinte
secundário/reformador (emendas constitucionais e constituições estaduais).
- Dentre as normas contidas dentro da CF originária não há hierarquia.
- Dentre as normas infraconstitucionais, normas federais “valem mais” que
normas estaduais, porém dentro de um mesmo âmbito (federal ou estadual),
elas são iguais.

• Direitos fundamentais = núcleo básico de direitos.


- Mínimo de liberdades que o Estado, ou não toca (individuais – abstenção
estatal) ou deve fornecer para a sociedade (sociais).

3. ART. 5º, CF

• VIDA
• LIBERDADE
• IGUALDADE
• SEGURANÇA
• PROPRIEDADE

- Direitos invioláveis, inerentes à pessoa humana, de 1ª dimensão.


- São invioláveis, mas não absolutamente invioláveis; todos são relativamente
invioláveis, sempre tem exceção.
- Cada inciso do art. 5º representa um dos direitos invioláveis, previstos no
caput (são um detalhamento do caput, representam uma especificidade).
- O artigo 5º não é taxativo/exaustivo no que diz com os direitos individuais.

Incisos (exemplos)
I – Direito de igualdade.
II – Princípio da legalidade – remete ao direito inviolável da segurança, de
acordo com o entendimento do STF sobre o tema.
IV, IX, XV – Direito de liberdade.
XXII, XXIII, XXIV, XXV – Direito de propriedade.
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XXXVIII – Direito à vida.

➔ Dentro dos direitos e garantias consagradas na CF não há hierarquia,


valem tudo a mesma coisa; o que acontece é o uso de princípios para
poder resolver entre um e outro frente ao caso concreto.
- Não podem colidir, a principiologia deverá resolver.

• IGUALDADE divide-se em igualdade FORMAL e MATERIAL.


- Igualdade formal é a igualdade genérica (caput – “todos”).
- Igualdade material remete à igualdade factual/substancial, que dá tratamento
desigual a quem é desigual.

4. ART. 6º, CF

• EDUCAÇÃO
• SAÚDE
• TRABALHO
• MORADIA (EC 26/2000)
• LAZER
• SEGURANÇA
• PROTEÇÃO À INFÂNCIA
• ALIMENTAÇÃO (EC 64/2010)
• ASSISTÊNCIA
• PREVIDÊNCIA SOCIAL
• TRANSPORTE (EC 90/2015)

- Direitos de 2ª dimensão.
- Direitos objetivos, pois o Estado, objetivamente, dá a todos os direitos,
independentemente de quem vai utilizar. Ex.: existem as escolas públicas, mas
as pessoas não são obrigadas a utilizar, assim como o SUS.

5. RELAÇÕES TRABALHISTAS

RELAÇÕES INDIVIDUAIS RELAÇÕES COLETIVAS


(art. 7, CF) (envolve grupo)
- CLT. - Dir. Sindicalismo (art. 8, CF)
- Urbano ou rural. - Dir. Greve (art. 9, CF)
- Dir. Representação (art. 10, CF)
- Dir. Eleição (art. 11, CF)
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RELAÇÕES INDIVIDUAIS – ART. 7º, CF


- Direitos do trabalhador urbano e rural, celetista (regido pela CLT).

Incisos

I – Proteção da relação de emprego


- Empregador pode demitir sempre que quiser, mas se fizer isso sem justa
causa, deverá proteger a relação de emprego.
- CF remete à lei complementar, que até hoje não existe – art. 10 da ADCT prevê
como deve ocorrer a compensação indenizatória enquanto não vier lei
complementar.

OBS: CF é constituinte, ou seja, ela define as coisas que vão existir, é dela que
partem os conceitos. Constituição não tem o condão de detalhar, remetendo à
lei essa função.

II – Seguro-desemprego
- Desemprego involuntário, apenas.

IV – Salário mínimo
- “Fixado em lei” = criado a primeira vez por – lei ordinária.
- A única forma de vincular o salário mínimo é através de decisão judicial de
pensão alimentícia, em razão do caráter de subsistência.
- Vedação da vinculação do salário mínimo para qualquer fim, prevista no texto
legal, remete aos parâmetros e indexação econômica (vedação absoluta).

V – PEC
- Quanto mais extenso e mais complexo o trabalho, terá direito a ganhar piso
salarial, proporcional à extensão e complexidade.
- Extenso é aquele trabalho que ultrapassa a jornada normal 8h/44h.

➔ Artigo 7º = sempre ACC, negociações coletivas não alteram nada!

X – Proteção do salário
- Se comprovado o dolo na retenção, poderá haver a responsabilidade penal;
sendo uma retenção culposa, poderá se postular a cobrança do salário na esfera
cível/trabalhista.
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XI – Participação sempre nos lucros e resultados e, excepcionalmente,


participação na gestão da empresa

XIII - Duração do trabalho


- Trabalho normal é aquele que observa 8h/44h, facultada a compensação de
honorários e redução da jornada.
- Compensação de honorários e redução da jornada só podem acontecer se
houver ACC.

XIV - Turnos ininterruptos de revezamento


- Sem intervalo.
- 6h, salvo negociações coletivas (CF prevê NC).
- Portaria nº 412 do MTE determina que é ilícita a alteração da jornada e do
horário de trabalho dos empregados que trabalhem em regime de turnos
ininterruptos de revezamento, salvo mediante convenção ou acordo coletivo de
trabalho.

XV – Repouso semanal remunerado


- PREFERÊNCIA é que seja feito aos domingos, mas não é obrigatório, e nem
facultativo.
- Deve ser dado até o sétimo dia, se não o empregador deverá pagar dobrado.

XIX – Licença-paternidade
- CF não prevê prazo e ainda não há lei que regulamente – art. 10 da ADCT
prevê que até que a lei venha a disciplinar o disposto no artigo, o prazo da
licença-paternidade a que se refere o inciso é de cinco dias.

XXIII – Adicionais
- Adicional de insalubridade é pago pelo mínimo e os adicionais de
periculosidade e penosidade é pela remuneração total.

XXIX – Ação
- Prazos de 2 e 5 anos são prescricionais, e não mais decadenciais.

RELAÇÕES COLETIVAS

• ARTIGO 8º, CF – SINDICALISMO


- A liberdade de associação sindical não é absoluta, é relativa, deve observar
algumas coisas (ex.: art. 5º, XVII).
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Incisos

I – Princípio da não intervenção estatal


- Estado não deve intervir, exceto no que diz com a exigência de registro.
- Órgão competente é o Ministério do Trabalho e do Emprego.

II – Princípio da unicidade sindical


- Vedada a criação de mais de um sindicato representativo da categoria
profissional ou econômica em uma mesma base territorial.
- A base territorial é definida por trabalhadores (genérico – celetista ou servidor
público) ou empregadores e não pode ser inferior a área de um município.

III – Funções do sindicato


- Função dupla/dupla: defesa dos direitos e interesses 1) coletivos ou
individuais, na esfera 2) judicial ou administrativa.

IV – Contribuições sindicais
- Duas contribuições: 1) Custeio do sistema confederativo de representação
sindical (descontada em folha e não obrigatória/compulsória) e 2) Sindical
(criada por lei, compulsória).
- STF entende que, no caso de ter sido descontada a contribuição de custeio do
trabalhador sem que esse tenha anuído com o desconto, o estorno deve ser
requerido judicialmente, pois o sindicato não é obrigado a devolver na via
administrativa.

V a VIII – Regras do sindicato


- O prazo mínimo de estabilidade do inciso VIII é de 3 anos (2 + 1).
- Não é qualquer justa causa que afasta a estabilidade, apenas a falta grave.

• ARTIGO 9º, CF – GREVE


- Direito relacionado à cidadania.
- Não é direito absoluto, é relativo – greve é feita não no jeito que se quer, mas
no jeito que se pode, na maneira em que a lei ordinária admite.
- Direito assegurado aos celetistas e servidores públicos civis (art. 37, VII, CF),
militares não podem (art. 142, IV, CF).
- Não há lei que regulamente o art. 37, VII, CF, razão pela qual foi impetrado MI
para suprir a omissão legislativa, restando decidida a aplicação da lei dos
celetistas aos servidores públicos civis, até que seja editada a lei específica –
também foi ajuizada ADO, a qual foi julgada procedente, havendo determinação
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do judiciário para que o legislativo fizesse a lei, mas até hoje a omissão não foi
suprida.
- Nem todos os servidores públicos civis podem fazer greve: STF equiparou os
policiais civis a servidores militares, sendo vedada a greve àqueles servidores
que atuam diretamente na área de segurança pública, pois desempenham
atividade essencial à manutenção da ordem pública.
- §2º: tanto a pessoa que fez a greve quanto a administração pode ser
responsabilizada pelos abusos.

• ARTIGO 10, CF – REPRESENTAÇÃO

PARTICIPAÇÃO Trabalhadores E empregadores > Colegiados públicos


INTERESSES Profissionais ou previdenciários (PP)
OBJETO Discussão e deliberação (DD)

- Normalmente cobrado junto com o art. 8º, III, CF, misturam as previsões.
- Se não houver a participação das duas classes, a assembleia pública é
considerada nula.

• ARTIGO 11, CF – ELEIÇÃO


- Empresas com mais de 200 empregados (igual ou menor a 200 não).
- Comunicação direta entre o empregador e os demais empregados.
- Somente celetista, não vale para servidor público.
- Caso uma empresa tenha 401 empregados, por exemplo, PODERÁ ser eleito
mais um representante, não obrigatoriamente serão eleitos dois.

GABARITO DAS QUESTÕES: 9-A; 12-B, 16-D, 17-C, 18-C, 22-D (anulada)

OBS: não se fala em inconstitucionalidade de norma constitucional originária,


mas é possível a inconstitucionalidade de norma secundária/derivada.
_____________________________________________________________________________________

REFERÊNCIAS LEGISLATIVAS

- CF: artigos 1-17; 37, VII; 142, IV,


- ADCT: artigo 10.
- Portaria nº 412 do MTE.
_____________________________________________________________________________________
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PERGUNTAS E ESCLARECIMENTOS AO FIM DA AULA

- Os direitos individuais hoje, pelo entendimento do Supremo, são apenas


aqueles previstos nos artigos 5º, 14, 15 e 16 da CF.
- A contribuição sindical deixou de ser obrigatória com a reforma trabalhista,
porém ainda permanece prevista no texto constitucional.
- Polícia Federal e PRF podem fazer greve.
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RESUMO1

[Ponto 1 Resolução CJF nº 067/2009]


Constituição. Conceito. Classificação. Elementos. Poder constituinte:
originário e derivado. Emendas à Constituição. O constitucionalismo
brasileiro e os ciclos constitucionais. A ordem constitucional vigente.
Disposições gerais e transitórias. Cláusulas pétreas. Preâmbulo. Princípios
fundamentais e Estado laico.

CONTINUAÇÃO – AULA 2

PROCESSO DE IMPEACHMENT

 Natureza bifásica: fase de admissibilidade, feita perante a Câmara dos


Deputados, e fase de julgamento, feita conforme a natureza da denúncia
(STF ou Senado Federal).

 Afastamento e suspensão das funções do Presidente se dá pelo prazo


máximo de 180 dias. Se o processo não for concluído no prazo, o
Presidente reassume suas funções.
- Objetivo do afastamento é de que o Presidente, em razão da sua posição e de
seus poderes, não atrapalhe a fase de julgamento.

 A jurisprudência do Supremo entende que aqueles que ocupam, ainda


que temporariamente, a Presidência da República, também não podem
figurar na condição de réus.

 Crimes comuns são aqueles que podem ser praticados por qualquer
pessoa (crimes previstos no CP e na legislação esparsa). Crimes de
responsabilidade, por outro lado, são os crimes que só podem ser
cometidos pelas mais altas autoridades da República.
- Crimes de responsabilidade, em verdade, são infrações administrativas que
envolvem uma alta responsabilidade, em função do cargo que determinadas
figuras públicas ocupam.

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 Artigo 86, §3º, CF: em se tratando de crimes comuns, a CF impede que,


na condição de Presidente da República, haja recolhimento à prisão.
- Para que o Presidente seja preso é necessário que haja decisão condenatória
transitada em julgado.
- Transitando em julgado a decisão, o réu deixa de ser Presidente.
- Na prática, não existe a possibilidade de o Presidente ser recolhido à prisão
enquanto Presidente.
- No caso de flagrante, o Presidente seria recolhido e após seria relaxada sua
prisão, em razão de se tratar da figura presidencial.

 O impeachment por crime de responsabilidade não atinge somente o


Presidente da República, mas também as altas autoridades, como
Ministro do STF, Ministro de Estado, Comandante Chefe das Forças
Armadas, PGR, etc. (art. 52, II, CF).

IMUNIDADE PRESIDENCIAL

 Art. 86, §4º, CF: trata da chamada IMUNIDADE PRESIDENCIAL.


- “Atos estranhos ao exercício de suas funções”: atos que não têm relação com a
função presidencial propriamente dita.
- Limitação da investigação do Presidente aos crimes in officio ou propter
officium.

 Chamada pelos penalistas de IMUNIDADE PENAL RELATIVA, pois se o ato


que justifica a imputação penal for relativo às funções presidenciais, o
Presidente pode ser responsabilizado, na vigência do seu mandato.
- Quanto mais estranho à função presidencial for o ato cometido pelo
Presidente da República, durante o seu mandato, maior será a imunidade. Por
outro lado, quanto mais relacionado estiver o ato do Presidente com o exercício
das suas funções, menor será a sua imunidade.

 Se cometido pelo Presidente ato infracional estranho à função


presidencial, o processo de julgamento do crime será suspenso, assim
como os prazos prescricionais dele decorrentes, e, após o encerramento
do mandato presidencial, se reestabelece o processamento.

 A jurisprudência do STF, a despeito da redação do §4º do art. 86, CF,


permite que, mesmo se tratando de atos estranhos ao exercício das
funções presidenciais, podem ser tomadas algumas providências de
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forma investigativa, para ganhar tempo na condução do processo, que


será retomado após a conclusão do mandato.
- Ex.: colher depoimentos de testemunhas, quebra de sigilo telefônico e fiscal,
busca e apreensão.
- O que não pode acontecer é o julgamento propriamente dito.

 Não se aplicam aos Governadores de Estado, do DF e aos Prefeitos as


regras de imunidade formal em relação à prisão e à imunidade penal
relativa – não se aplica o Princípio da Simetria.
- Entende-se que o Presidente da República, além de ser Chefe de Governo, é
também Chefe de Estado, ao contrário dos governadores e prefeitos.

AGÊNCIAS EXECUTIVAS OU ADMINISTRATIVAS

 AGÊNCIAS EXECUTIVAS são estudadas em Direito Constitucional, pois


fazem parte do Poder Executivo.
- Diferente das Agências Reguladoras.

 É uma espécie de certificação que determinados entes da administração


pública indireta, com personalidade jurídica de direito público, recebem
do Governo Federal.
- Visa ampliar a autonomia gerencial, orçamentária e financeira.
- Devem celebrar contrato de gestão, onde se comprometam a seguir metas de
desempenho (condição obrigatória).
- Certificação feita por meio de Decreto Presidencial.

TEORIA DA CONSTITUIÇÃO

OBS: um sistema constitucional não impede que haja ditadura, ou seja, podem
haver ditaduras com sistema constitucional.

CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO

 Documento de natureza JURÍDICA, pois estabelece as traves do


ordenamento jurídico nacional, o sistema de hierarquia das leis; e
POLÍTICA, pois é documento elaborado no Parlamento (Assembleia
Nacional Constituinte) por políticos.
- Mescla funções jurídicas apenas, políticas apenas e jurídico-políticas.
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DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 03
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 Binômio “organização fundamental do Estado” e “direitos fundamentais”


é o que a doutrina chama de CONCEITO POLÊMICO DE CONSTITUIÇÃO,
pois foi um conceito “provocativo”, previsto na DDHC em 1789.
- A típica matéria constitucional é a organização fundamental do Estado (OFE),
delimitando a competência das autoridades, repartindo e organizando o poder
e disponibilizando direitos fundamentais aos cidadãos – matéria constitucional
por excelência, típica.
- Desconcentração do poder busca evitar abusos – quanto mais o poder estiver
organizado/repartido, menor é a chance de abuso no poder.

 Constituição possui funções, no plural.

 CONSTITUCIONALISMO é um fenômeno/movimento jurídico, filosófico,


político que fez com que os países fossem paulatinamente organizados
por meio de Constituições.
- Começou forte a partir das Constituições liberais, que surgiram após as
Revoluções Liberais, como a Inglesa, a Americana e a Francesa – principais
direitos reconhecidos foram os direitos de liberdade.

 FUNÇÃO PROSPECTIVA: toda Constituição deve se voltar para o futuro,


não pode ser um documento extremamente rígido no sentido de não
permitir a sua atualização em face de necessidades cambiáveis.
- Se revela, sobretudo, na possibilidade de emendas constitucionais.
- Contraponto às cláusulas pétreas – quanto mais a Constituição se engessar
por meio das cláusulas pétreas que possui e da interpretação que se dá, maior é
a possibilidade de uma ruptura e de uma substituição por uma nova
Constituição.

 CRITÉRIO NEGATIVO da matéria constitucional: em regra, o que não está


dentro da OFE e dos DF (matéria típica constitucional), não deveria estar
previsto na Constituição.
- Inclusão fica a critério do legislador.

DEBATE ATUAL

CONCEPÇÃO SOCIOLÓGICA DE CONSTITUIÇÃO

 “Fatores reais de poder”: militares, grandes corporações de empresários,


imprensa, líderes religiosos, etc.
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 Para Lassalle, a Constituição vai ser o que os grandes poderosos da


sociedade quiserem que ela seja.
- Concepção sociológica: soma de poderes da sociedade é o que, ao fim e ao
cabo, vai determinar o que a Constituição é.

CONCEPÇÃO GARANTIA DE CONSTITUIÇÃO

 Defende Hesse que a Constituição, por ser o documento de máxima


hierarquia no ordenamento jurídico, possui força normativa, a qual seria
suficiente para vencer os fatores reais de poder da sociedade, desde que
houvesse, por parte da sociedade, a vontade para a Constituição.
- Se o povo respeitar e reconhecer a importância da Constituição, essa vontade
para a Constituição (que vem de baixo para cima), seria suficiente para resistir e
vencer os fatores reais de poder da sociedade, desenvolvendo sua força
normativa.

FORMA CONSTITUCIONAL

FORMA EXTERNA

 COM INSTRUMENTO CODIFICADOR: Constituição escrita.

 SEM INSTRUMENTO CODIFICADOR: Constituição derivada dos costumes.


- Ex.: Inglaterra.

FORMA INTERNA

 CONSTITUIÇÃO RÍGIDA: possui um procedimento dificultoso de


alteração.
- Normas materialmente constitucionais: OFE + DF; normas formalmente
constitucionais: normas que somente estão na Constituição pelo critério de
vontade do legislador constituinte.
- O fato da matéria ser formalmente constitucional não quer dizer que não é
matéria relevante para a sociedade, só não obedece ao critério de constituir
uma nação em algo.

 CONSTITUIÇÃO FLEXÍVEL: que se deixa alterar com a mesma facilidade


com que se alteram as leis infraconstitucionais.
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MONITOR Valéria Barth Fagundes DATA 20/03/2020


CURSO Preparatório para a Magistratura Federal
DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 03
PROFESSOR Marcelo Schenk Duque

- Não existe uma diferença considerável entre o processo legislativo ordinário e


o processo legislativo de elaboração de emendas constitucionais.

CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES (TIPOLOGIA)

QUANTO À ORIGEM

1) OUTORGADA

 É importante cuidar que podem existir Constituições que surgem em


regimes de exceção, mas que, tecnicamente, não foram outorgadas e sim
promulgadas, pois o parlamento funcionava naquele período.
- É o exemplo da CF de 1967.

2) PROMULGADA

 Uma Constituição promulgada é necessariamente melhor que uma


outorgada?
Depende de quem faz a Constituição. Se o grupo que detém o poder elabora
uma boa Constituição, essa Constituição, teoricamente, pode ser melhor que
uma Constituição promulgada por uma Congresso que, embora eleito, não
entenda nada de Constituição. Tudo depende da qualidade daqueles que
redigem o texto constitucional.

 Assembleias exclusivas e não exclusivas.


- Se fala em Assembleias Constituintes exclusivas quando aqueles que são
eleitos pelo povo para elaborar a nova Constituição fazem exclusivamente a
redação da Constituição e após não continuam no Parlamento como
legisladores (recomendada, em razão da neutralidade).
- Nas Assembleias Constituintes não-exclusivas, os eleitos pelo povo não têm a
exclusividade de elaborar a Constituição, pois são eleitos para legislar.

3) CESARISTA

 Simulacro de função legitimadora a partir de um referendo.

QUANTO À FORMA

1) ESCRITA (INSTRUMENTAL)
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CURSO Preparatório para a Magistratura Federal
DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 03
PROFESSOR Marcelo Schenk Duque

2) COSTUMEIRA (NÃO ESCRITA OU CONSUETUDINÁRIA)

 Atualmente, é difícil achar uma Constituição 100% costumeira, pois,


mesmo no exemplo britânico, existem normas escritas que aderem à
noção de bloco de constitucionalidade e que se somam aos costumes.
- Contaminação por fontes escritas.

QUANTO À EXTENSÃO

1) SINTÉTICAS (CONCISAS OU SUMÁRIAS)

 Constituições extremamente reduzidas, que se preocupam apenas com


as matérias tipicamente constitucionais (OFE + DF).

2) ANALÍTICAS (PROLIXAS OU INCHADAS)

 Além das matérias tipicamente constitucionais, incluem outras matérias,


que estão lá pela vontade do constituinte.
- Ressalva-se que, incluir as matérias na Constituição não se dá pelo critério de
relevância das matérias, mas sim pela vontade do constituinte de dar maior
estabilidade a essas matérias, exigindo que a sua modificação passe por um
procedimento dificultoso de alteração.

 Um dos problemas das Constituições analíticas é que acaba engessando


questões relevantes. A medida em que tudo se torna assunto
constitucional, fica difícil promover reformas pontuais.

 Além do mais, a constitucionalização de muitos assuntos leva a uma


banalização do direito constitucional, levando, consequentemente, a uma
banalização também do tribunal constitucional, que acaba se ocupando
de competências que não seriam tipicamente constitucionais.

QUANTO AO CONTEÚDO

1) MATERIAL
2) FORMAL
3) DOGMÁTICAS (SISTEMÁTICAS)
4) HISTÓRICAS
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CURSO Preparatório para a Magistratura Federal
DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 03
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QUANTO À ALTERABILIDADE

1) RÍGIDAS
2) FLEXÍVEIS
3) SEMIRRÍGIDAS (SEMIFLEXÍVEIS)
4) TRANSITORIAMENTE FLEXÍVEIS
5) FIXAS (não admitem emendas)
6) IMUTÁVEIS

BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE

 Tradicionalmente, em um pensamento constitucional clássico, a matéria


constitucional que serve de parâmetro para o controle de
constitucionalidade é o conjunto dos artigos que integram, de forma
escrita, a Constituição.

 O bloco de constitucionalidade é a superação da noção de que as


normas constitucionais se esgotam naquilo que faz parte do corpo
escrito da Constituição.
- Portanto, o bloco, diz respeito às matérias que gravitam ao lado da
Constituição e que, pelo conteúdo das informações que veiculam, possuiriam
igualmente a hierarquia constitucional (noção expansiva).
- Ex.: tratados internacionais de direitos humanos, ainda que não recepcionados
pelo país na forma de emenda propriamente dita, etc.

 Quanto mais se evoluir, no sentido de reconhecer que outros textos,


outras fontes tenham hierarquia constitucional, a partir da ideia de bloco
de constitucionalidade, mais se aproxima do conceito de Constituição
variada, esparsa ou fragmentada.

QUANTO AO SISTEMA

1) PRINCIPIOLÓGICA
2) PRECEITUAL

 NEOCONSTITUCIONALISMO é uma doutrina que se afirmou após a 2ª


GM e que no Brasil chegou após a vigência da CF/88, que visa dar um
destaque às normas com elevado grau de abstração, chamados
princípios jurídicos.
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DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 03
PROFESSOR Marcelo Schenk Duque

- Neoconstitucionalismo dá mais valor à eficácia dos princípios em relação às


regras e permite, com isso, uma atuação expansiva dos tribunais, que passam a
interpretar os princípios das mais diferentes maneiras na resolução dos conflitos
jurídicos/constitucionais.
- Crítica: na medida em que os tribunais começam a priorizar os princípios em
detrimento às regras da Constituição, chega-se em uma situação que colide
com a separação dos poderes (afastamento de uma regra idealizada pelo
legislador, independente de um juízo de inconstitucionalidade) e com a questão
da segurança jurídica.
*** BIBLIOGRAFIA INDICADA: Eficácia Horizontal dos Direitos Fundamentais e
Jurisdição Constitucional - Marcelo Schenk Duque.

CICLOS CONSTITUCIONAIS BRASILEIROS

 Em casa, consultar o material/bibliografia e verificar, em cada uma das


Constituições que o Brasil possuiu, quais foram as inovações, as
características e as contribuições de cada uma das Constituições.

*** Para fins de preparação para concurso, os livros como o do Pedro Lenza -
Direito Constitucional Esquematizado bastam. Para fins acadêmicos, pela
história das Constituições propriamente dita, o professor recomenda as edições
do Senado Federal – História das Constituições Brasileiras.

CONSTITUIÇÃO DE 1824

 De acordo com o professor, há uma predileção nos concursos pela


CF/1824, pois, de todas as Constituição que tivemos, foi a que teve uma
estrutura mais peculiar, até mesmo pelo fato de que foi a única que
praticou a Forma de Governo monárquico.

 Forma de Governo monárquico, com Chefe de Estado hereditário e


vitalício, e sistema de tetrapartição de poderes (Chefia de Estado, Chefia
de Governo, Legislativo e Judiciário).

 Apesar de ter sido outorgada, foi a Constituição que vigeu por mais
tempo no Brasil (1824 a 1891).
- Representou um elemento de estabilização no território nacional, em um
momento de grande dificuldade.
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CURSO Preparatório para a Magistratura Federal
DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 03
PROFESSOR Marcelo Schenk Duque

 O Supremo Tribunal de Justiça foi o órgão embrionário do STF.

 Analfabetos votavam, desde que tivessem condições econômicas.

 A Constituição de 1824 é a única das Constituições brasileiras que não


previu o Estado laico – vigorava à época o Estado confessional.

CONSTITUIÇÃO DE 1891

 Adotada a Forma de Governo Republicana, com Chefe de Estado eletivo


e temporário.

 Foi feito um “transplante de instituições” do modelo dos EUA para o


Brasil, o que foi responsável, em grande parte, pelos sérios problemas
estruturais que temos no país.
- Transplante acrítico das instituições.
- A troca para o modelo americano foi responsável por uma sucessão de crises
sem precedentes.
- Crítica: substituição do sistema de tetrapartição de poderes, passando a haver
a cumulação entre Chefia de Estado e Chefia de Governo, já considerado
ultrapassado com base da teoria pura de Montesquieu.

 A Justiça Federal foi criada no Brasil antes da vigência da CF/1891. A


Constituição apenas manteve a JF na estrutura do Poder Judiciário.
- Ou seja, JF não foi tecnicamente criada pela CF/1891.

CONSTITUIÇÃO DE 1934

 Um dos nortes da Revolução de 1930 era justamente a moralização do


sistema eleitoral brasileiro e essa revolução foi um dos motivos que levou
ao final da CF/1891, por isso que a CF/1934 já veio com inovações no
sistema eleitoral, fruto do Código Eleitoral decretado por Getúlio Vargas
em 1932.

CONSTITUIÇÃO DE 1937

 Na vigência da CF/1937, houve um enfraquecimento do Poder Judiciário.


O juízo de inconstitucionalidade de uma norma, feito pelo STF, poderia
ser derrubado pelo Parlamento.
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DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 03
PROFESSOR Marcelo Schenk Duque

- Esvaziamento do controle de constitucionalidade.


- No Brasil atual, tentou se fazer algo semelhante com a PEC 33/2011.

CONSTITUIÇÃO DE 1946
 Se espelha no final de 2ª GM e tem a missão de restaurar a democracia
no Brasil.

 Parlamentarismo funcionou durante a Constituição de 1824 e depois se


tentou implementar novamente na vigência da CF/1946, mas acabou não
dando certo.
- Os pressupostos de implementação em 1946 foram equivocados e não se
criaram instituições adequadas para um bom parlamentarismo funcionar.

CONSTITUIÇÃO DE 1967

 Decretos-lei editados pelo Presidente são semelhantes, de certa forma,


com as atuais Medidas Provisórias.
- Comuns, pois ambos são de competência típica do Chefe do Poder Executivo
para legislar, mas diferem, pois as MP têm um prazo de duração, perdendo
eficácia caso não convertida em lei.

 Formalmente, os Tribunais foram mantidos, mas com uma atuação muito


controlada, esvaziada.

 Alguns autores defendem que a EC 1/69, por ter feito uma série de
alterações significativas na CF/1967, representou, em verdade, uma nova
Constituição.
- EC visava reestabelecer a normalidade.

 Discutia-se a constitucionalidade da Lei da Anistia, do ponto de vista da


recepção pela CF/88, pois a lei anistiou crimes de tortura, por exemplo.
STF reconheceu que a Lei da Anistia foi sim recepcionada pela CF/88,
porque foi um pressuposto para a instauração de um regime
democrático.

TEORIA DO PODER CONSTITUINTE

 Poder que estabelece uma nova Constituição no país ou de alteração da


Constituição vigente.
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PROFESSOR Marcelo Schenk Duque

Há três tipos de poder constituinte:

1) PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO

 Poder encarregado de elaborar uma nova Constituição, que pode


substituir uma Constituição anterior ou dar início a um novo país.

 É poder: ILIMITADO (não sofre limitações em sede de direito positivo),


INCONDICIONADO (não se condiciona a nenhuma fórmula prévia de
expressão) e INICIAL (dá início a uma nova Constituição).

2) PODER CONSTITUINTE DERIVADO/INSTITUÍDO

 Previsto pelo Poder Constituinte Originário e responsável pelas


alterações pontuais que a Constituição venha a sofrer.
- Poder de emenda/de revisão.
- Responsável por atualizar a Constituição, sem que seja necessária uma nova
Constituição.
- Poder chamado de “instituído”, pois deve ser previsto pelo originário.

 É poder: LIMITADO, CONDICIONADO e SECUNDÁRIO.

3) PODER CONSTITUINTE DECORRENTE

 Aquele que, em uma Forma de Estado Federativa, permite a elaboração


das Constituições pelos estados membros.
- Art. 25, CF.

 PRINCÍPIO DA SIMETRIA diz que as Constituições estaduais devem


espelhar a Constituição Federal, feita pelo Poder Constituinte Originário,
no que tange aos seus princípios e normas estruturantes.
- NORMAS DE REPRODUÇÃO OBRIGATÓRIA: a partir da CF determina-se um
conjunto de normas estruturantes que devem ser obrigatoriamente
reproduzidas nas Constituições estaduais, adaptadas, eventualmente, às
estruturas dos estados.
- CF não determina quais normas são de reprodução obrigatória e quais não
são; isso é apreendido de acordo com a jurisprudência do STF.
_____________________________________________________________________________________
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PROFESSOR Marcelo Schenk Duque

REFERÊNCIAS LEGISLATIVAS

- CF: artigos 5º, §§2º e 3º; 25; 37, §8º; 52, II; 60; 84, I; 86, §3º, §4º; 87.
- Decreto nº 2.487/98.
- Decreto nº 2.488/98.
- Lei nº 9.649/98.
_____________________________________________________________________________________

PERGUNTAS E ESCLARECIMENTOS

- Nenhum direito fundamental é absoluto, a moderna sistemática dos direitos


fundamentais admite que todos os direitos admitam restrições, em maior ou
menor grau, de acordo com as contingências. Não é necessário Estado de
Defesa ou Estado de Sítio para impor limites ao direito de reunião, outros bens
constitucionais relevantes podem utilizados para limitar o direito de reunião.
Deve-se observar, porém, que, quanto maior a intensidade da restrição a direito
fundamental, tão mais relevantes devem ser as razões que justificam essas
restrições.
- Mesmo os Decretos Presidenciais ou de Chefes do Poder Executivo que
imponham restrições a direitos fundamentais, passam por um controle de
legalidade pelos órgãos de representação coletiva, que é o Congresso Nacional,
as Assembleias e as Câmaras de Vereadores.
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PROFESSOR Leonardo Bofill Vanoni

RESUMO1

[Pontos 5 e 7 Resolução CJF nº 067/2009]


Poder Judiciário. Natureza da função jurisdicional. As garantias do Poder
Judiciário. O princípio da reserva legal na apreciação de lesão ou ameaça de
lesão a direito individual e a direito coletivo. Poder Judiciário Estadual. O
Conselho Nacional de Justiça, o Supremo Tribunal Federal, o Superior
Tribunal de Justiça. Funções essenciais à justiça. Do Ministério Público. Da
Advocacia e da Defensoria Pública.

CONTATO: @leo.vanoni / lbvanoni@gmail.com


_____________________________________________________________________________________

PODER JUDICIÁRIO E FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA

1. PODER, FUNÇÃO E ÓRGÃO

 ARISTÓTELES (“A política”) trata sobre a ideia de DIVISÃO FUNCIONAL


DO PODER; para ele, teríamos três funções do Estado, ou seja, três
funções exercidas por quem exerce o poder político do Estado:

1) ASSEMBLEIA GERAL: inovação na ordem jurídica, criação de normas de


convivência social.
2) CORPO DE MAGISTRADOS: execução das normas, administração do
Estado.
3) CORPO DE JUÍZES: função jurisdicional.

- Aristóteles estabelece as funções, mas não divide o exercício dessas funções


em órgãos, pois na época quem exercia as três funções era o soberano (poder
concentrado).

 JOHN LOCKE reconhece a existência das funções, mas divide-as em duas,


essencialmente: 1) F. LEGISLATIVA (função principal) e; 2) F. EXECUTIVA E
CONFEDERATIVA.
- Divisão dual.

1
Este é um material complementar elaborado por aluno monitor regularmente matriculado no curso. Seu conteúdo está
sujeito a equívocos e revisões.
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PROFESSOR Leonardo Bofill Vanoni

- A evolução, com relação a Aristóteles, decorre da afirmação de que as duas


funções deveriam ser exercidas por diferentes órgãos.
- Por defender a existência de diferentes órgãos é que se diz que Locke estaria
“no meio do caminho”, entre a divisão funcional e a divisão orgânica-funcional
de Montesquieu. A previsão de diferentes órgãos seria um prenúncio da divisão
orgânica-funcional.

 MONTESQUIEU (“O espírito das leis”) traz a ideia de divisão orgânica-


funcional do poder, também conhecida como a ideia de divisão tripartite
do poder estatal. São as funções:

1) LEGISLATIVO
2) EXECUTIVO
3) JUDICIÁRIO – “Juiz boca da lei”: separação rígida dos poderes, ao juiz
cabia apenas descobrir o sentido que já estava no texto e revelá-lo no
processo, não há a ideia de interpretação e construção dos sentidos.

- Ideia de Montesquieu significa, em suma: INDEPENDÊNCIA ORGÂNICA


(órgãos são independentes em relação aos demais) e ESPECIALIZAÇÃO
FUNCIONAL (cada órgão tem uma função especial e específica a exercer –
típicas e atípicas).
- Durante muito tempo, a divisão de Montesquieu foi interpretada de forma
muito rígida, sob a ideia de que cada órgão deveria agir como se fosse uma
ilha, não havendo interferência e conversações entre si.

 SISTEMA DE FREIOS E CONTRAPESOS (EUA - Checks and Balances


System) defende a ideia de que, embora os órgãos sejam independentes
e tenham uma especialização funcional, devem sofrer certo controle, a
fim de que não haja arbitrariedade e abuso de poder.

CRÍTICAS

 CHARLES EISENMANN defende que a separação rígida prevista por


Montesquieu é um mito; para ele, a separação é uma ideia de
cooperação entre os órgãos para execução dos fins expressos na
Constituição Federal.
- Descarta a ideia de que seriam ilhas, mas sim um continente, onde os órgãos
devem dialogar entre si (aproximação e diálogo institucional, buscando uma
atuação do poder estatal mais harmônica).
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PROFESSOR Leonardo Bofill Vanoni

 LOWESTEIN defende que não há uma divisão do poder entre os órgãos


(poder é uno), o que há é uma divisão de competências materiais para o
exercício do poder.
- Divisão mais técnica e correta.

 BRUCE ACKERMANN, mais recentemente, traz a ideia de um sistema de


freios e contrapesos muito mais complexa e abrangente, levantando,
inclusive, a ideia de criação de outros órgãos externos de controle,
buscando evitar corrupção, desvios de funções, ilegalidades e
antijuridicidades.

 CF utiliza a ideia de tripartição de poderes (art. 2º, CF), mas de forma


atécnica, ou seja, utiliza poder, função e órgão como sinônimos, muitas
vezes utilizando como gênero a expressão “poder”.
- Art. 1º, p.u., CF é que traz, realmente, a ideia técnica de poder.
- A ideia de órgãos é prevista no art. 2º, CF.
- As funções estão previstas em diversos artigos da CF.
- Os órgãos e as funções são divisíveis, o poder é uno e indivisível.

OBS: Para fins de prova dissertativa, deve-se considerar como correto o uso da
expressão “poder” indistintamente, porém, em uma prova dissertativa ou em
uma prova oral é importante saber a diferenciação dos termos.

 O chamado HARDBALL (jogo duro) constitucional pelas instituições gera


uma desarmonia entre os órgãos (ou, como denomina Oscar Vilhena
Vieira, uma batalha entre os Poderes).
- Ex.: impeachment, alguns ativismos do Judiciário.
- Muitos doutrinadores vêm sustentando uma necessidade de respeito mútuo
entre os órgãos e uma ideia de autorrestrição, para que as democracias sejam
preservadas.

2. PODER (ÓRGÃO) JUDICIÁRIO

 Um dos três órgãos estatais, também chamado por alguns doutrinadores


de “terceiro poder”.

 Assim como os demais, o Judiciário possui funções TÍPICAS e ATÍPICAS.


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PROFESSOR Leonardo Bofill Vanoni

- A existência de funções típicas e atípicas demonstra a ideia de que não se


utiliza uma separação rígida da divisão de funções.
- A função típica clássica é 1) aplicar o direito nos casos concretos, de modo
imparcial e perante processo regular, substituindo a vontade das partes e
produzindo a coisa julgada (art. 92 da CF/88).
- Atualmente, existem também outras funções do Judiciário consideradas
típicas: 2) promover e proteger os direitos fundamentais; 3) promover e
proteger a força normativa da Constituição; 4) resolver os conflitos entre os
demais órgãos e; 5)* criação de normas (legislação constitucional).
- Como exemplo de funções atípicas, existe a criação do seu regimento interno
(legislativa) e administração do seu corpo de servidores
(administrativa/executiva).

* Min. Gilmar Mendes – não é uma função que goza de um consenso na


doutrina, é contestada.

 CARACTERÍSTICAS DO JUDICIÁRIO: nacional, uno e indivisível.


- As divisões existentes (JF, JE, etc.) são divisões da competência, é divisão
orgânica, interna do Judiciário.
- Nacionalidade do Judiciário foi reafirmada na discussão do teto da
remuneração dos magistrados.

EVOLUÇÃO JUDICIAL

- A partir da Revolução Francesa.

EXEGESE KELSEN E HART ALEXY E DWORKIN


- Separação rígida das - Positivismo jurídico. - Pós-positivismo.
funções em relação aos - Teoria da Moldura de - Alteração dos
órgãos. Kelsen: texto/norma é paradigmas/metodologi
- “Juiz boca da lei”. uma moldura, que traz a do direito.
- Historicismo várias possibilidades de - Evolução da Teoria do
(costumes), escola da resposta. Direito.
jurisprudência dos - Hart defende que, para - Inclusão dos direitos
conceitos (construção alguns casos, o texto já morais (direitos
de conceitos) e escola traz a resposta. fundamentais) na
da jurisprudência dos - Hart não traz uma Constituição.
interesses (proteção do ideia de argumentação - Dworkin: Teoria da
interesse - Ihering) são jurídica e de Teoria dos Integridade do Direito –
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PROFESSOR Leonardo Bofill Vanoni

vertentes desse primeiro Princípios (crítica de rede de mútuo apoio de


momento. Dworkin). princípios.
- Alexy traz a ideia da
Teoria dos Princípios,
argumentação jurídica,
prévia ponderação para
aplicação dos princípios,
etc.
- Para Alexy as normas
não se aplicam “ao
modo tudo ou nada”,
admitem cláusulas de
exceção.

- A partir de Kelsen e Hart já há uma ideia não tão rígida de separação dos
poderes e a necessidade de interpretação do texto jurídico e construção da
norma.

- Com relação à ideia de pretensão de correção, Dworkin defende que é


possível extrair uma resposta correta para cada caso, valendo-se da
argumentação; para Alexy, e o próprio Hart, é possível que, em alguns casos,
exista apenas uma resposta correta, mas nos chamados “hard cases”,
principalmente naqueles casos em que cabe ponderação de princípios, é difícil
afirmar que existe uma única resposta correta – Alexy defende que isso deve
servir de diretriz para o juiz, mas não é possível o convencimento de todo
mundo em um consenso geral, nos “hard cases” a resposta correta se daria
apenas no plano subjetivo; Kelsen, por outro lado, afirma que em nenhum caso
é possível sustentar que há uma única resposta correta, em razão do direito ser
indeterminado e ter conceitos vagos.

- Para Alexy, se não há uma regra objetiva, já ponderada pelo legislador, o juiz
deve ponderar os direitos fundamentais, construir uma regra e aplica-la por
subsunção, ou seja, da ponderação nasce uma regra que é aplicada por
subsunção. Quando há regras, o legislador já fez a ponderação, devendo aquela
ser aplicada, salvo se houver alguma uma cláusula de exceção.

GARANTIAS DO PODER (ÓRGÃO) JUDICIÁRIO NA CF/88


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 As garantias do Poder Judiciário garantem um poder atuante e


independente para exercer suas funções.
- De acordo com Lenio Streck, as garantias são mais importantes que os direitos
fundamentais, pois os garantem; somente através de uma magistratura
independente é que é possível a existência de direitos fundamentais efetivos.

Autonomia financeira: garante ao Judiciário elaborar


e apresentar sua proposta orçamentária e o repasse
do duodécimo da sua proposta aprovada.
- Deve estar de acordo com a Lei de Diretrizes
Orçamentárias.
- Deve ser apresentada no prazo legal.
- Possibilidade de controle pelo Executivo se a
proposta estiver fora dos limites legais.
INSTITUCIONAIS - Em alguns estados, a garantia do repasse do
(da magistratura) duodécimo passou a ser flexibilizada (ex.: caso do
RJ).
Autonomia administrativa: possibilita, dentre outras
G coisas, eleição dos órgãos diretivos e elaboração do
A regimento interno, provimento dos cargos de juiz,
R etc.
A - Garantia permite que o Judiciário organize e
N administre sua estrutura, sem a intervenção de
T outros órgãos.
I Vitaliciedade: Juiz não poderá, a partir da posse e
A após os dois anos do vitaliciamento, perder seu
S cargo, salvo por: processo especifico com sentença
transitada em julgado, aposentadoria compulsória
aos 75 anos ou por vontade própria (aposentadoria
voluntária ou exoneração).
FUNCIONAIS
- Evita uma exoneração/demissão arbitrária do
(Predicativos da
magistrado.
magistratura)
- Nem todos precisam cumprir os dois anos, há
Art. 95. CF
exceções em que a vitaliciedade se dá com a posse.
- Na Justiça Eleitoral não há vitaliciedade, existindo o
Princípio da Periodicidade da Investidura.
Inamovibilidade: Evita e protege o magistrado de
movimentações/substituições compulsórias.
- Também se aplica aos juízes substitutos.
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Irredutibilidade de subsídio: Juiz não poderá ter seu


subsidio reduzido, observado o teto constitucional.
- O entendimento do STF é no sentindo de que não
é possível a redução do salário, apenas, mas não há
garantia de irredutibilidade real.
- Importância da “jurisprudência de crise” no cenário
atual, oriunda do TC de Portugal, em que foi
considerada legal redução nominal dos vencimentos
dos servidores temporariamente, diante de uma
situação de excepcional de necessidade.
- As garantias da imparcialidade são, em verdade,
vedações a determinados comportamentos por parte
do magistrado.
I. Pela redação do inciso, discute-se se é possível dar
aula em apenas uma instituição ou se deve ser
interpretado em relação ao tempo – boa parte da
doutrina entende que seria uma limitação de horário,
para que o juiz não tenha a docência como atividade
IMPARCIALIDADE
principal.
Art. 95, p.ú., CF
III. Também há uma resolução do CNJ que trata de
algumas restrições sobre manifestações de juízes em
redes sociais, que em liminar já foi reconhecida
como constitucional.
V. Buscar evitar o tráfico de influências ou exploração
de prestígio.
- Choque com o direito fundamental ao livre
exercício profissional.

O PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL NA APRECIAÇÃO DA LESÃO OU AMEAÇA DE


LESÃO A DIREITO INDIVIDUAL OU COLETIVO.
- Art. art. 5º, XXXV, CF.

 Também conhecido como Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição (ou


proteção judicial).

 Havendo uma lesão ou ameaça, a parte tem o direito de acessar o


judiciário, por meio do direito de ação; o juiz, por outro lado, e buscando
a eficácia objetiva do direito fundamental, deve proferir uma decisão.
- Direito de ação é um direito subjetivo fundamental incondicionado.
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PROFESSOR Leonardo Bofill Vanoni

 A garantia fundamental DA inafastabilidade da jurisdição traz um feixe de


proteções jurídicas (positivas e negativas) aos cidadãos, entre elas:

1) Proibição de o legislador excluir da apreciação do Judiciário lesão ou


ameaça de lesão a direitos;
- Salvo na situação de previsão constitucional da justiça desportiva.
2) Proibição de o Juiz se negar a decidir (vedação do non liquet);
3) Proibição de óbices ao direito de ação;
4) Promover meios de acesso ao Judiciário;
5) Conferir efetiva tutela aos direitos.
- Não se deve apenar declarar o direito, deve-se utilizar meios e técnicas
processuais para protege-lo.

*** CASO OLGA PRESTES – Foi impetrado HC para evitar que fosse expulsa do
país. Em um primeiro momento, STF exigiu pagamento das custas e indeferiu o
pedido da justiça gratuita; posteriormente, o STF, com base em uma lei de
segurança nacional, não recebeu o HC e ela não teve a oportunidade de buscar
a tutela de seu direito e ter acesso efetivo à justiça, sendo expulsa e mandada
para a Alemanha.

OBS: ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA é o direito de ter um advogado para


representar a parte em uma ação judicial (ex.: defensor público), enquanto que a
JUSTIÇA GRATUITA é a isenção/suspensão da exigibilidade de custas e despesas
processuais.

ESTRUTURA DO JUDICIÁRIO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.

 Estrutura básica está prevista no art. 92, CF, muito inspirada no


federalismo norte-americano.

STF
CNJ (órgão interno – EC 45/2004)
Justiça comum Justiça especializada
STJ TSE TST
STM
TJ TRF TRE’s TRT’s
Juízes de JEC’s Juízes JEC’s JME* JMU Juízes Juntas Juízes do
direito federais eleitorais eleitorais trabalho
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MONITOR Valéria Barth Fagundes DATA 11/05/2020


CURSO Preparatório para a Magistratura Federal
DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 04
PROFESSOR Leonardo Bofill Vanoni

* Não há em todos os estados.

- Atualmente, os juízes eleitorais são juízes estaduais, por delegação.

 ÓRGÃOS DE CONVERGENCIA são aqueles que buscam convergir


decisões dos tribunais (STF, STJ, TSM, TSE, TST); ÓRGÃOS DE
SUPERPOSIÇÃO são aqueles que se sobrepõem e exercem o poder de
substituição das decisões sobre mais de um órgão da justiça (STF e STJ).

1. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF)

 O STF foi criado em 1890 (com 15 juízes) pelo decreto nº 510, tendo sido
constitucionalizado em 1891, com sua instalação definitiva em
28/02/1891.

 A CF/88 conferiu ao STF, no seu arranjo institucional, um lugar de


destaque, na medida em que, além de conferi-lo poderes de corte
constitucional, também deu a ele funções de julgar as mais altas figuras
políticas do país, além de ter uma competência recursal.

Competências típicas
 Exercer a jurisdição constitucional – art. 102, CF.
 Competência originária.
 Competência recursal ordinária.
 Competência recursal extraordinária.

- Antigamente, também tinha a competência que atualmente é exercida pelo


STJ.

 Dentre as competências atípicas, entre outras, está a iniciativa do


Estatuto da Magistratura (legislativa) e a presidência do CNJ
(administrativa).

 STF não precisa observar o quinto constitucional, nem existe um número


mínimo de ministros que seja membro da magistratura.

*** INDICAÇÃO DE BIBLIOGRAFIA: Os Onze: O STF, seus bastidores e suas crises.


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CURSO Preparatório para a Magistratura Federal
DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 04
PROFESSOR Leonardo Bofill Vanoni

 O requisito do notável saber jurídico exige, atualmente, que a pessoa seja


ao menos bacharel em direito, não sendo obrigatório que a pessoa tenha
mestrado ou doutorado na área.

 Processos, quando são distribuídos no STF, não são distribuídos a uma


turma ou outra e sim distribuídos diretamente a um ministro em
específico.
 Oscar Villhena Vieira e outros autores também falam na figura da
“ministrocracia”, pelas decisões cautelares/liminares em que se
suspendem leis ou outras situações; inclusive, há pessoas que falam que
o STF seria um arquipélago, onde cada ministro atua com autonomia,
sem uma visão orgânica do todo.

2. CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (CNJ)

 Não estava previsto na CF/88, foi incluído pela Emenda Constitucional nº


45/2004.

 É um órgão da estrutura interna do Judiciário. Diz-se que é órgão


administrativo-constitucional do Judiciário com autonomia relativa.
- Administrativo porque não tem competência jurisdicional, nem legislativa.

 CNJ se submete a controle judicial, podendo suas decisões serem objeto


de ações e mandados de segurança.

OBS: CNMP tem 14 membros e CNJ 15 membros.

 CUIDAR: nem todos os conselheiros se submetem à sabatina do Senado.


O presidente do CNJ não passa pela sabatina, pois quem vai exercer a
presidência do CNJ já é o presidente do STF e não precisa ser aprovado
pelo Senado novamente.

 Não há a garantia da vitaliciedade, pois os mandatos são de 2 anos,


prorrogável por mais 2.

 Ao CNJ cabe o controle da atuação administrativa e financeira do


Judiciário (mero garantidor da aplicação do art. 37 da CF/88), dos
deveres funcionais (disciplinar) e de outras atribuições que lhe forem
conferidas pelo Estatuto da Magistratura ou pela própria Constituição.
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- Possui competência correcional autônoma, originária e concorrente.

3. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (STJ)

 Criado pela CF/88, com o objetivo de desafogar o STF.

 STF = guardião da Constituição; STJ = guardião da ordem jurídica


infraconstitucional.

 Ao STJ se aplica a ideia do terço constitucional e não do quinto


constitucional, CUIDAR!

 O STJ possui espécies de competências típicas jurisdicionais: originária,


recursal ordinária e recursal especial, previstas no art. 105 da CF/88.

4. JUSTIÇA ESTADUAL

 Justiça estadual está inserida na noção de dualidade de justiça, ou seja,


da justiça comum ser dividida entre justiça estadual e federal.
- Inaugurada na CF/1891.

 Respeitados os princípios constitucionais, cada estado tem a


competência para organizar a sua justiça.

 A organização, abaixo do Tribunal de Justiça, se dá em comarcas, que


podem abranger mais de uma cidade. Nas comarcas, há a divisão dos
juízos em varas. As comarcas, por sua vez, são divididas por entrâncias
(inicial, intermediária e final).
- No segundo grau o Tribunal é organizado em turma e órgão especial.
_____________________________________________________________________________________

REFERÊNCIAS LEGISLATIVAS

- CF: artigos 1º; 2º; 5º, XIII, XXXV, LXXIV; 12, §3º; 44; 60, §4º; 76; 92; 94; 95; 96;
102; 103-B, §4º; 105; 134; 217, §1º.
- Art. 22, §1º, da LOMAN.
- Súmula – STF: 649, 667.
- Súmula vinculante nº 37 do STF.
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PERGUNTAS E ESCLARECIMENTOS SOBRE A AULA

- A inamovibilidade também se aplica em relação às varas da mesma subseção.


Pela garantia, o juízo não pode ser movido do juízo onde está.
- A vedação ao recebimento de auxílios, contribuições ou “mimos” é no sentido
de que se evite uma decisão em benefício daquele que deu, mas um presente
ou algo em reconhecimento, em regra, não configuraria. É necessário analisar o
caso e o objeto/auxílio em si. Professor evita.
- Alguns tribunais adotam o procedimento de solução direta do consumidor
junto ao Procon nos casos do JEC, mas, na visão do professor, condicionar o
ajuizamento da ação à tentativa prévia junto ao Procon é uma situação
inconstitucional, pois lesa o Princípio da Inafastabilidade.
- Em relação a palestras, há uma resolução do CNJ que sobre a questão da
remuneração (está no material) e não é possível ao magistrado falar sobre o
caso concreto, apenas “em tese”.
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PROFESSOR Leonardo Bofill Vanoni

RESUMO1

[Ponto 5 e 7 Resolução CJF nº 067/2009]


Poder Judiciário Federal O Conselho da Justiça Federal e os Tribunais
Regionais Federais. A Justiça Federal de 1º Grau. Lei Orgânica da
Magistratura Nacional. Da Advocacia-Geral da União. Defensoria pública
federal. Princípios e disposições gerais.

PODER JUDICIÁRIO E FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA


(CONTINUAÇÃO)

3. FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA

 A Constituição, ao mesmo tempo em que criou toda uma estrutura do


Poder Judiciário, também criou uma estrutura de acesso ao Judiciário.
- São veículos que levam as demandas ao Judiciário.

 Em suma, a CF traz 4 órgãos que desempenham as funções essenciais à


justiça: 1) Ministério Público; 2) Advocacia Pública; 3) Advocacia Privada
e; 4) Defensoria Pública.

1. MINISTÉRIO PÚBLICO

 Apareceu a primeira vez no ordenamento jurídico no Código de Processo


Criminal de 1832, ou seja, sob a vigência da Constituição de 1824, mas
não com previsão expressa nela.

 A Constituição de 1934 foi a primeira que deu uma conformação e uma


estrutura ao MP mais parecida com a que temos hoje.
- CF/1934 é bastante importante do ponto de vista do sistema de justiça
brasileiro.

 Até 1988, durante toda a trajetória histórica nas constituições brasileiras,


o MP sempre foi um órgão atrelado a outro, nunca teve uma
independência e uma autonomia muito fortes, tendo sido atrelado ao
Judiciário e ao Executivo.
1
Este é um material complementar elaborado por aluno monitor regularmente matriculado no curso. Seu conteúdo está
sujeito a equívocos e revisões.
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- Com a CF/88, passou a ser definido como órgão constitucional autônomo,


permanente e essencial.

 Também chamado de parquet (origem francesa) e “magistrados de pé”


(“magistrados” pela importância das funções desempenhadas e “de pé”
remetendo à questão da oratória).

 Assim como a magistratura, o MP goza das garantias de independência


institucional e funcionais.
- Quanto às vedações, deve observar as mesmas aplicadas aos juízes, com um
“plus”.

 O MP não é considerado um “quarto poder/órgão”, pois a própria CF/88


reconhece como tal apenas o Judiciário, Legislativo e Executivo (art. 2º).
- Tem muitas características que se assemelham às características do Judiciário,
mas não tem a natureza de poder/órgão dada pela Constituição Federal.

CARACTERÍSTICAS

MP não mais está inserido no Judiciário ou Executivo,


AUTONOMIA estando fora dessa estrutura, além de não ser
subordinado a nenhum desses órgãos.
PERMANÊNCIA MP não pode ser extinto.
MP desempenha papel essencial na estrutura do
nosso sistema de justiça, tanto na área criminal, onde
ESSENCIALIDADE exerce um papel de protagonismo, quanto na área
cível, onde atua na defesa dos direitos coletivos ou na
função de fiscal da ordem jurídica.

 Art. 127, CF define as INCUMBÊNCIAS DO MP. O STF entendeu que o MP


também tem poder de investigação.
- MP é considerado o guardião da democracia.
- Atualmente, o poder de investigação do MP tem sofrido contestações,
inclusive de forma expressa pelo Min. Gilmar Mendes.

PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS
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DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 05
PROFESSOR Leonardo Bofill Vanoni

MP é uno e nacional, assim como a magistratura. Se


repartem e se dividem as competências, mas sem
UNIDADE
perder a característica de unidade.
- MP é gênero, MPU/MPE são espécies.
Significa dizer que, quando um membro atua, atua
em nome do MP e não em nome próprio.
INDIVISIBILIDADE
- Por conta disso é que há a possibilidade de
substituição, por exemplo.
Garantias funcionais: vitaliciedade, inamovibilidade e
irredutibilidade de subsídios.
Garantias institucionais: autonomia administrativa e
INDEPENDÊNCIA financeira.
FUNCIONAL De imparcialidade (vedações)
- Assim como existe ato do CNJ, também existe ato
do CNMP impedindo manifestações políticas de
promotores em redes sociais.

 STF tem o entendimento de que existe o Princípio do Promotor Natural,


o qual está implícito na CF. Isso significa dizer que deve sempre atuar no
processo aquele promotor indicado de forma prévia e legal, para
conduzir aquele processo de sua competência.
- Garantia ao próprio promotor e ao MP, pois é assegurada a autonomia
funcional.

 Vem se entendendo que a criação de grupos de trabalho, como a força-


tarefa da Lava-Jato, não ofende o Princípio do Promotor Natural, desde
que haja uma designação por um ato legal, de forma constitucional e
abstrata, direcionada para atuação mais ampla, e não especifica para um
processo só.

 Inamovibilidade busca preservar o promotor natural, de forma que não


haja o afastamento por critérios arbitrários. Somente pode ser afastado
voluntariamente ou por interesse público.
- Cuidar: interesse público é diferente de interesse da administração, que se
aplica a servidores; o interesse público não é um ato discricionário, deve ter
motivação específica.

ORGANIZAÇÃO DO MP (ART. 128, CF)


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PROFESSOR Leonardo Bofill Vanoni

MINISTÉRIO PÚBLICO
MPU MPE
(chefiado pelo PGR) (Justiça comum)

MP Chefiado pelo
MPF MPT MPM (J. comum) PGJ (um para
(J. comum) (J. especializada) (J. especializada)
DF Territórios cada estado).

 MP ELEITORAL não tem uma estrutura própria.


- É exercido, em primeiro grau, pelo MP dos estados e, em segundo grau e
superiores, pelo MPF.

 MPM descrito na CF é o MPM da União, nos estados quem atua em


nome é o MP estadual.

 O MP que atua junto ao Tribunal de Contas, segundo já reconheceu o


STF, possui fisionomia institucional própria, não se confundido com o MP
“comum”, seja dos estados ou da União, mas se aplicam a ele algumas
disposições constitucionais.

 Comumente, para fins de indicação do PGR, o MPU elaborava uma lista


tríplice, a partir dos três nomes mais votados. Porém, Bolsonaro rompeu
com esse costume, indicando nome que não estava na lista.
- CF não limita e nem estabelece que deverá ser encaminhada lista tríplice ou
que o Presidente fica condicionado aos nomes indicados, sendo constitucional a
indicação de outra pessoa.

 Normalmente, o PGR é membro do MPF, mas não há impedimento de


que seja de outro órgão que integre o MPU.

 O ingresso na carreira se dá por concurso público de provas e títulos,


exigindo-se do bacharel em direito 03 anos de prática jurídica.
- Entende-se que pratica jurídica se dá a partir da colação de grau e deve ser
comprovada no momento da inscrição definitiva no concurso.
- Professor achar mais seguro contar a prática a partir da habilitação, apesar de
haver divergência quanto ao marco inicial.

 As FUNÇÕES INSTITUCIONAIS do MP estão previstas no art. 129 da


CF/88.
- É rol exemplificativo.
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CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO - CNMP

 CNMP tem características bem semelhantes ao CNJ.


*** Dica de estudo do professor: traçar as características comuns entre os
conselhos e decorar as diferenças.

 O CNMP possui uma formação híbrida = composição democrática.


- 14 membros, um a menos que o CNJ.
- Além do PGR, que automaticamente é o Presidente do CNMP, 4 membros
fazem parte do MPU (um de cada órgão) e 3 dos MP’s dos estados. Também
são membros, 2 juízes (um indicado pelo STF e outro pelo STJ), 2 advogados
(indicados pela CFOAB) e 2 cidadãos (um indicado pela Câmara e outro pelo
Senado).

2. ADVOCACIA PÚBLICA

 As pessoas jurídicas de Direito Público, também conhecidas como


Fazenda Pública, são representadas judicial e extrajudicialmente, pelos
seus advogados.
- O termo correto é PRESENTAÇÃO, pois é feita por pessoas que fazem parte do
órgão, a representação tem que ser de quem está fora do órgão.

Advocacia Geral da União


U AGU Procuradoria da Fazenda Nacional (PFN)
Procuradorias Federais
E PGE Procuradores dos estados
M -

 A PFN está submetida à AGU. O chefe de toda a estrutura é o Advogado


Geral da União, que é nomeado pelo Presidente da República.
- O AGU, nomeado pelo Presidente, não precisa ser membro, é uma nomeação
livre.

 Como regra, a União tem a sua presentação judicial e extrajudicial, assim


como a sua consultoria jurídica, exercida pela Advocacia-Geral da União,
salvo a representação da União em causas fiscais, na cobrança judicial e
administrativa dos créditos tributários e não-tributários e no
assessoramento e consultoria no âmbito do Ministério da Fazenda, que é
exercida pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional.
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CURSO Preparatório para a Magistratura Federal
DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 05
PROFESSOR Leonardo Bofill Vanoni

 As PROCURADORIAS FEDERAIS se destinam a presentação e consultoria


jurídica de autarquias e fundações públicas federais.
- Algumas instituições, como o BB e a Funai, por exemplo, possuem órgãos
próprios.

 No âmbito dos estados, as PGE’s são responsáveis pela presentação


judicial e consultoria jurídica aos estados, em relação a todas as causas,
assim como assistem também as autarquias e fundações públicas.
- Autarquias e fundações públicas podem, na lei criadora, definir a sua
representação judicial.

 Não necessariamente o PGE deve ser membro de carreira, mas pode a


Constituição Estadual fazer essa restrição.

 Advogados da União e dos estados não tem vitaliciedade, apenas


estabilidade após 03 anos de estágio. As garantias da inamovibilidade e
de independência funcional, salvo a irredutibilidade, que tem previsão
constitucional, também não se aplicam aos advogados públicos.

 CF não prevê a estrutura da advocacia pública dos municípios. Como


regra, a presentação é feita pelo Prefeito, apenas se transferindo ao
procurador se houver lei nesse sentido (criando o cargo de procurador e
autorizando a sua representação). É possível que lei municipal também
confira aos procuradores municipais a tarefa de (re)presentar autarquias
e fundações públicas municipais.

3. ADVOCACIA PRIVADA

 Art. 133, CF: “O advogado é indispensável à administração da justiça,


sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão,
nos limites da lei”.
- Pelo texto constitucional, o legislador pode flexibilizar as garantias da
indispensabilidade e da inviolabilidade (“nos limites da lei”).

4. DEFENSORIA PÚBLICA

*** Muitas semelhanças com o MP!


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PROFESSOR Leonardo Bofill Vanoni

 Criada pela CF/88. Antigamente, essa forma de assistência judiciária


gratuita, que é uma forma de acesso à justiça e que garante a
inafastabilidade da jurisdição, era exercida por advogados, os quais eram
nomeados para atuar nos processos.

DEFENSORIA PÚBLICA
DP*
DPU DPE
DF Territórios
* Mantida e organizada pela União.

 A função principal da DP, conforme prevê a CF/88, é a orientação jurídica


e defesa (assistência judiciária e jurídica) dos necessitados.

OBS: sempre lembrar da importância da interpretação e criação de uma norma


para aquele caso em específico, nem sempre o texto dá a resposta (correntes
construtivistas – buscam construir o sentido dos textos – Alexy, Dworkin,
Guastini). Atualmente, há uma preocupação com o juiz e a construção de
decisões judiciais, segurança jurídica reside na fundamentação.

 Cada DP de estado possui interpretações diferentes do critério de


necessitado.
- Cuidar: diferença entre o critério para ser assistido pela DP e do critério para
concessão da justiça gratuita (no RS o critério objetivo é de 5 salários mínimos,
por exemplo).

 Aos integrantes é garantida a inamovibilidade, independência funcional,


irredutibilidade de vencimentos, estabilidade e garantias institucionais
(EC 45/04 e 74/13). Também é vedado o exercício da advocacia.
- Diferentemente do MP e da magistratura, não possuem vitaliciedade e sim
estabilidade, após passado o estágio probatório de 3 anos.
- Antes da EC 45/04 a defensoria era atrelada ao executivo.
- Autonomia financeira é idêntica ao Judiciário e ao MP. Quanto à autonomia
administrativa há algumas restrições, pois não tem legitimidade para criação de
cargos (atrelada ao executivo nesse ponto).

 Tem como PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS: a unidade, indivisibilidade e a


independência funcional (igual ao MP).
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MONITOR Valéria Barth Fagundes DATA 12/05/2020


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DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 05
PROFESSOR Leonardo Bofill Vanoni

 Há no STF um entendimento já no plenário, embora esteja submetido a


repercussão geral, de que cabe o pagamento de honorários à defensoria
do estado, por conta da sua independência.
- Tendência é que se reverta o entendimento já firmado.

 Na conformação do júri, o MP fica à direita do juiz e a DP busca ficar no


mesmo plano, à esquerda, assim como o MP. De regra, defensores ficam
em separado, mais abaixo.
- Tese, inclusive, institucional, de igualdade entre as instituições.

4. JUSTIÇA FEDERAL

 JF integra a justiça comum, juntamente com a justiça estadual –


organização trazida, primeiramente, na CF/1891.
- JF foi organizada antes da Constituição, no Decreto nº 848/1890.

ESTRUTURA DA JUSTIÇA FEDERAL

JUSTIÇA TRF’s
FEDERAL Juízes Federais

1. TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS (TRF’s)

 Nos TRF’s, deve ser observada a previsão do quinto constitucional, com


membros da OAB e MP.

 Atualmente, existem 5 TRF’s, com a possibilidade de criação do sexto.


- TRF’s com sedes em: Distrito Federal (1), Rio de Janeiro (2), São Paulo (3),
Porto Alegre (4) e Paraíba (5).
- Criação do TRF6 se daria com o objetivo de desafogar o TRF1, já que Minas
Gerais representa 35% das ações do TRF1; pelo projeto, o TRF6 abarcaria apenas
o estado de MG, com sede em Belo Horizonte.

 TRF’s são divididos em seções (estados), que se subdividem em


subseções, que se dividem em varas.
- As seções estão agrupadas em regiões e são vinculadas a um dos Tribunais
Regionais Federais.
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MONITOR Valéria Barth Fagundes DATA 12/05/2020


CURSO Preparatório para a Magistratura Federal
DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 05
PROFESSOR Leonardo Bofill Vanoni

2. JUÍZES FEDERAIS

 O ingresso na carreira é como juiz substituto, através de concurso


público de provas e títulos, com participação da OAB.

 CF/88 prevê o escalonamento da remuneração. Na JF, o escalonamento


da remuneração se dá pelo critério de 5%, ou seja, ministro do STJ ganha
5% a mais que o desembargador federal, que ganha 5% a mais que o juiz
titular, que ganha 5% a mais que o juiz substituto.

 A movimentação de juízes pode ser dar de forma HORIZONTAL, através


de permuta ou remoção, ou de forma VERTICAL, pela promoção.
- Promoção se dá por antiguidade ou merecimento, alternadamente. O critério
da antiguidade é por ingresso na carreira (posse mais antiga); o merecimento,
por sua vez, é um critério híbrido, também obedece um pouco de antiguidade
(primeiro quinto).
- Se alguém figurar três vezes consecutivas ou cinco alternadas na lista de
merecimento, terá preferência, mesmo que não tenha uma nota tão boa
(exceção).
- Normalmente, o critério que se usa para remoção é a antiguidade.
- É possível a permuta externa entre juízes federais de TRF’s diversos (na JE não
se admite, apenas JF e Justiça do Trabalho) – primeiro deve-se verificar se não
há interesse na vaga pelos membros do próprio Tribunal.

3. CONSELHO DA JUSTIÇA FEDERAL (CJF)

 Junto ao CJF é que funciona a corregedoria de primeiro e segundo grau


(função correcional).

5. LEI ORGÂNICA DA MAGISTRATURA NACIONAL


(Estatuto da Magistratura)

 O Estatuto de Magistratura deve ser criado por lei complementar, por


iniciativa do STF, porém, até o momento, não houve essa iniciativa. Ainda
está vigorando a LOMAN.
- LOMAN foi parcialmente recepcionada, mas alguns artigos foram declarados
incompatíveis com a Constituição.
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MONITOR Valéria Barth Fagundes DATA 12/05/2020


CURSO Preparatório para a Magistratura Federal
DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 05
PROFESSOR Leonardo Bofill Vanoni

 Os princípios previstos no art. 93, CF são chamados por parte da doutrina


de “bloqueio de competência”, ou seja, quando criado o Estatuto pelo
STF, os princípios deverão ser observados obrigatoriamente, bloqueiam a
discricionariedade na elaboração da lei.
- É um padrão mínimo a ser observado.

DO INGRESSO NA CARREIRA

 Jurisprudência, em algumas situações, vem reconhecendo que cargos


não exclusivos de bacharel em direito, mas que exerçam efetivamente
parcela de funções que sejam exclusivas de bacharel, sejam reconhecidos
também como prática jurídica.

 A questão do marco inicial é um pouco conturbada, quem define, de


regra, são as bancas dos concursos.
- Professor entende que se não há habilitação, passa a valer apenas a partir da
habilitação, e não da colação de grau.

OUTROS DIREITOS E DEVERES

 Atividade jurisdicional ininterrupta: recessos não representam


interrupção, apenas uma limitação da atividade.

 Bibliografia indicada para fins de concurso (manuais): Gilmar Mendes /


Pedro Lenza / Marcelo Novelino / Ingo Sarlet, Luiz Guilherme Marinoni e
Daniel Mitidiero.
_____________________________________________________________________________________

REFERÊNCIAS LEGISLATIVAS

- CF: artigos 2º, 40, 93, 106, 108, 127-129, 133, 134.
- CPC: artigo 12, II.
- Art. 9º da Lei nº 9.469/97.
- Lei nº 11.798/08 (competências do CJF).
- Lei Complementar nº 73/93.
- Lei Complementar nº 80/94
- Súmula 644 do STF.
- Súmula vinculante 14 do STF.
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MONITOR Valéria Barth Fagundes DATA 12/05/2020


CURSO Preparatório para a Magistratura Federal
DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 05
PROFESSOR Leonardo Bofill Vanoni

PERGUNTAS E ESCLARECIMENTOS SOBRE A AULA

- Com relação à questão do recebimento de honorários sucumbenciais aos


advogados públicos, discute-se a inconstitucionalidade formal (iniciativa para
pagamento deveria ser do executivo, e não do legislativo através da previsão no
CPC – inconstitucionalidade por vício de iniciativa) e a inconstitucionalidade
material (inobservância dos princípios do art. 37, CF). Atualmente há ADI no STF
sobre isso, mas ainda não há resposta, e no TJRS já há declaração de
inconstitucionalidade disso. Professor tem indeferido, mas ainda estão
recebendo, por não haver decisão definitiva sobre.
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MONITOR Valéria Barth Fagundes DATA 22/05/2020


CURSO Preparatório para a Magistratura Federal
DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 06
PROFESSOR Marcelo Schenk Duque

RESUMO1

[Pontos 1 e 9 Resolução CJF nº 067/2009]


A dignidade da pessoa humana como fundamento da República. Direitos
Humanos. Direitos e garantias fundamentais. Teoria geral dos direitos
fundamentais

TEORIA GERAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

CONTEÚDO

 DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS NA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA.


- Análise do catálogo do art. 5º, CF.
- Foco na parte mais complicada na teoria dos direitos fundamentais, que é a
matéria que diz respeito à questão teórica desses direitos.
 DIREITOS EXPLÍCITOS E IMPLÍCITOS.
 CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS EXPLÍCITOS.
 ABUSO DE DIREITO INDIVIDUAL.

NATUREZA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

 Direitos fundamentais foram pensados a partir da noção de pessoa, pois


a pessoa/ser humano é fundamento do Estado, de modo que
fundamentais são os direitos que, em primeira linha, buscam servir ao ser
humano.
- Art. 1º, III, CF – SO CI DI VA PLU.

 Estado foi criado para realizar/fazer o bem ao ser humano, ou seja, a


pessoa é a finalidade última/precípua, e não mero meio para a atividade
estatal.
- Se desviada a finalidade, corre-se o risco de migrarmos para um pensamento
utilitarista.

1
Este é um material complementar elaborado por aluno monitor regularmente matriculado no curso. Seu conteúdo está
sujeito a equívocos e revisões.
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MONITOR Valéria Barth Fagundes DATA 22/05/2020


CURSO Preparatório para a Magistratura Federal
DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 06
PROFESSOR Marcelo Schenk Duque

 A dignidade da pessoa humana não é um direito fundamental, está


guindada a fundamento do Estado, tanto é que está prevista no art. 1º,
CF e os direitos a partir do art. 5º, CF.
- Dignidade fundamenta/dá sentido a uma série de direitos, para serem
tratados como fundamentais.
- Não há que se falar em dignidade como concessão.

 Parte-se do pressuposto que todas as pessoas são iguais em dignidade,


pois a dignidade humana é fundamento do próprio ser humano.

 “Limite dos limites” significa dizer que todos os direitos admitem


restrições, em maior ou menor grau, a depender das circunstâncias
fáticas de cada caso.
- A dignidade imporia um limite aos limites impostos aos direitos fundamentais,
impedindo que determinadas restrições avancem sobre os direitos
fundamentais.

 Existe uma nítida conexão/ligação entre a dignidade e os direitos


fundamentais. É como se a dignidade da pessoa humana não apenas
protegesse os direitos fundamentais, mas também desse sentido a esses
direitos.

 No caso do constitucionalismo brasileiro, não vamos conseguir


reconhecer, nos 78 incisos do art. 5º, 100% de direitos fundamentais com
conteúdo em dignidade da pessoa humana.
- Alguns direitos são garantias processuais, por exemplo.
- Deve-se ter um olhar crítico ao nosso catálogo de direitos fundamentais, no
sentido de que ele foi, de certa forma, “inchado”.
- O inchaço é o motivo pelo qual temos DIREITOS MATERIALMENTE
FUNDAMENTAIS e DIREITOS FORMALMENTE FUNDAMENTAIS, que são aqueles
que somente se tornaram direitos fundamentais pela vontade do constituinte
de colocá-lo como tal, mas que se tivessem sido previstos em legislação
infraconstitucional não haveria diferença.

 Estado Democrático de Direito é um Estado onde o Direito tem vez, ou


seja, é marcado por um governo de leis e não por um governo de
pessoas, baseado na vontade daquele que exerce momentaneamente o
poder do Estado.
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MONITOR Valéria Barth Fagundes DATA 22/05/2020


CURSO Preparatório para a Magistratura Federal
DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 06
PROFESSOR Marcelo Schenk Duque

- Governo se submete às leis.


- Leis vinculam as pessoas e os governantes.

 Muitos entendem que “Estado Democrático de Direito” seria um


pleonasmo, pois se o Estado é de direito ele necessariamente deve ser
democrático.

 O direito que vincula os governantes deve colocar a pessoa em primeiro


lugar – na teoria constitucional moderna, fala-se no direito que coloca o
ser humano como seu motivo condutor.
- Não basta ter leis, devem ser leis que coloquem a pessoa no centro.

DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

 É fundamento da república e não direito fundamental tecnicamente,


como já falado.

 DPH foi tratada ao longo dos anos sob dois vieses distintos:
primeiramente, ligada ao cristianismo (idade média) e, posteriormente, a
partir de uma visão secularizada, fora da religião (Kant).
- Apesar de partirem de premissas distintas, chegaram à mesma conclusão, de
que a DPH é atributo intrínseco ou inerente ao ser humano, no sentido de
próprio.

 Para os teólogos cristãos da idade média, quando Deus criou o ser


humano, o fez com base em um atributo próprio/indissociável para
deixar uma marca da sua criação, que seria a DIGNIDADE.
- Esse atributo, a dignidade, buscava diferenciar o ser humano das demais
criaturas que habitavam a terra.

DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA EM KANT

 Ao contrário dos religiosos e a partir de uma visão secularizada, Kant


entendeu a DPH baseado na premissa de que de todos os seres que
habitam a face da terra, somente o ser humano é marcado pela
RACIONALIDADE e pela AUTONOMIA.
- Somente o ser humano tem capacidade de refletir e tomar decisões
(racionalidade) e, a partir das decisões que toma, agir de forma autônoma.
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MONITOR Valéria Barth Fagundes DATA 22/05/2020


CURSO Preparatório para a Magistratura Federal
DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 06
PROFESSOR Marcelo Schenk Duque

- Para Kant, quem tem racionalidade e autonomia (somente a pessoa), é que


tem dignidade.

 Se somente o ser humano tem dignidade como marca distintiva do que


é, temos que ter em mente que dignidade não se confunde com
comportamento ou caráter, ou seja, significa que, mesmo o pior dos
bandidos é igual em dignidade que a “mais santa das criaturas”.
- Como exemplo de consequência pratica, é a previsão do inciso III do art. 5º, CF
que veda a prática de tortura a qualquer pessoa e independentemente da
conduta.

OBS: essa noção coloca em cheque algumas outras respostas penais como, por
exemplo, a pena de morte, prisão perpétua, etc.
- Países que adotam a pena de morte defendem que a prática não ofende a
dignidade, pois a pessoa morre sem sofrimento.

 Ser humano, como fim em si mesmo, significa que a pessoa não é um


mero meio para a ação de outro (fórmula objeto).
- Quanto mais a pessoa for tratada como meio, mais estaremos perto da
coisificação da pessoa e de condutas que ferem a dignidade (ex.: tráfico de
pessoas, prostituição, etc.).

 A dignidade da pessoa humana é um conceito com elevado grau de


abstração, é difícil definir o que é, mas é relativamente simples dizer o
que não é.

ESPÉCIES DE DIREITOS FUNDAMENTAIS

 ABERTURA MATERIAL DE DIREITOS FUNDAMENTAIS: direitos previstos


no art. 5º são exemplificativos, ou seja, existem direitos fundamentais
fora do catálogo do art. 5º, CF, conforme previsão da própria
Constituição (art. 5º, §2º, CF).
- Noção de bloco de constitucionalidade (direitos fundamentais explícitos e
implícitos).

 Espécies clássicas de direitos fundamentais são divididas em uma tríplice


classificação: 1) DIREITOS DE DEFESA, 2) DIREITOS SOCIAIS e 3) DIREITOS
POLÍTICOS.
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MONITOR Valéria Barth Fagundes DATA 22/05/2020


CURSO Preparatório para a Magistratura Federal
DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 06
PROFESSOR Marcelo Schenk Duque

- Dentro do rol do Título II da CF (artigos 5º a 17) estão inseridos direitos de


defesa, sociais e políticos.

CLASSIFICAÇÃO DOS DF EM GERAÇÕES/DIMENSÕES

 Pode-se utilizar tanto o termo “gerações” quanto “dimensões”, vez que


sinônimos, mas desde que não haja uma condução no sentido de que
“gerações” remeta à falsa conclusão de que as gerações mais novas
seriam melhores, mais importantes, que as antigas.
- Primeiras gerações talvez sejam as mais expressivas e são pressupostos para
as próximas.
- Uma nova geração sempre se soma às demais para potencializar a eficácia dos
direitos fundamentais.

 As gerações clássicas são as primeiras, que remetem aos lemas da


Revolução Francesa: liberdade (1ª), igualdade (2ª) e fraternidade (3ª).
- Atualmente, não há um número exato de gerações, porém o estudo de
Bonavides classifica em 5 gerações, se tornando um padrão nesse sentido.

 Classificação dos DF em gerações ou dimensões analisa a ordem


cronológica de reconhecimento dos direitos, ou seja, DF não foram todos
reconhecidos de uma só vez, são fruto de toda uma evolução nesse
sentido, de modo que essa classificação determina o exato momento
histórico em que cada grupo de direitos foi reconhecido.
- Classificação cronológica.

1. DIREITOS DE 1ª GERAÇÃO/DIMENSÃO

 Consagram um ideal de liberdade que deve ser respeitado pelo Estado


diante do indivíduo.

 Momento histórico: fim das revoluções liberais, 1789 com a Revolução


Francesa.

 Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (DDHC) é considerada


o documento mais solene/formal entre aqueles que deram origem à
primeira onda do constitucionalismo liberal, que buscava assegurar um
espaço de liberdade do cidadão perante o Estado.
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MONITOR Valéria Barth Fagundes DATA 22/05/2020


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DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 06
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 Direitos de defesa/resistência/oposição, porque remetem à ideia de


defesa pelos titulares quando tiverem sua liberdade agredida pelo
Estado.
 Direitos subjetivos, pois são devidos, em primeira linha, aos sujeitos.

 Direitos de 1ª geração exigem do Estado um dever de abstenção, ou seja,


demarcam um espaço onde o Estado não pode avançar e onde o ser
humano tem uma liberdade de ação irrestrita, como liberdade religiosa,
por exemplo.
- Por essa razão também são chamados de direitos negativos.

2. DIREITOS DE 2ª GERAÇÃO/DIMENSÃO

 Momento histórico: constitucionalismo social – início do século XX.

 Direitos de igualdade remetem a um ideal de igualdade de ponto de


partida, ou seja, dar um mínimo satisfatório de direitos sociais a todos,
como educação, saúde, moradia, por exemplo.

 Constituição do México de 1917 foi a primeira a utilizar a palavra “social”,


mas essa constituição não gerou muitos direitos sociais, efetivamente. A
primeira constituição que de fato assegurou direitos sociais foi a
Constituição de Weimar de 1919.

 Direitos sociais são direitos que se vinculam às chamadas prestações


sociais.

 Direitos sociais também são chamados de direitos positivos, pois exigem


do Estado um dever de ação, no sentido de dar efetivação (ações
concretas).
- Essa posição ativa do Estado é algo que para os liberais, na primeira onda do
constitucionalismo liberal, é algo indesejado (intervenção estatal na economia –
Estado arrecada dinheiro e devolve na forma de prestações materiais).

 Direitos sociais dependem da saúde econômica do Estado para que seja


possível fornecer prestações materiais de qualidade (saúde custa caro,
educação custa caro, segurança custa caro).
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MONITOR Valéria Barth Fagundes DATA 22/05/2020


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DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 06
PROFESSOR Marcelo Schenk Duque

- Nesse contexto é que os direitos sociais que demandam grandes


investimentos passaram a ser analisados sob o ponto de vista da eficácia.

 RESERVA DO POSSÍVEL: em matéria de direitos sociais, cuja realização


depende de vultuosos investimentos econômicos, somente se pode
exigir do Estado aquilo que seja possível do ponto de vista da realidade
orçamentária estatal (medidas de austeridade, por exemplo).

 Atualmente, a discussão que se faz é que, se o Brasil se definiu por um


constitucionalismo social, as normas de direitos sociais, que são direitos
fundamentais, não podem ser interpretadas como se fossem meras
normas programáticas, devem ser consideradas como direito
imediatamente vigente.

 Por muito tempo, os direitos sociais foram tratados como normas


programáticas, típicas de constituições dirigentes e houve um longo
trabalho para superar essa noção. Hoje, a noção que deve prevalecer é
que os direitos sociais são direitos fundamentais, imediatamente vigentes
e assim devem ser tratados.
- Ideal de constituição dirigente (Canotilho) não deu certo, pois os governos
mudam e têm diferentes ideais, não sendo possível à Constituição dirigir o
Estado em um único sentido.

 Crise de observância e execução dos direitos sociais decorre,


principalmente, de aspectos econômicos.

 Judicialização das políticas públicas: direitos sociais são realizados através


do Judiciário que, quando provocado, determina ao Executivo a
realização de investimentos em determinadas áreas – ativismo judicial.

 A eficácia dos direitos sociais nunca será a mesma eficácia dos direitos de
liberdade, pois dependem da variável econômica em grau muito maior.

 VEDAÇÃO DE RETROCESSO: se um país atinge determinado patamar em


matéria de direitos, não é dado a ele retroceder.
- Somente seria permitido estagnar ou avançar.
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 Tanto a teoria Reserva do Possível quanto a Vedação de Retrocesso, não


são vinculativas, pois são criações da doutrina e da jurisprudência, sendo
sua aplicação controversa.
- Há posições na jurisprudência nos dois sentidos.
- Ideal é que sempre sejam interpretadas em conjunto, dialoguem.

3. DIREITOS DE 3ª GERAÇÃO/DIMENSÃO
 Correspondem ao ideal de fraternidade da Revolução Francesa.

 3ª onda do constitucionalismo, quando a humanidade passou a se


preocupar com direitos cujo ideal repousa na questão da solidariedade,
da fraternidade.
- Caráter de transindividualidade.

4. DIREITOS DE 4ª GERAÇÃO/DIMENSÃO

 De acordo com Bonavides: direitos resultados de novíssimas


preocupações globais.

5. DIREITOS DE 5ª GERAÇÃO/DIMENSÃO

 Direito genérico à paz, no sentido de que todo mundo tem o direito a


viver em paz.

 TEORIA DOS 4 STATUS (GEORG JELLINEK): para Jellinek, no momento em


que o Estado reconhece direitos fundamentais em favor dos cidadãos,
ele define esse cidadão em determinado status.

DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

TITULARIDADE DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

 TITULAR é aquele que pode fazer valer o direito em seu proveito,


enquanto que o DESTINATÁRIO é aquele que se obriga a
cumprir/respeitar aquele direito.

 A possibilidade de uma PJ ser titular de um direito irá depender do tipo


de direito que está em jogo. Nem todo direito fundamental poderá vir a
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MONITOR Valéria Barth Fagundes DATA 22/05/2020


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ser titularizado por PJ, pois existem direitos fundamentais que têm
sentido apenas quando titularizados por PF.
- Da mesma forma, há direitos fundamentais que são destinados apenas às
pessoas jurídicas, como aqueles previstos no art. 5º, XVIII e XIX, CF.

 O entendimento de que as PJ de direito público não podem ser titulares


de direitos fundamentais foi sendo modificado aos poucos, adotando-se
atualmente o critério que quanto maior for a evidência de que a atuação
das pessoas jurídicas de direito público visa a assegurar um espaço de
liberdade das pessoas naturais, tanto maior será a possibilidade de uma
aplicação correspondente dos DF a elas se justificar.

INÍCIO DA TITULARIDADE DOS DF

 Quando se fala início da titularidade, analisa-se a partir de que momento


uma pessoa pode recorrer aos seus direitos fundamentais, sustentando a
sua titularidade.

 A tendência é seguir a lógica do Código Civil, porém nem sempre será


possível recorrer ao critério civilista para ser titular de DF, sob pena de
certos direitos ficarem restringidos de forma indevida e assim privar uma
pessoa de direitos fundamentais importantes.
- Problema: divisão civilista entre capacidade de fato e de direito.

 DF podem ser divididos naqueles que exigem um grau mínimo de


maturidade e naqueles em que a maturidade não é exigida. Em face de
direitos cujo exercício exige um grau mínimo de maturidade, o sistema
transfere as decisões quanto ao seu exercício concreto aos pais ou
responsáveis, distinguindo-se capacidade de fato e de direito.
- No caso de DF que não implicam exigência de conhecimento ou tomada de
decisão a pessoa será titular plena desse direito, independentemente da sua
capacidade intelectiva.
- Importante analisar o caso a caso para definir uma melhor resolução frente ao
conflito.

DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS (ART. 5.º)


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MONITOR Valéria Barth Fagundes DATA 22/05/2020


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DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 06
PROFESSOR Marcelo Schenk Duque

 Direitos que podem ser exercidos do ponto de vista individual ou


coletivo, sendo que alguns somente podem ser exercidos coletivamente.

 Até a EC 45/2004, que incluiu o §3º no art. 5º, se poderia dizer que os
tratados internacionais sobre direitos humanos, de forma geral, poderiam
ter equivalência a direitos fundamentais por mera interpretação do §2º
do mesmo artigo. Com a redação trazida no §3º, somente teriam
equivalência a DF aqueles tratados que fossem incorporados na forma do
parágrafo (sistemática de emenda constitucional).

- Por parte da doutrina, entende-se que isso representou uma forma de


retrocesso, pois dificultou essa questão, criou um obstáculo, uma burocracia.

CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

1. Elevado grau de abstração


2. Não são absolutos
3. Carecem da determinação de um conteúdo essencial
4. Necessidade de ponderação
5. Tendência à colisão
6. Possibilidade de concorrência
7. Irrenunciabilidade
8. Inalienabilidade
9. Imprescritibilidade

1. ELEVADO GRAU DE ABSTRAÇÃO

 Os DF possuem traço característico uma vagueza de conteúdo, não


deixam claro, normalmente, o que se espera do âmbito de proteção em
cada situação específica.
- Por exemplo, CF não define casa (“a casa é asilo inviolável”), nem profissão.

 Cabe ao legislador, por meio de legislação infraconstitucional, delimitar


os espaços que são protegidos pelos DF - liberdade conformadora do
legislador.
- Herança é definida pelo CC, assim como a questão da propriedade, por
exemplo.
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MONITOR Valéria Barth Fagundes DATA 22/05/2020


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DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 06
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- Tensão entre os poderes, pois é possível que a solução/definição trazida pelo


Poder Legislativo desagrade o Poder Judiciário, que em um juízo de controle de
constitucionalidade pode entender que a forma dada restringiu demais
determinado direito.
- Dependo da forma como o Tribunal Constitucional de cada país se comporta,
os resultados podem ser mais ou menos tensos.

 Princípios são normas com alto grau de abstração, ao contrário de regras,


que são normas mais concretas, com baixo grau de abstração.
- Por essa razão é que os DF são atrelados à concepção de princípios.
- No caso de colisão, a solução se dá a partir do peso frente ao caso concreto
(relevância é sinônimo de peso, em Direito Constitucional) – em abstrato todos
tem a mesma hierarquia.

2. NÃO SÃO ABSOLUTOS

 Por não serem absolutos, todos os DF admitem restrições, em maior ou


menor grau.
- Em sendo absolutos, não haveria a possibilidade de ponderação, não haveria
solução, pois não admitiria recuar diante de um conflito no caso concreto.

 A lei da ponderação diz que quanto mais intensa for uma restrição a um
direito, tão mais graves/fortes devem ser os argumentos que justificam
essa restrição.

 Direito constitucional moderno é ancorado no Princípio da Máxima


Efetividade dos DF, de modo que quando dois DF entram em conflito, o
dever é de concordância prática, de fazer com que cada direito seja
realizado na maior medida possível, ao ponto de não anular por
completo o outro direito.
- Nos hard cases a concordância prática fica muito difícil.

3. CONTEÚDO ESSENCIAL DE UM DF

 Sempre que um DF sofrer uma restrição, é necessário analisar, para que


essa restrição seja legítima, se o conteúdo essencial desse direito resta
preservado após a restrição.
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MONITOR Valéria Barth Fagundes DATA 22/05/2020


CURSO Preparatório para a Magistratura Federal
DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 06
PROFESSOR Marcelo Schenk Duque

- Direito, após a restrição, ainda deve ser capaz de possuir significado para a
vida social no todo.

 No âmbito brasileiro, a proteção do núcleo essencial dos DF não se dá de


forma expressa na CF, mas sim de forma implícita.

 Relaciona-se à teoria dos limites dos limites, pois o conteúdo essencial


limita/baliza a ação restritiva do legislador.

 O conteúdo essencial de um DF pode armazenar o conteúdo em


dignidade da pessoa humana de um direito, mas pode ser que não haja
essa correlação.
- Todo DF possui um conteúdo essencial, que não pode ser violado, mas nem
todo DF possui um conteúdo em dignidade, logo nem todo conteúdo essencial
armazena um conteúdo em dignidade.

 Se houver a violação de um núcleo essencial de direito que tem


conteúdo em dignidade, essa restrição será considerada desproporcional,
excessiva e consequentemente inconstitucional.

 A missão dos poderes públicos, em especial o legislador, é estabelecer


restrições pontuais e recíprocas à liberdade de cada um, para que o uso
de uma liberdade individual ou coletiva não sufoque o uso de outras
liberdades individuais ou coletivas.

 O âmbito de proteção de um direito funciona na lógica de camadas; na


medida em que o legislador impõe restrições, o âmbito de proteção vai
diminuindo, pois diminuem as possibilidades de conduta.
- Em cada caso é necessário analisar se as restrições não afetam o conteúdo
essencial.

 TEORIA DO EFEITO RECÍPROCO: é como o núcleo essencial irradiasse


uma força que repelisse as restrições que vêm sendo impostas aos
direitos.
- As restrições impostas aos direitos, por sua vez, são restringidas pelo próprio
direito.
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MONITOR Valéria Barth Fagundes DATA 22/05/2020


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DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 06
PROFESSOR Marcelo Schenk Duque

 Não existe uma resposta certa para definir o que faz parte do conteúdo
essencial de um direito, a resposta só pode ser obtida através da
ponderação e análise do caso concreto.
- Princípio da Proporcionalidade e da Razoabilidade.
_____________________________________________________________________________________

REFERÊNCIAS LEGISLATIVAS

- CF: artigos 1º-17, 225 / CC: artigo 2º / Súmula 227, STJ.


_____________________________________________________________________________________

PERGUNTAS E ESCLARECIMENTOS SOBRE A AULA

- Em princípio, a doutrina nunca separa direitos e deveres para fins do que pode
ser abolido ou não. Se algo está contido em uma clausula pétrea, pouco
importa se um direito ou um dever, se pressupõe que aquilo não será objeto de
abolição, desde que tenha um significado de direito ou garantia. Se não tiver
esse significado, eventualmente poderá ser suprimido.
- Não existe uma correção necessária entre direitos e deveres, ou seja, não é
pelo fato de não cumprir um dever fundamental, que necessariamente perco
um direito. O que acontece é que, dependendo do dever que é descumprido,
perde-se o exercício de determinados direitos.
- Todos os direitos são relativos e existem três questões que são consideradas
reservas legais implícitas que justificam a tomada de restrições a qualquer
direito, independentemente de uma previsão expressa na Constituição. São elas:
o respeito a ordem constitucional, o respeito ao direito de terceiros e o respeito
à lei moral vigente ou bons costumes (difícil de definir). Essas questões
impedem que um direito seja exercido de forma abusiva.
- Fala-se em eficácia horizontal sempre que se colocar a questão dum conflito
entre privados no exercício de um direito fundamental, podendo se manifestar
nos direitos de primeira geração (status positivo, ou negativo).
- Princípio da Universalidade dos DF costuma se chocar com o
multiculturalismo, que são aqueles choques de cultura que eventualmente
podem considerar uma conduta atentatória aos direitos fundamentais em uma
cultura e perfeitamente compreendida como razoável no contexto de outra
cultura.
- Princípio da Universalidade não impede que determinados grupos tenham
tratamento diferenciado/preferencial, na hipótese de serem considerados
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MONITOR Valéria Barth Fagundes DATA 22/05/2020


CURSO Preparatório para a Magistratura Federal
DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 06
PROFESSOR Marcelo Schenk Duque

vulneráveis (ex.: ECA, Estatuto do Idoso, Estatuto da Pessoa com Deficiência,


etc.).
- A teoria da vedação ao retrocesso, em princípio, pode ser em face de qualquer
atuação, sempre que essa atuação implicar em restrição ou diminuição do
âmbito de proteção de um direito (legislador ou até freio à própria
jurisprudência, embora com um obstáculo de fundamentação mais complexo).
- A teoria dos limites dos limites foi pensada, em um primeiro momento, em
face da ação do legislador, mas pode ser voltada contra a atuação de qualquer
ente do poder público, inclusive do Executivo.
- O núcleo essencial de um direito a medida em que a excepcionalidade do
momento justifica restrições mais severas (como a pandemia, por exemplo).
- MS pode ser manejado de forma individual (garantia) para proteção do direito
de reunião (direito coletivo).
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MONITOR Valéria Barth Fagundes DATA 26/05/2020


CURSO Preparatório para a Magistratura Federal
DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 07
PROFESSOR Marcelo Schenk Duque

RESUMO1

[Ponto 9 Resolução CJF nº 067/2009]


Direitos e garantias individuais. O rol da constituição brasileira. Direitos
explícitos e implícitos. Classificação dos direitos explícitos. Abuso de direito
individual.

TEORIA GERAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS


(CONTINUAÇÃO)

TEORIA DAS RESERVAS LEGAIS

 Estudamos reservas legais partindo do pressuposto de que os direitos


fundamentais não são absolutos.

 TEORIA DAS RESERVAS LEGAIS: significa dizer que se reserva ao


legislador a tarefa de impor ou prever limites ao exercício concreto de
direitos fundamentais, especialmente as liberdades, de forma a evitar o
uso abusivo desses direitos.
- É uma tarefa legislativa.

 ORIGEM: a teoria é proveniente do constitucionalismo liberal, na


Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (DDHC).
- DDHC é o documento que marcou o final da Revolução Francesa, que
consagrou o início do constitucionalismo liberal – conquista dos direitos de
primeira geração/dimensão, que tem como ideal a liberdade, impondo ao
Estado um dever de abstenção.

 As restrições aos direitos fundamentais, que são devidas para assegurar


aos membros da coletividade, simultaneamente, os mesmos direitos, só
podem ser determinadas por LEI (reservas legais – tarefa legislativa por
excelência).
- Liberdade conformadora do legislador: liberdade para dar forma aos direitos
fundamentais, evitando que seu uso ocorra de modo abusivo.

1
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MONITOR Valéria Barth Fagundes DATA 26/05/2020


CURSO Preparatório para a Magistratura Federal
DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 07
PROFESSOR Marcelo Schenk Duque

 A grande tarefa da jurisdição constitucional e, portanto, do Poder


Judiciário, é fazer um exame de compatibilidade para verificar se as
balizas definidas pelo legislador não sufocam o conteúdo essencial dos
direitos.

CLASSIFICAÇÃO DAS RESERVAS LEGAIS

 Doutrina reparte as reservas legais em: 1) EXPRESSAS (SIMPLES OU


QUALIFICADAS) ou 2) IMPLÍCITAS.

 Como se reconhece, em um primeiro momento, uma reserva legal?


Sempre que uma norma da CF (não apenas de direitos fundamentais)
utilize termos como “na forma da lei”; “conforme definido em lei”, etc. –
RESERVA LEGAL EXPRESSA OU EXPLÍCITA.

 Quando não há nenhuma menção expressa no texto da Constituição,


mas mesmo assim cabe ao legislador a tarefa de impor limites, de forma
a evitar o uso abuso desse direito, se está diante de uma RESERVA LEGAL
IMPLÍCITA.
- Exemplo: art. 5º, IV, IX, CF.

 Sempre que se está diante de uma reserva legal implícita, está diante
daquilo que costuma se chamar, na doutrina constitucional, de LIMITES
IMANENTES ou inerentes aos direitos fundamentais.
- Todas as normas da CF, sem exceção, se sujeitam às reservas legais implícitas
ou limites imanentes, que autorizam o legislador a estabelecer limites a essa
liberdade, ainda que o texto constitucional não faça uma menção direta à
atividade legislativa (reserva legal expressa).

1) RESERVAS LEGAIS EXPRESSAS SIMPLES: remetem àquelas normas menos


sensíveis da CF, que admitem uma atuação mais invasiva do legislador.

2) RESERVAS LEGAIS EXPRESSAS QUALIFICADAS: normas cujo conteúdo é


mais sensível e não bastaria a menção ao legislador pela CF. Como essas
normas cuidam de direitos fundamentais, normalmente, muito sensíveis,
é necessário que se vislumbrem condições especiais para que o
legislador possa de fato impor restrições.
- Exemplo: art. 5.º, XIII CF – liberdade de profissão (restrições ligadas ao risco
social que a profissão impõe).
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MONITOR Valéria Barth Fagundes DATA 26/05/2020


CURSO Preparatório para a Magistratura Federal
DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 07
PROFESSOR Marcelo Schenk Duque

3) RESERVAS LEGAIS IMPLÍCITAS

 Esse grupo de reservas legais busca evitar o uso abusivo dos direitos.

 No caso brasileiro, não há previsão expressa acerca da teoria das reservas


legais implícitas na Constituição (diferente do constitucionalismo
alemão).

 Doutrina entende que as reservas legais implícitas derivam de três


situações: respeito à ordem constitucional, respeito ao direito de
terceiros e respeito à lei moral vigente (bons costumes).
- Se o uso de uma liberdade estiver violando a ordem constitucional, direito de
terceiro ou atentando à lei moral vigente, o direito está sendo usado de forma
abusiva.

TENDÊNCIA À COLISÃO E POSSIBILIDADE DE CONCORRÊNCIA

 Colisão e concorrência são fenômenos diversos, que são estudados a


partir da perspectiva do titular de direitos fundamentais.

 Os direitos fundamentais tendem a entrar em conflito e todo o conflito


pode ser estudado sob a perspectiva da 1) COLISÃO e da 2)
CONCORRÊNCIA.

1) COLISÃO ENTRE DIREITOS FUNDAMENTAIS: fenômeno que envolve, pelo


menos, dois titulares de direitos fundamentais.
- Pode envolver o poder público e privado, ou somente privados.

2) CONCORRÊNCIA ENTRE DIREITOS FUNDAMENTAIS: ocorre quando mais


de um direito pode ser utilizado para defender uma única conduta,
perante um único titular.
- Dois ou mais direitos se somam (concorrem) para proteger a conduta de uma
única pessoa.

 O fundamental na concorrência é que sejamos capazes de verificar, ao


analisar uma conduta, quantos direitos concorrem para justificar essa
conduta e destacar, dentro de um grupo de direitos, aquele que é o mais
expressivo para a questão.
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MONITOR Valéria Barth Fagundes DATA 26/05/2020


CURSO Preparatório para a Magistratura Federal
DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 07
PROFESSOR Marcelo Schenk Duque

*** Nesse sentido: ADI 4815 – caso das biografias não autorizadas.

 Sempre que estivermos diante de uma ponderação complexa, que


envolva concorrência dos dois lados e uma colisão multidirecional, é
necessário fazer uma ponderação detalhada, analisando todas as
circunstâncias do caso concreto, a fim de verificar o que irá se impor e
como será a solução.

 LEI DA COLISÃO: quanto há conflito entre dois ou mais titulares de


direitos fundamentais, devemos levar em consideração o que pregam os
direitos fundamentais de cada um dos lados e, a partir de uma
ponderação, verificar qual dos direitos em conflito tem maior peso. O de
maior peso reconhecido, por sua vez, irá determinar a construção de uma
REGRA DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS.
- A regra de solução de conflitos será utilizada em todos os casos futuros que
envolverem a mesma situação (teoria dos precedentes).
- Se mudarem as circunstâncias fáticas-jurídicas, é necessária uma nova
ponderação, que pode levar a uma nova regra.

PRINCÍPIO/PRECEITO DA PROPORCIONALIDADE

 A proporcionalidade é um critério de exame escalonado que é formulado


para que se possa analisar a constitucionalidade das restrições impostas
pelo legislador.
- Escalonado, pois só passa para o próximo exame se cumprir o anterior.
- Ou passa em todas as etapas ou será considerado desproporcional, de nada
adianta obedecer à adequação e necessidade se não for reconhecida a
proporcionalidade em sentido estrito.
- Se a restrição é considerada desproporcional, quer dizer que viola o núcleo
essencial do direito em questão e, por consequência, a própria Constituição.

* Exame prévio: FINALIDADE LEGÍTIMA.


1) ADEQUAÇÃO
2) NECESSIDADE
3) PROPORCIONALIDADE EM SENTIDO ESTRITO

 A análise quanto à FINALIDADE LEGÍTIMA é chamada de “pré-passo”,


pois só irá se passar à verificação da proporcionalidade se a restrição
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PROFESSOR Marcelo Schenk Duque

passar pelo filtro da finalidade (ex.: interesse público, bem-estar social,


etc.).
- Se de pronto não for verificada a finalidade legítima, independentemente da
análise da proporcionalidade, a restrição será considerada inconstitucional.

 Na etapa da ADEQUAÇÃO, verifica-se se a medida utilizada pelo


legislador é adequada ao fim que se destina ou não.
- Ser adequado significa dizer que o meio proposto pelo legislador é útil, ou
seja, contribui para o resultado que dele se espera.
- Doutrinadores também chamam o exame de adequação de IDONEIDADE.
- O juízo de adequação é uma peneira grossa, não podendo substituir o termo
“contribui” para algo que remeta a 100% de eficácia, basta ajudar.

 A análise da NECESSIDADE envolve um exame comparativo, em que se


compara a medida de restrição proposta pelo poder público com outras
eventualmente existentes.
- Peneira intermediária, com uma malha mais fina, que busca filtrar
constitucionalidades em maior espectro.
- Se verificado que existe outra medida alternativa que chega ao mesmo
resultado, com custo equivalente, porém lesando menos os direitos envolvidos,
a restrição oferecida será considerada desnecessária (deve-se optar pelo menos
lesivo).
- Para que seja feito esse juízo comparativo, em muitas vezes será necessário
fazer o uso de evidências científicas.
- No momento em que se analisa a busca de uma medida alternativa, para
chegar à conclusão se aquela oferecida é necessária, também deve ser
considerada a variável CUSTO; pode ser que exista uma alternativa menos lesiva,
mas ela precisa ter custo equivalente e ser viável do ponto de vista da realidade
econômica – relacionado com o ativismo judicial (ex.: mobilidade urbana –
rodízio de veículos x construção de metrô).

 No exame da PROPORCIONALIDADE EM SENTIDO ESTRITO é que irá


ocorrer uma ponderação, propriamente dita, dos bens em jogo – exame
do binômio meio-finalidade (relação meio-fim).
- “Pente fino”.
- Fins justificarão os meios se os meios forem proporcionais à importância dos
fins, se forem desproporcionais não podem ser justificados.
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- Busca uma relação equilibrada/ponderada/harmônica entre meios e fins, para


que o meio empregado pelo poder público não destoe totalmente das
vantagens que se buscam ao se atingir essa finalidade.
- Quanto mais intensa for uma restrição imposta a um direito fundamental, tão
mais relevantes devem ser os argumentos que a sustentam (e vice-versa) – Lei
da Ponderação.
- Em suma, vamos concluir que o exame da proporcionalidade em sentido
estrito é vencido quando as desvantagens colhidas pela aplicação de um
determinado meio não sufocarem as vantagens obtidas por se chegar na
finalidade.

*** Bibliografia indicada: Gilmar Mendes, livro do próprio professor (Curso de


Direitos Fundamentais), Virgílio Afonso da Silva, Humberto Ávila, Pedro Lenza,
etc.

IRRENUNCIABILIDADE

 Renúncia é um ato unilateral, por meio do qual alguém abre mão do


exercício de um direito.

 A Teoria Moderna dos Direitos Fundamentais defende que esses direitos


são irrenunciáveis, porque não têm, enquanto garantia, um conteúdo
disponível. Porém, isso não significa que não se possa renunciar ao
exercício concreto de um direito, em uma situação concreta.
- Direito em si não pode ser renunciado enquanto instituto.
- Ex.: pessoa que decide participar de um reality show, ao, contratualmente,
aceitar isso, renuncia ao exercício concreto da inviolabilidade da privacidade,
mas apenas com relação ao momento em que está no programa (não renuncia
ao direito em si).

 Renúncia é sempre temporária e condicionada à plena autonomia da


parte.

 A renúncia ao exercício concreto de um direito não pode comprometer a


dignidade da pessoa humana.
- Problemática: até que ponto o Estado pode proteger a pessoa dela mesma?
Até que ponto pode proibir a pessoa de tomar uma decisão, voluntária, sob o
argumento de que aquilo fere a sua dignidade?
- Ex.: internação compulsória, uso de drogas, eutanásia, etc.
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INALIENABILIDADE

 Direitos fundamentais são inalienáveis, pois, enquanto garantias, não têm


conteúdo econômico.
- Isso não significa que o exercício concreto de direitos não possa ter conteúdo
econômico, os frutos econômicos do direito são possíveis.

IMPRESCRITIBILIDADE

 Pela imprescritibilidade, entende-se que ninguém pode perder um direito


fundamental pelo não uso.
- O que pode acontecer é deixar de exercer algumas atividades concretas,
focadas em um determinado direito, pelo não uso (ex.: perda da propriedade
por usucapião).

UNIVERSALIDADE

 A universalidade informa que, pelos bens que protegem, em particular a


conexão com a dignidade humana (direitos materialmente
fundamentais), os direitos fundamentais são devidos a todos os seres
humanos.

 A característica da universalidade não impede que exista uma proteção


diferenciada ou potencializada a determinados grupos, que merecem
essa proteção em razão da sua (hiper)vulnerabilidade (idosos, crianças,
ECA, etc.).

 Sem que haja violação da universalidade, também é possível que


determinados direitos fundamentais sejam exclusivos de brasileiros.
- Dependendo do tipo de direito e a sua ligação com a nacionalidade, pode
acontecer de a soberania do país estabelecer a exclusividade a certos direitos.

EFICÁCIA HORIZONTAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

 Os direitos fundamentais foram originalmente pensados para lidar com


violações que fossem provenientes do poder público.
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 A EFICÁCIA VERTICAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS nasceu com o


constitucionalismo liberal, onde os direitos serviam de escudo contra as
agressões arbitrárias/violentas do Estado (direitos de defesa).
- Vertical: desigualdade de força – Estado x particular.

 A ideia da EFICÁCIA HORIZONTAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS


nasceu a partir da concepção de que as agressões não decorrem
exclusivamente do Estado, desenvolvendo um sistema de proteção que
protege um particular contra a ação lesiva de outro particular, em seus
direitos fundamentais.
- Horizontal, pois a agressão vem do lado e não de cima, como na relação de
verticalidade com o Estado.

 O problema da eficácia horizontal se colocou com força pela primeira vez


no pós 2ª GM, no caso Lüth, uma das decisões mais famosas do Tribunal
Constitucional Federal alemão.
- A tese definida foi que a liberdade de expressão é um direito fundamental que
não encontra aplicação apenas nas relações com o Estado, ou seja, não tem
apenas uma eficácia vertical, os direitos fundamentais vinculam também os
particulares.
- No caso, a liberdade de expressão protegida foi o direito do jornalista de
convocar o boicote.

 A nomenclatura dada à teoria também é objeto de críticas, pois a palavra


“horizontal” pressupõe que, nessa horizontalidade, exista uma igualdade
de forças.
- Apesar de ser entre particulares, as relações trabalhistas apresentam grande
discrepância de força entre as partes, por exemplo.
- Na Alemanha, prefere-se adotar o nome EFICÁCIA PERANTE TERCEIROS, que
seria uma eficácia perante outros entes, que não estatais.

 A eficácia horizontal consagra o entendimento de que esses direitos


fundamentais desenvolvem uma PROTEÇÃO MULTIDIRECIONAL, pois
protegem contra ações do Estado (vertical) e também de outros
particulares (horizontal).
- Do ponto de vista do ordenamento jurídico, essa proteção se fundamenta no
Princípio da Unidade da Constituição, pois significa que os direitos
fundamentais devem desenvolver eficácia em todos os âmbitos jurídicos, sem
exceção.
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- EFICÁCIA IRRADIANTE DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS (Alemanha – caso


Lüth): direitos fundamentais irradiam efeitos para todos os âmbitos jurídicos.

 Para poder identificar quando se está diante de um fenômeno de eficácia


horizontal ou vertical, é necessário ter com clareza quem é o responsável
pela violação ao direito fundamental.
- Quanto mais certa for a resposta no sentido de que a violação decorre do
poder público, mais certo que se está diante de um caso de eficácia vertical.

 Apesar de garantida a liberdade de escolha nas relações pessoais,


sempre que se decidir por privilegiar um em detrimento de outro, não se
pode gerar, para aquele que foi preterido, um argumento que diminua a
pessoa em sua dignidade.
- Nas relações estatais é diferente.
- O espaço de livre desenvolvimento da personalidade em relações privadas é
muito maior que em relações com o Estado, e isso eventualmente pode lesar
direitos fundamentais – somente uma ponderação no caso concreto pode
definir até onde se pode ir com sua liberdade.

 Existem três teorias que visam explicar como se dá a eficácia horizontal


dos direitos fundamentais:

1) DIRETA OU IMEDIATA
- Direitos fundamentais, pela eficácia que possuem, não precisam de nenhuma
transformação, nenhuma intermediação legislativa ou judicial para serem
aplicados.
- No Brasil, essa teoria acabou prevalecendo na doutrina e o STF também se
manifestou nesse sentido, mas sem uma clareza.

2) INDIRETA
- Direitos fundamentais não podem ser aplicados diretamente nas relações
privadas, pois precisam de uma intermediação do legislador infraconstitucional
ou do Poder Judiciário, para determinar até que ponto alguém pode ir no
exercício de seu direito.

3) DEVERES DE PROTEÇÃO DO ESTADO


- Quando existe um conflito entre privados, o Estado assume para si o dever de
proteger um particular contra a ação lesiva de outro particular, resolvendo por
meio de leis.
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*** Bibliografia indicada: Eficácia Horizontal dos Direitos Fundamentais e


Jurisdição Constitucional - Marcelo Schenk Duque.

APLICABILIDADE DIRETA DAS NORMAS DEFINIDORAS DE DF

 Existem classificações na doutrina que buscam estudar o grau de eficácia


de uma norma constitucional (normas de direitos fundamentais ou não),
cujo objetivo é constatar que existem tipos de direito que possuem uma
maior eficácia, enquanto outros tipos de direito possuem uma menor
eficácia.

 O “carro chefe” é a teoria do José Afonso da Silva, muito embora a Maria


Helena Diniz eventualmente seja cobrada.

JOSÉ AFONSO DA SILVA MARIA HELENA DINIZ

PLENA ABSOLUTA
Quanto à
possibilidade
de
CONTIDA RELATIVA RESTRINGÍVEL
produzirem
efeitos
RELATIVA, DEPENDENTE
(eficácia)
LIMITADA DE COMPLEMENTAÇÃO
LEGISLATIVA

 Maria Helena Diniz segue a mesma linha, mas muda a nomenclatura.

 As NORMAS DE EFICÁCIA PLENA são aquelas autoexecutáveis e a maioria


daquelas previstas no art. 5º, CF.

 Maria Helena Diniz divide as normas de eficácia plena em: 1) NORMAS


DE EFICÁCIA ABSOLUTA e 2) NORMAS DE EFICÁCIA PLENA
PROPRIAMENTE DITA.
- NORMAS DE EFICÁCIA ABSOLUTA são aquelas que, apesar de desenvolverem
todos os efeitos por si só, ainda seriam protegidas contra o poder de abolição
por serem cláusulas pétreas. As que não seriam cláusulas pétreas, então seriam
as de EFICÁCIA PLENA (suscetíveis de emenda).
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 NORMAS DE EFICÁCIA CONTIDA são aquelas que são bastantes em si,


mas que, por força de reservas legais expressas, o constituinte deixa ao
legislador a possibilidade de restrição por meio de regulamentações
legais – “conter”.
- Diferença com as normas de eficácia plena reside justamente na possibilidade
literal do legislador conter o alcance das normas.
- Se o legislador optar por não conter o alcance de determinada norma, na
prática, essa seria como uma norma de eficácia plena.
- Regulamentação é uma opção, mas não uma condição para que essas normas
gerem efeitos.

 NORMAS DE EFICÁCIA LIMITADA são aquelas normas de mais baixo grau


de eficácia, que somente gerarão efeitos a partir do momento em que
sobrevier legislação infraconstitucional que crie os mecanismos
necessários para que essa norma constitucional atinja os efeitos que dela
se esperam.
- Problema da inconstitucionalidade por omissão (quando um direito tem o seu
exercício inviabilizado por falta de regulamentação) – ex.: greve do servidor
público.

DEVERES FUNDAMENTAIS

 A previsão de deveres fundamentais pela Constituição reforça a ideia de


que os direitos fundamentais não são absolutos.

 O fato de não cumprir um dever, não retira, necessariamente, a


titularidade de um direito.
- Correlação necessária nem sempre existe, mas pode existir.
_____________________________________________________________________________________

PERGUNTAS E ESCLARECIMENTOS SOBRE A AULA

- O Tribunal Constitucional alemão, quando inaugurou a aplicação do Princípio


da Proporcionalidade analisou somente os critérios da adequação e
necessidade, pois os casos que se colocaram na época já “rodavam” nas
primeiras etapas, não chegando à análise da proporcionalidade em sentido
estrito.
- Se houver lesão por uma concessionária de serviço público e esta empresa for
privada, se está diante de uma situação de eficácia horizontal. Ainda que
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desenvolva atribuições do poder público por contrato de concessão, a execução


é direta da concessionária. Porém, se quem viola o direito for uma autarquia
corporativa, pertencente à administração, se está diante de um problema de
eficácia vertical.
- A lei pode criar requisitos para legais para limitar o exercício de um direito –
no caso do direito de greve, por exemplo, a lei pode definir o que são
atividades especiais, que não comportam direito de greve, e quais comportam.
- É possível que as normas de eficácia limitada surtam alguns efeitos mesmo
sem norma regulamentadora, pois, ainda que a norma tenha eficácia limitada e
não haja regulamentação, ela tem uma função interpretativa, de modo que se
uma lei for diametralmente contra uma norma de eficácia limitada, essa norma
poderá ser objeto de um juízo de constitucionalidade.
- Mandado de injunção pode ser manejado contra normas de eficácia limitada,
mas não há muito sentido frente à normas de eficácia contida, pois não há
prejuízo quanto sua eficácia na ausência de regulamentação.
- A análise da proporcionalidade em sentido estrito reside na problemática de
que o juízo de proporcionalidade sobre os meios e fins pode ser diferente a
depender do ponto de vista.
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RESUMO1

[Pontos 1 e 8 Resolução CJF nº 067/2009]


Direitos de nacionalidade (perspectiva constitucional). Hermenêutica e
interpretação constitucional.

DIREITOS DE NACIONALIDADE

NACIONALIDADE

 Existe uma tradição constitucional mundo afora no sentido de tratar os


direitos de nacionalidade como uma típica matéria de Direito
Constitucional, em razão da íntima relação com a própria organização
fundamental das nações.
- Também pode ser/é estudada no âmbito do Direito Internacional.
- Cada país estabelece os critérios para classificar as pessoas como nacionais ou
como estrangeiros.

 Há restrições, mas de forma geral a Constituição brasileira é


extremamente receptiva aos estrangeiros, bem como a legislação
infraconstitucional.

 O caput do art. 5º, CF deixa claro que os direitos fundamentais são


garantias asseguradas tanto aos brasileiros, quanto aos estrangeiros
residentes no país.
- Residência deve ser interpretada da forma mais ampla, no sentido de proteção
aos estrangeiros que aqui se situam, pouco importa se residentes ou não.
- As únicas diferenciações que podem ser feitas entre brasileiros e estrangeiros
devem estar previstas e fundamentadas na Constituição.

 A nacionalidade conceitua-se como uma espécie de vínculo, de natureza


subjetiva (pessoal, devida à pessoa) e política (envolve uma relação de
tratamento entre a pessoa e o Estado), que se estabelece entre o Estado
e o indivíduo.

1
Este é um material complementar elaborado por aluno monitor regularmente matriculado no curso. Seu conteúdo está
sujeito a equívocos e revisões.
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 É fundamental que as Constituições deixem bem claro quem são os


nacionais e quem são os estrangeiros, até mesmo para definição dos
respectivos direitos e deveres.

*** Indicação de filme – questão dos apátridas: O Terminal.

 A matéria relativa à nacionalidade e seus assuntos correlatos é de


competência legislativa privativa da União – art. 22, XV, CF.
- Nesse sentido, a previsão do art. 62, §1º, CF veda a edição de medidas
provisórias sobre esse assunto.

A AQUISIÇÃO DA NACIONALIDADE

 A CF estabelece o modo pelo qual alguém adquire a nacionalidade


brasileira e, no nosso sistema, há previsão de dois critérios
(involuntários): 1) JUS SOLI e 2) JUS SANGUINIS.
- Por simetria, a CF também prevê as hipóteses de perda.
- A nacionalidade também pode derivar de um ato de vontade.

 O critério JUS SANGUINIS é adotado comumente pelos países Europeus,


enquanto que o critério do solo é típico dos países da América do Sul,
EUA, etc.

NACIONALIDADE ORIGINÁRIA OU PRIMÁRIA

 NACIONALIDADE PRIMÁRIA é aquela que trata da primeira


nacionalidade, adquirida pela pessoa no momento do nascimento.

Art. 12. São brasileiros:

I. Natos:

a) Os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais


estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;
- “Estes”: tanto o pai, quanto a mãe (ambos) – se somente um dos pais estiver a
serviço oficial no Brasil, a criança será considerada brasileira.
- Privilegia o aspecto territorial, razão pela qual a nacionalidade dos pais, em
princípio, é irrelevante (cuidar com a exceção).
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 Para resolução dos casos não previstos na CF, relativo aos espaços não
submetidos à soberania de um Estado propriamente dito, devemos
recorrer à doutrina.
- Quem tradicionalmente escreve sobre isso é Pontes de Miranda.

b) Os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde


que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;
- “Qualquer deles”: basta um, pai ou mãe.
- Critério da descendência (jus sanguinis).

OBS: se considera serviço oficial quando a pessoa está trabalhando em uma


organização internacional voltada a efeitos diplomáticos (representação do
Estado, vinculação com o poder público).
- Valido tanto para estrangeiros no Brasil, quanto brasileiros fora do país.
- Ex.: serviços de diplomacia, consulado, adidos militares, organizações
internacionais.
- Não será considerado serviço oficial quando trabalhar em empresa privada.

c) Os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde


que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a
residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo,
depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira.
- Aumento, o máximo possível, das possibilidades de atribuição da
nacionalidade brasileira originária a brasileiros que nascem no exterior.
- A alínea foi, ao longo do tempo, objeto de sucessivas emendas
constitucionais, que foram corrigindo problemas a fim de evitar, ao máximo, a
situação de apatridia.
- Situação imprescritível (“em qualquer tempo”).
- Antes da Lei de Migração, para a criança que vinha morar ainda menor no
Brasil era necessário solicitar a nacionalidade em condição suspensiva, com base
na Lei de Registros Públicos, podendo, quando completasse 18 anos, ratificar o
pedido de nacionalidade, retroagindo os efeitos. Atualmente, a Lei de Migração
trata da questão sob a ótica da “opção de nacionalidade” (art. 63 da Lei).

NACIONALIDADE SECUNDÁRIA, ADQUIRIDA OU DERIVADA

 A CF prevê também a chamada NACIONALIDADE SECUNDÁRIA OU


DERIVADA, que é aquela decorrente da naturalização.
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- Nacionalidade adquirida em outro momento da vida, após já possuir uma ou


mais nacionalidades.

 Originalmente, a CF prevê duas espécies de naturalização: 1) ORDINÁRIA


(art. 12, II, a CF) e 2) EXTRAORDINÁRIA OU QUINZENÁRIA (art. 12, II, b
CF).
- Lei de Migração criou duas novas modalidades de naturalização: 3) ESPECIAL
(art. 64, III, da Lei) e 4) PROVISÓRIA (art. 64, IV, da Lei).

NATURALIZAÇÃO

 Naturalização é um tipo de nacionalidade que deriva da vontade


(ninguém se naturaliza sem fazer um requerimento).

 Não existe direito público subjetivo à obtenção da naturalização, o que


existem são condições previstas na CF e na legislação infraconstitucional
que facilitam o caminho e diminuem as chances de ela não ser obtida.
- Apesar de a Lei de Migração ter simplificado os procedimentos de modo a
facilitar a naturalização e a incorporação do estrangeiro à nacionalidade
brasileira, a lei não permite concluir que a naturalização é algo isento de
qualquer discricionariedade (antes era mais).

1. NATURALIZAÇÃO ORDINÁRIA (art. 12, II, “a”, CF)

2. EXTRAORDINÁRIA OU QUINZENÁRIA (art. 12, II, “b” CF)


- Para concessão da naturalização em prazo menor, deve preencher os
requisitos da Lei de Migração. Para a concessão comum, no prazo de 15 anos,
basta ausência de condenação penal e requerimento do interessado.
- Professor filia-se à corrente que sustenta que, como a naturalização é um ato
ligado a soberania do Estado, sempre haverá o componente de
discricionariedade em hipóteses que possam ser contrárias à segurança
nacional. Na naturalização extraordinária há uma menor discricionariedade, mas
não é inexistente.

OBS: requisito da residência ininterrupta deve ser interpretado. Férias ou breves


viagens, por exemplo, não afastam a permanência, não quebram o requisito.

 Importante fazer a leitura da Lei de Migração (Lei nº 13.445/2017)!


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PROCEDIMENTO PARA OBTENÇÃO DA NATURALIZAÇÃO

 Há fases administrativas (PF e Ministério da Justiça) e uma fase


jurisdicional (JF).
- Apesar de o procedimento de naturalização possuir caráter administrativo, ele
contém uma formalidade final de caráter jurisdicional, justamente por envolver
a Justiça Federal, que é órgão do Poder Judiciário.

HIPÓTESE DE “QUASE-NACIONALIDADE” (ART. 12, §1º, CF)

 Limitação a estrangeiros advindos de PORTUGAL, apenas.

 Constituição portuguesa atual não tem referência expressa nesse sentido,


mas essa questão, muitas vezes, se deixa derivar do Tratado de Amizade,
Cooperação e Consulta entre Brasil e Portugal (Porto Seguro, 22/4/2000).

DISTINÇÕES ENTRE BRASILEIROS NATOS E NATURALIZADOS

 Como regra geral, não há distinção entre brasileiro nato e naturalizado,


salvo nos casos de distinções previstos pela própria Constituição – art.
12, §2º, CF.
- Cuidar: não estamos falando de diferença entre brasileiros e estrangeiros, aqui
se está diante de duas classes de brasileiros, natos e naturalizados.

 Tratamento diferenciado entre brasileiros natos e naturalizados é possível


em 4 situações:

1. CARGOS DIFERENCIADOS

 O fundamento trazido pela doutrina é que existem alguns cargos que


envolvem segurança nacional, de modo que seria perigoso conferir esses
cargos a pessoas que tenham nacionalidade originária no exterior.

 Os cargos privativos de brasileiro nato estão previstos no art. 12, §3º, CF.
- Brasileiro naturalizado pode ser senador ou deputado, mas não pode ocupar o
cargo de presidência das respectivas casas, pois esses cargos estão na ordem de
sucessão do Presidente da República.
- Somente o Ministro de Estado da Defesa não pode ser brasileiro naturalizado,
os outros sim.
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- A carreira diplomática é exclusiva de brasileiro nato, mas o Ministro das


Relações Exteriores pode ser naturalizado.

2. FUNÇÃO JUNTO AO CONSELHO DA REPÚBLICA

 Apenas parte da composição do Conselho da República é que deve ser


de brasileiros natos (art. 89, CF – “seis cidadãos brasileiros natos”).

3. DIREITO DE PROPRIEDADE

 Trata-se de restrição, pois parcial. CF não proíbe que a propriedade de


empresas jornalísticas esteja na mão de brasileiros naturalizados, mas
exige que eles estejam naturalizados há mais de dez anos.

4. EXTRADIÇÃO

 A EXTRADIÇÃO PASSIVA ocorre quando um Estado estrangeiro solicita


que o Brasil entregue uma determinada pessoa, desde que não seja
brasileiro nato. Na EXTRADIÇÃO PASSIVA, o Brasil procura um Estado
estrangeiro para que esse Estado extradite uma pessoa, que será
processada, condenada ou eventualmente cumpra pena em território
brasileiro.

 Quando um brasileiro nato perde a nacionalidade brasileira, a pessoa


passa a ser tratada como estrangeira, não havendo um óbice insuperável
à extradição.

OBS: diferentemente da extradição, a EXPULSÃO se dá por iniciativa do Brasil,


que expulsa um estrangeiro que aqui está, por cometer crime no território
nacional.

 O entendimento acerca da necessidade de prisão preventiva para fins de


extradição está sujeito a reflexão, pois, em princípio, seria violador do
Princípio da Igualdade entre brasileiros e estrangeiros (direito de
responder processo em liberdade, podendo haver a determinação de
outras medidas que não a prisão).
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PERDA DA NACIONALIDADE

 As hipóteses de perda da nacionalidade, previstas no art. 12, §4º da CF,


são taxativas.

 Não é possível a perda de nacionalidade por processo administrativo, em


razão da expressa previsão constitucional que remete à sentença judicial.

 Cuidar: nem sempre a aquisição de outra nacionalidade por um brasileiro


leva à perda da nacionalidade brasileira.
- As hipóteses prevista nas alíneas “a” e “b” do art. 12, §4º, II, CF admitem a
cumulação.

 Ao trazer a previsão de “direitos civis”, que é um conceito muito amplo,


no art. 12, §4º, II, “b”, CF, o constituinte quis facilitar ao máximo a
cumulação de nacionalidades por parte de brasileiros, evitando a perda
da nacionalidade originária dos brasileiros.
- Competência discricionária da autoridade brasileira, de modo a ter uma ampla
flexibilidade para reconhecer a possibilidade de cumulação de nacionalidades.
- Também traz certa insegurança jurídica, pois a margem discricionária é muito
grande.

 Lei de Migração, no art. 75, impõe um requisito (critério objetivo) ao juiz,


que deverá, no momento em que julga a perda da nacionalidade, levar
em conta a questão da apatridia.

 A doutrina tradicional entende que o brasileiro nato que perde a


nacionalidade originária brasileira, não poderá retornar à condição de
brasileiro nato. Porém, o art. 76 da Lei 13.445/2017 não distingue
brasileiro nato de naturalizado na hipótese de reaquisição prevista no
artigo.
- Brasileiro nato que perdeu a nacionalidade originária poderia tentar se
naturalizar brasileiro, pela nacionalidade secundária ou derivada.

 “Perda-mudança”: perde a nacionalidade, por mudá-la.

 A perda da nacionalidade, se não for uma hipótese de cumulação, deriva


da aquisição efetiva da nacionalidade estrangeira, não decorre da mera
formalização do pedido perante o Estado estrangeiro.
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HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL

OBJETO DA HERMENÊUTICA JURÍDICA

 Quando falamos em hermenêutica jurídica, estamos nos referindo a um


ramo da ciência que estuda e sistematiza todos os processos voltados a
determinar o sentido e o alcance de expressões do Direito.
- Dentro do ramo jurídico, podemos falar da técnica de hermenêutica
constitucional, que vai se ocupar do sentido e alcance das normas
constitucionais.

 A hermenêutica é uma arte ligada à compreensão, à descoberta de


sentido, de modo que a palavra que mais se relaciona com a aquilo que a
noção de hermenêutica exige é “intermediação”.

 A compreensão, dentro de uma realidade hermenêutica, vai sempre


depender do trabalho de mediação feito pelo interprete e, a partir dessa
mediação, abre-se o sentido do texto, surgindo os resultados concretos.

 A hermenêutica é uma tarefa muito maior que a interpretação, apenas. A


interpretação é uma das formas de se realizar a atividade de medição
que a hermenêutica proporciona.
- A interpretação é um dos meios de se realizar a ciência hermenêutica.
- Interpretação está contida na hermenêutica.

TAREFA DA INTERPRETAÇÃO

 A tarefa da interpretação, em um Estado de Direito, nunca pode estar


alheia à questão da segurança jurídica.

 No âmbito da interpretação constitucional, é necessário se colocar na


intenção do legislador constituinte, para realizar a norma constitucional
dentro do espírito mais próximo do que a Constituição pretende.

 A concretização do direito, e da própria Constituição, é retirar uma norma


do seu ambiente abstrato e torná-la realidade viva para resolver casos
concretos.
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MONITOR Valéria Barth Fagundes DATA 01/06/2020


CURSO Preparatório para a Magistratura Federal
DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 08
PROFESSOR Marcelo Schenk Duque

*** Nesse sentido: ler o voto do Ministro Ayres Britto na ADPF 130.
- Nesse julgado, o STF, sobretudo no voto do Ministro, fez interessantes
considerações acerca dos limites à interpretação constitucional.

 Quando as incompatibilidades são tão gritantes, tão evidentes, não é


possível, por meio de uma técnica de interpretação, abrir o sentido da
norma de uma forma tão intensa que desconfigure a própria intenção da
norma.
- Interprete se despe da vestimenta de interpretar e assume a vestimenta de
legislar.

 A ausência de precisão matemática leva a concluir que, em matéria de


interpretação, nunca vamos possuir uma única resposta correta.

 A certeza sobre a necessidade de interpretar uma norma surge no


momento em que a Constituição deixa em aberto mais de uma
possibilidade para resolução de um problema jurídico.

 No Direito Constitucional, de modo mais frequente que em outros


âmbitos jurídicos, a interpretação parece ser mais decisiva, pois a
Constituição trabalha com normas muito vagas, muito amplas (grau de
abstração muito elevado).

 Quanto maior for o grau de vagueza de uma norma, mais ela se presta a
ser preenchida por meio de valores que são fornecidos pelo intérprete.

 Se o direito não é capaz de levar, por meio de suas normas, às mesmas


consequências jurídicas, sempre que aplicadas sobre os mesmos
pressupostos, não estará presente o elemento confiabilidade, que é
fundamental para a segurança jurídica.

 Se partirmos do ideal de que a interpretação se associa à noção de


segurança jurídica, chegamos à conclusão de que os Tribunais, ao
interpretarem as normas, devem fazê-lo da forma mais segura possível,
ao passo que, em cada caso, tenhamos a proximidade de soluções
conforme a uniformidade dos casos, dentro da noção de precedentes.
- Busca evitar que casos iguais sejam interpretados de formas diferentes, ao
ponto de oferecerem soluções diversas.
- Efeito vinculante.
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DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 08
PROFESSOR Marcelo Schenk Duque

CÍRCULO HERMENÊUTICO (GADAMER)

 Para Gadmer, a hermenêutica é uma experiência que deriva de uma


intermediação feita pelo interprete ao ler um texto.
- Experiência, pois a cada vez que a intermediação é feita, tão melhores tendem
a ser seus resultados.
- Essa experiência será tão mais exitosa quanto mais ela for capaz de
compreender o sentido do texto a ser interpretado.

 O CÍRCULO HERMENÊUTICO é uma descrição gráfica de um elemento


que leva à chamada pré-compreensão.
- Pré-compreensão é aquilo que já temos de conhecimento acerca da matéria
que vamos estudar.

 Quanto maior for a ignorância, no sentido de ignorar o conhecimento,


maiores serão as dificuldades para extrair conhecimento acerca de uma
respectiva fonte. Por outro lado, quanto maior for a bagagem prévia
sobre aquela matéria que se está estudando (pré-compreensão), mais
fácil será compreender e mediar aquilo que o autor quis fornecer.
- Círculo/cíclico, pois se retroalimenta (++, --).

MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO

 Quanto maior for a pré-compreensão sobre a natureza da norma a ser


interpretada, tão mais fácil será escolher ou tomar uma decisão correta
acerca do método de interpretação a ser utilizado.

 A interpretação constitucional, acima de tudo, requer uma visão de


conjunto (não pode ser interpretada de forma isolada).

MÉTODOS CLÁSSICOS DE INTERPRETAÇÃO

1. INTERPRETAÇÃO GRAMATICAL, LITERAL OU SEMÂNTICA

 Técnica de interpretação que se prende bastante ao texto.

 Se a linguagem empregada pelo legislador não for bem compreendida,


haverá dificuldade para proceder a essa interpretação.
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 Tudo depende da compreensão do tipo de norma, entender se os


vocábulos são seguros suficientes para permitir uma interpretação literal,
não sendo necessário, nesses casos, recorrer a outros métodos.

2. INTERPRETAÇÃO LÓGICA

 Estudo das normas por meio de raciocínio dedutivo, que parte do geral
para o particular.

 Brocardos, ainda que tenham um significado no contexto em que foram


produzidos, nem sempre podem ser transportados a toda e qualquer
situação, sob pena de conduzir a maus resultados se aplicados sem um
maior critério e análise crítica.

 Para Maximiliano, os vários processos de interpretação se


complementavam entre si e, somados, contribuíam para a busca da
verdade, para o ideal de segurança.
- Caminho de ouro da virtude.
- Necessidade de complementação dos métodos de interpretação,
compatibilização em um todo harmônico.

3. INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA

 Trata o sistema jurídico como algo integral (toda a CF e não os artigos de


forma isolada).
- Fundamental quando se explora a parte material da CF com a parte
procedimental, para que um não fique esvaziado sem a consideração do outro.

 Busca aquela interpretação que se harmoniza com as diferentes


emanações do sistema, de modo a não ignorar nenhum dos seus
ângulos.

 Interpretar é hierarquizar (Juarez Freitas): a medida em que são


destacados determinados elementos de conceitos normativos abstratos,
de certa forma está se dando mais importância a esses elementos, está
se hierarquizando isso no caso concreto.

 A partir da ideia de diálogo das fontes é possível reunir diferentes fontes


normativas e resolver problemas de antinomias e lacunas, na busca da
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máxima efetivação dos direitos. União das fontes em um todo


harmônico, extraindo de cada uma o que tem de melhor, se
complementando.
- Ideal que clarifica a técnica de interpretação sistemática.

4. INTERPRETAÇÃO HISTÓRICA

5. INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA OU SOCIOLÓGICA

 A questão temporal, do contexto histórico em que foi editada a norma,


fica clara nas Constituições através dos preâmbulos.

6. INTERPRETAÇÃO EVOLUTIVA

 Por meio da mutação constitucional amplia-se o significado e alcance da


norma, sem modificar seu texto, para que passe a compreender a
realidade atual, que se enquadra no espírito da norma.
- A mutação não pode ser tão ampla ao ponto de contrariar a literalidade do
texto, sob o risco de se estar legislando e não interpretando.

 A realização dos fins da vida em sociedade é o bem juridicamente


protegido, e isso irá guiar a atividade interpretativa e definir os limites
das mutações constitucionais.

 Para atingir um determinado fim, muitas vezes vários meios se colocam e


a questão é descobrir sempre, em cada caso concreto, se os fins
justificam os meios, e isso o Princípio da Proporcionalidade ajuda a
responder.
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REFERÊNCIAS LEGISLATIVAS

- CF: artigos 5º, XV, LI e LII; 12; 22, XV e XIII; 37, I; 62, §1º; 87; 89; 102; 109, X; 222.
- Lei nº 13.445/2017 (Lei de Migração): artigos 63, 64, 65 e seguintes, 75, 76, 81
e seguintes.
- Decreto 9.199/2017: artigos 213, § 1º, 262 e seguintes.
- Súmulas – STF: 421, 473.
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PERGUNTAS E ESCLARECIMENTOS SOBRE A AULA

- Se o pai não é brasileiro e não está no Brasil, a exemplo da mãe vir a serviço
oficial no Brasil sozinha, em princípio essa criança não teria nacionalidade
brasileira.
- Quando o STF julga um processo de extradição, deve-se verificar se estão
preenchidos os requisitos para o Brasil extraditar. Dentre os previstos na Lei de
Migração, está que a pena a ser aplicada no exterior deve ser compatível com o
ordenamento brasileiro, se comprometendo o governo estrangeiro a aplicar a
pena nos exatos termos que ficaram definidos no pedido de extradição.
- O green card é um visto de permanência definitiva, não é equiparado à
nacionalidade. Nos casos de extradição em que houve o cancelamento da
nacionalidade brasileira, a pessoa tinha o green card e voluntariamente deu um
passo a mais, no sentido de requerer a naturalização americana.
- O conceito de nacionalidade é exclusivo de pessoa física, é direito
fundamental que só pode ser titularizado por pessoas naturais. As pessoas
jurídicas estrangeiras que montam filiais no Brasil devem ser constituídas aqui e
observar a legislação brasileira, mas não se confunde com nacionalidade.
- Como dica de estudo, o ideal é fixar as palavras chave que resumem cada
método de interpretação.
- Não é possível decidir dois casos semelhantes recorrendo a métodos distintos
de interpretação.
- Na prática, os métodos de interpretação costumam ser empregados em
conjunto e não de forma isolada.
- Importante conectar o estudo da nacionalidade com o estudo das disciplinas
de Direito Internacional (público e privado).
- Em princípio, a legislação infraconstitucional não poderia prever outras
espécies de nacionalidade originária, pois não há reserva legal explícita na CF
que autorize essa possibilidade.
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MONITOR Valéria Barth Fagundes DATA 04/06/2020


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DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 09
PROFESSOR Marcelo Schenk Duque

RESUMO1

[Pontos 8 e 9 Resolução CJF nº 067/2009]


Direitos políticos e partidos políticos. Alistamento. Elegibilidade e
inelegibilidade. Suspensão e perda dos direitos políticos. Sufrágio: natureza e
forma. Processo eleitoral. Plebiscito. Referendum.

DIREITOS POLÍTICOS E PARTIDOS POLÍTICOS

DIREITOS POLÍTICOS

 Direitos políticos são matéria constitucional por excelência, pois formam


a base do regime democrático.
- Uma democracia passa, necessariamente, pela Teoria da Representação
Política.

 O sentido desses direitos políticos está justamente em viabilizar a


participação da cidadania na formação da vontade do Estado, por meio
da representação (escolha dos representantes).
- Poder de intervenção dos cidadãos no governo.

 CIDADÃO é aquele que tem os direitos políticos em dia.

DEMOCRACIA DIRETA

 Aquela referida no artigo 1º, CF com o termo “diretamente”.

 As formas de exercício da soberania popular estão previstas no art. 14 CF.


- Como a iniciativa popular pode ser desvirtuada na deliberação nas casas
legislativas, no sentido de apresentar emendas aos projetos, o plebiscito e o
referendo são, na prática, as hipóteses mais fortes de democracia direta.

 CUIDAR: não interpretar “diretamente” como representantes diretamente


eleitos pelo povo, pois todos são representantes eleitos pelo povo no
nosso sistema.

1
Este é um material complementar elaborado por aluno monitor regularmente matriculado no curso. Seu conteúdo está
sujeito a equívocos e revisões.
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PROFESSOR Marcelo Schenk Duque

PLEBISCITO E REFERENDO

 Ideia de que a população exerça o poder diretamente, sem


intermediários, deliberando sobre assuntos relevantes do ponto de vista
social/jurídico/econômico/político.

 A principal diferença está no momento da consulta, ou seja, diferem no


momento em que a população é consultada acerca de um respectivo
tema.
- No caso do plebiscito, primeiro se pergunta e depois faz a lei, conforme a
resposta. Em se tratando de referendo, primeiro se faz a lei e depois se consulta
a população, que aprova a lei na sua redação final ou não.
- A identidade entre a legislação e a vontade da população é muito maior no
referendo.

 Art. 49, XV, CF: AUTORIZAR referendo e CONVOCAR plebiscito.

OBS - crítica: no instante em que a CF conferiu apenas ao Congresso Nacional


o direito de autorizar referendo ou convocar plebiscito (competência exclusiva,
não pode delegar), não foi tão democrática assim, pois acaba impossibilitando
uma maior participação já que fica dependente da vontade do Congresso. A
classe política não tem interesse em ouvir a população acerca das matérias, por
medo de a população tomar uma decisão contra a vontade da classe política
dominante, não quer perder o protagonismo.

 O que se referendou em 2005, em verdade, foi um único artigo do


Estatuto do Desarmamento que tratava sobre o comércio de arma de
fogo e munição.

 O grande desafio em um plebiscito ou referendo é a natureza da


pergunta, pois se a população não compreende a pergunta, as chances
da resposta ser equivocada são grandes.
- Professor é, em princípio, contrário a submeter à consulta popular assuntos
que são marcados por muita técnica.

 A vontade popular pode ser modificada por uma nova Constituição, por
uma nova consulta popular ou até mesmo por uma intervenção do
Congresso, desde que se transcorra um razoável prazo entre o que foi
decidido e a eventual alteração.
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- Democracia representativa também é reconhecida pela Constituição, apesar


de a democracia direta tender a prevalecer.

 A realização de referendo e plebiscito é de competência discricionária do


Congresso Nacional, via de regra, mas nos casos de incorporação,
subdivisão ou de desmembramentos de Estados ou municípios o
Congresso é obrigado a convocar plebiscito (art. 18, §§3º e 4º da Lei
9.709/98).
- STF entende que a população diretamente interessada a ser consultada
envolve tanto a da área que vai se desmembrar, quanto a da que área
remanescente, sob pena de anulação.

DEMOCRACIA REPRESENTATIVA

 Na democracia representativa, o povo elege, em sufrágio direto, secreto


universal e periódico, seus representantes, outorgando poderes a esses
representantes para decidirem em nome do povo.
- Típica consagração da Teoria do Contrato Social de Rousseau (representantes
como uma espécie de comissários da população).

 O sufrágio diz respeito ao direito de eleger, em sentido amplo, enquanto


que voto é o meio/instrumento pelo qual é exercido o direito de
sufrágio.

ALISTAMENTO ELEITORAL E VOTO


(ART. 14, §1º e §2º, CF)

 “Conscrito” = recruta, que presta o serviço militar obrigatório.


- São privados temporariamente da capacidade eleitoral, tanto ativa quanto
passiva.
- Se o alistamento como eleitor foi feito previamente, aos 16 anos, quando
entram no quartel devem entregar o título, o qual fica retido até a baixa.
- Militares de carreira votam, independentemente do posto.

 Estrangeiros não votam, mas naturalizados sim, pois brasileiros.

 Toda pessoa entre 18 e 70 anos, que seja brasileiro e não seja conscrito
no serviço militar, tem o voto obrigatório? NÃO, não se pode esquecer
do analfabeto!
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- A faculdade do voto para os analfabetos independe da idade.

CAPACIDADE ELEITORAL ATIVA

 Direito de votar que se consuma com o alistamento eleitoral. A partir do


alistamento a pessoa está apta, em princípio, a participar do sufrágio e a
prova é o título eleitoral.

 A Lei 9.504/94 previa que o eleitor, para votar, deveria apresentar o título
de eleitor e um documento oficial de identificação com foto (dupla
identificação).
- A exigência da dupla identificação foi julgada inconstitucional pelo STF, para
eliminar a exigência de apresentação do título de eleitor.
- Hoje, para votar, basta apresentar documento oficial de identificação com
foto. Se apresenta só o título de eleitor não vota.

CARACTERÍSTICAS GERAIS DO DIREITO DE VOTO

1. DIRETO

 A única hipótese de eleição indireta prevista pela CF é a situação de


dupla vacância prevista no art. 81, CF, em que os representantes eleitos
(deputados e senadores) é que irão escolher o Presidente e o vice.
- “Mandato-tampão”.
- Em qualquer situação de eleição indireta (Presidente e vice) os eleitos apenas
completam o período de seus antecessores.

 Na hipótese de Territórios Federais, quem escolhe o respectivo


governador é o Presidente da República.
- Também não seria caso de eleição direta.
- Presidente indica um nome, que será submetido à sabatina do Senado Federal.
- Como atualmente não temos Territórios no Brasil, essa regra não vem sendo
aplicada.

2. SECRETO

 Regra do voto secreto não se aplica às deliberações parlamentares. A


regra geral das deliberações parlamentares na Câmara e no Senado é a
votação aberta, ostensiva.
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 A ideia da não publicidade é garantir a independência do eleitor na hora


de votar.

 Temática do voto secreto foi muito discutida nos episódios em que o


Supremo analisou a inconstitucionalidade dos projetos que queriam levar
as urnas a imprimirem o voto.
- Um dos argumentos utilizados na época foi que, se a urna imprimisse um
recibo, isso comprometeria o sigilo da votação.
- Sempre que se fala em um modelo misto de votação (urna eletrônica +
comprovante impresso) surge a questão da violação do voto secreto.

 A exceção prevista no art. 76 da Lei nº 13.146/2015, a rigor, seria a única


exceção que quebraria o princípio do voto secreto.

3. UNIVERSAL

 Voto censitário: aquele concedido apenas a determinado grupo de


pessoas que comprovassem certas posses.

 Há imposição de uma idade mínima, mas não limitação máxima de idade,


apenas passa a ser facultativo.

4. PERIÓDICO

 A existência de mandatos por prazo fixo é uma das características típicas


da República – chefe de Estado ET (eletivo e temporário).

5. LIVRE

 Crítica: quando o sistema eleitoral é ruim, compromete a questão do


voto livre.
- Ex.: sistema proporcional, com a figura do “puxador de votos”.
- Para o professor, seria necessário evoluir para um sistema de votos distrital, de
preferência puro, para evitar esse tipo de situação.

 Não existe nenhuma consequência prática, no resultado da eleição, entre


votar branco ou nulo, pois todos os cálculos são feitos com base nos
votos válidos.
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- O que pode acontecer é que, se o TSE anula os votos de um determinado


candidato e esse candidato recebeu mais da metade dos votos, a eleição deverá
ser refeita.

6. PESSOAL

7. IGUALITÁRIO (VALOR IGUAL PARA TODOS)

CAPACIDADE ELEITORAL PASSIVA

CONDIÇÕES DE ELEGIBILIDADE (ART. 14, §3º CF)

 Condições que devem ser preenchidas para exercer a capacidade


eleitoral passiva.

1. NACIONALIDADE BRASILEIRA

 A questão do português equiparado está suspensa, pois só seria possível


se houvesse o mesmo direito em favor de brasileiros (reciprocidade).

2. PLENO EXERCÍCIO DOS DIREITOS POLÍTICOS

3. ALISTAMENTO ELEITORAL

 Candidato deve comprovar que está inscrito na circunscrição


competente, realizada na Justiça Eleitoral através do título de eleitor.
- Importante pois se, por exemplo, o domicilio eleitoral é Porto Alegre, não
poderá ser candidato a prefeito de São Paulo.

 Deve estar alistado, pois se não está alistado não é eleitor e se não é
eleitor não é candidato.

4. DOMICÍLIO ELEITORAL NA CIRCUNSCRIÇÃO

OBS - crítica: para moralizar o processo eleitoral brasileiro, a Justiça Eleitoral


deveria inviabilizar candidaturas daquelas pessoas que são nitidamente
identificadas com uma região, mas fraudam isso para se candidatarem em
outras.
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 Atualmente, o prazo mínimo de domicílio na circunscrição que a


legislação eleitoral exige do candidato é de 6 MESES (e não mais de um
ano).
- Alteração trazida pela Lei nº 13.488/2017.

5. FILIAÇÃO PARTIDÁRIA

 A filiação a algum partido político é obrigatória para a candidatura, mas


depois que entra não é obrigado a ficar.
- Inclusive o Presidente, atualmente, não é vinculado a nenhum partido.

6. IDADE MÍNIMA PARA CANDIDATURA

 A idade varia de acordo com o cargo objeto da candidatura – art. 14, VI,
CF (requisito objetivo).

DIREITOS POLÍTICOS NEGATIVOS

IMPEDIMENTOS ÀS CANDIDATURAS

1. INELEGIBILIDADES

 A inelegibilidades ABSOLUTAS afastam toda e qualquer hipótese de


candidatura, enquanto que as RELATIVAS afastam algumas
possibilidades, mas não outras.
- Inelegibilidades relativas permitem o acesso a alguns cargos, apenas.

 A ideia das inelegibilidades é: se afasta a condição de alguém se


candidatar, afasta logicamente a condição dessa pessoa se eleger.

 Toda e qualquer situação que preveja uma inelegibilidade, seja ela


absoluta ou relativa, somente pode ser prevista pela CONSTITUIÇÃO ou
em LEI COMPLEMENTAR.
- Ex.: Lei da Ficha Limpa (Lei Complementar nº. 135 de 2010).

INELEGIBILIDADES RELATIVAS

Em decorrência da função exercida (motivos funcionais)


- Art. 14, §6º, CF.
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- Quando a pessoa ocupa uma função que a impede de concorrer a alguns


cargos.
- Chefes do Poder Executivo (Prefeitos, Governadores ou Presidente da
República), vices não são atingidos.
- STF entende que se o vice assume como titular em dado momento, o período
em que ficou como titular conta como se fosse um mandato inteiro caso venha
a se candidatar futuramente como chefe do Executivo.
- Instrumento de desincompatibilização: se a pessoa é chefe do Executivo e
quer se candidatar a outro cargo, deve se desincompatibilizar, ou seja, sair do
cargo até seis meses antes do pleito (é como se renunciasse, se perder a eleição
futura não volta para o cargo a que abriu mão).
- Se chefe do Executivo quer concorrer à reeleição não precisa se
desincompatibilizar, somente se quiser concorrer a outro cargo.

Em decorrência de grau de parentesco (inelegibilidade reflexa)


- Art. 14, §7º, CF.
- A ideia que está por trás dessa inelegibilidade é evitar que famílias se
perpetuem no poder, ou seja, usar o grau de parentesco como forma de trazer
os parentes para o poder, ainda que por meio do voto.
- Inelegibilidade não é para o chefe do Executivo, é para seus parentes.

MUNICÍPIO ESTADO UNIÃO


PREFEITO GOVERNADOR PRESIDENTE DA
Parentes até 2G Parentes até 2G REPÚBLICA
impossibilitados de se impossibilitados de se Parentes até 2G
candidatar a: candidatar a: impossibilitados de se
- Prefeito e; - Prefeito; candidatar a nenhum
- Vereador. - Vereador; cargo.
* Âmbito do município - Governador;
do Prefeito. - Deputado Estadual;
- Deputado Federal e;
- Senador.
* Parente somente
poderá se candidatar a
Presidente da República.
* Referente ao mesmo
estado, se concorre em
outro não tem problema.
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- Jurisdição maior “engole” a menor, no sentido de englobar os cargos.


- Se a pessoa já se elegeu enquanto o parente não era Prefeito, Governador ou
Presidente, não é retirado dela o direito de reeleição.
- Não engloba parentes do vice e auxiliares, nem Ministros, Secretários de
Estado ou do Município. No caso dos vices, se o interino ficou como definitivo
por um tempo atrai a inelegibilidade.
- No caso atual, os filhos do Presidente poderão se recandidatar, pois quando
foram eleitos o pai não era Presidente.
- Se em algum momento houve parentesco, a regra é mantida.

Se o candidato for militar

*** Matéria muito cobrada em concurso, atentar!

- Art. 14, §8º, CF.


- “Militar alistável” é o militar de carreira.
- No caso de mais de 10 anos de serviço, se a autoridade superior deferir, o
militar passa ao estado de agregação, que é uma espécie de limbo, não perde o
posto, é como se fosse uma licença. Se eleito, passará automaticamente, no ato
da diplomação, para a inatividade; se não for eleito, reassume o posto.
- Há um nó na CF no que diz com a questão da necessidade do candidato
militar estar filiado a partido, resultado de uma omissão que precisaria ser
corrigida (contradição entre os artigos 142, §3º e 14, §3º).
- Por conta disso, TCE definiu que, para militar que tiver mais de dez anos de
serviço e quer se candidatar, a partir do momento em que vai para o estado de
agregação, há uma autorização para partido inscrever o nome do militar na lista
de candidatos. Se ele for eleito passa à inatividade e se filia ao partido, mas
enquanto está apenas disputando, tecnicamente, não é filiado.

 Art. 14, §10, CF: AIME – Ação de Impugnação de Mandato Eletivo.


- Não admite tutela provisória.
- Impugna a chapa, que é una (titular e vice).

PRIVAÇÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS

 Quando uma pessoa é privada dos seus direitos políticos, isso abrange
tanto o direito de votar (capacidade eleitoral ativa), quanto de ser votado
(capacidade eleitoral passiva).
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 Na prática, a perda definitiva dos direitos políticos equivale a uma


cassação, mas de acordo com a CF DIREITOS POLÍTICOS NÃO PODEM
SER CASSADOS (art. 15, CF).
- É possível a cassação de mandato, mas nunca de direitos políticos.

 Art. 15, IV, CF: perda dos direitos políticos em razão da recusa de cumprir
obrigação a todos imposta ou prestação alternativa.
- O alistamento é obrigatório, o serviço militar não, pois pode ser dispensado.
- Doutrina entende que é caso de perda definitiva, pois enquanto a pessoa não
regularizar a situação, não poderá votar, nem se candidatar (não tem uma
duração definida) – há controvérsias.

 Teoricamente, prisões cautelares/provisórias/preventivas não levam à


suspensão dos direitos políticos (art. 15, III, CF fala em “trânsito em
julgado”).
- O que pode acontecer, na pratica, é que a pessoa não vai conseguir votar por
estar com a liberdade restrita.

 No caso do impeachment da Presidente Dilma, o Min. Ricardo


Lewandowski, que presidia a sessão, interpretou o trecho “perda do
cargo, com inabilitação” como e/ou, sustentando que uma coisa era
independente da outra.
- No entendimento do professor, CF coloca uma coisa como consequência da
outra.
- Decisão polêmica, que foi objeto de uma ADPF, a qual foi engavetada pelo
Supremo e nunca mais foi julgada.
- Ex-presidente até concorreu como Senadora em outra eleição.

 Art. 16, CF busca evitar alterações casuísticas, ou seja, modificar as regras


da eleição já pensando na próxima.

PARTIDOS POLÍTICOS
(ART. 17, CF)

 Pela redação do art. 17, verifica-se que a CF garante uma ampla liberdade
partidária, mas essa liberdade não é absoluta, é relativa.
- Apesar de os partidos terem muita margem de manobra, eles sempre devem
observar a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os
direitos fundamentais da pessoa humana e os preceitos previstos na CF.
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 A inobservância das restrições previstas no art. 17 pode gerar o


indeferimento do registro partidário ou a até o cancelamento, se um
partido já existe afronta contra a Constituição dessa forma.

REGRAS DOS PARTIDOS POLÍTICOS

I. CARÁTER NACIONAL;
- Não se admitem no país partidos regionais, não pode haver um partido com
atuação em apenas um estado, por exemplo.
- Por conta do caráter nacional é que devem ter uma executiva nacional.

II. PROIBIÇÃO DE RECEBIMENTO DE RECURSOS FINANCEIROS DE


ENTIDADE OU GOVERNO ESTRANGEIROS OU DE SUBORDINAÇÃO A
ESTES;
- Sem comprovado que um partido recebeu dinheiro de um governo ou
organização estrangeira, terá seu registro partidário cancelado.

III. PRESTAÇÃO DE CONTAS À JUSTIÇA ELEITORAL;


- É comum a aprovação das contas pela JE com ressalvas (crítica: ou aprova ou
não aprova, deveria ser mais dura nesse ponto).

IV. FUNCIONAMENTO PARLAMENTAR DE ACORDO COM A LEI.


- Lei dos Partidos Políticos (Lei nº 9.096/95).

 Art. 17, § 1º CF – Autonomia e coligações.


- Coligações ocorrem quando os partidos disputam eleições coligados.
- A EC 97/2017 proibiu coligações em eleições proporcionais, sendo possíveis,
atualmente, apenas nas eleições majoritárias (Presidente, Governadores,
Prefeitos e Senadores).
- Alteração no art. 17, §1º, trazida pela EC 97/2017, tinha o objetivo de evitar
que todos os votos válidos de uma coligação atrapalhassem os critérios do
eleitor, pois os votos eram distribuídos em todos os partidos da coligação.
- No ano de 2020 é que vamos ver como isso irá funcionar pela primeira vez
(teste muito grande para as pequenas legendas, dificulta a situação dos partidos
pequenos).
- Em razão do afastamento das coligações nas eleições proporcionais, a
tendência é que todos os pequenos partidos indiquem candidatos a Prefeito
para não perder palanque (pulverização das candidaturas na majoritária para
Prefeito).
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MONITOR Valéria Barth Fagundes DATA 04/06/2020


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- “Sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito


nacional, estadual, distrital ou municipal” – Princípio da Verticalidade nas
Coligações, que exigiria que, nas eleições majoritárias, as coligações no âmbito
federal se reproduzissem nos estados (não é obrigatório no Brasil, não vige o
principio).
- Defende-se que os partidos no Brasil têm muitas singularidades e
peculiaridades no âmbito regional, por isso não é vigente o Princípio da
Verticalidade.

 A Lei nº 9.096/95 (art. 8º) determina que o partido adquire personalidade


jurídica no momento em que seus atos constitutivos são registrados no
Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas.
- A personalidade do partido político surge com o registro, mas para que o
partido possa atuar de forma efetiva, é necessária formalização registro de seus
estatutos perante o TSE.
- Cartório apenas registra a PJ, é o TSE que irá confirmar se o partido preenche
os requisitos legais (art. 17, §2º, CF).
- Enquanto pende de análise o segundo passo junto ao TSE, o partido existe,
mas não pode atuar.
- Com o registro no TSE se dá o funcionamento partidário regular.

 Partidos políticos são pessoas jurídicas de direito privado.

 O ato do TSE que analisa o pedido de registro partidário não tem caráter
jurisdicional, mas sim administrativo, razão pela qual não pode ser
impugnado por meio de recurso extraordinário.
- Poderia ser impetrado mandado de segurança, por exemplo.

 Art. 17, §3º, CF: somente àqueles devidamente registrados no TSE.

 Art. 17, §4º - É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização


paramilitar.
- Paramilitar: organizações semelhantes aos militares, fora das forças armadas e
forças policiais regulamente constituídas (“para” de paralelo ao Estado).
- O mero nome não transforme uma organização em paramilitar, muito embora
sempre gera uma polêmica na hora de decidir o registro partidário no TSE
(deve-se verificar qual a finalidade).
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 No ano de 2006, o STF julgou inconstitucional a cláusula de barreira ou


cláusula de desempenho.
- Essa declaração gerou uma inflação partidária, que só contribui para tumultuar
o processo eleitoral.
- Países de sólida tradição democrática tem cláusula de barreira, como a
Alemanha, por exemplo.
- O grande número de pequenos partidos acabou por gerar uma inexistência de
maiorias parlamentares, hoje temos um conjunto de minorias que acaba por
dificultar a tomada de decisões.

FIDELIDADE PARTIDÁRIA

 CF não estabelece quais são as regras que levam à perda do mandato no


caso de infidelidade partidária, remetendo à legislação
infraconstitucional.
- TSE tem várias resoluções nesse sentido.

 Atinge apenas as eleições proporcionais. Presidente, Governadores,


Prefeitos e Senadores não se prejudicam, pois a eleição é majoritária.

 CLÁUSULA DE DESEMPENHO restringe, não o acesso à vaga, mas o


acesso ao fundo eleitoral e partidário de partidos que não tiverem
determinado desempenho.
- Novidade trazida pela EC 97/2017.
- Não chega a ser uma cláusula de barreira, pois permite eleger, mas tenta
estrangular do ponto de vista financeiro (mais suave).
_____________________________________________________________________________________

REFERÊNCIAS LEGISLATIVAS

- CF: artigos 1º; 5º, VIII; 12, §3º; 14-17; 33, §3º; 37, §4º; 42, §1º; 49, XV; 52, §
único; 61, §2º; 81, §§1º e 2º; 84, XIV; 95, p.ú. III; 128, §5º; 142, §3º; 143; 150, VI,
“c”; 226, §3º.
- Lei nº 6.880/80 (Estatuto dos Militares): artigos 80, 82.
- Lei nº 9.096/95: artigo 8º.
- Lei nº 9.709/98: artigo 3º; 18, §§3º e 4º.
- Lei nº 13.146/2015: artigo 76.
- LC 64/90: artigo 1.º, I, “b”.
- Resolução TSE 22.156: artigo 10, §2º.
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- Súmulas Vinculantes: 18, 52.


_____________________________________________________________________________________

PERGUNTAS E ESCLARECIMENTOS SOBRE A AULA

- Na saída do Senador, assumem os suplementes que, em verdade, não são


votados e isso é comum. Questiona-se a legitimidade dessa prática e discute-se
então se essa situação não seria uma fraude, ou seja, se o Senador “cabeça de
chapa” não era um laranja, para que o suplente assumisse posteriormente.
- Parentes até 2º grau dos chefes do Executivo não podem se candidatar nem a
vice, não podem participar de eleição (observada a questão dos cargos). O que
pode ocorrer é a candidatura de parentes dos vices, visto que o caráter reflexo
se dá apenas em face dos Chefes do Executivo.
- O acesso ao rádio e à televisão é gratuito para o partido, mas isso não
significa que não seja pago o espaço, a emissora e a rádio são remuneradas.
Valor sai do fundo partidário.
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RESUMO1

[Ponto 2 Resolução CJF nº 067/2009]


Os Estados-membros na Constituição. Organização, natureza e conteúdo da
autonomia constitucional do Estado-membro. Competências estaduais.
Intervenção federal nos Estados-membros, no Distrito Federal e nos
Territórios. Os Municípios na Constituição. Competência municipal,
organização política e administrativa dos Municípios. Intervenção nos
Municípios. Representação de inconstitucionalidade interventiva.

CRIAÇÃO DE ESTADOS, MUNICÍPIOS E TERRITÓRIOS FEDERAIS

*** Forma federativa de Estado será aprofundada em outra aula.

 A federação parte do ideal de descentralização territorial do poder


político e administrativo.
- País é dividido em regiões (Estados, Municípios e DF), às quais são atribuídos
poderes políticos e administrativos.

 Somos uma federação atípica no mundo, pois possuímos quatro entes


federativos: União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
- Normalmente, as federações possuem dois entes: União e Estados.

 A característica basilar da nossa federação é a AUTONOMIA dos entes


federativos, na forma da Constituição (art. 18, CF).

 A federação está protegida na nossa Constituição como cláusula pétrea –


art. 60, §4º, I, CF.
- É terminantemente proibida a abolição da forma federativa de Estado.

CRIAÇÃO DE ESTADOS
(Art. 18, §3º, CF)

 As situações de incorporação, subdivisão e desmembramento


pressupõem que a massa territorial brasileira, no seu quantitativo
mínimo, ficará preservada.
1
Este é um material complementar elaborado por aluno monitor regularmente matriculado no curso. Seu conteúdo está
sujeito a equívocos e revisões.
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- Não pode acontecer uma mudança na federação para que haja perda de
território, pois implicaria na extinção da federação.

 Sempre que houver uma tentativa de incorporação, subdivisão e


desmembramento entre Estados, o Congresso Nacional é obrigado a
realizar plebiscito para oitiva da população interessada.
- Não há discricionariedade nessa situação (exceção no sistema).

1. INCORPORAÇÃO:

 Quando dois ou mais Estados deixam de existir


para criarem um novo Estado.
- Um novo Estado incorpora outros, anteriormente
existentes.

2. SUBDIVISÃO

 Um Estado deixa de existir para dar lugar a dois


ou mais novos Estados.
- Um Estado desaparece e no seu lugar surgem outros
Estados, dependendo no número de Estados
subdivididos.

3. DESMEMBRAMENTO

 Ocorre quando o Estado original perde uma parte de seu território e de


sua população.

 Essa forma de criação dá início a duas situações possíveis: ou a parte


desmembrada vira um novo Estado, ou se integra a um terceiro Estado já
existente.
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TENTATIVA DE DESMEMBRAMENTO DO ESTADO DO PARÁ EM 2011

 Em 2011 se tentou fazer um desmembramento do Estado do Pará, para


que surgissem dois novos Estados (Tapajós e Carajós).

 Na região metropolitana do Estado do Pará, onde fica a capital Belém, o


“não” ao desmembramento foi maciço, ao passo em que nas regiões
menos habitadas a solução foi contrária, ou seja, o “sim” prevaleceu.

 Em um primeiro momento, tentou-se consultar apenas a população das


regiões que tinham interesse em se desmembrar, o que acabou levando
à anulação pelo STF.

CRIAÇÃO DE MUNICÍPIOS
(Art. 18, §4º, CF)

 No caso de criação de Municípios, a realização de plebiscito, para


consulta da população diretamente interessada, também é obrigatória.

 A Lei 10.521/2002 assegura a instalação de Municípios criados por lei


estadual, mas até hoje o Congresso não editou a Lei Complementar a
que se refere o §4º do artigo 18. Por conta disso, tivemos no Brasil
muitos problemas relativos à criação de Municípios na última década.
- A matéria até chegou a ser objeto de ADO, mas nada foi resolvido.
- Na oportunidade, o Supremo não apenas reconheceu a omissão
inconstitucional nesse caso, como, de uma forma bem ativista para época,
chegou a impor um prazo de 18 meses ao Congresso para que editasse a lei,
porém nada aconteceu.

 Em vez de o Congresso editar a Lei Complementar e atender a


determinação no STF, editou a EC 57/2008 do ADCT, criando o art. 96.
- Na prática, o artigo 96 significa que, todos os Municípios criados até
31/12/2006, independentemente da existência da LC referida no art. 18, §4º, CF,
foram convalidados.

OBS: o ADCT era para ter virado, há muito tempo, “peça de museu”, porque
destinava-se a fazer a transição da ordem constitucional anterior para a atual.
Porém, tamanhos são os casos de mora legislativa do Congresso Nacional, que
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o ADCT até hoje não só é aplicado como também teve que ser objeto de
algumas emendas para não ficar desatualizado.

TERRITÓRIOS FEDERAIS

 ATENTAR: Territórios não são entes da federação. Integram a União, não


são autônomos como Estados e Municípios.

 Após um território ser criado por Lei Complementar, uma Lei Ordinária
deverá dispor sobre sua organização administrativa e judiciária.

 Roraima e Amapá, antigos territórios que foram transformados em


Estados, possuem algumas peculiaridades no sentido de socorro federal
(verba federal).
- Contam com fundos federais para administração e remuneração dos seus
serviços de segurança pública (polícias militares e civis, bombeiros militares,
etc.).
- Assimetria na federação.
_____________________________________________________________________________________

INTERVENÇÃO FEDERAL

 A matéria da intervenção federal é uma matéria que questiona os limites


da autonomia de cada ente da federação.

 “REGRA DOS IRMÃOS”: irmão menor não bate no maior, apanha do


maior.
- União intervém nos Estados, DF e nos Municípios de territórios federais
(exceção); Estados podem intervir nos Municípios.
- União não pode intervir nos Municípios tradicionais, somente dos territórios,
pois quem intervém nos Municípios são os Estados.
- Não pode acontecer intervenção cruzada.

HIPÓTESES DE INTERVENÇÃO FEDERAL

Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:

I. MANTER A INTEGRIDADE NACIONAL;


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- Sempre que um Estado da federação quiser se rebelar e abandonar a


federação, violando o Princípio da Secessão (movimentos separatistas, por
exemplo).

II. REPELIR INVASÃO ESTRANGEIRA OU DE UMA UNIDADE DA FEDERAÇÃO


EM OUTRA;

III. PÔR TERMO A GRAVE COMPROMETIMENTO DA ORDEM PÚBLICA;


- A intervenção no RJ em 2018 não teve a mesma amplitude, em termos de
poderes, do que a de Roraima: no RJ o Governador permaneceu no cargo,
apenas tendo seus poderes reduzidos, ao contrário da Governadora de Roraima,
que foi removida do cargo.

IV. GARANTIR O LIVRE EXERCÍCIO DE QUALQUER DOS PODERES NAS


UNIDADES DA FEDERAÇÃO;
- Previsão no art. 36, I, CF de quem pode requerer essa intervenção.
- Na prática, quem vai requerer ao Presidente será o Poder que se encontra
como vítima da coação.

V. REORGANIZAR AS FINANÇAS DA UNIDADE DA FEDERAÇÃO: alíneas a) e


b).
- A previsão da alínea “a” é praticamente letra morta na Constituição, pois a
suspensão de dívida fundada por mais de dois anos é muito comum em todos
os Estados (questão dos precatórios, por exemplo). Todas as tentativas de
intervenção que foram requeridas junto ao STF para forçar os Estados a pagar
suas dívidas foram julgadas improcedentes, sempre sob o argumento de que
“não paga não porque não quer, mas por força maior, porque não pode”.
- O caso da alínea “b”, seria, por exemplo, ausência de repasse dos Estados ao
Município o que lhe cabe da fatia do ICMS ou do IPVA.

VI. PROVER A EXECUÇÃO DE LEI FEDERAL, ORDEM OU DECISÃO JUDICIAL;


- Rebeldia, recusa de cumprimento de lei federal ou decisão judicial.
- Quando o Estado se recusa a cumprir lei federal, a CF exige, para a decretação
da intervenção, ajuizamento de REDin, prevista no art. 36, III, CF (no caso de
desobediência à ordem ou decisão judiciária não é necessário – art. 36, II, CF) –
1ª HIPOTÉSE **.

VII. ASSEGURAR A OBSERVÂNCIA DOS SEGUINTES PRINCÍPIOS


CONSTITUCIONAIS: alíneas a) a e).
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- Inciso VII consagra aquilo que a doutrina costuma chamar de Princípios


Constitucionais “Sensíveis”, pois abriga nas alíneas assuntos tão importantes
para a ordem constitucional que, caso sejam violados, é como se toda a ordem
constitucional sentisse.
- A alínea “b” talvez seja o fundamento constitucional que mais ensejou, na
história brasileira, requerimentos de intervenção federal, dos quais nenhum foi
julgado procedente pelo STF, sobretudo na matéria relativa a violação de
direitos humanos no sistema penitenciário brasileiro.
- Quando há violação de Princípios “Sensíveis”, a futura decretação de
intervenção também depende de ajuizamento de REDin (art. 36, III CF) – 2ª
HIPÓTESE **.

 Existem duas hipóteses onde a intervenção federal deve,


obrigatoriamente, ser precedida do ajuizamento de REDin: quando o
Estado se recusa a cumprir lei federal e quando o Estado viola um ou
mais princípios previstos no inciso VII do art. 34, CF.

DECRETO DE INTERVENÇÃO
(Art. 36, CF)

 A intervenção federal se consuma por meio de um decreto presidencial


que autoriza e delimita os contornos da intervenção.
- Nesse decreto deverá ser indicada em qual das hipóteses do art. 34 está
fundada a intervenção.
- Decreto contém todas as regras da intervenção.

 Toda intervenção deve obedecer a um prazo, que será indicado no


decreto de intervenção.
- Não pode ser por prazo indeterminado.

 Dependendo da intervenção, o Presidente irá nomear um interventor, de


sua confiança, que vai remover provisoriamente o Governador eleito e
assumir a administração no Estado que está sofrendo a intervenção.
- No caso do RJ, o Governador permaneceu no cargo, mas foi removido de todo
e qualquer poder na pasta da segurança pública. O interventor nomeado pelo
Presidente foi quem assumiu a SSP do Estado.

 O decreto, obrigatoriamente, deve ser submetido à apreciação do


Congresso Nacional no prazo de 24 horas, o que significa que o
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Congresso exerce, via Câmara dos Deputados e o Senado Federal, o


controle político da intervenção.
- Controle político, pois se o Congresso não autoriza, o decreto é derrubado e a
intervenção não ocorre ou vai ser imediatamente suspensa.
- A apreciação pela Assembleia Legislativa do Estado a que se refere o §1º do
art. 36 é referente aos casos de intervenção de Estados em Municípios.

 DUPLO CONTROLE: primeiro pelo Presidente da República, que analisa a


necessidade da intervenção e expede o decreto, e após pelo Congresso.

 A expedição do decreto de intervenção é de competência privativa do


Presidente – art. 84, X, CF.
- Em nenhuma hipótese, nem mesmo naquelas de REDin, a intervenção federal
deixa de ser competência do Presidente. SEMPRE, em todas as hipóteses, quem
decreta e quem executa da intervenção é o Chefe do Executivo e não o STF.

 Conselhos da República e de Defesa Nacional devem ser


obrigatoriamente consultados pelo Presidente – artigos 90 e 91, §1º, CF.
- No caso da intervenção federal no Estado do RJ, a consulta aos Conselhos foi
feita após a intervenção, sob o argumento de que a CF exige a oitiva, mas não
define o momento (STF, na época, não se manifestou contra essa situação).
- Ideal é que os Conselhos sejam consultados antes de decretada da
intervenção.

 A intervenção federal, estado de defesa ou estado de sitio constituem o


que chamamos de LIMITAÇÃO CIRCUNSTANCIAL AO PODER
CONSTITUINTE DERIVADO.
- Nos termos do art. 60, §1º, CF, não poderão ser aprovadas emendas
constitucionais enquanto vigorar no país intervenção federal, estado de defesa
ou estado de sítio.
- A deliberação sobre emendas pode existir, o que não pode é colocá-las em
votação.
- Limitação circunstancial em razão de circunstâncias imprevisíveis, que não se
sabe quando e se vão ocorrer e quanto tempo vai durar. Constituinte entendeu
que são momentos marcados por crise e, portanto, não é recomendável mexer
na Constituição durante essas situações.

OBS: LIMITAÇÃO TEMPORAL, período da revisão constitucional que permite


uma emenda constitucional ser aprovada de maneira facilitada e não permite
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em períodos fora da revisão (proibitivos de emenda); LIMITAÇÃO MATERIAL é


aquela decorrente das cláusulas pétreas, protegendo matérias que não podem
ser objeto de abolição.

 Para que a intervenção federal cumpra seu papel, eventualmente se


recorre a tropas militares, o que NÃO TRANSFORMA a intervenção
federal em intervenção militar, que, inclusive, não existe.
- Da mesma forma, o fato de um militar figurar como interventor também não
torna a intervenção federal em militar.

GLO – GARANTIA DA LEI E DA ORDEM


(Art. 142, CF)

 O emprego das forças armadas em missões de garantia da lei e da ordem


não depende, necessariamente, de um procedimento de intervenção
federal.
- Ex.: reforço da segurança pública em época de votação, copa do mundo, etc.
- O que pode acontecer é que, durante o curso da intervenção federal, o
Presidente determine uma missão de GLO.

 Não se trata de intervenção militar, é uma autorização dada pelo


Presidente da República para que as forças armadas atuem, de modo
esporádico, em missões de reestabelecimento da ordem pública e da
segurança.

 GLO sempre tem prazo (episódica e por tempo limitado) e a atuação se


dá em área específica (área restrita).

 As forças armadas devem assegurar o funcionamento regular das


instituições e não serem utilizadas com o intuito de fechá-las.
_____________________________________________________________________________________

REPRESENTAÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE INTERVENTIVA


(REDIN)
(REPRESENTAÇÃO INTERVENTIVA)
(AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE INTERVENTIVA)

 É instrumento jurídico necessário à decretação da intervenção federal nas


hipóteses de recusa do Estado em cumprir lei federal ou violação de
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algum Princípio Constitucional “Sensível”, previsto no inciso VII do art. 34,


CF.
- Art. 2º, da Lei nº 12.562/2011.

 Está prevista no art. 36, III, CF e assim como as ações diretas, conta com
uma lei infraconstitucional, que é a Lei nº 12.562/2011, que a
regulamenta.

 A REDin é uma espécie de “mãe” da ADI, pois antes da CF/88 o


questionamento em abstrato da constitucionalidade de normas ou
outras situações concretas era feito por meio de REDin.

 REDin está situada entre o controle abstrato e concreto, pois toda


intervenção federal envolve fatos concretos, ao mesmo tempo em que é
ajuizada diretamente no STF (competência originária do Supremo).

COMPETÊNCIA DA REDIN

NÃO ESQUECER: STF não decreta intervenção, apenas verifica se estão


presentes os pressupostos para a futura decretação da intervenção, autorizando
o Presidente da República a fazê-lo.

 Na dupla hipótese de REDin, a CF estabelece um sistema cheio de


freios/balizas para dificultar ao máximo a decretação de intervenção
federal em uma hipótese não autorizada pela Constituição.
- Primeiro o PGR deve tomar inciativa de ajuizar a REDin, após o STF deve julgá-
la procedente. Uma vez julgada procedente, o Presidente deve expedir o
decreto, que ainda passa pelo Congresso para que seja autorizado.

 No caso de INTERVENÇÃO ESTADUAL, a competência para julgamento é


do Tribunal de Justiça do Estado.

LEGITIMIDADE ATIVA REDIN

 O PGR tem total autonomia e discricionariedade para formar o seu


convencimento, cabendo a ele avaliar argumentos de ordem de
conveniência e oportunidade para decidir se ajuíza a representação ou
não.
- Se decide por não ajuizar, nada acontece.
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- PGR é o chefe do MP federal.

INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL

 Ainda restam controvérsias acerca do prazo para agravo previsto no art.


4º da Lei nº 12.562/2011, se teria sido alterado a partir do NCPC, que
unificou os prazos recursais para 15 dias.

MEDIDA LIMINAR EM REDIN

 A decisão que defere a MEDIDA LIMINAR na REDin deve ser por maioria
absoluta dos membros, ou seja, pelo menos 6 Ministros (art. 5, da Lei).
- O papel da medida liminar em uma REDin é o papel que o STF quiser, pois a
lei define que a medida, além de suspender o andamento de processos ou os
efeitos de decisões judiciais ou administrativas, poderá consistir em qualquer
outra medida.
- Na prática, os efeitos da liminar são determinados, em cada caso, pelo próprio
STF.

OBS: o AGU e o PGR são autoridades que costumam se manifestar nos


processos que tramitam no STF. O PGR em todos e o AGU particularmente
naqueles processos que demonstram a existência de inconstitucionalidades,
pois o AGU é o defensor da lei.

TENTATIVA DE COMPOSIÇÃO DO CONFLITO PELO STF

 A previsão do art. 6º, §2º da Lei nº 12.562/2011 obriga o relator a chamar


a partes (PGR e Governador do Estado, ou quem sabe o Presidente da
República) para que seja realizada uma tentativa de conciliação.

AMICUS CURIAE EM REDIN

OBS: o Amicus Curiae (amigo da corte) são todas aquelas pessoas e entidades
que, pela sua experiência, trajetória e atuação na área da matéria objeto de
discussão, podem contribuir para a solução do litigio, fornecendo um ponto de
vista balizado e auxiliando o Tribunal na busca da melhor decisão.
- Não são partes, são colaboradores.
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 A admissão de um “amigo da corte” sempre fica a critério do relator,


cabe somente a ele dizer se acha pertinente ou não – art. 7º, da Lei nº
12.562/2011.
- Decisão irrecorrível.

FASES DA REDIN

1. FASE JURISDICIONAL

- Art. 36, III, CF.


- Jurisdicional, pois é nessa fase que o processo que substancia a REDin vai dar
ao STF a oportunidade de julgá-lo procedente ou não.
- Se o STF entende que as alegações do PGR são concludentes e a conciliação
restar infrutífera, a representação é julgada procedente.
- O STF, ao julgar procedente a representação, apenas atesta que estão
presentes os requisitos constitucionais que autorizam a futura intervenção, não
nulificando o ato que a ensejou.
- Presidente da República não é obrigado a decretar a intervenção após o
Supremo julgar procedente a REDin, mas deverá dar uma resposta ao STF
quanto às medidas cabíveis em face da requisição de intervenção realizada (art.
36, §§1º ou 3º, CF).
- Em princípio, é possível a desistência pelo PGR após o ajuizamento da REDin,
mas a Lei nº 12.562/2011 silencia quanto a isso.

2. FASE DE INTERVENÇÃO (SEM CONTROLE POLÍTICO)

- Art. 36, §3º, CF.


- Intervenção suave ou branda, pois não se trata de uma intervenção
propriamente dita.
- Se o Presidente, por meio de um decreto, conseguir anular o ato estadual que
justificaria a intervenção, é possível que não haja a decretação da intervenção,
com o envio do interventor e outras medidas mais duras.
- Não há uma obrigatoriedade ao Presidente de tentar resolver as coisas por
decreto, deve perceber que isso é possível. Se isso se mostrar desde o início
como improvável, parte direto para a fase 3.

3. FASE DA INTERVENÇÃO EFETIVA E DO CONTROLE POLÍTICO

- Art. 36, §1º, CF.


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- Caso de intervenção propriamente dita.


- Como, nessa situação, já ocorre uma quebra considerável da autonomia do
ente federativo, é necessário, segundo a CF, que exista o controle político, feito
pelo Congresso Nacional em face do decreto presidencial de intervenção.

 Durante a vigência da CF/88 jamais se passou da fase 1 para a fase 2,


pois o Supremo sempre julgou improcedentes as representações do PGR,
principalmente naquela questão de violação a direitos da pessoa humana
nos presídios.

REDIN ESTADUAL
(Art. 35, IV, CF)

 No caso de intervenção de Estado em Município, o descumprimento de


decisão judicial também enseja o ajuizamento de REDin no Tribunal de
Justiça, ao passo em que no modelo federal essa hipótese não necessita
da representação.

 A Constituição Estadual deverá detalhar e dizer quais são os princípios


constitucionais estaduais considerados sensíveis, o que será feito em
função do Princípio da Simetria.
- Princípio da Simetria: espécie de reprodução nas Constituições estaduais do
que assegura a CF.
- A grande maioria das Constituições Estaduais reproduz o artigo 34, VII, CF no
seu texto, apenas fazendo algumas adaptações.

 O procedimento é basicamente o mesmo da intervenção federal, porém


quem vai requerer é o chefe do MP estadual e a competência originária
será do Tribunal de Justiça do Estado.
- Procedimento simétrico.

 Segundo a jurisprudência do Supremo, quando se trata da intervenção


de Estado em Município, por meio de uma REDin Estadual, a decisão do
Tribunal de Justiça que encaminha ou não o pedido de intervenção ao
STF não enseja recurso extraordinário, pois essa decisão não teria caráter
judicial e sim administrativo.
- Eventualmente, uma forma de combater essa decisão seria por meio de
mandado de segurança ou outro instrumento.
_____________________________________________________________________________________
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MONITOR Valéria Barth Fagundes DATA 09/06/2020


CURSO Preparatório para a Magistratura Federal
DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 10
PROFESSOR Marcelo Schenk Duque

REFERÊNCIAS LEGISLATIVAS

- CF: artigos 18; 33; 34-36; 60, §§1º e 4º, I; 84, X; 90; 91; 102, I, f; 129; 132; 142.
- ADCT: artigos 14, 15, 96.
- Lei nº 12.562/2011: artigos 2-7, 9-12.
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PERGUNTAS E ESCLARECIMENTOS SOBRE A AULA

IMPORTANTE: STF sempre entendeu que a divisa entre a naturalização e a


manutenção da condição de estrangeiro era o recebimento, pelo naturalizando,
do certificado de naturalização pelas mãos de um juiz federal em uma sessão
solene, até pela competência conferida pela CF à JF nesse ponto. Entretanto, a
Lei de Migração, no seu art. 73, passou a determinar que a naturalização produz
efeitos após a publicação no Diário Oficial do ato de naturalização, o que gera
dúvida se a entrega do certificado passaria a ser apenas um ato formal
secundário. Deveremos acompanhar, pois ainda não há nenhuma posição do
Supremo nesse sentido.
** Informação site do Ministério da Justiça (disponível em:
https://www.justica.gov.br/seus-direitos/migracoes/nacionalidade-
naturalizacao-e-certidoes/perguntas-frequentes):
“A partir de 21 de novembro de 2017, em razão da vigência da Lei nº
13.445/2017, não são expedidos Certificados de Naturalização mais, passando a
concessão dos direitos da naturalização a surtir efeitos a partir da data da
publicação da Portaria no Diário Oficial da União, conforme disposto no Art. 73
da referida Lei. Assim, os interessados poderão se valer da Portaria para a
obtenção dos direitos adquiridos em razão da Naturalização”.

- As Constituições Estaduais podem prever procedimento simétrico para o


Estado intervir no Município quando desrespeitada lei estadual, mas a
intervenção federal ocorre por recusa do Estado membro de executar lei federal,
nos exatos termos do art. 34, CF.
- A decisão do Presidente é discricionária no sentido de escolher qual das
providências irá tomar após o julgamento de procedência da REDin pelo STF,
mas é obrigado responder à requisição do Supremo.
- A ordem ou decisão judicial descumprida, para fins de intervenção, em
princípio, pode ser provisória.
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MONITOR Valéria Barth Fagundes DATA 09/06/2020


CURSO Preparatório para a Magistratura Federal
DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 10
PROFESSOR Marcelo Schenk Duque

- A solicitação para que sejam decretadas operações de GLO pode ser


proveniente de Chefes dos Poderes, mas a decretação é feita pelo Presidente da
República.
- No caso de desobediência à decisão judicial (art. 36, II, CF), quem vai solicitar é
o Tribunal que se considera desrespeitado. Embora as duas condutas
justifiquem uma intervenção, a previsão do inciso I do art. 36 seria mais grave,
quando um Poder sufoca outro.
- Se as forças armadas forem utilizadas para fechar instituições é considerado
golpe, em razão da ausência de previsão constitucional para tal. Somente
podem atuar nos estritos limites da CF.
- Existem gradações dentro da GLO para quem quiser aprofundar o estudo
(GDO ampliadas).
- Nem toda ilha oceânica é bem da União, se são sede de município integram o
próprio município, de acordo com a CF (ex.: Florianópolis, Ilha Bela).
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MONITOR Valéria Barth Fagundes DATA 12/06/2020


CURSO Preparatório para a Magistratura Federal
DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 11
PROFESSOR Marcelo Schenk Duque

RESUMO1

[Ponto 1 Resolução CJF nº 067/2009]


Forma federativa de Estado. A federação no direito Constitucional em geral.
Sistema brasileiro. Tipologias da federação. Repartição de competências.
União: bens e competência. Competência exclusiva, competência de normas
gerais, competência comum e competência concorrente.

FORMA FEDERATIVA DE ESTADO: O ESTADO FEDERAL

 Matéria típica de Direito Constitucional, muito importante não só com


significado teórico, mas acima de tudo prático.

FORMAS DE ESTADO

 Existem duas formas de Estado possíveis, do ponto de vista da


organização básica: 1) ESTADO FEDERAL e; 2) ESTADO UNITÁRIO.
- A forma de Estado unitário é uma espécie de contraponto ao Estado federal.

 A forma de Estado diz respeito ao modo como cada país, a partir da


regulamentação estabelecida na sua Constituição, estrutura o poder
central e a divisão desses poderes dentro da nação, nas áreas
geograficamente delimitadas (periféricos), ou seja, a federação ou forma
de Estado diz respeito ao modo como se divide territorialmente o poder
no país.
- Territorialmente por conta da divisão do pais em regiões (estados ou
municípios), que recebem parcela de poder político e administrativo.

FEDERALISMO

 A palavra que mais caracteriza a forma federativa de Estado é


DESCENTRALIZAÇÃO, que implica em divisão territorial de poder (político
e administrativo).
- A descentralização do PODER POLÍTICO seria, por exemplo, a permissão que
estados e municípios possuem de escolher seus respectivos dirigentes
(governadores e prefeitos).
1
Este é um material complementar elaborado por aluno monitor regularmente matriculado no curso. Seu conteúdo está
sujeito a equívocos e revisões.
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CURSO Preparatório para a Magistratura Federal
DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 11
PROFESSOR Marcelo Schenk Duque

- Por sua vez, o PODER ADMINISTRATIVO é o poder de se auto administrar.

 Descentralização agrega maior eficiência à gestão do Estado.

FEDERALISMO X FEDERAÇÃO

 Quando se fala em FEDERALISMO se quer transmitir uma experiência


maior ou menor de descentralização do poder político-administrativo,
sem se referir à realidade concreta de algum país.
- Modo genérico.

 Quando se fala em FEDERAÇÃO, está se aplicando esse conceito em uma


realidade específica, ou seja, busca caracterizar um determinado país a
partir da sua experiência de descentralização.

CARACTERÍSTICAS TRADICIONAIS DO ESTADO FEDERAL

1. A UNIÃO DE ENTES FAZ NASCER UM NOVO ESTADO

 Os entes perdem a condição de Estados independentes, pois passam a


pertencer a um todo unificado, formando um novo país.
- Nas federações estudadas, o nome ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA talvez seja
o que melhor exprime essa ideia (eram colônias independentes que se uniram
para formam um novo país).

 A partir do momento em que ingressa na federação, todos adquirem a


cidadania do país e devem ser tratados igualmente.
- Caso se verifique algo diferente nesse sentido, é uma anomalia que
desconfigura o próprio conceito de federação.

2. DESCENTRALIZAÇÃO TERRITORIAL POLÍTICO-ADMINISTRATIVA

 O verdadeiro ideal federativo é aquele generoso do ponto de vista da


descentralização de competências.
- O maior exemplo são os EUA.

 A partir da descentralização, os entes federativos exercem as


competências políticas e administrativas em nome próprio.
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DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 11
PROFESSOR Marcelo Schenk Duque

3. A BASE JURÍDICA DA FEDERAÇÃO É UMA CONSTITUIÇÃO (RÍGIDA)

 A federação é formalizada, tradicionalmente, por um documento de


máxima hierarquia, no caso uma Constituição, justamente para que reste
fortalecida em todos os sentidos, a começar por sua base jurídica.
- Confederações (passo anterior à federação; é união de Estados, mas não tão
rígido) costumam ser celebradas por tratados internacionais.

 As federações são garantidas dentro das Constituições por meio das


cláusulas pétreas.

4. INEXISTÊNCIA DO DIREITO DE SECESSÃO

 Costuma-se dizer que o verdadeiro último ato soberano de um país é


aquele que opta pela federalização, pois até entrar na federação aquele
Estado era verdadeiramente soberano, podendo decidir entre sim e não.
- Depois que entra na federação não tem mais volta.

 O pacto federativo é um instrumento jurídico-constitucional que


consolida a integridade da federação, de forma a impedir que um
estado-membro saia da federação, diminuindo a massa territorial
brasileira.
- A tentativa de retirada ensejará a decretação da intervenção federal no estado
rebelante (art. 34, I CF).

 No Brasil, a preservação da federação ocorre em dois níveis: no nível


CONSTITUCIONAL aparece como cláusula pétrea (art. 60, §4º, I, CF) e no
nível INFRACONSTITUCIONAL, por meio de legislação ordinária e
complementar.

 Todo e qualquer MOVIMENTO SEPARATISTA não está autorizado pela


CF, justamente porque implica na quebra da massa territorial brasileira.
- Eventual diminuição da massa territorial significaria direito de secessão, que
atenta contra a federação.
- Se a massa territorial for preservada e continuar havendo uma
descentralização de poder político-administrativo, ainda estaremos diante de
uma federação, de modo que isso não significa necessariamente a abolição da
federação, mas mera reorganização da estrutura federativa (casos de
incorporação, subdivisão e desmembramento).
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PROFESSOR Marcelo Schenk Duque

 O exemplo canadense nos informa que não se pode mais dizer que a
impossibilidade de secessão é uma característica atual de todos os países
que adotam a forma federativa de Estado.
- Ao contrário do Canadá, a Espanha e a Escócia são países que se formam
como Estados unitários e não como federação, de forma que uma eventual
separação não seria tão traumática, ao menos do ponto de vista da forma
federativa de Estado.

5. SÓ O ESTADO FEDERAL TEM SOBERANIA

- Soberania é um dos fundamentos da República, previstos no artigo 1º da CF.

 Somente o Estado federal, como um todo, detém soberania e


personalidade internacional.

6. REPARTIÇÃO CONSTITUCIONAL DE COMPETÊNCIAS

 Característica que mais “dá trabalho” no dia a dia, sobretudo em face do


problema de vícios de inconstitucionalidade formal que ocorrem quando
um ente da federação exerce uma competência que não lhe é atribuída
ou reconhecida pela Constituição.

 A grande crítica ao federalismo brasileiro se faz em razão da grande


centralização de competências legislativas nas mãos da União.
- Nos chamamos de federação, mas na prática somos muito pobres em
descentralizar poder político-administrativo, é extremamente centralizado.

7. NÃO HÁ HIERARQUIA ENTRE A UNIÃO E OS DEMAIS ENTES FEDERADOS

 Tecnicamente não há hierarquia, pois a CF prevê autonomia aos entes da


federação (art. 18) e, havendo autonomia, não se pode falar em
hierarquia.
- Hierarquia é, muitas vezes, incompatível com autonomia.
- Se há interferência de um ente na autonomia do outro há violação à
Constituição.

 Na prática, há uma preponderância de competências, em particular


legislativas, nas mãos da União. O mesmo ocorre em matéria de
federalismo financeiro.
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MONITOR Valéria Barth Fagundes DATA 12/06/2020


CURSO Preparatório para a Magistratura Federal
DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 11
PROFESSOR Marcelo Schenk Duque

 A diferença de condições econômicas enfraquece o nosso pacto


federativo, sem falar na deturpação política que isso gera. Como a União
acaba detendo grande parte dos recursos, isso, do ponto de vista da
desigualdade de forças, representa problemas consideráveis.
- Muitas vezes, a dependência financeira acaba repercutindo na naturalidade do
processo político, onde se usa a aproximação de determinados grupos com o
governo federal para busca de facilidades, por meio de emendas orçamentárias,
liberação de convênios, etc. – afeta a paridade de armas na disputa eleitoral.

8. A CADA ESFERA DE COMPETÊNCIA SE ATRIBUI RENDA PRÓPRIA.

 De nada adianta ser considerado um ente federativo, dotado de


autonomia, se não tem condições de se manter.

 Uma verdadeira federação tem que ser capaz de atribuir renda própria a
cada espaço de poder descentralizado.
- Chamado, em Direito Constitucional, de FEDERALISMO FINANCEIRO.

 CRÍTICA: no contexto brasileiro, seria necessária uma reforma do pacto


federativo para tornar as receitas mais igualitárias, de forma a promover
uma maior descentralização financeira da União para os estados e, por
sua vez, dos estados para os municípios.
- Necessária, mas não há muito interesse político em se fazer essa reforma.

9. O PODER POLÍTICO É COMPARTILHADO PELA UNIÃO E PELAS


UNIDADES FEDERADAS

 Descentralizar o poder político na federação significa compartilhar esse


poder entre os entes federados.

 Na estrutura dos países federais é comum a Constituição prever formas


de participação dos estados-membros no processo de formação da
vontade nacional, ocorrendo, normalmente, através do bicameralismo
legislativo.
- Dizer que participam desse processo significa que representantes dos estados
votam nas deliberações legislativas no Congresso Nacional.
- Chamado “bicameral”, pois uma casa representa o povo e outra representa os
estados.
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MONITOR Valéria Barth Fagundes DATA 12/06/2020


CURSO Preparatório para a Magistratura Federal
DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 11
PROFESSOR Marcelo Schenk Duque

OBS: o bicameralismo e as casas, com suas respectivas representações, foram


reproduzidos por Oscar Niemeyer na construção do Congresso Nacional.

 A Constituição entendeu que, para haver o equilíbrio federativo da


representação dos estados no processo de formação da vontade
nacional, todos os estados devem ter o mesmo peso político.

 Muitos sustentam que as regiões do Brasil que têm mais população


deveriam ter maior peso político no Senado.
- Alguns países adotam esse critério, como é o caso da Alemanha.
- EUA adota critério semelhante ao nosso, porém lá cada estado,
independentemente da sua população, elege dois senadores.

10. O STF, NA CONDIÇÃO DE GUARDIÃO DA CONSTITUIÇÃO, É


RESPONSÁVEL POR DIRIMIR CONFLITOS FEDERATIVOS

 O STF, na condição de guarda da CF, é o competente para dirimir


conflitos federativos, não só no caso da intervenção federal (REDin), mas
sempre quando se discutem meios efetivos de imposição da lei em todos
os âmbitos federativos.
- Art. 102, I, f, CF.

TIPOLOGIAS DO FEDERALISMO

FEDERALISMO SIMÉTRICO E ASSIMÉTRICO

 Quando se fala em simetria o que se está a investigar é o grau de


autonomia que o ente central (União) entrega aos estados-membros.

 Nenhum Estado federal é 100% simétrico. Mesmo o Brasil que,


tendencialmente, é um federalismo simétrico, tem graus (leves) de
assimetria.
- Por mais que o federalismo seja simétrico, em determinados momentos a CF
justifica algumas assimetrias, de modo a garantir a igualdade material –
estados-membros não tem a mesma realidade.

FEDERALISMO COMPETITIVO (DUAL) E COOPERATIVO


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MONITOR Valéria Barth Fagundes DATA 12/06/2020


CURSO Preparatório para a Magistratura Federal
DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 11
PROFESSOR Marcelo Schenk Duque

 No federalismo COMPETITIVO há uma reprodução da máquina


administrativa em cada estado-membro, voltada a uma maior autonomia.
- Gera uma espécie de competição.

 A ideia do federalismo COOPERATIVO é criar uma colaboração entre as


diferentes instâncias do poder, mediante mecanismos que aproximam os
entes federativos, promovem ajuda de uns para os outros, evitando,
inclusive, a reprodução desnecessária de estruturas administrativas.
- CF/88 possui traços de federalismo cooperativo, embora seja
preponderantemente competitiva: artigos 23, § único; 25, § 3.º; 30, VI e VII; 43, §
1.º; 157/162; 198, I; 204, I; 241, CF.

FEDERALISMO CENTRÍPETO E CENTRÍFUGO

 Critério que diz respeito ao grau de fortalecimento do poder dos entes


periféricos em relação ao ente central, ou seja, ao grau de
descentralização territorial que cada ordenamento federativo
proporciona.

 Falamos em federalismo CENTÍPETO quando, em verdade, se nega o


próprio ideal federativo, pois os poderes, encargos e competências
tendem a ficar mais nas mãos do ente central.
- Modelo centralizador.

*** PARA NÃO ESQUECER: centríFugo com F de FUGA, que vai para FORA.

FEDERALISMO POR AGREGAÇÃO E FEDERALISMO POR SEGREGAÇÃO

 Critério que diz respeito à origem da federação em sentido concreto.


- Leva em conta a vontade racional dos entes para se tornar uma federação.

 No caso brasileiro, viramos República e Federação por meio de um golpe,


um “canetaço”, sem que houvesse uma vontade consciente da nação
para essas mudanças.
- Pressão que veio de cima para baixo, foi uma imposição.
- Cópia do modelo dos EUA, sem qualquer exame da compatibilidade entre
circunstâncias históricas e culturais.
- Brasil é federalista mais pelo nome do que pela realidade.
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MONITOR Valéria Barth Fagundes DATA 12/06/2020


CURSO Preparatório para a Magistratura Federal
DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 11
PROFESSOR Marcelo Schenk Duque

ESTADOS FEDERAIS X UNITÁRIOS

O ESTADO UNITÁRIO COMO “CONTRAPONTO” DO ESTADO FEDERAL

 Estado unitário enfrentou uma verdadeira evolução ao longo da história:

Estado Unitário Puro


- Dificuldade em razão da centralização, que dificultava a execução das tarefas
de modo eficiente.

Estado Unitário descentralizado administrativamente


- Evolução, por necessidade, para experiências de descentralização
administrativa.
- Uma vez tomada a decisão pelo governo central, a execução era transferida
para os entes periféricos, como os estados, por exemplo.

Estado Unitário descentralizado administrativamente e politicamente


- Aproximação do Estado Unitário com o ideal federativo (atualmente, pode-se
dizer que esta distinção está em crise).

 O nome dado não faz diferença alguma, hoje não se pode mais analisar
apenas a partir do critério terminológico. O que conta é a experiência
concreta de cada país no que diz com a descentralização de poder, a
partir da organização conferida pela Constituição.
- Ex.: situação da Espanha e do Brasil.

 O Princípio da Simetria, que até então acompanhava muito a teoria


federativa, está enfraquecido.
- Permanece o corte de poderes, típico de uma federação, mas não tem que ser
necessariamente simétrico.

PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE

 A ideia da subsidiariedade na federação é privilegiar as organizações


inferiores/periféricas em relação às estruturas superiores.
- O ente superior só assume aquelas tarefas que, pela complexidade ou custo,
não forem possíveis de serem executadas a contento pela organização inferior
(atuação subsidiária).
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MONITOR Valéria Barth Fagundes DATA 12/06/2020


CURSO Preparatório para a Magistratura Federal
DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 11
PROFESSOR Marcelo Schenk Duque

 A nossa federação, de modo geral, nega muito o fundamento da


subsidiariedade, o que é comprovado pela concentração de muitas
coisas na mão da União.

 O FOCO FEDERATIVO deve ser conciliar unidade na diversidade e esse é


o grande desafio - obtenção da unidade a partir da diversidade.
- Questão do multiculturalismo dentro do mesmo país.
- Federação surge como um arranjo racional para, não apenas minimizar as
diferenças, como para também protegê-las no que necessário.
- Zonas de interesses recíprocos respeitados e protegidos.
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REFERÊNCIAS LEGISLATIVAS

- CF: artigos 18; 20/33; 34, I; 43, §1º; 45; 46; 60, §4º, I; 102, I, f; 157/162; 198; 204,
I; 241.
- Lei nº 7.170/83: artigo 1º.
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PERGUNTAS E ESCLARECIMENTOS SOBRE A AULA

- Em se tratando de tipologias do federalismo, cada tipologia revela um critério


focado em uma determinada realidade, mas que não possuem,
necessariamente, identidade (ex.: um país pode ser formado por segregação,
mas com o passar do tempo se criar uma cultura de descentralização).
- A cláusula pétrea prevista no art. 60, §4º, I, CF também impede a
transformação do Estado federativo em unitário.
- Não há nenhum obstáculo à eventual modificação da forma de governo no
Brasil, instituindo uma monarquia (em uma monarquia constitucional, os
representantes continuariam a ser eleitos). Forma de governo não é protegida
por nenhuma cláusula pétrea.
- STF deve decidir se para modificar uma decisão tomada no plebiscito de 93 é
necessária nova consulta ou se pode ser feita por meio de decisão do
Congresso (MS aguarda julgamento).
- Em razão da inexistência de lei que regulamente a criação de municípios, na
prática, não poderão ser criados novos municípios até que seja editada a Lei
Complementar a que se refere o artigo 18, CF, pelo Congresso. EC 57/2008
regularizou os municípios que foram criados até 2006.
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MONITOR Valéria Barth Fagundes DATA 12/06/2020


CURSO Preparatório para a Magistratura Federal
DISCIPLINA Direito Constitucional AULA 11
PROFESSOR Marcelo Schenk Duque

- Atos normativos secundários não podem ser objeto de controle concentrado


por meio de ADI, mas sim por ADPF (caráter subsidiário). Porém, o STF admite,
excepcionalmente, o controle de constitucionalidade de decretos autônomos
por meio ADI, por serem autônomos, fazerem as vezes de lei.

*** Ver no livro Direito Constitucional Esquematizado - Pedro Lenza a tabela da


jurisprudência do Supremo nos casos de conflito de competência entre os entes
da federação (“quadro ilustrativo da competência legislativa constitucional”).
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MONITOR BETINA SANTORO BENVEGNÚ DATA 06/03/2020


CURSO PREPARATÓRIO À MAGISTRATURA FEDERAL
DISCIPLINA DIREITO CONSTITUCIONAL AULA 02
PROFESSOR MARCELO SCHENK DUQUE

RESUMO1

[Pontos 1 e 4 Resolução CJF nº 067/2009] Formas e sistemas de governo. Poder


Executivo. Evolução do conceito. Atribuições e responsabilidade do Presidente
da República. Processo de impeachment. Agências executivas.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O professor disponibilizará um material para reforço das aulas, que será


mais completo do que o conteúdo abordado em aula.
Existem três fontes básicas de estudo do Direito Constitucional:
- Constituição Federal;
- Informativos do Supremo Tribunal Federal, principalmente os casos de
jurisprudência mais consolidada;
- Literatura atualizada.
O estudo para concursos deve ser mais objetivo, com foco nos
entendimentos consolidados.

PODER EXECUTIVO

Funções

O Poder Executivo envolve, no Brasil, quatro funções típicas:


- Chefia de Estado;
- Chefia de Governo;
- Chefia de atos da Administração;
- Chefia das Forças Armadas.
Ou seja, uma mesma pessoa exerce funções extremamente diferentes.
O Estado é permanente, enquanto que o governo é transitório e envolve
ideologias.
O membro do governo escolhe Chefes de Polícia, membros do Poder
Judiciário, etc. Essas funções de Estado deveriam ser permanentes e não
envolverem ideologias.
A previsão constitucional do nosso país optou por um sistema
presidencialista, entregando o comando de instituições que não devem ser
ideológicas a uma única pessoa.
É uma mistura perigosa, que tende a dar muitas confusões em um país
democrático.
1
Este é um material complementar elaborado por aluno monitor regularmente matriculado no curso. Seu conteúdo está
sujeito a equívocos e revisões.
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MONITOR BETINA SANTORO BENVEGNÚ DATA 06/03/2020


CURSO PREPARATÓRIO À MAGISTRATURA FEDERAL
DISCIPLINA DIREITO CONSTITUCIONAL AULA 02
PROFESSOR MARCELO SCHENK DUQUE

O nosso sistema também pode ser denominado de sistema executivo


monocrático, concentrando todas funções no Presidente.
No sistema parlamentarista, ao contrário, pessoas diferentes exercem as
funções de Chefe de Governo e Chefe de Estado.
Exemplo: nos jogos olímpicos realizados no Brasil, o Chefe de Estado foi
vaiado, porque a população não consegue vê-lo nessa função, mas somente
como Chefe de Governo.
Em suma, o Poder Executivo, no Brasil, reúne Estado, Governo e
Administração, o que gera problemas.

Além disso, exerce funções atípicas:


- Legislar: competência de editar medidas provisórias com força de lei
(art. 62, CF).
- Julgar: contencioso administrativo (multas de transito, tombamento de
patrimônio histórico e cultural, meio ambiente, etc).
O Poder Judiciário e o Poder Legislativo também praticam atos
administrativos, não sendo exclusividade do Poder Executivo.
Exemplos: Diretor do Foro edita ato administrativo modificando o
funcionamento do Fórum nos meses de janeiro e fevereiro; exoneração de
servidores no Poder Legislativo.

Cânones de Direito do Estado

Formas de Governo: informa como se designa o Chefe de Estado em um


país.
- Monarquia: o Chefe de Estado é hereditário e vitalício (“HiV”). Ou seja, é
rei porque seu pai foi e será até morrer
- República: o Chefe de Estado é eletivo e temporário (“ET”). Ou seja, é
Presidente porque venceu a eleição para mandato com prazo determinado.
Adotado no Brasil.

Sistemas de Governo: informa se há separação entre Chefia de Estado e


Chefia de Governo.
- Parlamentarismo: uma autoridade é Chefe de Estado e outra autoridade
é Chefe de Governo (é dual). O Chefe de Governo é o primeiro ministro. O
Chefe de Estado pode ser o rei ou o Presidente, a depender da forma de
governo.
- Presidencialismo: a mesma autoridade é Chefe de Estado e Chefe de
Governo, havendo cumulação das funções. Adotado no Brasil.
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MONITOR BETINA SANTORO BENVEGNÚ DATA 06/03/2020


CURSO PREPARATÓRIO À MAGISTRATURA FEDERAL
DISCIPLINA DIREITO CONSTITUCIONAL AULA 02
PROFESSOR MARCELO SCHENK DUQUE

As formas e os sistemas se combinam, podendo haver uma monarquia


presidencialista, república presidencialista, monarquia parlamentarista ou
república parlamentarista ( quatro combinações possíveis).
No Brasil, houve um plebiscito que definiu a forma e o sistema de
governo.
Adota-se o sistema presidencialista (art. 76, CF) e a forma de governo
republicana (art. 1º, CF).
Atentar que federação é forma de Estado e cláusula pétrea.

Distribuição do Poder Executivo na Federação

A Constituição fez a opção pela vedação de três reeleições seguidas ao


Chefe do Poder Executivo (art. 14, § 3º, CF + art. 28, CF).
Ser aprovado em concurso público é a exceção para evitar a perda do
cargo quando se é eleito Governador. Se fosse outra função não estável,
perderia o cargo (art. 28, § 1º, CF).
Em âmbito municipal, há previsão no art. 29 da CF. Somente haverá
segundo turno em Municípios com mais de duzentos mil eleitores.
Os Estados também são regidos por suas próprias Constituições,
enquanto os Municípios possuem Lei Orgânica, onde devem constar as
atribuições relativas ao Chefe do Poder Executivo, inclusive referentes à perda
do mandato.
O artigo 38 da CF estabelece algumas estipulações que se aplicam aos
servidores públicos em todos níveis da Administração Direta e Indireta quando
tomam posse em cargos eletivos.
Tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, fica
afastado de seu cargo. Tratando-se de mandato para Prefeito, será afastado do
cargo, podendo optar pela maior remuneração. Isso não se estende aos
Governadores e Presidentes.
Tratando-se de mandato para Vereador, desde que exista
compatibilidade de horários, continuará recebendo as vantagens do cargo
anterior, sem prejuízo da remuneração de vereador. Se não houver
compatibilidade de horários, opta pela remuneração maior, da mesma forma
que o Prefeito.
O STF afastou a observância do teto remuneratório quanto ao somatório
dos ganhos do agente público. Ou seja, o teto é calculado em face de cada
vínculo de forma separada (Informativo 862).
No âmbito distrital (art. 32 da CF), aplicam-se as regras de Governadores
e de Deputados Estaduais.
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MONITOR BETINA SANTORO BENVEGNÚ DATA 06/03/2020


CURSO PREPARATÓRIO À MAGISTRATURA FEDERAL
DISCIPLINA DIREITO CONSTITUCIONAL AULA 02
PROFESSOR MARCELO SCHENK DUQUE

Atualmente, não temos Territórios Federais no Brasil. Foram criados no


passado com o objetivo de que fossem administrados com verba federal, sendo
socorridos pela União não terem estrutura suficiente para criação de um Estado.
A CF/88 traz a possibilidade de criação de Territórios Federais, o que
deverá ocorrer por meio de lei complementar. Uma vez criado, sua organização
administrativa e judiciária pode ser disciplinada por lei ordinária.
Se um Território vier a ser criado, sua direção é feita por uma figura
chamada de Governador, que será nomeado pelo Presidente da República, após
aprovação pelo Senado Federal (ato administrativo complexo – envolve duas
manifestações de vontade).
No âmbito federal, o tema do Poder Executivo pode ser cobrado tanto
em Direito Constitucional quanto em Direito Administrativo. Dentro da
Administração Direta, existem vínculos de subordinação e hierarquia, o que será
estudado na disciplina de Direito Administrativo.
O art. 76 da CF estabelece que o Presidente da República será auxiliado
pelos Ministros de Estado.
Além da direção política, o Presidente da República também exerce a
direção superior da Administração Federal (art. 84, II, CF), o que causa
inconvenientes, conforme já mencionado.
Os Ministros de Estado possuem a atribuição de orientar, coordenar e
supervisionar os órgãos de sua competência (art. 87, parágrafo único, I, CF),
estando sujeitos à improbidade administrativa.

Presidência da República

É o órgão supremo da Administração Pública Federal, encabeçado pelo


Presidente da República (art. 82 da CF).
Possui competências privativas previstas no art. 84 da CF, que deve ser
lido e memorizado.
Esse rol é exemplificativo. O inciso XXVII prevê o exercício de outras
atribuições previstas nesta Constituição.
A palavra privativa não significa exclusiva, porque admite delegação nas
hipóteses previstas na Constituição.
O parágrafo único estabelece os limites da delegação, podendo ser
delegadas apenas três competências (VI, XII e XXV, primeira parte) e somente
aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-
Geral da União.
Pode-se dizer que as hipóteses de delegação dentro do art. 84 da CF são
taxativas.
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Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:

I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;


II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da
administração federal;
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta
Constituição;
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir
decretos e regulamentos para sua fiel execução;

Os requisitos e os atributos dos atos administrativos são aplicáveis aos


decretos e regulamentos.
Trata-se do poder regulamentar do Presidente da República, que pode
editar atos de caráter normativo.
Existe uma relação entre lei (esfera do Poder Legislativo) e decreto (esfera
do Poder Executivo). Logo, o decreto não integra os projetos de lei, nem as
medidas provisórias.
O decreto regulamentar é complementar à lei, ingressando na
peculiaridade que a lei não pôde prever e possibilitando sua fiel execução. Por
isso, o decreto é editado depois da lei que regulamenta.
Esses detalhes não podem se sujeitar à vagareza do processo legislativo.
O decreto é mais rápido e dá agilidade e sentido à lei.
O decreto jamais pode exorbitar o que diz a lei, estando limitado pelas
disposições desta.
Se exorbitado o poder regulamentar, usurpando o que diz uma lei,
poderá haver um controle de constitucionalidade repressivo pelo Poder
Legislativo (art. 89 da CF).
Nesse caso, o Poder Legislativo pode sustar os efeitos através de um
Decreto Legislativo (art. 49, CF).
Quando isso ocorre, fala-se no plano da legalidade, com violação indireta
da Constituição (CF  lei (advertência verbal)  Decreto (multa em dinheiro). A
comparação do decreto om a lei é direta, mas com a Constituição exigiria dois
passos (reflexa ou indireta).
O art. 13, I, da Lei nº 9.784/99 estabelece a impossibilidade de delegação
da edição de atos normativos. Por isso, esses decretos são indelegáveis.

V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;


VI - dispor sobre a organização e o funcionamento da administração
federal, na forma da lei;
VI - dispor, mediante decreto, sobre: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 32, de 2001)
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a) organização e funcionamento da administração federal, quando não


implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;
(Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; (Incluída pela
Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

É um caso anômalo na Constituição. Trata do decreto autônomo,


quebrando a lógica de que a lei deve vir antes do decreto. Nesse caso, não
regulamenta nenhuma lei, é como se fosse a própria lei.
Retirou-se da competência do Congresso Nacional a organização da
administração quando não implicar aumento de despesa ou criação/extinção de
órgãos públicos.
A segunda hipótese é a extinção de funções ou cargos públicos vagos.
Se um decreto autônomo viola a Constituição, estamos diante de um
problema de inconstitucionalidade, e não de legalidade (CF  Decreto
autônomo). Nesse caso, a violação é direta.
Esse inciso está dentro das matérias delegáveis, nos limites do parágrafo
único.

VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus


representantes diplomáticos;
VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a
referendo do Congresso Nacional;
IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
X - decretar e executar a intervenção federal;
XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional por
ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a situação do País e
solicitando as providências que julgar necessárias;
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos
órgãos instituídos em lei;
XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, promover seus
oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são privativos;
XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, promover seus oficiais-
generais e nomeá-los para os cargos que lhes são privativos; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99)
XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do
Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os Governadores de
Territórios, o Procurador-Geral da República, o presidente e os diretores do banco
central e outros servidores, quando determinado em lei;
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XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do Tribunal de


Contas da União;
XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Constituição, e o
Advogado-Geral da União;

O Advogado-Geral da União é cargo em comissão, pois não precisa ser


integrante do quadro efetivo.
O Procurador-Geral da República é função de confiança, pois deve
integrar a carreira.

XVII - nomear membros do Conselho da República, nos termos do art. 89,


VII;

XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho de Defesa


Nacional;

O Conselho da República está previsto no art. 89 da CF e é um órgão


superior de consulta do Presidente.
Atentar que existe uma reserva de assento para brasileiros natos (seis
membros).
Como regra geral, não pode existir diferenciação entre brasileiros natos e
naturalizados, salvo nas hipóteses em que a própria Constituição faz essa
ressalva, como neste caso.
As manifestações deste órgão não têm caráter vinculativo, mas sim
meramente opinativo.
Não existe intervenção militar autorizada pela Constituição. Existe
somente a intervenção federal, na qual podem ser utilizados militares.
Pronuncia-se sobre intervenção federal, estado de defesa e estado de
sítio, além de questões relevantes para a estabilidade das instituições
democráticas.
O Presidente pode convocar para as reuniões do Conselho outros
Ministros que não sejam membros diretos, a depender do assunto.

O Conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta do Presidente da


República (art. 91, CF) em assuntos relacionados com soberania nacional e a
defesa do Estado democrático.
Aqui, todos os membros são natos, porque não há rotatividade de três
anos como ocorre no Conselho da República.
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XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo


Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das
sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a
mobilização nacional;

A guerra no Brasil é sempre para defesa e nunca para ataque. É um país


intermediário.
Existe possibilidade de pena de morte somente em caso de tempo de
guerra, apenas para crimes militares para os quais esteja prevista.

XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional;


XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças
estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam
temporariamente;
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de
diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento previstos nesta
Constituição;
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta
dias após a abertura da sessão legislativa, as contas referentes ao exercício
anterior;
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei;

Essa competência também pode ser delegada, mas somente em sua


primeira parte (prover cargos públicos federais). A segunda parte (extinguir
cargos públicos federais) não pode ser delegada.
O desprovimento de um cargo público pode ser delegado, pelo princípio
da simetria (poder prover = pode desprover).
Se o cargo não está vago, deve ser realizado por lei e não por decreto
autônomo.

XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do art. 62;
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constituição.

Prevê o caráter exemplificativo das competências privativas.

Observações:
Não é competência privativa a nomeação de Presidente do TCU, mas
somente de membros do TCU.
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A criação de Ministérios também não é competência privativa, o que


deve ser feito por lei (criação de órgão = despesa). O Presidente tem somente a
iniciativa de encaminhar a lei ao Congresso Nacional.
Lembrar do princípio da simetria: o que é feito por lei, deve ser extinto
por lei.

MANDATO PRESIDENCIAL

O mandato é de quatro anos, permitida uma única reeleição


subsequente.
A posse ocorre em primeiro de janeiro do ano seguinte à eleição.
As condições de elegibilidade encontram-se previstas no art. 14, § 3º, CF,
sendo uma delas a idade mínima de 35 anos.
Com isso, pergunta-se: Um Deputado com menos de 35 anos pode se
eleger Presidente da Câmara de Deputados, posição que se encontra na cadeia
sucessória do Presidente da República?
O caso específico não chegou ao STF.
No entanto, já foi decidido que Deputado que fosse réu poderia
continuar como Presidente da Câmara, somente não poderia assumir a
Presidência caso fosse chamado.
A eleição do Presidente importa a do Vice, pois a chapa é una.
É considerado eleito aquele que tiver a maioria absoluta de votos, não
computados os brancos e os nulos.
O candidato deve ser registrado por partido político.
Se nenhum alcançar a maioria absoluta, ocorrerá segundo turno entre os
dois mais votados.
Se entre os dois turnos ocorrer morte, desistência ou impedimento legal,
será convocado o de maior votação entre os remanescentes.
Em caso de empate, qualifica-se o candidato mais idoso.
Se, decorridos dez dias da data da posse, o Presidente ou o Vice não
assumirem, será declarado vago, salvo motivo de força maior.

Impedimento  caráter temporário  substituição (Vice, Presidente


Senado, Presidente Câmara, Presidente STF).
Exemplos: viagem ao exterior, férias, pequeno tratamento de saúde, etc.

Vacância  caráter permanente  sucessão (Vice até o final do


mandato).
Exemplos: perda do mandato, renúncia, morte, etc.
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O Vice-Presidente, além de outras atribuições que lhe forem conferidas


por lei complementar, auxiliará o Presidente, sempre que por ele convocado
para missões especiais.
Suas competências são exemplificativas. A missão especial contempla
qualquer coisa (discricionariedade política).

De acordo com o art. 80, são substitutos eventuais ou legais do


Presidente da República: Presidentes da Câmara, do Senado e do STF (35 anos e
não ser réu). Aplicam-se tanto ao caso de impedimento ou de vacância.
O art. 81, CF estabelece a única possibilidade de eleição indireta para
Chefe do Poder Executivo no Brasil. Quando Presidente e Vice saem
definitivamente (dupla vacância), existem duas possibilidades:
- se a dupla vacância ocorrer nos últimos dois anos do período
presidencial, a eleição indireta para ambos os cargos será feita trinta dias depois
de aberta a última vaga, pelo Congresso Nacional.
- se a dupla vacância ocorrer nos primeiros dois anos do período
presidencial, ocorre eleição direta em noventa dias após aberta a última vaga.
Nesses casos, o eleito somente completa o mandato pelo tempo
remanescente.
Os substitutos no âmbito estadual, pelo princípio da simetria, seriam o
Presidente da AL e o Presidente do TJ.
Em âmbito distrital, seriam o Presidência da Câmara e do TJ (lembrar que
DF também possui Lei Orgânica e não Constituição).
No âmbito municipal, não há Poder Judiciário. Assim, seria o Presidente
da Câmara, e, se este não pode, a Lei Orgânica deverá prever outro substituto.
O artigo 83 dispõe sobre a necessidade de autorização do Congresso
Nacional para o Presidente e o Vice afastarem-se do Brasil por mais de quinze
dias, sob pena de perda do cargo.

CRIMES DE RESPONSABILIDADE – PROCESSO DE IMPEACHMENT

Além dos crimes comuns, o Presidente da República sujeita-se a infrações


político administrativas de natureza política (crime de responsabilidade).
Essas espécies de infrações somente podem ser cometidas por quem
exerce cargos com alta responsabilidade.
A consequência, portanto, é o processo de impeachment.
O Presidente não é a única autoridade que pode sofrer esse processo. A
Lei que estabelece o procedimento prevê a possibilidade de outras autoridades
(Ministro do STF, por exemplo).
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O artigo 85 da CF estabelece o que são crimes de responsabilidade,


tratando-se de conceito aberto:
“I - a existência da União;
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério
Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação;
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
IV - a segurança interna do País;
V - a probidade na administração;
VI - a lei orçamentária;
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.”

Esses crimes são exemplificativos, porque estão definidos em lei especial


(Lei nº 1.079/50).

O procedimento é bifásico (art. 86, CF).


1) Juízo de admissibilidade: exercido pela Câmara dos Deputados
(quórum de 2/3 – maioria qualificada).
A acusação pode ser formalizada por qualquer cidadão no gozo de seus
direitos políticos.
A votação é aberta.

2) Julgamento: STF (crimes comuns) ou Senado Federal (crimes de


responsabilidade).
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O processo de impeachment por crime de responsabilidade possui


natureza política (posição majoritária na doutrina). O STF, contudo, entendeu
que o processo possui natureza penal em diversos julgados.
A Câmara faz juízo de admissibilidade, que se trata de um juízo
puramente de conveniência política sobre a manutenção ou não do Presidente
no cargo.
Não é juízo jurídico, porque todos Deputados votam,
independentemente de serem amigos, inimigos, adversários, filhos, etc, daquele
que está sendo julgado.
A ADPF 378 disciplinou o procedimento, reforçando o caráter político do
instituto.
O Presidente da Câmara dos Deputados faz juízo preliminar da denúncia,
tendo este poder de dar prosseguimento ou arquivar, o que ocorre previamente
à votação.
Da mesma forma, os pedidos de impeachment contra Ministros do
Supremo podem ser arquivados pelo Presidente da Câmara. É uma questão de
institucionalidade e sistema de freios e contrapesos.
O Presidente fica suspenso das funções por 180 dias a partir da admissão
do processamento, retornando se não julgado neste período.
Se acolhido, ocorre a perda do cargo, com inabilitação por oito anos para
o exercício de função pública.
A possibilidade de fatiamento da condenação ainda não foi julgada
(ADPF pendente).
O Supremo decidiu que a renúncia do cargo após a instauração do
processo no Senado Federal não serve para evitar inabilitação por oito anos
para exercício da função pública. Deve fazê-lo antes que o Senado decida
instaurar.

REFERÊNCIAS LEGISLATIVAS

Constituição Federal: artigos 1º, 14, 28, 29, 32, 38, 49, 52, 62, 76, 78, 79,
80, 81, 82, 83, 84, 86, 87, 89 e 91;

Lei nº 9.784/99: artigo 13, I;

Lei nº 1.079/50.

ESCLARECIMENTOS FINAIS

O Vice-Prefeito também pode optar pela remuneração.


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As hipóteses de delegação do art. 84 são somente as três expressas. Os


demais incisos são competências privativas, conforme dispõe a CF.
Uma emenda constitucional pode restringir as competências do art. 84,
desde que não venha a abolir a separação dos poderes. Exemplo: decreto
autônomo inserido por uma EC.
A CF confere as competências ao Presidente para edição de decretos. A
internalização de tratados internacionais também é realizada por decretos,
porque a CF prevê.
O impeachment possui natureza jurídico-política, com maior relevância
para o aspecto político, mas também é respeitado o contraditório e a ampla
defesa, por exemplo, que seria o aspecto jurídico. O juízo de admissibilidade da
Câmara, no entanto, é somente político. O julgamento no Senado é presidido
pelo Presidente do STF, para garantir o contraditório e a ampla defesa (art. 52,
parágrafo único, CF).
As atribuições são do cargo e não da pessoa. Assim, se alguém da
cadeira sucessória da Presidência estiver como Presidente (Presidente do
Senado, por exemplo), poderá exercer as competências do art. 84.
O exercício do mandato em caso de vacância, mesmo que fique somente
dois meses no cargo, conta como legislatura inteira para fins de reeleição,
diferentemente das substituições temporárias.
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RESUMO1

[Pontos 3 e 9 Resolução CJF nº 067/2009] O processo legislativo. Espécies.


Iniciativa legislativa. Normas constitucionais e processo legislativo relativo às
emendas constitucionais, medidas provisórias, leis delegadas, decretos
legislativos e resoluções. Iniciativa Popular.

COMPETÊNCIA DOS ENTES FEDERADOS

A forma de Estado adotada no Brasil é federativa, possuindo quatro entes


federados, quais sejam, União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
Cada ente federativo exerce as competências previstas na Constituição
de forma autônoma.
Estão previstas na Constituição tanto competências administrativas
quanto legislativas.

COMPETÊNCIAS DOS ENTES FEDERADOS


Competências administrativas Competências legislativas
Executar Legislar

COMPETÊNCIAS ADMINISTRATIVAS

São as competências materiais, que dizem respeito ao campo de atuação


político-administrativa do respectivo ente da federação.
Podem ser exclusivas/privativas ou comuns.
Existe polêmica na doutrina quanto à nomenclatura “exclusiva/privativa”.
Alguns defendem que as privativas podem ser delegadas, enquanto que as
exclusivas não. Outros sustentam que ambas são indelegáveis.
Já as comuns, também chamadas de concorrentes, cumulativas ou
paralelas, podem ser exercidas por todos os entes e são passíveis de delegação.

COMPETÊNCIAS ADMINISTRATIVAS
Exclusivas/privativas Comuns/concorrentes/cumulativas/paralelas
Indelegáveis Delegáveis

1Este é um material complementar elaborado por aluno monitor regularmente matriculado no curso. Seu conteúdo está
sujeito a equívocos e revisões.
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Competências administrativas privativas/exclusivas da UNIÃO

Previstas no artigo 21 da CF.


Trata-se de rol exemplificativo. O artigo 153 da CF, por exemplo, traz a
competência privativa da União de instituir impostos sobre determinados fatos
geradores.
Para entender a totalidade das competências, é importante vislumbrar a
integralidade da Constituição.

Competências administrativas COMUNS

Podem ser exercidas simultaneamente por mais de um ente federativo e


encontram-se previstas no artigo 23 da CF. Tratam de assuntos relevantes a
toda a nação. Exemplos: saúde pública, meio ambiente, etc.
A Constituição não delimita a responsabilidade de cada ente. Portanto, a
responsabilidade fica igualmente prevista a todos, no entanto, a União é o ente
que possui mais recursos.
Em tempos de pandemia, foi reforçada a competência concorrente para
preservação da saúde pelo Supremo (ADI 6341). A MP editada pela União, nesse
ponto, não afasta a competência administrativa comum. O Supremo é que
define quem usurpa sua competência administrativa ou não.
Utiliza-se a teoria da preponderância do interesse, segundo a qual o
interesse mais amplo da União prepondera sobre os interesses mais restritos
dos demais entes.

Competências administrativas dos MUNICÍPIOS

Encontram-se previstas no artigo 30, III a IX, CF. São consideradas


enumeradas ou expressas. O nosso federalismo é cooperativo.
Existem desdobramentos em outros artigos da Constituição.

Competências administrativas dos ESTADOS

São competências residuais, restantes ou remanescentes. Previstas no


artigo 25, § 1º, CF, que diz respeito tanto à competência administrativa quanto à
legislativa.
Em suma, o que não for expressamente atribuído à União e aos
Municípios, será de competência dos Estados.
Existem raros casos que a Constituição enumera competências dos
Estados, como no artigo 25, § 2º, CF.
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Competências administrativas do DISTRITO FEDERAL

Não é atribuída expressamente pela Constituição, que fala somente das


competências legislativas do Distrito Federal.
Contudo, são semelhantes às do Município.

COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS

Competência legislativa CONCORRENTE

É atribuída pelo artigo 24 da CF à União, aos Estados e ao Distrito


Federal.
São competências expressas/enumeradas.
Fundamentam-se no princípio da subsidiariedade: o ente maior só irá
atuar quando ente menor for incapaz.
Os Municípios não constam no artigo. No entanto o artigo 30, II, CF,
consagra a competência suplementar dos Municípios, que não pode contrariar
as normas dos demais entes. Deve ser analisada a preponderância do interesse
(federal, estadual ou municipal).
O professor indica a tabela do livro do Professor Pedro Lenza sobre o
assunto.
Os parágrafos do artigo 24 irão auxiliar na compreensão do âmbito de
atuação de cada ente na legislação concorrente.

§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á


a estabelecer normas gerais.
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a
competência suplementar dos Estados.
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a
competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da
lei estadual, no que lhe for contrário.

As normas gerais são uma “lei quadro”, que estabelecem uma moldura, a
partir da qual não é dado aos entes federativos extrapolar. A suplementação
ocorre dentro da moldura realizada pela lei geral. Se a União não elaborar a lei
federal, os Estados podem elaborá-la.
Nesse caso, se sobrevier lei geral federal, suspenderá a eficácia da lei
estadual editada no que for contrário.
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PROFESSOR MARCELO SCHENK DUQUE

Competência legislativa privativa da UNIÃO

Encontram-se previstas no artigo 22 da CF, cuja leitura deve ser atenta


para memorização. O professor apenas irá destacar as mais importantes.

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo,
aeronáutico, espacial e do trabalho;
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;
VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores;
XI - trânsito e transporte;
XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições para o
exercício de profissões;
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;
XXIX - propaganda comercial.
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre
questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.

De acordo com o parágrafo único, permite-se a delegação aos Estados


por lei complementar. Deve beneficiar todos os Estados, sob pena de quebrar a
isonomia. Na prática, essa delegação não ocorre.
O federalismo que adotamos é centrípeto, que concentra mais poderes
na União.

Competência legislativa dos MUNICÍPIOS

Prevista no artigo 30 da CF.

Art. 30. Compete aos Municípios:


I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;

Trata-se de competência não enumerada, caracterizada pelo conceito


incerto de interesse local. Aplica-se, como já visto, a teoria da predominância do
interesse.
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Competência legislativa do DISTRITO FEDERAL

Encontra-se prevista no artigo 32, § 1º, da CF. É uma competência híbrida


de Estados e Municípios.

§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas


aos Estados e Municípios.

Competência legislativa dos ESTADOS

Também é residual, restante ou remanescente, prevista no artigo 25, § 1º,


da CF.

§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas
por esta Constituição.

Utiliza-se o raciocínio de exclusão, salvo nas matérias de competência


concorrente.
Em poucos casos, a Constituição prevê expressamente competência
legislativa estadual, como no artigo 25, § 3º, CF.

Conflito de competências legislativas

Cabe ao Supremo, exercendo o controle de constitucionalidade, verificar


a inconstitucionalidade formal.

PROCESSO LEGISLATIVO

É o processo constitucional para elaboração das normas jurídicas. É um


conjunto de regras procedimentais.
As espécies legislativas estão incluídas no artigo 59 da CF.

Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de:


I - emendas à Constituição;
II - leis complementares;
III - leis ordinárias;
IV - leis delegadas;
V - medidas provisórias;
VI - decretos legislativos;
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PROFESSOR MARCELO SCHENK DUQUE

VII - resoluções.

O assunto diz respeito ao controle de constitucionalidade preventivo e


repressivo. O preventivo é realizado durante a tramitação do processo
legislativo no Congresso Nacional. É um vício formal/orgânico.
Será tomado por base no estudo o processo legislativo das leis ordinárias
e complementares, que é o mais utilizado.

FASES DO PROCESSO LEGISLATIVO – LO E LC


1 - Iniciativa
2 - Constitutiva
3 - Complementar

1) INICIATIVA

É a fase que dá início ao processo legislativo. Não se fala em


aprovação/rejeição do projeto de lei. Não há votação.
O artigo 61 trata da iniciativa concorrente geral.

Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer


membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do
Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal,
aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na
forma e nos casos previstos nesta Constituição.
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MONITOR BETINA SANTORO BENVEGNÚ DATA 29/06/2020


CURSO PREPARATÓRIO À MAGISTRATURA FEDERAL
DISCIPLINA DIREITO CONSTITUCIONAL AULA 12
PROFESSOR MARCELO SCHENK DUQUE

A iniciativa é definida pela Constituição em razão da matéria e pode ser


concorrente, privativa, popular e aquela prevista no artigo 67.
A CF/88 não admite mais inciativa conjunta.

1.1) CONCORRENTE

Mais de uma pessoa ou autoridade pode propor o projeto de lei.


Exemplo: matéria tributária (com exceção dos tributos dos Territórios).
É a regra geral.

1.2) PRIVATIVA

São exceções previstas taxativamente na CF.


Nesses casos, processo legislativo pode ser iniciado por um único
legitimado. Trata-se de vício insanável.

A iniciativa privativa do Presidente da República encontra-se prevista


no artigo 61, § 1º, CF.
Discute-se se cabe emenda parlamentar em projetos de iniciativa
privativa de outros poderes. É possível, desde que observados os pressupostos
definidos na CF, em seu artigo 63. Por exemplo, a emenda não pode aumentar
despesa. Além disso, deve ter pertinência temática.
Além disso, é pacífico que a sanção presidencial não afasta o vício de
inciativa, persistindo a inconstitucionalidade formal. Existe exceção,
consubstanciada no artigo 166 da CF.
Adota-se o princípio da simetria quanto aos Governadores e Prefeitos.
A competência privativa do Presidente restringe-se ao âmbito federal.

As competências privativas da Câmara e do Senado possuem previsão


nos artigos 51, IV e 52 XIII.

A competência privativa do Poder Judiciário também encontra


previsão constitucional, como no artigo 93.
Quando Judiciário não encaminha proposta da lei de sua iniciativa
privativa, o Congresso edita propostas de emendas constitucionais para suprir
essa omissão.

Existe discricionariedade do competente privativo, não havendo


obrigação de legislar, salvo nos casos que o ADCT estabeleceu prazos, como no
caso do Código de Defesa do Consumidor.
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DISCIPLINA DIREITO CONSTITUCIONAL AULA 12
PROFESSOR MARCELO SCHENK DUQUE

1.3) POPULAR

É uma forma direta de exercício do poder, com base no princípio


democrático.
Qualquer projeto de iniciativa popular é encaminhado à Câmara de
Deputados, que sempre será a casa iniciadora.
Pode ser emendado, aprovado, reprovado, vetado, etc.
Pouco utilizada pelo seu rigor procedimental.
Deve dizer respeito a um único assunto.
Não podem ser rejeitados por vício de forma, que devem ser sanadas
pelos parlamentares.
É importante a memorização dos requisitos constitucionais da iniciativa
popular:

§ 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos


Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do
eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos
de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.

Atualmente, entende-se que somente é possível a iniciativa popular de


projeto de lei ordinária ou complementar, e não de emendas constitucionais.
Não cabe iniciativa popular em projetos de iniciativa privativa de outros
poderes, ou seja, somente pode dispor sobre matérias de iniciativa concorrente.
Há polêmica sobre o assunto, cujo entendimento pode ser modificado ao longo
do tempo.

1.4) Princípio da irrepetibilidade

Encontra-se previsto no artigo 67 da CF.

Art. 67. A matéria constante de projeto de lei rejeitado somente poderá


constituir objeto de novo projeto, na mesma sessão legislativa, mediante
proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do
Congresso Nacional.

Também se aplica quando projeto de lei é vetado, que se considera


rejeitado.
Em princípio, não há limite, desde que seguidas as regras. No entanto, é
difícil que ocorra.
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DISCIPLINA DIREITO CONSTITUCIONAL AULA 12
PROFESSOR MARCELO SCHENK DUQUE

Em iniciativa privativa, não se cogita a possibilidade de repetibilidade.


Devem ser reapresentados na próxima sessão.
Também não se aplica às medidas provisórias.

SESSÕES LEGISLATIVAS

São as reuniões que ocorrem no Congresso Nacional.


A legislatura (4 anos) é composta por 4 sessões legislativas ordinárias.

LEGISLATURA 4 ANOS
SESSÃO LEGISLATIVA 1 ANO

Ordinária Extraordinária Conjunta Preparatória


Artigo 57, Artigo 57, § 6º Artigo 57, § 3º Artigo 57, § 4º
caput
Anual Convocação em Deputados + 1º/02 para posse ou
Dois recessos períodos de recesso Senadores eleição da Mesa
02/02 – 17/07
01/08 – 22/12 1) Pres. Senado: Ato inaugural
Estado de defesa sessão,
Intervenção federal regimento
Estado de sítio comum,
compromisso
2) Pres. República, Presidente e
Pres. Câmara, Pres. Vice da
Senado ou maioria República,
das duas Casas: veto
Urgência ou interesse
público relevante
Aprovação por
maioria absoluta
ambas as Casas
Votação somente da Vedada recondução
matéria, salvo MP subsequente para
mesmo cargo
* Interpretação: é
possível, desde que
em legislaturas
diferentes
Não se paga Mesas diretoras =
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MONITOR BETINA SANTORO BENVEGNÚ DATA 29/06/2020


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DISCIPLINA DIREITO CONSTITUCIONAL AULA 12
PROFESSOR MARCELO SCHENK DUQUE

indenização aos representação


parlamentares proporcional às
bancadas

Excepcionalmente, existem sessões secretas no Congresso. Em regra, são


públicas.
A declaração de guerra no Brasil é somente para defesa, nunca para
ataque, e compete privativamente ao Presidente da República.

REFERÊNCIAS LEGISLATIVAS

Constituição Federal: artigos 21, 22, 23, 24, 25, 30, 32, 51, 52, 57, 59, 61,
63, 67 e 93.
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MONITOR BETINA SANTORO BENVEGNÚ DATA 10/07/2020


CURSO PREPARATÓRIO À MAGISTRATURA FEDERAL
DISCIPLINA DIREITO CONSTITUCIONAL AULA 13
PROFESSOR MARCELO SCHENK DUQUE

RESUMO1

[Pontos 3, 4 e 8 Resolução CJF nº 067/2009] Conselhos da República e de


Defesa Nacional. Da defesa do Estado e das instituições democráticas. O Estado
de Defesa e o Estado de Sítio. Das Forças Armadas. Da Segurança Pública.
Poder Legislativo. Organização e atribuições. O processo legislativo. Espécies.
Iniciativa legislativa. Normas constitucionais e processo legislativo. Leis
ordinárias e complementares.

PROCESSO LEGISLATIVO (CONTINUAÇÃO)

FASES DO PROCESSO LEGISLATIVO – LO E LC


1 - Iniciativa
2 - Constitutiva
3 - Complementar

2) FASE CONSTITUTIVA

Inclui a deliberação parlamentar (discussão e votação na Câmara e no


Senado) e a deliberação executiva (sanção e veto do Presidente da República).

Deliberação parlamentar

Abrange a discussão e a votação pelos parlamentares.

1Este é um material complementar elaborado por aluno monitor regularmente matriculado no curso. Seu conteúdo está
sujeito a equívocos e revisões.
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DISCIPLINA DIREITO CONSTITUCIONAL AULA 13
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Pelo princípio do bicameralismo, as matérias devem ser apreciadas nas


duas Casas: Câmara e Senado.

Casa iniciadora Local onde é proposto o projeto de lei


Casa revisora Local onde é revistado o projeto de lei

Tanto a Câmara quanto o Senado podem ser Casas iniciadoras ou


revisoras, a depender de onde for proposto o projeto.
A Casa revisora pode emendar o projeto.
É mais comum que a Câmara dos Deputados seja a Casa iniciadora. Isso
porque existem mais Deputados que Senadores. Além disso, existem casos em
que a Constituição exige que iniciem na Câmara. Exemplo: artigo 64, CF.
O Senado Federal será a Casa iniciadora apenas nos projetos de lei de
iniciativa dos Senadores ou das Comissões do Senado.

Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa do Presidente da


República, do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores terão início
na Câmara dos Deputados.

Iniciado o processo legislativo, inicialmente são analisados nas Comissões


(artigo 58, CF), seja na Câmara ou no Senado.
As Comissões emitem parecer preliminar sobre a viabilidade do projeto e
são compostas de acordo com a representatividade do partido político no
parlamento.

Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e


temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo
regimento ou no ato de que resultar sua criação.

Existem três tipos de Comissões:


1 - Comissões Temáticas: estudam projetos conforme o tema. Exemplos:
educação, saúde, etc.
Se envolver diversos temas, o projeto poderá ser analisado por mais de
uma Comissão.
2 - Comissão de Finanças e Tributação: analisa a compatibilidade com o
orçamento público.
3 - Comissão de Constituição e Justiça: analisa a constitucionalidade do
projeto de lei.
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Trata-se de um controle preventivo de constitucionalidade, impedindo


que nasça uma lei inconstitucional. É um controle político, porque não é feito
pelo Poder Judiciário.
O § 2º do artigo 58 da CF trata das competências dessas Comissões.

§ 2º Às comissões, em razão da matéria de sua competência, cabe:


I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a
competência do Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros
da Casa;
II - realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil;
III - convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre assuntos
inerentes a suas atribuições;
IV - receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer
pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou entidades públicas;
V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão;
VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de
desenvolvimento e sobre eles emitir parecer.

Diferenciar das Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs), que


objetivam investigar atos praticados por parlamentares. Não se confundem com
as Comissões aqui estudadas, que tratam do processo legislativo (elaboração
das leis, portanto).
O artigo 53 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados estabelece
uma ordem de tramitação nas Comissões.
- Regra geral:
1º) Comissão Temática: análise da relevância social do projeto, conforme
seu tema específico.
2º) Comissão de Constituição e Justiça: análise da constitucionalidade.
Dessa forma, se a Comissão Temática propor alterações, estas já
constarão para análise da Comissão de Constituição e Justiça.
- Regra especial:
Os projetos que envolvam gastos públicos devem ser analisados também
pela Comissão de Finanças e Tributação, o que ocorre após a análise da
Comissão Temática e antes da análise pela Comissão de Constituição e Justiça.

REGRA GERAL REGRA ESPECIAL


1º) Comissão Temática 1º) Comissão Temática
2º) Comissão de Constituição e Justiça 2º) Comissão de Finanças e Tributação
3º) Comissão de Constituição e Justiça
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Existe possibilidade de aprovação dos projetos de lei diretamente nas


Comissões, dispensando-se a votação em Plenário. É o que ocorre na maioria
dos projetos, que são aprovados por líderes que representam todo o partido.
Ou seja, as Comissões podem aprovar sem consultar o Plenário, o que se
chama de delegação interna corporis e depende de previsão no Regimento
Interno da Casa.
Na Constituição, a autorização para realização desse procedimento
consta no artigo 58, § 2º.

§ 2º Às comissões, em razão da matéria de sua competência, cabe:


I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a
competência do Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros
da Casa;

Não ocorrerá se houver recurso de 1/10 dos membros da Casa.


Existem alguns projetos cuja aprovação pelas Comissões é vedada pelo
Regimento Interno da Câmara dos Deputados: lei complementar, Códigos,
iniciativa popular, projetos oriundos do Senado, pareceres divergentes, PEC,
regime de urgência.
O parecer das Comissões Temáticas possui natureza de parecer
opinativo. Ou seja, o Plenário pode seguir ou não. Não é vinculativo.
No entanto, os pareceres da Comissão de Constituição e Justiça e da
Comissão de Finanças e Tributação possuem natureza de parecer terminativo. O
projeto nem é encaminhado à votação, salvo recurso do Plenário que force a
análise.

Parecer das Comissões Temáticas Opinativo


Parecer da Comissão de Constituição e Justiça
Terminativo
Parecer da Comissão de Finanças e Tributação

O artigo 65 da CF trata da tramitação dos projetos de lei nas Casas


Legislativas.

Art. 65. O projeto de lei aprovado por uma Casa será revisto pela outra, em um
só turno de discussão e votação, e enviado à sanção ou promulgação, se a Casa
revisora o aprovar, ou arquivado, se o rejeitar.
Parágrafo único. Sendo o projeto emendado, voltará à Casa iniciadora.

O projeto de lei aprovado pela Casa iniciadora é enviado à Casa revisora.


Se esta também aprovar, envia para deliberação executiva do Presidente da
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DISCIPLINA DIREITO CONSTITUCIONAL AULA 13
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República. Se a Casa revisora rejeita, o projeto será arquivado. Se a Casa revisora


emendar o projeto, este retornará à Casa iniciadora.
Nesse último caso, a Casa iniciadora pode concordar com a emenda ou
não, enviando o projeto para deliberação executiva. Em suma, em termos de
emenda, a última palavra sempre será da Casa iniciadora (predominância da
Casa iniciadora).
Em cada Casa, a votação sempre será em um turno.

PROJETO APROVADO PELA CASA INICIADORA


Casa revisora aprova Remeta à deliberação executiva
Casa revisora rejeita Arquivamento
Casa revisora emenda Retorno à Casa iniciadora, que apreciará a emenda,
enviando-o (com ou sem emenda) à deliberação
executiva

Sempre que determinado o arquivamento, incidirá a irrepetibilidade


prevista no artigo 67 da CF.

Art. 67. A matéria constante de projeto de lei rejeitado somente poderá


constituir objeto de novo projeto, na mesma sessão legislativa, mediante
proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do
Congresso Nacional.

O retorno à Casa iniciadora ocorrerá somente se houver alteração do


significado normativo. Se forem meras correções, não implica o retorno.
Existem casos de proibição de emendas pela Casa revisora: aumento de
despesa em projeto de iniciativa do Presidente; organização dos serviços
administrativos da Câmara, do Senado, dos Tribunais Federais e do Ministério
Público.
A Constituição prevê, ainda, o processo legislativo sumário (regime de
urgência) nos parágrafos do artigo 64, CF.

§ 1º - O Presidente da República poderá solicitar urgência para apreciação de


projetos de sua iniciativa.
§ 2º Se, no caso do § 1º, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal não se
manifestarem sobre a proposição, cada qual sucessivamente, em até quarenta
e cinco dias, sobrestar-se-ão todas as demais deliberações legislativas da
respectiva Casa, com exceção das que tenham prazo constitucional
determinado, até que se ultime a votação.
§ 3º A apreciação das emendas do Senado Federal pela Câmara dos Deputados
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far-se-á no prazo de dez dias, observado quanto ao mais o disposto no


parágrafo anterior.
§ 4º Os prazos do § 2º não correm nos períodos de recesso do Congresso
Nacional, nem se aplicam aos projetos de código.

Exemplos de exceções que não paralisam: medidas provisórias.


Em suma, os processos em regime de urgência possuem o prazo máximo
de 100 dias (45 + 45 + 10). Na prática, dificilmente esses prazos são cumpridos.

Quórum de aprovação

Maioria simples 1º número interior superior Calculada em face dos


à metade presentes
Maioria absoluta 1º número interior superior Calculada com base no
à metade número de membros

MAIORIA SIMPLES/RELATIVA MAIORIA ABSOLUTA


Lei ordinária (aprovação), etc Lei complementar (aprovação),
derrubada de veto, etc
Quando CF não for expressa Expressa disposição
Pressupõe a presença fática de Quórum absoluto (absoluta)
maioria absoluta (quórum flutuante –
absoluta + simples)

MAIORIA QUALIFICADA
Superior à maioria absoluta
Expressa disposição
3/5 ou 2/3 – calculada em face dos membros efetivos, independente se
ausentes ou presentes

Deliberação executiva

O projeto aprovado nas Casas Legislativas, é encaminhado para o


“autógrafo”, que é uma garantia de que o Presidente da República receberá o
projeto na versão final.
O Presidente da República poderá sancionar ou vetar o projeto, o que
está previsto no artigo 66 da CF.

Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei
ao Presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará.
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§ 1º Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte,


inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetá-lo-á total ou
parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do recebimento,
e comunicará, dentro de quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado
Federal os motivos do veto.
§ 2º O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo,
de inciso ou de alínea.
§ 3º Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Presidente da República
importará sanção.
§ 4º O veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de trinta dias a contar
de seu recebimento, só podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta
dos Deputados e Senadores.
§ 5º Se o veto não for mantido, será o projeto enviado, para promulgação, ao
Presidente da República.
§ 6º Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido no § 4º, o veto será
colocado na ordem do dia da sessão imediata, sobrestadas as demais
proposições, até sua votação final.
§ 7º Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oito horas pelo
Presidente da República, nos casos dos § 3º e § 5º, o Presidente do Senado a
promulgará, e, se este não o fizer em igual prazo, caberá ao Vice-Presidente do
Senado fazê-lo.

SANÇÃO VETO
Concordância/aquiescência Discordância
Expressa ou tácito Sempre expresso, condicionado a prazo
Jurídico = projeto inconstitucional
Político = contrário ao interesse público
Parcial ou total

A sanção tácita ocorre quando o projeto não for vetado no prazo de 15


dias úteis (§ 1º).
O objeto da sanção ou do veto é o projeto de lei. Ainda não é uma lei.
O veto pode ser total ou parcial (texto integral de artigo, parágrafo,
inciso ou alínea - § 2º). Não pode vetar somente expressões, para evitar que
fique desconfigurado o que foi aprovado no parlamento.
O veto poderá ser derrubado pelo Poder Legislativo pela maioria
absoluta dos Deputados e Senadores (§ 4º), em sessão conjunta, em votação
aberta.
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3) FASE COMPLEMENTAR

Promulgação

Atesta a existência válida da lei.

Publicação

Leva ao conhecimento da população o conteúdo da nova lei e ocorre


pela inserção do texto no Diário Oficial.
Com a publicação, ninguém pode deixar de cumprir a lei alegando que a
desconhece. Ocorre presunção de conhecimento da lei, conforme previsto na
LINDB.
Existe, porém, o período de vacatio legis. Quando lei terá esse prazo,
embora já publicada, entrará em vigor somente após o transcurso de
determinado tempo.
O prazo comum é de 45 dias depois de oficialmente publicada. No
entanto, o Congresso pode definir prazo diverso ou também dispor que
produzirá efeitos imediatos a partir da publicação. Nos países estrangeiros, o
período será de 3 meses.

RESUMO DO PROCESSO LEGISLATIVO


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EMENDAS CONSTITUCIONAIS

O poder constituinte derivado encontra-se previsto no artigo 60 da CF.


Seus incisos tratam dos legitimados para proposta de emenda constitucional
(PEC).

Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:


I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do
Senado Federal;
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da
Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus
membros.

Trata-se de iniciativa concorrente. São as pessoas que podem dar início à


proposta, o que difere da aprovação.
O § 1º trata dos limites circunstanciais às emendas constitucionais.

§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção


federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.

O § 2º trata do quórum de aprovação, ligado à rigidez constitucional.

§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional,


em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos
dos votos dos respectivos membros.

O § 3º trata da promulgação. Como são promulgadas pelas Mesas, não


existe fase de deliberação executiva. Em outras palavras, as emendas
constitucionais não se sujeitam a sanção ou veto do Presidente da República
(este pode somente propor).

§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos


Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.

O § 4º consagra as cláusulas pétreas, que são limitações materiais ao


poder constituinte derivado. Deve-se atentar que abolir/suprimir é diferente de
modificar.

§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:


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I - a forma federativa de Estado;


II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais

Além disso, sujeitam-se à regra da irrepetibilidade prevista no § 5º. Ou


seja, se rejeitada, a matéria só poderá ser proposta novamente na próxima
sessão legislativa.

§ 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por


prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão
legislativa.

MEDIDAS PROVISÓRIAS

Estão disciplinadas no artigo 62 da CF. É de competência privativa do


Presidente da República e indelegável.

Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá


adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato
ao Congresso Nacional.

Relevância e urgência são requisitos cumulativos, que adquirem


considerável margem de discricionariedade, porque são conceitos vagos e
indeterminados.
Questiona-se se o Judiciário pode analisar se estão presentes ou não
esses requisitos. Em princípio, é vedada essa interferência.
Excepcionalmente, admite-se esse controle quando houver flagrante
abuso da prerrogativa ou nítido desvio de finalidade.
No caso de medida provisória para abertura de crédito extraordinário, a
própria Constituição possibilita essa prática somente para despesas de guerra,
comoção interna ou calamidade pública. Nesses casos, portanto, extrapolando
essas situações, o Judiciário poderá interferir. Isso porque são situações mais
densas e menos discricionárias.
Além disso, existem matérias que não podem ser objeto de medida
provisória.

§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:


I – relativa a
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito
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eleitoral;
b) direito penal, processual penal e processual civil;
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a
garantia de seus membros;
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais
e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º;
II – que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou
qualquer outro ativo financeiro;
III – reservada a lei complementar;
IV – já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e
pendente de sanção ou veto do Presidente da República.

§ 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos,


exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no
exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia
daquele em que foi editada.

§ 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão


eficácia, desde a edição, se não forem convertidas em lei no prazo de sessenta
dias, prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez por igual período, devendo o
Congresso Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas
delas decorrentes.

Não se admite mais sucessivas prorrogações, somente uma e por igual


período. Se não houver a conversão nesse prazo, ocorre a perda da eficácia com
efeitos retroativos (ex tunc).

§ 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º até sessenta dias
após a rejeição ou perda de eficácia de medida provisória, as relações jurídicas
constituídas e decorrentes de atos praticados durante sua vigência conservar-
se-ão por ela regidas.

Em princípio, o prazo máximo de vigência de uma MP é 120 dias (60 +


60). No entanto, esse prazo fica suspenso no recesso parlamentar, quando
poderá superar, recomeçando a contagem de onde parou.

§ 4º O prazo a que se refere o § 3º contar-se-á da publicação da medida


provisória, suspendendo-se durante os períodos de recesso do Congresso
Nacional.
§ 5º A deliberação de cada uma das Casas do Congresso Nacional sobre o
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mérito das medidas provisórias dependerá de juízo prévio sobre o atendimento


de seus pressupostos constitucionais.
§ 7º Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a vigência de medida
provisória que, no prazo de sessenta dias, contado de sua publicação, não tiver
a sua votação encerrada nas duas Casas do Congresso Nacional.

Não existe mais convocação exclusiva extraordinária com a finalidade de


analisar MP. No entanto, se houver outra convocação extraordinária, a MP
também será apreciada.
Os demais parágrafos tratam da tramitação legislativa da medida
provisória.

§ 6º Se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias


contados de sua publicação, entrará em regime de urgência,
subsequentemente, em cada uma das Casas do Congresso Nacional, ficando
sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as demais deliberações
legislativas da Casa em que estiver tramitando.
§ 8º As medidas provisórias terão sua votação iniciada na Câmara dos
Deputados.
§ 9º Caberá à comissão mista de Deputados e Senadores examinar as medidas
provisórias e sobre elas emitir parecer, antes de serem apreciadas, em sessão
separada, pelo plenário de cada uma das Casas do Congresso Nacional.
§ 10. É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória
que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por decurso de
prazo.
§ 12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto original da
medida provisória, esta manter-se-á integralmente em vigor até que seja
sancionado ou vetado o projeto.

Nesse período de pandemia, passou a ser possível a apresentação de


parecer sobre medidas provisórias diretamente em Plenário, por parlamentar
designado, diante da impossibilidade de atuação momentânea de atuação da
comissão mista. Liminarmente, o Supremo já admitiu ser constitucional essa
medida excepcional (ADPF 661).
Matérias que não podem ser objeto de medida provisória não ficarão
sobrestadas em face do regime de urgência da MP, conforme entendimento do
STF.
A irrepetibilidade é absoluta, como nas emendas constitucionais. Não
existe possibilidade de maioria absoluta.
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MONITOR BETINA SANTORO BENVEGNÚ DATA 10/07/2020


CURSO PREPARATÓRIO À MAGISTRATURA FEDERAL
DISCIPLINA DIREITO CONSTITUCIONAL AULA 13
PROFESSOR MARCELO SCHENK DUQUE

MEDIDAS QUE PODEM SER TOMADAS PELO CONGRESSO


1 - Aprovação sem alteração
2 - Aprovação com alteração
3 - Não apreciação em 120 dias = rejeição tácita
4 - Rejeição expressa

Segundo o Supremo, uma medida provisória não revoga lei anterior,


porque possui caráter transitório e precário. Nesse caso, apenas suspende os
efeitos enquanto não convertida em lei.
Pode haver debate jurisdicional sobre atendimento dos pressupostos de
admissibilidade, mesmo se já convertida em lei pelo Congresso, conforme já
decidiu o STF.
Além disso, o Supremo reconhece que os Estados-membros podem
prever a possibilidade de edição de medidas provisórias estaduais em suas
Constituições Estaduais, desde que observem o princípio da simetria com CF.

LEIS DELEGADAS

Estão previstas no artigo 68 da CF.

Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que
deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional.
§ 1º Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do
Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou
do Senado Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação
sobre:
I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a
garantia de seus membros;
II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais;
III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.
§ 2º A delegação ao Presidente da República terá a forma de resolução do
Congresso Nacional, que especificará seu conteúdo e os termos de seu
exercício.
§ 3º Se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo Congresso
Nacional, este a fará em votação única, vedada qualquer emenda.

Uma resolução do Poder Legislativo formaliza a delegação para que o


Presidente da República edite lei delegada. É o único instrumento apto
(resolução). Nem mesmo lei ordinária pode formalizar a delegação.
Possui caráter temporário (somente na mesma legislatura).
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MONITOR BETINA SANTORO BENVEGNÚ DATA 10/07/2020


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DISCIPLINA DIREITO CONSTITUCIONAL AULA 13
PROFESSOR MARCELO SCHENK DUQUE

Existem vedações quanto às matérias (§ 1º).


A resolução pode, ainda, determinar que o projeto seja apreciado pelo
Congresso, o que ocorrerá em votação único, sendo vedada qualquer emenda.
Isso é denominado pela doutrina de delegação imprópria ou atípica.
O Congresso também poderá sustar os atos que exorbitem os limites da
delegação legislativa (competência exclusiva do Congresso - artigo 49, V, CF).
Está em desuso, justamente pela possibilidade de edição de medidas
provisórias.

REFERÊNCIAS LEGISLATIVAS

Constituição Federal: artigos 58, 60, 62, 64, 65, 66, 67 e 68.
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MONITOR BETINA SANTORO BENVEGNÚ DATA 30/07/2020


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DISCIPLINA DIREITO CONSTITUCIONAL AULA 14
PROFESSOR PEDRO GUILHERME AUGUSTIN ADAMY

RESUMO1

[Ponto 3 Resolução CJF nº 067/2009] Orçamento. Princípios constitucionais.


Fiscalização financeira e orçamentária. O Tribunal de Contas. Natureza e
atribuições.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A EC 106/20, conhecida como “orçamento de guerra”, promoveu


alterações significativas no assunto, que são temporárias. Por isso, a matéria
possui um panorama geral e também um panorama específico de acordo com
essa modificação.

ORÇAMENTO

Possui previsão constitucional. Existem muitas regras orçamentárias no


texto constitucional, inclusive título específico para tanto.
Existem alterações constantes nos dispositivos que tratam do assunto.
Recentemente, ocorreram diversas alterações.
A EC 106/20 trouxe previsões excepcionais para um período
absolutamente excepcional, criando exceções às regras tradicionais.
No direito orçamentário, existe um novo paradigma criado a partir da
ADPF 347. A partir de então, pode-se discutir a existência de um orçamento
judicialmente impositivo e da sindicabilidade plena do orçamento.
Na maioria das decisões do Supremo, isso não ocorre. Contudo, a ADPF
347 pode ter criado um novo paradigma, ao tratar da situação prisional
brasileira, obrigando a utilização do Fundo Penitenciário para a finalidade para a
qual foi criado e determinando a abstenção de novos contingenciamentos.
O que ocorre, normalmente, é somente a deferência do Poder Judiciário,
sob pena de esvaziamento das funções típicas do Parlamento (STF, ADI 5468),
ainda que se discorde frontalmente das despesas.
No mesmo sentido, já se decidiu que o Judiciário não pode obrigar o
Município a construir creches se não houver previsão orçamentária para tanto
(STF, Pet 2836-QO).
Excepcionalmente, na ADPF 347 (2015), o Supremo não reconheceu a
discricionariedade do Poder Público na destinação dos recursos e
contingenciamento, determinando a aplicação dos valores do Fundo
Penitenciário Nacional para sua finalidade específica.
1Este é um material complementar elaborado por aluno monitor regularmente matriculado no curso. Seu conteúdo está
sujeito a equívocos e revisões.
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DISCIPLINA DIREITO CONSTITUCIONAL AULA 14
PROFESSOR PEDRO GUILHERME AUGUSTIN ADAMY

O fundamento da decisão foi o estado de coisas inconstitucional do


sistema penitenciário brasileiro, também reconhecido na referida decisão.
Indaga-se, portanto, se essa questão inaugura um novo paradigma no
orçamento brasileiro.

SISTEMA TRIPARTITE

Três leis regulam o orçamento e cada uma possui sua função específica.
São elas:
– Plano Plurianual (PPA);
– Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO);
– Lei Orçamentária Anual (LOA).

1) PLANO PLURIANUAL

É realizado de quatro em quatro anos, o que não coincide


necessariamente com o mandato do Presidente da República. Engloba os dois
últimos anos de um governo e os dois primeiros anos de outro.
Isso porque objetiva concretizar os programas de Estado (permanentes),
e não os programas do governo (temporários).

§ 1º A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada,


as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as
despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos
programas de duração continuada.

O atual Plano Plurianual é o de 2020/2023.


Ainda que tais diretrizes possam ser levemente alteradas, não podem ser
ignoradas pela LDO e pela LOA.

2) LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS

É aprovada para o exercício financeiro (ano) seguinte.

§ 2º A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades


da administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o
exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração da lei orçamentária
anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a
política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.
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A LDO 2021 foi proposta pelo Poder Executivo através do Projeto de Lei
9/2020-CN. Possui diversas alterações na legislação tributária que estão sendo
discutidas. As estimações devem ser realistas. Além disso, no projeto já consta a
previsão de déficit de R$ 150 bilhões.
O Supremo já decidiu que a previsão das alterações na legislação
tributária deve se basear nos projetos legislativos em tramitação no Congresso
Nacional, ou seja, que ao menos já estejam sendo debatidos no Parlamento
(ADI 3949).
Não pode mencionar reforma tributária na LDO sem que essa reforma
esteja sequer sendo debatida no Parlamento. Deve ter estimativa real da
reforma.
A Lei de Responsabilidade Fiscal (LC 101/00) estabelece que a LDO deve
dispor sobre o equilíbrio entre receitas e despesas. Ou seja, o orçamento
deveria ser neutro, sem prever despesas sem receitas.
Essa mesma lei também prevê a inclusão de metas e de riscos fiscais na
LDO.

Art. 4°, LC 101/00 (...) § 1º Integrará o projeto de lei de diretrizes


orçamentárias Anexo de Metas Fiscais, em que serão estabelecidas metas
anuais, em valores correntes e constantes, relativas a receitas, despesas,
resultados nominal e primário e montante da dívida pública, para o exercício a
que se referirem e para os dois seguintes.
§ 3º A lei de diretrizes orçamentárias conterá Anexo de Riscos Fiscais, onde
serão avaliados os passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as
contas públicas, informando as providências a serem tomadas, caso se
concretizem.

Em suma, as previsões deveriam ser realistas, mas nem sempre são.


A exclusão do PIS e da COFINS da base de cálculo do ICMS é um
exemplo de previsão de risco fiscal. Nesse caso específico, o anexo de riscos
fiscais não foi realista, porque não se previu o verdadeiro déficit.

3) LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL

É realizado o detalhamento das despesas anuais.

§ 5º A lei orçamentária anual compreenderá:


I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e
entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e
mantidas pelo Poder Público;
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II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou


indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto;
III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e
órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os
fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público.
§ 6º O projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo
regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente de isenções,
anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e
creditícia.

A maior parte das despesas ficam a cargo da folha de pagamento dos


servidores.
O Supremo já decidiu que é constitucional a concessão regular de
incentivos, benefícios e isenções fiscais relativos ao Imposto de Renda e
Imposto sobre Produtos Industrializados por parte da União em relação ao
Fundo de Participação de Municípios e respectivas quotas devidas às
Municipalidades (Tema 653).
Isso porque o ente competente para instituir o tributo também é o
competente para isentar. O prejuízo fiscal deve ser solucionado de outro modo.

§ 7º Os orçamentos previstos no § 5º, I e II, deste artigo, compatibilizados com


o plano plurianual, terão entre suas funções a de reduzir desigualdades
interregionais, segundo critério populacional.
§ 8º A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da
receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para
abertura de créditos suplementares e contratação de operações de crédito,
ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei.

O parágrafo oitavo trata do princípio da exclusividade, trazendo uma


vedação absoluta de disposições estranhas às demais leis orçamentárias.

INICIATIVA

A iniciativa está prevista para o Chefe do Executivo, sendo que o


Judiciário, Ministério Público e Defensoria Pública possuem suas iniciativas.
O Supremo já reconheceu a existência de vício de iniciativa do Chefe da
Polícia Civil. Isso porque a competência para propor orçamento anual é privativa
do chefe do Poder Executivo (ADI 882).
No mesmo sentido, já decidiu que projeto de lei sobre a estrutura e
atribuições de órgãos e secretarias da administração pública é de iniciativa
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privativa do chefe do Poder Executivo, justamente por implicarem aumento de


despesa (ADI 2808).

EC 100/19

Essa emenda trouxe diversas alterações a respeito do orçamento.

§ 10. A administração tem o dever de executar as programações orçamentárias,


adotando os meios e as medidas necessários, com o propósito de garantir a
efetiva entrega de bens e serviços à sociedade.

Questiona-se se esse dispositivo criou um orçamento impositivo,


diminuindo a discricionariedade do Poder Público. Esse parágrafo, contudo, foi
relativizado pelo disposto no parágrafo 11.

§ 11. O disposto no § 10 deste artigo, nos termos da lei de diretrizes


orçamentárias:
I - subordina-se ao cumprimento de dispositivos constitucionais e legais que
estabeleçam metas fiscais ou limites de despesas e não impede o
cancelamento necessário à abertura de créditos adicionais;
II - não se aplica nos casos de impedimentos de ordem técnica devidamente
justificados;
III - aplica-se exclusivamente às despesas primárias discricionárias.

Além disso, passou a existir limites para as emendas.

§ 9º. As emendas individuais ao projeto de lei orçamentária serão aprovadas no


limite de 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento) da receita corrente líquida
prevista no projeto encaminhado pelo Poder Executivo, sendo que a metade
deste percentual será destinada a ações e serviços públicos de saúde.
§ 11. É obrigatória a execução orçamentária e financeira das programações a
que se refere o § 9º deste artigo, em montante correspondente a 1,2% (um
inteiro e dois décimos por cento) da receita corrente líquida realizada no
exercício anterior, conforme os critérios para a execução equitativa da
programação definidos na lei complementar prevista no § 9º do art. 165.
§ 12. A garantia de execução de que trata o § 11 deste artigo aplica-se também
às programações incluídas por todas as emendas de iniciativa de bancada de
parlamentares de Estado ou do Distrito Federal, no montante de até 1% (um
por cento) da receita corrente líquida realizada no exercício anterior.
§ 13. As programações orçamentárias previstas nos §§ 11 e 12 deste artigo não
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serão de execução obrigatória nos casos dos impedimentos de ordem técnica.

EC 106/20

Denominada de orçamento de guerra. É temporária, a fim de viger no


estado de calamidade ocasionado pela pandemia.

Art. 1º Durante a vigência de estado de calamidade pública nacional


reconhecido pelo Congresso Nacional em razão de emergência de saúde
pública de importância internacional decorrente de pandemia, a União adotará
regime extraordinário fiscal, financeiro e de contratações para atender às
necessidades dele decorrentes, somente naquilo em que a urgência for
incompatível com o regime regular, no termos definidos nesta Emenda
Constitucional.
Art. 3º Desde que não impliquem despesa permanente, as proposições
legislativas e os atos do Poder Executivo com propósito exclusivo de enfrentar
a calamidade e suas consequências sociais e econômicas, com vigência e
efeitos restritos à sua duração, ficam dispensados da observância das
limitações legais quanto à criação, à expansão ou ao aperfeiçoamento de ação
governamental que acarrete aumento de despesa e à concessão ou à
ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra
renúncia de receita.
Art. 4º Será dispensada, durante a integralidade do exercício financeiro em que
vigore a calamidade pública nacional de que trata o art. 1º desta Emenda
Constitucional, a observância do inciso III do caput do art. 167 da Constituição
Federal.

As despesas devem ser temporárias e possuírem propósito exclusivo de


enfrentamento às calamidades.
Foram flexibilizadas as regras orçamentárias e as regras de contratação
pelo Poder Público.

PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS

Aplicam-se ao orçamento em tempos de normalidade. Ou seja, não se


aplicam às disposições da EC 106/20.
São comandos obrigatórios, ou seja, verdadeiras regras.
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DISCIPLINA DIREITO CONSTITUCIONAL AULA 14
PROFESSOR PEDRO GUILHERME AUGUSTIN ADAMY

1) Unidade

Deve existir apenas um orçamento por exercício financeiro.


Objetiva o controle racional e direto das operações financeiras de
responsabilidade do Executivo.

§ 5º O Presidente da República poderá enviar mensagem ao Congresso


Nacional para propor modificação nos projetos a que se refere este artigo
enquanto não iniciada a votação, na Comissão mista, da parte cuja alteração é
proposta.

2) Universalidade

O orçamento deverá conter todas as despesas e todas as receitas do


Estado. É estimativa, que deve ser o mais realista possível.

3) Anualidade

O exercício financeiro compreende-se em um ano, que será o exercício


fiscal.

Lei 4320/64, Art. 2°. A Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita e


despesa de forma a evidenciar a política econômica financeira e o programa de
trabalho do Governo, obedecidos os princípios de unidade universalidade e
anualidade.

4) Exclusividade

A lei orçamentária deverá contar apenas matéria orçamentária ou


financeira.

§ 8º A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da


receita e à fixação da despesa.

5) Especificação

As receitas e despesas devem aparecer de forma discriminada, de tal


forma que se possa saber a origem dos recursos e sua aplicação de forma
pormenorizada.
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Lei nº 4.320/64, Art. 5º: A Lei de Orçamento não consignará dotações globais
para atender indiferentemente as despesas.

6) Vedação de afetação da receita dos impostos

Os impostos não podem ser afetados a uma despesa determinada.

Art. 167, CF: São vedados: (...) IV - a vinculação de receita de impostos a órgão,
fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos
impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as
ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do
ensino e para realização de atividades da administração tributária, como
determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a
prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita,
previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo;

O Supremo já declarou inconstitucional a determinação de aplicação


mínima de 35% da receita resultante de impostos (ADI 820).
Existem críticas à vedação quanto à concretização dos direitos
fundamentais, promoção de finalidades constitucionais legítimas e ausência de
reciprocidade entre arrecadação e atuação estatal.

7) Limitação das despesas com pessoal

Art. 169, CF. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos
em lei complementar.

A LC 101/00 traz esses limites.

Art. 19. Para os fins do disposto no caput do art. 169 da Constituição, a despesa
total com pessoal, em cada período de apuração e em cada ente da Federação,
não poderá exceder os percentuais da receita corrente líquida, a seguir
discriminados:
I - União: 50% (cinquenta por cento);
II - Estados: 60% (sessenta por cento);
III - Municípios: 60% (sessenta por cento).
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DISCIPLINA DIREITO CONSTITUCIONAL AULA 14
PROFESSOR PEDRO GUILHERME AUGUSTIN ADAMY

FISCALIZAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

É função típica do Poder Legislativo.

Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e


patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta,
quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e
renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle
externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com
o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete.

Súmula 347, STF - O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições,


pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do poder público.
O Supremo, ainda, ampliou a competência do Tribunal de Contas, que
pode apreciar qualquer recurso público. A origem do recurso é o critério
definidor da possibilidade ou não de fiscalização (MS 24379).
Também já entendeu o STF que o Tribunal de Contas não deve exercer
controle prévio de validade dos contratos administrativos (ADI 916).
A Controladoria Geral da União, por outro lado, exerce controle interno!
A fiscalização do Tribunal de Contas, ainda, não inibe a propositura de
ação civil pública (STF - MS 26.969). O professor questiona se o Poder Judiciário
fará deferência ao órgão técnico, Tribunal de Contas, ou pode adotar decisão
contrária.

Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem sede
no Distrito Federal, quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território
nacional, exercendo, no que couber, as atribuições previstas no art. 96.
§ 1º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomeados dentre
brasileiros que satisfaça os seguintes requisitos:
I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade;
II - idoneidade moral e reputação ilibada;
III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis,
econômicos e financeiros ou de administração pública;
IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade
profissional que exija os conhecimentos mencionados no inciso anterior.
§ 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte
legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades
perante o Tribunal de Contas da União.
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MONITOR BETINA SANTORO BENVEGNÚ DATA 30/07/2020


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DISCIPLINA DIREITO CONSTITUCIONAL AULA 14
PROFESSOR PEDRO GUILHERME AUGUSTIN ADAMY

A OAB é instituição sui generis, que não está sujeita à fiscalização do


TCU.

REFERÊNCIAS LEGISLATIVAS

Constituição Federal: artigo 70, 71, 73, 165, 166, 167 e 169.

EC 106/20: artigos 1º, 3º e 4º.

LC 101/00 (Lei de Responsabilidade Fiscal): artigos 4º e 19.

Lei 4320/64: artigos 2° e 5º.


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DISCIPLINA DIREITO CONSTITUCIONAL AULA 15
PROFESSOR MARCELO SCHENK DUQUE

RESUMO1

[Ponto 6 Resolução CJF nº 067/2009] O controle de constitucionalidade difuso


nos tribunais. Incidente de inconstitucionalidade. Repercussão geral no Rext,
súmula vinculante e reclamação constitucional.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O controle de constitucionalidade é um dos temas mais complexos de


Direito Constitucional. Inicialmente, será estudada a teoria geral.
Posteriormente, adentraremos nas ações propriamente ditas.

CONCEITO DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

O controle de constitucionalidade é um exame comparativo entre a


legislação infraconstitucional e a Constituição Federal (parâmetro). É um exame
de adequação vertical, porque pressupõe a supremacia da Constituição.

Existem três pressupostos para sua ocorrência:


- Supremacia da constituição escrita;
- Rigidez constitucional (alteração por procedimento mais dificultoso);
- Jurisdição constitucional (Supremo).

ESPÉCIES DE INCONSTITUCIONALIDADE

- Por ação (ato comissivo): deriva de movimento do Poder Público.

- Por omissão (ato omissivo): deriva do não agir do Poder Público, que se
abstém de legislar.
Exemplo: direito de greve do servidor público.

ESPÉCIES
POR AÇÃO POR OMISSÃO
Ato comissivo do Poder Público Ato omissivo do Poder Público

1Este é um material complementar elaborado por aluno monitor regularmente matriculado no curso. Seu conteúdo está
sujeito a equívocos e revisões.
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DISCIPLINA DIREITO CONSTITUCIONAL AULA 15
PROFESSOR MARCELO SCHENK DUQUE

NATUREZA DO VÍCIO DE INCONSTITUCIONALIDADE

- Formal: viola a forma como norma foi elaborada, ou seja, devido


processo legislativo (nomodinâmica).
A doutrina aponta três subcategorias.
* Orgânico = viola competência legislativa.
* Formal propriamente dito = regras do processo legislativo, fase de
iniciativa.
* Violação a pressupostos objetivos da lei = regras específicas que
Constituição exige exclusivamente para aquele ato.

- Material: o próprio conteúdo da norma viola a Constituição.

NATUREZA DO VÍCIO
FORMAL MATERIAL
Violação na forma de elaboração de Violação no próprio conteúdo da
norma norma
* Orgânico (competência)
* Formal propriamente dito (regras
gerais)
* Violação a pressupostos objetivos da
lei (regras específicas)

NATUREZA DO ATO DE INCONSTITUCIONALIDADE

O controle de constitucionalidade norte-americano é difuso e o alemão é


concentrado. O brasileiro origina-se de uma fusão entre ambos.
O ato inconstitucional, para a teoria clássica (norte-americana), é nulo e
não produz nenhum efeito. Portanto, a declaração de inconstitucionalidade
possui efeitos ex tunc, retroagindo.
Para a teoria moderna (alemã), o ato inconstitucional é anulável. Ou seja,
há anulabilidade em diferentes graus. O tribunal constitucional pode definir a
partir de quando a lei inconstitucional não produz mais efeitos, podendo
preservá-los. É o que ocorre no Supremo.

NATUREZA DO ATO INCONSTITUCIONALIDADE


NULO ANULÁVEL
Teoria clássica/norte-americana Teoria moderna/alemã
Ato inconstitucional é nulo e não O Tribunal Constitucional pode definir
produz nenhum efeito a partir de quando ato
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MONITOR BETINA SANTORO BENVEGNÚ DATA 31/07/2020


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PROFESSOR MARCELO SCHENK DUQUE

inconstitucional não produz mais


efeitos (Brasil)

MOMENTOS DE CONTROLE

- Preventivo/prévio: ocorre antes do nascimento da lei, a fim de impedir


uma lei inconstitucional. É também chamado de controle político.
Em regra, é realizado pelo Poder Legislativo.
Excepcionalmente, é realizado pelo Poder Executivo através do veto
presidencial (veto jurídico).
Também excepcionalmente, é realizado pelo Poder Judiciário, quando é
colocada em votação proposta flagrantemente contrária às cláusulas prévias.
Ocorre a retirada daquela matéria da pauta.

- Repressivo/posterior: ocorre a partir da publicação da norma no Diário


Oficial.
Em regra, é realizado pelo Poder Judiciário.
Excepcionalmente, é realizado pelo Poder Legislativo em três situações:
atos do Executivo que exorbitem a delegação legislativa (lei delegada); atos do
Executivo que exorbitem o poder regulamentar (decreto); edição pelo Executivo
de medida provisória inconstitucional.
Também excepcionalmente, o TCU realiza controle repressivo, pois pode
apreciar constitucionalidade de leis.
Não existe hipótese de o Poder Executivo realizar controle repressivo.

MOMENTOS DE CONTROLE
PREVENTIVO REPRESSIVO
Prévio Posterior (publicação no Diário)
Regra = Poder Legislativo Regra = Poder Judiciário
Exceção = Poder Executivo e Poder Exceção = Poder Legislativo e Tribunal
Judiciário de Contas

SISTEMAS DE CONTROLE

- Difuso: qualquer juiz ou tribunal pode deixar de aplicar norma que


deveria incidir no caso concreto por considerá-la inconstitucional.
É exercido de forma incidental, não sendo o objeto principal da ação.
Trata-se do exame de um caso concreto, que depende da declaração de
inconstitucionalidade.
Pode ser realizada de ofício.
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MONITOR BETINA SANTORO BENVEGNÚ DATA 31/07/2020


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PROFESSOR MARCELO SCHENK DUQUE

Atinge somente as partes e possui efeitos retroativos, em regra. No


entanto, pode chegar ao Supremo pela via recursal, quando terá efeito erga
omnes. A isso dá-se o nome de abstrativização do controle difuso.

- Concentrado: concentra o poder de declarar a inconstitucionalidade em


um órgão.
É exercido pela via principal/via de ação. É o objeto da ação.
Não existem tecnicamente partes.
É um controle realizado em abstrato, porque não envolve litígios
concretos. Por essa razão, a decisão possui efeitos erga omnes.
Existe o princípio da causa de pedir aberta. Ou seja, pode ser reconhecida
a inconstitucionalidade por outra causa que não a pedida pelo autor.
Quanto ao pedido, por outro lado, vigora o princípio da adstrição (não
pode ser modificado). Excepcionalmente, pode haver constitucionalidade por
arrastamento dos dispositivos que possuam relação de dependência.
O arrastamento pode ser horizontal (artigos de mesma norma) ou vertical
(lei – decreto).

No Brasil, temos sistema híbrido. Isso porque existem ações de


competência originária no STF (sistema concentrado), mas também a
possibilidade de que qualquer juiz ou tribunal deixe de aplicar lei
inconstitucional (sistema difuso).
Pelo sistema difuso, também pode-se chegar ao órgão específico através
do sistema recursal.
Essa situação cria situações bastante confusas e instabilidade jurídica.

SISTEMAS DE CONTROLE
DIFUSO CONCENTRADO
Qualquer juiz ou tribunal Órgão específico
Via incidental Via de ação
Concreto Abstrato
Efeitos inter partes Efeitos erga omnes
Efeitos retroativos (ex tunc), em regra Efeitos retroativos (ex tunc)
Recurso STF = erga omnes

No controle difuso, em regra, os efeitos são inter partes. No entanto, se


recurso for decidido pelo Supremo, passarão a ser erga omnes.
No controle concentrado, em regra, os efeitos são erga omnes. O Senado
pode editar resolução para dar publicidade, mas os efeitos são sempre erga
omnes.
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MONITOR BETINA SANTORO BENVEGNÚ DATA 31/07/2020


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DISCIPLINA DIREITO CONSTITUCIONAL AULA 15
PROFESSOR MARCELO SCHENK DUQUE

As decisões do Supremo possuem eficácia contra todos e efeito


vinculante.

Efeito vinculante = diz respeito aos fundamentos sustentadores da


decisão. Ou seja, a fundamentação vincula os demais membros do Judiciário e
da Administração Pública. É a transcendência dos motivos determinantes.
O descumprimento pode acarretar reclamação, que é cabível somente
quando houver identidade de pedidos, não bastando os fundamentos.
A parte dispositiva possui força de lei e vincula as demais instâncias.

Eficácia contra todos = erga omnes.

Atualmente, admite-se a modulação de efeitos tanto no sistema difuso


quanto no sistema concentrado.

MECANISMOS/TÉCNICAS DE CONTROLE

Declaração de nulidade ou de inconstitucionalidade

Pode incidir sobre a totalidade da norma (1), sobre parte da norma (2) ou
sobre determinado âmbito de aplicação da norma (3).

1) Totalidade = declaração de nulidade ou de inconstitucionalidade como


utilidade técnica: geralmente viola o processo formal.
Pode ser por arrastamento.

2) Declaração parcial de inconstitucionalidade com redução de texto =


quantitativa: geralmente violação está no conteúdo.
Aqui, pode ser inclusive de parte de alínea, não havendo vedação no
veto.

3) Declaração parcial de inconstitucionalidade sem redução de texto =


qualitativa.
Interfere na interpretação da norma, deixando texto intacto.
Alguns denominam de inconstitucionalidade circunstancial
(estabelecendo situações que não se enquadram na lei).

Apelo ao legislador

O Supremo apela ao legislador para aperfeiçoar sua construção


legislativa.
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Decisão reconhece a lei como ainda constitucional, já alertando para


estado de inconstitucionalidade em breve.

Declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade ou


sem declaração de incompatibilidade

Aproxima-se muito da modulação dos efeitos.


O Supremo pode reconhecer a inconstitucionalidade de uma norma,
mantendo o que foi produzido sob a vigência de uma lei inconstitucional e
passando a impedir os efeitos dali para frente.
Ou seja, os efeitos são ex nunc, não retroagindo.
Não ocorre a pronúncia de nulidade para período determinado,
permitindo aplicação temporária. Exemplo: permite aplicação de lei
inconstitucional entre 2018 a 2025.
A modulação de efeitos, no Brasil, ocorre tanto no controle difuso quanto
no concentrado.

Modulação de efeitos

Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em


vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o
Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros,
restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a
partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado.

Inconstitucionalidade por arrastamento

Ocorre quando a declaração se estende a dispositivos que se relacionam


com aquela norma por relação de dependência. Pode ser horizontal ou vertical,
conforme já visto.

Inconstitucionalidade “chapada”

Quando se trata de um estado de inconstitucionalidade tão vidente que


até uma pessoa em estado de drogadição perceberia. O Supremo já utilizou
essa expressão.

Estado de coisas inconstitucional

É uma criação da Corte Constitucional Colombiana.


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No Brasil, foi aplicada na ADP 437, quando do julgamento do gravíssimo


problema que ocorre no sistema prisional brasileiro.
Ocorre quando o que gera a violação não é um problema único, mas sim
uma violação massiva de direitos fundamentais de um grande número de
pessoas. Decorre de falhas estruturais e sistêmicas, ocasionando a falência das
políticas públicas.
Não pode ser imputada a somente um dos Poderes.
Para superá-lo, são necessárias medidas complexas (orçamentárias,
legislativas, administrativas, etc). Dependem da alocação de recursos públicos e
reformulação das políticas públicas existentes.

Interpretação conforme a Constituição

É uma técnica hermenêutica que visa a preservação do texto da norma.


É preferível ao declarar a lei inconstitucional, favorecendo o legislador.
Pode ser feita tanto no sistema difuso quanto no concentrado, porque
sequer implica juízo de inconstitucionalidade. Por essa mesma razão, não se
aplica a cláusula de reserva de plenário.
Não pode ignorar a literalidade da norma, sob pena de violação ao
princípio da separação dos poderes.
São somente excluídas as interpretações que frontalmente se choquem,
ficando permitidas as demais.

Diferença entre interpretação conforme a Constituição e a


declaração parcial de inconstitucionalidade sem redução de texto

Somente na declaração parcial de inconstitucionalidade sem redução de


texto há declaração de inconstitucionalidade, devendo respeitar a cláusula de
reserva de plenário.
Por outro lado, a interpretação conforme a Constituição não é declaração
de inconstitucionalidade.

Mutação constitucional

É uma técnica moderna de interpretação constitucional.


Ocorre quando o Tribunal Constitucional dá um novo significado/alcance
à norma constitucional, sem modificar seu texto.
A ideia é que a Constituição preserve sua força normativa.
Exemplo: proteção de sigilo de dados alcança toda e qualquer forma de
comunicação (e-mail, whatsapp), e não somente aquelas previstas (telégrafo,
telefone e carta).
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Denomina-se também de alteração formal da Constituição.


Não pode se desgrudar do espírito da norma, sob pena de violação à
separação dos poderes.

ESCLARECIMENTOS FINAIS

No momento em que o juiz singular se nega a aplicar uma norma por


considerar inconstitucional, existe juízo de inconstitucionalidade. O juiz,
isoladamente considerado, é órgão do Poder Judiciário, por isso não se sujeita à
cláusula de reserva de Plenário.

Na declaração conforme a Constituição, não há declaração de


inconstitucionalidade. Na declaração de inconstitucionalidade sem redução de
texto, existe declaração de inconstitucionalidade se interpretada de
determinada forma.

A declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade é uma


forma de modulação de efeitos.

O Regimento Interno do Tribunal e o Código de Organização Judiciária


regulamentarão os órgãos, inclusive as Turmas Recursais, podendo declarar a
inconstitucionalidade sem necessidade de observar a cláusula de reserva de
plenário, que se aplica somente à situação específica prevista na Constituição.

Em determinadas situações, a interpretação conforme a Constituição e a


mutação constitucional podem se assemelhar. A diferença é que a mutação
ocasiona uma alteração formal do texto (mais abrangente).

As técnicas nomeadas pelo Supremo, por vezes, não são as que


realmente foram utilizadas.

Com a abstrativização do controle difuso, quando o Supremo decide, seja


em controle difuso ou concentrado, sua decisão é vinculante. No entanto, a
transcendência dos motivos determinantes não é reconhecida para admitir
reclamação. Para isso, deve haver identidade de julgado.
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DISCIPLINA DIREITO CONSTITUCIONAL AULA 16
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RESUMO1

[Ponto 6 Resolução CJF nº 067/2009] O controle de constitucionalidade das leis


e dos atos normativos. Conceito. Natureza. Espécies. Teoria geral do controle
de constitucionalidade. Inovações.

REGIMES DE EXCEÇÃO

O estado de defesa e o estado de sítio são remédios excepcionais


necessários para a defesa do estado e das instituições democráticas. São os
chamados regime de exceção ou de emergência.
São limitações circunstanciais ao exercício do poder constituinte
derivado. Ou seja, nesses períodos não pode ocorrer emenda à Constituição.
Podem deliberar, mas não votar.

Estado de defesa

Art. 136, CF. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República


e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa para preservar ou
prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública
ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou
atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza.
§ 1º O decreto que instituir o estado de defesa determinará o tempo de sua
duração, especificará as áreas a serem abrangidas e indicará, nos termos e
limites da lei, as medidas coercitivas a vigorarem, dentre as seguintes:
I - restrições aos direitos de:
a) reunião, ainda que exercida no seio das associações;
b) sigilo de correspondência;
c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;
II - ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na hipótese de
calamidade pública, respondendo a União pelos danos e custos decorrentes.
§ 2º O tempo de duração do estado de defesa não será superior a trinta dias,
podendo ser prorrogado uma vez, por igual período, se persistirem as razões
que justificaram a sua decretação.
§ 3º Na vigência do estado de defesa:
I - a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo executor da medida,
será por este comunicada imediatamente ao juiz competente, que a relaxará, se
não for legal, facultado ao preso requerer exame de corpo de delito à
1Este é um material complementar elaborado por aluno monitor regularmente matriculado no curso. Seu conteúdo está
sujeito a equívocos e revisões.
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autoridade policial;  prisão administrativa!


II - a comunicação será acompanhada de declaração, pela autoridade, do
estado físico e mental do detido no momento de sua autuação;
III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser superior a dez
dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário;
IV - é vedada a incomunicabilidade do preso.
§ 4º Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o Presidente da
República, dentro de vinte e quatro horas, submeterá o ato com a respectiva
justificação ao Congresso Nacional, que decidirá por maioria absoluta.
§ 5º Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será convocado,
extraordinariamente, no prazo de cinco dias.
§ 6º O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro de dez dias contados de
seu recebimento, devendo continuar funcionando enquanto vigorar o estado
de defesa.
§ 7º Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado de defesa.

A Constituição não especifica se a oitiva dos Conselhos deve ser prévia


ou posterior. Além disso, não necessita ouvir o Congresso Nacional.
O Congresso Nacional efetuará o controle político posterior, decidindo
por maioria absoluta.
A medida pode ser preventiva ou repressiva.
Deve ocorrer em locais restritos e determinados, ou seja, deve haver
delimitação geográfica do problema.
O Decreto sempre deverá especificar quais medidas coercitivas podem
ser adotadas.

Estado de sítio

É mais severo que o estado de defesa.

Art. 137, CF. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República


e o Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao Congresso Nacional autorização
para decretar o estado de sítio nos casos de:
I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que
comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa;
II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira.
Parágrafo único. O Presidente da República, ao solicitar autorização para
decretar o estado de sítio ou sua prorrogação, relatará os motivos
determinantes do pedido, devendo o Congresso Nacional decidir por maioria
absoluta.
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Art. 138, CF. O decreto do estado de sítio indicará sua duração, as normas
necessárias a sua execução e as garantias constitucionais que ficarão
suspensas, e, depois de publicado, o Presidente da República designará o
executor das medidas específicas e as áreas abrangidas.
§ 1º O estado de sítio, no caso do art. 137, I (comoção grave de repercussão
nacional ou ineficácia de estado de defesa), não poderá ser decretado por mais
de trinta dias, nem prorrogado, de cada vez, por prazo superior; no do inciso II
(guerra), poderá ser decretado por todo o tempo que perdurar a guerra ou a
agressão armada estrangeira.
§ 2º Solicitada autorização para decretar o estado de sítio durante o recesso
parlamentar, o Presidente do Senado Federal, de imediato, convocará
extraordinariamente o Congresso Nacional para se reunir dentro de cinco dias,
a fim de apreciar o ato.
§ 3º O Congresso Nacional permanecerá em funcionamento até o término das
medidas coercitivas.
Art. 139, CF. Na vigência do estado de sítio decretado com fundamento no art.
137, I (comoção grave de repercussão nacional ou ineficácia de estado de
defesa), só poderão ser tomadas contra as pessoas as seguintes medidas:
I - obrigação de permanência em localidade determinada;
II - detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes
comuns;
III - restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das
comunicações, à prestação de informações e à liberdade de imprensa,
radiodifusão e televisão, na forma da lei;
IV - suspensão da liberdade de reunião;
V - busca e apreensão em domicílio;
VI - intervenção nas empresas de serviços públicos;
VII - requisição de bens.
Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do inciso III a difusão de
pronunciamentos de parlamentares efetuados em suas Casas Legislativas,
desde que liberada pela respectiva Mesa.

O estado de sítio admite prorrogações infinitas, desde que por prazo não
superior a trinta dias.
As hipóteses taxativas previstas no art. 139 (medidas que podem ser
decretadas) não se aplicam ao estado de sítio decretado em período de guerra.
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MONITOR BETINA SANTORO BENVEGNÚ DATA 03/08/2020


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Disposições comuns

Art. 140, CF. A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes partidários,


designará Comissão composta de cinco de seus membros para acompanhar e
fiscalizar a execução das medidas referentes ao estado de defesa e ao estado
de sítio.
Art. 141, CF. Cessado o estado de defesa ou o estado de sítio, cessarão também
seus efeitos, sem prejuízo da responsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus
executores ou agentes.
Parágrafo único. Logo que cesse o estado de defesa ou o estado de sítio, as
medidas aplicadas em sua vigência serão relatadas pelo Presidente da
República, em mensagem ao Congresso Nacional, com especificação e
justificação das providências adotadas, com relação nominal dos atingidos e
indicação das restrições aplicadas.

AÇÕES DIRETAS

Competência originária do STF:

- ADI (ação direta de inconstitucionalidade);


- ADC (ação declaratória de constitucionalidade);
- ADPF (arguição de descumprimento de preceito fundamental);
- ADIPO (ação direta de inconstitucionalidade por omissão);
- REDIN (representação de inconstitucionalidade interventiva).

São ações diretas, porque começam e terminam no Supremo. Ocorre


análise em abstrato, ou seja, controle concentrado.
Iniciaremos com o estudo da ADI, cujas disposições servirão para análise
posterior das demais ações.

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE

Previsão legal e competência

Encontra-se prevista na Constituição Federal (art. 102, I, a) e na Lei


9.868/99.
É de competência originária do Supremo.
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Parâmetro de controle

Analisa leis federais ou estaduais que violam a Constituição Federal. Ou


seja, ocorre controle abstrato de leis federais ou estaduais, utilizando como
parâmetro a Constituição Federal.
Pressupõe a conclusão definitiva do processo legislativo, que ocorre com
a publicação da norma no Diário Oficial. Pode ser proposta, por exemplo,
durante a vacatio legis.
Não existe ADI de caráter preventivo!
Com exceção da ação direta de inconstitucionalidade por omissão, a ADI
só pode ser proposta após a lei ser editada, promulgada, e, finalmente,
publicada.
Pode haver ADI em face de emenda constitucional publicada. No
entanto, uma proposta de emenda constitucional não pode ser objeto de ADI.
Não existem normas originárias inconstitucionais. Somente as normas
que decorrem das reformas podem ser objeto de controle.

Legitimidade ativa

A legitimidade ativa encontra-se prevista no art. 103 da CF (rol taxativo).


São os mesmos legitimados para ADI, APDF e ADC.

Art. 103, CF. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação


declaratória de constitucionalidade:
I - o Presidente da República;
II - a Mesa do Senado Federal;
III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
IV a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito
Federal;
V o Governador de Estado ou do Distrito Federal;
VI - o Procurador-Geral da República;
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.

Capacidade postulatória

Neste rol, há algumas autoridades que possuem capacidade postulatória


especial pelo cargo que ocupam. Ou seja, não necessitam constituir advogados.
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MONITOR BETINA SANTORO BENVEGNÚ DATA 03/08/2020


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O Supremo divide o rol em duas categorias: aqueles que necessitam de


advogado e aqueles que não necessitam (subscrevem a peça inicial sem auxílio
de advogado).

POSSUEM CAPACIDADE NÃO POSSUEM CAPACIDADE


POSTULATÓRIA ESPECIAL = NÃO POSTULATÓRIA ESPECIAL =
NECESSITAM ADVOGADO NECESSITAM ADVOGADO
I - o Presidente da República; VIII - partido político com
II - a Mesa do Senado Federal; representação no Congresso Nacional
III - a Mesa da Câmara dos Deputados; (é suficiente um Senador ou um
IV a Mesa de Assembleia Legislativa Deputado);
ou da Câmara Legislativa do Distrito IX - confederação sindical ou entidade
Federal; de classe de âmbito nacional.
V o Governador de Estado ou do
Distrito Federal; Na procuração outorgada, deve
VI - o Procurador-Geral da República; constar expressamente a indicação
VII - o Conselho Federal da Ordem das normas a serem impugnadas!!!
dos Advogados do Brasil;

A petição será considerada inepta se algum dos legitimados que


possuem capacidade postulatória especial não a assinarem.
O momento de aferição da legitimidade é no momento da propositura
da ação. No caso de partido político, procuração específica deve ser outorgada
pelo presidente no âmbito nacional.

Pertinência temática

Essas disposições também são aplicáveis à ADC e à ADPF.


Além da legitimidade ativa, é necessário que algumas categorias
demonstrem a pertinência temática da ação direta.
Isso significa que o objeto da ação deve ter relação de pertinência com a
natureza ou atividade do respectivo legitimado ativo.
Com isso, o Supremo dividiu os legitimados em duas categorias:
- Neutros/universais (desnecessidade de pertinência temática = interesse
de agir presumido); ou
- Interessados/especiais (necessidade de demonstração de pertinência
temática para caracterizar interesse de agir).
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LEGITIMADOS NEUTROS OU LEGITIMADOS INTERESSADOS OU


UNIVERSAIS = SEM PERTINÊNCIA ESPECIAIS = PERTINÊNCIA
TEMÁTICA TEMÁTICA
I - o Presidente da República; IV - a Mesa de Assembleia Legislativa
II - a Mesa do Senado Federal; ou da Câmara Legislativa do Distrito
III - a Mesa da Câmara dos Deputados; Federal;
VI - o Procurador-Geral da República; V - o Governador de Estado ou do
VII - o Conselho Federal da Ordem Distrito Federal;
dos Advogados do Brasil; IX - confederação sindical ou entidade
VIII - partido político com de classe de âmbito nacional.
representação no Congresso Nacional;

Somente através da análise do caso concreto pelo Supremo é que será


possível definir se tais entidades se enquadram no requisito de pertinência
temática para proposição de ADI.
O objeto é evitar a banalização da propositura de ações diretas. A partir
de agora, analisaremos os parâmetros que o Supremo utiliza para tanto.

Em relação às entidades de âmbito nacional, o STF estabeleceu quatro


condicionantes:

1) Homogeneidade entre os membros integrantes.


É mais difícil que seja reconhecido quando a organização é formada por
associados pertencentes a categorias diversas.
Exemplo: associação de paraquedistas, mecânicos de fusca e plantadores
de cana.
Em entidades dessa natureza, os objetivos podem ser contrastantes, sem
visualização de elemento unificador entre os associados.
Deve haver união de interesse e unidade de propósito.

2) Constituição de categoria econômica e profissional.


O segmento deve estar representado econômica ou profissionalmente.
Exemplo: União Nacional dos Estudantes (não representam categoria
econômica ou profissional).
As associações das associações são admitidas. Exemplo: associação das
associações de Delegados.
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3) Presença de associados em pelo menos nove Estados da Federação.


Não basta que unidade se denomine como nacional. Deve comprovar
que possui associados em pelo menos 1/3 das unidades da Federação, ou seja,
09 Estados.
O critério advém de aplicação analógica da Lei Orgânica dos Partidos
Políticos (considera-se nacional o partido político com representação em nove
Estados).
Existe exceção já reconhecida pelo Supremo: Associação Brasileira dos
Extratores e Refinadores de Sal. Isso porque sequer ocorre a extração de sal em
nove Estados brasileiros.

4) Pertinência temática entre objetivos institucionais e norma impugnada.


Diz respeito ao interesse de agir.
Em casos que envolvem direito tributário, o Supremo possui critério mais
específico para pertinência temática: o autor deve pertencer ao setor econômico
que foi alcançado em termos de tributo pela norma impugnada.

A partir desses quatro critérios, o Supremo criou o critério da


representatividade integral. Em suma, a entidade de classe de âmbito nacional
pode ajuizar ADI somente se representar todos os membros atingidos pela
norma inconstitucional.
Exemplos:
- Federação Nacional de Oficiais Militares Estaduais (ADI 4473): não
representa o conjunto de pessoas atingidas; não representa, por exemplo,
soldados; fala apenas em nome de parte do grupo.
- Associação Nacional dos Magistrados Estaduais (ADI 4344): não
representa todos os Magistrados.

Em relação às confederações sindicais, os requisitos são outros. Isso


porque essas entidades possuem requisitos mais complexos já na sua formação.
As entidades sindicais estaduais e municipais não possuem legitimidade
(hierarquia inferior), mas sim somente as confederações, que são de âmbito
nacional.
As Centrais Sindicais (exemplos: CUT, CGT) não podem ajuizar ADI,
porque, segundo o Supremo, não são sinônimo de confederação (ADI 1442).
Embora a CLT tenha reconhecido às Centrais Sindicais o caráter de
representação geral dos trabalhadores, o STF permanece negando legitimação
ativa para controle concentrado.
As confederações devem cumprir os requisitos da CLT, ou seja, serem
constituídas por, no mínimo, três federações sindicais (representação dos
sindicatos nos respectivos Estados)!
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MONITOR BETINA SANTORO BENVEGNÚ DATA 03/08/2020


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Além disso, é necessário o duplo registro sindical: no Registro Civil e no


Ministério do Trabalho.
Não basta a nomenclatura de “confederação”, devem ser preenchidos
tais requisitos (mínimo de três federações sindicais + duplo registro).

Processamento

Art. 102, CF. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda


da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou
estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo
federal;

ADI ADC
Lei ou ato normativo federal ou Lei ou ato normativo federal
estadual

É um processo objetivo (sem partes e sem litígio). Ocorre controle


abstrato de ato normativo através do sistema de controle concentrado.
O meio de controle é o principal (via de ação).
O Tribunal Constitucional atua como legislador negativo, porque retira
do mundo jurídico uma norma aprovada pelo legislador.
O objeto é lei ou ato normativo federal ou estadual.
Não se destina à análise de leis municipais (somente a ADPF).

Momento da propositura

É necessário que processo legislativo esteja definitivamente concluído


(publicação no Diário Oficial), porque pressupõe a existência formal do ato
legislativo.
Pode ser ajuizada no período de vacatio legis, por exemplo.
Ressalvada a hipótese de inconstitucionalidade por omissão (ADI por
omissão – será estudada posteriormente), lei ou ato normativo deve ser
promulgado, editado e publicado.
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MONITOR BETINA SANTORO BENVEGNÚ DATA 03/08/2020


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Esquema geral (ADI e ADC – Lei 9.868/99)

Ajuizamento

Requisitos da petição inicial:


- Indicação do dispositivo da lei e fundamentos jurídicos;
- Indicação do pedido com especificações;
- Procuração + documentos.

A petição inicial não está vinculada a qualquer prazo decadencial ou


prescricional, podendo a ação ser proposta a qualquer tempo!

O Supremo não fica adstrito aos fundamentos na declaração de


inconstitucionalidade. O STF pode declarar inconstitucional por outro
fundamento = causa de pedir aberta.
No entanto, quanto à própria norma, aplica-se o princípio da adstrição.
Ou seja, o pedido não é aberto. Exemplo: pedido é a inconstitucionalidade da
Lei X – STF não pode declarar a inconstitucionalidade da Lei Y.
Exceção: inconstitucionalidade por arrastamento = quando há relação de
interdependência entre dois artigos ou duas normas.
- Arrastamento vertical = hierarquia (lei -> decreto).
- Arrastamento horizontal = mesma norma (artigos diferentes).
O efeito do arrastamento pode ocorrer no mesmo processo ou em
processos distintos.
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CAUSA DE PEDIR PEDIDO


ABERTA = PODE SER DECLARADA ADSTRIÇÃO = NÃO PODE SER
INCONSTITUCIONALIDADE POR DECLARADA
OUTRO FUNDAMENTO INCONSTITUCIONALIDADE DE OUTRA
LEI
Exceção = inconstitucionalidade por
arrastamento

Ainda, existe a hipótese de indeferimento liminar da petição inicial:


inepta, não fundamentada e manifestamente improcedente. Contra essa
decisão, cabe agravo de instrumento.
No Regimento Interno do STF contra o prazo de 05 dias para esse
recurso. Contudo, o NCPC unificou os prazos recursais em 15 dias. Por ora,
continua-se aplicando o prazo de 05 dias.

Medida cautelar

Também será analisada originariamente pelo STF.

Art. 102, CF. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda


da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade;

Esse pedido será formulado quando o autor considerar que é urgente a


necessidade de afastar a aplicação da lei.

Art. 10, Lei 9.868/99. Salvo no período de recesso (Presidente do Supremo), a


medida cautelar na ação direta será concedida por decisão da maioria absoluta
dos membros do Tribunal (pelo menos 6 Ministros = mesmo quórum da
declaração da inconstitucionalidade), observado o disposto no art. 22 (quórum
mínimo para instalação da Sessão = 8 Ministros), após a audiência dos órgãos
ou autoridades dos quais emanou a lei ou ato normativo impugnado, que
deverão pronunciar-se no prazo de cinco dias.
Art. 22, Lei 9.868/99. A decisão sobre a constitucionalidade ou a
inconstitucionalidade da lei ou do ato normativo somente será tomada se
presentes na sessão pelo menos oito Ministros.

O artigo estabelece a oitiva prévia dos órgãos ou autoridades dos quais


emanou a lei ou o ato normativo.
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MONITOR BETINA SANTORO BENVEGNÚ DATA 03/08/2020


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DISCIPLINA DIREITO CONSTITUCIONAL AULA 16
PROFESSOR MARCELO SCHENK DUQUE

Se decidida no recesso, decisão será referendada posteriormente pelo


Plenário.

QUÓRUM INSTALAÇÃO 08 MINISTROS


QUÓRUM JULGAMENTO ADI OU 06 MINISTROS (MAIORIA ABSOLUTA)
CAUTELAR ADI

Art. 11, Lei 9.868/99 (...). § 1º A medida cautelar, dotada de eficácia contra
todos, será concedida com efeito ex nunc, salvo se o Tribunal entender que
deva conceder-lhe eficácia retroativa.
§ 2º A concessão da medida cautelar torna aplicável a legislação anterior acaso
existente, salvo expressa manifestação em sentido contrário.

Em regra, os efeitos não retroagem, mas Supremo pode conceder efeitos


retroativos.
O § 2º trata do efeito repristinatório automático da concessão da
cautelar, que será tratado em outra aula.
Se indeferida a medida cautelar, os efeitos da lei são mantidos, no
entanto, não declara a constitucionalidade da norma, o que será julgado
quando da análise do mérito.
Por essa razão, na prática, não se fala em efeitos no caso de
indeferimento da cautelar.
Pelo mesmo motivo, não cabe reclamação em face de decisão que
indefere a medida cautelar.
Ainda, se a questão for excepcionalmente urgente, o Supremo poderá
decidir sem oitiva dos órgãos ou autoridades, tampouco o AGU e o PGR.

Art. 10, Lei 9.868/99. (...) § 1º O relator, julgando indispensável, ouvirá o


Advogado-Geral da União e o Procurador-Geral da República, no prazo de três
dias.
§ 2º No julgamento do pedido de medida cautelar, será facultada sustentação
oral aos representantes judiciais do requerente e das autoridades ou órgãos
responsáveis pela expedição do ato, na forma estabelecida no Regimento do
Tribunal.
§ 3º Em caso de excepcional urgência, o Tribunal poderá deferir a medida
cautelar sem a audiência dos órgãos ou das autoridades das quais emanou a lei
ou o ato normativo impugnado.
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MONITOR BETINA SANTORO BENVEGNÚ DATA 03/08/2020


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Art. 11. Concedida a medida cautelar, o Supremo Tribunal Federal fará publicar
em seção especial do Diário Oficial da União e do Diário da Justiça da União a
parte dispositiva da decisão, no prazo de dez dias, devendo solicitar as
informações à autoridade da qual tiver emanado o ato, observando-se, no que
couber, o procedimento estabelecido na Seção I deste Capítulo.

A Lei não prevê prazo para julgamento do mérito da ação.

Uma vez proposta a ação, não se admite desistência, por tratar de


matéria de ordem pública. No entanto, é possível a desistência da medida
cautelar. Não se admite a desistência do mérito!

Art. 5º, Lei 9.868/99. Proposta a ação direta, não se admitirá desistência.

REFERÊNCIAS LEGISLATIVAS

Constituição Federal: artigos 102, 103 e 136 a 141.

Lei 9.868/99: artigos 5º 10, 11 e 22.

ESCLARECIMENTOS FINAIS

A Comissão composta no artigo 140 da CF é matéria de Regimento


Interno do Congresso Nacional, que realizará o controle político do estado de
defesa e do estado de sítio.

Os requisitos para verificação da pertinência temática são cumulativos,


observando-se o tema da respectiva ADI.

A expressão “lei” que consta na previsão do estado de sítio pode


considerar leis que já existam. Na vigência da CF/88, ainda não houve
decretação de estado de defesa e de estado de sítio.

A cessação das medidas decretadas no estado de defesa e no estado de


sítio ocorre imediatamente com efeitos retroativos, caso sejam negados pelo
Congresso Nacional.

A representação no Congresso Nacional para fins de legitimação na ADI


ocorre se o partido tiver 01 Deputado OU 01 Senador.
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MONITOR BETINA SANTORO BENVEGNÚ DATA 03/08/2020


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DISCIPLINA DIREITO CONSTITUCIONAL AULA 16
PROFESSOR MARCELO SCHENK DUQUE

Na ADI, o PGR possui parecer livre. O AGU sempre defenderá a lei. Não
existe contraditório entre autor e réu, mas pode haver contraditório entre as
teses jurídicas apresentadas.

A causa de pedir aberta permite que o STF declare inconstitucionalidade


por outros fundamentos. No entanto, não pode declarar inconstitucionalidade
de outra lei, porque vige a adstrição ao pedido. A exceção é a
inconstitucionalidade por arrastamento (normas que não fazem parte do
pedido, mas possuem relação de interconexão/dependência).

A ADI pode ser proposta contra qualquer lei ou ato normativo, seja de
direito material ou de direito processual, desde que seja norma abstrata. Não
pode contra lei de efeitos concretos.
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MONITOR BETINA SANTORO BENVEGNÚ DATA 05/08/2020


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DISCIPLINA DIREITO CONSTITUCIONAL AULA 17
PROFESSOR PEDRO GUILHERME AUGUSTIN ADAMY

RESUMO1

[Ponto 10 Resolução CJF nº 067/2009] Ordem Econômica. Princípios.


Intervenção no domínio econômico. Formas e limites de intervenção.
Repressão do abuso do poder econômico. Da comunicação social. O
planejamento na ordem constitucional. Família, Educação e Cultura. Da Ciência
e da Tecnologia. Da criança, do adolescente e do idoso.

ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA

Considerações iniciais

Possui título específico na Constituição (Título VII). Esse título possui


muitos capítulos. São eles:

- Capítulo I – Princípios Gerais da Atividade Econômica;


- Capítulo II – Política Urbana;
- Capítulo III – Política Agrícola e Reforma Agrária;
- Capítulo IV – Sistema Financeiro Nacional.

Pode-se concluir que existe uma inexistência de coesão temática, porque


esses temas, por vezes, não possuem aspectos em comum.
Além disso, existe uma multiplicidade de princípios objetivos, que por
vezes são colidentes/conflitantes. Por isso, é importante atentar para as
decisões do Supremo a respeito.
São programas e fins a serem realizados pelo Estado (ADI 1950, Min. Eros
Grau).

Fundamentos

Estão previstos no artigo 170, CF.

- Valorização do trabalho humano;


- Livre iniciativa;
- Garantia de existência digna;
- Justiça social.

1Este é um material complementar elaborado por aluno monitor regularmente matriculado no curso. Seu conteúdo está
sujeito a equívocos e revisões.
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MONITOR BETINA SANTORO BENVEGNÚ DATA 05/08/2020


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DISCIPLINA DIREITO CONSTITUCIONAL AULA 17
PROFESSOR PEDRO GUILHERME AUGUSTIN ADAMY

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na


livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os
ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:

Podem existir conflitos entre esses fundamentos. Da mesma forma,


podem ser aplicados e interpretados conjuntamente.
A existência digna (mínimo existencial) e a justiça social são conceitos
jurídicos indeterminados. Deve-se interpretar o que o constituinte quis dizer
com esses conceitos. Não existem critérios constitucionais explícitos para isso.
O artigo 170 é, portanto, um dispositivo aberto e vago, que exige
interpretação com um esforço de coerência, a fim de evitar decisões arbitrárias
e voluntaristas em virtude da indeterminabilidade normativa.
É um dispositivo que exige intermediação legislativa para que tenhamos
um mínimo de concretude sobre os elementos nele contidos.

Princípios

Encontram-se previstos nos incisos do artigo 170, CF.

I - soberania nacional;
II - propriedade privada;
III - função social da propriedade;
IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor;
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado
conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de
elaboração e prestação;
VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII - busca do pleno emprego;
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas
sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País.

A soberania reflete-se na restrição de estrangeiros em determinadas


áreas econômicas ou favorecimento de empresas brasileiras, por exemplo.
Deve-se respeitar a propriedade, bem como sua função social.
A livre concorrência vai além de abstenção de intervir no mercado,
abrangendo também a criação de mecanismos de controle para evitar abusos.
A defesa do consumidor advém do artigo 5º da CF, que estabelece
também como direito fundamental. Pode-se, por exemplo, proteger os
consumidores contra a publicidade enganosa.
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DISCIPLINA DIREITO CONSTITUCIONAL AULA 17
PROFESSOR PEDRO GUILHERME AUGUSTIN ADAMY

A proteção do meio ambiente também é princípio aplicável à ordem


econômica. Pode criar tratamento diferenciado para produtos com menor ou
maior impacto ambiental.
Ainda, aplica-se o princípio da redução das desigualdades regionais e
sociais por meio de instrumentos econômicos, remontando aos ditames de
justiça social.
A busca do pleno emprego busca a valorização do trabalho. Embora
possa ser uma utopia, deve-se objetivar sua concretização.
As empresas de pequeno porte brasileiras possuem tratamento
favorecido, que possuem a maioria dos empregos gerados. Não há violação à
igualdade. Exemplo: Simples Nacional.

A partir da agora, analisaremos algumas decisões do Supremo que


mostram como conciliar esses princípios e fundamentos é complexo. Os
princípios são multidirecionais e não apontam a uma única direção.
- Reajuste da mensalidade escolar: é possível que o Estado regule a
política de preços dessa atividade (ADI319-QO). Primazia da redução das
desigualdades.
- Empacotador de supermercado: não pode o Estado obrigar os
supermercados a contratarem empacotadores (RE 839.950). Primazia da livre
iniciativa.
- A livre iniciativa pode ser limitada (AgR-ARE1.104.226). A Lei 13.974/19
reafirmou a liberdade econômica.
- Motoristas de aplicativo: é constitucional essa atividade, com
fundamento na liberdade de iniciativa, liberdade de exercício profissional e
busca do emprego. A atividade pode ser regulada, desde que sem restrições
injustificáveis ao exercício profissional. São inconstitucionais as leis que
restringem os aplicativos (ADPF 449). Primazia da livre iniciativa.
- Reiteradamente, o Supremo tem entendido que é inconstitucional
restrição imposta pelo Estado ao livre exercício de atividade econômica ou
profissional, quando aquelas forem utilizadas como meio de cobrança indireta
de tributos (ARE 914.045). Proibição de sanções políticas. Primazia da livre
iniciativa.
- A dívida tributária pode ensejar o pedido de falência. Isso porque, a
empresa que não paga tributos, viola a livre concorrência, na medida em que
consegue diminuir o valor de seu produto em razão do inadimplemento
tributário.
- O direito à propriedade é relativo, havendo aspecto social. Pode haver
restrições à propriedade com fundamento em sua função social (RE 140.436).
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MONITOR BETINA SANTORO BENVEGNÚ DATA 05/08/2020


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PROFESSOR PEDRO GUILHERME AUGUSTIN ADAMY

- Súmula Vinculante 49: Ofende o princípio da livre concorrência lei


municipal que impede a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo
ramo em determinada área. Novamente, primazia da livre iniciativa.
- A fixação de apenas uma instituição financeira para concessão de
empréstimos consignados pelos entes públicos também viola a livre
concorrência (ARE 884.000).
- A livre iniciativa já foi utilizada inclusive como fundamento para prisão
preventiva pela prática do delito de descaminho (HC 91.285).
- A fixação de horários de funcionamento de farmácias não viola a livre
iniciativa (AI 729.307). Primazia da proteção ao consumidor e ao trabalhador.
- Os tratados internacionais que limitam a responsabilidade dos
responsáveis pelo transporte aéreo prevalecem sobre o CDC (RE 636.331).
Observa-se que a jurisprudência do Supremo não possui critérios e parâmetros
em consonância.
- Não viola a livre iniciativa a obrigatoriedade de etiquetamento
individual das mercadorias (RMS 23.732). Proteção ao consumidor.
- Inconstitucionalidade da importação de pneus usados (ADPF 101).
Proteção ao meio ambiente.
- Constitucionalidade do tratamento favorecido às empresas de pequeno
porte (ADI 4033).

Exploração de atividade econômica pelo Estado

Encontra previsão no artigo 173, CF.

Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração


DIRETA de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando
necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse
coletivo, conforme definidos em lei.

Atualmente, existem debates sobre a privatização de diversos serviços.


Os Correios, por exemplo, ainda são monopólio da União, embora haja
discussão a respeito.
Hipóteses da exploração direta = imperativos da segurança nacional ou
relevante interesse coletivo.
O preço da liberdade é o pagamento de tributos para ser livre para
explorar determinada atividade econômica.

§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de


economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de
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MONITOR BETINA SANTORO BENVEGNÚ DATA 05/08/2020


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produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo


sobre:
II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive
quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários;
§ 2º As empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão
gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado.

Exemplo: Petrobrás não pode ter regramento diferente e beneficiado não


aplicável às demais empresas do setor.

Lei 13.874/19 (conversão da MP da Liberdade Econômica)

É a densificação da livre iniciativa.

Art. 2º São princípios que norteiam o disposto nesta Lei:


I - a liberdade como uma garantia no exercício de atividades econômicas;
II - a boa-fé do particular perante o poder público;
III - a intervenção subsidiária e excepcional do Estado sobre o exercício de
atividades econômicas;
IV - o reconhecimento da vulnerabilidade do particular perante o Estado.
§ 2º Interpretam-se em favor da liberdade econômica, da boa-fé e do respeito
aos contratos, aos investimentos e à propriedade todas as normas de
ordenação pública sobre atividades econômicas privadas.
§ 4º A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos
mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros.

O aumento arbitrário das mensalidades escolares, por exemplo, pode ser


enquadrado como abuso do poder econômico.
Atualmente, no Brasil, em regra, os preços são definidos livremente,
desde que em sistema de livre concorrência.
O CADE possui várias decisões relevantes sobre carterização, que
consiste em afrontar a concorrência com a combinação de preços.

Lei 12.529/11 - Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência

Essa Lei do CADE disciplina a defesa da concorrência.

Art. 36. Constituem infração da ordem econômica, independentemente de


culpa, os atos sob qualquer forma manifestados, que tenham por objeto ou
possam produzir os seguintes efeitos, ainda que não sejam alcançados:
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MONITOR BETINA SANTORO BENVEGNÚ DATA 05/08/2020


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I - limitar, falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência ou a livre


iniciativa;
II - dominar mercado relevante de bens ou serviços;
III - aumentar arbitrariamente os lucros; e
IV - exercer de forma abusiva posição dominante.

A dominação do mercado deve ser exercida de forma abusiva para


caracterizar a infração. Se a dominação decorre da eficiência e qualidade, não
há infração à concorrência.

COMUNICAÇÃO SOCIAL

Encontra previsão no artigo 220, CF.

Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação,


sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição,
observado o disposto nesta Constituição.

No Brasil, atualmente, não existe censura, sendo livre a manifestação do


pensamento.
Não há vedação à veiculação de conteúdo religioso em meio de
comunicação (ADI 2566). Aplica-se a liberdade religiosa e a liberdade política.

§ 1º Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena


liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação
social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.
§ 2º É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e
artística.

O que ocorre na CPI das Fake News deve ser analisada à luz desses
dispositivos.
É diferente quando alguém comete um crime no exercício da liberdade
de expressão. No caso de opiniões falsas, mas não criminosas, deve-se analisar
se estão protegidas pelo artigo 220, CF. Mesmo que não estejam protegidas,
deve-se questionar se o Judiciário pode determinar a retirada das
manifestações.
O direito fundamental à liberdade de expressão não se direciona
somente a proteger as opiniões supostamente verdadeiras, admiráveis ou
convencionais, mas também aquelas que são duvidosas, exageradas,
condenáveis, satíricas, humorísticas, bem como as não compartilhadas pelas
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MONITOR BETINA SANTORO BENVEGNÚ DATA 05/08/2020


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DISCIPLINA DIREITO CONSTITUCIONAL AULA 17
PROFESSOR PEDRO GUILHERME AUGUSTIN ADAMY

maiorias. Ressalte-se que, mesmo as declarações errôneas, estão sob a guarda


dessa garantia constitucional (Rel. Min. Alexandre de Moraes, DJ 06.03.19).
O Min. Alexandre de Moraes também é relator do inquérito das Fake
News.
Existem, ainda, vedações publicitárias na Constituição.

§ 4º A propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas, agrotóxicos,


medicamentos e terapias estará sujeita a restrições legais, nos termos do
inciso II do parágrafo anterior, e conterá, sempre que necessário, advertência
sobre os malefícios decorrentes de seu uso.

A Constituição veda, ainda, a existência de monopólio ou oligopólio nos


meios de comunicação.

§ 5º Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser


objeto de monopólio ou oligopólio.

EDUCAÇÃO

O direito à educação vem assegurado pelo artigo 205 da CF.

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será


promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho.
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte
e o saber;
III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência de
instituições públicas e privadas de ensino;
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da
lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de
provas e títulos, aos das redes públicas;
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
VII - garantia de padrão de qualidade.
VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação
escolar pública, nos termos de lei federal.
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MONITOR BETINA SANTORO BENVEGNÚ DATA 05/08/2020


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DISCIPLINA DIREITO CONSTITUCIONAL AULA 17
PROFESSOR PEDRO GUILHERME AUGUSTIN ADAMY

O Supremo decidiu que o ensino domiciliar não é direito público


subjetivo do aluno ou de sua família, mas não é vedada constitucionalmente sua
criação por meio de lei federal (RE 888.815). Até hoje, não temos essa lei, não
havendo possibilidade de homeschooling no Brasil.
É possível a educação confeissional em escolas públicas de diversas
crenças (ADI 4439).
Ainda, existe previsão constitucional de investimento mínimo para
educação e saúde, em seu artigo 212.

Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados,


o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da
receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências,
na manutenção e desenvolvimento do ensino.

CULTURA

O direito à cultura encontra-se previsto no artigo 215, CF.

Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e
acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a
difusão das manifestações culturais.
§ 1º O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e
afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório
nacional.

Nesse aspecto, existe discussão sobre a constitucionalidade práticas


como a Vaquejada, Briga de Galo, etc.

FAMÍLIA

O conceito de família é plural. Admite-se a pluriparentalidade, além da


não haver mais diferença entre filhos legítimos e ilegítimos.

Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.


§ 1º O casamento é civil e gratuita a celebração.
§ 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei.
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o
homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua
conversão em casamento.
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MONITOR BETINA SANTORO BENVEGNÚ DATA 05/08/2020


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DISCIPLINA DIREITO CONSTITUCIONAL AULA 17
PROFESSOR PEDRO GUILHERME AUGUSTIN ADAMY

O artigo 227 da CF, por fim, estabelece o mundo ideal para nossas
crianças e jovens.

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao


adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade,
ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-
los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão.

REFERÊNCIAS LEGISLATIVAS

Constituição Federal: artigos 170, 173, 205, 206, 212, 215, 220, 226 e 227.

Lei 13.874/19: artigo 2º;

Lei 12.529/11: artigo 36.

ESCLARECIMENTOS

É constitucional lei municipal que fixa horário de funcionamento do


comércio local. Essa súmula trata de competência. Isso ocorre porque existem
princípios multidirecionais. Havendo outras justificativas para limitação do
horário, desde que esses motivos se sobreponham à livre iniciativa. O professor
confessa que prefere a liberdade do sujeito do que a restrição estatal, no
entanto, existem valores que também são legítimos para ensejar a intervenção.

O artigo 220 da CF trata de qualquer expressão de opinião, e não


somente aquelas veiculadas por jornalista.
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MONITOR BETINA SANTORO BENVEGNÚ DATA 07/08/2020


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DISCIPLINA DIREITO CONSTITUCIONAL AULA 18
PROFESSOR MARCELO SCHENK DUQUE

RESUMO1

[Ponto 6 Resolução CJF nº 067/2009] O controle de constitucionalidade das leis


e dos atos normativos. ADI e ADC.

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE

Medida cautelar

Nesse ponto, existe uma particularidade quanto ao efeito repristinatório


da medida cautelar.
Encontra-se previsto no artigo 11, § 2º, da Lei 9.868/99.

Art. 11, § 2º. A concessão da medida cautelar torna aplicável a legislação


anterior acaso existente, salvo expressa manifestação em sentido contrário.

A repristinação ocorre quando há conflito de leis no tempo, ou seja,


quando uma terceira lei faz uma restauração dos efeitos da primeira lei que
havia sido revogada por segunda lei.

1Este é um material complementar elaborado por aluno monitor regularmente matriculado no curso. Seu conteúdo está
sujeito a equívocos e revisões.
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MONITOR BETINA SANTORO BENVEGNÚ DATA 07/08/2020


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DISCIPLINA DIREITO CONSTITUCIONAL AULA 18
PROFESSOR MARCELO SCHENK DUQUE

Exemplo: Lei 1 permite comercialização de bebidas alcóolicas  Lei 2


proíbe a comercialização de bebidas alcóolicas  Lei 3 revogada Lei 2. Isso é o
que dá ensejo à repristinação, voltando a produzir efeitos a Lei 1.
A LINDB prevê que a repristinação não ocorre de forma
presumida/automática no Brasil, mas sim somente se houver disposição
expressa em contrário, ou seja, determinando que ocorra a repristinação.
No entanto, ao contrário do direito infraconstitucional, no sistema das
medidas cautelares em sede de controle concentrado de constitucionalidade a
repristinação é presumida, não ocorrendo somente se houver disposição
expressa.
Dessa forma, a declaração de inconstitucionalidade de ato normativo que
tenha revogado outro ato normativo provoca o restabelecimento do ato
normativo anterior, nas hipóteses em que a decisão tiver efeito retroativo (ex
tunc).
Nesses casos, cabe ao Supremo definir os efeitos das medidas cautelares
e das declarações de inconstitucionalidade.
Existe doutrina minoritária que defende a existência de diferença entre
efeito repristinatório e repristinação. Para esses autores, na ADI ocorre o efeito
repristinatório e não repristinação (vedado pela LINDB).

Possibilidade de rito abreviado

Art. 12. Havendo pedido de medida cautelar, o relator, em face da relevância da


matéria e de seu especial significado para a ordem social e a segurança jurídica,
poderá, após a prestação das informações, no prazo de dez dias, e a
manifestação do Advogado-Geral da União e do Procurador-Geral da
República, sucessivamente, no prazo de cinco dias, submeter o processo
diretamente ao Tribunal, que terá a faculdade de julgar definitivamente a ação.

A análise da medida cautelar e do mérito são reunidas em uma única


fase. Busca-se a economia processual reunindo essas fases em um único
julgamento pelo Plenário.
Nesse caso, a liminar não é analisada, sendo julgado diretamente o
mérito da ação.
Essa possibilidade existe somente na ADI e não se aplica à ADC.
Trata-se de uma técnica importante para garantia da segurança jurídica.

Papel do PGR e do AGU

A matéria encontra-se regulada no artigo 103, §§ 1º e 3º da CF.


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MONITOR BETINA SANTORO BENVEGNÚ DATA 07/08/2020


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PROFESSOR MARCELO SCHENK DUQUE

§ 1º - O Procurador-Geral da República deverá ser previamente ouvido nas


ações de inconstitucionalidade e em todos os processos de competência do
Supremo Tribunal Federal.
§ 3º - Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a inconstitucionalidade, em
tese, de norma legal ou ato normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral
da União, que defenderá o ato ou texto impugnado.

O PGR irá atuar como fiscal da lei, opinando pela constitucionalidade ou


pela inconstitucionalidade, de acordo com sua livre convicção.
O AGU sempre defenderá o ato ou texto impugnado. Não possui livre
convicção. É o “defensor legis”. Sempre apresentará parecer pela improcedência
da ação direta de inconstitucionalidade.
O AGU se manifesta tanto nas ADIs propostas em face de lei federal
quanto de lei estadual!
Quanto ao veto do Presidente da República a projetos de lei, a
manifestação do AGU não é vinculada, podendo manifestar seu livre
convencimento.

Manifestação das autoridades

As autoridades responsáveis pela edição da respectiva lei também se


manifestarão na ADI.

Art. 8 Decorrido o prazo das informações, serão ouvidos, sucessivamente, o


Advogado-Geral da União e o Procurador-Geral da República, que deverão
manifestar-se, cada qual, no prazo de quinze dias.
Art. 6.º, parágrafo único. As informações serão prestadas no prazo de trinta
dias contado do recebimento do pedido.

Intervenção de terceiros

Não é cabível na ADI, em regra.

Art. 7.º. Não se admitirá intervenção de terceiros no processo de ação direta de


inconstitucionalidade.
§ 2.º O relator, considerando a relevância da matéria e a representatividade dos
postulantes, poderá, por despacho irrecorrível, admitir, observado o prazo
fixado no parágrafo anterior, a manifestação de outros órgãos ou entidades.
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MONITOR BETINA SANTORO BENVEGNÚ DATA 07/08/2020


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DISCIPLINA DIREITO CONSTITUCIONAL AULA 18
PROFESSOR MARCELO SCHENK DUQUE

Excepcionalmente, cabe a intervenção de amicus curie. É o amigo da


corte, que trata de assuntos eminentemente técnicos. Exemplo: medicamentos.
É um colaborador informal e não possui legitimidade para recorrer das
decisões.
Apresenta sustentação oral no julgamento e memoriais escritos.

Apurações de questões fáticas

Tradicionalmente, as ações diretas não se prestam para apurar questões


fáticas. Isso porque é um simples exercício comparativo entre a Constituição e a
lei.
No entanto, por vezes é inevitável que seja feita essa análise no âmbito
do controle concentrado. Exemplo: ofensividade de substancia química ao meio
ambiente.
Permite-se, portanto, mitigação dessa impossibilidade de apuração. Pode
ocorrer audiência pública, requisição de informações, perícias, esclarecimentos,
etc.

Impossibilidade de desistência

Uma vez ajuizada, o legitimado ativo não pode desistir do processo.

Art. 5 Proposta a ação direta, não se admitirá desistência.

Por outro lado, pode ocorrer a desistência da medida cautelar.

Julgamento

Quórum de deliberação = 8 Ministros = 2/3 dos membros = maioria


qualificada.
Quórum de julgamento = 6 Ministros = maioria absoluta.

Art. 23, parágrafo único. Se não for alcançada a maioria necessária à declaração
de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade, estando ausentes Ministros
em número que possa influir no julgamento, este será suspenso a fim de
aguardar-se o comparecimento dos Ministros ausentes, até que se atinja o
número necessário para prolação da decisão num ou noutro sentido.
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MONITOR BETINA SANTORO BENVEGNÚ DATA 07/08/2020


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DISCIPLINA DIREITO CONSTITUCIONAL AULA 18
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Comunicação do resultado

Art. 25. Julgada a ação, far-se-á a comunicação à autoridade ou ao órgão


responsável pela expedição do ato.

Impossibilidade de recurso

Art. 26. A decisão que declara a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade


da lei ou do ato normativo em ação direta ou em ação declaratória é
irrecorrível, ressalvada a interposição de embargos declaratórios, não podendo,
igualmente, ser objeto de ação rescisória.

Só cabe embargos de declaração.


Não cabe ação rescisória.
Isso no que diz respeito à decisão final de julgamento. Não se confunde
com decisão de indeferimento liminar.
Nada impede que o Congresso Nacional edite uma nova lei em igual
sentido à anterior ou com adaptações.

Modulação dos efeitos

Os efeitos da decisão de declaração de inconstitucionalidade são a


retirada do ordenamento jurídica e a desconstituição dos efeitos desde a
vigência (efeitos retroativos – ex tunc, em regra), o que se relaciona com ateoria
da nulidade.
Excepcionalmente, pode haver efeito ex nunc ou até mesmo modulados,
o que se relaciona com a teoria da anulabilidade.

Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em


vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o
Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros,
restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a
partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado.

A modulação de efeitos visa preservar efeitos que foram praticados por


lei inconstitucional.
O quórum é maioria qualificada (2/3).
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DISCIPLINA DIREITO CONSTITUCIONAL AULA 18
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Eficácia da decisão

Possui eficácia contra todos e efeito vinculante, o que não vincula o


Legislador.

Art. 102, § 2º CF. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo


Tribunal Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações
declaratórias de constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e efeito
vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à
administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e
municipal.
Art. 28, parágrafo único. A declaração de constitucionalidade ou de
inconstitucionalidade, inclusive a interpretação conforme a Constituição e a
declaração parcial de inconstitucionalidade sem redução de texto, têm eficácia
contra todos e efeito vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário e à
Administração Pública federal, estadual e municipal.

A Lei também permite a interpretação conforme a Constituição, quando


for possível.
Por ser controle concentrado, dispensa a suspensão dos efeitos pelo
Senado, que se aplica só ao controle difuso.
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AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE

Previsão legal

O objeto é oposto ao da ADI. Encontra-se prevista também no artigo 102


da CF, tendo sido introduzido posteriormente. Também se aplica a Lei 9.868/99
e também é de competência originária do STF.

Finalidade

A finalidade é manter uma norma no ordenamento jurídico. Transforma


uma presunção relativa de constitucionalidade em absoluta.

ADI e ADC

A ADI (caráter negativo) e a ADC (caráter positivo) são ações


ambivalentes, com natureza dúplice, de “sinal trocado”.

Art. 24. Proclamada a constitucionalidade, julgar-se-á improcedente a ação


direta ou procedente eventual ação declaratória; e, proclamada a
inconstitucionalidade, julgar-se-á procedente a ação direta ou improcedente
eventual ação declaratória.

Normalmente, as duas ações tramitam conjuntamente. Nessas hipóteses,


ocorre julgamento conjunto.
Aplicam-se todas as regras de admissibilidade e processamento da ADI.
Aqui somente serão apontadas as diferenças, como a desnecessidade de
parecer do AGU.
Na prática, a ADC é menos utilizada.

Objeto

Somente lei ou ato normativo federal.


Diferentemente da ADC, não se destina ao exame de atos normativos
estaduais!

Legitimidade ativa

São os mesmos legitimados da ADC.


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Requisitos específicos para propositura

A demonstração da existência de controvérsia judicial relevante sobre a


lei objeto da ADC é um requisito de admissibilidade, a ser comprovado já na
petição inicial.
Esse requisito não se aplica à ADI.
Demonstra-se com a jurisprudência desparelha. É a melhor maneira para
comprovação do requisito.
Debates doutrinários não justificam a propositura de ADC!

Momento da propositura

É idêntico ao da ADI. É necessário que lei esteja publicada, ainda que não
esteja em vigor.
Pouco provável antes da vigência, diante da necessidade de
comprovação de controvérsia judicial relevante.

Efeitos da medida cautelar

Ocorre suspensão dos processos em que a lei é discutida.

Art. 21. O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta de seus
membros, poderá deferir pedido de medida cautelar na ação declaratória de
constitucionalidade, consistente na determinação de que os juízes e os
Tribunais suspendam o julgamento dos processos que envolvam a aplicação da
lei ou do ato normativo objeto da ação até seu julgamento definitivo.
Parágrafo único. Concedida a medida cautelar, o Supremo Tribunal Federal fará
publicar em seção especial do Diário Oficial da União a parte dispositiva da
decisão, no prazo de dez dias, devendo o Tribunal proceder ao julgamento da
ação no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de perda de sua eficácia.

Esse prazo de 180 dias para julgamento do mérito não está previsto na
ADI.
Não existe efeito previsto para o indeferimento da cautelar. Não se
admite, portanto, reclamação. Deverá aguardar o julgamento do mérito.

Manifestação de autoridades

Quanto ao PGR, é igual à ADI.


No entanto, quanto ao AGU, não há previsão para manifestação.
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O AGU não será citado para se manifestar. Isso porque seu interesse é o
mesmo que o do autor da ação (constitucionalidade da lei).
Por vezes, o relator pede manifestação do AGU, porque se for julgada
improcedente acarreta a inconstitucionalidade da norma.

Diferenças e semelhanças ADI e ADC

ADC ADI
Busca efeito positivo Busca efeito negativo
Leis federais Leis federais ou estaduais
Não necessita AGU Manifestação AGU
Cautelar suspende processos em curso Sem previsão de suspensão
Medida cautelar vale por 180 dias Sem prazo
Não se admite desistência
Decisão final irrecorrível
Sem ação rescisória

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO

Considerações gerais

Ocorre quando a não observância pelo Poder Público do dever de


legislar inviabilize normas da Constituição.
Existem duas formas de combater essa inconstitucionalidade:
- ADI por omissão = controle concentrado;
- Mandado de injunção = controle difuso.
A omissão pode ser total (sem lei) ou parcial (regulamentação
insuficiente).
Ainda, divide-se em parcial propriamente dita (lei existe, mas regula de
forma deficiente) e parcial relativa (direito garantido só a determinada
categoria).

Processamento

É semelhante à ADI genérica e também se encontra na Lei 9868/99,


havendo algumas peculiaridades, que serão estudadas.
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Requisitos da petição inicial

O autor deverá demonstrar qual tipo de omissão deseja combater (total


ou parcial) e se a culpa é do Poder Legislativo ou Executivo.

Art. 12-B. A petição indicará:


I - a omissão inconstitucional total ou parcial quanto ao cumprimento de dever
constitucional de legislar ou quanto à adoção de providência de índole
administrativa;

Impossibilidade de desistência

Art. 12-D. Proposta a ação direta de inconstitucionalidade por omissão, não se


admitirá desistência.

Possibilidade de manifestação dos demais legitimados ativos

Art. 12-E, § 1. Os demais titulares referidos no art. 2 desta Lei [Art. 103 CF]
poderão manifestar-se, por escrito, sobre o objeto da ação e pedir a juntada de
documentos reputados úteis para o exame da matéria, no prazo das
informações, bem como apresentar memoriais.

Não existe isso na ADI e na ADC.


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Manifestação do AGU

Art. 12-E, § 2 - O relator poderá solicitar a manifestação do Advogado-Geral da


União, que deverá ser encaminhada no prazo de 15 (quinze) dias.

Somente se a omissão for parcial. Se omissão for total, não há o que o


AGU possa defender.

Manifestação do PGR

A manifestação é obrigatória.

Art. 12-E, § 3 Lei 9.868/99 - O Procurador-Geral da República, nas ações em que


não for autor, terá vista do processo, por 15 (quinze) dias, após o decurso do
prazo para informações.

Medida cautelar

Art. 12-F Lei 9.868/99. Em caso de excepcional urgência e relevância da


matéria, o Tribunal, por decisão da maioria absoluta de seus membros [ou seja,
6 Ministros], observado o disposto no art. 22 da Lei 9868/99 [quórum de
instalação da sessão de julgamento ou quórum de deliberação, com a presença
mínima de 8 Ministros], poderá conceder medida cautelar, após a audiência
dos órgãos ou autoridades responsáveis pela omissão inconstitucional, que
deverão pronunciar-se no prazo de 5 (cinco) dias.

Existem três requisitos peculiares: excepcional urgência + relevância da


matéria + prévia oitiva dos órgãos ou autoridades responsáveis pela omissão.

Sustentação oral

É facultada a sustentação oral das partes.

Efeito da medida cautelar

Art. 12-F, § 1.º Lei 9.868/99 - A medida cautelar poderá consistir na suspensão
da aplicação da lei ou do ato normativo questionado, no caso de omissão
parcial, bem como na suspensão de processos judiciais ou de procedimentos
administrativos, ou ainda em outra providência a ser fixada pelo Tribunal.
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Exemplo de outra providência: já concretizar o direito.

Decisão definitiva

Art.12-H Lei 9.868/99 - Declarada a inconstitucionalidade por omissão, com


observância do disposto no art. 22, será dada ciência ao Poder competente
para a adoção das providências necessárias.
§ 1 Em caso de omissão imputável a órgão administrativo, as providências
deverão ser adotadas no prazo de 30 (trinta) dias, ou em prazo razoável a ser
estipulado excepcionalmente pelo Tribunal, tendo em vista as circunstâncias
específicas do caso e o interesse público envolvido.

Na CF, consta somente o prazo de trinta dias. A lei permite que seja
fixado prazo razoável em situação excepcional.
Quanto ao Legislativo, não existe prazo fixado na lei, o que implicaria
violação ao princípio da separação dos poderes.
No entanto, em situações críticas (omissão reiterada), o STF já impôs
prazo ao legislativo.

Efeitos das decisões em caso de omissão legislativa

Existem quatro soluções possíveis em face de reconhecimento de


omissões legislativas.

1) STF notifica Legislativo, a fim de que tome providências devidas.


Apenas comunicação, sem imposição de prazo. Depende da boa vontade
do Legislativo.
Posição não concretista, com apego ao princípio da separação dos
poderes.

2) STF notifica Legislativo, a fim de que tome providências devidas, em


prazo razoável, sob pena de o saneamento da omissão ser levado a efeito pelo
STF.
Não determina o prazo razoável, mas deixa claro que, se não ocorrer, a
concretização ocorrerá pelo Supremo.

3) STF notifica Legislativo, a fim de que tome providências devidas,


fixando prazo para cumprimento, sob pena de o saneamento da omissão ser
levado a efeito pelo STF.
O Supremo já fixa o prazo!
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4) STF notifica Legislativo, informando que omissão legislativa já


ultrapassou prazo razoável, e toma para si tarefa de concretizar, legislando no
caso concreto.
O Suprem o legisla. É a posição concretista, que autoriza o STF a suprir a
omissão, legislando no caso concreto.

Em regra, adota-se uma corrente mais conservadora e não concretista.


Contudo, em diferentes situações, já se verificou a adoção da posição
concretista.

Prazo para propositura

Não se sujeita a nenhum prazo.


No entanto, deve-se aguardar um prazo razoável para que seja editada a
norma regulamentadora. Exemplo: EC editada hoje.

Perda do objeto

Pendente o julgamento da AIPO, se a norma que não tinha sido


regulamentada é revogada, a ação deverá ser extinta por perda do seu objeto
(ADI 1836/1998 SP).
Da mesma forma, se surge a lei regulamentando a norma, também
ocorre perda do objeto. O encaminhamento de projeto de lei não é suficiente
para acarretar a perda do objeto, porque não é garantia de que será aprovado.

REFERÊNCIAS LEGISLATIVAS

Constituição Federal: artigos 102, 103.

Lei 9.868/99: artigos 5º, 6º, 7º, 8º, 11, 12, 12-B, 12-D, 12-E, 12-F, 12-H, 21,
23, 24, 25, 26, 27, 28.
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RESUMO1

[Ponto 6 Resolução CJF nº 067/2009] O controle de constitucionalidade das leis


e dos atos normativos. ADI por omissão e mandado de injunção. ADPF.

ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL


(ADPF)

Considerações iniciais

É de competência originária do Supremo Tribunal Federal (artigo 102, §


1º, CF).
Depende de lei que a regulamente. Foi regulamentada pela Lei 9.882/99.
Com a CF/88, houve expansão do controle concentrado de
constitucionalidade.
Mesmo com essa considerável expansão, existia ainda um espaço
residual expressivo não abarcado pelo controle concentrado.
Uma nova ação (ADPF), de caráter residual, veio para suprir essa falta.
Exemplos:
- Situações em que juízes e Tribunais interpretam a Constituição;
- Direito pré-constitucional;
- Normas revogadas;
- Leis municipais;
- Atos não normativos do Poder Público.

Requisitos para propositura

1) Lesão ou ameaça a preceito fundamental (pode ter caráter preventivo


ou repressivo);
2) Lesão ou ameaça causada por atos omissivos ou comissivos dos
Poderes Públicos;
3) Inexistência de outro instrumento para controle concentrado.

Natureza bivalente

Existe a modalidade autônoma e a modalidade incidental.

1Este é um material complementar elaborado por aluno monitor regularmente matriculado no curso. Seu conteúdo está
sujeito a equívocos e revisões.
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Autônoma/direta Incidental/indireta/por derivação


Controle concentrado: desnecessidade Surge após debate em controle
de discussão em processo prévio. concreto, derivando de processos
anteriores.
Art. 1º A arguição prevista no § 1º do Parágrafo único. Caberá também
art. 102 da Constituição Federal será arguição de descumprimento de
proposta perante o Supremo Tribunal preceito fundamental:
Federal, e terá por objeto evitar ou I - quando for relevante o fundamento
reparar lesão a preceito fundamental, da controvérsia constitucional sobre
resultante de ato do Poder Público. lei ou ato normativo federal, estadual
ou municipal, incluídos os anteriores à
Constituição;
Pode ter caráter preventivo ou Depende da existência de prévia
repressivo. interpretação contraditória nos
Tribunais ou no âmbito administrativo.

Na modalidade incidental, ocorre antecipação das decisões sobre


controvérsias constitucionais relevantes pelo Supremo. O estado de incerteza
deverá ser comprovado já na propositura da ação. Mera controvérsia
doutrinária não é suficiente.
A característica fundamental é que várias Tribunais, por meio de medidas
liminares, decidem de forma diferente.
Exemplos de ADPF incidental:
- ADPF 54 (antecipação de parto em caso de anencefalia);
- ADPF 101 (importação de pneus usados);
- ADPF 132 (união homoafetiva);
- ADPF 187 (marcha da maconha);
- ADPF 234 (exploração e comercialização do amianto crisotila);
- APDF 519 (desobstrução de rodovias na greve dos caminhoneiros).

Atos anteriores à CF/88

Trata-se da recepção ou não recepção de atos normativos que nasceram


antes da CF/88 (direito pré-constitucional).
No Brasil, não existe inconstitucionalidade superveniente, mas somente
incompatibilidade. Nesse caso, o Supremo declara sua não recepção pela ADPF.
Quanto às normas que surgiram após a CF/88, são objeto de juízo de
(in)constitucionalidade.
Quanto às normas anteriores à CF/88, são objeto de juízo de (não)
recepção, por meio de ADPF.
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As consequências são as mesmas, ou seja, ambas são retiradas do mundo


jurídico. O fundamento é que difere (inconstitucionalidade ou não recepção).
Exemplos de julgados relevantes de não recepção:
- ADPF 130 (Lei de Imprensa);
- ADPF 153 (Lei da Anistia).
No controle difuso, por meio de recurso extraordinário, o Supremo
também pode reconhecer a não recepção de normas anteriores à CF/88.
No controle concentrado, contudo, deve ocorrer por ADPF. Mesmo que
tenha ocorrido juízo de inconstitucionalidade da norma impugnada em face da
Constituição anterior, poderá ser analisada pela ADPF tendo como parâmetro a
atual CF.
A ADPF 33 detalhou essa ação de controle concentrado. Nesse
julgamento, consagrou-se a tese da eficácia geral e efeito vinculante das
decisões proferidas em ADPF.
NA ADPF 165, consagrou-se a possibilidade de acordo em processos de
natureza objetiva, inclusive em ADPF. Foi homologado um acordo coletivo entre
bancos e poupadores.

Noção de preceito fundamental

A Constituição e a lei não definem esse termo.


A jurisprudência do Supremo esclareceu que a noção de preceito
fundamental é mais ampla que a noção de direito fundamental (ADPF 33).
Na APDF 1, entendeu-se que o veto do Presidente da República a projeto
de lei não pode ser enquadrado como preceito fundamental, porque constitui
ato político.
Segundo a doutrina, preceitos fundamentais são as normas que veiculam
princípios e servem de vetores de interpretação da demais normas
constitucionais. A enumeração é exemplificativa e aberta.
Exemplos: princípios fundamentais; direitos e garantias fundamentais;
cláusulas pétreas; princípios constitucionais sensíveis; princípios da
Administração Pública; imunidades tributárias; princípios da ordem econômica;
direito à identidade cultural; proteção ao meio ambiente; proteção da família;
proteção da criança, do adolescente e do jovem; etc.
Quanto maior for o destaque da norma, maior será a chance de ser
enquadrada como preceito fundamental.

Legitimidade ativa

São os mesmos da ADI, aplicando-se as regras de pertinência temática,


capacidade postulatória, etc.
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Requisitos da petição inicial

Art. 3º A petição inicial deverá conter:


I - a indicação do preceito fundamental que se considera violado;
II - a indicação do ato questionado;
III - a prova da violação do preceito fundamental;
IV - o pedido, com suas especificações;
V - se for o caso, a comprovação da existência de controvérsia judicial relevante
sobre a aplicação do preceito fundamental que se considera violado.  No
caso da incidental.
Parágrafo único. A petição inicial, acompanhada de instrumento de mandato,
se for o caso, será apresentada em duas vias, devendo conter cópias do ato
questionado e dos documentos necessários para comprovar a impugnação.
Art. 4º A petição inicial será indeferida liminarmente, pelo relator, quando não
for o caso de arguição de descumprimento de preceito fundamental, faltar
algum dos requisitos prescritos nesta Lei ou for inepta.
(...)
§ 2º Da decisão de indeferimento da petição inicial caberá agravo, no prazo de
cinco dias.  Questão em aberto: foi revogado pela unificação dos prazos do
NCPC (15 dias)?

Princípio da subsidiariedade

A ADPF age de modo subsidiário com relação ao demais instrumentos de


controle concentrado.

Art. 4º. § 1º Não será admitida arguição de descumprimento de preceito


fundamental quando houver qualquer outro meio eficaz de sanar a lesividade.

Na ADPF 33, o Supremo refinou o conceito de subsidiariedade. O STF


vem se mostrando mais rígido para reconhecer o conceito de subsidiariedade.
Em razão disso, atualmente, por vezes, processos ordinários podem
obstaculizar a ADPF. Exemplo: leis municipais.
O Supremo entende que não cabe ADPF contra lei municipal que pode
ser objeto de ADI estadual perante o TJ.
Em razão do princípio da simetria e das normas de reprodução
obrigatória, geralmente, a norma que viola a CF também viola a Constituição
Estadual, que possui o mesmo preceito fundamental.
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Requisito da observância do interesse público

Deve ser comprovada a existência de interesse público na violação, e não


meramente privado.

Medida liminar

Art. 5º O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta (6


Ministros) de seus membros, poderá deferir pedido de medida liminar na
arguição de descumprimento de preceito fundamental.

Embora utilize o termo liminar ao invés de cautelar, na prática é o mesmo


que ocorre nas demais ações.
Em situações excepcionais, pode ser concedida monocraticamente,
mesmo fora do período do recesso (diferente da ADI – somente no recesso).

§ 1º Em caso de extrema urgência ou perigo de lesão grave, ou ainda, em


período de recesso, poderá o relator conceder a liminar, ad referendum do
Tribunal Pleno.
§ 2º O relator poderá ouvir os órgãos ou autoridades responsáveis pelo ato
questionado, bem como o Advogado-Geral da União ou o Procurador-Geral da
República, no prazo comum de cinco dias.
§ 3º A liminar poderá consistir na determinação de que juízes e tribunais
suspendam o andamento de processo ou os efeitos de decisões judiciais, ou de
qualquer outra medida que apresente relação com a matéria objeto da
arguição de descumprimento de preceito fundamental, salvo se decorrentes da
coisa julgada.

Os efeitos são aqueles que o Supremo determinar.

Apuração de questões fáticas

Idêntico à ADI.
Pode ter intervenção de amicus curie, audiências públicas, etc.

Manifestação do PGR

É sempre obrigatória.
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Manifestação do AGU

A critério do relator, antes de deferir a liminar.


Se tratar de ato do Poder Público federal, sempre será ouvido para
defender o ato.

Julgamento

Quórum instauração – 2/3 – 8 Ministros.


Quórum julgamento – maioria absoluta – 6 Ministros.

A decisão é autoaplicável.

Não cabe ADPF contra decisão transitada em julgado.

Condições e modo de interpretação

Art. 10. Julgada a ação, far-se-á comunicação às autoridades ou órgãos


responsáveis pela prática dos atos questionados, fixando-se as condições e o
modo de interpretação e aplicação do preceito fundamental.

Concretiza a unidade da Constituição e a segurança jurídica.

Efeitos da decisão

Semelhantes à ADI.
Regra = efeitos retroativos (ex tunc) = teoria da nulidade.
Exceção = efeitos não retroativos (ex nunc), prospectivos ou modulados.

Art. 11. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, no


processo de arguição de descumprimento de preceito fundamental, e tendo
em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social,
poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus
membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha
eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a
ser fixado.

Ainda, ocorre eficácia contra todos (parte dispositiva) e efeitos vinculante


(fundamentos), o que somente não contempla o legislador.
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Impossibilidade de recurso

São irrecorríveis e não cabe ação rescisória, salvo embargos declaratórios.

Reclamação

Caberá reclamação caso descumprida sua decisão.

Desistência

A Lei da ADPF não veda a desistência da ação. O Supremo ainda não se


manifestou a respeito.

CONTROLE DIFUSO DE CONSTITUCIONALIDADE NOS TRIBUNAIS

O sistema difuso é aquele que permite que qualquer juiz ou Tribunal


aprecie a constitucionalidade.
O incidente de inconstitucionalidade é uma peculiaridade que ocorre nos
Tribunais de segunda instância.
Os Tribunais, ao analisarem um recurso ou processo de competência
originária, podem suscitar questão de ordem, de modo a decidir sobre a
constitucionalidade de ato normativo veiculado no processo, o que origina o
incidente de inconstitucionalidade.
Essa questão é remetida ao Tribunal Pleno ou ao órgão especial.
A questão surge no julgamento de caso concreto (controle difuso).
A esse incidente, aplica-se a cláusula de reserva de plenário (regra do full
bench). É a previsão do artigo 97 da CF.

Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos
membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.

O fundamento é a previsão de constitucionalidade da lei.


Maioria absoluta = primeiro número inteiro superior à metade da
totalidade dos membros do órgão.
Exemplo: no decorrer de um recurso, uma das partes traz argumento de
inconstitucionalidade.
O incidente não visa analisar todas as questões do recurso, mas somente
a questão da inconstitucionalidade.
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Deparando-se com possível inconstitucionalidade, o órgão fracionário


suspende o julgamento do caso concreto, ouve o Ministério Público e delibera
especificamente sobre a questão constitucional.
A partir disso, surgem duas opções:

1) O órgão fracionário manifesta-se pela constitucionalidade da lei ou


ato impugnado.
Nesse caso, reconhecem a improcedência da preliminar de
inconstitucionalidade e prosseguem imediatamente no julgamento do mérito
principal do feito (art. 949, I, CPC).

2) O órgão fracionário inclina-se pela inconstitucionalidade da lei ou


ato impugnado, por maioria simples dos votos.
Nesse caso, submetem a questão ao Plenário ou ao Órgão Especial,
porque reconheceram a procedência, ou ao menos a possibilidade de
procedência, da tese de inconstitucionalidade (art. 949, II, CPC).
Somente a preliminar de inconstitucionalidade é remetida ao Plenário ou
ao Órgão Especial, que poderá reconhecer a inconstitucionalidade pela maioria
absoluta dos seus membros.
O órgão fracionário, posteriormente à decisão sobre a
(in)constitucionalidade, prossegue no julgamento do mérito do caso concreto,
ficando vinculado à manifestação do Pleno/Órgão Especial.
Quem conclui o julgamento do mérito será sempre o órgão fracionário.
Ocorre um “recorte” quanto à análise das matérias.
As pessoas jurídicas de direito público responsáveis pela edição do ato
questionado manifestam-se perante o Pleno/Órgão Especial (art. 950, § 1º, CPC).
O NCPC não faz menção à atuação do MP, cuja manifestação já deve ter
ocorrido no órgão fracionário.
Os legitimados para propositura da ADI podem se manifestar (art. 950, §
2º, CPC), inclusive o amicus curie.

Se o órgão fracionário não submete a questão ao Plenário/Órgão


Especial, há possibilidade de recurso extraordinário (ofensa ao art. 97, CF),
recurso especial (ofensa ao art. 949, II, CPC) e ação rescisória (art. 966, CPC).
Excepcionalmente, cabe mandado de segurança.
Também cabe embargos de declaração.
Em hipóteses especiais, pode ocorrer suspensão de tutela.

Aos órgãos fracionários do Supremo não se aplicam essas regras, ou seja,


podem realizar controle difuso sem submeter matéria ao Plenário.
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MONITOR BETINA SANTORO BENVEGNÚ DATA 12/08/2020


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No entanto, se for controle concentrado pelo Supremo, a competência é


do Pleno.

Exceções que jurisprudência do Supremo reconhece (dispensa de reserva


de Plenário e possibilidade de julgamento pelo órgão fracionário):
- Já houver pronunciamento do Plenário/Órgão Especial ou do Plenário
do Supremo sobre a questão (art. 949, parágrafo único, CPC);
Nesse caso, pode ser julgada pelo próprio relator.
- Já houver súmula do Tribunal local ou do Supremo sobre a questão.

Súmula Vinculante 10 - Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97)


a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare
expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder
Público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.

Se o órgão fracionário afastar a incidência, mesmo sem declaração


expressa de inconstitucionalidade, aplica-se a reserva de Plenário!

Não se aplica a cláusula de reserva de Plenário, segundo o STF:


- Quando o órgão fracionário somente deixa de aplicar a lei porque não
aplicável ao caso concreto, e não por inconstitucionalidade, mantendo a
aplicação a outros casos, não viola a cláusula de reserva de Plenário.
- A simples ausência de aplicação de norma ao caso concreto, por juízo
de subsunção/interpretação.
- Turmas Recursais de Juizado Especial.
- Denegação de medida cautelar.
- Constitucionalidade.
- Interpretação conforme a Constituição (não equivale a juízo de
inconstitucionalidade).

O pronunciamento do Plenário/Órgão Especial é irrecorrível, salvo


embargos declaratórios.
Pode haver recurso somente contra a decisão do órgão fracionário que
completa o julgamento do feito.

Essa decisão do Plenário/Órgão Especial vincula todos os órgãos


fracionários do Tribunal julgador.
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CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE EM FACE DAS


CONSTITUIÇÕES ESTADUAIS

Parte das normas da Constituição Federal são consideradas normas de


reprodução obrigatória pela Constituição Estadual (organização dos poderes,
direitos fundamentais, competência, princípios e estrutura da Administração
Pública, etc).
Além disso, existe o princípio da simetria, que ordena que as
Constituições Estaduais sejam elaboradas por espelhamento à Constituição
Federal.
O mesmo raciocínio ocorre quanto à Lei Orgânica dos Municípios.
Em face das normas de reprodução obrigatória nas Constituições
Estaduais, pode haver controle concentrado de constitucionalidade perante os
Tribunais de Justiça estaduais, com parâmetro na Constituição Estadual.

Art. 125. § 2º Cabe aos Estados a instituição de representação de


inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em
face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a
um único órgão.

Nesse caso, o confronto ocorre entre normais estaduais ou municipais e


a Constituição Estadual. Trata-se de controle concentrado em abstrato estadual.
Se for norma de idêntico teor à Constituição Federal, cabe recurso
extraordinário.
Regra geral = não cabe recurso ao STF. O guardião da Constituição
Estadual é o TJ local.
Exceção = quando norma da Constituição Estadual for de reprodução
obrigatória da Constituição Federal, cabe recurso extraordinário ao STF,
inclusive com efeitos erga omnes e vinculantes.

CONTROLE DE LEI OU ATO NORMATIVO MUNICIPAL EM FACE DA


CONSTITUIÇÃO FEDERAL

O Supremo não pode analisar leis municipais em ADIs (leis federais ou


estaduais).
Pode ser feito em controle concentrado por meio de ADPF, quando
admitido.
Quando violam Constituição Estaduais, o Supremo não reconhece
subsidiariedade (deve tentar combater através de ADI no TJ estadual
previamente).
Além disso, ocorre controle difuso por meio de recurso extraordinário.
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SÚMULA VINCULANTE

Encontra-se prevista na Constituição Federal e é regulamentada pela Lei


11.417/06.
Foi introduzida pela EC 45/2004, com o objetivo de maior segurança
jurídica e maior previsibilidade nos julgamentos.
Quando o STF, por reiteradas decisões em controle difuso, houver
reconhecido a inconstitucionalidade de casos semelhantes, justifica-se a edição
de súmula de caráter abstrato (não vinculadas ao caso concreto).
Possui caráter abstrato e geral, aplicação futura e caráter vinculante.

Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação,


mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões
sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na
imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder
Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal,
estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na
forma estabelecida em lei.

Não contempla o legislador, vinculando somente Executivo e Judiciário.


O quórum mínimo é de 2/3 dos membros (8 Ministros) = maioria
qualificada.
Pode ser editada de ofício ou por provocação.
O requisito das reiteradas decisões por vezes não é observado na prática.

§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de


normas determinadas (objeto), acerca das quais haja controvérsia ATUAL entre
órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave
insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão
idêntica.
§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou
cancelamento de súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor
a ação direta de inconstitucionalidade.
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável
ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal
Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a
decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem
a aplicação da súmula, conforme o caso.
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MONITOR BETINA SANTORO BENVEGNÚ DATA 12/08/2020


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O Supremo também se vincula, devendo aplica-la até que não cancelar


formalmente, ou explicitar porque não se aplica ao caso.

REFERÊNCIAS LEGISLATIVAS

Constituição Federal: artigos 97, 102, 103-A e 125;

Código de Processo Civil: artigos 949 e 950;

Lei 9.882/99 (ADPF);

Lei 11.417/06 (Súmula Vinculante).

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