Você está na página 1de 23

1.

3Tipos de entidades mercantis


 

Tradicionalmente, uma classificação fundamental é a que separa as entidades mercantis


(comerciais) em dois grandes tipos: entidades comerciais atacadistas e entidades comerciais
varejistas.

A distinção é mais facilmente notada quando se caracteriza a função que a empresa


mercantil, de um tipo ou outro, exercita dentro do campo econômico. Por exemplo,
os clientes de um ou outro tipo é que melhor definem as diferenciações.

Assim, por um lado, a clientela preferencial ou característica das empresas atacadistas é


constituída por empresas industriais, agrícolas, que utilizam as mercadorias vendidas pelo
atacadista, como matéria-prima ou suprimentos, ou outras empresas mercantis intermediárias. É
importante notar que a mercadoria vendida por tais entidades nunca vai diretamente ao
consumidor individual final. Sempre segue para outras empresas que aplicam mais trabalho e
produzem outro produto ou para empresas mercantis colocadas num grau inferior da cadeia de
distribuição.

Por outro lado, a empresa mercantil varejista comercializa, usualmente, bens de consumo


que vão diretamente para o consumidor. Para bens especificamente instrumentais (bens de
consumo intermediário), pode também vender diretamente para certas indústrias de
transformação. Evidentemente, há também empresas com características mistas.

Um fenômeno particularmente importante nos últimos anos e muito comentado pelos


especialistas é o do constante acréscimo do custo de distribuição, em algumas linhas de
atividade comercial. Há uma tendência em acarretar grande desequilíbrio entre o custo de
produção e o custo de distribuição, encarecendo em demasia este último e, portanto, tornando
proibitivo o preço final ao consumidor.

É como consequência desse fenômeno que alguns produtores de bens de consumo procuram
organizar, no âmbito da própria empresa ou consorciando-se com outros produtores, a venda
diretamente ao consumidor. O caso dos produtos hortifrutigranjeiros é um exemplo típico em
que tais associações podem ocorrer.

Entretanto, não é apenas nos canais de distribuição que se diferenciam os dois tipos vistos:
existem claras diferenciações, entre outras, nos seguintes setores:

•política de compras;
•política de financiamentos;
•natureza e grau dos riscos assumidos.

Considere-se também que algumas empresas executam compra e venda “por conta
própria’’, outras “por conta de terceiros’’. São exemplos destas últimas: as comissionadas, os
representantes e as representações e outros agentes auxiliares de comércio, que têm algumas
características jurídicas, administrativas e comerciais bastante diferenciadas das entidades que
operam“por conta própria’’.

Assim, podem-se distinguir:

a)entidades mercantis atacadistas que operam, usualmente, por conta própria;


b)entidades mercantis varejistas que operam, usualmente, por conta própria;
c)entidades de comissionados, de representantes e outras, que operam usualmente por
conta alheia.

É interessante notar que as empresas mercantis que operam no atacado podem também ser
diferenciadas caso constituam uma unidade econômica independente ou caso constituam uma
entidade econômica coligada a outras entidades produtoras de bens, a fim de distribuir a
produção.

Por um lado, as grandes entidades industriais ou grupos industriais, a fim de eliminar o


desequilíbrio entre custos de produção e de distribuição, criam, às vezes, dentro do mesmo
grupo, entidades de distribuição que operam no atacado. Por outro lado, tais configurações
podem até verificar-se entre países ou entre regiões econômicas. É o caso das entidades de
distribuição de vendas, no âmbito dos grandes grupos siderúrgicos, da mecânica pesada ou de
automóveis. Associações políticas e econômicas, tais como o Mercado Comum Europeu e
outras, favorecem e estimulam tais tipos de configurações.

1.4Definição de Contabilidade Comercial e suas consequências


 

Hilário Franco conceitua Contabilidade Comercial como: o ramo da Contabilidade aplicado


ao estudo e ao controle do patrimônio das empresas comerciais, com o fim de oferecer
informações sobre sua composição e suas variações, bem como sobre o resultado decorrente da
atividade mercantil. Fica claro que, a fim de acompanhar a variação quantitativa e qualitativa do
patrimônio de tais entidades, é importante também entender o quadro econômico e jurídico mais
amplo dentro do qual operam, bem como algumas características essenciais de sua gestão.

Dentro do aspecto específico da apuração de um resultado, não apenas correto em seus


valores globais, para tal tipo de entidade, mas também analiticamente desdobrado em seus
elementos mais importantes, na dicotomia entre elementos positivos e negativos do Resultado, é
extremamente importante diferenciar as despesas que devem ser atribuídas a determinado
período dos gastos e custos que se incorporam ao Ativo. A apuração do Resultado com
mercadorias, parâmetro básico de muitas empresas comerciais, é muito mais do que uma
simples diferença entre valores de vendas e de custo das vendas. No delineamento das vendas
líquidas e no tracejamento do custo das vendas, muitos detalhes devem ser considerados. O
próprio custo da mercadoria envolve muito mais fatores do que apenas o valor de compra. A
composição do “custo mercantil”é algo que nos preocupa e será um dos aspectos desenvolvidos
nos próximos capítulos.
1.5Horizontes da especialização de contador de entidades comerciais
 

Até algum tempo atrás, era bastante modesta a perspectiva profissional do Contador ou
Gerente de Contabilidade de empresas comerciais, usualmente pela pequena dimensão das
entidades.

Com o desenvolvimento dos conglomerados em que a atividade de distribuição é um dos


pontos básicos e mesmo com a ampliação e modernização das empresas mercantis, que atuam
em grandes mercados, às vezes ultrapassando até as fronteiras geográficas de um país,
multiplicam-se as oportunidades para tais profissionais. Evidentemente, grande parte de tais
entidades continuará de porte médio; para estas a formação de seu contador deve ser bastante
ampla e flexível, pois, ao lado da tarefa contábil, terá a fiscal, a gerencial e outras.
Oportunidades novas surgirão para os dotados de sólidas noções de custo mercantil. O comércio
e as entidades que nele atuam representam importante parcela da atividade econômica do País.
É natural que os contadores que nelas atuam se enquadrem nessa tendência de relativa
importância e de possibilidade de realização profissional.

Entretanto, hoje há a necessidade de os profissionais estarem se atualizando através de


novos métodos introduzidos no mundo moderno, tais como: informática, Internet, legislação
tributária, gerência de contabilidade, contabilidade informatizada por centro de custo etc.
Classificação de Sociedades

2.1Introdução
 

Sociedade é o contrato em que duas pessoas ou mais se obrigam a conjugar esforços ou


recursos para a consecução de um fim comum, ou celebram contrato de sociedade as pessoas
que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens e serviços, para o exercício de atividade
econômica e a partilha, entre si, dos resultados. A atividade pode restringir-se à realização de
um ou mais negócios determinados.

Podem exercer a atividade de empresários os que estiverem em pleno gozo da capacidade


civil e não forem legalmente impedidos.

2.2As sociedades de acordo com o Código Civil


 

O Código Civil, de 10-1-2002, entrou em vigor a partir de 11-1-2003. Entretanto, para


efeito de atualizações estatutárias, foi prorrogado pela terceira vez através da MP nº 234, de 10-
1-2005. Assim, para as associações, as sociedades e as fundações, os empresários tiveram até
11-1-2006 para se adaptarem ao Código Civil, isso em decorrência da substituição do antigo
Código Comercial de 1850 e do Decreto nº 3.708, de 1919, aplicados às sociedades limitadas.

2.3Conceito de empresa
 

A antiga Sociedade Comercial hoje é chamada Sociedade Empresária e tem seus


instrumentos de constituição e alterações registrados na Junta Comercial, enquanto as antigas
Sociedades Civis são atualmente tratadas por Sociedades Simples e registradas em Cartório.

Para classificar as sociedades no Código Civil de 2002, vamos entender a diferença de


empresário e não empresário.
Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada
para a produção ou circulação de bens e serviços (que substitui a figura do comerciante, aquele
que praticava atos do comércio). Para exercício da atividade econômica o empresário deverá
efetuar inscrição na Junta Comercial. Assim, indústria, comércio, prestações de serviços em
geral caracterizam atividades empresariais.

Por outro lado, considera-se não empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza


científica, literária ou artística, ainda que seja com o concurso de auxiliares ou colaboradores,
salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. Um exemplo seria o médico
em seu consultório, ou um advogado, ou dentista etc. Porém, se o médico se une a outros
médicos, constituindo um hospital, aí será uma atividade empresarial.

Só podem exercer atividade de empresário os que se enquadrarem nos moldes do Código


Civil de 2002.

Faculta-se aos cônjuges constituir sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não
tenham casado em regime da comunhão universal de bens, ou da separação obrigatória de bens.

Antes do Código Civil de 2002, a divisão de sociedades era Comercial (atividades


mercantis) ou Civil (vinculadas à prestação de serviços). Atualmente, as sociedades dividem-se
em Empresária e Simples.

Quanto à divisão de Empresária versus Simples, considera-se Empresária a sociedade que


tem por objetivo o exercício de atividade própria de empresário; por outro lado, consideram-se
Simples as demais. De maneira geral, sociedade Simples é, sobretudo, aquela que explora
atividade de prestação de serviços decorrentes de atividade intelectual e de cooperativa.

2.4Objetivo social no nome empresarial


 

Uma das inovações trazidas pelo Código Civil (CC) tem relação com o nome ou
denominação social das empresas.

O CC determina que conste no nome empresarial a designação do objetivo da sociedade.


Assim, é necessário que o nome empresarial contenha especificamente qual a atividade que a
sociedade exerce.

Para as empresas que possuem mais de um objeto social, recomenda-se que conste em seu
nome empresarial a atividade preponderante das atividades por elas exercidas.

Por exemplo, uma sociedade empresária limitada, cujo objeto social é a construção de
imóveis, deverá ter nome empresarial semelhante: X Construção de Imóveis Ltda.

Essa exigência legal vem sendo aplicada pelas Juntas Comerciais competentes pelo registro
de documentos societários, ao analisar os contratos sociais apresentados após a entrada em vigor
do CC.
2.5Classificação das sociedades
 

A primeira divisão que pode ser feita é em Sociedade não Personificada (embora


constituída oral ou documentalmente, não formalizou o arquivamento ou registro) e Sociedade
Personificada (legalmente constituída e registrada em órgão competente, adquirindo
personalidade formal, podendo ser chamada de pessoa jurídica).

O CC de 2002 prevê dois tipos de Sociedades não Personificadas: Sociedade


Comum (explora uma atividade econômica, mas sem registro, sendo conhecida como sociedade
de fato ou sociedade irregular) e Sociedade em Conta de Participação (é um contrato de
investimento comum em que duas ou mais pessoas se reúnem para a exploração de uma
atividade econômica. Um tipo de sócio é o Ostensivo, o empreendedor que dirige o negócio e é
responsável perante terceiros; os demais sócios são apenas participantes na condição de
investidor, chamados, então, de sócios Participantes).

As Sociedades Personificadas são legalmente constituídas e registradas em órgãos


competentes. As personificadas dividem-se em Sociedade Empresária e Sociedade Simples,
como veremos a seguir.
QUADRO-RESUMO DAS SOCIEDADES
Sociedades pelo CC Tipos Detalhes
Não Personificada Sociedade No que for compatível, Os sócios respondem solidária e ilim
(Não inscritos: constituída de Comum(Socie-dade em ambas aplicam-se las obrigações. Também conhecida c
forma oral e documental, po- de fato, sem registro) as dispo-sições da Irregular.
rém não registrada) Sociedade Simples
Sociedade em Conta Um dos sócios é Ostensivo (empree
de Participação negócio e assume todas as responsa
Outros sócios são Participantes, ape
investidores.
Personificada Empresária1 •Sociedade em Nome Coletivo
(Legalmente constituída e re- Atividade própria de empresário com registro •Sociedade em Comandita Simple
gistrada no órgão na Junta •Sociedade Limitada
competente, passando a ser Comercial •Sociedade por Ações (Lei das S.
denominada pessoa jurídica) •Sociedade em Comandita por Aç
S.A.)
Simples2 •Sociedade Simples “Pura” ou So
Atividade de não empresário com registro no Nome Coletivo
Cartório Civil •Sociedade em Comandita Simple
•Sociedade Limitada
•Cooperativa
•Responsabilidade dos sócios lim
Cooperativas •Responsabilidade dos sócios ilim
(Legislação Especial e CC)
Quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a
1
Quem exerce profissão intelectual d
2

produção ou circulação de bens ou de serviços. científica, literária ou ar-tística, aind


colaboradores, salvo se o exercício
constituir elemento de empresa.

2.6Sociedade empresária
 

Como já vimos, é a sociedade registrada para explorar atividades de empresa (produção,


circulação de bens e serviços). São as empresas industriais, comerciais e prestadoras de serviços
e podem ser reguladas nos seguintes tipos:

2.6.1Sociedade em nome coletivo


 

Somente pessoas físicas podem tomar parte na sociedade em nome coletivo, respondendo
todos os sócios, solidária e ilimitadamente, pelas obrigações sociais.

Sem prejuízo da responsabilidade perante terceiros, podem os sócios, no ato constitutivo, ou


por unânime convenção posterior, limitar entre si a responsabilidade de cada um.

A administração da sociedade compete exclusivamente a sócios, sendo o uso da firma, nos


limites do contrato, privativo dos que tenham os necessários poderes.

Esse tipo de sociedade é pouco interessante porque a responsabilidade dos sócios vai além
do capital, é ilimitada.

2.6.2Sociedade em comandita simples


 

Na sociedade em comandita simples, tomam parte sócios de duas categorias:


os comanditados, pessoas físicas, responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrigações
sociais; e os comanditários, obrigados somente pelo valor de sua quota.

O contrato deve discriminar os comanditados e os comanditários.

•Aplicam-se à sociedade em comandita simples as normas da sociedade em nome


coletivo, no que forem compatíveis.
•Aos comanditados cabem os mesmos direitos e obrigações dos sócios da sociedade
em nome coletivo.

Sem prejuízo da faculdade de participar das deliberações da sociedade e de lhe fiscalizar as


operações, não pode o comanditário praticar qualquer ato de gestão, nem ter o nome na firma
social, sob pena de ficar sujeito às responsabilidades de sócio comanditado.

Pode o comanditário ser constituído procurador da sociedade, para negócio determinado e


com poderes especiais.

Também é um tipo de sociedade em desuso. Todavia, é menos ruim que a Sociedade em


Nome Coletivo, já que admite um tipo de sócio (comanditário) sem responsabilidade ilimitada.

2.6.3Sociedade limitada
 

Mais de 90% das empresas brasileiras são na forma limitada.

Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas,


mas todos respondem solidariamente pela integração do capital social.

O contrato social poderá prever a regência supletiva da sociedade limitada pelas normas da
sociedade anônima. Considere-se que a sociedade anônima tem lei própria – nº 6.404/76,
atualizada pela Lei nº 11.638/07.

O capital social divide-se em quotas, iguais ou desiguais, cabendo uma ou diversas a cada
sócio.

A sociedade limitada é administrada por uma ou mais pessoas designadas no contrato social
ou em ato separado.

Se o contrato permitir administradores não sócios, a designação deles dependerá de


aprovação da unanimidade dos sócios, enquanto o capital não estiver integralizado, e de dois
terços, no mínimo, após a integralização.

O administrador designado em ato separado investir-se-á no cargo mediante termo de posse


no livro de atas da administração.

O exercício do cargo de administrador cessa pela destituição, em qualquer tempo, do titular,


ou pelo término do prazo se, fixado no contrato ou em ato separado, não houver recondução.

Ao término de cada exercício social, proceder-se-á à elaboração do inventário, do Balanço


Patrimonial e do Balanço de Resultado Econômico (Demonstração do Resultado do Exercício).

Sem prejuízo dos poderes da assembleia dos sócios, pode o contrato instituir conselho fiscal
composto de três ou mais membros e respectivos suplentes, sócios ou não, residentes no país,
eleitos na assembleia anual.

Dependem da deliberação dos sócios, além de outras matérias indicadas na lei ou no


contrato:

•a aprovação das contas da administração;


•a designação dos administradores, quando feita em ato separado;
•a destituição dos administradores;
•o modo de sua remuneração, quando não estabelecido no contrato;
•a modificação do contrato social;
•a incorporação, a fusão e a dissolução da sociedade, ou a cessação do estado de
liquidação;
•a nomeação e a destituição dos liquidantes e o julgamento de suas contas;
•o pedido de concordata.
As deliberações dos sócios serão tomadas em reunião ou em assembleia, conforme previsto
no contrato social, devendo ser convocadas pelos administradores nos casos previstos em lei ou
no contrato. A deliberação em assembleia será obrigatória se o número dos sócios for superior a
dez.

2.6.4Da sociedade anônima


 

Na sociedade anônima ou companhia, o capital divide-se em ações, obrigando-se cada sócio


ou acionista somente pelo preço de emissão das ações que subscrever ou adquirir.

A sociedade anônima rege-se por lei especial, aplicando-se-lhe, nos casos omissos, as
disposições do Código Civil. No item 2.9, estaremos tratando especificamente sobre sociedade
anônima.

2.6.5Da sociedade em comandita por ações


 

A sociedade em comandita por ações tem o capital dividido em ações, regendo-se pelas
normas relativas à sociedade anônima, e opera sob firma ou denominação.

Somente o acionista tem qualidade para administrar a sociedade e, como diretor, responde
subsidiária e ilimitadamente pelas obrigações da sociedade.

Se houver mais de um diretor, serão solidariamente responsáveis, depois de esgotados os


bens sociais.

Esse tipo de sociedade, também em desuso, é tratado na Lei das Sociedades por Ações, Lei
nº 11.638/07.

2.7Sociedade simples
 

É constituída para a exploração de atividade de prestação de serviços decorrentes de


atividade intelectual: advogados, médicos, dentistas, contadores, engenheiros...

De maneira geral, atividades de natureza científica, literária, artística e intelectual


enquadram-se como simples.

As sociedades simples são registradas no cartório de registro civil de pessoas jurídicas.

As sociedades simples podem ser estabelecidas segundo os mesmos tipos que as sociedades
empresárias:

•sociedade limitada;
•sociedade em nome coletivo;
•sociedade em comandita simples.

2.8Sociedade cooperativa
 

A sociedade cooperativa reger-se-á pelo CC e por legislação especial.

Como a sociedade anônima, a sociedade cooperativa possui legislação especial, que é a Lei
nº 5.764/71.

São características da sociedade cooperativa:

•variabilidade, ou dispensa do capital social;


•concurso de sócios em número mínimo necessário a compor a administração da
sociedade, sem limitação de número máximo;
•limitação do valor da soma de quotas do capital social que cada sócio poderá tomar;
•intransferibilidade das quotas do capital a terceiros estranhos à sociedade, ainda que
por herança;
•quorum para a assembleia geral funcionar e deliberar, fundado no número de sócios
presentes à reunião, e não no capital social representado;
•direito de cada participante a um só voto nas deliberações, tenha ou não capital a
sociedade, e qualquer que seja o valor de sua participação;
•distribuição dos resultados, proporcionalmente ao valor das operações efetuadas pelo
sócio com a sociedade, podendo ser atribuído juro fixo ao capital realizado;
•indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, ainda que em caso de dissolução
da sociedade.

Na sociedade cooperativa, a responsabilidade dos sócios pode ser limitada ou ilimitada.

É limitada a responsabilidade na cooperativa em que o sócio responde somente pelo valor


de suas quotas e pelo prejuízo verificado nas operações sociais, guardada a proporção de sua
participação nas mesmas operações.

É ilimitada a responsabilidade na cooperativa em que o sócio responde solidária e


ilimitadamente pelas obrigações sociais.

No que a lei for omissa, aplicam-se as disposições referentes à sociedade simples.

2.9Sociedade anônima (sociedade por ações)


 

Na verdade, esta parte deveria ser chamada sociedade por ações, uma vez que se trata de
sociedades de capitais regidas pela Lei nº 11.638/07 (Lei das Sociedades por Ações).
Subdividem-se em dois tipos societários: sociedades anônimas e sociedades em comandita por
ações. Como este último tipo societário encontra-se em extinção, será dada ênfase às sociedades
anônimas. Todavia, as sociedades em comandita são tratadas no item 2.6.2.

As sociedades anônimas, também denominadas companhias, têm o capital social dividido


em ações, e a responsabilidade dos acionistas (proprietários das ações) é limitada ao preço de
emissão das ações subscritas ou adquiridas.

2.9.1Principais características
 

São as seguintes as principais características da sociedade anônima:

•é sempre uma sociedade empresária (antiga sociedade comercial);


•a sociedade é designada por denominações, acompanhada da
expressão companhia ou sociedadeanônima, expressas por extenso ou abreviadamente,
mas vedada a utilização da primeira ao final. Poderá figurar na designação o nome do
fundador, acionista ou pessoa que por qualquer modo tenha concorrido para o êxito da
empresa;
•a companhia pode ter por objetivo participar de outras sociedades, ainda que tal
participação não seja prevista no estatuto. A participação é facultada como meio de
realizar o objeto social, ou para beneficiar-se de incentivos fiscais.

2.9.2Constituição da S.A.
 

A constituição da companhia depende do cumprimento dos seguintes requisitos


preliminares (após o estabelecimento do estatuto – regras que regem a S.A.):
•subscrição, pelo menos por duas pessoas, de todas as ações em que se divide o capital
social fixado no estatuto;
•realização, como entrada, de 10%, no mínimo, do preço de emissão das ações
subscritas, em dinheiro;
•depósitos, no Banco do Brasil S.A., ou em outro estabelecimento bancário autorizado
pela Comissão de Valores Mobiliários, da parte do capital realizado em dinheiro.

Em nosso Direito, há duas formas de constituição de sociedade anônima:

a)por subscrição pública (grupo fundador subscreve parcela do capital, colocando à


venda, ao público em geral, outra parcela das ações): é submetida à apreciação da
Comissão de Valores Mobiliários (CVM) com o objetivo de proteger a economia
popular. A CVM não concede o registro de emissão para constituição de companhia
por inviabilidade ou temeridade do empreendimento ou, ainda, por inidoneidade dos
fundadores. A subscrição somente pode ser efetuada com a intermediação de
instituição financeira através de uma underwriter;
b)por subscrição particular (o grupo fundador fica com a totalidade do capital): é a
forma que predomina quando a subscrição particular do capital pode fazer-se por
deliberação dos subscritos em assembleia geral (reunião dos subscritores) ou por
escritura pública (assinatura de todos os subscritores), considerando-se fundadores
todos os subscritores.

2.9.3Tipos de S.A.
 

A – COMPANHIA ABERTA
A captação de recursos é realizada junto ao público. Os valores mobiliários (ações ou
debêntures) são admitidos à negociação em bolsas ou no mercado de balcão.

As negociações dos valores mobiliários podem ser realizadas em pregão (proclamação


pública com corretores etc.) ou em mercado de balcão (mercado primário, a primeira venda de
um valor mobiliário sem pregão).

Além dos incentivos fiscais concedidos aos acionistas e à própria empresa, a sociedade
anônima de capital aberto (Cia. Aberta) possui grande vantagem quanto à captação de recursos
junto ao público, recursos esses que muitas vezes são“mais baratos”em relação ao mercado
financeiro (crédito), e não há a obrigação líquida e certa do reembolso.

B – COMPANHIA FECHADA
É a companhia que não recorre à poupança pública e obtém recursos entre os próprios
acionistas para a formação de seu capital próprio. Sua ação não é cotada em bolsa. É a
sociedade tradicional, restrita a pequenos grupos.

C – SOCIEDADE DE CAPITAL AUTORIZADO


Contém, no estatuto, disposição que autoriza o aumento de capital até certo teto (capital
autorizado), sem necessidade de anuência da assembleia geral nem de reforma estatutária.
Portanto, a sociedade com capital autorizado realiza, gradativamente, com a emissão de ações, o
aumento do capital subscrito, até atingir o montante da autorização. Daí, haverá a fixação de um
novo capital, com autorização da AG (Assembleia Geral) e reforma do estatuto.

A lei estende a todas as companhias a faculdade de prever estatutariamente a autorização


para aumento de capital social, independentemente de reforma estatutária.

D – SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA


É legalmente definida como entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado,
criada por lei para exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas
ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União ou à entidade da Administração
Indireta.

Características da sociedade de Economia Mista:

•reveste-se da forma de sociedade anônima;


•há participação do Estado e de particulares no capital social;
•há participação ativa do Poder Público na gestão da sociedade;
•tem finalidade de interesse público;
•é criada por lei.

2.9.4Algumas obrigatoriedades das S.A.


 

A – ASSEMBLEIA GERAL
É a reunião dos acionistas de uma companhia que, quando convocada, tem poderes para
decidir sobre todos os negócios relativos ao objeto da empresa e outros assuntos. Anualmente,
nos quatro primeiros meses seguintes ao término do exercício social, há reunião dos acionistas,
que se denomina Assembleia Geral Ordinária (AGO). Quando houver necessidade de outra
assembleia geral, será denominada Assembleia Geral Extraordinária (AGE).

B – ATA E CONVOCAÇÃO
Ata é o resumo dos assuntos discutidos e deliberados nas assembleias que será lavrado em
livro próprio e publicado em jornais. A convocação para as assembleias é feita mediante
anúncio publicado em jornais.

C – PUBLICAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS


Tanto as S.A. de capital fechado como as S.A. de capital aberto devem publicar as
Demonstrações Financeiras no Diário Oficial e em outro jornal de grande circulação; as
instituições financeiras e as companhias abertas devem publicar essas demonstrações
semestralmente.

A obrigatoriedade na publicação das demonstrações financeiras é uma vantagem para as


sociedades anônimas, uma vez que evidencia maior transparência nas informações, dando mais
credibilidade para essas empresas junto à sociedade.

2.9.5Ações
 
São títulos de propriedade, representativos das cotas-partes em que se divide o capital social
de uma sociedade por ações. Uma ação representa a menor fração em que é dividido seu capital.

O proprietário de uma ação torna-se acionista da companhia, isto é, um de seus donos.

Ao possuidor da ação é conferida parcela de participação no controle e nos lucros da


companhia.

As ações, conforme a natureza dos direitos ou vantagens que confiram a seus titulares,
dividem-se em ordinárias e preferenciais.

A – ORDINÁRIAS
São ações comuns, desprovidas de quaisquer restrições, porém não dotadas de nenhum
privilégio, salvo o direito ao voto.

B – PREFERENCIAIS
São aquelas que conferem preferências previamente declaradas nos estatutos, tais como:

•prioridade na distribuição de dividendos; e/ou


•prioridade no reembolso do capital, com ou sem prêmio.

Quanto à forma de circulação, as ações podem ser: nominativas, endossáveis, ao portador.

C – NOMINATIVAS
A propriedade das ações nominativas presume-se pela inscrição do nome do acionista no
livro de Registro das Ações Nominativas; a transferência dessas ações opera-se lavrando-se o
livro de Transferência de Ações Nominativas com a assinatura do cedente e do cessionário.

D – ENDOSSÁVEIS
A propriedade das ações endossáveis presume-se pela posse do título com base em série
regular de endossos, mas o exercício do direito perante a companhia requer a averbação do
nome do acionista no livro de Registro de Ações Endossáveis e no certificado. Portanto, a
transferência mediante endosso não tem eficácia perante a companhia, enquanto não for
averbada no livro de registro e no próprio certificado; o endossatário, porém, que demonstrar ser
possuidor do título com base em série regular de endossos tem o direito de obter a averbação da
transferência ou a emissão de novo certificado em seu nome.

Algumas combinações dos tipos de ações:

As ações podem ser ainda com valor nominal e sem valor nominal.
2.10União de empresas
 

Serão abordados alguns tipos de concentração de empresas, conforme definição da Lei nº


11.638/07.

2.10.1Fusão
 

É a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar sociedade nova, que
lhes sucederá em todos os direitos e obrigações. Portanto, é o ato pelo qual duas ou mais
empresas se extinguem para originar uma nova sociedade com personalidade jurídica distinta; a
nova sociedade adquire os ativos e passivos das demais.

2.10.2Incorporação (encampação ou absorção)


 

É a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede
em todos os direitos e obrigações. A empresa incorporada, portanto, deixa de existir, mas a
empresa incorporadora continua com sua personalidade jurídica.

2.10.3Grupo de sociedades
 

As sociedades controladas podem constituir um grupo de sociedades, mediante convenção


pela qual se obriguem a combinar recursos e/ou esforços para a realização dos respectivos
objetivos ou a participar de atividades ou empreendimentos comuns.

A sociedade controladora, ou de comando do grupo, deve ser brasileira e exercer, direta ou


indiretamente, e de modo permanente, o controle das sociedades filiadas, como titular de
direitos de sócio ou acionista, ou mediante acordo com outros sócios ou acionistas.

O grupo de sociedades terá designação da qual constarão as palavras grupo de


sociedades ou grupo e considerar-se-á constituído a partir da data do arquivamento, no registro
do comércio da sede da sociedade de comando, de documentos como: convenção de
constituição do grupo, atas das assembleias gerais etc.

O grupo de sociedades publicará demonstrações financeiras (juntamente com as da


sociedade-comando) consolidadas, compreendendo todas as sociedades de grupo, não se
excluindo a obrigatoriedade da publicação das demonstrações financeiras de cada uma das
companhias que compõem o grupo.

Geralmente, o controle de um grupo de sociedades (sociedade-comando) é exercido por


uma sociedade holding, que poderá ser pura (possui exclusivamente controle acionário) ou
mista (além do controle acionário, possui outras atividades).
A companhia holding tem como objetivo possuir ações de várias sociedades para controlá-
las. Não há, portanto, integração de sociedades, isto é, cada empresa mantém sua personalidade
jurídica própria.

Além da vantagem de as entidades ficarem separadas juridicamente, não afetando a


“sociedade-mãe” quanto aos riscos individuais, a holding contém outros pontos positivos, como:
detenção do controle com pequena participação no capital da controlada, desde que as ações
estejam diluídas com o público; controle centralizado, com a administração descentralizada etc.

Não se deve confundir sociedade holding com sociedade de participação ou sociedade


financeira (investment trust), em que, embora esta última apresente grande parte de seus ativos
investida no capital de outras sociedades, diferem entre si, uma vez que a primeira visa ao
controle societário e a segunda tem como objetivo essencial o investimento.

2.10.4Consórcio
 

Surge aqui o caso de sociedades que desejam unir-se, em proveito de um empreendimento,


sem perder sua personalidade jurídica, sem abdicar de sua autonomia administrativa e, muitas
vezes, sem a participação societária.

É o caso do consórcio em que, através de um contrato temporário ou não e sem


personalidade jurídica, duas ou mais sociedades se unem com o objetivo de executar um
empreendimento, como: processamento de dados, pesquisas, obras públicas, aquisição de
matérias-primas em comum, rede de vendas, entrepostos etc.

A fórmula joint venture, bastante utilizada nos Estados Unidos, está sendo também
aplicada, no Brasil, como um tipo de consórcio, que serve, aqui, de canal aos crescentes
investimentos americanos e de outros países.

Uma das características da joint venture é seu aspecto efêmero, isto é, ela se desfaz no
término da obra ou empreendimento. Se tiver tendência duradoura (aspecto permanente),
certamente se transformará em uma sociedade (geralmente S.A.), uma vez que haverá maior
segurança para o empreendimento e os associados.

2.10.5Coligadas e controladas
 

A Lei das Sociedades por Ações define sociedades coligadas e controladas. São coligadas as
sociedades quando participam, com 20% ou mais, do capital da outra, sem controlá-la.
Considera-se controlada a sociedade na qual a controladora, diretamente ou através de outras
controladas, é titular de direitos de sócios que lhes assegurem, de modo permanente,
preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos administradores.

2.10.6Subsidiária integral
 

Embora a constituição da companhia dependa de subscrição de pelo menos duas pessoas, a


legislação das sociedades por ações dispõe que a companhia pode ser constituída, mediante
escritura pública, tendo como único acionista a sociedade brasileira.

A sociedade assim constituída é chamada subsidiária integral, embora com personalidade


jurídica absolutamente distinta da sociedade-acionista.

A constituição de subsidiária integral pode acontecer também pela incorporação de todas as


ações de uma companhia por outra, exigindo que haja prévia aprovação da assembleia geral de
ambas as sociedades.

2.11Outras formas de tratar sociedades


 

2.11.1Sociedade nacional
 

É nacional a sociedade organizada de conformidade com a lei brasileira que tenha no país a
sede de sua administração.

Quando a lei exigir que todos ou alguns sócios sejam brasileiros, as ações da sociedade
anônima revestirão, no silêncio da lei, a forma nominativa. Qualquer que seja o tipo da
sociedade, em sua sede ficará arquivada cópia autêntica do documento comprobatório da
nacionalidade dos sócios.

Não haverá mudança de nacionalidade de sociedade brasileira sem o consentimento


unânime dos sócios ou acionistas.

2.11.2Sociedade estrangeira
 

A sociedade estrangeira, qualquer que seja seu objetivo, não pode, sem autorização do
Poder Executivo, funcionar no país, ainda que por estabelecimentos subordinados, podendo,
todavia, ressalvados os casos expressos em lei, ser acionista de sociedade anônima brasileira.

Ao requerimento de autorização devem juntar-se:

•prova de se achar a sociedade constituída conforme a lei de seu país;


•inteiro teor do contrato ou do estatuto;
•relação dos membros de todos os órgãos da administração da sociedade, com nome,
nacionalidade, profissão, domicílio e, salvo quanto a ações ao portador, o valor da
participação de cada um no capital da sociedade;
•cópia do ato que autorizou o funcionamento no Brasil e fixou o capital destinado às
operações no território nacional;
•prova de nomeação do representante no Brasil, com poderes expressos para aceitar as
condições exigidas para a autorização;
•último balanço.

2.12Empresa rural
 

Até 2002, as sociedades eram divididas em sociedade comercial e sociedade civil. A partir
do início de 2003, entra em cena o CC, que revoga a primeira parte do Código Comercial
brasileiro de 1850.

O CC define, como já vimos, empresário como aquele que exerce profissionalmente


atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços. Assim, o
produtor rural passa a ser chamado de empresário rural em função da definição acima, desde
que se inscreva na junta comercial. Não se inscrevendo na junta comercial, ele será
um produtor rural autônomo.

Em relação à sociedade, o CC considera sociedade empresária, também já visto, pessoas


que celebram contrato e reciprocamente se obrigam a contribuir com bens e serviços para o
exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. Assim, a
expressão sociedade empresária substitui a expressão anterior de sociedade comercial. Dessa
forma, a sociedade rural (quando houver a união de duas ou mais pessoas) passa a ser vista
como uma sociedade empresária.

De maneira geral, conforme o CC, o empresário, cuja atividade rural constitua sua principal
profissão, pode exercer essa atividade nas seguintes formas jurídicas:

•autônomo, sem registro na Junta Comercial;


•empresário individual, quando inscrito na Junta Comercial (é optativo);
•sociedade empresária, inscrita na Junta Comercial (na forma de sociedade limitada, ou
sociedade anônima etc.).

O CC diz que a lei assegurará tratamento favorecido diferenciado e simplificado ao


empresário rural quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes. Nesse caso, não haveria
necessidade de contabilista, escrituração..., como descrito na legislação tributária (Imposto de
Renda).

Por fim, o CC diz que não é considerado empresário quem exerce profissão intelectual de
natureza científica, literária ou artística. Essas atividades anteriormente eram tratadas como
civis. Assim, quando se constituía sociedade, era tratada como sociedade civil, hoje
denominada“simples”.
Dessa forma, a sociedade empresária em atividade rural não poderá ser na categoria de
simples.

2.13Escrituração conforme o CC
 

O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade,


mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com
a documentação respectiva, e a levantar anualmente o Balanço Patrimonial e o de Resultado
Econômico (DRE), ficando dispensado dessas obrigações o pequeno empresário.

Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável o Diário, que pode ser substituído
por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica.

A adoção de fichas não dispensa o uso de livro apropriado para o lançamento do Balanço
Patrimonial e do Resultado Econômico (DRE).

Salvo disposição especial de lei, os livros obrigatórios e, se for o caso, as fichas, antes de
postos em uso, devem ser autenticados no Registro Público de Empresas Mercantis.

A autenticação não se fará sem que esteja inscrito o empresário, ou a sociedade empresária,
que poderá fazer autenticar livros não obrigatórios.

A escrituração ficará sob a responsabilidade de contabilista legalmente habilitado, salvo se


nenhum houver na localidade.

A escrituração será feita em idioma e moeda corrente nacionais e em forma contábil, por
ordem cronológica de dia, mês e ano, sem intervalos em branco, nem entrelinhas, borrões,
rasuras, emendas ou transportes para as margens.

É permitido o uso de código de números ou de abreviaturas, que constem de livro próprio,


regularmente autenticado.

2.14Sociedade sem fins lucrativos


 

Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não
econômicos. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos.

O estatuto das associações conterá:

•a denominação, os fins e a sede da associação;


•os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados;
•os direitos e deveres dos associados;
•as fontes de recursos para sua manutenção;
•o modo de constituição e funcionamento dos órgãos deliberativos e administrativos;
•as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução.

Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir categorias com
vantagens especiais.

A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser o contrário.

A exclusão do associado só é admissível se houver justa causa, obedecido o disposto no


estatuto; sendo este omisso, poderá também ocorrer se for reconhecida a existência de motivos
graves, em deliberação fundamentada, pela maioria absoluta dos presentes à assembleia geral
especialmente convocada para esse fim.

Da decisão do órgão que, de conformidade com o estatuto, decretar a exclusão caberá


sempre recurso à assembleia geral.

Nenhum associado poderá ser impedido de exercer direito ou função que lhe tenha sido
legitimamente conferido, a não ser nos casos e pela forma previstos na lei ou no estatuto.

Compete privativamente à assembleia geral:

•eleger os administradores;
•destituir os administradores;
•aprovar as contas;
•alterar o estatuto.

Para as deliberações a que se referem os incisos II e IV, é exigido o voto concorde de dois
terços dos presentes à assembleia especialmente convocada para esse fim, não podendo ela
deliberar, em primeira convocação, sem a maioria absoluta dos associados, ou com menos de
um terço nas convocações seguintes.

Parte
prática
A – TESTES

1.As sociedades empresárias...


a.obrigatoriamente têm seu contrato arquivado no Cartório de Títulos e Documentos.
b.praticam atos de comércio com fins lucrativos.
c.podem comprar e vender mercadorias com ou sem fins lucrativos.
d.são chamadas de associações, quando não visam ao lucro.

2.Em geral, as sociedades simples...


a.prestam serviços decorrentes de atividade intelectual.
b.não têm como objetivo o lucro e são registradas obrigatoriamente na Junta
Comercial.
c.praticam atos de comércio sem visar ao lucro.
d.prestam serviços com fins lucrativos e praticam atos de comércio.

3.As sociedades por ações...


a.podem ser tanto sociedades empresárias como simples, dependendo de os fins serem
lucrativos ou não.
b.por força de legislação são sociedades empresárias.
c.podem ser sociedades simples quando atuarem como fornecedores de bens ou
serviços.
d.são sociedades simples quando não visam ao lucro.

4.Nas sociedades mercantis limitadas, a responsabilidade dos sócios compreende...


a.o total das obrigações da sociedade independentemente de valor.
b.o montante do Capital Social mais os bens particulares dos sócios.
c.o montante das obrigações da sociedade mais o Capital Social a ser integralizado.
d.o montante do Capital Social Subscrito.

5.Em geral, os recursos para a formação do Capital Social de uma companhia fechada...
a.são obtidos pela venda, realizada pela companhia, de debêntures ao público
investidor.
b.são obtidos pela colocação de suas ações nas Bolsas de Valores.
c.são obtidos diretamente dos acionistas que subscrevem suas ações.
d.são obtidos por meio de empréstimos contraídos pela própria companhia.

6.Uma das relações abaixo apresenta aspectos que são analisados quando se trata de
examinar a solidez de uma sociedade anônima. Indique-a:
a.volume de vendas, pontualidade no cumprimento de suas obrigações e rentabilidade.
b.rentabilidade e idoneidade de cada um dos sócios.
c.montante da conta bancária e idoneidade de cada um dos sócios.
d.quantidade e idoneidade dos sócios, rentabilidade e volume de vendas.

7.Numa sociedade anônima, a responsabilidade dos acionistas compreende...


a.o montante das obrigações da empresa, proporcionalmente ao número de ações de
cada sócio.
b.o preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas.
c.o preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas mais os bens particulares dos
acionistas.
d.o preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas ou o montante das obrigações
da empresa, o que for maior.

8.Uma das características das sociedades de economia mista é...


a.ter como acionistas empresas nacionais e estrangeiras, com predominância das
segundas.
b.ter o Poder Público como ativo gestor da empresa, mesmo que existam pessoas
físicas como acionistas.
c.visar atividades de interesse público mesmo que a maioria do capital votante pertença
a pessoas físicas particulares.
d.revestir-se da forma de sociedade por cotas de responsabilidade limitada, com a
maioria delas de propriedade do Poder Público.

9.As ações ordinárias das sociedades anônimas...


a.normalmente possuem direito a voto.
b.têm prioridade na distribuição de dividendos, mas não possuem o direito de voto.
c.podem ser dotadas de privilégios nas companhias fechadas.
d.são obrigatoriamente da forma “ao portador’’, com direito a voto nas Assembleias
Gerais.

10.Na fusão de duas ou mais sociedades...


a.uma delas absorve as demais, permanecendo com sua personalidade jurídica.
b.há um acordo entre os sócios/acionistas das sociedades que permite que elas
continuem existindo, mas atuando com um objetivo comum.
c.extinguem-se as sociedades antigas, nascendo uma nova com personalidade jurídica
distinta.
d.uma delas adquire dos sócios/acionistas das demais todas as cotas/ações, passando a
ter o controle absoluto das demais.

11.Uma das características de uma sociedade holding é...


a.participar de outras sociedades sem as controlar.
b.deter o controle de outras sociedades, mesmo possuindo atividades próprias.
c.ser uma sociedade anônima que participe de outras sociedades, as quais controla.
d.coordenar as atividades de uma reunião de empresas nas quais detêm participação
societária.
B – QUESTÕES

1.Cite as diferenças entre sociedades simples e sociedades empresárias.

2.Cite algumas vantagens/desvantagens de uma sociedade empresária ser constituída como


sociedade anônima ou como sociedade por cotas de responsabilidade limitada.

3.Cite exemplos de valores mobiliários que podem ser emitidos por sociedades anônimas.
Onde devem ser registrados para que possam ser distribuídos no mercado e negociados?

4.As ações podem ser de diferentes espécies. Qual o significado dessa palavra espécies?

5.Pode uma sociedade anônima possuir um único acionista?

6.Cite e comente alguns tipos de uniões de empresas.

7.Diferencie as Sociedades Personificadas das Não Personificadas.

8.Comente sobre as Cooperativas.

9.Diferencie os tipos de Sociedades Anônimas.

10.Diferencie Sociedades Coligadas de Sociedades Controladas.

Você também pode gostar