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CURSO DE DIREITO

DISCIPLINA: Metodologia Científica


PROFESSORA: Maria Amélia G. Leitão
Contato: mameliaunesc@gmail.com

ATIVIDADE 01 - Individual - Data de entrega: 10/03/2017

TEXTO: Metodologia da pesquisa jurídica: aspectos gerais e desafios


contemporâneos. (Segue o material abaixo)

Faça uma leitura reflexiva sobre o texto exposto, selecionando as palavras que não
são do seu conhecimento (desconhecidas), dando-lhes o seu significado, e aplique
as seguintes técnicas de estudos:

 Técnicas (análise e interpretação de texto);


 Técnicas de redução de texto (sublinhar, esquematizar e resumir).
 Faça um resumo do texto para ser entregue ao professor na data marcada.
 Faça sua anotação sobre os pontos mais interessantes (que chamaram a
sua atenção) do texto para que seja discutida em sala de aula.
CENTRO UNIVERSITÁRIO DO ESPÍRITO SANTO – UNESC
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO
METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA – 1º Período
Profª Maria Amélia Gonçalves Leitão
Metodologia da pesquisa jurídica: aspectos gerais e desafios
contemporâneos

A teoria, a pesquisa e a prática profissional são aspectos complementares que


integram o Direito e a formação do acadêmico da área. Dessa forma, a pesquisa
dá suporte à prática, e a prática, por sua vez, serve de instrumento que estimula a
pesquisa e, consequentemente, a construção do conhecimento.

INTRODUÇÃO

O conhecimento científico se contrapõe ao mito, à superstição e ao senso


comum. Dessa forma, trata-se de instrumento de evolução, que concede ao ser
humano uma visão mais ampla da natureza e das relações que o rodeiam e, ao
mesmo tempo, permite a investigação profunda de fenômenos e concede ao
homem a possibilidade de, sob determinadas circunstâncias, alterar a sua
realidade.
De maneira simplificada, pode-se dar o nome de Metodologia Científica ao
conjunto de procedimentos adotados pelo pesquisador na construção do
conhecimento científico, que segue normas relativamente rígidas para a obtenção
e comprovação de resultados diante de um problema.
O Direito tem um dinamismo e uma relação com os fenômenos sociais que
o coloca em posição diferenciada de diversas perspectivas, inclusive a da
metodologia e pesquisa científica. Como consequência, as dificuldades
encontradas para o desenvolvimento da pesquisa jurídica também apresentam
peculiaridades, conforme será tratado no presente artigo.

A METODOLOGIA CIENTÍFICA APLICADA AO DIREITO

O conhecimento científico se caracteriza por ultrapassar o senso comum,


sendo possível, através do seu método, investigar e conhecer objetos, fatos e
coisas. Enquanto o senso comum se limita ao que é tido como verdade e aceito
com certa estabilidade, a Ciência promove a investigação e explora possibilidades.
A noção de Ciência surgiu estreitamente ligada à Filosofia. A separação
entre os métodos utilizados pelo o conhecimento científico e pelo filosófico só
ocorreu, conforme Mezzaroba et al. (2009), de maneira tardia na história da
humanidade, com a revolução promovida por Copérnico, Galileu, Descartes e
outros pensadores.
O autor supracitado destaca algumas características do conhecimento
científico. Primeiramente, ele é objetivo e homogêneo, uma vez que busca analisar
o objeto em sua essência universal e as leis gerais que regem os fenômenos. Além
disso, tem a capacidade de afastar o homem do medo e da superstição.
Cada grupo social, em cada momento histórico, têm as suas necessidades
e peculiaridades refletidas no conhecimento científico. Não obstante, o
desenvolvimento do trabalho científico deve, apesar dessas influências, ocorrer de
forma paciente e gradativa, mas sem se fechar para mudanças e renovações.
O diferencial entre o conhecimento científico e as outras formas de
conhecimento é que naquele é possível identificar com exatidão os processos
através dos quais os resultados foram atingidos. Esse caminho seguido pelo
cientista até o resultado é o que se pode chamar de método científico.
A investigação científica parte do descobrimento e colocação precisa de um
problema ou de uma lacuna em certa área. Avança pela tentativa de solução, pela
investigação das implicações das soluções encontradas e pela comprovação da
solução.
Nas palavras de Mezzaroba et al. (2009, p.52),
O método representa muito mais uma atitude do que propriamente um
conjunto de regras prontas e acabadas para resolver qualquer tipo de
problema, ou seja, a melhor forma de investigar, de buscar soluções para
os problemas ditos científicos está no estudo e na aplicação dos modelos
de pesquisas que já tenham demonstrado consistência teórica e prática.
No que refere especificamente à metodologia científica e pesquisa na ciência
jurídica, há algumas singularidades a serem observadas, quando se faz uma
comparação com outras áreas do conhecimento.
O conhecimento jurídico é produzido de diversas maneiras. Incialmente,
pode-se citar as próprias fontes do Direito, como a doutrina e a jurisprudência.
Entretanto, o campo investigativo do Direito é mais extenso. Conforme ensina
Gustin et al. (2010), a pesquisa deve envolver outros fatores que influenciam na
formação da ciência jurídica, como produções de outras áreas que versam sobre
as relações de poder e o Estado, e também aos diversos fatos sociais que refletem
no Direito.
Gustin et al. (2010) afirma que a inclusão ou não das ciências jurídicas entre
as Ciências Sociais Aplicadas é debate superado. Assim, é neste campo do
conhecimento que o Direito busca os fundamentos da metodologia científica
aplicada na sua produção de conhecimento.
Para o mesmo autor, a Metodologia da Pesquisa no campo jurídico pode
desenvolver seu objeto de estudos através de dois aspectos principais. O primeiro,
o aspecto teórico, através do qual se busca debater os próprios fundamentos
científicos do Direito. O segundo aspecto, o prático, através do qual se objetiva
aprimorar as bases para a própria pesquisa científica, no sentido material da sua
elaboração.

OS DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS DA PESQUISA JURÍDICA

Fragale Filho et al. (2004) afirma que a pesquisa no Direito está em um


"atraso relativo". O autor atribui esse atraso principalmente ao isolamento da
ciência jurídica em relação às outras áreas do conhecimento relacionadas e a uma
confusão entre a pesquisa acadêmica e a prática profissional.
O autor destaca que, de maneira geral, a pesquisa no Brasil atingiu
patamares compatíveis com os internacionais em diversas áreas. Apesar de certa
evolução, entretanto, a pesquisa no ramo do Direito não acompanhou tal avanço.
No que se refere à citada confusão entre a pesquisa acadêmica e a prática
do profissional do Direito, o que se nota é uma tendência a se priorizar ou a
formação científica ou a profissional, como duas abordagens distintas. Como
consequência, a academia se torna um ambiente pouco estimulante para a
pesquisa. A experiência da aprendizagem, assim, coloca o estudante, potencial
pesquisador, em posição de passividade, alheio à construção do conhecimento, o
que reflete diretamente no desenvolvimento e na qualidade da pesquisa jurídica.
Se referindo a esse cenário, Fragale Filho et al (2004, p. 68) aponta que:
não se trata de rejeitar o mundo judicial e sustentar que a academia é um
locus que não comporta a presença de práticos, mas, sim, de evidenciar
que os critérios de legitimidade acadêmica devem ser igualmente
aplicados tanto à área jurídica quanto aos demais espaços universitários.
Não se trata de construir um mundo ideal isolado, contaminado pelos
critérios judiciais de legitimidade, mas de sedimentar um diálogo entre a
reflexão e a prática a partir dos parâmetros estabelecidos pelo mundo
acadêmico.
O mesmo autor sugere que a mudança desse cenário envolve o
desenvolvimento da compreensão, na graduação e nas diversas espécies de pós-
graduação, de que ensino e pesquisa não são atividades conflitantes. Pelo
contrário, são atividades complementares, e como tal devem ser tratadas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa no Direito segue as mesmas regras metodológicas das demais


Ciências Sociais Aplicadas. A busca pela solução de problemas e o
desenvolvimento do conhecimento dentro da ciência jurídica torna-se importante
quando se considera a grande relevância do Direito, sobretudo a sua relação
estreita com diversos fenômenos sociais.
A pesquisa jurídica no Brasil, não obstante a sua mencionada importância,
ainda não atingiu o mesmo patamar de outras ciências, inclusive daquelas com
objeto semelhante. Conforme demonstrou-se, uma das principais razões desse
paradigma é a separação entre o ensino dos aspectos científicos e da prática.
Na realidade, a teoria, a pesquisa e a prática profissional são aspectos
complementares que integram o Direito. Dessa forma, a pesquisa dá suporte à
prática, e a prática, por sua vez, serve de instrumento que estimula a pesquisa e,
consequentemente, a construção do conhecimento. O reconhecimento desse fato
no ambiente da academia pode ser apontado como o início da mudança de
paradigma na pesquisa jurídica.

REFERÊNCIAS
FRAGALE FILHO, Roberto; VERONESE, Alexandre. A pesquisa em Direito:
diagnóstico e perspectivas. Revista Brasileira de Pós-Graduação. CAPES.
Brasília. v. 1. n. 2. nov. 2004, p. 53-70.
GUSTIN, Miracy Barbosa de Sousa. DIAS, Maria Tereza Fonseca. (Re)pensando
a pesquisa jurídica: teoria e prática. 3. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2010.
MEZZAROBA, Orides. Monteiro. Cláudia Servilha. Manual de Metodologia da
Pesquisa no Direito. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.

Fonte: https://jus.com.br/revista - Este texto foi publicado no site Jus Navigandi no endereço
https://jus.com.br/artigos/45380- Autor: Jairo Farley Almeida Magalhães Publicado em 12/2015.
Elaborado em 12/2015. Acesso em 19/02/2015

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