2
8.0 Curvas Verticais
8.1 Introdução
O projeto de uma estrada em perfil é constituído de greides retos, concordados dois a
dois por curvas verticais. Os greides retos são definidos pela sua declividade, que é a
tangente do ângulo que fazem com a horizontal. Na prática, a declividade é expressa em
porcentagem.
Nos greides ascendentes os valores das rampas (i) são considerados positivos e nos
greides descendentes negativos, conforme indicado na Figura 1. Para fazer esta
convenção é necessário dar um sentido ao perfil, que é geralmente o mesmo do
estaqueamento.
3
8.0 Curvas Verticais
8.1 Introdução
8.1 Introdução
As curvas clássicas de concordância empregadas em todo o mundo são as seguintes:
parábola de 2° grau, curva circular, elipse e parábola cúbica. O DNIT recomenda o uso
de parábolas de 2° grau no cálculo de curvas verticais, de preferência simétricas em
relação ao PIV, ou seja, a projeção horizontal das distâncias do PIV ao PCV e do PIV ao
PTV são iguais a L/2, como mostra a Figura 8a.
Essas parábolas são definidas pelo seu parâmetro de curvatura K, que traduz a taxa de
variação da declividade longitudinal na unidade do comprimento, estabelecida para
cada velocidade. O valor de K representa o comprimento da curva no plano horizontal,
em metros, para cada 1% de variação na declividade longitudinal.
5
8.0 Curvas Verticais
8.1 Introdução
8.1 Introdução
• O PCV e o PTV podem ser locados em estaca inteira ou +10,00, como convém no
projeto e no perfil definitivo.
7
8.0 Curvas Verticais
8.1 Introdução
8.1 Introdução
Nos estudos de curvas verticais é muito utilizada a expressão i1 – i2, que é a variação
total da declividade do greide, conforme a equação (1).
g = i1 – i2 (1)
A equação i1 – i2 é algébrica. Na utilização da equação (1), os sinais das rampas i1 e i2
devem ser mantidos.
Pelo sinal de g pode-se dizer se a curva é côncava ou convexa. Quando g > 0 a curva
será convexa e se g < 0 a curva será côncava.
A parábola simples é uma curva muito próxima a uma circunferência. Por isso, é usual
referir-se ao valor do raio RV da curva vertical, que deve ser entendido como o menor
raio instantâneo da parábola. A equação (2) relaciona RV e L.
L = RV .|g| = RV .|i1 – i2| (2)
9
8.0 Curvas Verticais
8.1 Introdução
Um processo prático para a escolha do valor L consiste no uso de gabaritos especiais
para curvas verticais, que colocados sobre o desenho das rampas preestabelecidas
definem o valor de RV que melhor atende às condições do projeto. Obtido RV, o valor de
L pode ser calculado pela equação (2).
Em curvas de mesmo raio, o conforto nas convexas é maior que nas côncavas. Nas
côncavas, a aceleração da gravidade terrestre e a aceleração centrífuga sem somam. Nas
convexas, as referidas acelerações são subtrativas, gerando um certo efeito de flutuação.
10
8.0 Curvas Verticais
8.2 Tipos de curvas verticais
11
Figura 3 – Tipos de curvas verticais
8.0 Curvas Verticais
12
8.0 Curvas Verticais
x 0 c 0
y 0
d ax2 bx c i 2ax b i1 b i
1
dx x 0
1
2ax b i
d ax2 bx c i
2 2aL i i a i i / 2L
dx
2 x L
1 2 2 1
13
8.0 Curvas Verticais
14
8.0 Curvas Verticais
8.3 Cálculo das cotas e flechas da parábola simples
Ainda com relação a Figura 4, tem-se as seguintes relações:
g
f y i .x f .x2 i .x i .x
1 2L 1 1
g
f .x2 (5)
2L
Em que:
• f = flecha da parábola.
• g = diferença algébrica das rampas.
• L = comprimento da curva vertical.
• x = distância horizontal do ponto de cálculo da flecha ao PCV.
Em particular, no ponto PIV, tem-se a flecha máxima, que é a seguinte:
g L 2
f .
2L 2
g.L
f (6)
8 15
8.0 Curvas Verticais
i .L
Fazendo as devidas substituições: L 1 (7a)
0 g
i 2.L
y 1 (7b)
0 2g
16
8.0 Curvas Verticais
17
8.0 Curvas Verticais
19
8.0 Curvas Verticais
O critério recomendado requer que um motorista com seu campo de visão situado a
uma altura H = 1,10 m acima do plano da pista enxergue um obstáculo situado
sobre a pista, com altura h = 0,15 m.
21
8.0 Curvas Verticais
22
8.0 Curvas Verticais
H F h F
fazendo as devidas substituições, tem-se: e
S 2 L / 22 S 2 L / 22
1 2
L H L h
donde: S1 . e S .
2
2 F 2 F
25
8.0 Curvas Verticais
26
8.0 Curvas Verticais
27
8.0 Curvas Verticais
28
8.0 Curvas Verticais
8.8 Comprimento mínimo de curvas convexas
L H h
Da Figura 8, pode-se deduzir: S
2 m n
Para S mínimo, a linha de visão deve ser tangente ao vértice da curva. Logo, a taxa de
variação de n deve ser igual e oposta à de m, ou seja: dS 0 H h H h
dm m2 n 2 m2 n 2
H h
donde: m n. e n m.
h H
412
substituindo os valores H = 1,10 m e h = 0,15 m, tem-se: L 2S
A
31
Figura 9 – Comprimento mínimo de curvas verticais côncavas (S ≤ L)
8.0 Curvas Verticais
v.S
h
F
Da Figura 9 pode-se deduzir: 100
L / 22 S 2
A.L
A .L v .S 100 .h A .S 2
Sendo F , tem-se: 800 L
800
L / 2 100 .S
2 2 2.v.S 100 .h
h 0,61 m
Empregando os valores recomendados, tem-se:
v 1,75 %
L S2 .A K .A
122 3,5.S
32
8.0 Curvas Verticais
D p2
L .A K .A (14)
min 122 3,5.D p min
Em que:
• Lmin = comprimento mínimo da curva vertical, em metros.
• Dp = distância de visibbilidade de parada, em metros.
• A = diferença algébrica das rampas, em %.
• K = parâmetro da parábola, em metros.
Os valores correspondentes a esse critério, arredondados para fins de projeto, estão
representados nas Figuras 10 e 11.
33
8.0 Curvas Verticais
34
8.0 Curvas Verticais
35
8.0 Curvas Verticais
36
8.0 Curvas Verticais
S
Dos triângulos semelhantes ABC e ADE pode-se deduzir: 1 L/2
v.S
h 4F
100
, pode-se escrever: S v.S /100 h
A.L
sendo F
800 1 A /100
L v.S 100 .h
donde: S
2 A
122 3,5.D p
L 2D p (15)
min A
Em que:
• Lmin = comprimento mínimo da curva vertical, em metros.
• Dp = distância de visibilidade de parada, em metros.
• A = diferença algébrica das rampas, em %.
Para facilidade de cálculo e locação, os valores adotados para L são geralmente
arredondados para múltiplos de 20 metros.
38
8.0 Curvas Verticais
- Solução:
g = i1 – i2 = 2% - (-6%) = 8% = 0,08
L = g . RV = 0,08 . 3000 = 240 m
Verificação de Lmin:
D 2p
982
Dp L L .A .2 6186,50 m (OK)
min 412 412 40
8.0 Curvas Verticais
g.L 0,08.240
Flecha máxima: F 2,40 m
8 8
Cálculo das estacas e cotas do PCV e PTV: L/2 = 120 m = 6 estacas
Est(PCV) = (80 + 0,00) – (6 + 0,00) = 74 + 0,00
Est(PTV) = (80 + 0,00) + (6 + 0,00) = 86+ 0,00
i .L
Cota(PCV ) Cota(PIV ) 1 830 0,02.240 827,60 m
2 2
Cálculo do vértice V:
E(V) = E(PCV) + [L0] = (74 + 0,00) + (3 + 0,00) = 77 + 0,00 m
Cota(V) = Cota(PCV) + y0 = 827,60 + 0,60 = 828,20 m
Equação para cálculo das ordenadas da parábola:
42
8.0 Curvas Verticais
43
8.0 Curvas Verticais
44
8.0 Curvas Verticais
45
8.0 Curvas Verticais
- Solução:
Comprimento das curvas verticais:
L = RV . |g| = 4000 . (0 + 0,04) = 160 m
Distância de PIV1 a PIV2:
H 108,00 100,00
M 200,00 m
i 0,04
Desenvolvimento do trecho em perfil:
L
D M 2. 200 160 360 m
2
Desenvolvimento do trecho em planta:
R . . R .45.
D 1 1 1 0,7854 .R
1 180 180 1
R . . R .135 .
D 2 2 2 2,3562 .R
2 180 180 2
47
8.0 Curvas Verticais
Exemplo 3: Com base na figura a seguir, sendo RV1 = 10.000 m e RV2 = 5.000 m,
determinar a estaca e a cota do ponto mais baixo da curva 2.
48
8.0 Curvas Verticais
- Solução:
Cálculo da rampa intermediária
M = (73 + 15,00) – (50 + 0,00) = 23 + 15,00 = 475 m
L1 = RV1 . |g1| = RV1 . |i1 – i2| = 10000 . (0,04 – i2)
L2 = RV2 . |g2| = RV2 . |i2 – i3| = - 5000 . (i2 – 0,05)
L1/2 + L2/2 = 475
10000 . i 0,04 5000 . 0,05 i
2 2 475 i 0,02 2%
2 2 2
Estaca do PCV2:
L2 = -5000 . (i2 – 0,05) = -5000 . (-0,02 – 0,05) = 350 m
E(PCV2) = E(PIV2) – [L2/2] = (73 + 15,00) – (8 + 15,00) = 65 + 0,00 m
49
8.0 Curvas Verticais
- Solução:
Cálculo de L0 para a curva 2:
L 2g 2 0,02.350 100,00 m
i .L
0 2 0,02 0,05
Cálculo de y0 para a curva 2:
i 2.L 0,02 2.350
y 2 2 1,00 m (cota em relação ao PCV )
0 g 2. 0,02 0,05 2
2
Cálculo da cota do ponto de mínimo (V) da curva 2:
L 10000 .0,04 0,02 600 m
1
51
8.0 Curvas Verticais
8.10 Exercícios
8.10.1 Calcular os elementos notáveis (estacas e cotas do PCV, PTV e V) da curva
a seguir e confeccionar a nota de serviço. O raio da curva vertical (RV) é igual a
4000 m e a distância de visibilidade de parada (Dp) é igual a 112 m.
52
8.0 Curvas Verticais
8.10 Exercícios
8.10.2 Calcular os elementos notáveis da curva vertical a seguir e confeccionar a
nota de serviço.
53
8.0 Curvas Verticais
8.10 Exercícios
8.10.3 A figura a seguir mostra o perfil longitudinal de um trecho de estrada.
Calcular o valor da rampa i2 para que os pontos PTV1 e PCV2 sejam coincidentes.
Determinar as estacas e cotas do ponto mais alto da curva 1 e do ponto mais baixo
da curva 2.
54
8.0 Curvas Verticais
8.10 Exercícios
8.10.4 A figura mostra o perfil longitudinal de uma estrada onde as duas rampas
intermediárias têm inclinação de - 2,5% e + 2,5%, respectivamente. Determinar
estaca e cota do PIV2.
55
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
56