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Andre Nascimento, Pastor Auxiliar de Pequenos Grupos na Primeira Igreja Batista em Araruama/RJ
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Publicada em 30 de mai de 2014

Curso desenvolvido para a ministração de aulas de História Eclesiástica I no

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1. Em posição de defesa Defesa da fé, da ortodoxia e da instituição História Eclesiástica I Pr. André dos Santos
Falcão Nascimento Blog: http://prfalcao.blogspot.com Email: goldhawk@globo.com Seminário Teológico Shalom
2. Em defesa da fé Nos séculos II e III, a Igreja enfrentou inúmeros movimentos de perseguição e controvérsias
internas que ameaçaram a unidade da Igreja e sua estabilidade. Questionamentos surgiam tanto de fora da Igreja,
vindo da parte dos pagãos, quanto de dentro, a partir de ensinamentos e visões heréticas que ameaçavam a sua
estrutura e crenças. Para combater ambos os movimentos, surgiram dois tipos de pessoas no seio da igreja:
Apologistas e Polemistas. Ambos tinham a função de defender a Igreja. Os primeiros a defendiam frente aos
pagãos, enquanto os segundos a defendiam frente aos hereges.
3. Em defesa da fé – Os Apologistas Seu objetivo era duplo Refutar as falsas acusações de ateísmo,
canibalismo, incesto, preguiça e práticas antissociais atribuídas a eles por vizinhos e escritores pagãos, como
Celso. Desenvolver uma perspectiva construtiva para demonstrar que, ao contrário do cristianismo, o judaísmo,
as religiões pagãos e o culto do Estado eram tolice e pecado. Seus escritos chamavam os líderes pagãos à razão
e criavam uma interpretação inteligente do cristianismo, para revogar os dispositivos legais contra ele. Para tal,
afirmavam que as acusações contra eles não podiam ser provadas e, portanto, os cristãos mereciam a tolerância
civil sob a proteção das leis do Estado Romano.
4. Em defesa da fé – Os Apologistas Escreviam como filósofos, ressaltavam o cristianismo como religião e filosofia
mais antiga, por notarem que o Pentateuco era mais antigo que as Guerras de Troia e que as verdades gregas eram
apropriações do cristianismo ou do judaísmo. A vida pura de Cristo, seus milagres e o cumprimento das profecias
do AT que diziam respeito a ele foram usadas para provar que o cristianismo era a mais elevada filosofia. Eram
educados na filosofia grega antes de aceitarem o cristianismo, por isso consideravam a filosofia grega um meio de
levar os homens a Cristo. Usaram o NT mais do que os Pais Apostólicos. Gerou um sincretismo que fez do
cristianismo apenas mais uma filosofia, embora superior às outras e com cunho totalmente cristão.
5. Apologistas Orientais - Aristides Aristides de Atenas pode ser considerado o primeiro apologista. Entre 140 e
150, enviou uma apologia ao Imperador Antonino Pio. Descoberto em 1889 em um mosteiro no Monte Sinai, os
primeiros 14 capítulos comparam as formas de culto cristão, caldeu, grego, egípcio e judeu. A intenção da
comparação é provar a superioridade da maneira cristã de culturar. Os três últimos capítulos pintam um quadro
nítido dos costumes e da ética dos primeiros cristãos.
6. Apologistas Orientais - Justino Justino Mártir (c. 100-165) foi o principal apologista do séc. II. Filho de pais
pagãos, nascido perto de Siquém, se tornou um inquieto filósofo em busca da verdade. Foi adepto do estoicismo,
do idealismo nobre de Platão e das ideias de Aristóteles. Frustrou-se com os pagamentos exigidos por seus
sucessores e chegou a se interessar pela filosofia numérica de Pitágoras. Sua busca terminou quando, passeando
pela praia, um velho senhor o encaminhou à Bíblia como a verdadeira filosofia. Ali encontrou a paz que tanto
ansiava e logo abriu uma escola cristã em Roma. Foi martirizado por decapitação em 165.
7. Apologistas Orientais - Justino Sua primeira obra foi a Primeira Apologia (c. 150), endereçada ao Imperador
Antonino Pio e seus filhos adotivos, onde exortava os imperadores a examinarem as acusações contra os cristãos e
libertá-los de seus constrangimentos legais, se inocentes. Na obra, Justino provou que eles não eram ateus nem
idólatras, e a principal seção da obra se destina a apresentar a moral, as doutrinas e o fundador do cristianismo. Ali,
mostrou que a vida e a moralidade superiores de Cristo estavam previstas no AT e que as perseguições e erros
vinham do demônio. Os últimos capítulos serviram para fazer uma exposição do culto cristão, mostrando que as
acusações contra o cristianismo eram falsas e a perseguição deveria ser suspensa.
8. Apologistas Orientais - Justino A Segunda Apologia pode ser considerada um apêndice da primeira, onde ele
ilustra a crueldade e injustiças sofridas pelos cristãos e afirma, após comparar Cristo com Sócrates, que o que há
de bom nos homens deve-se a Cristo. Já no Diálogo com Trifo, Justino tenta convencer os judeus de que Jesus
Cristo era o Messias esperado. Na obra, ele alegoriza a Bíblia e dá muita ênfase à profecia. Os 8 primeiros
capítulos são autobiográficos, enquanto os 134 restantes são o desenvolvimento de três ideias: a relação entre o
declínio da lei do velho concerto e o surgimento do Evangelho; a identificação do logos, Cristo, com Deus; e a
chamada dos gentios como povo de Deus. Também enfatizou que Cristo foi o cumprimento das profecias do AT.
9. Apologistas Orientais - Taciano Taciano (c.110-c180), discípulo de Justino em Roma e erudito oriental muito
viajado, escreveu o Discurso aos Helenos após a metade do séc. II. A obra é uma denúncia das pretensões
gregas de liderança cultural e foi escrita a todo um povo. Defendia que, como o cristianismo era superior à religião
e filosofia gregas, os cristãos mereciam melhor tratamento. A segunda seção da obra compara os ensinos
cristãos com a mitologia e filosofia grega e a próxima mostra que o cristianismo é mais antigo que ambos. A
última seção trabalha uma escultura grega encontrada em Roma. Também foi o compilador do Diatessaron, mais
antiga harmonia dos evangelhos.
10. Apologistas Orientais – Atenágoras Atenágoras, professor em Atenas e convertido pela leitura da Bíblia,
escreveu a Súplica pelos Cristãos em 177. Relaciona as acusações contra os cristãos nos capítulos introdutórios
de sua obra. Refuta, a seguir, a acusação de ateísmo, ao notar que os deuses pagãos eram meramente criações
humanas e culpados das mesmas imoralidades de seus seguidores. Como os cristãos não são culpados de
incesto ou comer seus filhos em banquetes sacrificiais, ele conclui que o imperador deveria lhes dar clemência.
11. Apologistas Orientais – Teófilo Teófilo de Antioquia, também convertido pela leitura da Bíblia, escreveu pouco
depois de 180 a obra Apologia a Autólico. Na obra, Teófilo tenta introduzir a Autólico, magistrado pagão ilustre, o
cristianismo através de argumentos racionais. A obra se divide em três livros. No primeiro, discute a natureza e a
superioridade de Deus. No segundo, compara a fragilidade da religião pagã com o cristianismo. No último livro,
responde às objeções de Autólico à fé cristã. Foi o primeiro a usar a palavra trias com referência à trindade.
12. Apologistas Ocidentais – Tertuliano Tertuliano (c. 160-225) nasceu em Cartago, na casa de um centurião
romano de serviço na cidade. Acabou tornando-se o principal apologista da Igreja Ocidental. Conhecedor de
grego e latim, conhecia os clássicos e tornou-se advogado. Converteu-se em Roma, onde advogava e ensinava
oratória, tornando- se montanista em 202. Procurou desenvolver uma teologia ocidental sólida e lutar para
derrotar todas as forças filosóficas e pagãs que se opunham ao cristianismo. No Apologeticum, enviado ao
governador romano de sua província, nega as acusações antigas aos cristãos, ressalta que a perseguição era um
fracasso, pois só aumentava o número de cristãos e era baseada em razões dúbias, pois as reuniões, doutrinas e
moral cristãos eram superiores às dos vizinhos pagãos.
13. Polemistas Empenhavam-se em responder ao desafio dos falsos ensinos dos hereges, condenando
veementemente esses ensinos e seus mestres. Os métodos utilizados para tal foram diferentes no Oriente e no
Ocidente. Enquanto no Oriente a preocupação era mais metafísica e leva a uma teologia especulativa, no Ocidente
a preocupação maior era com os desvios administrativos da Igreja. A preocupação dos polemistas era mais
interna, portanto, lidando com as heresias, a ameaça interna à paz e à pureza da Igreja. Os polemistas se serviram
mais do NT como fonte da doutrina cristã, ao contrário dos apologistas, que beberam mais da fonte do AT. Os
polemistas buscavam condenar pela força do argumento os falsos ensinos a que se opunham, ao contrário dos
apologistas, que tentavam explicar o cristianismo aos seus vizinhos e governantes pagãos, e os Pais Apostólicos,
que se empenharam na edificação da Igreja Cristã.
14. Ireneu, o antignóstico Ireneu (c. 130-202), nascido em Esmirna, foi influenciado pela pregação de Policarpo
quando este era bispo na cidade. Seguiu para a Gália, onde foi feito bispo antes de 180. Missionário bem sucedido,
desenvolveu sua obra combatendo o gnosticismo. Em Adversus Haereses, escrita em 185, tenta refutar as
doutrinas gnósticas pelas escrituras e pelo desenvolvimento de um corpo de tradição afim. No Livro I,
fundamentalmente histórico, compreende-se os ensinos do gnosticismo e é a melhor referência atual sobre esta
crença. No Livro II, insiste na unidade de Deus, combatendo a ideia de um demiurgo distinto de Deus. Os três
últimos expõem a posição cristã. O Livro III refuta o gnosticismo pela Bíblia e tradição, o IV refuta Marcião e o livro V
defende a doutrina da Ressurreição em corpo. No Livro III, Ireneu defende a unidade da igreja através da
sucessão apostólica de líderes desde Cristo, além de apresentar uma regra de fé.
15. Escola Alexandrina 185: Abre-se em Alexandria uma escola catequética para instruir os convertidos do
paganismo ao cristianismo, com Panteno, competente convertido do estoicismo, como seu primeiro diretor, tendo
Clemente e Orígenes como seus sucessores. A escola buscava desenvolver um sistema teológico que, partindo
da filosofia, fizesse uma apresentação sistemática do cristianismo. Para tal, se utilizava da literatura e filosofia
clássicas como apoio. Seus estudiosos criaram um sistema alegórico de interpretação, entendendo que, da
mesma forma que somos corpo, alma e espírito, a Bíblia possui uma interpretação literal (corpo), moral (alma) e
espiritual (espírito), sendo esta acessível apenas pelos mais evoluídos nesta esfera. Surge da técnica usada por
Filo, que buscava aproximar o judaísmo da filosofia grega encontrando significados ocultos na linguagem do AT.
Este método de interpretação é usado até hoje para justificar erros doutrinários e bíblicos por parte de alguns
pregadores.
16. Polemistas alexandrinos - Clemente Clemente de Alexandria (c. 155-c. 215) nasceu em Atenas e era filho de
pais pagãos. Estudou filosofia com muitos mestres antes de Panteno. Antes de 190, dirige a escola junto com este
e, de 190 a 202, dirige a escola sozinho, até que a perseguição o obriga a deixar o posto. Desejava ser um filósofo
cristão, relacionando a filosofia grega ao cristianismo para mostrar que esta era a filosofia suprema e definitiva.
Citou mais de 500 autores pagãos de sua época. Tinha um alto preço pela filosofia grega, porém seus textos
demonstram que, para ele, a Bíblia está em primeiro lugar na vida do cristão.
17. Polemistas alexandrinos - Clemente Protrepticus, ou Exortação aos Gentios: Documento missionário
apologético de 190 para provar a superioridade do cristianismo como a verdadeira filosofia. Paedagogus, ou
Tutor: Trato moral para os jovens cristãos. Stromata, ou Seleções: Evidencia o conhecimento da literatura pagã de
seu tempo. Apresenta o cristianismo no Livro I, falando que o cristão é o verdadeiro gnóstico e que tudo de verdade
na filosofia grega tinha sido copiado do AT. No Livro II, mostra que a moralidade cristã é superior à pagã, e no Livro
III, expõe o casamento cristão. Nos livros VII e VIII, apresenta o modo de viver dos cristãos.
18. Polemistas alexandrinos - Orígenes Orígenes (c. 185-254), aluno e sucessor de Clemente, assumiu a família de
seis membros devido ao martírio do pai, Leônidas. Era tão competente e culto que, aos 18 anos, foi escolhido
para suceder Clemente na direção da escola, ocupando o cargo até 231. Foi o autor de seis mil pergaminhos,
mas tinha vida ascética e simples, apesar de sua alta posição, incluindo dormir em uma simples tábua. Um
homem rico, chamado Ambrósio, convertido do gnosticismo, tornou- se seu amigo e se responsabilizou pela
publicação de suas muitas obras.
19. Polemistas alexandrinos - Orígenes Hexapla: Várias versões gregas e hebraicas do AT arranjadas em colunas
paralelas para buscar o original mais correto. Foi a primeira grande obra que buscou uma análise exegética do
texto, tornando-o o principal exegeta da Igreja até a Reforma Protestante. Contra Celso: Resposta às acusações
deste platonista contra os cristãos em sua obra Discurso Verdadeiro de irracionalidade e falta de fundamentos
históricos dos cristãos. Demonstra a mudança de vida dos cristãos em comparação ao paganismo e a busca da
verdade, pureza e influência por parte de Cristo e seus seguidores. De Principiis: Primeiro grande tratado de
teologia sistemática. No Livro IV, explica seu método alegórico de interpretação. Considerava Cristo “eternamente
gerado” pelo Pai, porém inferior ao Pai. Sustentou também a preexistência da alma, restauração final de todos os
espíritos, morte de Cristo como resgate pago a Satanás e negou a ressurreição física.
20. Escola Cartaginesa Mais interessada em problemas práticos de organização eclesiástica e doutrinas relativas
à igreja. Tertuliano, já visto por sua posição apologista, contribuiu com problemas práticos como a forma simples
da mulher se vestir e adornar, afastamento de divertimentos, imoralidade e idolatria próprios do paganismo.
Possivelmente foram consequência de sua adesão ao montanismo. Tertuliano também foi o primeiro a estabelecer
a doutrina teológica da Trindade, fazendo uso do termo para descrevê-la em Adversus Praxeas, escrito por volta de
215. Ele parece ressaltar que é preciso distinguir as pessoas do Pai e do Filho. Também trabalhou a questão da
alma em De Anima e valorizou o batismo, afirmando que os pecados pós-batismo eram mortais e mostrando-se
contrário ao batismo infantil em De Baptismate.
21. Escola Cartaginesa - Cipriano Cipriano (c. 200-c. 258), filho de pais pagãos, recebeu boa educação em
retórica e direito. Foi professor de retórica, mas só satisfez sua alma quando se tornou cristão por volta de 246.
Em 248 foi nomeado bispo de Cartago, permanecendo com o posto até seu martírio em 258. Opôs-se às
reivindicações de Estêvão, bispo de Roma, de superioridade sobre todos os bispos. Era calmo, em oposição às
exaltações de Tertuliano, seu mestre. De Unitate Catholicae Ecclesiae: Sua obra mais importante, dirigida aos
seguidores separatistas de Novaciano, distingue o bispo do presbítero, colocando o bispo como centro da unidade
da Igreja. Aceitou a primazia de Pedro ao traçar a linha de sucessão apostólica, mas não aceitou a primazia do
bispo de Roma. Considerava os clérigos como sacerdotes sacrificiais, ao oferecerem o corpo e sangue de Cristo na
Ceia. Tal visão se desenvolveria mais tarde no conceito da transubstanciação.
22. Em defesa da ortodoxia Durante o período entre o ano 100 e o ano 313, a igreja se viu envolta por diversas
ameaças à sua unidade e subsistência. Para enfrentar as questões, precisou buscar mecanismos de defesa, de
forma a solidificar a instituição e robustecê-la contra os ataques à sua estrutura. A defesa da fé ortodoxa se deu
em três frentes: A solidificação do bispo como autoridade inquestionável. A criação de um credo, que forneceu
uma declaração de fé. A formatação de um corpo de livros religiosos autorizados, chamado de cânon. Além
destas três frentes, os Pais Polemistas também trabalharam de forma a defender a doutrina ortodoxa dos ataques
de grupos heréticos. Por volta de 170, a Igreja chamava-se de “Católica”, ou Universal, termo usado pela primeira
vez por Inácio em sua Epístola a Esmirna.
23. O bispo monárquico Originalmente, o bispo era apenas um administrador das igrejas locais, tendo a mesma
importância que os demais presbíteros da comunidade. Necessidades práticas e teóricas levaram à exaltação da
posição do bispo em cada igreja. Com o enfrentamento às heresias e à perseguição, a posição ganhou ainda mais
poder. Por fim, a doutrina da sucessão apostólica e visão da ceia do Senhor como um sacramento sacrificial foram
fatores fundamentais para o aumento do seu poder. Com a exaltação da posição, surgiu também o
reconhecimento da superioridade de bispos monárquicos de algumas igrejas sobre outros. Originalmente, os cinco
principais eram os bispos de Jerusalém, Antioquia, Alexandria, Constantinopla e Roma. Com o passar dos anos,
foi-se desenvolvendo a ideia do reconhecimento de uma honra especial devida ao bispo monárquico da cidade de
Roma.
24. O bispo monárquico O argumento inicial para a honra especial ao bispo de Roma foi o de que Cristo deu a
Pedro, supostamente o primeiro bispo de Roma, uma posição de primazia sobre os apóstolos em função da
designação de Pedro como a rocha sobre a qual edificaria a igreja e de ter dado a ele as “chaves do reino dos
céus” (Mt. 16.18s), comissionando-o a apascentar seu rebanho (Jo. 21.15-19). Cabe notar que, na narrativa de
Mateus, dois termos distintos são usados para rocha: Petros, para Pedro (rocha em seu estado e lugar natural), e
petra, sobre quem a igreja seria edificada, possuem gêneros diferentes: A primeira é masculina, a segunda é neutra.
Portanto, é possível que a rocha sobre a qual a igreja seria edificada seria a confissão petrina de que Jesus era “o
Cristo, o filho do Deus vivo”. Outros contra-argumentos são o abandono de Pedro, a exortação a cuidar do
rebanho após a ressurreição, o perdão pela traição, os apóstolos terem recebido os mesmos poderes que Pedro
(Jo. 20.19-23) e o próprio Pedro ter dito que não ele, mas Cristo era o fundamento da Igreja (1 Pe. 2.6-8). Paulo
também não o considerava superior, exortando-o na questão da colaboração com os judaizantes na Galácia.
25. O bispo monárquico Apesar disso, deste tempos antigos a ideia da primazia do bispo de Roma é defendida.
Cipriano e Jerônimo difundiram a ideia de que Cristo deu a Pedro um lugar especial de primeiro bispo de Roma e
líder dos apóstolos. O fato de Roma estar ligada a muitas tradições apostólicas também favoreceu a questão:
Pedro e Paulo foram martirizados na cidade, por conta da perseguição de Nero em 64. A mais longa e talvez
importante epístola paulina foi escrita a esta cidade. Roma também tinha prestígio como capital do Império e tinha
excelente reputação por sua firme ortodoxia, expressa na carta de Clemente aos Coríntios. Muitos Pais da Igreja
Ocidental, como Clemente, Inácio, Ireneu e Cipriano, destacaram a importância do bispo de Roma por estar na
linha sucessória de Pedro. Por fim, vale notar que alguns dos bispos mais importantes da Igreja perderam seu
cetro de autoridade, como Jerusalém (destruição em 135), Éfeso (cisma montanista do séc. II), Alexandria e
Antioquia (guerras e invasões).
26. A regra de fé – O Credo O papel do bispo como unificador da Igreja foi reforçado pelo desenvolvimento de um
credo, uma declaração de fé para uso público. O credo contém artigos indispensáveis à manutenção e ao bem-
estar teológico da Igreja. Os credos servem para testar a ortodoxia, identificar os crentes entre si e servir como
resumo claro das doutrinas essenciais da fé. Os credos conciliares, ou universais, surgiram no período da
controvérsia teológica entre 313 e 451. O primeiro foi o credo batismal, de que o Credo dos Apóstolos pode servir
como exemplo. Alguns traços de credo podem ser encontrados em Romanos 10.9s, 1 Coríntios 15.4 e 1 Timóteo
3.16. Ireneu e Tertuliano desenvolveram Regras de Fé para serem usados para distinguir o cristianismo do
gnosticismo. Eram sumários das principais doutrinas bíblicas.
27. A regra de fé – O Credo O Credo dos Apóstolos (ou Credo Apostólico) é o mais antigo sumário das doutrinas
essenciais da Escritura que existe. Não foi escrito pelos apóstolos, mas incorporou as doutrinas que ensinaram. Já
era usado em Roma antes de 340 e foi usado como fórmula batismal. Seu nome é oriundo da tradição de que
cada um de seus doze artigos teria sido ditado por um dos apóstolos, logo após o Pentecoste, inspirados pelo
Espírito Santo. A fórmula mais antiga, semelhante à usada por Rufino por volta de 400, apareceu em Roma por
volta de 340. Muitas igrejas até hoje consideram o Credo dos Apóstolos uma preciosa síntese dos pontos
principais da fé cristã. Os luteranos, por exemplo, o incorporam em sua Confissão de Fé.
28. A regra de fé – O Credo 1. Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra; 2. e em Jesus
Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, 3. que foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu da virgem Maria;
4. padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; 5. desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao
terceiro dia; 6. subiu aos Céus; está sentado à direita de Deus Pai Todo-Poderoso, 7. de onde há de vir a julgar os
vivos e os mortos. 8. Creio no Espírito Santo, 9. na Santa Igreja católica, na comunhão dos Santos, 10. na
remissão dos pecados, 11. na ressurreição da carne, 12. na vida eterna. Amém.
29. Os livros autorizados – O Cânon O cânon, lista dos volumes pertencentes a um livro autorizado, surgiu como
um reforço à unidade centralizada no bispo e fé expressa num credo. Apesar de se acreditar que o cânon foi
fechado nos concílios eclesiásticos, o fato é que eles apenas tornaram a questão pública, pois já tinham sido
aceitos amplamente pela consciência da Igreja. O processo de desenvolvimento do cânon foi demorado,
basicamente encerrado em 175, exceto por alguns livros cuja autoria ainda era discutida. Questões de ordem
prática para a formação do cânon foram a heresia de Marcião, que formou um cânon próprio para defender suas
ideias, a perseguição sob Diocleciano, que fez com que pessoas quisessem saber que livros não poderiam entregar
para serem queimados, e a necessidade de ter registros que fossem reconhecidos como autorizados e dignos de
uso na adoração.
30. Os livros autorizados – O Cânon Alguns critérios foram levantados para decidir se um livro deveria estar no
cânon: Sinais da Apostolicidade: O texto deveria ter sido escrito por um apóstolo ou por alguém ligado
intimamente a ele, como Marcos, que teria contado com a ajuda de Pedro. Eficácia na Edificação: Quando lido
publicamente, deveria causar mudança nos ouvintes. Concordância com a Regra de Fé: Se o livro contrariasse
alguns dos dogmas principais e clássicos do cristianismo, não era aceito. No final das contas, o que contava para
a decisão sobre que livros deviam ser considerados canônicos e dignos de confiança eram a verificação histórica
de autoria ou influência apostólica, ou a consciência universal da Igreja, dirigida pelo Espírito Santo.
31. Os livros autorizados – O Cânon As epístolas de Paulo foram as primeiras a serem reunidas, pelos líderes da
Igreja de Éfeso. A coletânea dos evangelhos foi feita a seguir, no começo do séc. II. Datado de 180 e descoberto
por Ludovico Muratori (1672-1750) na Biblioteca Ambrosiana de Milão, o Cânon Muratoriano continha 22 livros do
NT. Por volta de 324, Eusébio de Cesareia considera pelo menos 20 livros do NT como sendo do mesmo nível do
AT. Tiago, 2 Pedro, 2 e 3 João, Judas, Hebreus e Apocalipse estavam entre os livros ainda discutidos para inclusão
no cânon, por conta da incerteza de sua autoria. Atanásio, em sua carta de Páscoa em 367 às igrejas sob sua
jurisdição como Bispo de Alexandria, relaciona os 27 livros do NT que temos hoje. Concílios como o de Cartago,
em 397, apenas aprovaram e deram expressão uniforme ao que já era aceito pela igreja.
32. Os livros autorizados – O Cânon Hoje, cerca de 5.500 manuscritos atestam a integridade do texto bíblico.
Mais de 3.100 manuscritos contêm quase todo o texto bíblico ou partes dele. 2.300 lecionários possuem partes
dele. O texto de Isaías encontrado em Qumran é o mais antigo e extenso desse livro. Os textos do NT mais
antigos que possuímos são pequenos pedaços de pergaminho do séc. II. Os textos completos mais antigos do NT
são datados do séc. IV (Códex Vaticano e Códex Sinaítico). Os livros Deuterocanônicos, ou Apócrifos, aparecem
na Bíblia Católica por fazerem parte da Septuaginta, versão grega do NT de cerca de 200 a.C, e na Vulgata de
Jerônimo. Tais textos não se encontram no cânon judaico por não terem seus originais em hebraico. Quando
Lutero fez a versão em alemão da Bíblia, traduziu do hebraico e, por não encontrar estes textos, deixou-os de fora.
Como resposta, a ICAR os incluiu em seu cânon em 1546, no Concílio de Trento.
33. A liturgia Com a ênfase dada ao bispo monárquico, com autoridade derivada da sucessão apostólica, muitos
viram nele o centro da unidade, o depositário da verdade e o despenseiro dos meios da graça de Deus através dos
sacramentos. Oriundos de religiões de mistério também podem ter contribuído para dar uma visão sacerdotal ao
bispo. A ceia passou a ser vista como um sacrifício a Deus que só poderia ser ministrado por ministro
credenciado, assim como o batismo. O batismo, como ato de iniciação, geralmente era realizado na Páscoa ou no
Pentecoste. No começo, a fé em Cristo e o desejo de batismo eram os únicos requisitos, mas, no final do séc. II,
um período probatório como catecúmeno passou a ser necessário, para provar a realidade da experiência do
convertido. Neste período, os catecúmenos assistiam aos cultos do vestíbulo final do templo e não podiam cultuar
no santuário.
34. A liturgia Os batismos eram geralmente feitos por imersão. Quando não havia água suficiente, era aceito o
batismo por afusão ou por aspersão. O batismo infantil, aceito por Cipriano e criticado por Tertuliano, e o batismo
de doentes, também surgiram neste período, conforme o caráter sacramental regenerador do batismo passou a ser
defendido na igreja. É deste período também o surgimento de um ciclo de festas no ano eclesiástico. A Páscoa foi
a primeira festa, seguida do Natal, implementado após 350 no Ocidente e purificado dos elementos pagãos que
cercavam a data de 25/12. A quaresma, 40 dias de penitência e contenção dos apetites da carne antes da Páscoa,
foi aceita como parte do ciclo litúrgico antes da adoção do natal.
35. A liturgia Antes de 313, os cristãos se reuniam nas catacumbas de Roma, onde, além de realizarem os cultos a
Deus, também enterravam seus mortos. Possuíam quilômetros de passagens em diferentes níveis e foram
redescobertas em 1578. O mais antigo edifício conhecido usado como templo data de 232 e é uma casa-igreja em
Dura Europos, às margens do rio Eufrates. Ao final do período, cristãos começaram a construir igrejas a partir do
modelo da basílica romana. De início eram bastante simples, mas passaram a ostentar um esplendor cada vez
maior a partir de 313, quando a Igreja passou a contar com os favores do Estado. A conduta entre os cristãos
impressionou os vizinhos pagãos, mesmo considerando os primeiros como antissociais. Como perceberam que
não poderiam aniquilar com eles, os imperadores resolveram buscar a paz com eles, gerando o período seguinte da
igreja, que levou a Igreja Católica à supremacia religiosa no continente europeu.
36. Fontes Texto base: CAIRNS, Earle E. O Cristianismo através dos séculos: uma história da igreja cristã. 3 ed.
Trad. Israel Belo de Azevedo e Valdemar Kroker. São Paulo: Vida Nova, 2008. Textos auxiliares: DREHER, Martin
N. Coleção História da Igreja, 4 vols. 4 ed. São Leopoldo: Sinodal, 1996. GONZALEZ, Justo L. História ilustrada do
cristianismo. 10 vols. São Paulo: Vida Nova, 1983

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