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Modulo de

Botânica Sistemática

Ensino à Distância

Universidade Pedagógica
Rua Comandante Augusto Cardoso n˚ 135
Direitos de autor
Este Módulo não pode ser reproduzido para fins comerciais. Em caso de reprodução, deve ser
mantida a referência à Universidade Pedagógica e aos Autores do Módulo.

Universidade Pedagógica

Rua Comandante Augusto Cardoso, n.º 135


Telefone: 21-320860/2
Telefone: 21 – 306720

Fax: +258 21-322113


Agradecimentos

À COMMONWEALTH of LEARNING (COL), pela disponibilização do Template usado na


produção dos Módulos.

Ao Instituto Nacional de Educação à Distância (INED), pela orientação e apoio prestados.

Ao Magnífico Reitor, Directores de Faculdade e Chefes de Departamento, pelo apoio prestado em


todo o processo.
Ficha Técnica

Autores: Felisberto Lobo &

Cornélio Mucaca

Desenho Instrucional: Nilza Pondja

Revisão Linguística: Jeronimo Simão

Maquetização: Aurélio Armando Pires Ribeiro

Edição: Valdinácio Florêncio Paulo


Ensino à Distância i

Índice
Visão geral 1
Bem-vindo ao Módulo de Botânica Sistemática............................................................... 1
Objectivos do módulo ....................................................................................................... 2
Quem deveria estudar este Módulo .................................................................................. 2
Como está estruturado este Módulo.................................................................................. 3
Ícones de actividade .......................................................................................................... 4
Habilidades de estudo ....................................................................................................... 5
Precisa de apoio? .............................................................................................................. 6
Tarefas (avaliação e auto-avaliação)................................................................................. 6
Avaliação .......................................................................................................................... 6

Unidade I 9
Introdução à Botânica Sistemática .................................................................................... 9
Introdução ................................................................................................................ 9

Lição nº1 11
Definição da Botânica, origem das plantas e partes da Botânica ................................... 11
Introdução .............................................................................................................. 11
Sumário ........................................................................................................................... 14
Exercício ......................................................................................................................... 14
Chave de correcção. ........................................................................................................ 14

Lição nº 2 15
Categorias da classificação e nomenclatura Botânica .................................................... 15
Introdução .............................................................................................................. 15
Sumário ........................................................................................................................... 32
Exercicios........................................................................................................................ 33
Chave de Correcção ........................................................................................................ 34

Lição nº 3 35
Os reinos ......................................................................................................................... 35
Introdução .............................................................................................................. 35
Sumário ........................................................................................................................... 37
Exercícios........................................................................................................................ 38
Chave de Correcção ........................................................................................................ 39

Lição nº4 40
Diversidade dos organismos vegetais no tempo geológico ............................................ 40
Introdução .............................................................................................................. 40
ii Índice

Sumário ........................................................................................................................... 46
Exercícios........................................................................................................................ 47
Chave de correcção ......................................................................................................... 47

Lição nº 5 49
História da Botânica Sistemática .................................................................................... 49
Introdução .............................................................................................................. 49
Sumário ........................................................................................................................... 53
Exercícios........................................................................................................................ 53
Chave de correcção ......................................................................................................... 53
Exercícios........................................................................................................................ 54
Chave de correcção ......................................................................................................... 55

Unidade II 56
Sinópsis do reino vegetal e níveis de organização dos organismos ................................ 56
Introdução .............................................................................................................. 56

Lição nº 1 58
Os Prokaryota: Características morfológicas, ecológicas e modo de vida. .................... 58
Introdução .............................................................................................................. 58
Sumário ........................................................................................................................... 64
Exercícios........................................................................................................................ 65
Chave de correcção ......................................................................................................... 65

Lição nº 2 67
Eucaryota: Características morfológicas, ecológicas e modo de vida ............................ 67
Introdução .............................................................................................................. 67
Sumário ........................................................................................................................... 74
Exercícios........................................................................................................................ 74
Chave de Correção .......................................................................................................... 74

Lição nº 3 76
Níveis de desenvolvimento Myxobionta e Mycobionta ................................................. 76
Introdução .............................................................................................................. 76
Sumário ........................................................................................................................... 89
Exercícios........................................................................................................................ 90
Chave de Correção .......................................................................................................... 90

Lição nº4 91
O estudo das Algas ......................................................................................................... 91
Introdução .............................................................................................................. 91
Ensino à Distância iii

Sumário ........................................................................................................................... 94
Exercícios........................................................................................................................ 95
Chave de Correção .......................................................................................................... 95

Unidade III 97
Embryobionta – Briófitas e plantas vasculares ............................................................... 97
Introdução .............................................................................................................. 97

Lição nº 1 98
Divisão Bryophyta .......................................................................................................... 98
Introdução .............................................................................................................. 98
Divisão Pteridopyta....................................................................................................... 103
Sumário ......................................................................................................................... 110
Exercícios...................................................................................................................... 111
Chave de Correção ........................................................................................................ 111

Unidade IV 113
Sistemática e características das traqueófitas ............................................................... 113
Introdução ............................................................................................................ 113

Lição nº 1 114
Características gerais das traqueófitas .......................................................................... 114
Introdução ............................................................................................................ 114
Sumário ......................................................................................................................... 119
Exercícios...................................................................................................................... 120
Chave de Correção ........................................................................................................ 120
Sistemas de classificação da folha e da flor, características e sistemática das
Dicotiledóneas. ............................................................................................................. 122
Introdução ............................................................................................................ 122
Sumário ......................................................................................................................... 140
Exercícios...................................................................................................................... 141
Chave de Correção ........................................................................................................ 141
Bibliografia ................................................................................................................... 143
Ensino à Distância 1

Visão geral

Bem-vindo ao Módulo de Botânica


Sistemática
A Botânica Sistemática faz a classificação dos organismos vivos
em séries Hierárquicas de grupos enfatizando as suas relações
Filogenéticas.

Parte da ciência que estuda e apresenta os métodos e teorias que


organizam os seres vivos em grupos promovendo a sua
Classificação, Identificação e Nomenclatura utilizando vários
métodos como a Comparação e Chaves de identificação.

A disciplina de Botânica Sistemática deve fornecer bases sólidas


para as disciplinas de índole Botânica como a Flora de
Moçambique, Ecologia Vegetal, Micologia, Ficologia, Fisiologia
Vegetal,

O módulo irá lhe facultar uma auto-aprendizagem de modo que ao


fim do curso esteja com os conhecimentos dentro das metas
exigidas e definidas segundo os objectivos preconizados para a
disciplina.

O módulo é composto por IV unidades e visa fornecer-lhe


informações úteis para a compreensão da sistemática aplicável para
a Botânica tendo em conta os aspectos evolutivos das plantas
incluindo a sua classificação.

Deste Manual constará bibliografia de cada unidade sobre a qual far-se-


ão comentários com vista a auxiliá-lo a reflectir e consolidar os seus
conteúdos. Constarão ainda várias actividades didácticas centradas na sua
auto-aprendizagem.
2

Objectivos do módulo
Quando terminar o estudo da
Botânica Sistemática I deve ser
capaz de:
Objectivos
• Identificar as plantas e outros organismos;

• Analisar a sistemática vegetal em termos evolutivos;

• Denominar as plantas e os outros organismos com base


nas regras de nomenclatura;

• Aplicar as plantas na medicina e na indústria;

• Comparar ciclos de vida de organismos diferentes;

• Executar técnicas de recolha, preparação, conservação,


etiquetagem e identificação de plantas de vários taxa; e

• Distinguir as características dos vários filos do reino


vegetal.

Quem deveria estudar este


Módulo
Este Módulo foi concebido para todos aqueles que estejam a
frequentar o curso de Biologia ministrado pelo EAD da UP,
devendo para a sua melhor compreensão o estudante possuir
noções básicas sobre a Botânica Geral.
Ensino à Distância 3

Como está estruturado este


Módulo
Todos os módulos dos cursos produzidos por CEAD – UP
encontram-se estruturados da seguinte maneira:

Páginas introdutórias

• Um índice completo.

• Uma visão geral detalhada do módulo, resumindo os


aspectos-chave que você precisa conhecer para completar
o estudo. Recomendamos vivamente que leia esta secção
com atenção antes de começar o seu estudo.

Conteúdo do módulo

O módulo está estruturado em unidades. Cada unidade inclui uma


introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade
incluindo actividades de aprendizagem, um sumário da unidade
e uma ou mais actividades para auto-avaliação com a respectiva
chave de correção.

Outros recursos

Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos


uma lista de recursos adicionais para você explorar. Estes recursos
incluem livros, artigos ou sites da Internet.

Tarefas de avaliação

Tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no final de


cada unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais
para desenvolver as tarefas, assim como instruções para as
completar. Estes elementos encontram-se no final do modulo.
4

Comentários e sugestões

Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer


comentários sobre a estrutura e o conteúdo do módulo. Os seus
comentários serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este
módulo.

Ícones de actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas
margens das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes
partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela
específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança
de actividade, etc.

Pode ver o conjunto completo de ícones deste manual já a seguir,


cada um com uma descrição do seu significado e da forma como
nós interpretámos esse significado para representar as várias
actividades ao longo deste curso / módulo.

Comprometimento/ Resistência, “Qualidade do “Aprender através


perseverança perseverança trabalho” da experiência”
(excelência/
autenticidade)

Avaliação /
Actividade Auto-avaliação Teste Exemplo /
Estudo de caso
Ensino à Distância 5

Paz/harmonia Unidade/relações Vigilância / “Eu mudo ou


humanas preocupação transformo a minha
vida”
Debate Actividade de
grupo Tome Nota! Objectivos

[Ajuda-me] deixa- “Pronto a enfrentar “Nó da sabedoria” Apoio /


me ajudar-te” as vicissitudes da encorajamento
vida”

(fortitude /
preparação) Terminologia
Leitura Dica
Reflexão

Habilidades de estudo

Caro estudante, você poderá encontrar neste módulo textos para


leitura e exercícios de auto avaliação e uma lista de terminologias
com o respectivo significado. Depois de ler cuidadosamente os
textos procure sempre responder as questões colocadas. Procure
encontrar no meio que lhe rodeia objectos reais que mostram os
aspectos tratados teoricamente nos textos ex. Plantas, fungos,
musgos, etc.

Procure sempre realizar uma excursão (visitar matas com muita


diversidade de plantas) de forma a encontrar nelas as plantas ou
fungos mais referidos nos textos.
6

Precisa de apoio?
Sempre que precisar alguma informação a mais deve procurar
outras literaturas dentre as referidas no capítulo sobre a
bibliografia. Caso haja dúvida ou curiosidade que prevaleça
contacte o seu centro de forma a entrar em contacto com os autores
do módulo.

Sempre que precisar alguma informação a mais deve procurar


outras literaturas dentre as referidas no capítulo sobre a
bibliografia. Caso haja dúvida ou curiosidade que prevaleça
contacte o seu centro de forma a entrar em contacto com os autores
do módulo.

Tarefas (avaliação e auto-


avaliação)
As perguntas estão elaboradas de forma simples e clara, deve
apenas ler cuidadosamente o texto e procurar perceber o que se
quer com a pergunta e em seguida formular as ideias para dar a
resposta

Avaliação
As avaliações serão feitas segundo as normas e o regulamendo do
Centro de Ensino a Distância.

Ao fim do módulo você poderá realizar um exame escrito e


apresentar um relatório escrito sobre uma tabela taxonómica de
plantas visitadas durante as suas excursões de estudo na zona onde
reside.
Ensino à Distância 7
Ensino à Distância 9

Unidade I

Introdução à Botânica Sistemática

Introdução
Desde cedo o Homem preocupou-se em perceber a sua origem e
concomitantemente a origem da vida. Com o avanço da técnica o
Homem inventou instrumentos que o permitiam observar objectos até
então por ele desconhecidos. Nesta unidade você vai aprender
aHistória da Botânica Sistemática, a diversidade dos organismos
versus tempo geológico, os reinos, categorias da classificação,
nomenclatura Botânica, definição da Botânica, origem das plantas e
partes da Botânica.

Ao completar esta unidade você será capaz de:

I. No Âmbito dos conhecimentos:

Possuir conhecimentos sobre:


Objectivos Gerais
• Regras de taxonomia e nomenclatura;

• Tendências evolutivas nas plantas;

• Colheita, herborização e identificação de plantas;

• Taxonomia vegetal; Introdução aos métodos taxonómicos


correntes; Alternância de gerações;

• Botânica Sistemática enfatizando a Filogenia (História


Evolutiva de um grupo ou linhagem);
10

• Características, habitat e ciclos de vida das plantas.

II. No Âmbito das capacidades e habilidades:

Ser capaz de:

• Identificar as plantas e outros organismos;

• Analisar a sistemática vegetal em termos evolutivos;

• Denominar as plantas e os outros organismos com base nas


regras de nomenclatura;

• Indicar a importância das plantas na medicina e na


indústria;

• Comparar ciclos de vida de organismos diferentes;

• Executar técnicas de recolha, preparação, conservação,


etiquetagem e identificação de plantas de vários taxa;

• Distinguir as características dos vários filos do reino


vegetal.
Ensino à Distância 11

Lição nº1

Definição da Botânica, origem das


plantas e partes da Botânica

Introdução

As plantas são organismos vegetais que têm a sua origem a partir de


outros organismos. Nesta lição você poderá estudar o conceito da
Botânica como ciência que estuda as plantas, conhecer a sua origem e
as partes da Botânica que permitem o estudo da sistemática e
taxonomia das mesmas.

Ao completar esta Lição você será capaz de:

• Mencionar as partes da Botânica;


Objectivos específicos
• Definir o conceito “Botânica”;

• Descrever os processos naturais que deram origem das


plantas.

A origem das plantas


De acordo com MAUSETH (1998), as plantas vasculares surgiram
bem mais tarde, depois da descoberta dos primeiros procariontes
(seres com material genético disperso no citoplasma) a cerca de 350
milhões de anos, na era Paleozóica, Período Devoniano Superior e 450
milhões de anos, no Período Ordoviciano (PEREIRA, 1999).
DELEVORYAS (1966) comenta sobre estudos paleobotânicos,
indicando o surgimento dos vegetais inferiores no Período Pré-
12

cambrico. Sendo a disciplina de botânica bastante ampla, não veremos


a parte referente à paleobotânica.

Definição de Botânica
Botânica, Biologia Vegetal ou Fitologia: é a parte da Biologia que
estuda as plantas. Etimologicamente duas palavras gregas estão
relacionadas: botane, que significa erva forrageira ou erva útil e
phyton, que significa planta. Como é do seu conhecimento a partir da
8ª classe e 9ª classe respectivamente, as plantas apresenta
características diferentes as dos animais que passamos a lembrar:

Tabela 1: Diferenças entre animais e plantas

PLANTAS ANIMAIS

Autotróficos Heterotróficos

Absorção Ingestão

sem estruturas ou órgãos de movimento


geográfico (possuem raízes ou estruturas Com movimentação livre
de fixação ao substrato)

presença de cloroplastos Não

células com parede celular (originária na sem paredes (a mitose não


mitose - lamela média)) forma lamela média)

grande capacidade regenerative Reduzida

duração de vida pode ser longa Duração de vida é curta

Partes da Botânica
Embora não existam limites claros podemos citar algumas disciplinas
que realizam investigações dentro do Reino Vegetal:

• Bioquímica (estudo das moléculas orgânicas), Genética


(estudo da hereditariedade), Citologia (estudo das células),
Histologia (estudo dos tecidos), Morfologia (estudo dos
órgãos). Estas três últimas estão incluídas dentro da Anatomia
Ensino à Distância 13

Vegetal, as demais na Fisiologia Vegetal (estudo do


funcionamento do organismo).

• Existe ainda, uma disciplina especial dentro da botânica que


trata da ordenação e classificação chamada Sistemática ou
Taxonomia.

• Outras áreas correlacionadas são: Paleobotânica (estudo dos


fósseis vegetais), Ecologia Vegetal (estuda o ambiente nativo
dos vegetais, suas relações com outros seres vivos), Economia
Botânica (estuda o gerenciamento do ambiente das plantas e
sua utilização econômica, por exemplo: como combustível,
óleos, resinas, construções, fibras, alimento, medicina,
religiosidade, etc.), Fitocorologia (estuda a distribuição das
distintas plantas sobre a terra), Fitocenologia (estuda a
distribuição das comunidades vegetais), essas duas últimas
disciplinas estão dentro da Geobotânica e da Fitogeografia,
estudando a relação entre os vegetais e o espaço geográfico.

• Outros conjuntos de matérias mais específicas que utilizam a


botânica são a Quimiotaxonomia que estuda exclusivamente
sobre a existência de determinadas estruturas químicas em
alguns táxons botânicos, procurando descobrir novas estruturas
taxonômicas, Farmacognosia (envolvendo o estudo dos
fármacos de origem animal e vegetal) e a Fitotecnia que trata
do estudo de plantas com finalidades agrícolas, envolvendo
Plantas de Lavouras, Horticultura, Fruticultura, Silvicultura e
Fitopatologia.

Alguns pesquisadores consideram para determinados grupos a


importância de relacionar disciplinas específicas, como acontece com
as Criptógamas: Ficologia, estudo das algas; Micologia, estudo dos
fungos; Liquenologia, estudo dos líquenes; Briologia, estudo dos
musgos e hepáticas (briófitas); Pteridologia, estudo dos fetos, etc.
14

Sumário
A Botânica é a parte da Biologia que estuda as plantas.
Etimologicamente duas palavras gregas estão relacionadas. As plantas
vasculares surgiram bem mais tarde, depois da descoberta dos
primeiros procariontes (seres com material genético disperso no
citoplasma) a cerca de 350 milhões de anos, na era Paleozóica,
Período Devoniano Superior e 450 milhões de anos, no Período
Ordoviciano. Algumas partes da Botânica mais conhecidas são:
Bioquímica, Sistemática ou Taxonomia, Paleobotânica,
Quimiotaxonomia, Fitotecnia, Farmacognosia.

Exercício
1. Mencione as partes da Botânica;

2. Defina o conceito “Botânica”;


Auto-avaliação
3. Descreva os processos naturais que deram origem às
plantas.

Chave de correcção.

P1 – Bioquímica, Sistemática ou Taxonomia, Paleobotânica, Ecologia


Vegetal, Economia Botânica, Fitocorologia, Fitocenologia,
Geobotânica e da Fitogeografia,

Quimiotaxonomia, Farmacognosia, Fitotecnia, Lavouras, Horticultura,


Fruticultura, Silvicultura e Fitopatologia.

P2 – Parte da Biologia que estuda as plantas

P3 – A partir dos primeiros procariontes


Ensino à Distância 15

Lição nº 2

Categorias da classificação e
nomenclatura Botânica

Introdução
Na lição anterior você aprendeu a definir a Botânica, do mesmo modo
compreendeu a origem das plantas e as partes da Botânica. Nesta lição
você poderá estudar os diferentes níveis de classificação e
nomenclatura das plantas e conhecer a história da nomenclatura
botânica, as diferentes categorias taxonómicas e o organismo
responsável pela oficialização dos nomes botânicos ora atribuídos para
novas espécies de plantas descobertas.

Ao completar esta Lição, você será capaz de:

• Descrever as diferentes categorias da classificação das


plantas;

Objectivos específicos • Caracterizar os processos de Identificação ou determinação


das plantas;
• Aplicar os tipos de classificações Botânicas .

Categorias da classificação
Sistemática ou taxonomia - o aumento do número de dados relativos
ao ambiente florístico e dos seres vivos em geral permitiu observar
várias características individuais e comuns entre eles. Isto possibilitou
identificar os vegetais e agrupá-los em determinadas categorias.

Os termos: sistemática e taxonomia, como dito acima não são


sinônimos, embora muitos autores considerem e usem os termos dessa
forma.
16

A Sistemática – é a parte da Botânica cujo objectivo é criar sistemas


de classificação que expressem a melhor forma possível os diversos
graus de semelhança entre os vegetais. Podemos considerar como
parte da Sistemática a Taxonomia, a Classificação e a Nomenclatura.

Taxonomia – esse termo foi proposto por DE CANDOLLE em 1813,


no herbário de Gênova (taxonomie), em referência a teoria da
classificação das plantas. Irá tratar dos Princípios e Regras da
Botânica. Dos procedimentos para realizar uma classificação, visto
que dependendo dos princípios teremos diferentes classificações.
Contudo, para a Botânica seguimos os Princípios e Regras
Internacionais da Botânica.

Classificação – é a ordenação ou o acto de classificar plantas em


grupos de tamanho crescente, dispostos de maneira hierárquica.
(sistema ou hierarquia de níveis ou categorias,).

Tabela 2. Categorias taxonômicas utilizadas na classificação Botânica

(STACE, 1989 cit. MOLINA, 1999).

TERMI
CATEGO ABRE
CATEGORI NAÇÃO EXEMPLI
RIA – VIAÇ
A – Latim BOTÂN GRATIA (e.g.)
Português ÃO
ICA

Regnum Reino
Plantae
Vegetabile Vegetal

Subregnum Subreino BIONTA Embryobionta

Divisios Divisão PHYTA Tracheophyta

PHYTIN
Subdivisios Subdivisão Spermatophytina
A

Classis Classe OPSIDA Angiospermopsida


Ensino à Distância 17

Subclassis Subclasse IDAE Dicotyledonidae

Superordo Superordem ANAE Rosanae

Ordo Ordem ALES Rosales

Subordo Subordem INEAE Rosineae

Familia Família ACEAE Rosaceae

Subfamilia Subfamília OIDEAE Rosoideae

Tribus Tribo EAE Roseae

Subtribus Subtribo INAE Rosinae

Genus Género gen. Rosa

Subgenus Subgénero subgen. Rosa

Sectio Secção sec. Caninae

Subsectio Subsecção subsec. Caninae

Series Série ser.

Subseries Subsérie subser.

Species Espécie sp. canina

Subspecies Subespécie ssp.

Varieta Variedade var. lutetina

Subvariedad
Subvarieta subvar.
e

Forma Forma f. lasiostylis

Subforma Subforma subf.


18

Identificação ou determinação
Consiste em reconhecer uma planta ou ser vivo já classificado, ou
seja, significa a aplicação de um nome conhecido ao espécime
colectado.

As classificações são sistemas para armazenar ou transmitir


informação sobre os seres vivos ou fazer possíveis predições ou
generalizações. Nas classificações se criam grupos onde estão
reunidos os organismos com o maior número de possíveis caracteres
em comum. Isso é possível porque todos os organismos estão
relacionados entre si (em maior ou menor grau) por vias evolutivas
descendentes.

Conceito de espécie

Além de ser uma unidade taxonómica fundamental, a espécie deve


possuir certos atributos. Quando dois ou mais indivíduos estiverem
reunidos como sendo da mesma espécie, faz-se necessário:

1. Possuírem um número de caracteres em comum (mesmo


património genético);

2. Serem interférteis (formar populações) ;

3. Em condições naturais não trocarem esses caracteres com


outras espécies (isolamento reprodutivo).

As espécies, por sua vez, possuem caracteres comuns que possibilitam


classificá-las ou agrupá-las em géneros. Esses são agrupados em
famílias, essas em ordens e assim sucessivamente, até chegar no táxon
Reino (Regnum vegetabile) de forma hierárquica.

As categorias básicas foram desenvolvidas por LINNEU, que se


baseou nos conceitos desenvolvidos na Grécia Antiga por
ARISTÓTELES através do princípio da "divisão lógica": formação de
subgrupos baseados em critérios lógicos ("fundamentum divisonis").
LINNEU aplicou as categorias taxonómicas para todas as plantas
conhecidas em sua época, cerca de 7700 espécies. A hierarquia
Ensino à Distância 19

taxonômica deve reflectir a divergência filogenética, mas existem


dificuldades que se opõem a isto:

1. Fenómenos de convergência produzem semelhanças externas


ao comparar um modo de vida (caso das plantas parasitas), ou
um tipo de reprodução (a polinização em algumas famílias,
como as Asclepiadaceae e Orchidaceae).

2. Constância hereditária dos caracteres diferenciais são


comprováveis apenas em cultivos experimentais.

3. Diferenças morfológicas somente são reconhecíveis quando se


dispõe de material suficiente.

4. Relações filogenéticas em rede não são representativas para


um sistema hierárquico, por exemplo, as que se originam por
hibridação.

Tipos de classificações

O princípio que rege toda a classificação é o mesmo: os caracteres que


compartilham as unidades a serem classificadas. As plantas possuem
uma evolução dos critérios taxonômicos e pode-se estabelecer vários
tipos de taxonomias:

• Taxonomia popular: a primeira aplicada as plantas,


atendendo a princípios úteis (alimento, medicina, veneno,
madeira de construção, entre outros). Essas classificações
envolveram um pequeno número de plantas.

• Taxonomia científica: devido a grande quantidade de plantas


existentes houve necessidade de precisão, levando a uma
intervenção para melhorar a identificação, a nomeação, a
classificação e a comunicação do conhecimento. Com isso,
diferentes sistemas de classificação surgiram:
20

a) Sistemas artificiais: elegiam arbitrariamente determinados


caracteres como principais. Por exemplo, a forma de desenvolvimento,
o número de peças florais, e outros. Sua vantagem era a de possuir um
alto valor preditivo.
O sistema artificial mais conhecido foi o criado por LINNEU em
1735, Systema Natura, que separou 23 classes de plantas com flores
(Phanerogamia) de acordo com: a disposição dos sexos das flores e o
número, concrescência, inserção e relação de comprimento dos
estames. Criou também a vigésima quarta classe, de plantas sem flores
(Cryptogamia), incluindo os fetos, musgos, algas, fungos e plantas
com flores de difícil visualização (Ficus, Lemna), erroneamente
incluiu os corais e as esponjas.

b) Sistemas naturais ou formais: seguiam os mesmos princípios


anteriores, mas, considerava-se um maior número de caracteres.
Houve melhorias, mas os grupos obtidos correspondiam mais em
níveis de organização que a grupos de descendência. Os mais
importantes são os de A. L. DE JUSSIEU (1718), A. P. DE
CANDOLLE (1819), ST. ENDLICHER (1836), G. BENTHAM & I.
D. HOOKER (1862-1883), entre outros. Esses sistemas obtinham
classificações fenéticas: classificações empíricas que expressam
relações entre os organismos em termos de similaridade de
propriedades ou caracteres. Não importava qual a metodologia
adotada para chegar a determinado taxon, pois, qualquer tipo de dado
era útil, excepto os evolutivos.

c) Sistemas filogenéticos: apareceram envoltos à publicação de


DARWIN (1859): A origem das espécies (a teoria da evolução). As
plantas podem ser ordenadas segundo distintos princípios, mas o
parentesco filogenético aparece como um princípio de ordenação
hierárquico independente do observador. São sistemas naturais que
apresentam o máximo conteúdo de informação. As classificações
(aproximações) mais importantes foram as de: A. EICHLER (1883),
Ensino à Distância 21

A. ENGLER, R. von WETTSTEIN (1901-1908), esse último como


sendo o primeiro sistema realmente filogenético.

d) Sistemas sintéticos: esse sistema é adotado actualmente e procura


várias disciplinas para validar suas classificações e suas descobertas
(citogenética, microanatomia, fitoquímica, etc.), contudo, ainda detém
um certo grau de subjetivismo. Tal acúmulo de dados, proporcionados
pelas novas técnicas de investigação, são as vezes difíceis de
organizar, por isso muitos recorrem a técnicas tais como a Taxonomia
Numérica.

Nomenclatura botânica
Parte da Botânica Sistemática que se dedica a dar nome às plantas e
grupos de plantas. Os primeiros nomes foram vemáculos ou nomes
comuns, mas esses tem os seguintes inconvenientes:

• Não são universais, são aplicados somente a determinada


língua;

• Somente algumas plantas têm nome vernáculo;

• Duas ou mais plantas não relacionadas podem ter o mesmo


nome comum ou uma mesma planta tem diferentes nomes
comuns;

• Aplicam-se indistintamente a géneros, espécies ou variedades

Para evitar esses problemas existem as regras do Código de


Nomenclatura Botânica: na antiguidade (época pré-linneana) cada
planta era conhecida nos círculos eruditos por uma larga frase
descritiva em latim, o sistema polinomial ou polinominal, que crescia
à medida que se encontravam novas espécies semelhantes. Assim, por
exemplo, a "carlina sem caule" (Carlina acaulis L.) se mencionava
como: Carlina acule unifloro florae breviore.

O primeiro sistema que sugeriu adoptar somente duas palavras


(sistema binomial) foi GASPAR BAUHIN. Mas não foi adotada até a
22

publicação de Species Plantarum por LINNEU em 1753 que


estabeleceu definitivamente o sistema binomial, descrevendo e
nomeando todo o mundo vivo conhecido até então.

O nome científico ou nome específico de um organismo vivo é uma


combinação de duas palavras em latim: o nome genérico ou género
(muitas vezes associado a um substantivo) e o epíteto específico
(associado a um adjectivo). Assim, por exemplo, o carvalho é Quercus
rotundifolia Lam. e o pinheiro-do-norte é Pinus pinea L. Ao nome
científico sempre acompanha o nome do autor, abreviado ou por
extenso, depende como foi validada a primeira publicação. Lam. é
abreviação de Lamarck e L. de Linneu. Nenhum nome científico está
completo sem estar acompanhado do nome do autor ou da forma
abreviada deste. Os nomes científicos também podem estar
acompanhados de sinônimos, que são os nomes diferentes que se
aplicam ao mesmo táxon, sem confundir com os homônimos que são
os nomes iguais aplicados a táxons diferentes.

Todas as normas que controlam a criação de nomes científicos para as


plantas e categorias taxonômicas estão contidas no ICBN
(International Code of Botanical Nomenclature) (Códico Internacional
de Nomenclatura Botânica-CINB). Existem dois outros códigos
semelhantes, porém independentes: o Código Internacional de
Nomenclatura Zoológica (ICZN) e o Código Internacional de
Nomenclatura Bacteriológica (ICNB).

Nomenclatura Botânica

Se detém a criar nomes para designar as plantas ou grupos de plantas


(taxa ou taxons, plural de taxon). A criação dos nomes está regulada
por um conjunto de normas reunidas no Código Internacional de
Nomenclatura Botânica, reeditado a cada 5 ou 6 anos em decorrência
do Congresso Internacional de Botânica.
Ensino à Distância 23

Descrição e Diagnose

Consiste de uma série de palavras e frases técnicas referentes as suas


características, de maneira que formem a definição do taxon em
questão. Os caracteres que contribuem para uma descrição taxonómica
são conhecidos como caracteres taxonómicos ou sistemáticos. A
diagnose é uma descrição reduzida que cobre somente os caracteres
diagnosticados, ou seja, a necessária para distinguir um taxon de
outros relacionados.

A estrutura e a hierarquia taxonómica

Os princípios e regras da taxonomia levam a uma ordenação das


plantas, hierarquizando o sistema: hierarquia taxonômica. Os
diferentes níveis da hierarquia mostram a posição em que o espécime
ou o grupo de vegetais se encontra. Essa estrutura taxonómica possui
teoricamente a unidade chamada espécie e trata-se do nível mais
elementar da estrutura (unidade taxonômica básica ou fundamental).
Porém, independente da posição dos níveis cada qual é designado
táxon. As categorias taxonômicas mais importantes são, em ordem
crescente: espécie, género, família, classe, divisão ou phylum e reino.

Para estudos mais aprofundados, o Código Internacional de


Nomenclatura Botânica reconhece doze: reino, divisão, classe, ordem,
família, tribo, género, secção, série, espécie, variedade e forma. Este
número pode ser dobrado designando subcategorias com o prefixo
sub-. Ainda, podemos considerar supercategorias com prefixo super-
(exemplo: super-ordem).

Nomes do taxa

De acordo com o comentado acima, os nomes científicos dos grupos


taxonômicos são tratados como latim ou sua derivação (quinto
princípio do CINB).
24

O nome genérico é um substantivo no singular ou uma palavra tratada


como tal (nome uninomial). Quando for o nome de uma pessoa, no
caso de uma comemoração, deverá ser latinizado.

A latinização de nomes não clássicos se realiza assim:

terminação vocal: se adiciona -a. Por exemplo: Boutelou (Bouteloua),


excepto quando acaba em a, então se adiciona -ea, Colla (Collaea).

Terminação consoante: se adiciona -ia. Por exemplo: Klein (Kleinia),


Knaut (Knautia), Koelpin (Kolepinia), Laurent (Laurentia), Lagous
(Lagousia), Lobel (Lobelia), Rothmaler (Rothmaleria), Wahlenberg
(Wahlenbergia).

O epíteto específico pode ser:

Um adjectivo, no caso mais geral, exemplo., Quercus rotundifolia,


folhas arredondadas.
um substantivo em aposição (ou justaposição) como no género,
exemplo., Pyrus malus L., malus = maçã em latim.

Um nome em comemoração a uma pessoa, exemplo, Centaurea


boissieri DC.
Quando o epíteto implica várias palavras, essas se combinam em uma
só ou se ligam por hífen, e.g., Capsella bursa-pastoris, Hibiscus rosa-
sinensis.

Para formação de epítetos específicos em latim, deve-se considerar


sua combinação ao nome genérico. Um mesmo epíteto pode estar
associado a diferentes nomes genéricos, e.g., Anthemis arvensis,
Anagallis arvensis. Cada epíteto deve estar no mesmo modo
gramatical (singular, plural, neutro) que o nome genérico.
Ensino à Distância 25

Tabela 3: As terminações mais frequentes

masculino alb-us nig-er brev-is ac-er

feminino alb-a nig-ra brev-is ac-ris

nominal alb-um nig-rum brev-e ac-re

Por exemplo: Lathyrus hirsutus, Lactuca hirsuta, Vaccinium hirsutum.

Existem outras terminações que servem para qualquer nome genérico:


eleg-ans, rep-ens, bicol-or, simple-x. Por exemplo: Ranunculus
repens, Ludwigia repens, Trifolium repens. Nos epítetos, por aposição,
o género gramatical do epíteto não tem por que coincidir com o nome
genérico.

Tipos de epítetos específicos

Epítetos comemorativos (nomes de pessoas latinizados):

• terminação em vogal (excepto -a), se adiciona -i, exemplo.,


Asa Gray (Lilium grayi), Joseh Blake (Aster blakei).

• terminação em vogal -a, se adiciona -e, exemplo, Mr. Balansa


(balansae), lagasca (lagascae).

• terminação em consoante diferente de -er, se adiciona -ii,


exemplo,Tuttin (tuttinii) . Caso trate-se de uma mulher,
adicionar -iae.

• terminação em -er, adicionar -i, exemplo, Boissier (boisieri)


5. se o nome é usado como um adjetivo, a terminação deve
coincidir com o género, e.g., F. Wallace Card (Rubus
cardianus), Augustin Bosc (Chenopodium boscianum).

Epítetos descritivos

• relacionados à cor: albus, aureus, luteus, niger, virens (verde),


viridis (verde).
26

• relacionados à orientação: australis, borealis, meridionalis,


orientalis.

• relacionados à geografia: africanus, alpinus, alpestris (Alpes),


hispanicus, ibericus, cordubensis.

• relacionados ao hábito: arborescens, caespitosus, procumbens.

• relacionados ao habitat: arvensis, campestris, lacustris.

• relacionados às estações: automnalis, vemalis.

• relacionados ao tamanho: exiguus, minor, major, robustus.

• Nomes de taxons superiores a posição do género serão


uninominais, com uma só terminação. São substantivos no
plural (ou adjectivos usados como substantivos, iniciados por
letra maiúscula.

Normas para escrever os nomes científicos

Todas as letras em latim devem estar em itálico (cursiva), sublinhadas


ou em negrito.

A primeira letra do género ou categoria superior, em maiúscula.

O resto do nome em letras minúsculas (excepção: alguns casos onde


se comemora nomes importantes, a primeira letra do epíteto era
maíuscula).

Nomes de híbridos, precedem o símbolo x, exemplo, x


Rhaphanobrassica, Mentha x piperita.

A pronúncia dos nomes científicos é em latim.

Como pronunciar os nomes científicos

Método continental desenvolvido na Idade Média pela Igreja Católica


Romana: (i) os ditongos ae e oe se lêem e, e.g.: laevis, rhoeas; (ii) a
Ensino à Distância 27

combinação ch se lê k, exemplo: Chenopodium; (iii) a combinação ph


se lê f, e.g., Phleum phleoides; (iv) a acentuação nunca acontece na
última sílaba; (v) as palavras de duas sílabas são de uma só tonalidade
(monótonas); (vi) as palavras de três sílabas podem ser monótonas se a
penúltima sílaba é longa (se terminar em vogal longa, ditongo ou
consoante) ou proparoxítona se a penúltima sílaba é breve.

Código Internacional de Nomenclatura Botânica (CINB)

Serve para padronizar o sistema de nomenclatura botânica a nível


mundial, facilitando a troca de informações e o acesso a diversos sítios
botânicos sem que haja confusões entre os nomes populares de cada
país e o científico. Então, dessa forma cada planta terá apenas um
nome válido e somente esse poderá ser aplicado. O nome científico é o
símbolo nominal da planta ou grupo de plantas, indica a sua posição
no sistema ou sua categoria taxonômica.

O CINB está dividido em três partes:

• Princípios básicos do sistema de nomenclatura;

• Regras para pôr em ordem a nomenclatura antiga;

• Recomendações para conseguir uniformidade e clareza na


nomenclatura actual.

Princípios

I. A nomenclatura botânica é independente da zoológica e


bacteriológica.

I. A aplicação de nomes aos grupos taxonómicos (taxa) de


categoria de família ou inferior é determinada por meio dos
tipos de nomenclaturas.

II. A nomenclatura de um grupo taxonómico se fundamenta na


prioridade de publicação.
28

III. Cada grupo taxonómico não pode ter mais do que um nome
correcto, deverá ser o mais antigo em conformidade às regras,
salvo as excepções especificadas.

IV. Os nomes científicos dos grupos taxonómicos se expressam


em latim, qualquer que seja seu táxon (categoria ou grupo).

V. As regras de nomenclatura possuem efeito retroactivo, salvo


indicações contrárias.

Tipificação

O processo de indicação ou designação de um tipo nomenclatural, é


obrigatório pelo CINB e aplica-se aos nomes botânicos. Tem a
importância de:

• Assegurar a máxima estabilidade e firmeza a nomenclatura,


compatível com a natureza mutável e dinâmica do sistema
taxonómico;
• Na tipificação um nome é dado permanentemente a seu tipo de
nomenclatura. Assim, o táxon será definido para incluir o tipo
de um nome e, esse nome deve aplicar-se ao táxon;
• Caso se queira, mais tarde, substituir o tipo do nome para outro
posicionamento taxonómico, então um nome novo deverá ser
aplicado ao táxon que entra na posição do tipo que saiu;
• O tipo de um nome é formalmente definido como o elemento
sobre o qual está baseada a descrição que valida a publicação
do nome;
• O termo elemento significa diferentes coisas, de acordo com a
categoria do táxon concretamente;
• O tipo do nome de uma espécie, por exemplo, é em geral uma
simples espécie de herbário, a partir da qual se faz um perfil
descritivo que valida o nome.
• Quando de um género, quem valida o nome do tipo é a espécie
descrita originalmente;
Ensino à Distância 29

• Quando de uma família ou de um táxon de categoria mais alta,


quem valida é o género descrito originalmente;
• Somente os nomes têm tipos. Os taxons não. Nunca se reporta
ao tipo de um táxon e sim o tipo de um nome específico;
• Um tipo é simplesmente um espécime aleatoriamente foi
escolhido para a descrição, validando a publicação de outros
nomes baseados nele;
• Quando os espécimes são classificados em espécies, um
espécime tipo é tratado como qualquer outro.

Classes de tipos

Holotipo: o espécime ou outro elemento usado pelo autor ou


designado por ele como tipo nomenclatural e que portanto regulará a
aplicação do nome correspondente.
Isotipo: uma duplicata do holotipo, que forma parte da re-coleção
original.
Lectotipo: espécime ou elemento selecionado a partir de material
original para servir como tipo nomenclatural quando não foi registrado
um holotipo junto a publicação ou devido a perda da informação. O
lectotipo deve ser eleito entre os isotipos, mas caso não existam
isotipos, deve-se eleger entre os sintipos, caso não haja sintipos elege-
se um neotipo.

Sintipo: é um dos espécimes originalmente citados pelo autor que não


designou holotipo ou que enumerou vários, simultaneamente, como
tipos.
Neotipo: é um espécime ou qualquer outro elemento elegido para
servir de tipo nomenclatural quando falta todo o material sobre o qual
está baseado o nome do táxon.

Tipos de categorias de espécie ou infra específicas

O tipo (holotipo, lectotipo ou neotipo) do nome de uma espécie, ou de


um táxon infraespecífico consiste em um espécime único, excepto
para as plantas herbáceas de pequena estatura e para a maioria das
30

plantas não vasculares, pois, esses tipos consistem em vários


indivíduos que devem conservar-se de maneira permanente sobre um
mesmo registo de herbário ou esxicata. Os especimens tipo, de nomes
de taxons de plantas actuais (excepto bactérias), devem ser
conservados de maneira permanente e não podem estar vivos ou em
cultivo (as vezes podem ser uma figura ou uma descrição).

Tipos de categorias supra-específicas

O tipo do nome de um género ou de todo o táxon situado entre o


género e a espécie, constitui-se por uma espécie; o tipo de uma família
ou de todo o táxon entre a família e o género, constitui-se do género
cujo nome actual ou antigo tem servido como base para o nome do
táxon em questão. Os nomes de táxons de posição superior a família
não se aplica ao princípio de tipificacão.

Prioridade de publicação

A nomenclatura de um grupo taxonómico está baseada na prioridade


de publicação (princípio de prioridade). A data de 01 de Maio de
1753, da publicação da obra Species Plantarum por Linneu é
considerada o início para aceitação como válidas as publicações sobre
nomes de plantas (Spermatophyta e Pteridophyta).

Uma publicação se considera como válida quando cumpre esses


requisitos: (i) ser efectiva, isto é, com o nome publicado em
publicações oficiais de âmbito botânico; (ii) cumprir as regras de
nomenclatura específicas de sua categoria taxonómica; (iii) constar de
uma descrição ou diagnose em língua latina e outra moderna (inglês);
(iv) ter a indicação do tipo de nomenclatura (esxicata de herbário).

Exemplos:

Brachiaria mutica (Forsk)Stanf., Fl. Tropical África 9:526.1919


Panicum muticum Forsk., Fl Aegypt. Arab. 20. 1775
Panicum nummidiarum Lam., Tabl. Encycl. 1:172. 1791
Panicum barbinode Trin., Icon. 3:táb. 318. 1832
Ensino à Distância 31

Panicum punctulatum Am. ex Steud., Syn. Pl. Gram. 62. 1854


Panicum equinum Salzm. ex Steud., Syn. Pl. Gram. 62. 1854
Panicum pictigluma Steud., Syn. Pl. Gram. 73. 1854
Brachiaria numidiana (Lam.) Henrard, Blumea 3:434. 1940
Brachiaria purpurascens (Raddi) Henrard, Blumea 8:434. 1940

Conservação de nomes

Cada grupo taxonômico só pode ter um nome correcto (associado a


um tipo nomenclatural), excepto em alguns casos considerados como
nomina conservanda:

Palmae (Arecaceae tipo Areca L.)


Gramineae (Poaceae tipo Poa L.)
Cruciferae (Brassicaceae tipo Brassica L.)
Leguminosae (Fabaceae tipo Faba Mill.)
Guttiferae (Clusiaceae tipo Clusia L.)
Umbelliferae (Apiaceae tipo Apium L.)
Labiatae (Lamiaceae tipo Lamium L.)
Compositae (Asteraceae tipo Aster L.)

Mudança de género

Quando uma espécie muda de género, o autor do primeiro nome dado


a espécie deverá ficar entre parêntese (autor do basiônimo), seguido
do novo autor, fora do parêntese. exemplo.: Tabebuia alba (Cham.)
Sadw. Basiônimo: Tecoma alba Cham. (ipê-branco); Albizia
polycephala (Benth.) Killip. Basiônimo: Pithecellobium polycephalum
Benth. Samanea polycephala (Benth.) Pittier.

Dois ou mais autores responsáveis pelo nome

Faz-se uso da designação et ou &. Nesses casos, os autores devem ter


identificado, classificado e publicado juntos sobre o espécime. e.g:
Senna multijuga (Rich.) Irwing et Bam. (aleluia, canafístula, pau-
cigarra)
32

Quando dois autores aparecem no nome, mas apenas um publicou

Faz-se uso da designação ex. Nesses casos o primeiro autor citado foi
responsável pela publicação, seguido do segundo autor que pode ter
escrito o espécime em uma etiqueta de herbário, perdeu as
informações, não teve tempo de publicar, entre outros problemas,
exemplo: Persea pyrifolia Nees et Mart. ex Nees (canea-rosa,
abateiro-do-mato).

Sumário
As categorias de classificação são: Sistemática, taxonomia e
classificação

A Sistemática – é a parte da Botânica cujo objectivo é criar sistemas


de classificação que expressem a melhor forma possível dos diversos
graus de semelhança entre os vegetais.

Taxonomia – trata dos Princípios e Regras da Botânica, dos


procedimentos para realizar uma classificação.

Classificação – é a ordenação ou o acto de classificar plantas em


grupos de tamanho crescente, dispostos de maneira hierárquica.
Ensino à Distância 33

Exercicios
1. A Botânica sistemática se ocupa no estudo da organização
das espécies vegetais segundo um sistema organizado.

Auto-avaliação a) Indica a diferença existente entre “Sistemática” e


“Taxonomia”.

b) Defina o conceito de “Espécie”.

2. O sistema binominal foi estabelecido pela primeira vez por


Gaspar Bauhim e foram adoptados para as espécies
Plantarum por Lineu em 1753.

• Como era feita a nomenclatura das plantas antes de


ser estabelecido o sistema binominal?

3. O nome Catharanthus roseus L. pertence a uma planta


medicinal e ornamental vulgarmente conhecida por Beijo-
de-mulata.

• Qual é o significado de cada palavra que consta


no nome tendo em conta a taxonomia
filogenética.
34

Chave de Correcção
P1 – a) A Sistemática é a parte da Botânica cujo objectivo é criar
sistemas de classificação. Enquanto que aTaxonomia trata dos
Princípios e Regras da Botânica, dos procedimentos para realizar
uma classificação.

b) Espécie é uma unidade taxonómica fundamental que


possuem o mesmo património genético.

P2 – Polinominal

P3 – Catharanthus – epíteto genérico, roseus – epíteto específico e L


– inicial do nome do autor nomenclatural

Criptógamas - Criptógamas são plantas com estruturas


produtoras de gametas pouco evidentes. Como por exemplo os
Musgos (Briófitas) e as Samambáias (Pteridófitas). Basicamente,
Terminologias são vegetais que não produzem flores , sementes e nem frutos.

Interférteis – indivíduos que podem se cruzar entre

Isolamento reprodutivo - impede que o patrimônio genético de


espécies diferentes sejam compartilhados. Assim as espécies se
preservam e continuam a evoluir, seguindo as leis de adaptação ao
meio ambiente.
Ensino à Distância 35

Lição nº 3

Os reinos

Introdução
Na lição anterior você aprendeu os diferentes níveis de classificação e
nomenclatura das plantas, conheceu a história da nomenclatura
botânica, as diferentes categorias taxonómicas e o organismo
responsável pela oficialização dos nomes botânicos ora atribuídos para
novas espécies de plantas descobertas. Nesta lição você vai estudar
que os grupos de organismos estão organizados em reinos e a partir
destes pode se encontrar outras categorias taxonómicas dos mesmos.
Do mesmo modo, a sistemática e o enquadramento das espécies
vegetais é possível se o estudo para o efeito for feito observando as
diferentes linhas evolutivas que deram origem as categorias
taxonómicas identificadas.

Ao completar a lição, você será capaz de:

• Indicar as características evolutivas de alguns reinos dos


organismos importantes para a taxonomia botânica.
Objectivos específicos

Alguns reinos dos organismos importantes para a taxonomia


botânica

Reino Protista - os organismos unicelulares eucariotas, representados


pelos protozoários e certas algas unicelulares, constituem o reino
Protista. Sendo eucariotas, os protistas possuem um núcleo
36

individualizado por uma membrana (carioteca), além de organelos


membranosos.

Reino Monera ou Procariota – pertencem ao Reino Monera


organismos muito simples, de estrutura unicelular procarionte,
autotróficos ou heterotróficos, isolados, embora algumas espécies
podem apresentar-se como colónias. As evidências evolutivas
demonstram que os organismos procariontes primitivos representam
os ancestrais de todas as formas de vida conhecidas em nosso planeta.
Além da ausência do envoltório ou invólucro nuclear, condição básica
de todo procarionte, as células dos Monera não possuem organelos
membranosos, como o retículo endoplasmático, o complexo de Golgi,
as mitocôndrias ou os cloroplastos.

Apesar de apresentarem uma simplicidade na organização celular, os


representantes do Reino Monera demonstram um grande potencial
biológico, podendo ser encontrados em todos os tipos de ambientes do
planeta, sejam terrestres, aquáticos ou aéreos.

O Reino Monera é actualmente dividido em dois ramos distintos: a


divisão Schizomycophyta ou Eubactérias, que compreende as
bactérias, que são organismos heterotróficos e móveis, e, a divisão
Cianófitas, que compreende as “algas azuis” ou Cianobactérias que
são organismos autotróficos e imóveis, isto é, são aflagelados.

Reino Fungi - os fungos são organismos eucariotas, heterotróficos e,


em sua maioria, multicelulares. Suas células apresentam reforço
celulósico externo, como nas algas e vegetais, porém é comum a
presença de depósitos de quitina, substância característica dos
animais. Os fungos são seres aclorofilados e possuem o glicogênio,
típico dos animais, como substância reserva.
Ensino à Distância 37

Sumário
Os reinos importantes para a taxonomia botânica sâo:

Reino Protista - os organismos unicelulares eucariotas, representados


pelos protozoários e certas algas unicelulares, constituem o reino
Protista.

Reino Monera – pertencem ao Reino Monera organismos muito


simples, de estrutura unicelular procarionte, autótrofos ou
heterotróficos, isolados, embora algumas espécies podem apresentar-
se como colonias.

Reino Fungi - os fungos são organismos eucariotas, heterotróficos e,


em sua maioria, multicelulares.
38

Exercícios
1. Fale de 3 características fundamentais que definem o reino
Procariota

Auto-avaliação 2. Diferencie em 2 aspectos as duas (2) divisões dos

Procariota.

3. A chave de identificação a seguir está baseada nas


características mais marcantes dos grupos vegetais: com
base nas caracteristicas da coluna A, indique a que grupos
pertencem

os vegetais identificados na coluna B.

Coluna A Coluna B

1. Vegetais sem núcleo A. Procaryota


diferenciado B. Eucaryota

2. Heterotróficos, autotróficos C. Fungos

D. Algas (Cyanobactérias)
3. Criptogamas apenas com
talo ou unicelulares E. Algas

4. criptogamas com caule e


folhas
Ensino à Distância 39

Chave de Correcção
P1 - Estrutura unicelular procarionte, autótrofos ou heterotróficos,
isolados, embora algumas espécies podem apresentar-se como
colónias

P2 – As Eubactérias (heterotróficas e móveis) enquanto que as


Cianobactérias (autotróficos e imóveis)

P3 – 1-A; 2-B; 3-E

GLOSSÁRIO

Procariotas - (do grego transliterado: pro, anterior, antes, primeiro,


primitivo + karyon, noz ou amêndoa - núcleo = Nucleo Primitivo)
Terminologia
são organismos unicelulares que não apresentam seu material
genético delimitado por uma membrana. Estes seres não possuem
nenhum tipo de compartimentalização interna por membranas,
estando ausentes várias outras organelas, como as mitocôndrias, o
complexo de golgi e o fuso mitótico.

Monera – é um reino composto pelas bactérias e cianobactérias


(algas azuis). Elas podem viver em diversos locais, como na água,
ar, solo, dentro de animais e plantas, ou ainda, como parasitas. A
maioria dos seus representantes são heterotróficos (não conseguem
produzir seu próprio alimento), mas existem também algumas
bactérias autótrofas (produzem sem alimento, via fotossíntese por
exemplo).
40

Lição nº4

Diversidade dos organismos


vegetais no tempo geológico

Introdução
Na lição anterior você aprendeu que os grupos de organismos estão
organizados em reinos e a partir destes pode se encontrar outras
categorias taxonómicas dos mesmos. Nesta lição você irá aprender os
aspectos históricos relativos a evolução das plantas baseando-se na
História de evolução da vida. O estudo irá basear-se nas maiores
divisões do tempo geológico e em alguns dos animais e plantas que
apareceram nessas épocas tomando em consideração os casos de
extinção em massa que houve.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

• Indicar as fases da evolução e extinção da vida no tempo


geológico;

Objectivos específico
• Descrever a Sequência evolutiva das plantas.

História da evolução e extinção da vida no tempo geológico

O surgimento e a evolução da vida é um fenómeno ainda


incompreensível e aparentemente foi um processo demorado. Durante
centenas de milhões de anos após a formação da Terra, as condições
nela eram extremas em diversos sentidos. O planeta recebeu novos
materiais por bombardeamentos cósmicos que, junto com o
Ensino à Distância 41

vulcanismo, originaram a superfície terrestre repetitivamente. A


atmosfera continha Nitrogénio, vapor da água em alta concentração,
dióxido de carbono, metano e amónia. As temperaturas da superfície e
da atmosfera eram altas.

Simples formas de vida unicelular como bactérias e algas surgiram em


cerca de um bilhão de anos mas seres multicelulares apareceram
somente quatro biliões de anos após a formação da Terra, ou menos de
600 milhões de anos atrás. O primeiro surgimento ocorreu entre 600 e
530 milhões de anos atrás. Durante esse período houve diversos
episódios de surgimento de novas vidas mas a maioria não foi bem
sucedida, sendo as linhas extintas, excepto talvez algumas como água-
viva e o coral. Nestes períodos iniciais todas as formas de vida
permaneceram somente no mar. Cerca de 530 milhões de anos atrás,
durante um período de cinquenta milhões de anos, surgiram todas as
formas básicas de anatomia (no nível de filo) de animais existentes
actualmente, denominado Explosão Cambriana.

A extinção de espécies é um processo necessário para a evolução de


novas e mais avançadas formas de vida e também é inevitável na
escala geológica de tempo. A vida procura sobrevivência e pequenas
variações vantajosas levam a evolução de espécies melhor adaptadas.
Uma espécie enfraquecida, pela mudança de clima por exemplo, pode
ser substituída lentamente por outras. A Terra é um planeta activo,
com suas condições físicas, químicas e climáticas em fluxo. Os
continentes estão em movimento, formando montanhas quando dois
continentes colidem e oceanos quando um continente quebra.
Condições climáticas como a precipitação e temperatura variam com a
posição e orientação do continente. Cerca de 225 milhões de anos
atrás, todos os continentes se juntaram, formando um super continente
Pangaea. Este continente fragmentou-se cerca de 200 milhões de anos
atrás, formando dois blocos, Gondwanaland e Laurasia. As placas
tectónicas dos dois blocos continuaram se separar, eventualmente
formando a geografia actual.
42

O continente Antárctica estava em latitudes mais baixas e tinha


florestas que deixaram carvão. Actividades vulcânicas criam
montanhas e ilhas, soltam lavas, cinzas e enxofre que bloqueiam o raio
solar sobre grandes áreas por longos períodos. Meteoros e asteróides
caem na Terra e causam fogos e inundações. A actividade solar e a
inclinação da Terra variam com o tempo e afectam o clima. Até o
movimento da galáxia pode ter influência. Além destes fenómenos
inanimados, interacções entre espécies e entre a biosfera e o meio
geofísico também podem causar extinção. Actualmente em certas ilhas
e outros lugares espécies introduzidas pelo homem estão diminuindo a
população de espécies indígenas.

A Tabela a seguir mostra um sumário da história de evolução da vida.


O tempo geológico é classificado em quatro eras, sendo cada uma
dividida em períodos e menores segmentos. Estas divisões são
classificações de tipos de rochas sedimentares contendo fósseis de
animais e plantas distintos e referem-se também aos períodos nos
quais as faunas e flora prosperaram.

Tabela 4: História de evolução de vida: divisões maiores do tempo


geológico e alguns dos animais e plantas que apareceram nelas e casos
de extinção em massa.

Eras e períodos Tempo Evolução de vida Extinção em


geológicos aproximado * massa
**

Precambriana 4600 – 570 . .

Arqueano 4600 – 2500 Unicelulares - procariotes .


(bactérias e algas)

Proterozoico 2500 – 570 Unicelulares - eucariotes (bactérias .


Ensino à Distância 43

e algas)

Paleozóica . . .

Cambriano 570 – 505 Planta - somente algas .


animal - fauna de Ediacaran de
corpo macio multicelular;
explosão Cambriana de
invertebrados como trilobites e
moluscos

Ordoviciano 505 – 438 Aparecimento de vertebrados - 438 (12 %)


peixes primitivos

Siluriano 438 – 408 Grandes invertebrados e peixes .


primitivos

Devoniano 408 – 360 Animal - peixes, anfíbios; 360 (14 %)


artrópodes terrestres
planta - proliferação de plantas
terrestres

Carbonífero 360 – 286 Animal - répteis, insetos com asas .


planta - floresta de grandes arvores
em terras baixas

Permiano 286 – 245 Animal - evolução de insetos, 245 (52 %)


anfíbios, répteis
planta - floresta de terras altas, eg,
coníferas

Mesozóico . . .

Triásico 245 – 208 Animal - moluscos, anfíbios, 208 (12 %)


répteis
planta - continuação da evolução
na terra
44

Jurássico 208 – 144 Animal – dinossauros, .


aparecimento de pássaros e
mamíferos
planta – feto

Cretáceo 144 – 65 Extinção de dinossauros no final 65 (11 %)


do período

Cenozóica . . .

Terciário 65 - 1,8 Animal - expansão de mamíferos e .


pássaros
planta - evolução de plantas
floríferas

Quaternário 1,8 – 0 Surgimento do homem (< 1) Em


progresso

* Os períodos mostrados são aproximados e variam entre as


literaturas;
** os tempos de cinco casos de extinção em massa são mostrados em
milhões de anos atrás: o sexto está em progresso: o número em
parênteses mostra a fracção de número de famílias extintas – também
variável entre as literaturas.

Sequência evolutiva das plantas

Uma prova de que as algas verdes evoluíram a partir do mesmo


antepassado que as plantas mais complexas encontra-se nos
cloroplastos: todos contêm ADN (Ácido Desoxi-Ribonucleico) e têm
uma estrutura semelhante às cianobactérias. Pensa-se que evoluíram a
partir duma alga mais pequena endossimbiótica. Nesse contexto, a
tendências evolutivas das algas da ordem Volvocales é marcada pela
passagem de Unicelularismo (ex: Clamidomonas) para
Ensino à Distância 45

pluricelularismo (ex: Volvox). Surgimento da especialização celular


nas Volvox (aparecimento do polo germinativo e polo vegetativo)

Durante o Paleozóico, começaram a aparecer em terra firme plantas


complexas, multicelulares, os embriófitos (Embryophyta), nos quais o
gametófito e o esporófito se apresentavam de forma radicalmente
diferente das algas, o que está relacionado com a adaptação a
ambientes secos (já que os gâmetas masculinos estavam antes
dependentes de meios hhúmidos para se moverem)

No período Silúrico apareceram novos embriófitos, as plantas


vasculares, com adaptações que lhes permitiam estar menos
dependentes da água. Estas plantas tiveram uma radiação adaptativa
maciça durante o Devónico e começaram a colonizar a terra firme.
Entre essas adaptações podemos referir uma cutícula resistente à
dessecação e tecidos vasculares por onde circula a água, por isso são
chamados plantas vasculares ou Tracheophyta. As espermatófitas ou
plantas com semente são um grupo de plantas vasculares que se
diversificou no final do Paleozóico.

A sequência evolutiva da vida delineia os eventos maiores no


desenvolvimento da vida no planeta Terra. Para uma explicação
detalhada do contexto, veja história da Terra e escala de tempo
geológico. Em biologia, a evolução é um processo pelo qual
populações de organismos adquirem e transmitem características
novas de geração para geração. A sua ocorrência ao longo de longos
períodos de tempo explica a origem de novas espécies e a vasta
diversidade do mundo biológico. Espécies contemporâneas são
relacionadas umas às outras por origem comum, produto da evolução
e especiação ao longo de milhares de milhão de anos.
46

Sumário
O surgimento e a evolução da vida é um fenómeno ainda
incompreensível e aparentemente foi um processo demorado. Durante
centenas de milhões de anos após a formação da Terra, as condições
nela eram extremas em diversos sentidos.

Uma prova de que as algas verdes evoluíram a partir do mesmo


antepassado que as plantas mais complexas encontra-se nos
cloroplastos: todos contêm ADN (Ácido Desoxi-Ribonucleico) e têm
uma estrutura semelhante às cianobactérias. Pensa-se que evoluíram a
partir duma alga mais pequena endossimbiótica.

Em biologia, a evolução é um processo pelo qual populações de


organismos adquirem e transmitem características novas de geração
para geração. A sua ocorrência ao longo de longos períodos de tempo
explica a origem de novas espécies e a vasta diversidade do mundo
biológico. Espécies contemporâneas são relacionadas umas às outras
por origem comum, produto da evolução e especiação ao longo de
milhares de milhão de anos.
Ensino à Distância 47

Exercícios

• Demonstre a tendência evolutiva na ordem das


Volvocales.

Auto-avaliação
• Identifique os principais grupos de plantas evidenciados
em cada era ou período geológico ;

• O surgimento e a evolução da vida é um fenómeno ainda


incompreensível. Comente a afirmação.

Chave de correcção

P1 – Passagem de Unicelularismo(ex: Clamidomonas) para


pluricelularismo (ex: Volvox). Surgimento da especialização celular
nas Volvox (aparecimento do polo germinativo e polo vegetativo)

P2 – Veja na tabela 4

P3 – Durante centenas de milhões de anos após a formação da Terra,


as condições nela eram extremas em diversos sentidos.
48

Embriófitas - Grupo de plantas que desenvolvem embriões


durante o processo de reprodução. As embriófitas formam um dos
dois sub-reinos em que se dividem todos os vegetais. O outro é o
Terminologia das talófitas. Os musgos, as Peridófitas.

Tracheophyta – plantas que apresentam o sistema vascular


(sistema de transporte de nutrientes através de vasos condutores –
xilema e floema).

Espermatófitas – plantas que se reproduzem por flores


Ensino à Distância 49

Lição nº 5

História da Botânica Sistemática

Introdução
Na lição anterior você aprendeu os aspectos históricos relativos a
evolução das plantas baseando-se na História de evolução da vida.
Ao longo desta lição você irá estudar as diferentes fases da
evolução da sistemática e taxonomia vegetal. Esta evolução é
determinada pelos diferentes períodos de estudos caracterizados
por diferentes correntes científicas que tratam a questão evolutiva
das plantas tais como: Período Clássico, Período Medieval, Período
Renascentista, Período do Século XVII, Período Linneano, Período
dos Sistemas naturais, Período dos Sistemas Filogenéticos.

Ao completar a Lição, você será capaz de:

• Ao fim desta lição você deverá ser capaz de identificar as


Objectivos específicos diferentes fases da evolução histórica sobre a sistemática e
taxonomia vegetal.

Fases da evolução histórica sobre a sistemática e taxonomia


vegetal

A busca do conhecimento sobre o mundo vegetal esteve sempre em


sintonia com questões práticas segundo três enfoques básicos: a
alimentação, a construção e a saúde. Esse último constata-se
através dos vários documentos arqueológicos encontrados na China
(Imperador Shen Nung, com cerca de 4.600 anos) e no Egipto (o
papiro de Nahun e de Ebers com cerca de 3.500 anos, citados por
50

RATERA & RATERA (1986). Contudo, o acesso a um número


cada vez maior de informações sobre plantas e devido a diversidade
de espécimes, tornou necessário organizar esse conhecimento. Isso
impulsionou o surgimento dos primeiros sistemas: desde o
agrupamento de plantas segundo a aparência e uso até o critério
referente a origem genética.

Período Clássico

Hippokrates (460 -377 a.c.)

Aristóteles (384-322 a.C.)

Theophrastus de Ereso (c. 371-286 a C.), De Historia Plantarum,


De Causis Plantarum
Caius Plininus Secundus, Plinio O Viejo (23-79 d. C.), Naturalis
Historia
Pedanios Dioscorides de Anazarba, (64 d. C.), De Materia Médica

Galenus (129 – 119 d.c.).

Período Medieval

Albucasis e Maimónides

Alberto Magno (1200-1280),

De Vegetabilis Plantis (1250)

Período Renascentista

Andrés de Laguna (1464-1534)

Paracelso (1493-1541), Teoría de las signaturas

Otto Brunfels (1489-1535), Herbarium vivae Eicones (1530-1536)


Ensino à Distância 51

Matias De L'Obel (Lobelius) (1538-1616), Stirpium adversaria


nova (1570)
Euricius Cordus (1486-1535), Botanologicon (1534),su hijo
Velerius Cordus (1515-1544), Historia stirpium libri IV (1561),
Historia stirpium libri V (1561), Andrea Cesalpino (1519-1603),
De plantis libri XVI (1583), Appendix ad libros de plantis (1603),
Charles de L'Ecluse (Clusius)(1526-1609).

Período do Século XVII

Gaspar Bauhin (1560-1624), Prodromus theatri botanici (1620),


Pinax theatri botanici (1623), John Ray (1627-1705), Methodus
plantarum nova (1682),
Marcello Malpighi (1628-1694), Anatome plantarum (1675)
Historia Plantarum (1686-1704, 3 volumenes, Micheli (1679-
1737), 'Nova Plantarum Genera' (1729), Joseph Pitton de
Toumefort (1656 -1708), Institutiones rei herbariae (1700).

Período Linneano

Rudolph Jacob Camerarius (1665-1721), De sexu plantarum


epistola (1694)
Carl Von Linné (Linneo o Linnaeus, 1707-1778), Systema
Naturae (1735), "clavis systematis sexualis", Classes plantarum
(1738), Genera Plantarum (1737; 2ª ed. 1754), Philosophia
Botanica (1751), Species Plantarum (1753).

Período dos Sistemas naturais

Adanson (1727-1806), Families des Plantes (1763-64), Bemard de


Jussieu (1699-1777)

Ordenes Naturales in Ludovici XV Horto Trianonensis dispositi

Antoine Laurent de Jussieu (1748-1836),


52

Genera Plantarum secundum ordines, naturales disposta (1789);

Augustin Pyrame De Candolle (1778-1841);

Théorie élémentaire de la Botanique (1813), Alphonse De Candolle


(1806-1893);

Prodromus systematis naturalis regni vegetabilis (1816-1873);

Robert Brown (1773-1858), Botanicarum facile princeps (1827);

Stephan Endlicher (1804-1849), Genera Plantarum (1836-1840),


Schimper (1808-1880), Adolphe Theodore Brongiart, Enumeration
des genres de plantes (1843), George Bentham (1800-1884) &
Joseph Dalton Hooker (1817-1911), Genera Plantarum (1862-
1883)

Período dos Sistemas Filogenéticos

Jean Baptista de Monet (Caballero de Lamarck, 1744-1829),


Encyclopèdie mèthodique Botanique (1783-1817), Philosophie
zoologique (1809);

Charles Darwin (1809-1882) em the origin of species (1859);

A. W. Eichler (1839-1887), Blütendiagramme (1875-1878);

A. Engler y Karl Prantl, Die Natürlichen Pflanzenfamilien (1887-


1915);

F. Wettstein, Handbuch der Systematischen Botanik (1935, 4ª ed.);


Ensino à Distância 53

Sumário
As fases da evolução histórica sobre a sistemática e taxonomia
vegetal podem ser estudadas com base nas diferentes pesquisas
feitas em vários períodos tais como: Período Clássico, Período
Medieval, Período Renascentista, Período do Século XVII, Período
Linneano, Período dos Sistemas naturais e o Período dos Sistemas
Filogenéticos.

Exercícios

• Identifique as diferentes fases de evolução histórica da


sistemática e taxonomia Botânica.
Auto-avaliação

Chave de correcção

• Período Clássico, Período Medieval, Período Renascentista,


Período do Século XVII, Período Linneano, Período dos
Sistemas naturais, Período dos Sistemas Filogenéticos.
54

Sistemas naturais - não se baseia apenas na morfologia e na


fisiologia dos organismos adultos, mas também no
desenvolvimento embrionário dos indivíduos, no cariótipo de cada
Terminologia espécie, na sua distribuição geográfica e no posicionamento dos
seres perante seus ancestrais no processo de evolução das espécies

Sistemas Filogenéticos - proposto por Willi Hennig, é o estudo


filogenético desses grupos, geralmente com a finalidade de testar a
validade de grupos e sua taxionomia. De acordo com esta
abordagem, somente são aceites como naturais os grupos
comprovadamente monofilético. A Sistemática Filogenética é uma
base sobre a qual diversos métodos foram desenvolvidos, dos
quais o dominante atualmente é a cladística.

Filogenia – (ou filogênese) (grego: phylon = tribo, raça e


genetikos = relativo à gênese = origem) é o termo comumente
utilizado para hipóteses de relações evolutivas (ou seja, relações
filogenéticas) de um grupo de organismos, isto é, determinar as
relações ancestrais entre espécies conhecidas (ambas as que vivem
e as extintas).

Exercícios
1. Qual é o pressuposto básico da Teoria Contingencial? Concorda com
ele? Argumente.

2. A Teoria Contingencial representa um deslocamento da visualização


de dentro para fora da organização. Desenvolva a afirmação.
Auto-avaliação

3. Fale sobre os diferentes ambientes em que interage a organização.


Ensino à Distância 55

Chave de correcção
1. O pressuposto básico da TC é de que não há nada de absoluto nas
organizações ou na teoria administrativa. Tudo é relativo. Este
pressuposto explica que há uma relação funcional entre as
condições do ambiente e as técnicas administrativas apropriadas
para o alcance eficaz dos objectivos. As variáveis ambientais são
independentes quando as organizacionais são dependentes.

2. A Teoria Contingencial representa um deslocamento da visualização


de dentro para fora da organização, uma vez que são as características
ambientais que condicionam as características organizacionais. É
no ambiente onde estão as causas, por isso não há uma única forma
de se organizar, tudo depende do ambiente, as características
organizacionais surgem em função das características ambientais
nas quais interage a organização.
56

Unidade II

Sinópsis do reino vegetal e


níveis de organização dos
organismos

Introdução
Antigamente os conceitos de planta e animal se consideravam de
um modo geral como unidades sistemático-taxonómicas
fundamentais para a divisão dos organismos. Hoje se sabe que estes
dois grupos diferem entre si quanto a fisiologia e nutrição, pelo que
não são autenticos grupos sistemáticos definidos pelo grau de
parentesco. O ponto de partida filogenético que se observa nos
seres vivos é a sua divisão em procariotas e eucariotas, dentros
destes estão os Reinos que estao organizados em Divisões que são
comunidades de descendências muito amplas derivadas de um
grupo de antepassados comum e monofilético. Como critério
superior de ordenação das divisões tem-se os níveis de organização.
Nesta unidade você vai estudar as Características morfológicas,
ecológicas e modo de vida dos Eucariotas e dos Procariotas, os
níveis de desenvolvimento Myxobionta e Mycobionta assim como
as algas.

Ao completar esta unidade / Lição, você será capaz de:


Ensino à Distância 57

• Classificar os organismos vegetais segundo a sua sistemática e


característica evolutivas;

Objectivos específicos
• Denominar os níveis de organização das plantas e os outros
organismos com base nas suas características;

• Comparar os ciclos de vida dos diferentes organismos vegetais.


58

Lição nº 1

Os Prokaryota: Características
morfológicas, ecológicas e modo
de vida.

Introdução

Prokaryota, que significa antes do núcleo (pro = antes, kary =


núcleo). Os Prokaryota incluem o reino Monera onde pode-se
encontrar as Bactérias que foram descobertas pelo naturalista
Antonie Van Leeuwenhoek, cujo este acreditava que os pequenos
animais que via teriam surgido expontaneamente a partir da matéria
não viva. Actualmente, sabe-se que as bactérias constituem o maior
grupo de organismos existentes na terra. Para mais domínio desta
lição você precisa de se socorrer nos conhecimentos da 11ª classe
sobre a sistemática e características dos prokariota. Nesta lição
você vai estudar os tipos morfológicos das bactérias a estrutura
Bacteriana e a Importância ecológica e económica das bactérias.

Ao completar esta Lição, você será capaz de:

• Descrever a filogenia das bactérias;

• Indicar a estrutura e modo de nutrição das bactérias;


Objectivos específicos
• Indicar a importância das bactérias para o Homem.
Ensino à Distância 59

As Bactérias

As bactérias são microorganismos de tamanho oscilando entre 1 e 5


mícrons. Podem viver isoladas ou formar colônias sem divisão de
trabalho. A forma das bactérias é bastante variada: esférica (cocos),
bastonetes (bacilos), espiralados (espirilo), vírgula (vibrião) e
outras.

Os tipos morfológicos das bactérias

Quanto à morfologia (forma), as bactérias classificam-se


basicamente em três categorias: cocos, bacilos e espirilos.

Cocos: são bactérias de forma arredondada, cujo tamanho, em


geral, situa-se entre 0,2 e 5 micra de diâmetro. Apresentam-se
isoladas ou formando colônias.

Segundo a quantidade de bactérias e sua disposição, as colônias são


classificadas em:

Diplococos- colônia de dois cocos;

Étrade- colônia de quatro cocos;

Sarcina- colônia cúbica de oito ou mais cocos;

Estreptococos- colônia de cocos em fileira;

Pneumococos- colônia de dois cocos em forma de chama de vela;

Estafilococos- colônia de cocos dispostos em cacho;

Gonococos- colônia de dois cocos reniformes (em forma de rim).


60

Figura1: Os tipos morfológicos de bactérias

Estrutura Bacteriana

As bactérias apresentam um envoltório externo à membrana


plasmática denominado de parede bacteriana (2), que é permeável,
relativamente rígido e espesso. Este envoltório é responsável pela
forma característica de cada bactéria. É o que difere da parede
celulósica das células vegetais.

Além da parede celular, algumas bactérias podem apresentar uma


outra camada mais externa de espessura e composição química
variada denominada de cápsula gelatinosa (3). Esta cápsula tem
consistência mucosa e provavelmente relaciona-se com a função de
adesão e com os mecanismos de defesa bacteriana, pois a maioria
das bactérias patogênicas a possui, e os leucócitos fagocitários têm
mais dificuldade de destruir este tipo de bactéria.

Muitas bactérias possuem mobilidade graças aos movimentos


executados pelos seus flagelos (4). Estes filamentos protéicos
ligados à membrana e à parede celular podem distribuir-se por toda
Ensino à Distância 61

a superfície da célula ou concentrar-se apenas nos pólos. Já as


fímbras encontradas em algumas bactérias caracterizam-se por
serem mais curtas, mais finas e muito mais numerosas. As fímbrias
têm a função de permitir a fixação das bactérias entre si ou a outros
tipos de células. Para além destas estruturas as bactérias podem
apresentar nucleotídeos (6), ribossomas (5) e algumas estruturas
designadas por corpos de polifosfato (1) (STRASBURGER, 1986).

Figura 2: Estrutura Bacteriana

Importância das bactérias

As bactérias existem em grande número na natureza e


desempenham um papel bastante crítico em diferentes ecossistemas
e, a maior parte delas representam um grande perigo para o
Homem, podem causar problemas da pele (gram-positivas), outras
causam infecções nos diferentes sistemas de órgãos incluindo as
infecções sexualmente transmissíveis (gram-negativas).

As maiorias das doenças causadas por bactérias são transmitidas


através de alimentos ou água contaminadas por bactérias (cólera,
febre tifóide), mas podem ocorrer casos de transmissão pelo ar
(pneumonia, tuberculose).

O causador da sífilis é uma bactéria espiralada, Treponema


pallidum. A umidade contínua é essencial à sobrevivência das
bactérias, por isso elas se propagam principalmente pelos fluidos
do corpo. Fora do corpo, em lugar úmido e escuro, vivem no
máximo duas horas.
62

A tuberculose é transmitida pelas bactérias Mycobacterium


tuberculosis e M. bovis. Sua presença é maior nas cidades, devido
à aglomeração humana em más condições de higiene, habitação e
saúde. A tuberculose é uma infecção comum na infância. Pode
ocorrer transmissão pelo leite de vaca (contaminado por M. bovis) e
pelo contato com alguma pessoa infectada.

A coqueluche é uma infecção bacteriana provocada pelo Bordetella


pertussis. É transmitida através de gotículas eliminadas pela fala,
tosse e espirro dos doentes.

Importância ecológica e económica das bactérias

As bactérias são decompositores após morrerem, animais, plantas


e outros seres estes são decompostos por fungos e bactérias. Não só
o corpo sem vida pode ser decomposto, mas também dejectos e
secreções como urina, fezes são processados por bactérias. Estes
organismos degradam a matéria orgânica sem vida em moléculas
simples que são libertadas no ambiente e podem ser novamente
utilizadas por outros seres (TRABULSI, 1999).

Bactérias e biotecnologia

A indústria de lacticínios utiliza as bactérias Lactobacillus e


Streptococcus para a produção de queijos, iogurtes e requeijão. Na
fabricação de vinagre são usadas bactérias do género Acetobacter
que transformam o etanol do vinho em ácido acético. Bactérias do
género Corynebacterium são utilizadas na produção do ácido
glutâmico, substância utilizada em temperos para acentuar o sabor
dos alimentos.

As bactérias são utilizadas para a produção de antibióticos e


vitaminas. O antibiótico neomicina é produzido por células do
género Streptomyces. A indústria química utiliza bactérias para
Ensino à Distância 63

produzir substâncias como o metanol, butanol, acetona. A


tecnologia do ADN recombinante, também denominada
"Engenharia Genética", tem permitido alterar geneticamente certas
bactérias produzindo substâncias economicamente interessantes,
como insulina humana produzida por estes organismos procariontes
geneticamente modificados.

As bactérias podem decompor aeróbia ou anaerobiamente matéria


orgânica. Quando em um lago ou rio existe uma grande quantidade
de substâncias orgânicas, como esgoto e não há suficiente
oxigenação desta massa de água, acontece a decomposição
anaeróbia ou putrefacção. Pode-se promover a decomposição
aeróbia de matéria orgânica em estações de tratamento de esgoto,
produzindo aeração do esgoto, aumentando a quantidade de
oxigénio dissolvido na água, assim entram em acção as bactérias
aeróbias que causam o processo de bio degradação do esgoto,
sistema conhecido como "lodo activado". As bactérias anaeróbias
metanogénicas também podem ser utilizadas para a biodigestão de
matéria orgânica de esgotos e lixo doméstico em tanques chamados
biodigestores.

Em termos evolutivos, as bactérias são também os mais antigos


organismos da Terra (foram encontrados fósseis de cerca de 3,5
bilhões de anos) e consistem de duas linhagens distintas:
Eubactéria e Archeobactérias.
64

Tabela 5: Diferenças entre as Eubactéria e Archeobactérias.

EUBACTÉRIAS ARQUEOBACTÉRIAS

• Maior grupo • Menor grupo

• Inclue todos • Até agora não se conhece nenhuma


os procariotos espécie de importância na medicina
de
importância
na medicina

• Habitam o • Alta proporção habita ambientes em


solo, condições extremas: halófilas (Mar
superfície das Morto), termoacidófilas (60 a 80ºC,
águas e sulfobactérias) e metanogênicas
tecidos de (pântanos, interior do tubo digestivo
outros de insetos (cupins) e herbívoros)
organismos
(vivos ou em
decomposição
). Pequeno
número de
espécies que
habitam
ambiente de
condições
extremas.

• Algumas • Nenhuma espécie fotossintética


espécies são
fotossintéticas

• Nenhuma • Todas as espécies são produtoras de


espécie metano por redução do CO2.
produz
metano

Sumário
Os Prokaryiota são organismos unicelulares, heterotróficos por
absorção e autotróficos por quimiossíntese ou fotossíntese.
Apresentam uma reprodução primeiramente sexuada por fusão
binária depois por conjugação. As formas móveis locomovem-se
através de flagelos.
Ensino à Distância 65

Na sua classificação, os Prokaryiota são divididos em


arqueobactérias (que apresentam paredes com maior quantidade
de polissacarídeos e poucos apresentam proteínas simples) e
eubactérias, caracterizadas pela presença de parede fina (gram-
negativas) e parede grossa (gram-positivas). As bactérias são
microrganismos de tamanho oscilando entre 1 e 5 mícrons. Podem
viver isoladas ou formar colônias sem divisão de trabalho.

A forma das bactérias é bastante variada: esférica (cocos),


bastonetes (bacilos), espiralados (espirilo), vírgula (vibrião) e
outras. As bactérias apresentam um envoltório externo à membrana
plasmática denominado de parede bacteriana, que é permeável,
relativamente rígido e espesso.

Exercícios
1. Indique 3 características fundamentais que definem o reino
Prokaryota;

Auto-avaliação 2. Diferencie em 2 aspectos as duas divisões dos Prokaryiota;

Chave de correcção
P1 – são organismos unicelulares, heterotróficos por absorção e
autotróficos por quimiossíntese ou fotossíntese, reproduzem-se
sexuadamente por fusão binária depois por conjugação. As formas
móveis locomovem-se através de flagelos.
66

P2 – Arqueobactérias, apresentam paredes com maior quantidade


de polissacarídeos e poucos apresentam proteínas simples enquanto
que as Eubactérias, apresentam parede fina( as gram-negativas) e
parede grossa (as gram-positivas).
Colônias – grupos de células ou indivíduos associados para
racionalizar os alimentos, para fins dereprodução, etc. (ex: colónia
simples – pequenos grupos de células móveis (exemplo: Volvox);
colónia palmelóide – grupo de células sem mobilidade embebidas
Terminologia em mucilagem; filamento – uma fiada de células unidas, quer pelas
paredes celulares, quer por mucilagem; por vezes ramificados;
colónia parenquimatosa – grandes grupos de células formando um
pseudo-talo, por vezes com diferenciação parcial de tecidos.
Fagocitários – células oiu indivíduos que se alimentam por
fagocitose.

Gram-positivas: bactérias que possuem parede celular com uma


única e espessa camada de peptidoglicanos. Quando submetidas a
coloração de Gram, tingem-se na cor púrpura ou azul quando
fixadas com cristal violeta, porque retêm esse corante mesmo sendo
expostas a álcool

Gram-negativas: bactérias que possuem uma parede celular mais


delgada e uma segunda membrana lipídica - distinta quimicamente
da membrana plasmática - no exterior desta parede celular. No
processo de coloração o lipídio dessa membrana mais externa é
dissolvido pelo álcool e liberta o primeiro corante: cristal violeta.
Ao término da coloração, essa células são visualizadas com a
tonalidade rosa-avermelhada do segundo corante, safranina que
lhes confere apenas a coloração vermelha.
Ensino à Distância 67

Lição nº 2

Eucaryota: Características morfológicas,


ecológicas e modo de vida

Introdução
Na lição anterior você estudou os tipos morfológicos das bactérias
a estrutura Bacteriana e a Importância ecológica e económica das
bactérias. Ao longo desta lição você poderá estudar as diferentes
formas de organização e sistemática dos Eucariotas, as Algas tendo
em conta as suas divisões Cianófitas, Euglenophyta, Haptophyta,
Criptophyta, Dinophyta, Crisophyta, Rhodophyta, Chlorophyta.
Para o aprefeiçoamento desta liçao voce deverá fazer uma breve
leitura da matéria sobre “Eucariotas” estudada na 11ª classe ou
equivalente.

Ao completar esta Lição, você será capaz de:

• Indicar as características dos Eucariotas;


Objectivos específicos
• Indicar os diferentes grupos de organismos Eucariotas;

• Fazer a sistemática e classificação das algas.

Algas

Constituindo um grupo bastante heterogéneo, as algas podem ser


unicelulares ou pluricelulares, microscópicas ou macroscópicas e
de coloração bastante variável. São encontradas em vários tipos de
ambientes: ocorrem em lagos, rios, solos hhúmidos, casca de
68

árvores e principalmente nos oceanos. Daí o nome alga, palavra


que vem do latim e significa "planta marinha".

Nos ecossistemas aquáticos elas são os principais organismos


fotossintetizantes e constituem a base nutritiva que garante a
manutenção de praticamente todas as cadeias alimentar desses
ambientes. Assim, as algas, organismos clorofilados, são os mais
importantes componentes do fitoplâncton (contigente de
organismos flutuantes de natureza vegetal). As algas,
principalmente as marinhas, são também responsáveis pela maior
parte do gás oxigênio liberado diariamente na biosfera.

Formas de organização das algas

A maior parte das algas são seres unicelulares, vivendo livres na


água e movendo-se com o auxílio de flagelos ou por movimento
amebóide. Algumas espécies não têm movimento próprio e
ocorrem no meio ambiente quer na forma cocóide (de coccus, o
tipo mais simples de bactéria), quer na forma capsóide, cobertas de
mucilagem. No entanto, mesmo as algas unicelulares se agrupam
por vezes em formas coloniais, móveis ou não. Alguns destes tipos
de organização, que podem ocorrer ao longo do ciclo de vida duma
espécie, são:

Colónia simples – pequenos grupos de células móveis (exemplo:


Volvox)

Colónia palmelóide – grupo de células sem mobilidade embebidas


em mucilagem

Filamento – uma fiada de células unidas, quer pelas paredes


celulares, quer por mucilagem; por vezes ramificados
Ensino à Distância 69

Divisão Euglenophyta

Os organismos da divisão Euglenophyta (euglenofíceas) são


eucariotas, dotados de um núcleo mesocariótico, apresentam
clorofila a e b, xantofilas e carotenos como pigmentos. Não
possuem parede celular, porém apresentam uma película protéica
organizada em forma de espiral em volta do citoplasma. São
dotadas de um ou dois flagelos que auxiliam na locomoção e
alimentação. A película da membrana plasmática auxilia na
locomoção em ambientes onde o movimento dos flagelos é
dificultado.

Existem cerca de 800 espécies descritas que ocorrem no ambiente


marinho e de água doce. Um terço deste grupo possui cloroplastos,
pigmento que confere cor verde, as outras são incolores e
saprófitas. As clorofiladas são encontradas com maior frequência
em ambientes ricos em matéria orgânica, pois podem assimilá-las.

Existe apenas um género que forma colônia, todo o restante é


unicelular, apresentando um flagelo e uma macha ocelar na região
anterior.

O representante mais conhecido é a euglena. Ela é unicelular, não


possui parede celular, mas possui membrana plasmática, dotada de
uma película que pode ser flexível ou não, ajudando na locomoção.

O flagelo da euglena se insere em uma depressão chamada


reservatório. Nele há outro flagelo, que não emerge.

Próximo ao reservatório, há o estigma, ou mancha ocelar, que se


localiza no citoplasma e é uma estrutura fotossintetizante.

As euglenas possuem um vacúolo contrátil, que controla a


quantidade de água em seu interior. Normalmente ocorrem em
espécies de água doce, atuando no controle da osmose. A água é
eliminada pelo reservatório, após isso um novo vacúolo é formado.
70

O produto de reserva da euglenas é o paramilo, um tipo de


polissacarídeo que é estocado pelos plastídeos e possui uma região
rica em proteína, chama pirenóide

Na pirenóide estão localizadas enzimas relacionadas com a


fotossíntese.
Divisão Haptophyta

Esta divisão apresenta predominantemente organismos unicelulares


em que a maioria das espécies vivem no planton marinho, os
flagelados apresentam geralmente flagelaos com mesma longitude
e escamas, podendo apresentar outro apêndice filiforme
(haptonema) que não serve para movimentos ou locomoção, mas
sim para a fixação possuem xantoplastos e outros pigmentos
amarelados. São conhecidos cerca de 250 espécies e 45 géneros
desta divisão. As haptofíceas são a única classe dessa divisão.

Divisão Criptophyta

Os representantes desta divisão são flagelados (com poucas


excepções das ordens Capsales e Tricales). Apresentam talos
filamentosos e células assimétricas. A maioria das espécies não
apresenta parede celular, mas sim uma película formada por placas
rectangulares e poligonais de proteínas. A principal substância de
reseserva é o amido. Apresentam uma reprodução assexuada por
divisão longitudinal, não se tem a certeza sobre a existência ou não
da reprodução sexuada nestes organismos.

Divisão Dinophyta

São algas unicelulares, geralmente marinhas e dotadas de dois


flagelos desiguais. Assim como as diatomáceas, as pirrofíceas
constituem importantes componentes de fitoplâncton. Têm
coloração geralmente esverdeada ou pardacenta e se reproduzem
principalmente por cissiparidade.
Ensino à Distância 71

Divisão Crisophyta

São representadas principalmente pelas diatomáceas, algas


unicelulares portadoras de uma carapaça silicosa denominada
frústula. Os restos da parede celular das diatomáceas, rica em
silício, depositam-se no fundo dos mares e, com o tempo, formam
um material denominado terra de diatomácea ou diatomito, que é
explorado comercialmente. Esse material pode ter várias
aplicações: como isolante térmico; como um abrasivo fino que
permite o polimento de materiais diversos (a prata, por exemplo);
na confecção de cosméticos e pastas dentifrícias; na fabricação de
filtros e de tijolos para a construção de casas. As diatomáceas são
encontradas principalmente nos mares e podem se reproduzir por
cissiparidade e por conjugação.

Divisão Rhodophyta

Estas algas são predominantemente multicelulares e também


podem atingir dimensões consideráveis. É comum o seu talo
apresentar diversas ramificações, sendo que a sua base é
diferenciada e presa a algum substrato por estruturas de fixação.
Possuem os pigmentos clorofila a e d, ficocianina e ficoeritrina,
celulose e hidrocolóides na composição da parede celular, e
amidodas florídeas, como substância reserva.

Divisão Chlorophyta

As clorófitas tanto podem possuir estrutura unicelular como


multicelular. Os talos das clorófitas multicelulares apresentam uma
organização relativamente complexa. Possuem os pigmentos
clorofila a e b, carotenos e xantofilas, a parede celular é constituída
por celulose e o amido e sua substância de reserva.

Divisão Cyanophyta

As cianofíceas ou algas azuis são como todos os moneras, seres de


estrutura celular procarionte. Apresentam uma organização
72

semelhante à das bactérias. Podem ser individuais ou formar


colônias filamentosas de até um metro de comprimento, como a
Anabaena nostoc.

Apresentam uma parede celular de composição semelhante a das


bactérias. Algumas espécies apresentam uma cápsula mucilaginosa
externa. A membrana é lipoprotéica e envolve o citoplasma onde
estão presentes os ribossomos e os pequenos vacúolos que
armazenam substâncias nutritivas e o amido das cianofíceas.
Realizam a fotossíntese, embora não apresentem plastos, apenas
lamelas fotossintetizantes. A clorofila presente é do tipo a e está
localizada sobre as lamelas ou dispersa pelo citoplasma. Outros
pigmentos acessórios, como a ficocianina, ficoeritrina e outros
carotenóides, podem estar presentes.

O material genético, assim como nas bactérias, é constituído por


ADN (Ácido Desoxi Ribonucleico) e encontra-se no citoplasma.

A reprodução frequente nas cianofíceas é a bipartição ou


cissiparidade. As colônias filamentosas podem reproduzir-se
assexuadamente por hormogonia. Este processo consiste na quebra
de pequenos fragmentos da colônia original. Os pequenos
fragmentos denominados hormogônios originam novos filamentos
coloniais. Já os acinetos são esporos resistentes a condições
ambientais desfavoráveis que permitem à cianofícea sobreviver em
condições especiais.

Não são conhecidas as formas de reprodução sexuada entre as


cianofíceas, mas é provável que possuam algum mecanismo de
recombinação de seus genes.
As cianofíceas podem ser encontradas na água doce, salgada ou
salobra, no solo úmido, sobre casca de árvores, rochas ou até
mesmo em fontes termais com temperatura superior a 80 graus
centígrados. Assim como certas bactérias também possuem a
capacidade de fixar o nitrogênio do ar (N2), transformando em
Ensino à Distância 73

nitratos (NO3-) disponíveis aos vegetais. As cianofíceas possuem


uma extraordinária capacidade de adaptação aos mais variados e
extremos ambientes. Por isso, constituem-se em excelentes
exemplos de espécies colonizadoras, pioneiras de regiões abióticas.

Características ecológicas das algas

Além da contribuição no que se refere à renovação do oxigênio


atmosférico, sustentar a vida aquática e a formação de nuvens e
chuvas, as algas são úteis ao homem de diversas outras maneiras.
As algas podem ser utilizadas em pesquisas científicas e
empregadas como excelentes meios de cultura, fertilizantes devido
ao seu elevado teor nutritivo ou como racção para animais,
fornecem interessantes matérias-primas empregadas pelo homem.

Além disso, as algas podem também ser responsáveis por alguns


efeitos ambientais deletérios, como o fenômeno da floração das
águas. Em condições favoráveis de crescimento, certas algas
podem apresentar uma explosão populacional, tornando os
reservatórios de abastecimento de água potável ou as lagoas pra o
uso do gado temporariamente inutilizáveis. Este fenômeno costuma
provocar a formação de uma camada de algas na superfície da
água, dificultando a sua oxigenação a partir da atmosfera. É comum
se observar grande mortandade de peixes que vêm à superfície
tentando respirar, pois as algas, durante a noite, competem com
eles pelo oxigênio. Quando as algas começam a morrer, passam a
sofrer decomposição bacteriana, o que provoca um mau cheiro
característico

Outro fenômeno nocivo é o da maré vermelha causado por algas


pirrófitas, como a Gonyaulax catanella e Gymnodium veneficum.
Este fenômeno ocorre principalmente em épocas de reprodução das
algas que liberam na água toxinas potentíssimas que acabam
causando verdadeiras mortandades de peixes e outros animais
marinhos. As algas também podem causar prejuízos em usinas
74

hidrelétricas, pois formam depósitos e incrustações nas hélices das


turbinas, o que as inviabiliza.

Sumário
Existem cerca de 800 espécies descritas que ocorrem no ambiente
marinho e de água doce. As algas podem ser unicelulares ou
pluricelulares, microscópicas ou macroscópicas e de coloração
bastante variável.

A maior parte das algas são seres unicelulares, vivendo livres na


água e movendo-se com o auxílio de flagelos ou por movimento
amebóide. Algumas espécies não têm movimento próprio e
ocorrem no meio ambiente quer na forma cocóide (de coccus, o
tipo mais simples de bactéria), quer na forma capsóide, cobertas de
mucilagem. No entanto, mesmo as algas unicelulares se agrupam
por vezes em formas coloniais, móveis ou não.

Exercícios

1. Indique as características dos Eucariotas.

2. Indique os diferentes grupos de organismos Eucariotas;


Auto-avaliação
3. Faça a sistemática e classificação da Anabaena sp.

Chave de Correção
P1 – veja no glossário

P2 – Algas, Briófitas, “Fungos”, Pteridófitas, Espermatófitas.


Ensino à Distância 75

P3: Reino: Plantae; Divisão: Cyanophyta; Género: Anabaena;


Espécie: Anabaena sp.

Eucariotas - todas a célula que têm seu material hereditario (sua


informação genética) encerrado dentro de uma dupla membrana, o
envoltório, que delimita um núcleo celular. Igualmente estas
Terminologia
células vêm a ser microscópicas mas de tamanho grande e variado
comparado com as outras células.

Carotenos – são pigmentos orgânicos encontrado nas plantas e


microrganismos como algas e fungos. São essenciais para a vida e
nenhum animal pode sintetizá-los, por isso devem ser ingeridos na
dieta.

Xantofilas - são carotenóides polares, com diversos grupos


oxigenados como hidroxilas ou cetonas. Exemplos de xantofilas
são: luteína, zeaxantina, mixol, osciloxantina e aloxantina.
76

Lição nº 3

Níveis de desenvolvimento Myxobionta e


Mycobionta

Introdução
Na lição anterior você estudou as diferentes formas de organização
e sistemática dos Eucariotas, as Algas tendo em conta as suas
divisões Cianófitas, Euglenophyta, Haptophyta, Criptophyta,
Dinophyta, Crisophyta, Rhodophyta, Chlorophyta. Nesta lição,
você poderá estudar os Myxobionta, organismos cuja estrutura se
assemelha aos fungos. Estes organismos correspondem a fase
transitória entre os protistas e os fungos. Depois destes, você irá
estudar os Mycobionta que envolvem organismos conhecidos como
fungos. Para uma melhor percepção desta lição, recomendamos que
faça uma breve revisão das características dos protozoários
focalizando a sua atenção para as amebas.

Ao completar esta Lição, você será capaz de:

• Classificar os Mixobionta e Mycobionta;


Objectivos específicos
• Enquadrar os Mixobionta e Mycobionta na escala evolutiva
dos organismos eucariotas.

Myxobionta

Estes são organismos de aspecto gelatinoso encontrados em lugares


hhúmidos e sombrios, como o chão de florestas, sobre troncos e
Ensino à Distância 77

folhas em decomposição.
O corpo desses fungos pode ser formado por células
mononucleadas isoladas ou em forma de colónias, ou ainda por um
plasmódio polinucleado. Os mixomicetes assemelham-se, em certas
fases de sua vida, com protozoários, como as amebas, pois
conseguem emitir pseudópodes.

Isto é possível, pois não apresentam parede celular, apenas uma


membrana flexível, o que lhes permite a movimentação. Ao
deslizarem sobre o solo, englobam diversas partículas orgânicas,
além de bactérias e fungos. Podem reproduzir-se assexuadamente,
através da produção de zoósporos, ou sexuadamente, através da
fusão de determinadas células que formam um zigoto.

Divisão Acrasiomycota

Esta divisão apresenta uma classe das Acrasiomicetes que é


formada por amebas que se agregam formando originando
plasmódios ou pseudoplasmódios. A parede celular destes contém
celulose.

Ciclo de vida

Na fase de multiplicação vegetativa as amebas se dividem. As


amebas se agregam a seguir sem se fundir através de forças de
interação quimiostática e que se dá graças a presença de uma
substância denominada acrasina. Esta fusão depende da abundancia
ou não dos alimentos.

Os plasmódios agregados reptam pelo substratto até formar um


corpo culmonar. Nesta fase mantém-se a individualidade das
amebas unicelulares enquanto se processa a diferenciação que leva
a formação do corpo frutífero (fase latente em que as amebas estão
envolvidas por uma parede celular dura), as novas amebas são
libertadas e reptam pela superfície até atingirem a parte superior
onde se forma o esporângio (que contém células redondas e
haploides). Depois da esporulação, as células da cortiça morrem.
78
Divisão Myxomicota

Os plasmódios se originam por fusão de mixoflagelados ou


mixamebas que em certa fase do seu ciclo de vida apresentam a
parede celular com galatosamina. Esta divisão apresenta 3 classes:
Myxomycetes, Protosteliomycetes e Labyrinthulomycetes.

Na classe Myxomycetes a fase vegetativa é um plasmódio não


dividido em células (há fusão entre as amebas). O plasmódio
diploide é revestido por uma parede dupla sem celulose nem
quitina, mas sim por polímeros de galactosamina. Apresentam
clorações vivas em seus plasmódios, sobretudo nos corpos
frutíferos (que são usados como indicadores de tipos de solos).

Ciclo de vida

Os esporos germinam em água ou substrato húmido (estes podem


permanecer cerca de 70 anos enquanto as condições não forem
favoráveis para a germinação) e originam amebas flageladas que
originam amebozigotos que a seguir se fundem por plasmo ou
cariogamia.

A formação de corpos frutíferos se dá em condições determinadas


(substrato,
Ensino à Distância 79

Temperatura, PH e luz). Os corpos frutíferos apresentam parede


externa calcária. O esquema a seguir representa o ciclo de vida dos

Myxomicota:

Figura 3: Ciclo de vida dos Mixomycota

Nutrição

A nutrição é com base em diferentes microorganismos (bactérias,


leveduras, protozoários e hifas de fungos) que são fagocitados e
digeridos por acção enzimática, o que não se digere é expelido
dentro de algum tempo.

Na classe Protosteliomicetes os plasmódios se formam a partir de


células não flageladas.

Nas Labyrinthulomycetes encontra-se espécies endo parasitas de


plantas marinhas como a Zostera sp. e a Lamnaria sp.. os
plasmódios se originam de células bi-flageladas.
80

Divisão Plasmodiophoromycota

Difere das outras divisões pela particularidade na divisão do


núcleo. Pressupões-se que os indivíduos dessa divisão sejam
descendentes de Myxomycetes endoparasitas, mas os seus esporos
apresentam dois flagelos com comprimentos desiguais. O ciclo de
vida apresenta plasmódios haplóides e diplóides. Ex:
Plasmodiophora brassicae que causa a hérnea da couve.

Nível de desenvolvimento Mycobionta

Neste nível de desenvolvimento encontra-se os fungos. Os fungos


são organismos eucariotas, heterotróficos e, em sua maioria,
multicelulares. Suas células apresentam reforço celulósico externo,
como nas algas e vegetais, porém é comum a presença de depósitos
de quitina, substância característica dos animais. Os fungos são
seres aclorofilados e possuem o glicogênio, típico dos animais,
como substância reserva.

A maioria dos fungos é fixa ao substrato, porém, os mais primitivos


apresentam mobilidade em uma fase da vida, locomovendo-se pela
emissão de pseudópodes, como as amebas. Os fungos executam
nutrição externa, ou seja, vertem enzimas sobre o alimento
(substrato) e absorvem as partículas previamente digeridas. As
substâncias são distribuídas através de uma corrente citoplasmática
que percorre todas as células.

A respiração pode ser aeróbia ou anaeróbia facultativa, como nas


leveduras. Muitos promovem a fermentação alcoólica como em
Saccharomyces cerevisae utilizado para a produção de vinhos e
cervejas. A excreção é feita por difusão direta pelas células.
Apresentam reprodução gâmica ou agâmica com a produção de
esporos semelhantes aos vegetais.

As células dos fungos estão intimamente ligadas uma às outras,


formando uma massa de longos filamentos multinucleados
Ensino à Distância 81

chamados hifas. Elas correspondem a tubos microscópicos que


podem ou não apresentar septos transversais, delimitando as
células. A reunião das hifas ramificadas e entrelaçadas constitui o
micélio. Muitos fungos podem formar oscorpos frutíferos de
tamanho, forma e cores variadas, como os cogumelos, champignon
e orelhas-de-pau.

Oscorpos frutíferossomente surgem em períodos de reprodução


sexuada. Quando dois micélios pertencentes a sexos diferentes se
encontram, as suas hifas se organizam para a formação do corpo
frutífero ou basidiocarpo (cogumelo).

Divisão Oomycota

Estes fungos apresentam celulose na parede celular. São os


chamados fungos d'água porque muitos são aquáticos. Alguns se
nutrem à custa da matéria orgânica em decomposição, como os
Saprolegnia parasitica, que decompõem principalmente insectos
mortos. Certos Oomicetes são parasitas de vegetais, como
Phytophthora infestants, que causa a ferrugem na batatinha, ou o
Plasmopora vinicola., causador de doenças em uvas, maçãs e
peras. A reprodução assexuada faz se por zoósporos, enquanto a
reprodução sexuada se faz por gámetas perfeitamente distintos
como pode ver no esquema sobre o ciclo de vida que a seguir lhe é
apresentado:
82

Ciclo de vida das Oomycota

Figura 4: Ciclo de vida das Oomycota

Divisão Eumycota

Em consequência da sua adaptação a vida fora da água os


Eumycota perderam completamente os zoosporos e os gâmetas
flagelados, entretanto os representantes primitivos desta classe
apresentam um flagelo liso. A parede celular contém sempre
quitina, não tem celulose. Alguns representantes desta divisão
contém parede com galactosamina-galactano (classe das
Trichomycetes) outros representantes mais conhecidos são as
Saccharomyces em que se encontra a Saccharomyce serevisiae.

Classe das Chytridiomycetes

As Chytridiomycetes vivem como unicelulares, possuem células


móveis (gámetas e zoosporos). A maioria das células vivem em
água alguns também no solo como parasitas em células de plantas
superiores. As três ordens das Chytridiomycetes se distinguem pela
estrutura do talo e pela forma de reprodução sexuada assim como
Ensino à Distância 83

na estrutura dos zoosporos. Existem cerca de 500 espécies


distribuidas nas ordens Cytridiales, Blastocladiales e
Monoblepharidales.

Classe das Zygomycetes

Esta classe contém cerca de 500 espécies que são esporófitas que se
incluem em três ordens tais como: Mucorales, Endogonales e
Entomophtorales que têm como representantes Mucor mucedo,
Endogone lactiflua e Entomophtora muscae respectivamente.

Fig. 5: Hifas ramificadas de um Zygomycete vista ao microscópio

A maioria destes fungos é conhecido como fungos do pão. As


Zygomycetes possuem em geral micélio de hifas muito ramificadas
que carecem de septos e são plurinucleadas. Na reprodução
sexuada não se forma gâmetas sempre se copulam os gametângios
inteiros (gametangiogamia) resultando num zigósporo, este
germina graças a ocorrência de meioses resultando num esporângio
germinal que se fragmenta endogenamente formando um grande
número de meiósporos como mostra o esquema a seguir:
84

Ciclo de vida das Zygomycetes

Fig 6: Ciclo de vida das Zygomycetes

Classe das Ascomycetes

Correspondem ao grupo de fungos mais numerosos.A maioria dos


Ascomicetes realiza decomposição de matéria orgânica, mas alguns
podem parasitar os vegetais. É o caso do Claviceps purpurea que
causa uma patologia vegetal conhecida como o "esporão do
centeio". Este fungo produz um alcalóide tóxico denominado
ergotamina. Quem consumir o centeio com o fungo sofrerá uma
intoxicação denominada ergotismo. Pode surgir gangrena,
espasmos nervosos, ilusões psicóticas, convulsões e até mesmo a
morte. A ergotamina é a matéria-prima inicial para a síntese do
poderossíssimo alucinógeno conhecido como LSD ou Dietilamida
do Ácido Lisérgico. O género Saccharomyces e muitas das suas
Ensino à Distância 85

variedades são utilizados na fabricação de pães, cervejas, vinhos e


álcool etílico comercial. Espécies do género Aspergillus são usadas
na fabricação do sakê e do molho de soja shoyu. O Penicillium
roquefortti e o Penicillium camembertii são empregados na
fabricação de queijos que levam seus nomes.

Esta classe caracteriza-se por apresentarem o asco, uma estrutura


resultante da reprodução sexuada. No interior do asco, existem os
ascosporângios, onde são produzidos os esporos (ascósporos).
Portanto, realizam tanto a reprodução sexuada, como assexuada.
No entanto, também podem realizar a metagênese ou alternância de
gerações (veja o esquema a seguir):

Cico de vida de um Ascomycete

Classe das Basidiomycete


Fig. 7: Cico de vida de um Ascomycete
Correspondem aos fungos conhecidos como cogumelos. São
considerados os fungos mais evoluídos (cogumelos). Podem ser
86

encontrados em troncos de árvores, solos húmidos, sobre plantas e


outras matérias orgânicas.

Os basidiomicetes caracterizam-se por apresentarem os basídios,


que são estruturas reprodutivas responsáveis pela produção dos
esporos denominados basidiósporos. Os basídios podem se agrupar
em um corpo de frutificação, constituindo o basidiocarpo
conhecido como cogumelo, como mostra a figura a seguir:

Fig.7: Estrutura dos Basidiomycetes

As basidiomicetes produzem toxinas e alcalóides poderosos. É o


caso dos géneros Psilocybe sp., Conocybe sp., Amanita sp. e outros.
Muitas espécies de basidiomicetes são comestíveis, como o
Agaricus campestris conhecido como cogumelo.

Classe das Deuteromicetes

Esta é uma classe criada para reunir os chamados fungos


imperfeitos, cujos estágios de reprodução sexuada ainda não são
conhecidos, apenas a reprodução assexuada por esporos. Vários
fungos que anteriormente estavam enquadrados nesta classe foram
reclassificados como Ascomicetos ou ficomicetos quando se
descobriram os seus estágios de reprodução sexuada.
Ensino à Distância 87

Fig 8: Agaricus campestris

Os Deuteromicetes estão presentes nos mais variados ambientes,


sendo que algumas das espécies de cogumelos são parasitas e
causadoras de doenças, inclusive no Homem. O Trycophyton sp. é
um deuteromiceto causador da micose conhecida como frieira ou
pé-de-atleta. O fungo Candida albicans é o causador do sapinho da
língua e da vulvovaginite, conhecida como monilíase ou
candidíase.

Lichenes

Os liquenes resultam da associação entre algas unicelulares (azuis


ou verdes) e fungos (principalmente ascomicetes). Nessa
interacção, as algas constituem os elementos produtores, isto é,
sintetizam matéria orgânica e fornecem para os fungos parte do
alimento produzido; estes, com suas hifas, envolvem e protegem as
algas contra a desidratação, além de lhes fornecer água e sais
minerais que retiram do substrato.
88

Denomina-se mutualismo à interacção biológica onde as duas


espécies são beneficiadas, como as algas e os fungos que
constituem o líquen. Os líquenes são usados como indicadores
Biológicos da pureza do ar. Isto é, um ambiente em que há
abundância dos líquenes possui ar relativamente puro. A figura a
seguir mostra um exemplo de líquenes existentes na estação
Biológica da Pedagógica Universidade em Bengueluene, no
Distrito de Marracuene em Maputo:

Fig 9: Um tronco contendo líquenes de vários tipos


Ensino à Distância 89

Sumário
O nível de desenvolvimento Myxobionta é constituído por
organismos de aspecto gelatinoso encontrados em lugares húmidos
e sombrios, como o chão de florestas, sobre troncos e folhas em
decomposição. As principais divisões que o constituem são:
Acrasiomycota, formada por amebas que se agregam formando
originando plasmódios ou pseudoplasmódios; Myxomicota que
apresenta plasmódios que se originam por fusão de mixoflagelados
ou mixamebas que em certa fase do seu ciclo de vida apresentam a
parede celular com galatosamina.

Esta divisão apresenta 3 classes: Myxomycetes, Protosteliomycetes


e abyrinthulomycetes; Plasmodiophoromycota que difere das
outras divisões pela particularidade na divisão do núcleo.
Pressupõe-se que os indivíduos dessa divisão sejam descendentes
de Myxomycetes endoparasitas. O nível de desenvolvimento
Mycobionta apresenta fungos que são organismos eucariotas,
heterotróficos e, em sua maioria, multicelulares. Este nível de
desenvolvimento apresenta as seguintes divisões: Oomycota,
fungos que apresentam celulose na parede celular (ex: Saprolegnia
parasitica) que decompõem principalmente insectos mortos;
Eumycota, adaptados a vida fora da água, apresentam um flagelo
liso.
90

Exercícios
1. Os Mycobionta são considerados organismos com
características transitórias entre plantas e animais.
Fundamente esta afirmação.
Auto-avaliação

2. Fale da importância ecológica e económica dos fungos.

3. O que são Líquenes?

4. Fale da importância dos líquenes.

Chave de Correção
P1 – apresentam características vegetais (celulose nas paredes das
suas células) e animais (quitina, ntrição saprófita e não realizam
fotossíntese);

P2 – parasitam muitos organismos, causam doenças ao homem, são


usados na fermentação de Bebidas alcoolicas;

P3 – associação de fungos e algas;

P4 – são indicadores biológicos da pureza do ar.

Meiósporos – esporos que se formam na base de processos


meióticos.

Zigósporo – esporos cuja fase nucleosídica é diplóide (2n).


Terminologia
Gametangiogamia – processo de fusão de gametângios durante a
reprodução durante a reprodução sexuada dos fungos da classe das
Zygomycetes (fungos do pão).
Ensino à Distância 91

Lição nº4

O estudo das Algas

Introdução
Na lição anterior você estudou os Myxobionta, organismos cuja
estrutura se assemelha aos fungos, depois destes, você estudou os
Mycobionta que são organismos conhecidos como fungos. Nesta
lição você irá aprender que o grupo de plantas designado algas não
é uma categoria taxonómica, mas sim, o termo alga significa
organismos aquáticos. Você poderá fazer este estudo tendo em
conta as formas de organização das algas e tomando em
consideração as diferentes divisões a que se enquadram as algas
tais como: Euglenophyta, Haptophyta, Criptophyta, Dinophyta,
Crisophyta, Cianófitas, Rhodophyta, Chlorophyta. Este estudo irá
incluir as características ecológicas das algas. Para uma melhor
compreensão você deve lembrar-se das características morfológicas
e da taxonomia das algas estudadas na 11ª classe.

Ao completar esta Lição, você será capaz de:

• Classificar as algas de acordo com as suas diferentes


Objectivos específicos categorias taxonómicas;

• Descrever as características dos diferentes grupos


taxonómicos das algas;

• Indicar a importância ecológica e económica das algas.


92

Constituem um grupo bastante heterogéneo, as algas podem ser


unicelulares ou pluricelulares, microscópicas ou macroscópicas e
de coloração bastante variável. São encontradas em vários tipos de
ambientes: ocorrem em lagos, rios, solos húmidos, casca de árvores
e principalmente nos oceanos. Daí o nome alga, palavra que vem
do latim e significa "planta marinha".

Formas de organização das algas

A maior parte das algas são seres unicelulares, vivendo livres na


água e movendo-se com o auxílio de flagelos ou por movimento
amebóide. Algumas espécies não têm movimento próprio e
ocorrem no meio ambiente quer na forma cocóide (de coccus, o
tipo mais simples de bactéria), quer na forma capsóide, cobertas de
mucilagem.

Divisão Euglenophyta

Os organismos da divisão Euglenophyta (euglenofíceas) são


eucariotas, dotados de um núcleo mesocariótico, apresentam
clorofila a e b, xantofilas e carotenos como pigmentos. Não
possuem parede celular, porém apresentam uma película protéica
organizada em forma de espiral em volta do citoplasma. São
dotadas de um ou dois flagelos que auxiliam na locomoção e
alimentação. A película da membrana plasmática auxilia na
locomoção em ambientes onde o movimento dos flagelos é
dificultado.

Divisão Haptophyta

Esta divisão apresenta predominantemente organismos unicelulares


em que a maioria das espécies vive no planton marinho.
Ensino à Distância 93

Divisão Criptophyta

Os representantes desta divisão são flagelados (com poucas


excepções das ordens Capsales e Tricales). Apresentam talos
filamentosos e células assimétricas.

Divisão Dinophyta

São algas unicelulares, geralmente marinhas e dotadas de dois


flagelos desiguais. Assim como as diatomáceas, as pirrofíceas
constituem importantes componentes de fitoplâncton.

Divisão Crisophyta

São representadas principalmente pelas diatomáceas, algas


unicelulares portadoras de uma carapaça silicosa denominada
frústula. Os restos da parede celular das diatomáceas, rica em
silício, depositam-se no fundo dos mares e, com o tempo, formam
um material denominado terra de diatomácea ou diatomito, que é
explorado comercialmente.

Divisão Rhodophyta

Estas algas são predominantemente multicelulares e também


podem atingir dimensões consideráveis. É comum o seu talo
apresentar diversas ramificações, sendo que a sua base é
diferenciada e presa a algum substrato por estruturas de fixação.

Divisão Chlorophyta

As clorófitas tanto podem possuir estrutura unicelular como


multicelular. Os talos das clorófitas multicelulares apresentam uma
organização relativamente complexa.

Divisão Cianófitas

As cianofíceas ou algas azuis são como todos os moneras, seres de


estrutura celular procarionte. Apresentam uma organização
semelhante à das bactérias. Podem ser individuais ou formar
94

colónias (ver formas de organização das algas, 11ª classe)


filamentosas de até um metro de comprimento, como a Anabaena e
Nostoc.

Ciclo de vida das Cianófitas

A estrutura do ciclo de vida das cianofíceas a exemplo das


Chlamydomonas apresenta todas as estruturas haplóides durante a
reprodução assexuadas, as meioses sucedem a fase do zigoto que é
diplóide no ciclo. O esquema a seguir ilustra melhor o ciclo de vida
em referência que apresenta uma alternância de nucleofases:

Características ecológicas das algas

Além da contribuição no que se refere à renovação do oxigênio


atmosférico, sustentar a vida aquática e a formação de nuvens e
chuvas, as algas são úteis ao homem de diversas outras maneiras.
As algas podem ser utilizadas em pesquisas científicas e
empregadas como excelentes meios de cultura de microrganismos,
como fertilizantes devido ao seu elevado teor nutritivo ou como
racção para animais, fornecem matérias-primas interessantes e
empregadas na medicina para a produção de fármacos.

Sumário
As diferentes divisões a que se enquadram as algas são:
Euglenophyta, Haptophyta, Criptophyta, Dinophyta, Crisophyta,
Cianófitas, Rhodophyta, Chlorophyta. Este estudo irá incluir as
características ecológicas das algas.

A maior parte das algas são seres unicelulares, vivendo livres na


água e movendo-se com o auxílio de flagelos ou por movimento
amebóide.
Ensino à Distância 95

As cianofíceas ou algas azuis são como todos os moneras, seres de


estrutura celular procarionte. Apresentam uma organização
semelhante à das bactérias.

A estrutura do ciclo de vida das cianofíceas a exemplo das


Chlamydomonas apresenta todas as estruturas haplóides durante a
reprodução assexuadas, as meioses sucedem a fase do zigoto que é
diplóide no ciclo.

As algas podem ser utilizadas em pesquisas científicas e


empregadas como excelentes meios de cultura de microrganismos,
como fertilizantes devido ao seu elevado teor nutritivo

Exercícios
1. As algas apresentam nos seus ciclos de vida processos de
alternância de geração e de nucleofases.

Auto-avaliação a) Diferencie os conceitos sublinhados em 1.

2. As cianofíceas são procaryontes. Do ponto de vista


estrutural, as suas células demonstram a ausência de:

• Polissomas

• Membrana celular

• Inclusões celulares

• Parede celular

Chave de Correção
P1 – a) Ver glossário

P2 – Demostram a ausência de membrana celular


96

Alternância de gerações – chama-se alternância de gerações ao


ciclo de vida de muitas plantas e algas que apresentam duas formas
multicelulares diferentes para a fase haplóide, o gametófito, e para
Terminologia a fase diplóide, o esporófito

Movimento amebóide - São os movimentos responsáveis pelo


deslocamento de células isoladas, como as amebas e os glóbulos
brancos dos mamíferos. Nas amebas, o hialoplasma superficial tem
consistência de gel (gel cortical).

Talófitas - são as plantas com forma de talo, que não têm folha,
caule e raiz.No lugar apresenta, filoide, cauloide e rizoide, que são
estruturas semelhantes.
Ensino à Distância 97

Unidade III

Embryobionta – Briófitas e
plantas vasculares

Introdução
As Briófitas tal como as Pteridófitas são as primeiras plantas
vasculares e estão num nível evolutivo mais elevado que o das
algas, mas inferior que o das espermatófitas. O nível evolutivo das
briófitas e pteridófitas compreendem os gametângios pluricelulares
com uma camada externa de células estéreis, a retenção permanente
do zigoto no interior do gametângio feminino, a retenção do
esporófito sobre o gametófito, pelo menos durante as primeiras
fases do desenvolvsimento. Os caracteres que traduzem nível mais
elevado dos espermatófitos, em relação às briófitas e pteridófitas,
compreendem o movimento dos gâmetas masculinos através de
uma comunicação tubular entre os gâmetas masculinos e
femininos, a retenção permanente do gametófito feminino no
interior dos tecidos do esporófito, a formação de semente e a
paragem temporária do crescimento em certa fase do
desenvolvimento do esporófito embrionário. É nesse contexto que
no presente capítulo você vai estudar

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

• Distinguir os diferentes níveis de desenvolvimento dos


Objectivos gerais organismos vegetais;

• Identificar os aspectos evolutivos das briófitas e


Pteridófitas.
98

Lição nº 1

Divisão Bryophyta

Introdução
Nesta lição, você poderá aprender a sistematizar e a classificar os
Brryophyta. Os Bryophyta são organismos mais conhecidos por
musgos e o seu estudo irá basear-se nas classes Hepaticae ou classe
das Hepáticas e Anthocerotae ou dos Antóceros. Para uma melhor
percepção deste conteúdo você deverá ler a sobre a sistemática e
características dos musgos estudados nas classes anteriores (6ª e
11ª classes).

Ao completar a Lição, você será capaz de:

• Descrever os Briófitas e indicar os seus estágios do ciclo de


vida;

Objectivos
• Discutir a importância ecológica dos musgos;

• Explicar a adaptação dos musgos à vida terrestre.

• Descrever os Pteridopyta e indicar os seus estágios do ciclo


de vida;

• Discutir a importância ecológica dos Pteridopyta;

• Explicar a adaptação dos fectos à vida terrestre.

Os Bryophyta

Os musgos são frequentemente abundantes em áreas relativamente


húmidas, em que uma variedade de espécies e grande número de
Ensino à Distância 99

indivíduos podem ser encontrados. Como os líquenes, os musgos


são sensíveis à poluição do ar, especialmente ao dióxido de enxofre,
e em áreas altamente poluídas estão geralmente ausentes ou são
representados por somente poucas espécies. Algumas espécies de
musgos são encontradas nos desertos e alguns formam extensos
tapetes secos sobre rochas expostas, onde a temperatura pode ser
muito alta. Vários musgos podem estar vivos por anos na condição
seca, reiniciando o crescimento imediatamente se molhados; outros
musgos são aquáticos e morrem dentro de um dia ou pouco mais se
deixados em condição seca. Algumas espécies adaptadas são
encontrados no litoral, em rochas respingadas pelas ondas do mar,
submetidas a uma condição de alta salinidade, embora nenhuma seja
verdadeiramente marinha. É nesse contexto que você deverá estudar
as Divisões Bryophyta e Pteridopyta tendo em conta as suas
características e os seus ciclos de vida.

Classe Hepaticae

Classe Hepaticae – O nome “fígado” data do século IX, quando se


pensava que, pelo fato de o contorno do gametófito em alguns
géneros ter a forma de um fígado, essas plantas poderiam ser usadas
no tratamento de doenças hepáticas. Pelo fato de não possuírem,
tecido condutor especializado, cutícula e estômatos, as hepáticas são
as mais simples de todas as plantas vivas. Como em outros grupos
de plantas primitivas, o anterozóide de hepáticas frequentemente
nada para as vizinhanças do arquegônio através de uma película
contínua de água. Seguindo a fecundação, os zigotos desenvolvem-
se em esporófitos, geralmente menos complexos que nos musgos.

Os esporângios, ou cápsula, exibem diversos mecanismos para a


liberação dos esporos. A maioria dos gametófitos de hepáticas
desenvolve-se diretamente dos esporos, mas alguns géneros formam
um filamento de primeiras células, das quais desenvolvem
gametófitos maduros. Em alguns grupos de hepáticas, os
100

gametófitos são talos dorsiventrais achatados (talo é um termo usado


para diferenciar o corpo da planta).

Os gametófitos de plantas talosas crescem atravéz do alongamento


do meristema apical. Os gametófitos da maioria das hepáticas são
folhosos. Eles crescem de uma célula apical simples que lembra uma
pirâmide invertida com a base os três lados. As células filhas são
divididas dos lados dessa célula simples. Os rizóides de hepáticas
são células simples unicelulares, diferentes daquelas de musgos, que
são pluricelulares.

Hepáticas Talosas são encontradas em barrancos húmidos,


sombreados, e em outros habitats apropriados, tais como estufas.
Uma das hepáticas mais conhecidas é a Marchantia, género terrestre
cosmopolita que cresce em solos e rochas úmidas. Seus gametófitos,
com ramificações dicotômicas, têm geralmente um a poucos
centímetros de comprimento, seus gametângios são restritos a
estruturas chamadas: gametóforos. Os anterídios nascem nas hastes
com cabeça em forma de disco chamadas anteridióforos, enquanto
os arquegônios nascem nas hastes com cabeça em forma de guarda-
chuva chamadas arquegonióforos. Nesse género, a geração
esporofítica consiste em um pé, uma seta curta, ou haste, e uma
cápsula, ou esporogônio.

A fragmentação é a principal característica da reprodução assexuada


em hepáticas, outra característica comum de reprodução assexuada
nas hepáticas e musgos é a produção de gemas - corpos
multicelulares que dão origem a um novo gametófito.

Hepáticas folhosas são encontradas em regiões com muita humidade


e, geralmente, são bem ramificadas e formam pequenos
emaranhados. Os filídios de hepáticas são frequentemente bilobados,
e cada lobo cresce a partir de dois pontos apicais distintos, em
Frullania, a hepática comum que cresce em casca de árvores, os
filídios possuem um lobo dorsal largo e um pequeno lobo ventral,
Ensino à Distância 101

em forma de capacete ou saco.

Os anterídios formam uma protuberância em forma de pacote, o


androécio, que se desenvolve na parte inferior do filóide modificado.
O desenvolvimento do esporófito, bem como o arquegónio, é
rodeado pela bainha tubular, o perianto.

Classe Anthocerotae

Classe Anthocerotae (Antóceros) têm gametófitos diferenciados


dorsiventralmente, forma externa simples e homogeneidade interna.
Os gametângios mergulham no gametófito, o feminino deriva de
células superficiais e os masculinos de células hipodérmicas da face
dorsal do talo. O esporófito está diferenciado em cápsula e pé. A
parte basal da cápsula é meristemática e contribui continuamente
para o seu alongamento. O tecido esporogênico de uma cápsula
deriva da camada superficial do embrião e rodeia uma columela.
Cada célula de antóceros geralmente tem apenas um grande
cloroplasto, como em várias algas, enquanto que numerosos
cloroplastos pequenos foram encontrados nas células de outras
plantas. Cada cloroplasto contém um pirenóide, fazendo lembrar
algas verdes. Outro caráter é a presença de estômatos, que
aparentemente permanecem abertos durante mais tempo no
desenvolvimento dos organismos, é uma característica que os
antóceros dividem com todas as outras plantas, excepto as hepáticas.

Os musgos têm um gametófito com uma fase transitória prostrada


(protonema) provida de ramos eretos e sexuados que prosseguem o
crescimento como plantas independentes, depois do
desaparecimento do protonema. Os ramos sexuados estão
diferenciados em caulóide e filídios, dispostos com simetria radiada,
e os gametângios provêm de células superficiais da extremidade
superior do caulóide.

O crescimento do esporófito é sempre determinado e este pode ser


composto de pé e cápsula ou formado por pé, seta e cápsula. O
tecido esporogênico de uma cápsula pode originar-se do endotécio
102

ou do anfitício do embrião, mas em qualquer dos casos envolve a


columela (massa de tecido estéril que forma na cápsula dos musgos
uma como coluna central).

Ciclo de vida

Em seu ciclo de vida, os esporos são produzidos na cápsula, que se


abre quando o opérculo cai. O esporo haplóide germina, formando
um protonema filamentoso emaranhado, do qual se desenvolve um
gametófito folhoso.

Anterozóides são produzidos no anterídeo maduro e alcançam um


arquegónio, sendo atraídos quimicamente para o canal do pescoço.
Dentro do arquegônio, um dos anterozóides funde-se com a oosfera
produzindo o zigoto. O zigoto divide-se mitoticamente formando o
esporófito; ao mesmo tempo, o ventre do arquegónio se divide
formando a caliptra. O esporófito consiste em uma cápsula
(esporogónio), que é geralmente levantada pela seta (também parte
do esporófito), e em um pé, através do qual circula o alimento do
gametófito. Ocorre meiose dentro da cápsula, resultando na
formação de esporos haplóides. O musgo mostrado aqui é uma
espécie do género Polytrichum.
Ensino à Distância 103

Fig 10: Ciclo de vida de um Musgo

Divisão Pteridopyta

Características gerais dos Pteridopyta

Grande maioria das plantas vasculares é terrestre mas algumas


podem viver em zonas húmidas. Estas plantas, apresentam elevada
diferenciação tecidular, originando órgãos como caules, raízes e
folhas. Os tecidos vasculares transportam água e alimento a toda
planta.

Apresentam importantes adaptações ao meio terrestre:

Cutícula – cobertura cerosa das folhas e alguns caules, impede a


excessiva perda de água;

Estomas – aberturas na superfície corporal por onde se realizam as


trocas gasosas, que podem ser reguladas, evitando a excessiva perda
de água;

Raízes verdadeiras – estruturas especialmente adaptadas á fixação


e recolha de água e nutrientes do solo;
104

Caules com lenhina e folhas verdadeiras – órgãos aéreos com


elevada resistência, o que permite maior tamanho e grande
superfície fotossintética;

Vasos condutores - tecidos de transporte especializados em


deslocar seiva bruta e elaborada a grandes distâncias;

Estruturas estéreis de protecção aos gâmetas;

Esporos e sementes resistentes.

Quando se considera o reino vegetal na ordem descendente da


complexidade dos seus componentes, as pteridófitas constituem o
primeiro grupo das plantas que não produzem flores: criptógamas.
As samambaias e avencas pertencem a este grupo.

Todas possuem um sistema condutor constituído porvasos lenhoso e


os liberianos, por onde a seiva bruta, contendo água e sais e seiva
elaborada, rica principalmente em açúcares que são dissolvidos em
água e são conduzidos. Tal sistema permite grande velocidade no
transporte substâncias dentro da planta.

É especialmente importante que haja a possibilidade de transporte


rápido de água, a fim de reabastecer a copa, que a perde por
transpiração. Foi por esse motivo que o abandono definitivo do meio
aquático e a conquista do meio terrestre pelas plantas só foi possível
quando se diferenciaram as pteridófitas, durante a evolução. Em
plantas inferiores, as criptógamas avasculares briófitas e talófitas,
não se encontram vasos condutores e o transporte de água se faz por
correntes osmóticas. Este mecanismo é muito lento e não permite
grande crescimento para estas plantas. Elas dependem de água
próxima da copa e só podem viver em lugares com uma cobertura
líquida permanente ou temporária.
Ensino à Distância 105

A classe Filicíneas

As Filicíneas são, em geral, terrestres ou epífitas. Algumas são


aquáticas. O seu caule é um rizoma que se desenvolve
subterraneamente, próximo à superfície, ou, nas formas epifíticas,
sobre o tronco de uma planta hospedeira. Desse rizoma partem
folhas penadas; em outros casos, a lâmina foliar é indivisa, as folhas
novas apresentam-se enroladas, recebendo o nome de báculo. Essas
folhas, em geral, têm crescimento limitado, como as demais plantas.
Porem, nas “samambaias de metro” o crescimento da região apical
da folha é de maior duração, permitindo-lhe atingir grandes
dimensões. O crescimento é indeterminado na folha de Lygodium
volubile, frequente em matas brasileiras. Seus folíolos dispostos
alternadamente ao longo da nervura principal, dão-lhe o aspecto de
um ramo caulinar. A semelhança é acentuada por se tratar de uma
folha volúvel, capaz de subir por suportes, neles se enrolando como
os caules de muitas trepadeiras. Do rizoma, na face oposta àquela da
qual partem as folhas, isto é, na inferior, nascem raízes que penetram
no solo ou se emaranham na casca da hospedeira. Servem para
fixação e absorção.

Algumas samambaias formam um caule aéreo que pode, com o


correr dos anos, desenvolver-se muito, chegando a constituir um
tronco resistente como nas samambaiaçus, cuja casca mostra com
grande nitidez as cicatrizes deixadas pelas folhas ao caírem. Na base
do tronco, se encontra uma trama de raízes adventícias que se
avolumam e aumentam em número, formando o que se conhece
vulgarmente como xaxim. Na ordem feicales tem-se o representante
mais conhecido que é o Polipódium sp.
106

Figura 11: Polypodium sp.

Chegando o momento da reprodução, essas plantas produzem


esporos no interior de pequenas vesículas, os esporângios. Estes se
reúnem em grupo chamados soros, que podem se distribuir de
diferentes modos e assumir diversos formatos e dimensões.
Frequentemente estão na face interior da folha nos dois lados das
nervuras principais; em outros casos acompanham os bordos da
folha. Os soros são às vezes revestidos por uma membrana - indúsio
- que cai quando se completa a maturação dos esporos. O indúsio
pode se ligar aos tecidos superficiais da folha que o formam, pela
região central ou de maneira excêntrica. Em casos especiais, como o
da Davallia, os esporângios ficam em pequenos bolsos formados nos
bordos da folha, em conexão com ramificações do sistema de
nervuras. Quando os esporos estão maduros, são disseminados pelo
vento, após a abertura dos esporângios. Ao germinarem, formam
pequenas lâminas, aproximadamente cordiformes, clorofiladas,
capazes de realizar a fotossíntese. São visíveis a olho nu e podem
atingir 1 cm de diâmetro. Em sua face inferior, aparecem rizóides
que as fixam ao substrato de onde retiram água e sais. Recebem elas
o nome de prótalos. Ainda na face inferior os prótalos desenvolvem
os elementos reprodutores masculinos e femininos. Uma vez
Ensino à Distância 107

realizada a fecundação, pelo encontro desses elementos, desenvolve-


se, presa ao prótalo, um pequeno esporófito que utiliza o próprio
prótalo para nutrir-se e que, pouco a pouco, cresce, forma raízes
próprias e folhas independentes. Em todos esses exemplos os
esporos desenvolvem-se em folhas assimiladoras. Já foi
mencionado, ao se estudar a morfologia da folha, o caso de
Filicíneas que desenvolvem esporos em folhas especiais, os
esporofilos, diferentes, morfologicamente, das folhas: os trofófilos.
Nem todas as Filicíneas são terrestres ou epifíticas. Conhecem-se
espécies aquáticas. É o caso, por exemplo, da Salvinia sp. Além das
folhas opostas, recobertas de pêlos, formando pares ao longo do
caule pouco desenvolvido, vê-se folhas submersas muito longas;
entre elas, próximo ao seu ponto de inserção no caule, se encontram
os elementos de reprodução; nos esporocarpos há esporos de dois
tipos que darão, uns, prótalos femininos, outros, prótalos masculinos
(dióicas).

Classe das Equissetíneas

As equissetíneas abrangem várias espécies de um único género:


Equissetum sp., vulgarmente chamado de “cavalinha”. Esta planta
tem o caule nitidamente dividido em nós e entrenós. Dos primeiros,
partem os ramos, que se dispõem de modo verticilado. Nascem em
axilas de folhas escamiformes que se soldam ao redor do caule,
recobrindo-o em pequena extensão acima do nó. Sulcos
longitudinais percorrem o caule em toda a extensão. Este e seus
ramos são clorofilados e podem fazer fotossíntese. Forte
impregnação de sílica torna a sua superfície resistente e áspera. Ele
provém de um rizoma que se desenvolve próximo à superfície do
solo e de cujos nós nascem raízes normais e tubérculos.

Para reprodução, formam na extremidade de certos ramos, pequenas


espigas constituídas por numerosos esporofilos.
108

Classe das licopodíneas

As licopodíneas constituem um grupo com um número maior de


representantes atuais. Entre eles figuram Lycopodium e Selaginella.

No Lycopodium, ao redor do caule pouco desenvolvido e


ramificado, envolvendo-o quase totalmente, dispõem-se numerosas
folhas, reduzidas quase a filamentos. Em certas partes o caule forma
raízes que crescem em direção ao solo, onde penetram e se
ramificam. Ramos terminais do caule se adelgaçam e produzem, na
parte apical, pequenas espigas constituídas por numerosos
esporófilos, cada qual transportando, na face interna basal, um
esporângio.

Nem sempre a plantinha de Lycopodium têm o aspecto descrito. No


Lycopodium taxifolium, por exemplo, as folhas muito menos
numerosas têm desenvolvimento bem pronunciado e estão dispostas
de maneira alternada nos eixos cauliniares. As folhas terminais
transportam, cada qual, um esporângio. Finalmente, nas
Selaginellas, as folhas, em geral muito reduzidas, dispõem-se num
só num plano, ao longo dos cauliniares. Aglomerados de esporofilos,
cada qual com seu esporângio, como em Lycopodium, constituem
elementos de reprodução.

Tanto nas Licopodíneas como nas Equisetíneas os esporos libertados


germinam, formando prótalos. Estes diferem dos prótalos das
Filicíneas por serem microscópicos. Enquanto na maioria das
Filicíneas os prótalos formam elementos masculinos e femininos, o
que ocorre também em Lycopodíum, em Selaginella e em
Equissetum, certos prótalos formam somente elementos masculinos
e, outros, só femininos. Em todas as pteridófitas, após haver
fecundação, o zigoto germina e produz uma nova planta, igual à de
origem.
Ensino à Distância 109

Ciclo de vida

Ciclo de vida de Polypodium (Ordem Filicales), uma samambaia


leptosporangiata.
Os esporos são produzidos nos esporófilos (folhas que produzem
esporos) que se encontram em criptas por meiose e depois são
dispersos. Os gametófito são verdes (clorofilados) e com nutrição
independente (autotrófos) na maioria das espécies.

Muitos possuem somente uma camada de células de espessura e são


aproximadamente cordiformes com uma reentrância apical; outros
são mais espessos e podem ser mais irregulares na forma. Da
superfície inferior do gametófito, filamentos celulares especializado,
conhecidos como rizóides, estendem-se em direção ao substrato.

A superfície inferior do gametófito origina arquegónios em forma de


garrafa, cujas porções inferiores mais alargadas estão submersas no
tecido do gametófito. Os colos dos arquegónios são compostos por
várias fileiras de células. Os anterídios são também originados na
superfície inferior do gametófito e têm uma camada protetora estéril.
Numerosos anterozóides espiralados e multiflagelados são
produzidos dentro dos anterídios. Quando o anterozóide está maduro
e há um suprimento adequado de água, os anterídios rompem-se
liberando os anterozóides, que nadam até o colo do arquegónio.

Na porção inferior do arquegónio, a oosfera (óvulo presente no


ovário das plantas) é fecundada e o zigoto resultante começa a
dividir-se imediatamente. O embrião jovem cresce e diferencia-se
diretamente em um esporófito adulto, obtendo a sua nutrição a partir
do gametófito por um tempo, mas logo adquire um nível de
fotossíntese suficiente para manter a si próprio. Após o esporófito
enraizar-se no solo, o gametófito desintegra-se.
110

Figura 12: ciclo de vida do Polypodium sp. (Ordem Filicales)

Sumário
Vários musgos podem estar vivos por anos na condição seca,
reiniciando o crescimento imediatamente se molhados; outros
musgos são aquáticos e morrem dentro de um dia ou pouco mais se
deixados em condição seca. Algumas espécies adaptadas são
encontrados no litoral, em rochas respingadas pelas ondas do mar,
submetidas a uma condição de alta salinidade, embora nenhuma
seja verdadeiramente marinha. Esta divisão apresenta as classes
Hepaticae ou classe das Hepáticas e Anthocerotae ou classe dos
Antóceros.

As pteridófitas, as plantas mais evoluídas em relação as Briófitas,


apresentam elevada diferenciação tecidular, originando órgãos
como caules, raízes e folhas. Os tecidos vasculares transportam
água e nutrientes para toda planta.
Ensino à Distância 111

Apresentam importantes adaptações ao meio terrestre tais como:


Cutícula, Estomas, Raízes verdadeiras, Vasos condutores. As
Pteridófitas mais conhecidos são os fectos e compreendem as
seguintes classes: Filicíneas, Equissetíneas e Licopodíneas.

Exercícios
1. Discuta o processo de evolução das Briófitas para a vida
terrestre;

Auto-avaliação 2. Fale da importância ecológica e económica (utilidade para o


Homem) dos musgos.

3. Esboce um esquema que representa o ciclo de vida do


Polipodium sp.

Chave de Correção
P1 – As Briófitas representam a fase transitória entre a vida na
água e na terra dentro do reino Plantae pois a sua reprodução
depende em parte da água.
P2 – Os musgos podem ser usados na agricultura como
protectores dos solos contra estiagem ou seja quando cultivados
podem formar um tapete que pode evitar a evaporação da água
no solo.
P3 – Oriente-se com o texto sobre o ciclo de vida das
Pteridófitas
112

Gametófito – a fase haplóide das plantas cujo ciclo de vida


apresenta alternância de gerações. O gametófito produz gametas
que dão origem ao esporófito.
Terminologia
Esporófito – a fase diplóide das plantas cujo ciclo de vida
apresenta alternância de gerações. O esporófito produz esporângios
onde, por meiose, se formam esporos haplóides que dão origem ao
gametófito.

Indivíduo dióico – apresenta sexos separados; os machos


produzem espermatozóides e as fêmeas produzem óvulos. O termo
"dióico" provém do prefixo grego di (dois) e da palavra grega
oikos, que significa "casa". Assim, dióico se refere a dois
indivíduos, um para cada sexo.

Indivíduo monóico – ou hermafroditas, em que um mesmo


indivíduo produz tanto gametas masculinos quanto femininos. O
termo "monóico" (do grego mono) refere-se a um indivíduo para os
dois sexos. Hermes e Afrodite, que personificam, respectivamente,
os sexos masculino e feminino.
Ensino à Distância 113

Unidade IV

Sistemática e características
das traqueófitas

Introdução
As Traqueófitas ou plantas vasculares, contém a maior parte das
plantas frequentemente utilizadas nas práticas Medicinais de vários
povos. Esta particularidade torna indispensável um
direccionamento especial de pesquisas botânicas, sobretudo
etnobotânicas para esse grupo de plantas.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

• Indicar as caracteristicas das traqueófitas

• Nomeiar correctamente as plantas que pertencem ao grupo


Objectivos gerais
das traqueófitas

• Enquadrar do ponto de vista Taxonómico as plantas de mais


conhecidas
114

Lição nº 1

Características gerais das


traqueófitas

Introdução
Introdução

As traquófitas representam um grupo muito vasto, elas apresentam


características muito variadas de acordo com a linhagem evolutiva
a que pertencem. Nesta lição você poderá conhecer as
caracteracteristicas das plantas, sua utilidade, a sua nomenclatura
científica e vernacular.

Ao completar a Lição, você será capaz de:

 Indicar as caracteracteristicas das traqueófitas

Objectivos  Indicar a utilidade das plantas do grupo das traqueófitas mais comuns

 Nomear cientificamente as plantas

Características gerais das Traqueófitas

A esta divisão pertencem as plantas vasculares. A sua grande


maioria é terrestre mas algumas podem vivem em zonas alagadas.
Estas plantas, as mais evoluídas na Terra, apresentam elevada
diferenciação tecidular, originando órgãos como caules, raízes e
folhas. Os tecidos vasculares transportam água e alimento para toda
a planta. Apresentam importantes adaptações ao meio terrestre:

• cutícula – cobertura cerosa das folhas e alguns caules,


impede a excessiva perda de água;
Ensino à Distância 115

• estomas – aberturas na superfície corporal por onde se


realizam as trocas gasosas, que podem ser reguladas,
evitando a excessiva perda de água;
• raízes verdadeiras – estruturas especialmente adaptadas à
fixação e recolha de água e nutrientes do solo;
• caules com lenhina e folhas verdadeiras – órgãos aéreos
com elevada resistência, o que permite maior tamanho e
grande superfície fotossintética;
• vasos condutores - tecidos de transporte especializados em
deslocar seiva bruta e elaborada a grandes distâncias;
estruturas estéreis de protecção aos gâmetas; esporos e
sementes resistentes.

Fazem parte deste grupo as criptógamas (plantas sem flor)


vasculares e as fanerógamas (plantas com flor). As Criptógamas
vasculares são reunidas em quatro grupos distintos:

Divisão Pterophyta ou Pteridophyta (do grego pteras, asa) são


assim chamadas por apresentarem folhas recortadas, que se
parecem penas ou asas . Os representantes mais conhecidos são o
Polipódio e as Avencas. Contém 4 classes:

Classe Psilophytatae – não tem folhas, as formações epidérmicas


são escamosas, são plantas com ramificações dicotómicas (teloma)
e esporângios terminais. Ex : Rhynia+, Psilotum
Classe Lycopodiatae – as folhas são pequenas (micrófilos),
geralmente com ligulas, alternadas. Esporângios únicos sobre as
folhas (epífilas), raiz e caule com ramificação dicotómica Ex :
Lycopodium, Selaginella .
Classe Equisetatae – micrófilos lanceolado-dicotómicos ou
reduzidos. Esporângios na página inferior dos esporangióforos. Ex :
Equisetum telmateia, Hyenia.
Filicatae – folhas grandes (megáfilos), peniformes, alternadas,
esporângios em grandes quantidades nas margens ou na página
inferior da folha .Ex : Pteridium, Polypodium e Dryopteris.
116

As plantas mais antigas deste grupo, existiram hà cerca de 400


milhões de anos, no período Silúrico eram representantes da classe
Psilophytatae. Estes primeiros fetos fósseis foram descritos pela
primeira vez em 1859, entretanto apenas em 1920 se reconheceu a
importância filogenética deste grupo a partir de investigações
levadas a cabo por Kidston e Lang. Provavelmente a planta que
pela primeira vez ocupou a terra chama-se Rhynia. Era uma planta
do pântano e os seus ramos aéreos sem folhas e dicotômicas,
ficavam ligados a um caule subterrâneo ou rizoma, que tinha tufos
de rizóides que fixavam a planta ao solo.Os ramos aéreos estavam
cobertos por uma cuticula, possuiam estômas e funcionavam como
órgãos fotossintetizadores.

As Fanerógamas ou Espermatófitas são plantas com sistema


condutor e com sementes.

A grande maioria das plantas que conhecemos pertence ao grupo


das fanerógamas (do grego phaneros, visivel) refere-se ao facto de
essas plantas apresentarem órgãos reprodutores evidentes, ao
contrário do que ocorre nas criptógamas. Também designadas de
Espermatófitas (do grego espermatos, semente, e phyton, planta),
por produzirem sementes. Esta Divisão se organiza em três grandes
subdivisões, assim discriminadas : Coniferophytina, Cycadophytina
e Angiospermophytina.

Subdivisão Coniferophytina

Esta subdivisão é representada por 2 classes :

Classe Ginkgoatae – que contém uma espécie, trata-se de uma


classe fóssil. O seu único representante, Ginkgo biloba, caracteriza-
se por apresentar folhas dicotômicas e flores primitives. A
fecundação ocorre um mês apôs a polinização. É dióica e originária
da China.
Ensino à Distância 117

Figura 13 : características da Ginkgo biloba

Classe Pinatae – com 600 espécies, é composta por árvores quase


sempre de grande porte, de folhas persistentes ; alternas, aciculares.
Nesta classe encontramos as mais importantes familias da Ordem
das Pinales (Pinaceae, Cupressaceae e Araucariaceae).

Subdivisão Cycadophytina

A subdivisão Cycadophytina engloba quatro classes das quais duas


desapareceram ao longo da evolução (Lyginopteridatae ou
Pteridospermae+, Bennettitatae+, Gnetatae e Cycadatae). Importa
aqui debruçarmo-nos sobre a classe das Cycadatae, pois são as mais
primitivas plantas espermatófitas que ainda hoje vivem. São
conhecidas desde a era jurássica,. Plantas dióicas de regiões
tropicais e subtropicais que se assemelham grandemente às
palmeiras, enquadram duas importantes familias: Cycadaceae
(Cycas sp.) e Zamiaceae (Encephalartus sp.).
118

Figura 14: Características da Encephalartus sp

Subdivisão Angiospermophytina, Magnoliophytina,


Angiospermae ou vulgarmente Angiospérmicas

É a subdivisão predominante do Reino vegetal atingindo tamanhos


extremos como o Eucalyptus sp. com 150 metros de comprimento,
contra 0,8 milimetros da Wolffia sp. Suporta quase todos os habitats
possiveis.

Possuem folhas estéreis e folhas reprodutoras. Nas folhas


reprodutoras, tambem designadas de flores destacam-se os estames,
que são órgãos de masculinos de reprodução ou tambem
conhecidos por microesporofilos e os carpelos que constituem
orgãos reprodutores femenino ou megaesporofilos. Uma das
regiões do carpelo é o ovário, que é um compartimento fechado,
dentro do qual estão inseridos os óvulos. Conforme as espécies
podem ser hermafroditas ou unisexuais. O pólen germina no
estigma.

Após a polinização e subsequente fecundação forma-se o fruto: a


parede do ovário origina o pericarpo (endo- meso- e exocarpo).
Dos óvulos fecundados se desenvolvem as sementes que ficam
encerradas no interior do pericarpo.
Ensino à Distância 119

Os gametófitos estão reduzidos ao microprotalo de três células e


megaprotalo de oito células.

Figura 15. Ciclo de vida das Angiospérmicas

Sumário
Fazem parte das traqueófitas as criptógamas (plantas sem flor)
vasculares e as fanerógamas (plantas com flor).

Na Divisão Pterophyta ou Pteridophyta encontra-se 4 classes


nomeadamente : Psilophytatae, Lycopodiatae, Equisetata e
Filicatae.

As Espermatófitas (do grego espermatos, semente, e phyton,


planta), por produzirem sementes contêm três grandes subdivisões
nomeadamente: Coniferophytina, Cycadophytina e
Angiospermophytina.
120

As plantas mais antigas deste grupo, existiram hà cerca de 400


milhões de anos, no período Silúrico eram representantes da classe
Psilophytatae

Exercícios
1. Indique as caracteristicas das traqueófitas.

2. Nomeie 4 (quatro) plantas que pertencem ao grupo das


Auto-avaliação traqueófitas

3. Enquadre do ponto de vista Taxonómico a Ginkgo biloba

Chave de Correção
P1 – A sua grande maioria é terrestre mas algumas podem viver
em zonas alagadas. Estas plantas, as mais evoluídas na Terra,
apresentam elevada diferenciação tecidular, originando órgãos
como caules, raízes e folhas. Os tecidos vasculares transportam
água e alimento a toda planta.

P2 – Ginkgo biloba, Encephalartus sp, Polipódio sp., Wolffia sp.


Eucalyptus sp., entre outras que podem ser indicadas

P3 – Reino Plantae; Divisão Ginkgophyta; Classe Ginkgoopsida;


Ordem Ginkgoales; Família Ginkgoaceae; Género Ginkgo; Espécie
Ginkgo biloba
Ensino à Distância 121

Espermatófitas – são as plantas que possuem sementes. As


Gimnospermas e as Angiospermas estão incluídas neste grupo.

Terminologia Traqueófitas - são plantas com organização em sistemas de tecidos


– sistema parenquimático, sistema dérmico e sistema vascular.

Microfilos: são folhas pequenas e relativamente simples, dotadas


de apenas uma nervura e associadas a caules protostelos.

Megafilos: são folhas maiores que os microfilos e mais complexas


também. Possuem varias nervuras e estão associadas com caules do
tipo sifonostelo e eustelo.

Criptógamas - são plantas que não possuem flor, futo e nem


semente. Dentro das criptógamas está um outro grupo, o das
briófitas e pteridófitas.

Fanerógamas - são plantas que possuem raiz, caule, folha e


semente, algumas possuem frutos e outras não.
122

Lição nº 2

Sistemas de classificação da folha


e da flor, características e
sistemática das Dicotiledóneas.

Introdução
Uma das características das traquófitas é a presença de megáfilos
(folhas grandes). Na lição anterior você estudou as
caracteracteristicas das plantas, sua utilidade, a sua nomenclatura
científica e vernacular. Nesta lição você irá dar continuidade com o
estudo das características das plantas dando particular atenção para
os tipos de flores em relação à posição do ovário, o diagrama floral
assim como o estudo da classe das Dicotiledóneas.

Ao completar esta Lição, você será capaz de:

 Classificar as folhas de acordo com as suas características

Objectivos específicos  Classificar as flores tendo em conta a sua posição no ovário

 Indicar as funções das folhas

 Fazer a sistemática das plantas Dicotiledóneas

As folhas nascem geralmenrte de maneira exógena nos caules ou


ramos. Numa primeira fase, o primórdio foliar (o início da
formação foliar) tem crescimento apical por um meristema apical e
alongamento apical. Na maioria das plantas superiores, esse
crescimento é seguido por crescimento intercalar. (Koning, UEM,
1985).
Ensino à Distância 123

A folha é caracterizada por não ter crescimento indeterminado,


mantem, pois, somente durante o estado mais novo o meristema no
ápice. Este, logo se transforma em tecido permanente, ao passo que
a base foliar pode conservar durante mais tempo o crescimento
meristemático.

Só nos fetos existem folhas com crescimento apical de longa


duração, algumas como as da Lycopodium volubile frequente nas
regiões tropicais, têm crescimento indeterminado, comportando-se
a folha como caule volúvel.

Uma folha completa possui, para além do limbo, um peciolo e uma


parte basal que muitas vezes desenvolve uma baínha e estípulas.

As plantas que vivem em condições normais formam folhas que


divergem do tipo normal. A Heterofilia é um facto, uma das
diversificações foliares que pode ser constatada em uma só planta,
a outra diversificação que pode ser encontrada numa planta é a
formação de folhas de sombra e de sol. Na parte exposta ao sol a
mesma planta prodúz folhas mais xeromórfas, com o tecido
paliçado reforçado, cutícula expessa e muitos estomas que
funcionam bem, contrariando a parte exposta à sombra.

Entretanto, as folhas são classificadas tendo em conta três critérios


essenciais: Nervação, recorte da margem do limbo e divisão do
limbo.
124

Figuras 16: Classificação das folhas quanto ao contorno do bordo


e posição no caule (Roger, 1997).
Ensino à Distância 125

Figuras 17: Classificação das folhas quanto a forma e nervação


(Roger, 1997).

Sistema de classificação do fruto

Do ovário forma-se o fruto. Em princípio podemos dividir a parede


do fruto (pericarpo) em exocarpo, mesocarpo e endocarpo.
Designamos um fruto como sendo verdadeiro se provém do
desenvolvimento do ovário como parte do pistilo. Quando outras
126

partes da flor ou da inflorescência contribuem para a formação do


fruto, falamos de fruto falso.

Alguns exemplos de frutos falsos:


odo o receptáculo cresce num fruto, como no Figo
(Ficus sp.) ou no Morango, ou só parte do
receptáculo cresce em fruto.

s brácteas crescem, como no Ananás (Ananas
comosus).

pedúnculo desenvolve em fruto falso como no Cajú
(Anacardium occidentale) ou outras formas.

Frutos verdadeiros: os frutos verdadeiros poder ser subdivididos


em frutos secos e frutos carnudos.

Frutos secos:
com uma só semente, não deiscente:
Cariopse - (fruto de uma gramínea) apresenta parede do fruto e da
semente unidas.
Aquénio – a semente é distinta do pericarpo como a da planta da
suruma (Cannabis sativa).
Sâmara – com o pericárpo desenvolvido numa asa como a da
Casuarina (Casuarina equisetifolia).

Com mais que uma semente, fruto deiscente:

Folícula – abre com uma fenda como a Spathodea campanulata


Vagem – abre com duas fendas. Muito característica para a família
das Leguminosas como a Phaseolus vulgaris, Afzelia quanzensis,
etc.
Ensino à Distância 127

Silíqua – em certas famílias, como a das Cruciferaceas onde


encontramos a couve e a rabanete, a vagem está dividida em duas
partes por um septo fino.
Cápsula – abre-se com mais fendas, dividindo-se assim em várias
válvulas como na mandioqueira (Manihot esculenta) e na família
das Orchidaceas. Certas cápsulas abrem com uma fenda transversal
anelar.

Frutos carnudos:
Baga – as sementes (raramente uma semente só) estão inseridas
numa substância polposa como na Goiabeira (Psidium guajava), a
papaeira (Carica papaya), nos citrinos (Citrus spp.), etc. Há
diferentes denominações para vários tipos de baga, como: pomo,
hesperídio, peponio, balaústia, segundo a consistência das várias
partes da baga.
Drupa – em regra um fruto apocárpico e monospérmico (uma só
semente). A parte interna do mesocarpo e endocarpo endurecem
por transformação das suas células em escleritos, formando o
caroço que protege a semente, como na mangueira (Mangifera
indica). Existe também frutos compostos. Ex. Artocarpus incisa
(castanheiro).

Figura 18: Fruto composto da Artocarpus incisa

Tipos de flores em relação à posição do ovário


128

As flores perigínicas, apresentam um ovário súpero, folhas


protectoras dispostas numa posição mais alta na flor que o pistilo
por causa da forma em prato ou em tubo da base do receptáculo,
pistilo lívre.

As flores epigínicas, apresentam um ovário ínfero e as folhas


protectoras dispostas mais alto que o ovário, o pístilo está ligado ao
receptáculo.

A flor Hipógínica em que o ovário se coloca no receptáculo em um


ponto que fica acima do plano em que as outras peças se fixam.

Figura 19: Tipos de flores em relação à posição do ovário

Diagrama floral

Chama-se de diagrama floral à representação esquemática de uma


flor como se fosse projetada em um plano horizontal. O diagrama
permite que os botânicos comparem as flores de espécies
diferentes, permitindo o seu reconhecimento e classificação.
Através dele é possível verificar o número de peças em cada
verticilo, sua posição relativa e se estão concrescidas ou não.
Ensino à Distância 129

T3+3E6C1H*
K5C5A5+5G(5)E*

Fórmula floral

Fórmula floral é a representação de uma flor, de modo que possa


ser comparada e reconhecida, só que agora atavés de uma fórmula
em que são usados letras, números e simbolos gráficos.

Assim teremos:

K = cálice ou S = sépalas
C = corola ou P = Pétalas
A = androceu ou E = estames
G = gineceu ou C = carpelos

Usa-se algarismos para mostrar o número de peças em cada ciclo e,


se estiverem soldadas entre si, coloca-se entre parentesis. As letras
H, P ou E, colocadas no final, indicam se a flor é hipógina perígina
ou epígina e os símbolos " */* "ou " * " indicam , respectivamente
se a simetria é bilateral ou radial. Veja o exemplo a seguir:

Fórmula: K5 C(5) A5+5 G(6) H *

Da flor acima se pode dizer:

• É acompanhada por uma bráctea


130

• É de dicotiledônea, pois se pode ver que é


pentâmera e heteroclamídea.
• É actinomorfa, pois possue simetria radial.
• Possue calice dialisépalo (sépalas soltas)e corola
gamopétala (pétalas fundidas).
• O androceu é diplostêmone (o número de estames é
o dobro do número de pétalas) e tem dois ciclos
concêntricos de estames
• O gineceu é sincárpico, formado por seis carpelos
fundidos que formam um ovário pluricarpelar
plurilocular, com placentação axial.

Pela fórmula floral que a acompanha, pode-se ver que a flor é


hipógínica e, portanto, tem ovário súpero.

Classe Dicotyledoneae (Magnoliatae) ou Dicotiledóneas

As dicotiledóneas salvo raras excepções possuem dois cotilédones.


Sua raíz principal tem em princípio longa vida.

A Tabela abaixo ilustra os niveis de desenvolvimento das


Dicotiledóneas.
Ensino à Distância 131

Tabela 6: Níveis desenvolvimento das Dicotiledóneas

Nível de desenvolvimento Subclasses


Níveis de desenvolvimento
Sympetalae Tetracyclicae 8. Asteridae
7. Lamiidae
Sympetalae 6. Dilleniidae
5. Rosidae
Apetalae 4. Carpophyllidae
3. Hamamelididae

Polycarpicae 2. Ranunculidae
1. Magnoliidae

São 8 (oito) subclasses que fazem parte da classe Dicotiledónea


distribuidas em 4 niveis de desenvolvimento. Entende-se por nivel
de desenvolvimento, as varias etapas evolutivas por que
passaramzxkxkkmz as Angiospérmicas, tendo neste caso em linha
de conta a organização estrutural das peças florais.

Nivel de Desenvolvimento POLYCARPICAE

Subclasse Magnoliidae

São árvores ou arbustos de folhagem caduca, folhas alternas,


simples, frutos foliculos.

Familias: Magnoliaceae (Magnolia sp. ; Liriodendron sp.

Annonaceae (Annona senegalensis; Hexalobus


mossambicencis)

Myristicaceae (Myristica fragans = noz moscada)


132

Ordem Laurales

São árvores ou arbustos, na maioria de folhagem persistente, folhas


simples. Em geral hermafroditas e frutos drupáceos.

Familia: Lauraceae = familia do loureiro (Laurus nobilis = loureiro;


Persea americana = abacate; Cynnamomum verum = canela).

Cassytaceae ( Cassyta filiformis – uma parasita, perene, volúvel,


com folhas reduzidas ou ausentes e apresenta haustórios)

Ordem Piperales

Plantas predominantemente herbáceas, folhas simples, flores


diminutas, na maioria hermafroditas, sem perianto mas com
frequência bracteadas, reunidas em espigas ou em cachos. Semente
com endosperma grande e embrião diminuto. Fruto é uma drupa.

Familia Piperaceae (Piper nigrum = pimenta).

Ordem Aristolochiales

Trepadeiras cujos estames estão ligados ao estilete, ovários mais ou


menos infero, geralmente hexalocular, flores sem pétalas, mas com
cálice em geral dilatado petalóide com forma de trompeta.

Familia Aristolochiaceae (Aristolochia rotunda=cachimbo do


holandês ou orelha de elefante).

Ordem Nymphaeales

Ervas aquáticas, rizomatosas, folhas simples flutuantes ou


submersas.

Familia Nymphaceae= família do Golfão ou rosas do lago


(Nymphaea alba= nenúfar, Victoria regia).
Ensino à Distância 133

Subclasse Ranunculidae

Ordem Illiciales

Apresenta fruto multiplo de foliculos livres e deiscentes. Fornece


um óleo volátil

Familia Illiciaceae (Illicium verum) planta do Anis.

Nivel de Desenvolvimento APETALAE= MONOCHLAMIDAE

Subclasse Caryophyllidae

Ordem Caryophyllales

As flores são radiais, em geral pentâmeras, quase sempre cíclicas e


um perianto simples. Os carpelos são mais ou menos coricárpicos.

Familia Caryophyllaceae(Stellaria sp., Cerastium sp. e Scleranthus


sp. com sépalas livres; Agrostemma sp., Silene sp. e Dianthus sp.
com sépalas concrescentes. Spergula sp. e Hernaria sp. com
estípulas e a Saponária officinalis que contem saponinas).

As restantes familias só formam betalaina no lugar de antocianinas.

Familia Phytolaccaceae (Phytollaca americana que produz um


corante roxo).

Familia Aizoaceae são plantas de folhas suculentas, espalhadas


especialmente pelas regiões secas da África austral como a
Mesembryanthemum sp. e Lithops sp. – que se assemelham a
pedras, daí a designação de “pedras viventes”.

Familia Cactaceae apresentam caules suculentos (Opuntia ficus-


indica) cujos frutos são comestiveis.

Familia Portulacaceae, erva de folhas suculentas e comestiveis


(Portulaca oleraceae)
134

Familia Nyctaginaceae em que as peças do perigónio se soldam em


forma de tubo e só se desenvolve um carpelo. Pertence a esta
Familia, Mirabilis jalapa = maravilha, Bougainvillea sp. com
brácteas vivamente coloridas e muito cultivadas nos países
subtropicais.

Familia Chenopodiaceae ( Chenopodium sp. e Beta vulgaris =


beterraba, Spinacia oleracea = espinafre).

Familia Amaranthaceae ( Amaranthus sp.).

Subclasse Hamamelididae

Ordem Hamamelidales

Predominam plantas lenhosas cuja polinização é tipicamente


anemófila

É muito primitiva, apresentando as vezes flores hermafroditas com


perianto simples.

Familia Hamamelidaceae ( Hamamelis sp. e Liquidambar sp.)

Ordem Casuarinales = Verticillatae

Familia Casuarinaceae – árvores de folhagem persistente, lenhosas,


muito ramificadas, monóicas ou dióicas, com ramos estriados e
articulados, folhas em verticilos de 4 – 16, escamiformes formando
uma bainha à volta do raminho. Flores unisexuais apétalas. O fruto
é uma sâmara.( Casuarina equisetifolia de Austrália).

Ordem Urticales

Familia Moraceae = familia da Amoreira

Árvores ou arbustos, monóicos ou dióicos; unisexuais sem perianto


de folhagem caduca ou persistente. Apresenta suco leitoso, folhas
Ensino à Distância 135

alternas, simples frequentemente com 3 - 5 nervuras basais, com


estipulas pequenas. (Ficus sp., Morus sp., Artocarpus sp..)

Familia Cannabaceae – ervas com flores unissexuais e sem suco


leitoso. (Cannabis sativa, Humulus lupulus, Chlorophora excelsa)

Niveis de Desenvolvimento DIALYPETALAE =


HETEROCHLAMIDEAE e SIMPETALAE
PENTACYCLICAE

Subclasse Rosidae

Ordem Saxifragales

Árvores; arbustos e ervas suculentas

Familia Saxifragaceae ( Brexia madagascariensis)

Familia Crassulaceae (Kalanchoe sp., Crassula falcata)

Ordem Rosales

Familia Rosaceae – árvores arbustos ou ervas frequentemente


espinhosas, folhas alternas simples ou compostas geralmente com
estipulas. ( Malus sylvestris = maçã, Pyrus communis = pêras,
Fragaria vesca = morangos, Rosa sp. = roseira)

Ordem Fabales = Leguminosae

De distribuição cosmopolita, sendo ervas, arbustos, árvores com


folhas na maioria alternas, compostas e estipuladas. Corola
tipicamente pentâmera. O fruto é uma vagem. Esta ordem se
subdivide em 3 classes, sendo:

Familia Mimosaceae (,Acacia caroo Mimosa púdica e Albizia


adiantifolia )
136

Familia Caesalpiniaceae ( Delonix regia de madagascar, Bauhinia


sp. Afzelia quanzensis = chanfuta, Tamarindus indica)

Familia Fabaceae = Papilionatae ( Dalbergia melanoxylon = pau


preto, Pterocarpus angolensis = umbila, Milletia sthuhlmannii =
jambir, Arachis hypogaea = amendoim)

Ordem Myrtales

Arbustos ou árvores com folhas geralmente opostas, simples,


inteiras e coriáceas.

Familia Myrtaceae ( Eucalyptus sp., Zyzygium aromaticum,


Psidium guajava)

Familia Punicaceae ( Punica granatum = romãzeira)

Ordem Rutales

Familia Rutaceae (Citrus sinensis = laranjeira, Citrus reticulata =


tangerineira, Citrus paradisi = toranjeira).

Familia Anacardiaceae (Anacardium occidentale, Mangifera


indica, Sclerocarya birrea)

Familia Sapindaceae ( Litchi chinensis)

Ordem Rhamnales

Familia Rhamnaceae (Ziziphus mucronata = maçaniqueira)

Familia Vitaceae ( Vitis vinifera = videira)

Ordem Euphorbiales

Familia Euphorbiaceae ( Jatropha curcas, Ricinus communis,


Manhiot esculenta)
Ensino à Distância 137

Ordem Araliales

Familia Apiaceae = Umbelliferae ( Conium maculatum = cicuta,


Daucus carota)

Familia Araliaceae ( Cussonia spicata)

Subclasse Dilleniidae

Ordem Theales = Guttiferales.

Compreende sobretudo plantas lenhosas, endosperma reduzido e


com o perianto por vezes helicoidal

Familia Theaceae ( Camellia sinensis ou Thea sinensis = chá)

Ordem Nepenthales

Familia Nepenthaceae- plantas insectivoras, ervas com folhas


modificadas ou pêlos sensitivos glandulares e viscosos. Trepadeiras
através das folhas.Na extremidade da folha existe um saco
pendente em forma de caneca designado por ascidio para capturar
insectos.Os ascidios segregam enzimas com propriedades
digestivas que atacam os insectos ao cairem nos ascidios, onde se
afogam na água que estas plantas habitualmente têem. ( Nepenthes
sp.)

Ordem Violales

Familia Passifloraceae (Passiflora edulis = maracujeira)

Familia Caricaceae ( Carica papaya)

Familia Brassicaceae ou Cruciferae ( Brassica oleracae = couve,


Raphanus sativus = rabanete)

Ordem Cucurbitales

Familia Cucurbitaceae (Momordica balsamina, Cucurbita pepo =


abóbora vulgar, Cucumis sp. = pepino, Lagenária sp.= cabaça).
138

Ordem Malvales

Familia Malvaceae(Hibiscus esculentus = quiabo, Gossypium


hirsutum= algodoeiro)

Familia Bombacaceae (Adansonia digitata = imbondeiro)

Ordem Ebenales

Familia Ebenaceae (Euclea natalensis = mulala)

Nivel de Desenvolvimento SYMPETALAE


TETRACYCLICAE

Subclasse Lamiidae

Ordem Gentianales

Familia Loganiaceae- Plantas subtropicais e geralmente lenhosas,


com folhas estipuladas e o gineceu súpero. Pertencem a ela muitas
plantas venenosas. (Strychnos spinosa, Strychnos nux-vomica)

Familia Apocynaceae ( Rauvolfia caffra, Nerium oleander,


Landolphia kirkii)

Familia Asclepiadaceae( Stapelia sp., Asclepias sp., Ceropegia sp.)

Familia Rubiaceae (Coffea arabica, Cinchona sp.= planta do


quinino)

Ordem Solanales

Familia Solanaceae- plantas de flores zigomórficas ou dorsiventrais


e rico em alcalóides venenosos como a Nicotina e a tropina.
Ensino à Distância 139

(Nicotiana tabacum, Solanum tuberosum, Lycopersicon


esculentum, Capsicum annuum)

Familia Convolvulaceae ( Ipomoea batatas= batata doce)

Classe das Monocotiledôneas

As mocotileóneas constituem um grupo de vegetais cuja principal


característica é a manifestação de apenas um cotilédone compondo
a semente. Monocotiledônea, é um termo utilizado para designar
um tipo de semente das angiospermas, que são as plantas mais
evoluídas ou mais bem adaptadas ao ambiente terrestre. A
monocotiledóneas possuem apenas um cotilédone, por exemplo o
milho, que transfere os nutrientes do esndosperma para o embrião.
Podemos destacar também outras características das
monocotiledôneas como raíz fasciculada (cabaleira), folhas com
nervuras paralelas, flores trímeras (3 pétalas, 3 sépalas - lírio),
caule do tipo colmo (cana, bambu), ou estipe (palmeiras e
coqueiros).

Acreditava-se que as monocotiledôneas teriam se desenvolvido


(evoluído) a partir das dicotiledôneas, entretanto estas formam um
grupo parafilético, ou seja, incluem algumas formas que são mais
relacionadas geneticamente com as monocotiledóneas do que com
alguns grupos das próprias dicotiledôneas. A maior parte, contudo,
forma um grupo monofilético, chamado de eudicotiledóneas ou
tricolpados. Essas podem ser distinguidas de todas as outras plantas
com flor pela estrutura do seu pólen. Os grupos basais das
angiospermas e as monocotiledóneas têm pólen monosulcado ou
formas derivadas destas, enquanto que as eudicotiledóneas têm
pólen tricolpado e formas derivadas.
140

Sumário
A folha é caracterizada por não ter crescimento indeterminado,
mantem, pois, somente durante o estado mais novo o meristema no
ápice. Este, logo se transforma em tecido permanente, ao passo que
a base foliar pode conservar durante mais tempo o crescimento
meristemático. Entretanto, as folhas são classificadas tendo em
conta três critérios essenciais: Nervação, recorte da margem do
limbo e divisão do limbo.

A flor é uma folha adaptada para fins de reproduçãoe. As flores


perigínicas, apresentam um ovário súpero, folhas protectoras
dispostas numa posição mais alta na flor que o pistilo por causa da
forma em prato ou em tubo da base do receptáculo, pistilo lívre.

As flores epigínicas, apresentam um ovário ínfero e as folhas


protectoras dispostas mais alto que o ovário, o pístilo está ligado ao
receptáculo.

A flor Hipógínica em que o ovário se coloca no receptáculo em um


ponto que fica acima do plano em que as outras peças se fixam.

Do ovário forma-se o fruto. Em princípio podemos dividir a parede


do fruto (pericarpo) em exocarpo, mesocarpo e endocarpo.
Designamos um fruto como sendo verdadeiro se provém do
desenvolvimento do ovário como parte do pistilo. Quando outras
partes da flor ou da inflorescência contribuem para a formação do
fruto, falamos de fruto falso.

Os níveis desenvolvimento das Dicotiledóneas são: Polycarpicae,


Apetalae, Sympetalae e Sympetalae Tetracyclicae.
Ensino à Distância 141

Exercícios
1.Classifique a folha de Carica papaya (papaeira) quanto ao
recorte da margem e quanto a nervação.

Auto-avaliação 2. Dê o significado das seguintes designações: flores


perigínicas, flores epigínicas e flor Hipógínica

3. Indique as funções das folhas numa planta

4. Faça a sistemática da Psidium guajava (goabeira)

Chave de Correção
P1 – ver na figura 16 e 17 sobre o sistema de classificação de
folhas.

P2 – flores perigínicas, apresentam um ovário súpero, folhas


protectoras dispostas numa posição mais alta na flor que o pistilo;
flores epigínicas, apresentam um ovário ínfero e as folhas
protectoras dispostas mais alto que o ovário, o pístilo está ligado ao
receptáculo; flor Hipógínica em que o ovário se coloca no
receptáculo em um ponto que fica acima do plano em que as outras
peças se fixam.

P3 – realizar fotossíntese, transpiração, gutação, e outras funções.

P4 – Reino Plantae, Divisão Magnoliophyta, Classe


Magnoliopsida, Ordem Myrtales, Famíia Myrtaceae, Género
Psidium, Espécie psidium.
142

Pólen - (do grego "pales" = "farinha" ou "pó") é o conjunto dos


minúsculos grãos produzidos pelas flores das angiospermas (ou pelas
pinhas masculinas das gimnospérmas), que são os elementos reprodutores
Terminologia masculinos ou microgametófitos, onde se encontram os gâmetas que vão
fecundar os óvulos, que posteriormente irão se transformar em sementes.

Monofilético - (do grego: de um ramo) se todos os organismos incluídos


nele têm evoluído a partir de um ancestral comum, e todos os
descendentes desse ancestro estão incluídos no grupo.

Parafiléticos – em cladística, chama-se parafilético a um táxon que inclui


um grupo de descendentes de um ancestral comum em que estão
incluídos vários descendentes desse ancestral porém não todos eles.

Dicotiledóneas - grupo de vegetais contendo dois cotilédones envolvidos


pela semente.
Cotilédone - substância de reserva energética transferida ao
desenvolvimento do embrião durante a germinação.
Ensino à Distância 143

Bibliografia
• DEHIN, Robert. O médico verde, a planta dos milagres;
Publicações prevenção de saúde Lda, 1998.

• GOMES Marcos, As plantas da saúde, guia de tratamentos


naturais, editora Paulinas, São Paulo, 2002.

• HARDMAN, Joel Limbird; As Bases Farmacológicas da


Terapêutica;1996; Rio de Janeiro; Brazil.

• HOLLIDAY, Oscar Jarra. Para sistematizar experiências.


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