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A Coroa de Prata

(The Silver Crown)


Por William Bridges
Tradução livre da introdução do Silver Crown : Rodolfo Yamamoto - Rodolfo Yamamoto Neves em
NAÇÃO GAROU - Lobisomem: O Apocalipse
Dedicatória
Ao meu irmão John
E ao meu pai.

Agradecimentos
Obrigado a Joshua Gabriel Timbrook por Albrecht e Mari, e ao Daniel Greenberg por criar o
cenário.

E como uma estrela morrendo é todo trabalho de sua virtude: sua luz ainda está a caminho e ainda
vaga – e quando ela não estiver mais em seu caminho? Assim a luz de sua virtude ainda está em seu
caminho mesmo quando o trabalho já foi executado. Apesar de esquecido e morto, o raio de sua luz
ainda vive e perambula. Essa sua virtude é seu eu e não algo exterior, uma pele, um casaco, que é a
verdade da fundação de suas almas, vocês que são virtuosos... E alguns, que não sabem ver quanto
de elevado há no homem, falam de virtude quando vêm perto demais a sua baixeza...
- Nietzsche, Assim falou Zaratustra.
Grandes inovadores nunca vem de cima; Eles vem invariavelmente de baixo, como as árvores
nunca crescem do céu para baixo, mas da terra para cima.
- C. G. Jung, O Problema espiritual do Homem Moderno.

Prólogo

Luna Louca estava escondida quando o Rei Morningkill deu seu banquete. Foi ordenado que todos
da tribo deveriam estar presentes, sob a lua nova, independente da desculpa ou missão de cada um.
Nesta noite, perante todos, Morningkill iria reafirmar seu reinado sobre os Presas de Prata, o
Protetorado do Território Norte, e todos os Garou da América do Norte. Mesmo que somente ele
acreditasse em tais alegações atualmente.
Greyfist rosnou baixo, um quase inaudível tremor nas costas de sua garganta. O cavalo abaixo dele
relinchou e rolou seus olhos para cima, narinas arfando enquanto seus instintos diziam a ele para
fugir do predador que ele ouvia e farejava tão próximo. Greyfist se deu conta e colocou sua mão
sobre o pescoço do cavalo e acariciou com leves tapinhas, de forma calma e confortante: “Calma,
calma, Tyre. Não há razão para ficar estressado.”
O cavalo parou com seus movimentos nervosos e acalmou sob Greyfist durante a inspeção dos
limites, fronteira entre a Corte de Jacob Morningkill e o mundo exterior. Ele se amaldiçoou por
deixar sua fúria tomar o melhor de si. Malditos sejam todos se ele, de todos os Garou da Corte, não
pudesse controlar a si próprio! Não traria bem algum ficar irritado com coisas que não se pode
mudar. Coisas que outros Garou – Garous melhores- antes de você tentaram e falharam. Não, rancor
não iria mudar a mente do rei e libertá-la de uma loucura de anos.
Pronto. Havia sido dito. Louco. Nenhum outro Presa de Prata ousaria admitir que o rei estava louco,
mas é o que claramente estava acontecendo. Excêntrico, eles diriam. Mas louco? Certamente não.
Isso é o que falavam os tolos de fora da tribo, invejosos de nossa posição e status. Negados do favor
divino de Gaia, eles resmungam e cerram os dentes, desesperados pela glória divinamente ordenada
dos Presas. Eles iriam ter de merecer através de trabalho duro a honra a qual os Presas haviam
nascido.
Greyfist cuspiu em desgosto. Eram tais pensamentos, tal arrogância, que haviam derrubado a tribo,
que permitiam a loucura como a de Morningkill seguir por tanto tempo ignorada.
Mas pensar como Greyfist era traição.
Então me estripem como a um traidor, ele pensou. Ah, como era fácil pensar de forma tão ousada
em sua própria mente. Mas e agir com tal heroísmo? Não, não eu. Eu vou atendendo ao rei,
executando suas estranhas ordens. Esse era o caminho. Era assim por mais anos do que a
humanidade havia construído cidades. Que sou eu para questionar tais tradições? O Senescal
(oficial administrativo do rei). Mas não o rei em si. Somente ele pode mudar as antigas leis.
Somente ele pode reviver a tribo.
Mas Morningkill...? Sua maldita inveja e paranoia haviam afastado todos os sucessores dignos. Iria
tudo acabar com ele? A grande linha real, a antiga família da Casa dos Wyrmfoe? A família que
havia gerado heróis que não são mais vistos no mundo atual? Tais Garou como Aleking Axeclaw?
Gorak Rules-by-Right?
O cavalo parou e empinou, relinchando em medo. Greyfist segurou as rédeas para evitar sua queda
e novamente acariciou o pescoço do cavalo. “Calma. Calma. Eu estou fazendo novamente,
remoendo em minha raiva. No entanto, não vai fazer a você bem algum, não é? Desculpe-me, Tyre.
Acalme-se.”
Mas o cavalo ainda rolava seus olhos e se afastava de sua trilha. Greyfist suspirou e desmontou,
segurando as rédeas para manter seu cavalo de sair correndo. Ele ficou parado e lentamente puxou o
animal para si. O cavalo parou com seu alvoroço e acomodou-se, olhando para a esquerda e para a
direita com temor, e finalmente deixou escapar um sonoro suspiro e ficou imóvel. Greyfist
novamente acariciou com tapinhas o seu pescoço.
“Assim. Assim é melhor. O que, de qualquer forma, um Garou está fazendo cavalgando um cavalo?
Você merecia algo melhor. Não é fácil treinar um cavalo para deixar um lobo subir em suas costas.
Mas Morningkill gosta de cavalos. Morningkill exige cavalos. E então, nós Garou cavalgamos
cavalos. Pompa real. Tão vaidoso. E você paga o custo.”
Greyfist olhou o entorno de onde se encontrava, ainda acariciando o pescoço do cavalo. Estava
escuro, com nenhuma lua para iluminar a noite. A paisagem era uma massa de formas negras,
vagamente lembrando a forma de árvores. Ele havia alcançado o limite norte da fronteira e agora
estava cercado por árvores, aconchegando-o por todos os lados exceto onde a trilha cortava através
da profunda mata. Graças as leis que as protegiam da destruição humana, essa era uma área
selvagem que mesmo os humanos evitavam, assim como muito da cadeia da Montanha Verde de
Vermont. O Protetorado do Território Norte cobria muito do Sul de Vermont, mas Greyfist sabia que
no passado havia alcançado da ilha de Manhattan até a fronteira canadense, muito tempo atrás,
quando os Presas de Prata tinham acabado de chegar no continente para entalhar seu território das
terras nativas. De mãos nativas.
Greyfist escutava. Antes de partir em patrulha, ele havia usado um Dom ensinado para ele por
espíritos para ver e farejar com sentidos de um lobo sem ter de transformar-se em um de fato. Os
únicos sons que ele ouvia eram aqueles que são naturais à noite. Insetos zumbiam na mata, o som
do farfalhar das árvores balançando na brisa. Em algum lugar distante, o tênue som de um riacho.
Nada de diferente ou perigoso nisso.
Greyfist montou novamente no cavalo e deu meia volta, direcionando-o de volta na trilha, de volta
em direção a Corte onde o banquete já estava começando. Enquanto ele cavalgava, ele tentou parar
sua raiva. Ele estava acostumado a seus próprios sermões em monólogo quando a frustração se
tornava insuportável. Ele percebeu que havia exagerado a maior parte do tempo. Morningkill tinha
seus momentos, era de se admitir. Ele era o herdeiro de uma casa real. Alguém só pode cair de um
pináculo como este.
Mas Greyfist lembrava do Jacob dos tempos áureos, quando o rei o havia nomeado Senescal. Havia
confiança entre Jacob e Greyfist naqueles dias. Mesmo hoje, Morningkill não confiava em ninguém
entre os Presas de Prata como depositava sua confiança em Greyfist. Mas então porque ele não
escutava os conselhos de seu conselheiro com mais frequência? Por que ele insistia em escutar
Arkady, o vaidoso Arkady? Ele estava encantado com o jovem herói, Greyfist acreditava. O filho
Garou que Morningkill nunca teve, talvez. Pelo menos um filho que viveu para todas as tradições,
não como o verdadeiro neto de Morningkill.
Greyfist balançou a cabeça negativamente. Ele amou muito Morningkill, lembrando do homem que
ele costumava ser e poderia se tornar novamente. Se o rei pudesse se livrar da loucura. De onde sua
paranoia havia vindo? Por que tantos na tribo estavam amaldiçoados com tais preocupações nos
dias atuais? Teria a linhagem realmente caído, como os Senhores das Sombras clamavam? Não,
Greyfist não podia aceitar isso. Comece a pensar dessa forma, e o Harano virá em seguida.
Mas então... havia o sonho. O sonho que ele teve três noites atrás. O sonho que o manteve acordado
quase toda noite desde então, repensando-o repetidamente, lutando para lembrar cada detalhe dele.
Era um sonho ou uma visão? Interpretar tais coisas erroneamente pode ser perigoso, especialmente
considerando os auspícios que este revelava. Mas depois de horas de consideração, Greyfist
acreditava que este sonho fora enviado pelo Falcão, o totem espiritual da tribo. Mas ele ainda não
podia dizer o que o sonho significava para si, para Morningkill e para a tribo.
Um sonho de reis caídos e alguns recentemente coroados. De batalha e dor. De escuridão opressiva,
de uma câmara parecida com uma catedral onde uma única tira de prata brilhava vivamente.
Greyfist ajeitou-se em sua sela e olhou adiante. Basta de conjecturas. Ele não tinha ideia do que o
sonho significava. Era grupo de imagens espalhadas e ele não tinha pistas ainda para desvenda-lo.
Ele, ao invés, escolheu pensar na segurança do caern. Enquanto ele não era o Vigia, ainda assim era
seu dever como o Senescal do Rei garantir que a assembleia seria segura e que o rei não estaria sob
perigo. Então ele tomou para si a patrulha das regiões circundantes, deixando a defesa do centro
para a Vigia. Além, ele pensou que seria bom esfriar sua fúria bem distante dos acontecimentos da
corte.
Ele estava confiante que a Vigia poderia lidar com o dever, mesmo que ela ainda estivesse se
recuperando de um ferimento de uma das missões de Morningkill. Ele havia enviado Regina para
buscar um fetiche da tribo Crias de Fenris nas montanhas Andirondack, e ela teve de desafiar um de
seus heróis para isso. Ela venceu, mas ainda sentia a dor de seus ferimentos.
Além disso, ela agora tinha de ser também a Vigia do Portão, pelo menos até que o jovem Eliphas
Standish pudesse ser ordenado. O Vigia do Portão anterior, Garrick Batell, foi morto em uma
caçada. Ele foi atraído para a Umbra sozinho e atacado por um Maldito; seu corpo foi encontrado
por um grupo andarilho de Fianna. Aquilo havia sido humilhante, vê-los trazendo o corpo de volta.
Não era correto um Presa de Prata não ser trazido de volta para casa por alguém que não fosse sua
própria matilha. Mas Garrick havia sido estúpido, e isso era exatamente o que os Garou não podem
o luxo em dispor, com a Wyrm sempre esperando por uma abertura como essa.
Greyfist cavalgou de volta para uma grande clareira que formava o Caern e a Corte do Protetorado
do Território Norte. Ele rapidamente examinou o campo. Tendas foram erguidas em um padrão
através do prado: aquelas ao norte eram para a Loja do Sol, enquanto aqueles do sul representavam
a Loja da Lua. As tendas ao norte eram brancas com pictogramas dourado; as tendas do sul eram
pretas com pictogramas prateados. De baixo de ambas as tendas, e para o leste, estavam mesas de
madeira e cadeiras com o encosto alto, cada marcada com o brasão de seu proprietário. A conduta
moral correta demandava uma ordem dos assentos na corte. A mesa ao leste, em campo aberto e sob
nenhuma tenda, era para a Armada do Rei, todos os Presas de Prata que não pertenciam a ambas as
Lojas. A comida ainda não havia sido trazida da mansão próxima – as propriedades Morningkill –
apesar de que os mais jovens das famílias de Parentes já organizavam e preparavam as mesas.
Mas ninguém estava sentado ainda, como se estivessem em um estágio introdutório do banquete.
Garou e Parentes se misturavam no campo, tomando parte em um jogo de corte de saudações e
fofoca. Alguns Presas de Prata montavam cavalos, vestidos majestosamente para impressionar o rei,
que muito amava a dedicação equestre. Eles vestiam roupas e joias de qualidade, o que para uns
significava trajes arrojados e vestidos longos elegantes; para outros, fetiches de ossos e robes
bordados a ouro. Uma mistura estranha de moderno e primitivo.
E no centro de toda essa atividade, de todas as idas e vindas, saudações e bênçãos, estava o Grande
Carvalho, a antiga árvore onde o trono de Jacob Morningkill foi entalhado entre as poderosas raízes.
E no trono, cercado por ambos Garou e Parentes de sangue nobre, estava Morningkill em pessoa. O
rei estava em vestimenta de qualidade e estilo clássico, seu robe bordado em prata com pictogramas
ornados ilustrando sua grande linhagem familiar. Seus braços exibiam braceletes de ouro passados
dos tesouros de antigos reis humanos que, desconhecido por seus pares humanos, haviam sido
Parentes dos nobres Garou. E na cabeça de Morningkill estava a coroa, entalhada de madeira e
encravada de joias ganhas de reinos espirituais distantes por reis que o precederam.
Mas sob toda esta glória estava um velho homem com uma face amarga, cujos olhos se lançavam ao
redor, observando por traição em potencial dos bajuladores amontoados a sua volta.
Greyfist meneou sua cabeça para os lados, negativamente, em vergonha.
Famílias de Parentes tinham a orelha do rei e estavam fazendo uso da oportunidade. Aparentemente
havia uma disputa entre os Rothchilds e os Albrechts, pois ambos Darren Rothchild e Warren
Albrecht discutiam em frente ao rei. Greyfist sempre ficou enojado com tais demonstrações
mesquinhas, mas ele tinha de perdoar os Parentes. Eles não compartilhavam do renome pleno de
seus consanguíneos ou filhos e então tinham de erigir uma ordem para os seus. Os Parentes eram
importantes, por eles portavam o sangue dos futuros Garou, mas eles imitavam a nobre burocracia
dos Presas bem demais para o gosto de Greyfist. Deles era uma vida de servidão sem recompensas e
de casamentos arranjados.
Mas onde estava Arkady? Onde estava a Matilha do Rei, sua guarda pessoal? Greyfist olhou através
do campo, buscando por qualquer sinal deles. Inconcebível que eles estariam atrasados para a
assembleia do rei. Ainda assim, Greyfist não havia visto eles antes de sair em patrulha, e eles não
estavam a vista agora. Ele teria algumas palavras para dizer a Arkady quando ele finalmente
chegasse. Ele estava farto da maldita irresponsabilidade de Arkady, sempre buscando renome. Seu
lugar era aqui, maldição! Havia gloria e honra o suficiente em servir ao rei e Arkady teria de
aprender a viver com isso.
O cavalo de Greyfist pareceu gritar repentinamente, se libertou e correu, derrubando o Garou. Ele
acertou o solo de forma dura e escutou o som de ruptura de seu osso da clavícula, seguido de uma
dor aguda. Ele ignorou-a e colocou-se de pé, procurando pelo cavalo, o qual ele rapidamente viu
desaparecendo no bosque. Maldição! O animal foi tão facilmente assustado? Sua raiva não estava
tão intensa desta vez –
Quatro facas afiadas cortaram suas costas e ele caiu, gemendo de dor. Ele olhou por cima de seu
ombro e viu um Garou na forma Crinos parado atrás de si, suas garras pingando sangue – sangue de
Greyfist. O Lobisomem pareceu sorrir de forma ampla, um riso doentio. Saliva pingava de sua boca
como seu brotasse do fundo de sua garganta, além de seu controle. Sua pelugem era sarnenta e
falha, com remendos de retalhos esverdeados. As orelhas não eram de um lobo, mas algo que
lembrava as de morcegos. Um Dançarino da Espiral Negra, um lobisomem de uma tribo da Wyrm.
Ele olhou através de onde estava Greyfist. Em direção ao trono.
A criatura pulou sobre Greyfist enquanto se deslocava correndo. Greyfist tento ficar de pé, mas a
dor o atingiu de forma brutal, fazendo com que ele buscasse por ar. O rei! O rei estava em perigo!
Ele se concentrou intensamente, tentando não entrar em pânico, e começou a mudar de forma. Seus
músculos cresceram muito e seus ossos acompanharam a nova forma, mudando de forma e
tamanho, formando características de lobo. Agora, na forma Crinos, a forma da batalha, Greyfist se
erguia.
Em todo o seu ser, a guerra fervilhava furiosamente. Presas de Prata lutavam com outros
Dançarinos da Espiral Negra. As criaturas insanas balbuciavam e rugiam, lançando a si próprias
quase em transe sobre os Presas de Prata assustados. Roupas finas foram manchadas com sangue e
vísceras enquanto os atacantes surpresa rasgavam os guerreiros dos Presas de Prata.
Greyfist absorveu toda essa cena enquanto andava em direção ao trono, movendo-se o mais rápido
que podia. Ele gritou para si próprio para correr mais rápido, mas suas pernas não respondiam da
forma correta. Sangue escorria pelas suas costas, mas sua clavícula tinha regenerado assim que ele
mudou de forma.
Em sua frente, Greyfist viu o Dançarino da Espiral que o atacou lutando selvagemente com Regina,
a Vigia do Caern. Ela havia perdido um braço, mas havia feito a criatura pagar com duas ou três
costelas, as quais jaziam sangrentas no chão. Sua caixa torácica estava aberta, derramando sangue e
vísceras, mas ele parecia não notar. A criatura estava com a vantagem e estava surrando Regina
terrivelmente.
Atrás deles, sentado no trono e observando de forma estúpida a luta, estava Morningkill. Os
Parentes que estavam lutando por sua atenção menos de cinco minutos atrás não estavam em
nenhum local visível. Greyfist não podia culpa-los. Que humano não iria fugir de um Dançarino da
Espiral Negra?
Greyfist desembainhou sua klaive e correu para trás do Garou corrupto. Antes que a criatura
pudesse martelar outro golpe contra Regina, que estava caída, Greyfist golpeou com sua lâmina de
prata a espinha da criatura. Ela virou sua cabeça para trás e gritou, morrendo um instante depois.
Greyfist puxou sua arma para fora do corpo fumegante e mancou até Morningkill. “Você está bem,
meu rei?” ele gritou.
Morningkill olhou para ele, atordoado. Ele chacoalhou sua cabeça como se para limpá-la e olhou
para Greyfist, seus olhar nítido e brilhante. “Sim. Eu estou bem. Você fez bem, Greyfist. Um Meia-
Lua foi bem sucedido onde nenhum dos meus Ahrouns conseguiu.” Ele olhou para Regina, que
lentamente se erguia sobre seus pés.
“Ela fez o melhor dela, meu senhor,” Greyfist falava enquanto mancava em direção a ela.
Regina acenou positivamente com a cabeça um silencioso agradecimento a ele. Ela pegou seu braço
decepado e segurou contra o toco restante. “Não se preocupe comigo,” ela disse. “Nós precisamos
levar o rei para a segurança.”
“Não,” disse Morningkill. “Eu vou ficar em meu trono. A assembleia está para começar.”
Greyfist olhou em choque para Morningkill, que permaneceu resoluto perante o Trono de Carvalho.
“Meu rei, a assembleia acabou! Os Dançarinos da Espiral Negra invadiram a corte! Nós precisamos
fugir para um local seguro!”
Morningkill parecia confuso e olhou através do prado. Greyfist também analisava a área e viu,
longe no campo, cinco Presas de Prata terminando um combate. A Matilha do Rei. Arkady
finalmente havia chegado. No campo havia seis corpos de Dançarinos da Espiral, não incluindo o
que havia atacado Greyfist. Dois cavalos estavam mortos, assim como três Parentes que estavam a
serviço.
Greyfist olhou para Arkady, que andava lentamente através do campo, arrastando o corpo de um
Dançarino da Espiral atrás de si como troféu. Tão petulante e confiante, pensou Greyfist. Por que
ele não estava aqui mais cedo?
“Você vê?” Morningkill disse. “Minha guarda está aqui! Arkady chegou! Ali, no campo! A batalha
acabou. Nós vencemos o dia!” Ele começou a gargalhar, mas ela foi afogada em sua garganta
quando uma figura saltou dos galhos acima. A figura se lançou velozmente em Morningkill e ambos
rolaram um monte abaixo. Greyfist correu para o trono e golpeou o Dançarino da Espiral Negra,
cortando sua cabeça com um golpe preciso e magistral de sua Klaive. Ele rapidamente retirou o
corpo espasmódico e sem cabeça de cima de seu rei.
Morningkill estava deitado fitando Greyfist, como se pela primeira vez o reconhecesse em anos. Os
órgãos e vísceras do rei estavam espalhados sobre seu colo; seu sangue vazava no antigo carvalho.
Ele respirava engasgando, tentando dizer algo.
Greyfist gritou de angústia. “Curandeiros! Curandeiros! Maldição!” Ele caiu de joelhos e embalou o
rei em seus braços. Morningkill sussurrava baixo e Greyfist, com lágrimas caindo profusamente por
suas bochechas peludas, dobrou seu corpo para levar sua orelha para as palavras fracas do rei.
“Me.. meu... neto...?” Morningkill disse, seus olhos rolaram para cima para encontrar com os de
Greyfist. “Traga ele... para casa.” Os olhos do rei fecharam e ele despencou nos braços de Greyfist,
deixando sair sua última respiração.
Greyfist gritou, apertando o rei contra seu peito. “Jacob. Jacob. Por que assim? Por que?”
Greyfist ouviu passos frenéticos se aproximando e um soluço de angústia. Ele olhou para cima para
ver Arkady, encarando o rei morto. Sua face mostrava choque e pesar de uma só vez, mas também
um olhar de descrença, como se o que ele estivesse vendo não fosse verdade.
“O rei? Morto?” Arkady disse, quase em um sussurro.
Greyfist cerrou os dentes e reprimiu um rosnado. “Morto. O rei está morto.”
Regina caiu de joelhos, sua cabeça abaixada, sua mão largando seu braço antes que ela pudesse
regenerá-lo. Outros Presas de Prata agora se juntavam em círculo, assim como Parentes da corte.
Todos olhavam em choque e em consternação para o corpo de Morningkill.
Um dos Parentes chorou, começando um lamento que rapidamente se espalhou através da multidão.
Arkady jogou sua cabeça para trás e soltou um uivo. Todos os Presas de Prata seguiram, suas
cabeças e olhos fechados com o pesar. Greyfist se juntou, e o uivo deles se misturou com o choro
dos Parentes e foi carregado através dos bosques para cidades próximas, onde pessoas se
encolheram em seus lençóis em terror e se afundaram mais profundamente em suas camas, tentando
bloquear o terrível som.
Greyfist deitou Morningkill no solo, colocando seus braços cruzados em seu peito em uma pose
real. Ele se ergueu e andou até Arkady, que era duas cabeças mais alto do que ele. Arkady era uma
figura imponente de pelo branco puro e armadura de batalha em couro preto. No entanto, o pesar de
Arkady não era páreo para a raiva de Greyfist.
“Por que você não estava aqui?” Greyfist gritou. “Você era a guarda dele, a Matilha do Rei!”
Arkady olhou para Greyfist e estreitou seus olhos com raiva; Greyfist sabia que algo não estava
certo. Ele viu nos olhos do Garou grande e sabia que o pesar que ele agora havia jogado fora era um
cobertor facilmente descartado, que sua tristeza sobre a morte de Morningkill não era tão genuína
quanto seu uivo havia feito Greyfist acreditar a principio.
“Nós tentamos chegar aqui, minha matilha e eu,” Arkady disse, com seu pesado sotaque russo,
dando um passo adiante e forçando Greyfist a olhar para cima, para sua altura. “Mas nós sofremos
ataque fora do limite da fronteira do Caern por Dançarinos da Espiral Negra. No tempo de acabar
com eles e vir para cá, a batalha já tinha começado.”
“Mas como? Como eles passaram pelos guardas?”
“Olhe! Através do campo!” Arkady girou e apontou para os prados. “Vê? Buracos no chão. Eles
vieram por debaixo de nós. Quem sabe a quanto tempo eles estavam cavando ali, secretamente e
silenciosamente para que nenhum de nós soubesse. Isso foi planejado, sim? Eles sabiam bem onde
atacar”
Greyfist olhou para os três buracos no solo. Então é isso que estava assustando Tyre, ele pensou.
Não era eu. Ele sentiu as criaturas malditas se movendo por debaixo de nós.
“Então Garrick o Vigia do Portão foi morto de propósito, para garantir que nossas defesas estariam
baixas,” Greyfist disse, ainda encarando as entradas escuras no chão.
“Sim, Senescal. Deve ter sido isso,” Arkady disse.
Greyfist imaginou por quanto tempo eles estavam lá embaixo, planejando seu ataque. Quando ele
virou de volta para Arkady, o Garou havia caminhado para o trono e estava se dirigindo para falar
com o grupo presente.
“Meus amigos,” disse Arkady. “Essa é uma grande tragédia que nós sofremos esta noite. Nosso rei
está morto. Mas ele vai viver em nossas canções!” Guerreiros Presas de Prata entusiasmados
aclamaram ao ouvirem isso, desesperados por alguma esperança para sair de suas tristezas. “Em
duas noites, quando a lua estará crescente, nós daremos a ele um ritual de morte para que ele possa
se juntar aos reis antes dele em nossas terras tribais no mundo espiritual. Sempre ele será lembrado
e bem falado.”
Greyfist concordou com um movimento de cabeça enquanto os outros Presas de Prata celebravam
novamente suas palavras. Sim, Morningkill precisa ser recordado. Por suas boas qualidades, não
pelas ruins.
“Mas é hora de nós considerarmos nosso novo rei!” Arkady gritou.
O que é isso? Greyfist pensou, estreitando seus olhos pela raiva. É cedo demais! O corpo de
Morningkill ainda está quente e Arkady fala de seu sucessor?
“Sim, eu sei que que apressado, mas nosso inimigo nos encontrou em nossa própria corte! Nós
precisamos rapidamente de nosso novo rei!”
Greyfist deu um passo adiante. “É cedo demais! Nós precisamos revisar nossas colocações.
Morningkill deixou apenas um sucessor para a primeira família – “
“Mas ele está em exílio, Senescal!” Arkady gritou para ser ouvido. “Ele é indigno, e então um
membro de outra família real deve reinar.”
“Mas não há nenhuma outra família real o Território do Norte. E levaria tempo demais para
convocar um de outro protetorado!”
“Ah, mas aí é que você se engana, Senescal. Peter, meu companheiro de matilha!” Ele gesticulou
para um Garou na multidão. “Diga a ele o que nós descobrimos em nossa última missão!”
Peter deu passos para frente e subiu onde estava o trono. Ele era bem conhecido aqui, um membro
da Matilha do Rei e por isso altamente honrado. Ele colocou sua mão no ombro de Arkady e olhou
para a multidão.
“Todos nós sabemos da história de Arkady, como ele veio para nós viajando através da Europa, sem
casa. Como ele mal escapou os horrores de sua terra mãe, Rússia, quando ele era uma criança
pequena, antes de sua primeira transformação. Como o homem Parente que contrabandeou para fora
daquela terra perigosa foi acreditado perdido e morto. Mas não. Nós o encontramos, o homem que
foi um pai para Arkady!”
“Ele era velho e frágil, ainda machucado das feridas que ele recebeu muito tempo atrás tentando
defender o pequeno Arkady dos lacaios da Wyrm. Ele mandou Arkady fugir enquanto uma criatura
o atacava anos atrás, se jogando no caminho para defender um pequeno garoto, que ainda não era
Garou. O homem viajou desde então, tentando encontrar Arkady novamente, para dizer a Arkady de
sua herança. E, enquanto isso, Arkady acreditava que ele estava morto.”
“Ele finalmente encontrou Arkady duas noites atrás, e em seu leito de morte revelou grandes
notícias: os avós de Arkady são do clã da Lua Crescente! Arkady é dos Sete! Ele é realeza e,
portanto, o próximo a suceder Morningkill ao trono do Protetorado do Território do Norte!”
A multidão rompeu em um uivo massivo. Isso era maravilhoso! Um da realeza havia sido
encontrado e ele era um deles! O Arkady deles seria o rei!
Mas Greyfist não uivou com o resto. Ele se afastou do trono, onde Arkady sorria jubilante enquanto
os Presas de Prata cantavam elogios a ele. Greyfist sabia que isso era errado. Oh, ele acreditava que
Arkady era realeza, com certeza. Quem não acreditaria nisso, com uma pelugem como aquela e um
porte como o dele? Mas Greyfist suspeitava que Arkady estivesse ciente de sua herança o tempo
todo, que isso não era um segredo recentemente descoberto. Não, isso não estava certo: havia mais
um que estava na linha de sucessão ao trono antes de Arkady. Havia outro da Casa dos Wyrmfoe, a
primeira família dos Territórios do Norte.
Greyfist puxou Eliphas Standish para fora da multidão e caminhou com ele, se afastando da
reunião. Eliphas parecia irritado, e permaneceu olhando de volta para o trono, não desejando perder
nada daquele momento. Mas ele sabia se portar melhor do que ignorar as ordens do Senescal, que
era o rei até que Arkady fosse coroado.
“O que foi?” Eliphas disse. “O que é tão importante que nós estamos perdendo o anúncio de
Arkady? Esse é um grande momento.”
“Pare essa boca salivosa, filhote,” Greyfist disse. “Eu quero que você vá para a cidade de Nova
York.”
“O quê? Mas eu vou ser ordenado Vigia do Portão semana que vem. Eu tenho meus deveres-“
“Semana que vem! Não agora. Você vai para Nova York e trará Lorde Albrecht de volta com você.”
Eliphas encarou Greyfist. “Albrecht? Eu não posso fazer isso! Ele é um exilado!”
“Não mais. Esse foi o último pedido de Morningkill, dito em seu último fôlego. Você pretende
negar o comando final de seu rei?”
Eliphas olhou para baixo com vergonha. “Não, claro que não. Se o rei declarou o fim do exílio,
então...” Ele ergueu sua cabeça e olhou para Greyfist, preocupado. “Mas e o que será de Arkady? Se
Albrecht não será mais negado à corte, então ele é o próximo na linha de sucessão, não...”
Greyfist concordou com um gesto de cabeça. “Exatamente. E Morningkill sabia disso. Então, vá e
não diga uma palavra para qualquer um. Você deve falar disso somente comigo e Albrecht. Apenas
para você saber o quão importante isso é, estou declarando isso uma Missão da Corte. Você
compreende?”
“Sim!” Eliphas disse, percebendo que seria uma grande honra para ele se ele fosse bem sucedido.
“Eu estarei com ele de volta amanhã.”
“Vá então.” Greyfist observou Eliphas partir imediatamente; o garoto nem se importou em dizer
adeus para qualquer pessoa na corte. Isso era bom. O jovem sabia seguir uma ordem da corte.
Greyfist olhou novamente para Arkady na distância, que estava encarando de volta com a cara
fechada, obviamente tentando entender o que Greyfist estava planejando. Greyfist sorriu e acenou
positivamente com a cabeça para o recém-revelado Duque. Arkady sorriu de volta, mas foi um
sorriso fraco, cheio de incertezas.

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