Você está na página 1de 8

Resposta 14 – Identidade internacional do Brasil – 90 linhas

=> “Um diplomata não serve a um regime e sim ao seu país” (José Maria da Silva
Paranhos Júnior, Barão do Rio Branco, chanceler brasileiro entre 1902 e 1912)
=> "Se há um país que está se universalizando e que não tem mais tamanho para ter
parceria seletiva é o Brasil. O Brasil deve ter uma política exterior universal, sem a qual
não terá nenhuma importância no mundo.” (Francisco Azeredo da Silveira, chanceler
brasileiro entre 1974 e 1979)
=> Considerando os excertos de caráter meramente motivador, discorra sobre os
princípios e características que fundamentam a identidade internacional do Brasil e
constituem importante ativo do país no concerto das nações, servindo para guiar a sua
política externa e tendo no Itamaraty um fundamental defensor e promotor, tanto em
termos históricos como no contexto contemporâneo
=> Contextualizar: remeter ao PAPEL DA POLÍTICA EXTERNA e do
ITAMARATY como elementos cruciais para explicar a identidade internacional
brasileira
* Itamaraty: é um GUARDIÃO DE PRINCÍPIOS, DE CARACTERÍSTICAS e DE
BOAS PRÁTICAS – instituição burocrática ALTAMENTE ESPECIALIZADA que
guarda princípios
* Política Externa: sempre voltada para a PROMOÇÃO DOS INTERESSES
NACIONAIS
=> Introdução: o que é o objetivo final e maior do Itamaraty
=> Como organizar a resposta: começar pela CARACTERÍSTICA MAIS
FUNDAMENTAL – uma característica que chame atenção para o Brasil
* CARÁTER PACÍFICO: construção que vem da fase republicana do Brasil –
reconhecer o COMPROMISSO com uma inserção internacional pacífica
§ Brasil como mediador de conflitos – trazer EVENTOS CONTUNDENTES –
mediador de conflitos na região
§ Solução pacífica de controvérsias – presente no artigo 4 – Brasil como
DEFENSOR e AMANTE DA PAZ – defensor de uma paz positiva (nas últimas duas,
três décadas)
=> Ideia de paz positiva: a partir de uma atenção mais robusta em favor das RAÍZES
que causam aquela guerra ou aquele conflito
* Desenvolvimento, Direitos Humanos, Estado de Direito
=> Possível divisão entre parágrafos
* 1 – Paz
* 2 – Direito Internacional
* 3 – Multilateralismo
* 4 – Universalismo
* 5 – Desenvolvimento
* 6 – Regionalismo
* 7 – Itamaraty
=> Pensar no gatilho: paz; solução pacífica de controvérsias; mediação de conflitos;
paz positiva; Brasil pacífico; articulador de consensos
=> Segundo parágrafo: trazer a ideia de um Brasil LARGAMENTE
COMPROMETIDO com a promoção e com o respeito ao Direito Internacional –
tradição de OBSERVÂNCIA FIRME e INEQUÍVOCA do Direito Internacional em
DIFERENTES REGIMES INTERNACIONAIS
* Ambiental, Direitos Humanos, Não proliferação
* Brasil imbuído de uma TRADIÇÃO PRINCIPISTA (inserção principista) –
TRADIÇÃO GROCIANA
§ Pensar no exemplo do terrorismo
=> Terceiro parágrafo: MULTILATERALISMO – mostrar como o Brasil se
empenha a favor do MULTILATERALISMO DE RECIPROCIDADE em favor de
países em desenvolvimento que possibilita uma ORDEM INTERNACIONAL MENOS
ASSIMÉTRICA (refletir maior horizontalidade)
* Temas a serem tratados
* Brasil: apoiar MAIOR DEMOCRATIZAÇÃO DOS FOROS INTERNACIONAIS
capaz de promover um multilateralismo benigno que garanta MAIOR
HORIZONTALIDADE
=> Universalismo: pensar na POLÍTICA UNIVERSALISTA – dar o nome ao
universalismo
* Universalismo inevitável (Amado Cervo): ator de INSERÇÃO UNIVERSALISTA
– permite maior articulação de temas – possibilidade de barganhar mais – ter mais
dividendos
§ Não se pode dar o luxo de estratégias excludentes – deve ser AMPLO – ter ganhos
§ Conseguir diversificar mais o COMÉRCIO – se projetar de maneira mais ampla
geograficamente – articular melhor para os APOIOS a pleitos brasileiros
=> Universalismo: fica FACILITADO a partir do momento em que há a
INSISTÊNCIA com a NÃO INGERÊNCIA NOS ASSUNTOS INTERNOS
(soberania) – AUTODETERMINAÇÃO DOS POVOS – tudo isso relaciona-se com o
UNIVERSALISMO
* Israel e Palestina; Coreia do Norte e Coreia do Sul; Irã e Arábia Saudita
=> Desenvolvimento: mostrar como a política externa brasileira é PENSADA para a
promoção de desenvolvimento
* Embora se possa ter concepções diferentes – alcançar o DESENVOLVIMENTO é
uma tônica geral
§ A razão última de ser da política externa brasileira é a promoção do
desenvolvimento
* Política externa: política pública e também uma política de Estado
* Política externa conseguir alcance cada vez mais global: alívio à fome e à pobreza
– Brasil aparece como um dos atores mais NOTÁVEIS
=> Teoria dos papéis: Brasil assume PAPÉIS DIFERENTES
* Mediador
* “Desenvolvedor”: modelo para FAO, para OMS, para ODS
§ Fome zero sendo REPLICADO em países mundo afora
* Líder regional
=> Regionalismo: IDENTIDADE LATINO-AMERICANA – Brasil se coloca como
porta-voz natural da América Latina
* Algo que se pode notar inclusive no pleito para uma reforma no CSNU
* Usar o termo REGIONALISMO – regionalismo dando o tom da inserção brasileira
– trazer o MELHOR EXEMPLO – a grande iniciativa é o Mercosul
§ Mercosul como uma plataforma de inserção competitiva do bloco para o MUNDO
=> Itamaraty: LÓGICA WEBERIANA – pensar no Estado assentado em suas
burocracias principais – burocracia técnica que procura agir à MARGEM DE
GRANDES DISPUTAS POLÍTICAS
* Diplomacia que busca os interesses nacionais, MENOS SUSCETÍVEL aos
interesses partidários – mais refinado e mais pragmático
§ Embora haja o RECONHECIMENTO de um Itamaraty disposto a DIALOGAR
MAIS
§ Carlos Milani: a política externa como sendo uma política sui generis – é política de
Estado e uma política pública – esforço crescente para dialogar mais com a sociedade
* Itamaraty RESGUARDA VALORES CLÁSSICOS, mas ele se atém às mudanças de
realidade doméstica e internacional – é GUARDIÃO DOS PRINCÍPIOS – melhor
capacidade de se adaptar a novas realidades
§ FLEXIBILIZAR a ideia de “encapsulamento burocrático” – um grande legado da
Nova República
=> Construir uma ordem menos assimétrica – dialoga diretamente com o
construtivismo

MINHA RESPOSTA – 22/30

=> A identidade internacional do Brasil é fruto de um PROCESSO CONTÍNUO de


construção da valores e de uma DICOTOMIA entre CONTINUIDADE-RUPTURA
* Embora haja algum grau de MUDANÇAS ao longo das décadas, a política externa
brasileira se pauta pela defesa de princípios centrais que a fazem ser RECONHECIDA
POR ELES
* Celso Lafer: afirma que a política externa é o APROVEITAMENTO DE
OPORTUNIDADES EXTERNAS tendo em vista as necessidades internas do país
=> Ademais, a atuação histórica de diplomatas e, mais recentemente, do Itamaraty
reforçam a ideia de um CÍRCULO VIRTUOSO de defesa dos valores nacionais frente
ao mundo
* Prova disso é o artigo 4º da CF/88, o qual elenca DEZ PRINCÍPIOS DE
RELAÇÕES INTERNACIONAIS seguidos pelo Brasil
=> O embaixador Rubens Ricupero afirma que o Brasil HERDOU a tradição lusitana
da chamada “diplomacia do conhecimento”
* Por meio dela, DIPLOMATAS puderam reconhecer as limitações e as virtudes do
país para ANGARIAR GANHOS DIPLOMATICOS
§ Não por acaso, Alexandre de Gusmão é RECONHECIDO pela negociação do
Tratado de Madri e Rio Branco pela solução pacífica de controvérsias em diversos
litígios fronteiriços no início da Primeira República
* O Barão pôde dar CONTINUIDADE à tradição de respeito ao direito
internacional e da soberania nacional, bem como de CONSOLIDAR A IMAGEM
DO PACIFISMO INTERNACIONAL DO BRASIL
§ Ademais, a atuação de Rui Barbosa na Conferência de Haia é MARCO do apreço
brasileiro pelo multilateralismo e pela defesa da igualdade soberana entre os
Estados
§ Comentário Velasco: seria bom AMPLIAR a análise dessa tradição pacífica e do
empenho em favor da mediação de conflitos – DÊ EXEMPLOS – valeria também
falar da TRADIÇÃO GROCIANA do Brasil – é um CONCEITO ÚTIL – tradição
grociana; solução pacífica
=> Além disso, o reconhecimento da importância do multilateralismo é uma das
MAIORES MARCAS que o país possui em sua identidade internacional – por meio
dele, as assimetrias e os custos transacionais são REDUZIDOS
* De acordo com Saraiva Guerreiro, o Brasil NÃO TEM EXCEDENTES DE
PODER e, por isso, o multilateralismo é tão caro à diplomacia nacional
§ É por meio da atuação em órgãos internacionais que o Brasil CONSEGUE
DEFENDER SEUS INTERESSES conjuntamente com outros Estados em
desenvolvimento – isso ocorreu durante o governo JK na OPA, quando o Brasil passou
a defender uma multilateralização do desenvolvimento para a América Latina;
§ Os espaços multilaterais também PERMITEM que diplomatas brasileiros possam
fazer DISCURSOS HISTÓRICOS que reafirmem a identidade do país e que
inspirem a comunidade internacional, tais como o “discurso dos 3D’s” de Araújo
Castro na AGNU
§ Comentário do Velasco: seria bom trazer algum EXEMPLO de atualidade para
mostrar esse ENGAJAMENTO com o multilateralismo, como o APOIO AOS ODS ou
ao TRATAMENTO MULTILATERAL de temas transnacionais como meio
ambiente, direitos humanos, combate ao terrorismo
=> Ademais, o artigo 4º da CF/88 também elenca PRINCÍPIOS como a defesa da
independência nacional, mas também a BUSCA PELA COOPERAÇÃO ENTRE OS
POVOS PARA O PROGRESSO DA HUMANIDADE
* Não por acaso, é possível observar que o Itamaraty e a Agência Brasileira de
Cooperação vêm atuando de modo a estabelecer arranjos de cooperação Sul-Sul ou
de cooperação triangular para PROJETOS DE DESENVOLVIMENTO
* Celso Amorim: defendeu o POSICIONAMENTO de “não indiferença” do país
perante as MAZELAS de outros Estados e que o Brasil tinha MUITO A
CONTRIBUIR COM ISSO
§ Não raro, é possível NOTAR DISCURSOS BRASILEIROS em favor do
desenvolvimento sustentável e de maior aporte financeiro para desenvolver projetos
de cooperação do perfil demand-driven
§ Comentário do Velasco: achou muito específico esse comentário – política externa
instrumentalizada em favor da promoção do desenvolvimento do país e também
para a promoção de uma ordem internacional mais justa e inclusiva – Brasil como
“DEVELOPER” – a favor de um mundo menos desigual e mais assimétrico
=> O Brasil também consegue provar seu AMPLO RESPEITO às instituições
internacionais por meio do ENGAJAMENTO NAS MESMAS – apesar de possíveis
choques de interesses com outros Estados, o país se apresenta como um “articulador
de consensos” segundo Roberto Abdenur
* A posição proativa do Brasil em defender a construção de uma ORDEM MAIS
SIMÉTRICA é reconhecida pelo esforço de tentar ser um grande porta-voz do
mundo em desenvolvimento – defesa da reforma do CSNU, atuação em operações de
paz e diálogo entre Norte e Sul
§ Um dos maiores marcos da diplomacia brasileira é ser SIGNATÁRIO DE TODAS
AS CONVENÇÕES CONTRA o terrorismo internacional, sendo o repúdio ao mesmo
um dos princípios presentes no artigo 4º da CF/88
§ Comentário do Velasco: os exemplos desse parágrafo poderiam ser distribuídos em
parágrafos anteriores
=> É preciso destacar também a pluralidade das relações internacionais do Brasil:
graças à PEI e ao PRAGMATISMO ECUMÊNICO e RESPONSÁVEL, o país pôde
estabelecer um perfil destacado em sua inserção internacional, o que se denomina
UNIVERSALISMO
* Amado Cervo: fala em UNIVERSALISMO INEVITÁVEL
* As relações brasileiras variam entre SIMÉTRICAS (com outros países em
desenvolvimento) e ASSIMÉTRICAS (com desenvolvidos)
§ Comentário do Velasco: afirme aqui o COMPROMISSO com o universalismo
* Além disso, a DIPLOMACIA NACIONAL faz que o país dialogue com Estados de
características MUITO DISTINTAS DAS NOSSAS, como países que são
monarquias, ditaduras, do mundo islâmico ou até mesmo países tradicionalmente
rivais entre si
§ Comentário do Velasco: exemplo desses países seria ótimo
* Outra característica é a IDEIA NÃO EXCLUDENTE DAS RELAÇÕES
BRASILEIRAS – o simples fato de dialogar com um país NÃO ELIMINA a
possibilidade de cooperar com seu rival
§ Nesse sentido, a PLURALIDADE é a grande tônica da identidade internacional do
PAÍS
=> Deve-se lembrar também que o Itamaraty possui PAPEL CENTRAL nessa
construção de VALORES CAROS AO PAÍS
* É cada vez mais forte a ideia de a política externa ser uma POLÍTICA PÚBLICA no
país – tal órgão tem se mostrado cada vez mais ABERTO à transparência e ao diálogo
com atores variados na sociedade brasileira (partidos, mídia, empresariado)
§ Dessa forma, o Itamaraty consegue atuar internacionalmente de modo a considerar
tanto as variáveis sistêmicas, como as variáveis internas que o Brasil possui
§ Comentário do Velasco: pensar na PERSPECTIVA DE MUDANÇA
INTERNACIONAL a partir de uma lógica de novas ideias e por uma ordem mais
simétrica
§ Comentário do Velasco: valeria destacar o ITAMARATY como um espaço
burocrático-institucional dentro da lógica weberiana que atua como guardião de
princípios e de valores em favor da PROMOÇÃO DO INTERESSE NACIONAL,
embora também esteja se abrindo para um diálogo mais amplo e estreito com a
SOCIEDADE E O PARLAMENTO – refletindo uma política externa como POLÍTICA
PÚBLICA
=> Além disso, o PARÁGRAFO ÚNICO do artigo 4º da CF/88 também prevê o
processo de construir uma integração sociopolítica, cultural e econômica com a
AMÉRICA LATINA
* Essa é mais uma prova de que o Brasil quer se mostrar disposto a DIALOGAR com
os vizinhos, bem como ATUAR CONJUNTAMENTE para moldar instituições
internacionais e garantir a identidade de país com relações plurais
§ Prova disso é o acordo quadro Brasil-Argentina-AIEA-ABACC para assegurar
ambos os programas nucleares pacíficos, a atuação do país na OTCA, o ímpeto
integrador no Mercosul, os acordos de ACE’s na ALADI, entre outros
§ Ao Brasil é de EXTREMA IMPORTÂNCIA também a estabilidade política
regional, pois isso dialoga diretamente com quem o país é no âmbito latino-
americano – não raro, é possível perceber o país como ATOR DISPOSTO a dirimir
conflitos e a arbitrar controvérsias entre seus vizinhos
§ Comentário do Velasco: dar exemplos – Questão do Chaco; Questão de Letícia
§ Comentário do Velasco: a aposta no REGIONALISMO reflete o compromisso com
espaço regional e a ideia de que é a partir da região que alcançaremos maior projeção
global; a mediação de conflitos deveria ter sido destaca antes ao afirmar que o Brasil
era um articulador de consensos e comprometido com a solução pacífica de conflitos
=> É possível concluir, portanto, que a identidade internacional do Brasil é uma
CONSTRUÇÃO CONSTANTE e se pauta pela reafirmação de valores históricos,
bem como de AJUSTES PONTUAIS de acordo com as vicissitudes no sistema
internacional
* Tais princípios foram construídos ao longo de décadas e em governos de diferentes
regimes dentro do país, mas que mantiveram uma BASE COMUM – a busca pelo
desenvolvimento nacional
§ os responsáveis por isso são muitos – diplomatas históricos, Itamaraty,
reafirmação de princípios na CF/88, bem como a ACEITAÇÃO POR PARTE DA
SOCIEDADE de que a nossa política externa é um fator de engrandecimento do país
e de patriotismo

Você também pode gostar