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Capítulo
ESTRUTURA
ANALÍTICA
PROJETO 1
Aid» Dórea Mattos
O serão levadas em consideração pelo planejador e que irão compor o cronograma geral
do projeto.
Essa etapa de identificação das atividades requer especial atenção porque á nela que se decompõe
o escopo total do projeto em unidades de trabalho mais simples e de manuseio mais fácil, Aquilo
que não for identificado e relacionado sob a forma de atividade não integrará o cronograma,
A identificação das atividades nio deve ser trabalho de uma única pessoa, É preciso que haja a
contribuição e a participação de todos os envolvidos no projeto. A omissão de uma atividade
ou de uma série delas é um problema que pode assumir proporções gigantescas no futuro. Se
uma parte do escopo não for contemplada no cronograma, a obra poderá ter atraso e aumento
de custo.
Desmembrar o projeto em atividades não é trabalho dos mais simples, Invariavelmente, exige
leitura cuidadosa de desenhos e plantas, entendimento da metodologia construtiva a ser
empregada e capacidade de representar as tarefas de campo sob a forma de pacotes de trabalho
pequenos e compreensíveis,
Mão se pode gerenciar um projeto sem que suas fronteiras estejam bem definidas. Ao se definir
o escopo, amarra-se o que será o objeto do planejamento. 0 que não estiver no escopo original
não será planejado, não será programado e não será comunicado ás equipes de campo. O que
não for relacionado ficará de fora do cronograma e, em decorrência disso, não será delegado a
nenhum responsável.
'LANEJAMENTO E CONTROLE DE OBRAS
Essa ressalva é importante porque muitas vezes os projetos de estrutura, por exemplo,exigemcimbramentos
complicados ou execução em várias fases, e o planejador, por não ser especialist a na área, pode simplificar
em demasia as tarefas requeridas e a duração de cada uma. Se for dada chance aos responsáveis pela
produção de checar as atividades consideradas, pode-se mitigar o desconforto de futuramente considerar
o planejamento inexeqüível.
Durante a definição do escopo do projeto, é comum que alguns elementos ainda não estejam
totalmente especificados e detalhados. Em casos assim, se o planejador não consegue
ainda "quebrar" o referido serviço em atividades menores, deve ao menos deixar o serviço
identificado para posterior detalhamento. O fato de ainda não haver nível de detalhe suficiente
não é desculpa para que o elemento fique excluído do planejamento, Um exemplo típico é o
paisagismo, que muitas vezes não está ainda plenamente definido no início da obra, mas que
pode provisoriamente ser incluído no cronograma como uma tarefa genérica "paisagismo", a ser
posteriormente desmembrada em plantio de grama, plantio de árvores, construção de espelho
d'dgua, iluminação direcionada etc.
A técnica de deixar um pacote de trabalho amplo para decomposição futura recebe o nome de planejamento em
ond a s su cessi va s (rolling waveplanning). A medida q ue o momento de exec ução do pa cote de tra ba I h o se aproxi ma,
o grau de informação cresce e o planejador pode então aumentar o nível de detalhe do planejamento.
O nível superior da EAP representa o escopo total. Nesse nível há apenas um item — o projeto
como um todo. A partir desse nível, a EAP começa a se ramificar em tantos galhos quantos
forem necessários para representar as grandes feições do projeto. Em seguida, cada "caixinha"
do segundo nível é desdobrada em seus componentes menores no terceiro nível e assim
sucessivamente. Cada nível representa um aprimoramento de detalhes do nível imediatamente
superior, À medida que a EAP se desenrola, os pacotes de trabalho se tomam menores e mais
bem definidos. Assim, torna-se mais fácil atribuir uma duração e identificar a tarefa no campo
para controlar seu avanço.
Não há regra definida para construirá EAP. Dois planejadores podem perfeitamente chegara duas
EAP bastante diferentes para o mesmo projeto, O critério de decomposição é responsabilidade
de quem planeja, É bom frisar que, qualquer que tenha sido a lógica de decomposição, rodos os
trabalhos constituintes do projeto precisam estar identificados aofinal,O importante é que a EAP
represente a totalidade do escopo ("regra dos 100%").
A Estrutura Analítica do Projeto (EAP) é também conhecida pela expressão Work Breakdom Structute (WBS),
que em inglês significa"estrutura de decomposição do trabalho':
Vejamos o exemplo simples de uma casa, A EAP pode ser feita de várias formas (Fig. 5.1):
LANEJAMENTO E CONTROLE DE OBRAS
o)
b)
CASA
ELÉTRICA E
CIVIL
sanitária
PAREDES
TELHADO
MAOriHAMFHTO
TtLHA
Al do Dórea Mattos
Fig. 5. J - Diferentes possibilidades de EAP para o mesma projeto {construção da casa); (a) decomposição
por partes físicos; (b) decomposição por grandes serviços; (c) decomposição por especialidade de
trabalho; (d) decomposição por etúpas globais; (e) decomposição por tipo de contratação
* A EAP da Fig, 5,1 a desce até o 4° nível, embora nem todos os ramos cheguem até lá. O nível
inferior de cada ramo gera um total de nove pacotes de trabalho para o planejamento — são eles
que integrarão o cronograma;
• A EAP da Fig, 5.1b desce até o 3ft nível desmembrando o escopo total em seis pacotes de
trabalho. A atividade Telhado presumivelmente engloba o madeiramento (terças, caibros e ripas)
e a colocação das telhas, 0 pacote Fundação só se desdobra em uma única atividade (SopoMí), o
que não é tecnicamente uma solução elegante, porque decomposição pressupõe desdobramento
em mais de uma suba tiv ida de;
• A EAP da Fig. 5.1c desce até o 5° nível, definindo sete pacotes de trabalho no final da ramificação.
Embora ela desdobre muito o pacote Estrutura, os demais pacotesficarammuito genéricos, englobando
vários serviços que poderiam ter sido individualizados. A EAP ficou com uma aparência assimétrica:
• A EAP da Fíg, 5.1 d desce até o 3o nível, decompondo o escopo em apenas cinco pacotes de
trabalho, ê uma EAP bem simples. Fundação compreende a escavação e a concretagem da sapata,
serviços que estão apenas subentendidos, quando melhor seria que estivessem explicitados;
• A EAP da Fig, 5.1 e desce até o 3° nível e define seis pacotes de trabalho. A subdivisão do segundo
nível só faz sentido se a separação entre serviços próprios e terceirizados for muito importante do
ponto de vista gerencial.
Eis uma boa pergunta, geralmente feita por todo planejador, Na verdade, não há uma regra definida
e a resposta fica por conta do bom senso. Tudo é função do grau de controle que se quer imprimir
ao planejamento: muito detalhe acarreta uma rede extensa e um custo de controle mais elevado;
pouco detalhe rende uma rede sucinta e de custo de controle mais baixo, porém o planejamento
pode ficar pouco "profundo "e pouco prático de acompanhar.
Um ponto a ponderar é o tempo médio das atividades do planejamento. Mão é viável trabalhar
com atividades muito genéricas e longas misturadas com atividades de duração reduzida. É
preciso haver um equilíbrio nas durações, o que Já é um ponto de orientação para o planejador.
Não é coerente haver em um cronograma atividades com duração em meses e outras em dias, ou
algumas em semanas e outras em anos.
Um serviço como concretagem dato/e,por exemplo, pode ser considerado atividade única ou
subdividida em fôrma, corte e dobra da ferragem, instalação da armação, lançamento do concreto,
cura e desfôrma, Com o desdobramento do pacote de trabalho em atividades menores, a rede fica
mais detalhada, porém mais tonga e complexa. Em uma obra predial, que depende muito de lajes,
a EAP mais detalhada é uma boa idéia, Contudo, se a obra for uma estrada e a laje em questão for
uma parada de ônibus, é mais aconselhável manter o serviço único por se tratar de algo menor,
menos representativo no todo,
Al do Dórea Mattos
Observação; é conhecido um caso que, para cada porta de uma grande edificação, o planejador havia
subdividido o serviço em batente, dobradíça superior, dobradiça inferior, foi ha da porta ealiz ares. Esse é o tipo
de desmembramento desnecessário, pois envolve atividades pequenas e rápidas, que poderiam muito bem
estar a grupadas sem prejuízo do acompanhamento.
É i nteressa ntepercebertambémque,àmedidaqueaEAPseaperfeiçoa,aequipeadquitemaissegurançacom
relação à obra, fica mais confiante quanto aos prazos estipulados e o planejador pode reduzira contingência
de tem po a ser incorporada ao cronograma.
a) Se uma atividade identificada tiver d < 1 dia, ela é considerada pequena demais e deverá ser fundida a
outra(s) para formar uma atividade mais longa;
b) Se uma atividade tiver d >10 dias, ela deve ser desmembrada em pacotes menores (fase I e fase II etc.).
5.2.1, J EAP de subcontratos
No caso de obras que têm subcontratos — cravação de estacas, instalações elétricas e hidráulicas,
impermeabilização, revestimento degesso etc —, o trabalho de planejamento náo deve ser menor,
A estrutura analítica deve ser desenvolvida mesmo assim, preferencialmente sendo fornecida
pelo subcontratado, pois é ele que conhece bem o serviço, O fato de um grupo de atividades ser
feito por empresa terceirizada não implica que ela fique de fora do planejamento, Ao contrário,
incluir as atividades do subcontratado na rede é uma maneira de envolvê-lo no esforço global de
planejamento e garantir que as atividades estarlo identificadas no cronograma, o que permitirá
um melhor monitoramento desses subcontratados.
Instalações elétricas são o exemplo típico. 0 ídeat é subdividi-las em rasgo das paredes, colocação de eletrodutos,
enfiaçâo, instalação de I umi narras e testes,
Outro formato possível para a EAP é a listagem analítica ou sintética. Esse é o formato com que
os principais softwares de planejamento trabalham,
A essência é simples: cada novo nível da EAP é "indentado" em relação ao anterior, isto é, as
atividades são alinhadas mais internamente, Tarefas de um mesmo nível têm o mesmo
alinhamento. Quanto mais Indentadas as atividades, menor o nível a que pertencem,
A EAP analítica geralmente vem associada a uma numeração lógica, segundo a qual cada novo
nível ganha um digito a mais. A EAP analítica presta-se muito bem para relatórios.
A EAP da Fig, 5,1a teria a seguinte aparência no formato analítico do programa MS Project*
(Fig.S.2):
Capítulo 5 - ESTRUTURA ANALÍTICA PO PROJETO
AI do Ddrea Mattos
Atividade
0 Casa
t 1 Infraostrutura
2 1.1 Escavação
3 1.2 Sapatas
4 2 Superestrutura
5 2.1 Paredes
6 2,1,1 Alvenaria
r 2.1.2 Revestimento
8 2.1.3 Pintura
2.2 Cobertura
10 2,2,1 Madeiramento
11 2.2.2 Telhas
12 2.3 Instalações
13 2.3.1 Instalação elétrica
U 2.3.2 Instalação hidráulica
Além do formato tradicional de árvore de blocos, a EAP pode também ser apresentada sob a forma
de mapa mental, uma solução visualmente muito atraente e de fácil criação,
Um mapa mental é um diagrama utilizado para representar idéias, que são organizadas radialmente
a partir de um conceito central. A estrutura do mapa mental é de árvore, com ramos divididos em
ramos menores, como na árvore de blocos. A diferença é que o mapa permite a criação da EAP
de maneira que fixa mais a Imagem, centralizando a idéia central e o espírito de decomposição
progressiva das idéias.
Em relação à EAP por blocos, o mapa menta! tem a vantagem de mostrar toda a decomposição
do projeto em uma tela única. Para quem trabalha no computador, não é preciso rolar a barra do
programa para visualizar a totalidade da EAP.
A EAP da Fig. 5.1 .a tem a seguinte aparência como mapa mental (Fig. 5.3):
fltvttrtJlrift
PárgdOS / ftewtllinenla
>
^inlcjra
Escavação
<
InFrnostrulun) Suporoaíiulura MadftlMfflftnid
Snpnlaa
CASA CcíbüfUirj
Tülllftl
Para sessões em grupo, o planejador pode conseguir ótimos resultados com os mapas mentais. 0 fato de não
precisar rolar barras na tela já garante uma vantagem didática expressiva.
O desvio do rio Alegria é uma das principais etapas da construção de uma barragem. Na
Barragem Alegria, as características topográficas e hidrológicas ditaram a adoção do arranjo
espacial [Fig, 5,4).
Para que o maciço da barragem possa ser construído entre as duas ombreíras, é preciso
desviar o rio de seu curso natural por meio de um túnel. Concluído o túnel, constroem-
se as ensecadei ras de montante e de jusante. A partir daí, bombeia-se a água represada
(esgotamento) e se inicia a escavação do terreno para implantação da fundação da
barragem. A obra conta com acessos até o túnel e a cada uma das ensecadeiras.
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Acosso â
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BARRAGEM
nrnTT rgjTjr [TJTQ
Acosso
00 iCinol1
R\0
Fig. 5.4
tf
Com essas premissas, a EAP da obra fica sendo (Fig. 5.5>:
CÓDIGO ATIVIDADE
Acessos
A Acesso ao túnel
8 Acesso alé a ensecadeira de montante
C Acesso ate a ensecadelra de jusante
Túnel
0 Emboquedo túnel
E Escavação do túnel
Ensecadalras
F Construção da cnsccadcira do montante
G Construção da ensecadeira de Jusante
Fundação da barragem
H Esgotamento
I Escavação para fundação da barragem
Aldo Dórea Mattos
Túnol
AtosaoB / Ênfujcadolra montante
\ gfiflocjdoira Jü8orit6
E.mbojiutr.
TúniU /
Eicawtio
Barragem
<
Benigna
Ensataclofraa ^
J manto
esgpliimonlo
Fundjiçjo
Escavação
Fig. 5.5 - EAP da barragem: (a) em árvore; (b) analítica; (c) mapa mental
5 3 PROPRIEDADES DA EAP
As propriedades de uma EAP são muitas: