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Modulo de

Química Básica

Curso de Licenciatura em Ensino de Química

Universidade Pedagógica
Departamento de Química
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Este módulo não pode ser reproduzido para fins comerciais. Caso haja necessidade de reprodução,

deverá ser mantida a referência à Universidade Pedagógica e aos seus Autores.

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Agradecimentos
À COMMONWEALTH of LEARNING (COL) pela disponibilização do Template usado na
produção

dos Módulos.

Ao Instituto Nacional de Educação a Distância (INED) pela orientação e apoio prestados.

Ao Magnífico Reitor, Directores de Faculdade e Chefes de Departamento pelo apoio prestado


em todo o processo.
Ficha Técnica
Autor: Filomeno Inroga e Malaquias Tsambe

Desenho instrucional: Nilsa Pondja Cherinda

Revisão Linguística: Orlanda Gomane

Maquetização : Aurélio Armando Pires Ribeiro

Ilustração: Valdinácio Florêncio Paulo


Química Básica Curso de Licenciatura em Ensino de Química i

Índice
Modulo de 1

Visão geral 1
Bem-vindo ao módulo de Química Básica ....................................................................... 1
Objectivos do módulo ....................................................................................................... 2
Quem deve estudar este módulo ....................................................................................... 2
Como está estruturado este módulo .................................................................................. 3
Ícones de actividade .......................................................................................................... 4
Acerca dos ícones .......................................................................................... 4
Habilidades de estudo ....................................................................................................... 5
Precisa de apoio? .............................................................................................................. 5
Auto-avaliação .................................................................................................................. 5
Avaliação .......................................................................................................................... 6
Tempo de estudo e outras actividades .............................................................................. 6

Unidade n° 01 7
Conceitos fundamentais .................................................................................................... 7
Introdução ................................................................................................................ 7

Lição no 01 8
Classificação e importância da Química ........................................................................... 8
Introdução ................................................................................................................ 8
O conceito de Química................................................................................... 8
O método científico........................................................................................ 9
Estudo da Química ......................................................................................... 9
Classificação da Química ............................................................................. 10

Química 10
Química e outras ciências ............................................................................ 11
Importância e áreas de investigação ............................................................ 11
Auto-avaliação ................................................................................................................ 12
Actividades ..................................................................................................................... 12

Lição no 02 13
Classificação da matéria ................................................................................................. 13
Introdução .............................................................................................................. 13
Matéria ......................................................................................................... 13
Classificação da matéria .............................................................................. 13
Propriedades da matéria ............................................................................... 15
Estados físicos da matéria ............................................................................ 17
ii Índice

Auto-avaliação ................................................................................................................ 18

Lição no 03 19
Classificação e métodos de separação de misturas ......................................................... 19
Introdução .............................................................................................................. 19
Mistura ......................................................................................................... 19
Classificação das misturas ........................................................................... 20
Métodos de separação de misturas ............................................................... 20
Auto-avaliação ................................................................................................................ 23

Lição no 04 24
Linguagem química ........................................................................................................ 24
Introdução .............................................................................................................. 24
Métodos de ajustamento de equações .......................................................... 27
Auto-avaliação ................................................................................................................ 28
Respostas aos exercícios ................................................................................................. 28

Unidade n° 02 30
Estrutura da matéria e Classificação Periódica ............................................................... 30
Introdução .............................................................................................................. 30

Lição no 01 31
História da teoria atómica ............................................................................................... 31
Introdução .............................................................................................................. 31
Teoria atómica clássica ................................................................................ 31
Teoria atómica moderna .............................................................................. 32
Números Quânticos ...................................................................................... 35
Regras de Hund ou princípio de máxima multiplicidade............................. 35
Princípio de exclusão de Pauli ..................................................................... 35
Regra de energia mínima ............................................................................. 36
Auto-avaliação ................................................................................................................ 37

Lição no 02 38
Classificação Periódica ................................................................................................... 38
Introdução .............................................................................................................. 38
História da Tabela Periódica ........................................................................ 38
Variação das propriedades periódicas .......................................................... 44
Auto-avaliação ................................................................................................................ 46

Lição no 03 47
Ligação química .............................................................................................................. 47
Introdução .............................................................................................................. 47
Ligação química ........................................................................................... 47
Electrões de valência.................................................................................... 48
Regra de Octeto............................................................................................ 48
Química Básica Curso de Licenciatura em Ensino de Química iii

Tipos de ligação química ............................................................................. 48


Ligação iónica .............................................................................................. 48
Ligação covalente ........................................................................................ 49

Forças intermoleculares (Van Der Waals e Pontes de hidrogénio) ............. 51


Auto-avaliação ................................................................................................................ 52
Respostas dos exercícios ................................................................................................. 52

Unidade n° 03 54
Reacções químicas e relações quantitativas.................................................................... 54
Introdução .............................................................................................................. 54

Lição no 1 55
Reacções químicas. Caracterização e Classificação ....................................................... 55
Introdução .............................................................................................................. 55
Reacção química .......................................................................................... 55
Caracterização .............................................................................................. 56
Critérios de classificação ............................................................................. 56
Auto-avaliação ................................................................................................................ 59

Lição no 2 60
Relações Quantitativas .................................................................................................... 60
Introdução .............................................................................................................. 60
Relações quantitativas ou lei das combinações químicas ............................ 60
Leis ponderais .............................................................................................. 61
Leis volumétricas ......................................................................................... 61

Lição no 03 66
Bases da Estequiometria ................................................................................................. 66
Introdução .............................................................................................................. 66

Al2(SO4)3 71
Preparação de soluções ................................................................................ 73
Auto-avaliação ................................................................................................................ 75
Respostas dos exercícios ................................................................................................. 75

Unidade n° 04 77
Bases da Química Orgânica ............................................................................................ 77
Introdução .............................................................................................................. 77

Lição no 01 78
Breve Historial da Química Orgânica. ............................................................................ 78
Introdução .............................................................................................................. 78
iv Índice

Introdução à Química Orgânica ................................................................... 78


Auto-avaliação ................................................................................................................ 80

L Erro! Indicador não definido.


Compostos de Carbono. Estrutura e propriedades .......................................................... 81
Introdução .............................................................................................................. 81
Compostos de Carbono ................................................................................ 81
Diferenças entre Compostos orgânicos e inorgânicos ................................. 82
Propriedades particulares dos compostos orgânicos .................................... 83
Estrutura das Substâncias Orgânicas ........................................................... 83
Possibilidades de formação de ligações do átomo de carbono .................... 83
Auto-avaliação ................................................................................................................ 85

Lição no 03 86
Cadeias Carbónicas ......................................................................................................... 86
Introdução .............................................................................................................. 86
Cadeias carbónicas ....................................................................................... 86
Tipos de Carbono numa cadeia Carbónica .................................................. 88
Fórmulas Químicas dos Compostos Orgânicos ........................................... 88
Auto-avaliação ................................................................................................................ 90

Lição no 04 91
Isomeria dos Compostos Orgânicos ............................................................................. 91
Introdução .............................................................................................................. 91
Isomeria........................................................................................................ 91
Auto-avaliação ................................................................................................................ 94
Principais Reacções Químicas dos Compostos Orgânicas ............................................. 95
Introdução .............................................................................................................. 95
Auto-avaliação ................................................................................................................ 97

Lição no 06 98
Nomenclatura dos Compostos Orgânicos ....................................................................... 98
Introdução .............................................................................................................. 98
Nomenclatura dos compostos orgânicos ...................................................... 98
Estes prefixos indicam a quantidade de átomos de carbono existentes numa
molécula. A tabela que se segue mostra a designação, em grego, dos
números correspondentes. ............................................................................ 98
Radicais ........................................................................................................ 99
Nomenclatura Substitutiva ........................................................................... 99
Nomenclatura Radicofuncional ................................................................. 100
Nomenclatura Trivial ................................................................................. 101
Auto-avaliação .............................................................................................................. 101

Lição no 07 102
Principais Funções dos Compostos Orgânicas ............................................................. 102
Introdução ............................................................................................................ 102
Química Básica Curso de Licenciatura em Ensino de Química v

Auto-avaliação .............................................................................................................. 103


Respostas aos exercícios ............................................................................................... 104
Bibliografia ................................................................................................................... 106
Química Básica Curso de Licenciatura em Ensino de Química 1

Visão geral

Bem-vindo ao módulo de Química


Básica
Neste módulo você fará uma revisão geral dos princípios fundamentais da
Química do Ensino Secundário Geral, dando particular ênfase ao
tratamento de temas ligados às relações estruturais na ligação dos átomos
e iões, em diferentes classes das substâncias químicas, bem como em
relação às suas reacções. É importante estudar este módulo para criar as
bases fundamentais para a compressão dos conteúdos dos próximos
módulos, bem como, para a compreensão do conteúdo prático
experimental. Assim, o módulo é constituído por 4 unidades:

A primeira unidade, com 4 lições, em que você fará a classificação da


Química e da matéria de forma mais abrangente, fará também a
classificação dos métodos físicos de separação da matéria, incluindo a sua
caracterização. A unidade termina com os aspectos mais gerais
relacionados com a linguagem química.

A segunda unidade, comporta 3 lições. Nesta está incluído o conteúdo


sobre a estrutura da matéria, a classificação periódica e a ligação química.

A terceira unidade, que também comporta 3 lições, traz-lhe a


classificação das reacções químicas e as condições para a sua ocorrência,
as leis fundamentais que constituem as relações entre as quantidades das
substâncias e por fim os cálculos estequiométricos.

A quarta e última unidade, comporta 7 lições. Nesta unidade você terá a


oportunidade de recapitular todos os aspectos básicos e fundamentais da
Química Orgânica: A história do seu surgimento, a classificação dos
compostos orgânicos, as regras para a nomenclatura do compostos, os
tipos de reacção característicos para cada função, etc.
Objectivos do módulo
Os objectivos gerais do curso de Licenciatura em Ensino de Química são
a formação de quadros de nível superior com conhecimentos científicos
adequados e domínio das técnicas especiais de pensamento e trabalhos
nas áreas de Química e Ciências Pedagógicas.

Assim, com este manual pretende-se que você seja capaz de:

Interpretar os conceitos básicos da Química;


Aplicar os conceitos e relações fundamentais da Química em factos
Objectivos concretos;
Efectuar cálculos estequiométricos;
Descrever a relação entre estrutura e as propriedades das substâncias;
Explicar a relação entre estrutura e propriedades das substâncias.

Quem deve estudar este módulo


Este Módulo foi concebido para todos aqueles que tenham concluído a
12a classe de ESG, grupo de ciências ou equivalente e estejam inscritos
no Curso de Química à distância, fornecida pela Universidade
Pedagógica.
Química Básica Curso de Licenciatura em Ensino de Química 3

Como está estruturado este


módulo
Todos os módulos dos cursos produzidos pela Universidade Pedagógia-
CEAD encontram-se estruturados da seguinte maneira:

Páginas introdutórias

Um índice completo.

Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os aspectos-


chave que você precisa conhecer para completar o estudo.
Recomendamos que leia esta secção com atenção antes de começar
o seu estudo.

Conteúdo do curso / módulo

O curso está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma


introdução, objectivos, conteúdos e actividades de aprendizagem, um
summario da unidade e uma ou mais actividades para auto-avaliação.

Outros recursos

Se você estiver interessado em aprender mais, propomos-lhe uma lista de


recursos adicionais para explorar. Estes recursos podem incluir livros,
artigos ou sites na internet.

Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação

As tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no final de cada


unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para
desenvolver as tarefas, assim como instruções para as completar. Estes
elementos encontram-se no final do módulo.

Comentários e sugestões

Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários


sobre a estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os seus comentários
serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar o curso / módulo.
Ícones de actividade
Ao longo deste módulo irá encontrar uma série de ícones nas margens das
páginas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do
processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de
texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.

Acerca dos ícones

Neste módulo encontrará ícones que identificam as actividades, dicas,


sumários e actividades de auto-avaliação.

Pode ver o conjunto completo de ícones deste módulo já a seguir, cada


um com uma descrição do seu significado e da forma como nós
interpretámos esse significado para representar as várias actividades ao
longo deste módulo.

Comprometimento/ Resistência, “Qualidade do “Aprender através


perseverança perseverança trabalho” da experiência”

(excelência/
autenticidade)

Actividade Auto-avaliação Avaliação / Exemplo /


Teste Estudo de caso

Confirmação / Horas / Vigilância / “Eu mudo ou


Correcção programação preocupação transformo a minha
vida”
Resultados Tempo Tome Nota!
Objectivos
Química Básica Curso de Licenciatura em Ensino de Química 5

“[Ajuda-me] deixa- “Pronto a enfrentar “Nó da sabedoria” Apoio /


me ajudar-te” as vicissitudes da encorajamento
vida”

(força / preparação)
Leitura Terminologia Dica
Resumo

Habilidades de estudo
Este módulo foi concebido tendo-se em consideração que você vai
estudar sozinho. É por isso que, no fim de cada unidade/lição há
actividades que o ajudam a rever tudo o que nela aprendeu.

Fazem parte deste conjunto de actividades: as experiências


recomendadas, consulta e interpretação de tabelas, desenho e
interpretação de gráficos e diagramas, etc., pois eles são preciosos para
que possa conhecer o nível da sua aprendizagem.

Precisa de apoio?
Se você tiver dificuldades, existe o Centro de Recursos à sua espera,
perto do local da sua residência. Não hesite em recorrer a esse centro,
pois ele foi criado para si. Lá encontrará literatura e outros materiais de
consulta.

Auto-avaliação

Ao longo de cada unidade deve resolver os exercícios, pois estes ajudar-


lo-ão a consolidar a matéria.

Recomendamos que resolva todos os exercícios indicados sem recorrer de


imediato à chave de correcção que se encontra no fim de cada unidade.
Avaliação
Neste módulo você vai realizar 2 testes: O primeiro teste terá lugar depois
de completar a unidade 2. e o segundo no fim o módulo.

Cada teste tem a duração de 90 minutos e o exame durará 120 minutos. O


seu tutor marcará a data do teste, bem como a do exame 15 a 20 dias
antes.

Tempo de estudo e outras actividades


Este módulo compreende um semestre.

Você deverá despender 80 horas de estudo para este módulo.

Assim, deve estudar, em média, uma hora por dia consoante a sua
Quanto tempo? disponibilidade, para completar as 5 horas semanais recomendadas pelo
plano de estudos.
Química Básica Curso de Licenciatura em Ensino de Química 7

Unidade n° 01

Conceitos fundamentais

Introdução
Bem-vindo a esta unidade didáctica. Nela você terá as noções básicas
sobre a classificação da Química e da matéria, misturas e seus métodos de
separação.

Ao lhe propor esta unidade, pretendemos que você se envolva


academicamente, de maneira mais activa em todas as actividades
indicadas ao longo das lições. Neste sentido, achamos que devíamos
proporcionar-lhe algumas informações básicas sobre a Química.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

Explicar as subdivisões da Química como ciência da natureza e do


quotidiano;
Caracterizar a importância social das várias áreas que se relacionam com
a Química;
Objectivos da
unidade Classificar a matéria, tendo em consideração a definição dos conceitos
com ela relacionados;
Caracterizar os tipos de misturas;
Caracterizar os métodos de separação de misturas;
Lição no 01

Classificação e importância da
Química

Introdução
O ser humano, movido pela sua curiosidade natural, tentou sempre
conhecer cada vez mais e melhor o mundo em que vive e ao mesmo
verificou também que podia aproveitar os mais diversos materiais para
aumentar o seu bem-estar.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Definir o conceito de Química;

Caracterizar o estudo da Química como ciência experimental;

Classificar a Química e explicar a sua importância;


Objectivos da lição
Interpretar a relação entre a Química e as outras ciências, bem como a sua
importância para o desenvolvimento económico e sustentável do país.

O conceito de Química

A Química é uma ciência que estuda os materiais, suas transformações e


as variações de energia que acompanham essas transformações.

Também se pode definir a Química como sendo uma ciência da natureza,


que estuda o mundo que nos rodeia, riquezas naturais, suas formas e
variedades de fenómenos que nela ocorrem.

A Química estuda a composição e estrutura das substâncias, as suas


propriedades, em função da sua composição e estrutura, das condições e
dos meios de transformação de uma substância noutra.

As definições do conceito de Química, anteriormente apresentadas, levá-


lo-ão a compreender que a Química é uma ciência activa e em evolução
Química Básica Curso de Licenciatura em Ensino de Química 9

constante, sendo também de importância vital no nosso mundo, tanto no


domínio natural como no social. Apesar de ter raízes muito antigas é uma
ciência experimental e moderna em todos os seus aspectos.

O método científico
A Química como ciência da natureza é uma ciência experimental,
portanto tem como método científico - a experimentação.

Estudo da Química
Ao estudar a Química como ciência experimental poderá perceber que ela
ocorre como um processo subdividido em três fases sucessivas:
observação, representação e interpretação.

a) Observação. Nesta fase, o químico observa o que se passa


durante a experiência: uma subida de temperatura, uma mudança
de cor, a libertação de um gás, etc.

b) Representação. Aqui, a experiência é descrita e representada em


linguagem científica, recorrendo-se a símbolos e equações. Esta
notação simbólica contribui para simplificar a descrição e
proporciona uma base de comunicação comum a todos os
químicos.

c) Interpretação. Fase em que o químico procura explicar o


fenómeno observado.

Em cada uma destas fases, ocorre simultaneamente, uma abordagem a


nível macro e microscópico:

 Na abordagem da Química a nível macroscópico, são observadas


directamente as coisas, tocando-as, pesando-as, etc., ou seja, os
dados experimentais das observações provêm, sobretudo, dos
fenómenos físicos;

 Ao nível microscópico, faz-se uma abordagem sobre o


comportamento dos átomos e moléculas constituintes das
substâncias intervenientes; ou seja, as teorias explicativas
baseiam-se normalmente no mundo dos átomos e moléculas.

No estudo da Química também são considerados:

 O método científico - como base da investigação em Química e


qualquer outra ciência;

 Os processos de medição usados no laboratório;

 O tratamento dos dados numéricos resultantes de medições


químicas e;

 A resolução de problemas estequiométricos.

Classificação da Química
O esquema que se segue, ajudá-lo-á a conhecer as vá-
rias ramificações da Ciência Química, bem como o posicionamento
daquilo que esta a estudar, dentro da classificação da Química.

Química mineral/
Química
Inorgânica
Geral Descritiva
Química
Química
Pura
Orgânica
Química
Especial
Química
Qualitativa
Analítica
Química aplicada Quantitativa

Em seguida, tem a caracterização para cada uma das ramificações da


Química:

Química Pura. Subdivide-se em Química Geral e Química Especial.

Química Geral. Estuda propriedades e leis aplicadas a todas as


substâncias.
Química Básica Curso de Licenciatura em Ensino de Química 11

Química Especial. Estuda propriedades de uma determinada substância


ou grupo de substâncias.

Química Descritiva. Descreva as propriedades das substâncias ou grupo


de substâncias.

Química mineral ou Inorgânica. Estuda todos os demais elementos.

Química Orgânica. Estuda compostos orgânicos ou compostos de


carbono.

Química Analítica. Estuda a caracterização da natureza da substância.

Química Analítica Qualitativa. Determina a natureza dos elementos na


substância.

Química Analítica Quantitativa. Determina em que proporções estão


presentes os elementos constituintes de uma determinada substância.

Química aplicada. Está relacionada com a aplicação prática da Química


na Agricultura, na Indústria, na Biologia, na Medicina, na Bioquímica, na
Petroquímica, na Bromatologia (estudo dos alimentos), na Química
Industrial (estudo dos processos de elaboração de substâncias necessárias
à indústria e ao consumo), na Radioquímica (estudo e aplicação de
substâncias radioactivas).

Química e outras ciências


Diz-se com frequência que a Química é a “ciência central”, pois são
essenciais os conhecimentos básicos da mesma para o estudo da Biologia,
Física, Geologia, Ecologia, e de muitas outras áreas científicas.

Importância e áreas de investigação


Embora a Química seja em grande medida uma ciência experimental, os
químicos:
 Estudam propriedades e estruturas das moléculas;
 Analisam poluentes em emissão de escapes ou substâncias
tóxicas em solos e água.
A Química tem aplicação em inúmeras outras áreas de investigação como
por exemplo:
 Parte da investigação médica e biológica faz-se a nível atómico e
molecular;
 Desenvolvimento de novos medicamentos;
 Investigação agrícola;
 Procura de solução para a poluição ambiental;
 Procura de fontes de energia alternativas;
 A maioria das indústrias, independentemente do seu produto
final, depende do trabalho químico (sintetização de polímeros)
que são utilizados em vestuário, utensílios de cozinha,
brinquedos, etc.

Auto-avaliação
1. Qual é o objecto de estuda da Química?
2. Qual é a base do método científico da Química?
3. Mencione duas áreas de investigação em que a Química é aplicada.
Exercícios 4. Como se caracteriza a abordagem Química a nível microscópico?

Actividades
1. Faça um levantamento de todas as indústrias químicas que existem
na sua Província.

2. Para as indústrias químicas mencionadas em 1), discuta a sua


contribuição para o desenvolvimento da Província e do País em
geral.

Lei mais sobre a relação entre a Química e outras Ciências em: AICHINGER-
MANGE. Química Básica-1 ”Orgânica”. E.P.U. São Paulo, 1992 e CHANG,
Raymond, Química Geral - Conceitos essenciais. 4ª Edição. São Paulo, Editora
Leitura
Mc Graw-Hill, 2007.
Química Básica Curso de Licenciatura em Ensino de Química 13

Lição no 02

Classificação da matéria

Introdução
Todos os materiais que existem na natureza como os que são produzidos
artificialmente têm os mais variados aspectos: podem ser sólidos, mais ou
menos resistentes; podem ser líquidos, mais ou menos fluídos; e podem
ser gasosos, com ou sem cor, com cheiro ou sem cheiro, etc.

A classificação da matéria é o ponto de partida para a compreensão da


constituição da matéria e sua transformação como objecto de estudo da
Química.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Definir e classificar a matéria;

Caracterizar os conceitos fundamentais da matéria;

Indicar as propriedades gerais e específicas da matéria;


Objectivos da lição
Caracterizar as propriedades gerais e específicas da matéria;

Caracterizar os estados de agregação das substâncias e suas variações.

Matéria

De forma simplificada pode-se definir a matéria como sendo tudo aquilo


que tem massa, volume e ocupa espaço.

Classificação da matéria

A matéria classifica-se em: substâncias puras e misturas.

As misturas subdividem-se em misturas homogéneas e heterogéneas.

As substâncias puras subdividem-se em substância elementar simples e


substância elementar composta;
Os compostos subdividem-se em compostos inorgânicos e orgânicos.

Substância é a forma isolada da matéria com composição definida e


propriedades próprias. Ex.: água, amoníaco, açúcar (sacarose), oxigénio,
etc.

Corpo é a porção limitada da matéria que tem massa, ocupa lugar no


espaço e tem uma certa forma.

Matéria Corpo Objecto

Madeira Tábua de madeira Massa de madeira

Ferro (minério) Barra de ferro (depois Grade de ferro


da fundição)

Tabela 1: Exemplos de matéria, corpo e objecto

Substância pura é qualquer substância simples ou composta, formada por


átomos, moléculas ou aglomerados iónicos todos iguais entre si, com
propriedades características bem definidas e composição química
constante; é sempre homogénea.

Substância composta é qualquer substância pura, cujos componentes


(diferentes átomos) combinam-se em proporções fixas e não se mantêm
as propriedades individuais das substâncias que a originaram.

Molécula é um agregado de pelo menos dois átomos num dado arranjo,


ligados uns aos outros por forças especiais.

Substância elementar é uma substância pura, constituída pelo mesmo


elemento químico, caracterizado por ser indecomponível noutras
substâncias. Exemplo: Fe; N2; O3; S8; etc.

Substância elementar composta é uma substância elementar constituída


por pelo menos dois átomos do mesmo elemento químico. Exemplo: Cl2;
N2; O2, etc.

Substância elementar simples é uma substância constituída por um tipo


de átomo do mesmo elemento químico. Exemplo: Cu; S; Si.
Química Básica Curso de Licenciatura em Ensino de Química 15

Composto químico é uma substância constituída por átomos de dois ou


mais elementos, unidos quimicamente em proporções bem definidas e
constantes.

Elemento químico é a substância que, por meios químicos, não pode ser
decomposta em substâncias mais simples. É caracterizado
exclusivamente pelo seu número de carga nuclear ou número atómico
(Z).

Elemento é um conceito sub microscópico. Na caracterização do


elemento químico, na sua existência material, trata-se duma “ substância
elementar simples”.

Átomo é a partícula mais pequena da substância que mantêm as


propriedades desta. É constituído por um núcleo (com p+ e no) e uma
electrosfera com (electrões).

Alotropia é o fenómeno a partir do qual um dado elemento químico existe


sob a forma de diversas substâncias simples.

Exemplo: Fósforo (P) P P4

O fenómeno da alotropia é condicionado pela existência de moléculas de


diferentes formas alotrópicas e pela diferença a nível da estrutura dos
seus cristais.

As formas alotrópicas ou alótropos do elemento, geralmente diferem


entre si na estrutura e nas propriedades físícas e químicas.

Exemplo: Carbono, carbine, grafite. Ou Oxigénio e ozono.

Propriedades da matéria

a) Propriedades gerais

Massa - grandeza dimensional, medida em grama (g).

Volume - Grandeza dimensional, medida em litros (l) ou dm3.


Impenetrabilidade - dois corpos não podem ocupar simultaneamente o
mesmo lugar.

Divisibilidade - pode-se dividir a matéria até ao átomo (partícula que


conserva as propriedades da substância).

Elasticidade - sob acção de forças externas ocorre a variação de volume.

b) Propriedades específicas

Propriedades físicas - quando não ocorre a alteração da estrutura interna


da matéria, pois estão relacionadas aos fenómenos físicos:

I. Ponto de fusão – é a temperatura a partir da qual uma determinada


substância passa do estado sólido ao líquido;

II. Ponto de ebulição - é a temperatura a partir da qual uma


determinada substância passa do estado líquido ao gasoso;

III. Densidade absoluta ou massa específica ρ = Ar/v

IV. Densidade relativa ρ = Mr/v

V. Densidade - densidade de uma substância é a relação entre a massa


e a unidade de volume dessa substância; ρ = m/v; SI [g/cm3]

VI. Calor específico (c) - quantidade de energia calorífica necessária


para elevar de um grau Celsius a temperatura de um grama de
substância; c = C/m SI [J/g · 0C].

VII. Coeficiente de solubilidade - é a quantidade de uma substância (em


geral em gramas), necessária para saturar uma quantidade padrão
de solvente em determinadas condições físicas de temperatura e
pressão. Cada substância pura tem um coeficiente de solubilidade
específico.

VIII. Capacidade calorífica (C) - quantidade de energia calorífica


necessária para elevar de um grau Celsius a temperatura de uma
dada quantidade de substância; C = m · c;
Química Básica Curso de Licenciatura em Ensino de Química 17

Propriedades químicas - quando há alteração interna da matéria. São as


que se relacionam com o comportamento das substâncias em reacções
químicas.

Propriedades organolépticas - são aquelas que influenciam os órgãos de


sentido em função dos estados de agregação da mesma. Ex: cor, textura,
estado de agregação, etc.

c) Propriedades funcionais

São aquelas que caracterizam um grupo de substâncias. Ex, todos os


ácidos envermelhecem o papel azul de tornassol.

Estados físicos da matéria

A mudança de estado das substâncias depende de dois factores principais:


temperatura e pressão.

SÓLIDO

Solidificação Sublimação
Fusão

Vaporização (evaporação/ebulição)
LÍQUIDO GASOSO
Condensação / liquefacção

Figura 1: Mudanças de estado da matéria.

Estado sólido - Neste, as forças de atracção entre as partículas são


maiores que as forças de repulsão; o corpo apresenta forma e volume
constante

Estado líquido - Neste, as forças de atracção e de repulsão são


equivalentes; o corpo apresenta forma variável e volume constante;

Estado gasoso - Neste, as forças de repulsão entre as moléculas são


maiores que as de atracão; o corpo apresenta forma e volume variável.
Auto-avaliação
1. Defina os seguintes conceitos: matéria e substância.
2. Dê dois exemplos de mistura homogénea e dois de mistura
heterogénea.
Exercícios 3. Quais são as propriedades comuns para qualquer substância?
4. Considere o esquema dos estados físicos da matéria. Defina, a partir
dele os seguintes conceitos: fusão e solidificação.
Química Básica Curso de Licenciatura em Ensino de Química 19

Lição no 03

Classificação e métodos de
separação de misturas

Introdução
A maior parte dos materiais comuns são misturas de substâncias que
podem ser separadas por processos físicos baseando-se nos
conhecimentos das propriedades características das substâncias.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Caracterizar os diferentes tipos de misturas;

Descrever os diferentes métodos de separação de misturas homogéneas e


heterogéneas;
Objectivos da lição
Relacionar os métodos de separação de misturas com as praticas do
quotidiano;

Mistura

Mistura é uma combinação de duas ou mais substâncias, em que elas


mantêm a sua identidade própria. Os componentes da mistura podem
intervir em proporções variáveis. Exemplo: Ar, refrigerante, cimento, etc.

Misturas homogéneas são aquelas que apresentam um aspecto uniforme


e nelas não se podem distinguir as partículas das substâncias que se
encontram misturadas. Exemplo: água do mar, areia, etc.

Misturas heterogénias são aquelas que não apresentam um aspecto


uniforme, sendo possível distinguir as partículas dos diferentes materiais
que a constituem. Exemplo: Granito (quartzo, feldspato e mica); água e
areia, etc.

Mistura coloidal é constituída por partículas menores que as das


misturas heterogéneas e homogéneas e só são observadas ao microscópio.
Exemplo: tintas, colas, gelatinas, queijo, manteiga, maionese, pasta
dentífrica, etc.

Classificação das misturas


a) Misturas homogéneas

As misturas homogéneas podem ser do tipo:

Gasoso - liquido. Água (aquecimento e agitação).

Liquido - liquido. Líquidos miscíveis (destilação fraccionada).

Sólido - liquido. Solução (evaporação, secagem, destilação).


Exemplo
Gasoso - gasoso. Ar atmosférico (liquefacção fraccionada e
absorção).

b) Misturas heterogéneas

As misturas heterogéneas podem ser do tipo:

Sólido - sólido. Limalha de ferro e areia (catação, ventilação,


atracção magnética, flotação, peneiração,
dissolução fraccionada, sublimação).
Exemplo Sólido - liquido. Areia e água (filtração).

Sólido - gás. Poeira no ar (decantação, câmara de poeira,


filtração).

Liquido - gás. Gás carbónico em bebidas gaseificadas


(aquecimento e agitação).

Líquido - liquido. Vinagre com azeite (funil de separação).

Métodos de separação de misturas

Quando um Químico se depara com um material desconhecido, por


exemplo, uma amostra de pedra lunar ou um meteórito ou ainda de um
material encontrado numa caverna que está sendo explorada, ele procura,
Química Básica Curso de Licenciatura em Ensino de Química 21

através de diversas técnicas físicas e químicas, encontrar a composição


desse material, ou seja, saber de que substâncias e elementos ele é
formado.

A primeira providência é fazer a análise imediata do material, isto é,


separar através dos processos puramente físicos as diversas substâncias
presentes na amostra.

Esses processos baseiam-se no facto de que o conjunto de características


físicas, como ponto de fusão, ponto de ebulição, densidade, solubilidade,
é diferente para cada uma das substâncias e, manejando criteriosamente
essas diferenças, consegue-se separá-las uma a uma.

A separação dos compostos de uma mistura é realizada por meio de


diversos processos e técnicas, que dependem de uma série de factores
como estado físico e propriedades da mistura. Tais processos podem ser:

1. Catação. Consiste na escolha com base no tamanho das partículas.


Este processo é manual (com ajuda de uma pinça). Exemplo:
eliminação de corpos estranho n o arroz antes de cozinhar.

2. Peneiração. Tem como base o tamanho de granulação das partículas.


Exemplo: Peneirar arroz ou milho.

3. Separação magnética. Tem como base as propriedades magnéticas.


Este processo é aplicável a mistura de sólidos, quando um dos
componentes é atraído pelo Íman. Exemplo: separação de limalhas de
ferro na mistura de areia e ferro.

4. Ventilação. Tem como base a densidade dos componentes da


mistura. Consiste na passagem da corrente de ar sobre a mistura. Esta
arrasta os componentes menos densos. Exemplo: Processo que ocorre
na máquina de descasque de arroz; Lavrador no cafezal (separação do
grão da palha com ajuda do vento).

5. Flotação. Processo de separação de dois sólidos de densidades


diferentes com o emprego de um líquido de densidade intermediária e
que não dissolve nenhum dos sólidos. Exemplo: uso do mercúrio para
retirada de Ouro do seu minério.
6. Dissolução fraccionada. Tem como base as diferentes solubilidades
dos compostos, ou seja, visa separar solúveis de insolúveis,
colocando a mistura em solvente apropriado. Exemplo: separação da
mistura de sal e areia usando a água como solvente.

7. Fusão fraccionada. Consiste na separação de uma mistura de sólidos


sub aquecimento, onde um deles passa para estado líquido antes do
outro. Exemplo: separação dos componentes do bronze (mistura
homogénea de metais).

8. Sublimação. Consiste na passagem directa de um dos componentes


do estado sólido para gasoso ou vice-versa. Exemplo: Sublimação da
cânfora.

9. Filtração. Consiste na separação de partículas sólidas em suspensão


num líquido, fazendo este atravessar um material poroso (papel de
filtro, cerâmica, etc.). Exemplo: filtração da água para beber.

10. Decantação. Consiste na separação de misturas com base na força


gravitacional na qual uma das substâncias tem peso específico maior
que a outra; ou seja, é a separação de um líquido sobre natante de
outro líquido ou sólido. Exemplo: Separação de água e arroz;
separação de água e azeite.

11. Centrifugação. Consiste na separação de materiais de uma mistura,


pela aplicação de um movimento de rotação.

Para fazer uma centrifugação é preciso uma centrifugadora. Esta máquina


faz rodar a mistura (uma das partes tem que ser líquida) a alta velocidade,
provocando a separação pela acção da força centrifuga, que é aplicada
(do centro para fora). A separação dá-se devido às diferenças de
densidades dos materiais. Normalmente uma centrifugação é seguida de
uma decantação.

Exemplo: Este processo é utilizado, no fabrico da manteiga (para separar


a nata do leite), nos laboratórios de análise bioquímica (para separar os
glóbulos vermelhos do plasma sanguíneo ou para conseguir um
sedimento de urina).
Química Básica Curso de Licenciatura em Ensino de Química 23

12. Cristalização. Consiste na obtenção de cristais a partir de uma


solução, por evaporação do solvente. Exemplo: obtenção do sal a
partir da água do mar.

13. Destilação. Consiste em separar, por acção do calor, os componentes


de uma mistura. Ela pode ser:

a) Destilação simples. Quando os componentes da mistura


apresentam pontos de ebulição afastados. Exemplo: separação do
álcool e água no processo de produção de aguardente.

b) Destilação fraccionada. Quando os componentes da mistura


apresentam pontos de ebulição muito próximos. Exemplo:
Separação dos componentes do petróleo.

14. Cromatografia. Processo de separação dos componentes de uma


mistura corada através de um material poroso e de um solvente
apropriado. A cromatografia é geralmente utilizada para pequenas
quantidades de amostra. Exemplo: separação dos componentes da
tinta de caneta pela cromatografia de papel.

15. Extracção por solvente. Consiste em separar um ou mais


componentes de uma mistura usando um solvente apropriado que
apenas dissolve parte da mistura. Exemplo: Extracção de substâncias
vegetais usando água ou álcool; extracção da substância corante do
chá, usando vapor de água.

Auto-avaliação
1. Como é que classificas as seguintes misturas: Coca-Cola, Água e
óleo, Iogurte, água do mar e Ar atmosférico.

2. Por acidente o Alberto despejou na areia 10 gramas de sal que


Exercícios tinha em sua casa. Como é que você procederia para ajudá-lo a
recuperar o sal?
Lição no 04

Linguagem química

Introdução
Desde o tempo dos alquimistas os elementos químicos conhecidos já
eram representados por símbolos. Por exemplo, o Ouro era identificado
pelo símbolo do sol e a Prata pelo símbolo da lua.

Como toda a língua a sua aprendizagem inicia pelo alfabeto. No caso da


química, o alfabeto é composto pelos símbolos dos elementos químicos
que compõem a tabela periódica, permitindo uma descrição da
composição e das reacções químicas.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Escrever correctamente os símbolos, fórmulas e equações químicas;

Interpretar quantitativamente e qualitativamente a equação química;

Descrever os métodos de ajustamento de equação química;


Objectivos da lição
Ajustar a equação química pelo método de conservação de massa.

Símbolo Químico

O símbolo químico representa uma linguagem própria que permite a


descrição da composição das substâncias e das reacções químicas.

Actualmente utiliza-se o método sugerido por J. J. Berzelius em 1811.


Assim, um símbolo é formado por uma ou duas letras e representa um
átomo do elemento, como pode ver alguns exemplos na tabela que se
segue:
Química Básica Curso de Licenciatura em Ensino de Química 25

Nome do elemento Nome do elemento Símbolo


em português em Latim químico
Nitrogénio Nytrogenum N
Carbono Carbo C
Cobre Cuprum Cu
Enxofre Sulphur S
Estanho Stanum Sn
Fósforo Phosfores P
Chumbo Plumbum Pb
Tabela 2: Nomes e símbolos químicos de alguns elementos

Fórmula química

A fórmula química de uma substância é a expressão da sua composição


através de símbolos químicos. Ela dá-nos a distinção entre substâncias
simples e compostas, que constituem e determinam a quantidade de
átomos de um elemento que se relaciona com a quantidade de outro.

Para substâncias elementares compostas, escreve-se o símbolo químico


do elemento e acrescenta-se um índice (número que indica a quantidade
de átomos). O índice é escrito à direita e em baixo do símbolo do
elemento. Exemplo: O2; H2; N2.

Para substâncias compostas, escreve-se os símbolos químicos dos


elementos que constituem o composto e acrescenta-se os índices (que
correspondem à troca de valências dos átomos). Exemplo: H2O; CaO;
CO2.

Fórmula molecular é aquela que indica o significado qualitativo (indica


os elementos constituintes da substância) e quantitativo (indica o número
de átimos de cada elemento existente na molécula).

Exemplo: H2SO4 - a molécula apresenta dois (2) átomos de Hidrogénio,


um (1) átomo de Enxofre e quatro (4) átomos de Oxigénio.

Fórmula racional - expressa o tipo de ligação e os grupos de átomos


participantes, indica também a composição qualitativa e quantitativa da
substância.
Exemplo: CH3 – CH2 – CH3

Fórmula estrutural - indica a quantidade e qualidade dos átomos.


Também põe em evidência o tipo de ligação entre os átomos, bem como a
sua disposição na molécula.

Exemplo: H H H
‫׀‬ ‫׀‬ ‫׀‬
H–C–C–C–H N.B: A fórmula estrutural pode ser
‫׀‬ ‫׀‬ ‫׀‬ simplificada, considerando cada traço livre
H H H correspondente a um átomo de hidrogénio.

Fórmula iónica – é aquela que indica a carga dos iões, o significado


qualitativo e quantitativo da substância.

Exemplo: SO42- - a molécula tem carga negativa (2-), apresenta um (1)


átomo de Enxofre e quatro (4) átomos de Oxigénio.

Equação química
A equação química é a representação gráfica da reacção química.
Representa, simbolicamente, as substâncias que intervêm numa reacção
química e as respectivas proporções.

Para escrever correctamente a equação química você deve seguir os


seguintes passos:

1˚ - Escrever as fórmulas químicas que traduzem correctamente as


substâncias envolvidas (reagentes e produtos), indicando os estados
físicos de cada uma delas.

Exemplo: H2 (g) + O2 (g) H2O (l)

2˚ - Acertar a equação (tendo como base o número de átomos em cada


um dos membros). Para tal utilizam-se os coeficientes estequiométricos.

Exemplo: 2 H2 (g) + O2 (g) 2 H2O (l)

Uma equação fica acertada quando o número de átomos de cada espécie é


igual em cada um dos membros da equação.
Química Básica Curso de Licenciatura em Ensino de Química 27

Aspectos qualitativos e quantitativos


Uma vez separadas as diversas substâncias da amostra, a seguinte
providencia é fazer uma análise elementar de cada uma delas.

A análise elementar subdivide-se em qualitativa, cuja finalidade é


descobrir os tipos de elementos que formam a substância, e quantitativa,
que tem por finalidade descobrir a proporção em que esses elementos
aparecem, ou seja, descobrir a fórmula da substância.

As equações químicas apresentam significados qualitativos e


quantitativos (a nível micro e macroscópico):

Significado qualitativo – representa os reagentes e os produtos;

Significado quantitativo a nível microscópico - indica o número relativo


de átomos, iões e moléculas envolvidas na reacção;

Exemplo: 2Na(s) + 2H2O(l) 2Na+(aq) + 2OH-(aq) + H2(g)

Significado quantitativo a nível macroscópico - indica a quantidade de


substância.

Exemplo: 2 mol. de Sódio (Na) reagem com 2 mol de Água (H2O) para
formar 2 mol. de ião sódio (Na+), 2 mol de ião hidroxilo e 1 mol. de
Hidrogénio.

Métodos de ajustamento de equações

a) Método das tentativas - que consiste, basicamente, em contar os


átomos nos reagentes e nos produtos, tornando-os iguais.

Lei de Lavoisier (também conhecida como lei de conservação de massas),


diz que:

“Numa reacção química, a massa total dos reagentes que se transformam


é igual à massa total dos produtos da reacção que se formam”.

Lei de Proust (também conhecida como lei das proporções constantes),


diz que:
“São constantes as proporções ponderais em que se combinam entre si os
elementos que formam um composto”.

b) Método redox - que pode ser pela variação do nox ou pelas semi-
equações (método do ião electrão).

Auto-avaliação

1. Quem foi o cientista que estabeleceu a regra para a escrita dos


símbolos químicos?

2. Mencione as regras básicas para a determinação de nox dos


Exercícios
elementos químicos?

Leia mais sobre as reacções redox em: GLINKA, N. Química Geral 1,


Editora Mir Moscovo. 1988 e CHANG, Raymond, Química Geral –
Conceitos essenciais. 4ª Edição. São Paulo, Editora Mc Graw-Hill, 2007.
Leitura

Respostas aos exercícios


Lição 1

1. R: O objecto de estudo da Química é a matéria e suas transformações.

2. R: A base do método científico é a experimentação.

3. R: Confira com o texto da página 10.


Resultados 4. R: Ao nível microscópico faz-se abordagem sobre o comportamento
dos átomos e moléculas que constituem as substâncias que se
pretende analisar.
Química Básica Curso de Licenciatura em Ensino de Química 29

Lição 2

1. R: matéria é tudo aquilo que tem massa e ocupa volume. E substância


é a forma isolada da matéria com composição definida e propriedades
próprias.

2. R: Misturas homogéneas devem possuir uma única fase. E misturas


heterogéneas devem possuir mais de uma fase.

3. R: As propriedades comuns de qualquer substância são: massa,


volume, impenetrabilidade, divisibilidade e elasticidade.

4. R: Fusão - passagem da substância do estado sólido para líquido e


solidificação - passagem da substância do estado líquido para sólido.

Lição 3

1. R: Misturas homogéneas: Coca-Cola, iogurte, e ar atmosférico.


Misturas heterogéneas: água e óleo, e água do mar.

2. O sal pode ser recuperado seguindo os seguintes métodos de


separação de misturas: adicionando água a mistura de sal e areia,
seguido de decantação, filtração e evaporação.

Lição 4

1. R: O cientista que estabeleceu a regra para escrita de símbolos


químicos foi Berzelius.

2. R: Deve-se conhecer a valência do elemento, escrever em numeração


árabe a quantidade de electrões cedidos ou ganhos.
Unidade n° 02

Estrutura da matéria e
Classificação Periódica

Introdução
Bem-vindo a esta unidade didáctica. Nela você terá as noções básicas
sobre a teoria atómica, a estrutura da matéria, a classificação periódica e
ligação química.

Nesta unidade você deve desenvolver o sentido de imaginação na análise


da estrutura atómica, uma vez que irá tratar de partículas sub-
microscópicas. Neste sentido, propomos-lhe que comece com algumas
informações sobre o historial da teoria atómica e tabela periódica, bem
como sobre as ligações químicas.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Mencionar os antecedentes históricos da interpretação da estrutura


atómica;

Objectivos da unidade Interpretar a estrutura atómica segundo a teoria de Bohr e a Mecânica


Quântica;

Representar geometricamente a ordem energética das orbitais atómicas;

Explicar a variação das propriedades periódicas ao longo dos grupos e


períodos;

Identificar e caracterizar os diferentes tipos de ligações químicas;

Prever a natureza duma ligação química e representar as estruturas


cristalinas.
Química Básica Curso de Licenciatura em Ensino de Química 31

Lição no 01

História da teoria atómica

Introdução
Desde os tempos mais remotos os Homens tem-se dedicado ao estudo de
fenómenos naturais e procurando explicar a sua essência e constituição da
matéria envolvida. Na antiguidade uma questão, que preocupou a
humanidade era se a matéria seria divisível ou não.

O conceito actual de elemento químico foi estabelecido a partir do


conhecimento da constituição e estrutura dos átomos. Aqui vais
caracterizar os elementos químicos sob o ponto de vista atómico.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Descrever a História da teoria atómica;

Explicar as limitações de cada modelo atómico;

Representar os diferentes modelos atómicos;


Objectivos da lição
Identificar os números quânticos;

Determinar os números quânticos para cada electrão do átomo.

Teoria atómica clássica

Os filósofos gregos Demócrito e Lucrécio, por volta do sec. V a. c.


suscitaram que toda a matéria era composta por partículas muito
pequenas e indivisíveis a que chamaram de ÁTOMO (palavra grega que
significa Indivisível; A = não; TOMOS = divisão).

Embora a teoria de Demócrito e Leucipo não tenha sido aceite por outros
filósofos da antiguidade como Platão e Aristóteles, nem por isso deixou
de ser referida ao longo dos séculos.
Modelo atómico de Dalton

No início do sec. XIX, para explicar racionalmente as leis da combinação


química (leis deduzidas através de resultados experimentais), Dalton
criou a sua famosa teoria atómica, na qual foi dado o conceito químico de
átomo, como partícula maciça e indivisível constituinte da matéria.

Deste modo o primeiro modelo atómico foi criado pelo cientista inglês
John Dalton em 1806, que segundo ele os átomos eram partículas muito
pequenas, indestrutíveis, de forma esférica com dimensões e peso
característicos de cada elemento.

Dalton define átomo como a menor porção de um elemento que pode


participar numa combinação química. Portanto, Dalton imaginava o
átomo como muito pequeno e indivisível, veja a figura 2.

Figura 2: Modelo atómico de Dalton

Teoria atómica moderna

Modelo atómico de Thomson

Com a invenção do tubo de raios catódicos em 1890 (um precursor do


tubo usado nos televisores), foi descoberto o electrão e as suas
propriedades pelo cientista Inglês J. Thomson em 1897.

Para explicar a existência de partículas com carga negativa (electrões) no


átomo, Thomson propôs em 1904 um novo modelo para o átomo -
modelo de bolo de passas.

Segundo este modelo, Thomson visualizava o átomo como uma esfera


como carga eléctrica positiva no interior da qual encontravam-se
distribuídos os electrões, tal como passas de uva incrustadas num bolo,
como pode ver na figura 3.
Química Básica Curso de Licenciatura em Ensino de Química 33

Assim começava a admitir-se a divisibilidade do átomo e a reconhecer-se


a natureza eléctrica da matéria. Portanto os átomos contem partículas
negativas que (electrões) que provocam a neutralidade dos mesmos.

As limitações deste modelo estão relacionadas com o facto de não fazer


corresponder os átomos aos elementos, por não se saber o número de
electrões em cada átomo.

Figura 3: Modelo atómico de Thomson

Modelo atómico de Rutherford

O cientista New Zelandez Ernest Rutherfor, procurando descobrir,


experimentalmente, as particularidades do átomo, realizou uma série de
experiências com substâncias radioactivas e não só, tendo chegado, em
1911, a conclusão de que o átomo era formado por um núcleo pequeno,
denso e electricamente positivo, com espaços vazios à sua volta onde se
encontram girando os electrões (carga negativa) que contrabalançam a
carga positiva do núcleo e garantem a neutralidade do átomo.

Em resumo, o átomo seria semelhante ao sistema solar: o núcleo


representando o Sol e os electrões seriam os planetas, girando em orbitas
circulares e formando a chamada electrosfera, veja a figura 4.

Figura 4: Modelo atómico de Rutherford

Este modelo apresenta limitações pelo facto de admitir que os electrões


giravam a volta do núcleo, mas de acordo com a mecânica clássica (teoria
electromagnética de Maxwell) segundo a qual toda a partícula eléctrica
em movimento emite energia na forma de ondas electromagnéticas,
consequentemente o electrão em movimento perderia a sua energia e
entraria em colisão com o núcleo - o que na prática não acontece.
Esta contradição levou ao desenvolvimento de novos modelos atómicos.
Modelo atómico de Bohr

Niels Bohr, tentando explicar o modelo de Rutherford, inspirou-se na


teoria quântica de radiação de Max Plank e propôs o seguinte:
 Aos electrões são permitidos certos estágios de energia fixos e
determinados - orbitas;
 Nenhum electrão será encontrado entre dois estágios de energia;
 Se um electrão recebe energia “alta” para o estagio superior,
estágio de maior energia e se ele deixa de receber energia,
devolve energia recebida e “salta” para o seu estágio de origem
(estado fundamental).
Assim ao “átomo de Rutherford”, corrigido pelas ponderações de Bohr
foi dado o nome de Modelo atómico de Rutherford - Bohr.

Bohr caracterizou cada nível energético (ou camada electrónica) por um


número natural n que toma valores que vão de 1 a 7, aos quais atribuiu
designações correspondentes às letras do alfabeto:

Nível 1 2 3 4 5 6 7
Camada K L M N O P Q
Stoner propôs que o número máximo de electrões para cada nível
energético (ou camada electrónica) pode ser determinado pela relação
2n2, onde n é o nível de energia.

Modelo atómico mecânico-ondulatório


Neste modelo considera-se que o electrão apresenta um comportamento
de partícula-onda.
Em 1905 Einstein propôs que a luz seria formada por partículas-onda,
isto é, algo “misto” que às vezes se comporta como partícula e outras
vezes como onda.
Novas observações e experiências levaram os cientistas a supor que
também o electrão, ora comportava-se como partícula, ora como onda ou
vibração.
Em 1923 De Broglie passou a visualizar o electrão não mais como uma
bolinha em movimento rápido, mas sim como tendo um comportamento
duplo de partícula-onda.
A partir de então o comportamento do electrão passou a ser estudado pela
mecânica ondulatória.

Principio de Heisemberg
Não é possível calcular a posição e a velocidade de um electrão, num
mesmo instante.
Química Básica Curso de Licenciatura em Ensino de Química 35

Orbital atómica
Devido a dificuldade de calcular a posição exacta de um electrão na
electrosfera, o cientista Schrodinger em 1926 calculou a região onde
haveria maior probabilidade de encontrar o electrão. Esta região do
espaço foi denominada de orbital.

Números Quânticos
Numero quântico principal (n), indica o nível de energia ou camadas
electrónicas. O n varia de 1 a 7.

Numero quântico secundário ou azimutal (ℓ), indica o subnível ou


subcamada onde se encontra o electrão. Estes são designados pelas letras:
s (sharp); p (principal) d (difiuse) f (fundamental)

Subnível : s, p, d, f
ℓ=n-1
Valor de ℓ: 0 1 2 3

Numero quântico magnético (m), está relacionado com a orientação


espacial dos orbitais e indica o número dos mesmos em cada subnível
energético.

m: - ℓ.... o .... + ℓ

Exemplo: seja, n = 2; ℓ = 1; m = -1; 0; +1

Numero quântico spin (s), indica o sentido de rotação do electrão em


torno do seu eixo (spin) que pode tomar os valores: - 1/2 (↑) e +1/2 (↓)

Obs. Para determinar podem ser utilizadas as fórmulas seguintes:


 Número de orbitais por nível de energia: n2
 Número máximo de electrões por nível de energia (até ao 4˚
nível): 2n2
 Número de orbitais por subnível de energia: 2 ℓ + 1
 Número máximo de electrões por subnível de energia: 2(2 ℓ +1)

Regras de Hund ou princípio de máxima multiplicidade

Nenhuma orbital poderá receber o segundo electrão antes que todas as


orbitais do mesmo subnível estejam preenchidas com 1 electrão.

Princípio de exclusão de Pauli

Um orbital comporta no máximo dois electrões, com spins contrários.


Não existem dois electrões com os quatro números quânticos.
Regra de energia mínima

Os electrões vão se “encaixando” na electrosfera, partindo dos níveis e


subníveis de menor energia para os de maior energia (isto é, “de baixo
para cima”).

Os subníveis do mesmo nível possuem energias diferentes. Para a sua


determinação existem dois métodos:

Processo analítico (regra de Klechkovsky e Slater). Ao aumentar a carga


nuclear do átomo, o preenchimento sucessivo das orbitais electrónicas
ocorre a partir das orbitais com o menor valor da soma dos números
quânticos principais e secundários (ℓ + n), preenchendo-se seguidamente
os orbitais para os quais o valor desta soma seja maior.

Exemplo: Que subnível se preenche num átomo após o subnível 4s?

O subnível que se segue ao 4s cuja soma n + 1 4 + 0 = 4. Deve


ser um subnível em que a soma seja igual a 5; dentre eles 4p, 3d e 5s.

Se os valores da soma (ℓ + n) forem iguais, o preenchimento das orbitais


ocorre de modo sucessivo, no sentido do aumento do valor de número
quântico principal n.

O subnível 4p equivale a uma soma n + l igual a 5 (4+1=5). Os subníveis


3d (3+2=5) e 5s (5+0=5) têm o mesmo valor da soma. No entanto, o
estado 3d corresponde a um valor inferior do número quântico principal
(n=3) em relação ao estado 4p. Por essa razão o nível 3d deve ser
preenchido antes do nível 4p; depois do preenchimento do nível 4p os
electrões são distribuídos pelo subnível 5s.

5s: n = 5; ℓ = 0 (ℓ + n) = 5

4p: n = 4; ℓ = 1 (ℓ + n) = 5 A sequência é 3d; 4p; 5s

3d: n = 3; ℓ = 2 (ℓ + n) = 5

Processo gráfico (diagrama energético de Linus Pauling). Determina


uma sequência de subníveis pelo seu conteúdo energético, veja tabela 3.
Química Básica Curso de Licenciatura em Ensino de Química 37

Tabela 3: Diagrama de Linus Pauling

Deste diagrama resulta a seguinte sequência:


1s 2s 2p 3s 3p 4s 3d 4p 5s 4d 5p 6s 4f 5d 6p 7s 5f 6d

3p1 Indica a quantidade de electrões


Indica o número quântico secundário

Indica o número quântico Principal

Auto-avaliação
1. Quais foram as limitações do modelo atómico de Rutherfor?
2. O que entende por orbital atómica?
3. Com base na regra de Klechkovsky e Slater qual é o subnível que se
Exercícios preenche depois de 5p?
Lição no 02

Classificação Periódica

Introdução
Desde os tempos mais remotos que o homem procurou organizar tudo
quanto havia ao seu redor, animais substâncias, etc.

O resumo histórico torna-se fundamental para a compreensão de como se


chegou ao actual quadro periódico, o qual resume as principais
propriedades dos elementos químicos até então descobertos.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Identificar as primeiras classificações dos elementos e a tabela periódica


de Mendelev;

Caracterizar as propriedades dos elementos na tabela periódica;


Objectivos da lição
Interpretar a organização da tabela periódica actual (grupos e os
períodos).

História da Tabela Periódica

A medida que a quantidade e a diversidade dos conhecimentos sobre os


elementos químicos foram aumentando, sentiu-se a necessidade de
sistematizar esses conhecimentos.

A existência de analogias no comportamento de alguns elementos foi


aproveitada para essa sistematização, permitindo fazer uma classificação
onde coubessem os elementos conhecidos em determinada altura e os que
viessem a ser descobertos.
Química Básica Curso de Licenciatura em Ensino de Química 39

Os grupos de Lavoisier

Em 1789 A. L. Lavoisier (1743-1794), francês, publicou um dos seus


livros “Trité Élémentaire de Chimie”, onde apresentava uma lista de
substâncias simples e não decomponíveis por nenhum processo de análise
conhecido. Estas substâncias estavam organizadas em vários grupos;

1° Grupo: incluiu o oxigénio, Nitrogénio, Hidrogénio, a luz e o calor,


como sendo substâncias simples que pertencem aos três reinos.

2° Colocou o S, P, C, Cl e o F. e chamou-lhes de substâncias simples não


metálicas, oxidáveis e acidificáveis.

3° Incluiu a Prata, Arsénio, Bismuto, Cobalto, Cobre, Estanho, Chumbo,


Tungsténio e Zinco. Chamou-lhes de substâncias simples metálicas,
oxidáveis e acidificáveis.

4° Incluiu o Cal (Óxido de cálcio), Barite (Óxido de bário), Magnésia


(Óxido de magnésio), Alumina (Óxido de alumínio), Sílica (Óxido de
cilício). Chamou-lhes de substâncias terrosas e salificáveis.

As tríadas de Dobereiner

Em 1817, J. W. Dobereiner (1780-1849), alemão, nos seus estudos,


verificou que o peso atómico do Estrôncio (Sr) - 88 era praticamente a
média dos pesos atómicos do Cálcio (Ca) - 40 e do Bário (Ba) - 137.
Chamou a este grupo de três (3) elementos de uma tríade.

Posteriormente verificou que outras tríadas de elementos repetiam o


mesmo modelo. Assim acontecia com o Cloro, Bromo e Iodo, e com o
Lítio, Sódio e Potássio. Em qualquer das tríadas, não só as propriedades
eram idênticas, como também o “peso atómico” do elemento do meio era
próximo da média dos pesos atómicos dos outros dois.

Lei das tríadas: “Organizando os elementos em grupos de três, na ordem


crescente de seus pesos atómicos, o peso atómico do elemento central é a
média dos pesos atómicos dos outros dois”.
Nesta época, os químicos referiam e determinavam “pesos atómicos” para os
elementos.

Só muito mais tarde vieram a adoptar a grandeza massa atómica para


Tome Nota! caracterizar o átomo.

As oitavas de Newlands

Seis anos depois, em 1863, J.A.R. Newlands (1837-1898) inglês,


verificou que quando os elementos conhecidos eram dispostos segundo o
seu peso atómico crescente, cada oitavo elemento tinha propriedades
semelhantes ao primeiro.

Lei das oitavas: “O oitavo elemento, contando a partir de qualquer um


deles, é uma espécie de repetição do primeiro, tal como acontece com as
notas musicais numa escala de música”.

Esta espécie de repetição, com propriedades ocorrendo periodicamente,


deu origem ao termo “classificação periódica”. Infelizmente, esta relação
periódica mostrava-se boa nos primeiros 16 elementos, mas não
funcionava para os seguintes.

As curvas de Mayer

Em 1864, J. Lother Meyer (1830-1895) alemão, determinou o volume


ocupado por uma mole de átomos das várias substâncias elementares
conhecidas no estado sólido e chamou-lhes “volume atómico”. Quando
marcou, num gráfico, esse volume em função do peso atómico do
elemento, verificou que havia alguma prioridade na forma da curva
obtida. Portanto, os elementos que ocupavam pontos correspondentes na
curva pertenciam a mesma família, isto é, apresentavam propriedades
semelhantes. Por exemplo: o Lítio, Sódio, Potássio, Rubídio, e o Césio
tinham propriedades idênticas e situavam-se, na curva, nos pontos de
maior variação do “volume atómico”.
Química Básica Curso de Licenciatura em Ensino de Química 41

A tabela periódica de Mendeleev

Em 1869, o químico russo Dimitri I. Mendeleev (1834-1907) publicou o


seu trabalho sobre a classificação dos elementos numa tabela extensiva,
baseada na repetição regular e periódica dos mesmos. Ele ordenou os
elementos segundo os seus “pesos atómicos”, tal como fizera Newlands,
mas com duas diferenças muito importantes:

1° Agrupou os elementos de uma forma mais exacta, de acordo com as


suas propriedades. Portanto, separou alguns elementos pouco vulgares
como por exemplo, o Cobalto e o Níquel, que apresentavam propriedades
pouco diferentes da dos elementos dos grupos principais.

2° Previu propriedades de muitos elementos que ainda não tinham sido


descobertos, por exemplo: EKA-Aluínio, que mais tarde veio a ser
descoberto em seu lugar o Gálio.

Este reagrupamento ajudou a remover o obstáculo apresentado pelo


arranjo de Newlands. Apesar de Mendeleev ordenar apenas 63 elementos,
a sua classificação periódica é idêntica a utilizada nos dias de hoje.

Lei periódica de Mendeleev. “As propriedades periódicas dos elementos


são uma função periódica de seus pesos atómicos”.

Tabela Periódica actual

A 1900, a organização dos elementos era feita tendo em conta o


respectivo “peso atómico”.

Após os trabalhos de Rutherford, comprovando a existência de uma parte


central no átomo com carga eléctrica positiva, as ideias começaram a
mudar.

Assim, Henry Moseley (1887-1915), discípulo de Rutherford, verificou,


por via experimental, que o valor da carga eléctrica do núcleo era bem
definida, tal como acontecia com o “peso atómico”, e era diferente de
elemento para elemento. A esta carga eléctrica positiva ele chamou de
“número atómico”.
Moseley verificou que, ordenando os elementos por ordem crescente do
seu número atómico, a disposição era idêntica a obtida com a ordem
crescente dos “pesos atómicos”. Esta ordenação era semelhante, mas não
igual.

Lei periódica moderna. “As propriedades periódicas dos elementos são


uma função periódica dos seus números atómicos”.

Os grupos e os períodos

De acordo com a Lei da Classificação Periódica, a organização dos


elementos na Tabela Periódica é feita, segundo a horizontal, por ordem
crescente do seu número atómico. Assim, o número de ordem de cada
elemento coincide com o respectivo número atómico.

Os elementos na Tabela Periódica estão relacionados uns com os outros,


de duas maneiras:

- Horizontalmente, em filas - os períodos;

- Verticalmente, em colunas - os grupos.


Química Básica Curso de Licenciatura em Ensino de Química 43
Estabilidade electrónica a luz da teoria dos gases nobres

Os químicos verificaram que os gases nobres (He, Ne, Ar, K, Xe e Rn)


apresentam uma elevada estabilidade electrónica, isto é, os átomos desses
elementos dificilmente se combinam com outros átomos para formar
compostos químicos.

Os gases nobres possuem 8 electrões na última camada com a excepção


do Hélio que só tem 2 electrões. Esta característica electrónica leva a
concluir que a estabilidade dos átomos destes elementos está relacionada
com o número de electrões da última camada. Assim, todos os átomos de
outros elementos para se tornarem estáveis tendem a perder ou ganhar
electrões de modo a adquirirem a configuração electrónica do gás nobre
mais próximo - quando isto acontece o átomo transforma-se num ião.

Variação das propriedades periódicas

De modo geral, muitas propriedades dos elementos químicos variam


periodicamente com o aumento dos seus números atómicos, atingindo
valores máximos e mínimos em colunas e períodos de classificação
periódica, como por exemplo: raio atómico, volume atómico, etc. Esta
periodicidade decorre da estrutura electrónica dos elementos, conferindo
uma importância enorme a servir-nos na previsão das propriedades e no
comportamento dos elementos.

Carácter metálico. Um elemento será tanto mais metálico quanto maior


for a sua capacidade de perder electrões.

“Ao longo do grupo aumenta de cima para baixo e ao longo do período


aumenta da direita para a esquerda.”

Raio atómico. É a metade da distância internuclear mínima que dois


átomos desse elemento podem apresentar, sem estarem ligados
quimicamente.

“Ao longo do grupo aumenta de cima para baixo e ao longo do período


aumenta da direita para a esquerda”.
Química Básica Curso de Licenciatura em Ensino de Química 45

Raio iónico. É a metade da distância internuclear mínima que dois


átomos desse elemento podem apresentar estando ligados quimicamente.

“Ao longo do grupo aumenta de cima para baixo e ao longo do período


aumenta da esquerda para a direita”.

Volume atómico. É o volume ocupado por 1 átomo grama (6,02 x 1023


átomos) do elemento no estado sólido. O volume atómico não é o volume
de um átomo, mas sim, o volume de um conjunto de átomos (influenciam
não só o volume individual de cada átomo como também o espaçamento
existente entre os átomos).

“Ao longo do grupo aumenta de cima para baixo e ao longo do período


aumenta do centro da TP para as extremidades”.

Densidade absoluta (ρ) ou massa específica. É o quociente entre a massa


(m) e o seu volume (v). Portanto:
ρ = m/v

Pela fórmula, quanto menor o volume, maior deverá ser a densidade.

“Ao longo do grupo aumenta de cima para baixo e ao longo do período


aumenta das extremidades para o centro da TP”.

Consequentemente, os elementos mais densos encontram-se no centro e


na parte inferior da tabela. Por exemplo, destacam-se os elementos Ósmio
(ρ = 22,5 g/ml) e o Irídio (ρ = 22,4 g/ml).

Electronegatividade. É a tendência que o átomo possui para atrair


electrões.

“Ao longo do grupo aumenta de baixo para cima e ao longo do período


aumenta da esquerda para a direita”.

Electropositividade. É a tendência que o átomo possui para perder


electrões.

“Ao longo do grupo aumenta de cima para baixo e ao longo do período


aumenta da direita para a esquerda”.
Energia ou potencial de ionização. É a energia necessária para retirar um
electrão de um átomo isolado no estado gasoso, formando um ião.Essa
energia é, em geral, expressa em electrão-volt (eV) e corresponde a
23kcal/mol (ou 96,4kj/mol), sendo 1 mol de electrões = 6,02 x 1023
electrões.

“Ao longo do grupo aumenta de baixo para cima e ao longo do período


aumenta da esquerda para a direita”.

Auto-avaliação
1. Represente a estrutura electrónica do Enxofre e indique a posição na
Tabela Periódica?

2. Um átomo de elemento X apresenta o electrão mais energético no


Exercícios
subnível 4p5.

a) Indique o período e a família a que pertence na Tabela Periódica.

b) Indique os números atómicos dos elementos que antecedem e


sucedem o elemento X na mesma família da Tabela Periódica.

3. O catião do átomo de certo elemento bivalente tem 18 electrões.

a) Represente a estrutura electrónica do seu átomo.

b) A que grupo ou família e a que período da Tabela periódica


pertence esse elemento?
Química Básica Curso de Licenciatura em Ensino de Química 47

Lição no 03

Ligação química

Introdução
Na natureza, raramente ocorrem átomos isolados. As menores unidades
de uma substância são constituídas pela união de dois ou mais átomos,
formando moléculas.

Hoje sabemos que em condições ambientais, só os gases nobres são


formados por átomos isolados uns dos outros, ou seja, átomos que têm
pouca “vontade” de se unir com outros átomos; estes são muito estáveis e
pouco reactivos.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Definir a ligação química;

Escrever as fórmulas de Lewis para átomos, substâncias simples e


moléculas binárias;
Objectivos da lição
Identificar os diferentes tipos de ligações químicas;

Caracterizar as redes e as propriedades das substâncias;

Caracterizar as forças intermoleculares: Van Der Waals e Pontes de


hidrogénio.

Ligação química
Os átomos dos demais elementos não só se atraem mutuamente, como
também atraem átomos de outros elementos, formando agregados
suficientemente estáveis que constituem as substâncias compostas.

Assim, Ligação química é a união entre dois ou mais átomos, ou seja, é a


força que mantém os átomos unidos.
Electrões de valência

• Os electrões da última camada, (electrões de valência) é que


estão envolvidos nas reacções químicas, nas quais formam-se
novas ligações químicas.

• Os átomos ligam-se para adquirir a estrutura electrónica


semelhante a de um gás nobre (2 ou 8 electrões de valência).

Regra de Octeto
“Um átomo adquire a estabilidade quando possui 8 electrões na camada
electrónica mais externa, ou 2 electrões quando possui apenas a camada
K “.

Tipos de ligação química

Ligação iónica

É o tipo de ligação química que ocorre entre um metal e um ametal. Neste


tipo de ligação o metal perde os electrões da sua última camada que são
captados pelo ametal. Os compostos assim formados chamam-se
compostos iónicos.

Exemplos de substâncias que apresentam ligação iónica são: NaCl; MgO;


CaF2; Na2SO4; etc.

Estrutura de Lewis - representação dos electrões da camada mais


externa.
××
×
Na — Cl Na · × Cl ×
xx

Fórmula estrutural da Estrutura de Lewis


molécula de Cloreto de (partilha de electrões)
hidrogénio

Rede iónica é a disposição regular das partículas no estado sólido

Estrutura das substâncias com ligação iónica

Os elementos metálicos cujos átomos possuem poucos electrões (1,2 e 3)


de valência têm tendência a perdê-los, formando iões positivos. Enquanto
os elementos ametálicos, cujos átomos possuem muitos electrões de
Química Básica Curso de Licenciatura em Ensino de Química 49

valência (5, 6 e 7), têm tendência a captar electrões formando iões


negativos.

Os iões interagem formando um cristal cúbico. No exemplo ao lado pode-


se observar o cristal de Cloreto de Sódio.

Figura 5: Modelo da rede iónica de Cloreto de Sódio (a organização cristalina


do Cloreto de Sódio é cúbica).

Propriedades das substâncias que apresentam ligação iónica:

- Os compostos formados por ligação iónica são sólidos a temperatura


ambiente, são duros e quebradiços, apresentando elevados pontos de
fusão e de ebulição e não conduzem a corrente eléctrica.

- Quando dissolvidos em água ou quando fundidos, tornam-se bons


condutores da corrente eléctrica porque os seus iões adquirem liberdade
de movimento.

Ligação covalente

É a união entre Átomos que é estabelecida por meio de pares de electrões,


de tal modo que cada par será formado por um electrão de cada Átomo.

Chama-se Covalência, ao número de pares de electrões compartilhados.

Tipos de ligação covalente:

1. Quanto ao modo de compartilhamento de electrões

a) Ligação covalente Apolar - é aquela em que a ligação ocorre


entre Átomos do mesmo ametal. Os electrões compartilhados são
igualmente atraídos pelos núcleos dos dois Átomos.
Exemplo: H2
H ·×H H—H
Fórmula estrutural da
Estrutura de Lewis molécula de Hidrogénio

b) Ligação covalente Polar - é aquela em que a ligação ocorre entre


Átomos de ametais diferentes. Os electrões compartilhados são
mais atraídos pelo núcleo de um dos Átomos.
Exemplo: HCl
××
×
H · × Cl × H — Cl
xx
Fórmula estrutural da
Estrutura de Lewis molécula de Cloreto de
hidrogénio
(partilha de electrões)

c) Ligação covalente dativa - é aquela em que um par electrónico de


um Átomo é fornecido a outro Átomo.

Exemplo: H2SO4
·:
:O ·:
:O
·
××
· ·
H ×· O × S × · ·O · × H · – S – O· – H
H–O
· xx
· · ·
· :
:O :O:
· ·
Fórmula estrutural (note a presença
de setas que indicam a ccedência de
electrões pelo átomo de átomo)

2. Quanto ao número de pares de electrões compartilhados

d) Ligação covalente simples - é aquela em que os Átomos


compartilham um par de electrões.

Ex: CH3 – CH3

e) Ligação covalente dupla - é aquela em que os Átomos


compartilham dois pares de electrões.

Ex: CH2 = CH2

f) Ligação covalente tripla - é aquela em que os Átomos


compartilham três pares de electrões.

Ex: CH ≡ CH

Propriedades das substâncias que apresentam ligação covalente

Os compostos formados por ligação covalente são líquidos ou gases a


temperatura ambiente. Apresentam baixos pontos de fusão e de ebulição.
No estado sólido formam molécula.
Química Básica Curso de Licenciatura em Ensino de Química 51

Ligação metálica
É o tipo de ligação química caracterizada por forças de atracção entre
catiões de metais e electrões livres

Estrutura da rede metálica

Como os átomos do metal são iguais e estão próximos uns dos outros, os
electrões livres (electrões da última camada) são atraídos
simultaneamente pelos núcleos dos átomos vizinhos, podendo assim
deslocar-se de uns para outros. Os electrões de valência constituem uma
nuvem electrónica que se estende a toda estrutura.

Rede metálica é uma rede cristalina constituída pelos átomos neutros


formando catiões, átomos e electrões móveis que passa de um catião para
outro.

Figure 6: Estrutura de rede metálica

Propriedades das substâncias que apresentam ligação metálica

As substâncias são constituídas por átomos e catiões (ligados electrões de


condução). Apresentam condutibilidade eléctrica nos estados sólidos e
líquidos. Têm ponto de fusão e ponto de ebulição relativamente altos. No
estado sólido apresentam rede metálica.

Forças intermoleculares (Van Der Waals e Pontes de hidrogénio)

São de natureza eléctrica e variam consideravelmente conforme a própria


natureza das partículas. Para substâncias moleculares ocorre uma
interacção intermolecular (forças de Van der Waals). Tais forças são
muito mais fracas que as que conduzem à formação de ligações
covalentes. São típicas nas moléculas apolares.
Pontes de hidrogénio

As pontes de hidrogénio são interacções que ocorrem entre átomos de


hidrogénio e outros átomos de elementos muito electronegativos
(F,O,N). Entretanto, esta ligação é do tipo electrostático, não é
muito firme. São as interacções intermoleculares mais intensas, medidas
tanto sob o ponto de vista energético quanto sob o ponto de vista de
distâncias interatómicas.

Existem dois tipos de pontes de hidrogénio: a intramolecular (que ocorre


na mesma molécula) e a intermolecular (que ocorre entre duas
moléculas).

Auto-avaliação
1. Mencione duas características fundamentais da ligação iónica.

2. Indique quatro propriedades fundamentais para compostos que


apresentam ligação covalente.
Exercícios
3. Caracterize as pontes de hidrogénio e dê dois exemplos.

Lei mais sobre teoria atómica e ligação química em: MAHAN, B.H. Química
um curso universitário, 4a edição, Editora Edgard Büchler Ltda., SP -
Brasil, 1998; GLINKA, N. Química Geral 1, Editora Mir Moscovo. 1988
Leitura e CHANG, Raymond, Química Geral - Conceitos essenciais. 4ª Edição. São
Paulo, Editora Mc Graw-Hill, 2007.

Respostas dos exercícios


Lição 1

1. R: O modelo não explicava porque razão os electrões girando à volta


do núcleo não perdem a sua energia e entram em colisão com o
núcleo.

2. R: A orbital atómica é a região onde é mais provável encontrar o


electrão.
Resultados 3. R: Segundo a regra de Klechkovsky e Slater o subnível que se
preenche depois do subnível 5p é 4d .
Química Básica Curso de Licenciatura em Ensino de Química 53

6s: n = 6; ℓ = 0 (ℓ + n) = 6
5p: n = 5; ℓ = 1 (ℓ + n) = 6
4d: n = 4; ℓ = 2 (ℓ + n) = 6

Lição 2

1. R: 16Cl: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p4 Grupo: VI e Período: 3º

2. R: a) Grupo: VII e Período: 4º

b) Z(antecede) = 17 e Z(sucede) = 53

3. R: a) Y2+ ; 20Y: 1s22s22p63s23p64s2


b) Grupo: II e Período: 4º

Lição 3

1. R: Características (duas) fundamentais da ligação iónica: (1) ocorre


entre um metal e um ametal e (2) o metal perde electrões da sua última
camada e o ametal capta electrões.

2. R: Propriedades (quatro) dos compostos com ligações covalentes: são


constituídos por átomos e/ou moléculas; apresentam pontos de fusão e de
ebulição relativamente baixos; não conduzem a corrente eléctrica porque
não possuem electrões livres; são na sua maioria solúveis em água;

3. R: As Pontes de Hidrogénio são caracterizadas por serem interacções


entre átomos mais electronegativos de uma molécula, com o átomo de
hidrogénio de outra molécula.
Exemplo: H2O e C2H5OH
Unidade n° 03

Reacções químicas e relações


quantitativas

Introdução
Bem-vindo a esta unidade didáctica. Nela você terá as noções básicas
sobre as reacções químicas.

Lembre-se que você aprendeu durante o Ensino Secundário que as


transformações químicas também são designadas reacções químicas.
Nesta unidade você vai tratar das reacções químicas, começando por
fazer uma revisão sobre estes conteúdos.

O estudo das reacções químicas e suas relações quantitativas é sustentado


por uma lei fundamental que as regula; a lei de conservação de massa,
descoberta por Lavoisier.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

Caracterizar as reacções químicas;

Classificar as reacções químicas mais comuns de acordo com os vários


critérios aprendidos;
Objectivos da unidade
Escrever as equações das reacções químicas que traduzem os vários
processos;

Interpretar as leis de Charles, Boyle e de Dalton das pressões parciais;

Interpretar a equação de estado de um gás ideal e os desvios dos gases


reais do comportamento ideal.
Química Básica Curso de Licenciatura em Ensino de Química 55

Lição no 1

Reacções químicas.
Caracterização e Classificação

Introdução
As reacções químicas que se descrevem por equações químicas
interpretam-se tendo em conta que há colisões entre as partículas,
originando novas partículas, diferentes das anteriores. A velocidade
com que ocorre uma certa reacção depende dos reagentes, da sua
concentração, da temperatura e da acção dos catalisadores.
Ao completar esta lição, você será capaz de:

Caracterizar as reacções químicas;


Identificar os diferentes tipos de reacções químicas;
Classificar as reacções químicas mais comuns, de acordo com vários
Objectivos da lição critérios.

Reacção química
Uma reacção química envolve mudanças relacionadas com os arranjos
nas ligações entre os átomos ou iões, na geometria das moléculas das
espécies reagentes ou ainda na interconversão entre dois tipos de
isómeros. Outro aspecto importante sobre uma reacção química é a
conservação da massa e o número de espécies químicas microscópicas
(átomos e iões) presentes antes e depois da ocorrência da reacção. Essas
leis de conservação manifestam-se macroscopicamente sob a forma das
leis de Lvoisier, Proust e de Dalton.

Os átomos apresentam valências bem definidas, assim como um conjunto


de características e relações quantitativas do número de espécies químicas
presentes numa reacção que pode ser vista mais adiante na
estequiometria.

Reacção química é o fenómeno no qual as moléculas reagem entre si


para formar novas substâncias, diferentes daquelas que reagem.
Também pode-se afirmar que uma reacção química é uma transformação
da matéria em que pelo menos uma ligação química é criada, ou desfeita.

Caracterização

Numa reacção química ocorre:

 Transformação das substâncias noutras com novas propriedades;


 Alteração da constituição química da matéria;
 Mudança do conteúdo energético.

Critérios de classificação

As reacções químicas podem ser classificadas segundo vários critérios,


por exemplo, natureza da reacção, sentido em que se realiza,
desenvolvimento de calor, presença de agentes estranhos, tempo de
produção:

I . Natureza da reacção

a) Reacção de combinação (síntese, adição ou associação) - ocorre


com a junção de duas substâncias simples para formar uma única:

Exemplo: C(S) + O2 (g) CO2 (g)

b) Reacção de decomposição (análise ou dissociação) - ocorre com


a decomposição ou dissociação da substância inicial:

 Decomposição térmica (ou pirólise)

Exemplo: CaCO3 (s) tª CaO(s) + CO2↑

 Decomposição catalítica.

Exemplo: H2O2 (l) MnO2 H2O(l) + O2 (g)

 Decomposição electrolítica (ou electrolise)

Exemplo: H2O2 (l) H2 (g) + O2 (g)

 Decomposição termo/catalítica (Cracking).

Exemplo: C10H22 tª/cat C4H10 + 2C2H4 + CH4 + C


Química Básica Curso de Licenciatura em Ensino de Química 57

Cs
K
Ba
Ca c) Reacção de deslocamento (ou simples troca) - ocorre com a
Na F substituição de um elemento num composto, libertando-o:
Mg O
Al  Deslocamento de Hidrogénio.
Mn N
Ordem de reactividade

Zn Cl
Cr Exemplo: Na(s) + 2H2O (l) NaOH (aq) + H2 ↑
Fe Br
Ni I Exemplo: Zn(s) + 2HCl2 (aq) ZnCl2 (aq) + H2 ↑
Sn
Pb S  Deslocamento de Metal.
H C
As Exemplo: Zn(s) + CuSO4 (aq) ZnSO4 (aq) + Cu(s)
Cu P
Hg  Deslocamento de halogéneos.
Ag
Pt Exemplo: Cl2 (g) + 2KBr (aq) 2HCl (aq) + Br2 (l)
Au
Um elemento precisa de ser mais reactivo que o outro, para deslocá-lo,
isto é, o elemento pode deslocar de um composto qualquer elemento
subsequente a ele dentro da fila. Assim, foram organizados os elementos
na chamada “ordem de reactividade” na qual os elementos estão escritos
em ordem decrescente de reactividade (de cima para baixo); veja as
tabelas ao lado, a primeira para radicais positivos e a segunda para
radicais negativas.

d) Reacção de dupla troca - ocorre com a troca de elementos nos


dois compostos, formando um precipitado ou uma molécula não
dissociada.

Estas reacções ocorrem geralmente em solução aquosa, isto é, com os


reagentes dissolvidos em água.

 Reacção de precipitação. Ocorre com a formação de um


composto insolúvel em água.

Exemplo:

AgNO3 (aq) + HCl AgCl ↓ + H+(aq) + NO3-(aq)

 Reacção de transferência de protões.

Exemplo: HCl(aq) + NaOH(aq) NaCl(aq) + H2O(l)


 Reacção de hidrolise.

Exemplo: SiCl4 + 4H2O (l) Si(OH)4 (aq) + 4HCl(aq)

e) Reacção de oxidação redução (ou de transferência de electrões


ou redox). Ocorrem com a transferência de electrões entre os
átomos:
+2 -2 0 0 +1 -2

Exemplo: CuO (s) + H2(g) Cu (s) + H2O (l)

II . Sentido em que se realizam

a) Reacção reversível. Nestas reacções químicas, os reagentes


combinam-se para formar produtos e estes reagem entre si para
reporem as substâncias iniciais. Este tipo de reacções é
representado por duas setas paralelas, sobrepostas e com sentido
contrário, mostrando os dois sentidos:

A + B C + D

b) Reacção irreversível. Neste tipo de reacção química, os reagentes


combinam-se para formar produtos e só termina quando um dos
reagentes se esgota. Representa-se por uma única seta, num único
sentido.

A + B C + D

III . A presença de agentes estranhos

a) Reacções espontâneas - começa a ocorrer logo após a união dos


reagentes.

Exemplo: Cu (s) + 4NH3 (aq) Cu(NO3)2 (aq) + 2NO2 (g) + H2O(l)

b) Reacções provocadas (não espontâneas) - para a sua ocorrência


precisam de um agente exterior como: calor, luz, electricidade,
etc. Estas reacções podem ser de síntese ou de decomposição:

Exemplo: H2O2 (l) MnO2 H2O(l) + O2 (g)


Química Básica Curso de Licenciatura em Ensino de Química 59

Exemplo: 2 Mg (s) + O2 (g) 2MgO (g)

IV . Desenvolvimento de calor

a) Reacção exotérmica - ocorre com a libertação de calor. Portanto

C (grafite) + O2 g) CO2 (g) + 394,5 Kj/mol

b) Reacção endotérmica - ocorre com a absorção de calor

CaCO3 + ∆H Kj/mol CaO + CO2

V . Tempo para se produzir

a) Reacção instantânea - ocorre num período curto. Logo que os


reagentes entram em contacto. Exemplo: Decomposição de sais
de prata numa chapa fotográfica exposta a luz.

b) Reacção lenta - ocorre num período muito longo. Exemplo:


oxidação do ferro.

c) Reacção moderada - ocorre entre a reacção lenta e a instantânea


e é incensurável.

Auto-avaliação
1. Classifique as seguintes equações de reacções químicas quanto à sua
natureza.
MnO
a) H2O2 (l) 2 H2O(l) + O2 (g)
Exercícios
b) 2 Mg (s) + O2 (g) 2MgO (g)

2. De entre os seguintes fenómenos, quais são os químicos? Escreva as


equações que traduzem esses fenómenos químicos.

a) Fervura da água b) Enferrujamento da palha-de-aço

c) Derreter da vela d) Queima de gás de cozinha


Lição no 2

Relações Quantitativas

Introdução
Na era da informação profissionais qualquer área necessita de analisar
dados e resolver problemas, diariamente. Nos jornais, revistas e na nossa
vida diária aparecem situações e notícias que dão origem a diversos
problemas que envolvem, necessariamente, a análise de relações
quantitativas, isto é, relações entre quantidades que podem ser contadas
ou medidas.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Interpretar as relações quantitativas nas combinações químicas;

Aplicar as leis ponderais na resolução de exercícios de relações


quantitativas;
Objectivos da lição
Aplicar as leis volumétricas dos gases ideias para a resolução de
exercícios de relações quantitativas;

Escrever as expressões matemáticas para a determinação das relações


quantitativas.

Relações quantitativas ou lei das combinações químicas


Na tentativa de explicar os fenómenos que ocorrem na natureza e estudar
a matéria de que ela é composta, os cientistas formularam leis que
permitem interpretar tais fenómenos.

Chamam-se Relações Quantitativas às relações entre grandezas de


medição no processo quantitativo de reacções químicas, seja pela
medição de reagentes necessários para completar a reacção, seja pela
determinação da quantidade de produto obtido da reacção.
Química Básica Curso de Licenciatura em Ensino de Química 61

Leis ponderais

São todas as leis que se relacionam com a massa.

Lei da conservação da massa (Lavoisier). Numa reacção química, a soma


das massas dos reagentes é igual a soma das massas dos produtos.

Lei das proporções fixas (Joseph L. Proust). Numa reacção química, a


proporção entre as massas das substâncias que reagem e as que são
produzidas é fixa, constante e invariável.

Lei das proporções múltiplas (J. Dalton). Quando duas substânciais


simples reagem entre si para formar compostos diferentes, se a massa de
uma delas permanecer fixa, a da outra irá variar numa relação de números
inteiros e pequenos.

Lei dos equivalentes químicos (J. B. Richter, K.Wenzel e J.J. Berzelius).


Quando uma massa fixa de uma substância reage totalmente com
determinadas massas de substâncias diferentes, se estas reagirem entre si,
fá-lo-ão na mesma relação de massa com que reagem com a primeira ou,
então, com valores múltiplos ou submúltiplos destes.

Equivalente-grama. Equivalente-grama de uma substância é a massa da


substância que se combina com 8 gramas de Oxigénio para formar um
composto químico.

Leis volumétricas

Todas as leis que se relacionam com o volume.

Lei das proporções volumétricas constantes. Os volumes das substâncias


gasosas que reagem e que são produzidas nas mesmas condições de
temperatura e pressão guardam entre si uma relação de números inteiros e
simples.

Leis das combinações volumétricas múltiplas. Quando duas substâncias


gasosas reagem entre si para formar compostos diferentes, gasosos ou
não, se o volume de uma delas permanecer fixo, o da outra irá variar
numa relação de números inteiros e simples, quando medidos nas mesmas
condições de temperatura e pressão.
Transformação Isotérmica (lei Boyl-Mariotte). A temperatura
constante, uma determinada massa de gás ocupa o volume inversamente
proporcional à sua pressão.
P1 · V1 = P2 · V2
T = constante; V ~ 1/P; PV = K1

Transformação isobárica (lei de Gay-Lussac). À pressão constante o


volume ocupado por uma determinada massa de gás é directamente
proporcional à sua temperatura absoluta “
V1/T1 = V2/T2
P = constante; V ~ T; V ~ T · K2 V/T = K2

Transformação Isovolumétrica (lei de Charles).


Para um volume constante, a pressão exercida por
uma determinada massa de gás é directamente
proporcional à sua temperatura absoluta “ P1/T1 = P2/T2

V = constante; P ~ T; P ~ T · K3 P/T = K3

A partir destas leis: V ~ 1/P · K1 ; V ~ T · K2 e P ~ T · K3 ; então

V ~ 1/P · T · K4 isto é, V = T /P · K4. então: V · P / T = K4.

Considerando duas fases do gás, teremos:

P1·V1 P2·V2
= Equação Específica para
T1 T2 gás Ideal (lei dos gases)
Química Básica Curso de Licenciatura em Ensino de Química 63

Faz-se subir um balão que tem volume de 0,55 litros, partindo nível das
águas do mar (a 1,0 atm) ate uma altitude de 6,5 km, onde a pressão é
cerca de 0,40 atm. Admitindo que a temperatura permanece constante,
Exemplo qual é o volume final do gás?

Resolução
Dados Porque a temperatura da
P1·V1 P2·V2 equação apresentada é
P1 = 1,0 atm = constante, retira-se a
V1 = 0,55 l T1 T2 temperatura, ficando apenas a
P2 = 0,40 atm relação seguinte:
V2 – ?

P1 · V1 = P2 · V2
0,55 l · 1,0 atm = 0,40 atm · V2
1,4 l = V2

Lei de Avogadro. Volumes iguais de gases diferentes nas mesmas


condições de temperatura e pressão contem o mesmo número de
moléculas.

P, T = constante; V ~ n · K5

Considerando todas as relações até então apresentadas pode-se chegar à


chamada equação geral para o gás ideal. Ora vejamos:

n·T n·T
T = constante; V ~ 1/P · K V= ·K
V~ ·K
P = constante; V ~ T · K P P
P, T = constante; V ~ n · K

P ·V = n · K· T

Considerando que numa reacção química ocorre a variação da quantidade


de substância e da temperatura, teremos:

P ·V = ∆n · R· ∆T Equação Geral para o Gás Ideal


Onde:

P - Pressão atmosférica [ Pa ] ~ [ N/m2 ]

V - Volume molar (volume ocupado por uma mol de moléculas de


qualquer gás), [ l·mol-1 ]

∆n - Variação da quantidade de substância [ mol ]

R - Constante universal dos gases. Esta apresenta dois valores

R = 8,31 J · K-1 · mol-1 ou 0,083·105 N · m2 · l · mol-1 · K-1

R=

∆T - Variação da temperatura absoluta [° K]

∆T = Σtª (produtos) - Σtª(reagentes)

T = tª + 273,15 °K

m - Massa da substância [ g ]

M - Massa molar [ g · mol-1 ]


Química Básica Curso de Licenciatura em Ensino de Química 65

Auto-avaliação

1. Faz-se subir um balão que tem volume de 0,25 litros, partindo do nível
das águas do mar (a 1,0 atm) até uma altitude de 8,5 km, onde a pressão é
de cerca de 0,60 atm. Admitindo que a temperatura permanece constante,
Exercícios qual é o volume final do gás?

2. Se 100 cm3 de um gás, inicialmente a 100kPa, são comprimidos a uma


pressão de 125 kPa, a uma temperatura constante, qual é o seu volume
final?

3. Uma amostra de um gás ocupa 250 cm3 a 27ºC. Que volume ocupará a
35ºC, se não existir variação da pressão?

4. Qual seria a pressão de um gás, inicialmente a 115kPa, se a


temperatura fosse reduzida de 35ºC para 25ºC, a um volume constante?
Lição no 03

Bases da Estequiometria

Introdução
A aplicação de cálculos é de extrema importância prática pois permite,
por exemplo, que se preveja na teoria a quantidade de reagentes a ser
usada para se obter determinada quantidade de produtos numa reacção
química em condições pré-fixadas.

Nesta lição faremos a interpretação e análise das várias formas de


deduzir, através de cálculos estequiométricos, a quantidade de
substâncias que se pretende produzir, ou consumir num processo
químico.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Interpretar os conceitos relacionados com a estequiometria nas relações


quantitativas;

Aplicar as leis ponderais das relações quantitativas na resolução de


Objectivos da lição problemas estequimétricos;

Escrever as expressões matemáticas para a determinação das relações


quantitativas;

Realizar cálculos relacionados com os conceitos da estequiometria.

Do grego Stoicheion (elemento) e métron (medida). Aplica-se aos


cálculos matemáticos que evolvem os elementos químicos.

Os cálculos estequiométricos baseiam-se nas análises quantitativa e


qualitativa contidas nos símbolos, fórmulas e equações químicas.
Evolvem as quantidades de massa, volume, números de átomos e
moléculas ou iões das substâncias em geral.

A aplicação desses cálculos é de extrema importância prática, pois


permite por exemplo, que se preveja na teoria a quantidade de reagentes a
Química Básica Curso de Licenciatura em Ensino de Química 67

ser usada para se obter determinada quantidade dos produtos numa


reacção química em condições prefixadas.

A estequiometria não é somente usada para balancear equações


químicas, mas também para conversões de unidades - por exemplo,
de gramas a mols, ou gramas a mililitros. Por exemplo, se temos
2,00 g de NaCl, para achar o número de moles, pode-se fazer o
seguinte:

No exemplo acima, quando escrito em forma de fracção, a unidade


grama cancela-se, deixando o valor convertido a mols (a unidade
desejada)

O estudo da estequiometria tem como ponto de partida os conceitos


seguintes:

Massa Atómica (MA). É o número que indica quantas vezes a massa de


um átomo de determinado elemento é maior que a massa 1u (massa de
1/12 do carbono isótopo 12) igual a 1,660570 · 10 -24g.

Ex: Massa do átomo de oxigénio = 2,67·10 -23g

Massa atómica relativa (Ar). É a relação entre a massa do átomo do


elemento em questão e 1/12 (1,66·10-24g) da massa do átomo de carbono
12. Esta unidade não tem dimensões.

Se expressarmos as massas dos átomos através de unidades habituais


(quilograma, grama, etc.) o seu valor será um número demasiado
pequeno, como por exemplo: a massa do átomo de carbono é igual a:

m (C) = 0,000 000 000 000 000 000 000 000 02g ou m (C) = 0,2 · 10-26g.

Compreende-se pois que utilizar estes valores numéricos de massas


atómicas e trabalhar com eles, reveste-se de dificuldades, por isso, para
expressar a massa atómica foi adoptada uma unidade a unidade de massa
atómica.
Uma unidade de massa atómica (1 u.m.a) corresponde a 1/12 da massa
do átomo de carbono, ou seja, 1,66·10-24g. Comparando as massas
atómicas dos elementos com 1 u.m.a, encontra-se um valor numérico
inteiro - massa atómica relativa. 2,66·10-23g
= 16 u.m.a
Ex: para o átomo de oxigénio (O): 0,166·10-23g

Massa molecular relativa (Mr). É a relação entre a massa da molécula da


substância em questão e 1/12 (1,66·10-24g) da massa do átomo de carbono
12. Para determinar a massa molecular relativa deve-se adicionar as
massas atómicas relativas.

Determinar a massa molecular das seguintes substâncias:

a) H2O; Mr (H2O) = 1 u.m.a x 2 + 16 u.m.a


Mr (H2O) = 18 u.m.a
Exemplo
b) Al(OH)3; Mr Al(OH)3 = (27 + 16 x 3 + 1 x 3)u.m.a
Mr Al(OH)3 = (27 + 48 + 3) u.m.a
Mr Al(OH)3 = 78 u.m.a

c) MgCl2 · 6H2O;
Mr (MgCl2 · 6H2O) = (24uma + 35,5uma x 2 + 1uma x 12 + 6 x 16uma) u.m.a
Mr (MgCl2 · 6H2O) = (24 + 71 + 12 + 96) u.m.a
Mr (MgCl2 · 6H2O) = 203 u.m.a

Número de partículas (N). Grandeza que caracteriza quantas partículas


(átomos, moléculas e iões) estão numa amostra de 1 mol de substância.

Mol é a unidade da quantidade da substância. É o número largamente


usado na Química para expressar quantidades:

1 mol 6,023.1023 unidades

Número de Avogadro (NA). A massa atómica de qualquer elemento


químico expressa em gramas é a massa de uma mol de átomos de
elemento, ou seja, 6,023.1023 átomos, que é a quantidade de átomos
Química Básica Curso de Licenciatura em Ensino de Química 69

existentes num átomo-grama do elemento. Portando, relaciona o nº de


partículas e a quantidade de substância:

N (nº de partículas) 6,023.1023


NA = NA =
n (quantidade da substância) 1 mol

NA = 6,023.1023 mol-1

Átomo-grama (A1). Átomo-grama de um elemento é a quantidade de


átomos desse elemento cuja massa, em gramas, é numericamente igual a
sua massa atómica (A). Num átomo-grama de qualquer elemento químico
temos sempre a quantidade de uma mol de átomos.

Mólecula-grama. É a quantidade de moléculas de uma substância cuja


massa, em gramas, é numericamente igual a sua massa molecular (Mr).
Numa molécula-grama de qualquer substância existe um mol de
moléculas.

Equivalente-grama (E1).

a) De um elemento - é o quociente do átomo-grama (A1) pela valência


do elemento;

Determine o equivalente-grama para o átomo da sódio (Na) e para a


molécula de cloro (Cl2).

Resolução:
Exemplo
O átomo de Na tem A = 23 g; assim, E1 = A/1; E1 = 23g/1; E1 = 23g/1.

A molécula de Cl2 tem dois (2) átomos de cloro e cada um tem A = 35,5
g; assim,

E1 = A x 2/2; E1 = 35,5 x 2g/2; E1 = 71g/2; E1 = 35,5 g


b) De um ácido - é o quociente da molécula-grama do ácido pelo
número total dos hidrogénios ionizáveis;

Determine o equivalente-grama para a molécula de Ácido sulfúrico


(H2SO4).

Resolução:A molécula de H2SO4 tem dois (2) átomos de hidrogénio


Exemplo ionizáveis e a massa molar é iguais a 98g; portanto: E1 = Mr/2; E1 =
98g/2; E1 = 49 g.

c) De uma base - é o quociente da molécula-grama da base pelo número


total de iões hidroxilos (OH-) ionizáveis;

Determine o equivalente-grama para a molécula de Hidróxido de cálcio,


Ca(HO)2.

Resolução:A molécula de Ca(HO)2 tem dois (2) iões hidroxilo ionizáveis


Exemplo e a massa molar do Hidróxido de cálcio é iguais a 74g; portanto: E1 =
Mr/2; E1 = 74g/2; E1 = 37 g.

d) De um sal - é o quociente da molécula-grama do sal pelo número total


das cargas ou do anião, ou do catião;
Química Básica Curso de Licenciatura em Ensino de Química 71

1. Determine o equivalente-grama para a molécula de Cloreto de cálcio,


CaCl2.

Resolução:A molécula de CaCl2 tem dois (2) iões (o catião Ca2+, que tem
Exemplo
duas cargas positiva e o anião Cl- que são dois, com uma carga negativa
cada um) e a massa molar do Cloreto de cálcio é igual a 91g. Para
determinar o equivalente-grama utiliza-se ou o catião ou o anião:

Para o catião Ca2+, trata-se de um (1) catião com carga igual a dois (2);

E1 = Mr/2; E1 = 91g/2; E1 = 45 g.

Para o anião Cl-, trata-se de dois (2) aniões com carga igual a um (1);

E1 = Mr/1x2; E1 = 91g/2; E1 = 45 g.

2. Determine o equivalente-grama para a molécula de Sulfato de


Alumínio Al2(SO4)3

Resolução:A molécula de Al2(SO4)3 (Mr = 346g), tem dois (2) iões Al3+ e
três iões SO42-.

Al3+ (nº de cargas = 3; nº de catiões = 2; nº total de


cargas = 6)

E1 = Mr/2x3; E1 = 346g/6; E1 = 57 g.

Al2(SO4)3

SO42- (nº de cargas = 2; nº de catiões = 3; nº total de


cargas = 6)

E1 = Mr/3x2; E1 = 346g/6; E1 = 57 g.

e) De um oxidante - é o quociente da molécula-grama do oxidante pela


variação total seu nox;

Massa Molar (M). Corresponde a massa de um mol de agregados iónicos


na proporção mínima entre os iões, indicada por uma fórmula de
substância. È expressa em [g/mol-1]

m (massa do elemento)
M=
n (quantidade da substância)
Volume molar (V). É o volume ocupado por uma mol de substância
gasosa em CNTP (25º C e 1 atm). O valor ocupado pelo volume de um
gás nessas condições é 22,4 ℓ.

Densidade (ρ): a densidade de um matéria pode determinar-se pelo


quociente entre a massa de um dado volume de material e o volume do
objecto constituído por esse material. É a quantidade de soluto dissolvido
num volume fixo de solução.

m (massa do soluto)
ρ=
V (volume da solução)

Concentração de uma solução


A relação entre as proporções de um soluto e de um solvente pode
exprimir-se através de diferentes formas:

Concentração molar (C/M): é a quantidade de substância do soluto que


se dissolve num determinado volume do solvente. C = [mol.ℓ-1]

n (quantidade de substância do soluto)


C= C = [mol.ℓ-1]
v (volume da solução)

Concentração equivalente ou Normalidade (Ceq ou N): é o quociente do


nº de equivalente-grama (E1) do soluto pelo volume (v) da solução.
neq (nº de equivalente-grama do soluto)
Ceq ou N = N = [N]
v (volume da solução)

Concentração percentual (C% ou %): indica a massa de uma


determinada substância existente em 100 gramas de produto. Por serem
100 gramas é que chamamos de percentagem.

É comum encontrar a concentração expressa em percentagem nas


embalagens de produtos de limpeza, cosméticos, alimentos,
medicamentos e outros; conforme o exemplo seguinte:

O vinagre contém 4% de acidez. Isto significa que a solução possui 4


gramas de Ácido acético em 100 gramas de vinagre.

Exemplo
A fórmula para determinar a concentração percentual é:
Química Básica Curso de Licenciatura em Ensino de Química 73

m (soluto)
C% = x 100%
m (solução)

Onde: m (solução) = m (soluto) + m (solvente)


C% - é a concentração percentual;
m - é a massa do soluto.
Preparação de soluções

A água é conhecida como solvente universal por ser capaz de dissolver


uma grande diversidade de substâncias ou materiais e é o solvente mais
abundante no nosso planeta.

Os mares e oceanos são bons exemplos do grande poder de dissolução da


água, eles formam soluções com cerca de 35 gramas de sólidos
dissolvidos por litro de água.

A facilidade com que a água dissolve diferentes tipos de substâncias


deve-se à sua estrutura e à distribuição das cargas das suas moléculas. A
dissolução de um soluto em líquido depende das possíveis interacções
entre os constituintes das duas substâncias.

Solução é a mistura homogénea de duas ou mais substâncias (solvente e


soluto que constituem uma só fase).

Solubilidade é a quantidade máxima de uma substância que se dissolve


em 100 gramas de um solvente específico a uma determinada
temperatura.

A solubilidade de um material em determinado solvente depende da


temperatura em que o sistema se encontra. De um modo geral a
solubilidade das substâncias aumenta com o aumento da temperatura

A solubilidade é muito utilizada pelos químicos na separação das


substâncias que constituem os materiais.

Por exemplo: na extracção de substâncias contidas em plantas;


preparação de soluções, etc.

A solubilidade das substâncias num mesmo solvente varia com a


temperatura do sistema.
Exemplo: Podemos facilmente perceber que o açúcar dissolve-se melhor
em água quente do que em água fria.

Solvente é a substância que dissolve o soluto e se encontra em maior


quantidade.

Exemplo: Água, Álcool, Acetona, etc.

Soluto é a substância que se dissolve no solvente e se encontra em menor


quantidade.

Exemplo: Sal de cozinha, Açúcar, Javel, etc.

Existem soluções nos três estados físicos, isto é, sólidas, líquidas e


gasosas.

Neste contexto abordaremos apenas as soluções líquidas (soluções


aquosas) em que o solvente é a Água.

O soluto encontra-se, em geral, no estado sólido, mas pode igualmente


apresentar-se no estado líquido ou no estado gasoso
Tome Nota!

Diluição:

Muitos produtos domésticos devem ser diluídos antes de serem usados. A


forma de diluição vem expressa nos rótulos. É comum, por exemplo, ver
nos sumos concentrados, produtos de limpeza, medicamentos, tintas, etc.
a indicação da necessidade de diluir.

O processo de diluição consiste no acréscimo do solvente à solução. Ao


fazermos isso, a quantidade do soluto permanece constante, mas a
concentração altera-se.

No quadro que se segue estão representados alguns exemplos de soluções


conhecidas que preparamos diariamente.

Tabela 4: Exemplos de soluções preparadas diariamente.


Química Básica Curso de Licenciatura em Ensino de Química 75

Soluto Solvente Estado físico da mistura Exemplo

Líquido Líquido Líquido Álcool + Água

Sólido Líquido Líquido NaCl + Água

Sólido Líquido Líquido Açúcar + Água

Gás Líquido Líquido CO2 em refrigerantes

Gás Gás Gás Ar atmosférico

Sólido Sólido Sólido Ligas metálicas Ex:


bronze

Auto-avaliação
1. Quantas moles de carbono são necessárias para se combinar com 4,87
moles de cloro para formar a substância C2Cl6.

2. Uma amostra de 2,0g de cristais de hidróxido de sódio, encontrado


Exercícios
num recipiente de vidro foi dissolvida em água para produzir um
volume total de 200cm3 de solução. Qual a concentração molar desta
solução?

3. Quantos gramas de nitrato de prata são necessários para preparar


500cm3 de uma solução deste sal a 0,30M?

Respostas dos exercícios


Lição 1:

1. R: a) Reacção de decomposição (catalítica),


b) Reacção de combinação e reacção de oxidação redução.
2. R: Os fenómenos químicos são os representados nas alternativas a) e
b).
a) Fe + O2 FeO
Resultados

b) C3H8 + O2 CO2 + H2O

Lição 2:
1. R: Vf será de 0,41 litros
2. R: Vf será de 80,0 cm3
3. R: Vf será de 257 cm3
4. R: a pressão seria de 111kPa.

Lição 3:

1. R: 1,62 mol de C

2. R: 0,250M de NaOH

3. R: 25,5g de AgNO3
Química Básica Curso de Licenciatura em Ensino de Química 77

Unidade n° 04

Bases da Química Orgânica

Introdução
Bem-vindo a esta unidade didáctica. Nela você terá as noções básicas
sobre a Química Orgânica, relacionando basicamente a estrutura, as
propriedades, as reacções e as consequentes aplicações dos compostos
orgânicos.

Nesta unidade você deverá incrementar o seu conhecimento sobre as


noções básicas da Química Orgânica. Neste sentido, propomos-lhe que
comece por se apropriar de algumas informações sobre o historial da
Química Orgânica.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

Identificar os factores que estão por detrás do surgimento da Química


Orgânica como ciência;

Interpretar as diferentes fases históricas ligadas ao desenvolvimento da


Objectivos da unidade Química Orgânica;

Aplicar os conhecimentos básicos da Química Orgânica na identificação


dos compostos orgânicos;

Explicar a relação entre a estrutura e propriedades das substâncias


orgânicas;

Caracterizar os métodos adequados no processo de análise dos compostos


orgânicos;

Aplicar os conhecimentos adquiridos sobre os tipos de compostos


naturais e sintéticos no seu dia a dia;

Interpretar as conexões existentes entre os compostos orgânicos e o


desenvolvimento social das comunidades.
Lição no 01

Breve Historial da Química


Orgânica.

Introdução
Nesta lição, irá recapitular os conhecimentos sobre o estudo do historial
da Química Orgânica, as fases que caracterizaram a evolução desta parte
da Química como ciência.

Esta lição permitirá desenvolver bases sobre os conteúdos que marcaram


o desenvolvimento da Química Orgânica, considerando a síntese de
Fredric Wöhler como um marco importante para a síntese de vários
compostos orgânicos sintéticos e consequentemente um dos marcos
históricos do desenvolvimento deste ramo da Química.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Identificar as diferentes fases da história da Química Orgânica;

Identificar os principais intervenientes no desenvolvimento da Química


Orgânica;
Objectivos da lição
Interpretar a importância da teoria da força vital no desenvolvimento da
Química orgânica

Interpretar os fundamentos que a síntese de Fredric Wöhler deu a


Química orgânica;

Caracterizar o objecto de estudado da Química Orgânica.

Introdução à Química Orgânica

Breve Historial

A química, como todas outras ciências teve um contínuo


desenvolvimento nas várias fases da história. A química orgânica,
particularmente, existe desde os tempos pré-históricos, este facto é
Química Básica Curso de Licenciatura em Ensino de Química 79

justificado pelos inúmeros processos relacionados com este ramo da


química, pois os compostos orgânicos são conhecidos há já muito tempo,
em virtude da sua vasta aplicação, muitos anos A.C.. Os povos da
antiguidade fermentavam o suco da uva produzindo vinho, extraíam
gorduras e azeite dos animais e plantas, corantes de plantas, entre outros.
Estes não tinham a menor noção da natureza química desses processos.

No sec. XVIII notou-se um desenvolvimento acentuado da ciência


química, com as contribuições de Scheele (químico Sueco, 1769), sobre
os métodos apropriados para a obtenção de compostos orgânicos em
animais e vegetais (Ácido cítrico do limão, Ácido acético do leite,
glicerol da gordura, etc.) e à medida que se aumentava o número de
compostos produzidos, os químicos notavam diferenças acentuadas entre
as propriedades destes e dos compostos minerais (por exemplo; P.F., P.E.
etc.).

Em 1776 Bergmann (químico Sueco), fez a primeira classificação dos


compostos químicos, tendo-os dividido em:

• Química Orgânica - ramo da química que estuda os compostos


orgânicos, obtidos dos organismos vivos.
• Química Inorgânica - ramo da química que estuda os
compostos inorgânicos, obtidos do reino mineral.

Em 1802 Jacob Berzelius (Químico Sueco) fundamentou a classificação


de Bergmann, através da Teoria da força vital ou Vitalismo, segundo a
qual “Os compostos orgânicos só poderiam ser obtidos dos seres vivos e
sob influência duma força divina”.

Esta teoria teve aceitação por parte dos químicos da época, até que
Fredric Wöhler, discípulo de Berzelius, conseguiu obter um composto
orgânico (a Ureia) a partir de um composto inorgânico (o Cianato de
amónio), no laboratório.

Esta síntese pode ser traduzida pela seguinte equação:


NH4OCN NH2 – CO – NH2
Cianato de amónio Ureia
A síntese aqui apresentada marcou o fim da teoria Vitalista, visto que
após esta, um grande número de compostos orgânicos foi produzido a
partir de matéria não viva.

Assim, a Química Orgânica passou a ser definida como parte da


química que estuda os compostos de Carbono, detalhando a estrutura, as
reacções químicas e aplicações dos compostos de carbono.

Compostos como Carbono, Dióxido de carbono (CO2), Monóxido de carbono


(CO), Ácido cianídrico (HCN), Ácido carbónico (H2CO3), Carbonatos (CO32-),
Bicarbonatos (HCO3-), etc., que são formados pelo elemento Carbono mas com
propriedades mais semelhantes às dos compostos inorgânicos, não são
Tome Nota!
considerados orgânicos, eles são inorgânicos e servem de intermediários ou
compostos de transição entre a química inorgânica e orgânica.

Auto-avaliação
1. O que entende por Química Orgânica? E por compostos orgânicos?
2. No início do sec. XIX, Berzelius lançou uma teoria que mais tarde
caiu em desuso.
Exercícios a) Como se chama essa teoria? Explique argumentando o
pensamento desta teoria.
b) O que é que esteve por detrás do desuso da teoria de Berzelius.
Escreva a respectiva equação química da síntese que pôs em
causa essa teoria.
Lição no 02 Curso de Licenciatura em Ensino de Química 81

Lição no 02

Compostos de Carbono. Estrutura


e propriedades

Introdução
Nesta lição, fará a identificação dos compostos de carbono (compostos
orgânicos) dos compostos minerais (compostos inorgânicos). Nesta lição
desenvolverá capacidades para a identificação da tetravalência do
carbono nos compostos orgânicos.

Com base nesta lição conhecerá as propriedades particulares dos


compostos orgânicos bem como as principais características desses
compostos. Representará, com base nos conhecimentos adquiridos, as
formas e possibilidades de formação das diferentes ligações dos átomos
de carbono nos compostos orgânicos.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Identificar as principais características dos compostos orgânicos;

Diferenciar os compostos orgânicos dos inorgânicos;

Identificar as propriedades particulares dos compostos orgânicos;


Objectivos da lição
Representar e caracterizar a estrutura básica dos compostos orgânicos;

Interpretar as diferentes possibilidades de formação das ligações entre


átomos de carbono.

Compostos de Carbono
Os compostos de carbono são também designados compostos orgânicos,
definidos como grupos de compostos que apresentam o átomo de carbono
ligado covalentemente entre si originando uma vasta gama de compostos
de uma mesma família e estudados dentro da Química Orgânica.
Diferenças entre Compostos orgânicos e inorgânicos

Os compostos orgânicos são estruturalmente muito diferentes dos


inorgânicos e isso faz com que estes apresentem consequentemente uma
série de diferenças nas propriedades e consequentemente na aplicação. A
tabela a seguir, mostra as diferenças entre as propriedades dos compostos
orgânicos e inorgânicos.

Compostos ORGÂNICOS Compostos INORGÂNICOS

Ligações covalentes Ligações iónicas ou com carácter iónico

Raramente solúveis em água e raramente São muitas vezes electrólitos em


formam electrólitos em solução. solução: ácidos, bases e sais.

Têm pontos de fusão e ebulição Pontos de fusão e ebulição elevados;


o
relativamente baixos, menor que 400 C. muitos são sólidos cristalinos - carácter
Muitos são líquidos a temperatura iónico.
ambiente - carácter covalente.

Baixa densidade, muitas vezes Densidades variáveis, em alguns casos


3
aproximadamente igual a 1 g/dm . (metais), muito elevadas.

Facilmente decompõe-se pela acção do Grande estabilidade térmica.


calor, são pouco resistentes a temperaturas
maiores que 500oC.

A maior parte deles são bons Raramente são combustíveis.


combustíveis.

Têm fraco efeito térmico. A diferença Têm acentuado efeito térmico (exo ou
entre a energia final e inicial é pequena. endotérmicas).
As reacções são raramente unívocas.

Tabela 5: Diferenças entre compostos orgânicos e inorgânicos

Os compostos orgânicos são constituídos basicamente por Carbono,


Hidrogénio, Oxigénio, Enxofre, Fósforo, Halogéneos (F, Cl, Br e I) e
metais.

Estes ocorrem na natureza tanto em organismos vegetais como animais,


no petróleo bruto, gás natural, etc.
Lição no 02 Curso de Licenciatura em Ensino de Química 83

Propriedades particulares dos compostos orgânicos

• Quase todos formam-se por ligações covalentes (apolar e polar);

• São menos densos que a água e na sua maioria insolúveis nela,


mas solúveis em solventes orgânicos;
• São inflamáveis. Ao aquecimento carbonizam-se - decompõe-se
facilmente, libertando Dióxido de carbono (combustão
completa), Monóxido de carbono ou carbono (combustão
incompleta) e água;
• Apresentam o fenómeno de isomeria.

Estrutura das Substâncias Orgânicas


As fórmulas moleculares planas dos compostos orgânicos foram
estabelecidas por Butlerov, constituindo a chamada teoria estrutural dos
compostos orgânicos:
• O Carbono é tetravalente, isto é, tem valência IV. E todas as
propriedades específicas dos compostos orgânicos são
determinadas pela tetravalência do elemento Carbono - que
provem do facto deste possuir 4 electrões de valência.
*
* C *
*
• Nas moléculas, os átomos de Carbono tem a propriedade de se
ligarem (ligação atómica) entre si, formando cadeias carbónicas.

• As ligações covalentes entre os átomos de carbono podem ser:


simples, duplas ou triplas.

As ligações no átomo de carbono são distribuídas no sentido de formar


uma estrutura espacial “tetraédrica”. As quatro ligações estão
distribuídas pelos vértices dum tetraedro imaginário.

C C
Com ângulos de 109o

Figura 7: Estrutura tridimensional dos compostos de carbono

Possibilidades de formação de ligações do átomo de carbono


Como foi mencionado acima o átomo de carbono pode formar três tipos
diferentes de ligações covalentes, a saber: Ligação simples, dupla e tripla.
6C : 1s2 2s2 2p2

sp3 sp3 sp3 sp3

sp2 sp2 sp2

sp sp

Estado fundamental Estado excitado Ligações triplas

Exemplo: CH4 (Metano) C2H4 (Eteno)

C2H2 (Etino)

Estrutura tridimensional das moléculas - as várias formas como as


moléculas se apresentam dispostas espacialmente.
Hibridização - formação de orbitais relativamente mais estáveis em
relação as orbitais não hibridizadas.

Lei mais sobre a estrutura tridimensional das moléculas e Hibridização em:


AICHINGER-MANGE. Química Básica-3 ”Orgânica”. E.P.U. São
Paulo, 1992 e FELTRE, Ricardo. Química Orgânica. Vol. 3. S. Paulo,
Leitura Editora Moderna, 1991.
Lição no 02 Curso de Licenciatura em Ensino de Química 85

Auto-avaliação
1. Qual é a valência do carbono nos compostos orgânicos?
2. Que tipo de ligações os átomos de Carbono apresentam nos compostos
orgânicos?
Exercícios 3. Compare os compostos Orgânicos dos compostos e os Inorgânicos
quanto à estrutura e a condutibilidade eléctrica.
4. Quais os principais tipos de Hibridização que os átomos de Carbono
nos compostos Orgânicos apresentam?
Lição no 03

Cadeias Carbónicas

Introdução
Nesta lição, fará a identificação das várias sequências que os átomos de
carbono podem formar entre si (cadeias carbónicas), originando os
diferentes tipos de cadeias.
Nesta lição desenvolverá capacidades para classificar as cadeias
carbónicas e os tipos de átomos de carbono numa determinada cadeia
carbónica. Também aprenderá a escrever as diferentes fórmulas químicas
dos compostos orgânicos.
Ao completar esta lição, você será capaz de:

Identificar os diferentes tipos de cadeias carbónicas;


Classificar as cadeias carbónicas tendo em conta os diferentes âmbitos;
Identificar os tipos de átomos de carbono numa cadeia carbónica;
Objectivos da lição Escrever as diferentes fórmulas químicas dos compostos orgânicos;
Definir o conceito de série homóloga.

Cadeias carbónicas
Define-se uma cadeia carbónica como uma sequência de átomos de
carbono ligados entre si por ligações covalentes.
Classificação:
Lição no 02 Curso de Licenciatura em Ensino de Química 87

As cadeias carbónicas podem ser:


- Homogéneas
* Quanto a natureza
- Heterogéneas

- Saturada
1. Cadeias abertas * Quanto ao tipo de ligação
(alifáticas ou - Insaturada
acíclicas)
* Quanto à disposição - Normal
dos átomos de Carbono
- Ramificada

- Homociclica
- Quanto à natureza
- Heterociclica
* Alicíclicas ou
não Aromático - Saturada
2. Cadeias fechadas - Quanto à ligação
(ou Cíclicos) - Insaturada

- Mononuclear
* Aromáticos - Condensados
- Polinuclear
- Isolados

 As cadeias Homogéneas e Homocíclicas são caracterizadas por


apresentarem apenas átomos de carbono e hidrogénio na sua
constituição;

 As cadeias Heterogéneas e Heterocíclica são caracterizadas por


apresentarem um heteroátomo para além dos átomos de carbono
e hidrogénio;

 As cadeias Saturadas são aquelas que apresentam somente


ligações simples entre os átomos de carbono, enquanto as cadeias
Insaturadas apresentam uma ou mais ligações dupla ou tripla
(insaturações) entre átomos de carbono.

 As cadeias mononucleares são todas as cadeias (cíclicas


aromáticas) que apresentam um só anel aromático. As
polinucleares são todas as cadeias cíclicas aromáticas que
apresentam mais do que um anel aromático.

 As cadeias polinucleares condensadas são todas as cadeias que


apresentam dois ou mais anéis aromáticos compartilhando um ou
mais átomos de carbono.

 As cadeias polinucleares isoladas são todas as cadeias que


apresentam dois ou mais anéis aromáticos, em que estes se
encontram ligados através de um átomo, isto é, eles não
compartilham o mesmo átomo de carbono.

Tipos de Carbono numa cadeia Carbónica

Carbono primário - é aquele que encontra-se ligado a apenas 1 outro


átomo de Carbono.

Carbono secundário - é aquele que se encontra ligado a dois outros


átomos de Carbono.

Carbono terciário - é aquele que se encontra ligado a três outros átomos


de Carbono.

Carbono quaternário - é aquele que se encontra ligado a quatro outros


átomos de Carbono.

quaternário Terciário
│ │
─C─ ─C─
│ │ │ │ │
Exemplo –C–C–C–C–C–
│ │ │ │ │
─ C─
│ Secundário Primário

Fórmulas Químicas dos Compostos Orgânicos

É uma representação gráfica através de símbolos de moléculas de uma


determinada substância.

a) Fórmula empírica (fórmula mínima) - indica a proporção mais


simples de combinação de todos os elementos duma dada
molécula.

Exemplo: C6H12O6 → CH2O

b) Fórmula molecular - indica a quantidade e qualidade de átomos


de cada elemento que constitui a molécula.

Exemplo: C3H8.
Lição no 02 Curso de Licenciatura em Ensino de Química 89

c) Fórmula racional - expressa o tipo de ligação e os grupos de


átomos participantes, indica também a composição qualitativa e
quantitativa da substância.

Exemplo: CH3 – CH2 – CH3

d) Fórmula estrutural - indica a quantidade e qualidade dos


átomos. Também põe em evidência o tipo de ligação entre os
átomos, bem como a sua disposição na molécula.

H H H
Exemplo: ‫׀‬ ‫׀‬ ‫׀‬
H–C–C–C–H
‫׀‬ ‫׀‬ ‫׀‬
H H H

A fórmula estrutural pode ser simplificada, considerando cada traço livre


correspondente a um átomo de hidrogénio.

Série homóloga - é o conjunto de compostos cujas moléculas diferem


Tome Nota! entre si por um número inteiro de grupos metiléno (–CH2–).

Ex: CH4; CH3–CH3; CH3–CH2–CH3; CH3–CH2– CH2–CH3

Lei mais sobre a Série homóloga duma determinada família de compostos de


carbono em: AICHINGER-MANGE. Química Básica-3 ”Orgânica”.
E.P.U. São Paulo, 1992 e FELTRE, Ricardo. Química Orgânica. Vol. 3.
Leitura S. Paulo, Editora Moderna, 1991.
Auto-avaliação
1. Classifique as cadeias carbónicas quanto a:
A natureza, ao tipo de ligações e a disposição dos átomos de carbono.
a) O

CH3 – C – CH2 – CH3 b) CH2 ─ CH2
Exercícios
│ │
CH2 ─ O
2. Dados os seguintes compostos:
a) CH3 b) CH2 ─ CH2
│ │ │
CH3─ CH─CH3 CH2 ─ CH2
I- Identifique a cadeia carbónica que apresenta um átomo de carbono
terciário.
II- Classifique a cadeia carbónica b).

3. Escreva as fórmulas moleculares dos compostos das alíneas a), b) dos


números 1 e 2.
Lição no 02 Curso de Licenciatura em Ensino de Química 91

Lição no 04

Isomeria dos Compostos


Orgânicos

Introdução
Nesta lição tratará da isomeria nos compostos orgânicos como o
fenómeno de ocorrência de dois ou mais compostos de carbono com uma
mesma fórmula molecular.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Identificar as fórmulas isoméricas nos compostos de orgânicos;

Diferenciar as várias fórmulas isoméricas nos compostos orgânicos;

Classificar os isómeros nos compostos orgânicos;


Objectivos da lição
Escrever as fórmulas dos isómeros através da sua fórmula molecular;

Isomeria
É o fenómeno em que dois ou mais compostos apresentam a mesma
fórmula molecular mas com diferentes fórmulas estruturais.

Isómero - São compostos com a mesma fórmula molecular mas com


diferentes distribuição espacial dos seus átomos.

Vários são os tipos de isomeria encontrada nos compostos orgânicos:

1. Isomeria Estrutural

• Isomeria de Cadeia: Cadeias Normais e Cadeias Ramificadas

Exemplo: C4H10;
CH3–CH2–CH2–CH3; CH3 – CH – CH3

CH3 Ramificação
Cadeia Normal Cadeia Ramificada
• Isomeria de Posição. Têm se em conta a posição da insaturação
(ligação dupla ou tripla) ou a posição de um determinado grupo
funcional.

Exemplo: C4H8
1 2 3 4 1 2 3 4
CH3 – CH = CH – CH3 CH2 = CH – CH2 – CH3

Posição 2 (carbono 2) Posição 1 (carbono 1)


Exemplo: C3H7X;
3 2 1 1 2 3
CH3 – CH2 – CH2 – X; CH3 – CH – CH3

Grupo funcional X

Posição 1 (carbono 1) Posição 2 (carbono 2)

• Isomeria de Função. Têm-se em conta a função orgânica a que


pertence. Quando dois compostos apresentam a mesma fórmula
molecular, mas pertencem a funções orgânicas diferentes.
Exemplo: C3H6O;

O O
║ ║
CH3 – C – CH3 CH3 – CH2 – C – H
Função orgânica: Cetona Função orgânica: Aldeído

2. Isomeria Espacial ou Estereoisomeria


(Estes diferem na disposição espacial dos átomos)
• Isomeria Geomátrica (CIS/TRANS)
Exemplo: C4H6X2

X X X CH3

C=C C=C

CH3 CH3 CH3 X

Cis - isómero Trans – isómero

onde X é um heteroátomo

• Isomeria Óptica. Fenómeno de existência de um composto que


se comporta com o outro como imagem e objecto para um
Lição no 02 Curso de Licenciatura em Ensino de Química 93

espelho. Este tipo de isomeria só existe quando temos átomos


centrais assimétricos (com quatro substituintes diferentes).
O número de isómeros é determinado pela forma 2n, onde n é o número
de átomos assimétricos existentes no composto.
Exemplo:
a a

b C d d C b

g g
3. Isomeria de Conformação
Caracteriza-se pela diferença da posição dos átomos constituintes no
espaço.

 Pode-se ter um arranjo em que os átomos de hidrogénio


encontram-se posicionados um atrás do outro - Conformação
escalonada;

 Pode-se ter um arranjo em que os átomos de hidrogénio não


ficam exactamente um atrás doutro - Conformação ecliptica.

Exemplo: C2H6

HH H H

H
H H H

HH H H
Ecliptica (Eclipsada) Escalonada (Alternada)

4. Tautomeria
É um caso “especial” da isomeria, pois ocorre quando se tem compostos
com a mesma fórmula molecular, mas diferente posição de um átomo de
Hidrogénio.

Exemplo: C3H6O;

O H OH
║ │ │ │
CH3 – C – C – CH3 CH3 – C – C – CH3
│ │ │
Auto-avaliação
1. Quantos isómeros o composto com fórmula molecular C4H8 pode
formar? Indique os respectivos nomes.
2. Escreva os isómeros de função para o composto com a fórmula
molecular C4H8O;
Exercícios
3. Qual a condição para a existência da isomeria óptica?
4. Os Isómeros estruturais têm: (assinale a afirmação correcta)
a) A mesma fórmula empírica e molecular
b) As mesmas propriedades físicas e químicas
c) Fórmulas gerais diferentes
d) O mesmo arranjo dos seus átomos.
Lição no 05 Curso de Licenciatura em Ensino de Química 95

Lição no 05

Principais Reacções Químicas


dos Compostos Orgânicas

Introdução
Nesta lição, identificará os diferentes tipos de reacções Químicas dos
compostos orgânicos tendo em conta as estruturas desses diferentes
compostos.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Identificar as principais reacções químicas dos compostos orgânicos;

Escrever as reacções químicas nos compostos orgânicos;

Interpretar as possibilidades de formação dos diferentes produtos nas


Objectivos da lição
reacções químicas.

AS REAÇÕES ORGÂNICAS

Classificação das reacções orgânicas

Quando uma reacção orgânica efectua-se em diversas etapas, a primeira


etapa é a que irá classificar essa reacção, em relação ao tipo de reacção
característica.
As reacções orgânicas que traduzem as propriedades químicas das
substâncias podem ser:
• Reacções de Adição;
• Reacções de Substituição;
• Reacções de Eliminação;
• Reacções de Polimerização;
• Reacção de Combustão.

Reacções de Adição
São reacções em que dois reagentes originam um único produto, isto é,
não há formação de um produto secundário.
Exemplo: A + B C

Reacções de Substituição:
Nas reacções de substituição, o substrato tem um dos seus ligantes
substituído por outro que pode ser; um radical ou um átomo.

Exemplo: A–B + C A–C + B

Reacções de Eliminação:
Geralmente, nas reacções de eliminação, o substrato tem dois dos seus
ligantes retirados, formando uma insaturação.

Exemplo: B-A-A-C A=A + B + C

Reacções de Substituição x Eliminação:


Uma comparação importante pode ser feita entre a Substituição e a
Eliminação, isto porque, sempre existirá durante uma substituição, uma
eliminação, e as percentagens dos produtos da substituição e/ou
eliminação, serão quantitativamente variadas.

Tome como exemplo a reacção entre o 2- bromo butano com o ião


hidróxido. Se o OH- atacar o carbono, a reacção será de substituição e o
produto será um álcool; mas se atacar um hidrogénio, será de eliminação
e o produto será um alceno. Tanto maior será a percentagem do produto
de eliminação quanto mais ramificado for o alceno que puder ser
formado, devido à estabilidade dos alcenos ramificados. Assim, no caso
dos haletos, os haletos primários sofrerão mais rapidamente substituição e
os haletos terciários (mais ramificados) sofrerão mais rapidamente
eliminação.

Exemplo:

Reacções de Polimerização:
Consiste na reacção de várias moléculas (monómeros) de um composto,
formando uma molécula de peso molecular maior / o polímero.
Lição no 05 Curso de Licenciatura em Ensino de Química 97

O polímero é caracterizado por ser uma substância com elevado peso


molecular e com uma relativa estabilidade.

Exemplo:
573 K/Cat
n CH2 = CH2 + n CH2 = CH2 – CH2 – CH2 – CH2 – nCH2 –

Etileno (monómero) Polietileno (polímero)

Reacções de Combustão:
São reacções em que um composto orgânico é queimado no seio oxigénio
(isto é, um dos reagentes é o oxigénio), formando como produtos
principais o dióxido de oxigénio, monóxido de oxigénio, carbono e água.
Dependendo da quantidade de oxigénio disponível, a combustão
pode ser:

1. Completa
Quando há quantidade suficiente de oxigénio.
R – H + O2 CO2 + H2O

2. Incompleta
Quando há défice de oxigénio, podendo-se formar o Monóxido de
carbono ou Carbono e Água.
R - H + O2 CO + H2O
ou
R - H + O2 C + H2O

Auto-avaliação
1. Apresente as equações das transformações que a seguir são indicadas.

a) C2H6 + Br2 - HBr .......... + H2O ............. + ..........

Exercícios b) C3H6 + HBr .......... + H2O ............... + ..............

2. Qual é a diferença em relação ao número de produtos de uma reacção


de adição e uma reacção de substituição.

3. Qual é o produto da combustão completa de C4H10?


Lição no 06

Nomenclatura dos Compostos


Orgânicos

Introdução
Nesta lição desenvolverá capacidade para dar nomes a compostos de
carbono (compostos orgânicos), aplicando as regras de nomenclatura
estabelecidas pela União Internacional de Química Pura e Aplicada
(IUPAC, da língua inglesa, International Union of Pure and Applied
Chemistry). E também escrever as fórmulas dos compostos orgânicos a
partir do seu nome.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Interpretar as diferentes regras de nomenclatura estabelecidas pela


IUPAC para nomear aos compostos orgânicos;

Identificar os radicais orgânicos numa cadeia carbónica;


Objectivos da lição
Nomear os compostos orgânicos tendo em conta as regras de
nomenclatura estabelecidas pela IUPAC;

Escrever as fórmulas dos compostos orgânicos a partir dos seus nomes;

Nomenclatura dos compostos orgânicos


Em 1957 foi estabelecido pela IUPAC, um conjunto de regras que
permite estabelecer uma sequência equívoca na nomenclatura dos demais
compostos orgânicos.

Prefixos

Estes prefixos indicam a quantidade de átomos de carbono existentes


numa molécula. A tabela que se segue mostra a designação, em grego,
dos números correspondentes.
No de 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 20
átomos
Carbono
Prefixo Met Et Prop But Pent Hex Hept Oct Non Dec Icos
Lição no 05 Curso de Licenciatura em Ensino de Química 99

Tabela 6: Prefixos gregos

Radicais
Os radicais são considerados derivados dos alcanos, pela perda de um
átomo de Hidrogénio de um Alcano, formando o respectivo radical.
O nome do radical é indicado segundo a regra:

Prefixo + terminação “il”

A tabela apresenta os radicais mais frequentes tratados neste modulo.


Radical Nome
CH3 – Metil

CH3– CH2 – C2H5 – Etil

CH3– CH2 – CH2 – C3H7 – n-propil


CH3 – CH –
│ Isoproil
CH3

CH3– CH2 – CH2– CH2 – C4H9 – n-butil


CH3– CH2– CH –
│ s-butil
CH3
CH3

CH3 – C — t-butil

CH3
CH3– CH– CH2 –
│ Isobutil
CH3
Tabela 7: Radicais mais frequentes

Nomenclatura Substitutiva
Regras:
• Escolhe-se a cadeia mais longa que contenha maior número de
átomos de carbono (compostos saturados) ou que contenha maior
número de ligações múltiplas (compostos insaturados), ou ainda, que
contenha o átomo de carbono com o grupo funcional (compostos
orgânicos com grupos funcionais) e considera-se como cadeia matriz;
as restantes porções considera-se radicais;
• Enumera-se os átomos de carbono da cadeia matriz começando da
extremidade que conduz a um resultado baixo na soma dos números
indicadores dos radicais;

• No caso em que um radical (grupo alquil ou aril) aparece mais do que


uma vez como radical, usa-se os prefixos: di, tri, tetra, penta, etc.
para indicar a existência de dois, três, quatro, cinco, etc. radicais
respectivamente, indicado a posição (através dos números) de cada
um dos radicais.

• Se houver mais do que um radical indica-se na nomenclatura


obedecendo a ordem alfabética ou a de complexidade dos radicais.

• Os números são separados por vírgulas e o número e a letra por um


ífen.

Exemplo:
CH3 C2H5
1 2│ 3 4│ 5 6 7
CH3 – C – CH2 – CH – CH – CH – CH3
│ │ │
CH3 C2H5 CH3

Ordem Alfabética dos radicais: 4,5-Dietil-2,2,6-Trimetil heptano

Ordem de complexidade dos radicai: 2,2,6-Trimetil-4,5-dietil heptano

Nomenclatura Radicofuncional
Regras:
Nesta nomenclatura considera-se duas situações;
• Um substrato é considerado o grupo principal e dá-se nome a este
(normalmente usa-se o nome trivial do primeiro composto da série) e
considera-se o resto como sendo radicais;
• Se houver mais do que um radical indica-se na nomenclatura
obedecendo a ordem alfabética ou de complexidade dos radicais.
Exemplo:
CH3

CH3– C – CH = C – CH2 – CH3
│ │
CH3 CH3
Ordem de complexidade dos radicais: Metil etil t-butil etileno

Ordem Alabética dos radicais: Etil metil t-butil etileno


Lição no 05 Curso de Licenciatura em Ensino de Química 101

• Toma-se como base uma porção da cadeia que se pareça com o


Metano e considera-se substituído um ou mais átomos de hidrogénio
por radical(is)
• Se houver mais do que um radical indica-se na nomenclatura,
obedecendo a ordem alfabética ou de complexidade dos radicais.
Exemplo:

CH3 CH3
│ │
CH3– CH – CH2 – CH – CH – CH3

CH3

Ordem de complexidade dos radicai: Metil isopropil isobutil metano

Ordem Alabética dos radicais: Metil isobutil isopropil metano

Nomenclatura Trivial
Esta nomenclatura não obedece uma regra fixa; geralmente atribue-se o
nome ao composto tendo em conta a sua origem (ou fonte de obtenção).
Exemplo:
O O
║ ║
H – C – OH CH3 – C – OH
Ácido fórmico (Formiga) Ácido Acético (Vinagre)

O O
║ ║
CH3 – CH2 – C – OH CH3 – CH2 – CH2 – C – OH
Ácido Propiónico (Resina da madeira) Ácido Butirico (Manteiga)

Auto-avaliação
1. Dê nomes aos seguintes compostos (Substitutiva e
Radicofuncional/trivial):
CH3 CH3 – CH – CH3
| |
a) CH3 – C – CH2 – CH – CH3 b) CH3 – C = CH – CH3
Exercícios
| |
CH3 CH3

c) CH3 – CH – C ≡ C – CH3 d) CH = C – CH2 – CH3


| | |
CH3 CH2 – CH2

2. Escreva as fórmulas de constituição dos seguintes compostos:


a) 2,3-Dimetil propano b) 2,3-Dimetil-3-etilhexano

3. Qual dos compostos do número 1. possui dois átomos de carbono


terciário?
Lição no 07

Principais Funções dos


Compostos Orgânicas

Introdução
Nesta lição, conhecerá as principais funções (classes e/ou família) dos
compostos orgânicos, a sua fórmula geral (a partir da qual se obtém todos
os compostos da respectiva série homóloga) ou grupo funcional (a partir
do qual se identifica a série) e as principais características dos compostos
orgânicos.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Identificar as principais funções dos compostos orgânicos;

Escrever as fórmulas gerais de cada classe dos compostos da família dos


Hidrocarbonetos;
Objectivos da lição
Identificar cada grupo funcional de um composto orgânico;

Identificar as características principais das funções e classes principais


dos compostos orgânicos;

Principais Funções Orgânicas

FUNÇÃO CARACTERÍSTICAS
Só ligações simples
Alcanos: CnH2n + 2 n≥1
Alifáticos Uma ligação dupla
ou Alcenos: CnH2n n≥2
Acíclicos Uma ligação tripla
Hidrocarbonetos

Alcinos: CnH2n – 2 n≥2


Duas ligações duplas
Dienos: CnH2n – 2 n≥3
Cadeia cíclica saturada
Cíclicos Cicloalcanos: CnH2n n≥3
Cadeia cíclica com uma dupla
Cicloalcenos: CnH2n -2 n≥3 ligação
Aromáticos: Apresentam o anel benzeno
CnH2n – 6 n≥6
Lição no 05 Curso de Licenciatura em Ensino de Química 103

Haletos Apresentam um radical alquil


( Haletos de Alquil) CnH2n + 1 – X n≥6 ligado a um Halogénio
Grupo “OH” ligado a carbono │
Álcoois saturado R – C – OH

Fenóis Grupo “OH” ligado a um anel
- OH
aromático

Grupo carbonilo ligado ao


Hidrogénio: O
Aldeidos O ║
║ R─ C─H
─ C─
Grupo carbonilo ligado à dois
carbonos : O O
Cetonas ║ ║
─ C─ R ─ C ─ R1
Grupo carboxílo: O
O ║
Ácidos carboxílicos ║ R ─ C ─ OH
─ C ─ OH
Grupo carboxíilo (a), com o O
Hidrogénio substituído por um ║
Ésteres radical. R ─ C ─ O ─ R1
Aminas Grupo amino (─NH2) ligado ao R─NH2 ; R2NH ;
carbono. R3N
Grupo carbonilo ligado a um grupo O
Amidas amino. ║
R ─ C ─ ONH2

Auto-avaliação
1. A classe de compostos orgânicos descrita como hidrocarboneto é
constituída por (indique a opção correcta):
a) Todos os compostos que contém ligações saturadas entre carbono-
hidrogénio.
b) Aqueles compostos que são exclusivamente formados pelos
Exercícios
elementos carbono e hidrogénio e que não contém grupos cíclicos.
c) Compostos formados por hidrogénio e carbono e que podem ou
não conter um anel benzeno.
d) Todos os compostos que contém carbono e hidrogénio

2. Qual das formulas representa um alceno?


a) C2H6 b) C3H6 c) C4H8 d) C5H8
3. Escreva as fórmulas de constituição para os seguintes alcenos:
a) 2,3-Dimetil-2-buteno b) 3-Bromopropeno
Respostas aos exercícios
Lição 1

1. R: A Química orgânica é a parte da química que se dedica ao estudo


dos compostos de carbono. Compostos orgânicos são todos aqueles
compostos que estruturalmente apresentam átomos de carbono ligados
covalentemente e caracterizados por possuírem propriedades
covalentes acentuadas.

Resultados 2. R: a) Teoria da força vital ou vitalismo.

b) A síntese de Woller, traduzida pela equação:



NH4OCN NH2 – CO – NH2
Cianato de amónio Ureia

3. R: Pelo facto de os compostos orgânicos terem sido por muito tempo


considerados compostos obtidos exclusivamente de matéria viva, o
termo compostos de carbono é abrangente aos compostos obtidos de
matéria mineral com propriedades orgânicas.

Lição 2

1. R: Nos compostos orgânicos o carbono apresenta valência IV

2. R: Os átomos de carbono podem apresentar ligações saturadas


(simples) e ligações insaturadas (duplas ou triplas).

3. Os compostos orgânicos são caracterizados por apresentarem ligações


covalentes e raramente serem solúveis em água (raramente formam
electrólitos) enquanto os compostos inorgânicos apresentam
maioritariamente ligações iónicas e são frequentemente solúveis em
água (formam electrólitos).

4. R: Hibridização sp3, sp2 e sp.

Lição 3
1. R: a) Heterogénea, Saturada, Normal
b) Heterociclica e Saturada
2. R: I - Composto a)
II- Todos os átomos de carbono dessa cadeia são secundários.
3. R: 1. a) C4H8O b) C3H6O
2. a) C4H10 b) C4H8

Lição 4
1. R: Pode formar dois isómeros; Buteno-1 e Buteno-2

2. R: CH3 – CH2 – CH2 – CHO e CH3 – CH2 – CO – CH3


Lição no 05 Curso de Licenciatura em Ensino de Química 105

3. R: A existência de isomeria óptica é condicionada pela existência de


carbonos assimétricos.

4. R: alternativa a)

Lição 5

1. R: a) C2H6 + Br2 - HBr C2H5Br + H2O C2H5OH + HBr

b) C3H6 + HBr C3H7Br + H2O C3H7OH + HBr

2. R: Numa reacção de adição não há formação de um produto


secundário, enquanto na reacção de substituição há sempre formação de
um produto secundário.

3. R: C4H10 + O2 CO2(g) + H2O(g) + Energia

Lição 6

1. R: a) 2,2,4-Trimetilpentano e Isobutiltrimetilmetano

b) 3,4-Dimetilpenteno-2 e Isopropildimetiletileno

c) 4-Metilpentino-1 e Isopropilmetilacetileno

d) 1-Etilciclobuteno-1

2. R: CH3 CH3
| |
a) CH3 – C – CH3 b) CH3 – CH – CH – CH2 – CH2 – CH3
| |
CH3 CH3
3. R: Composto b)

Lição 7
1. R: alternativa c)
2. R: composto c)

H3C CH3 CH3


| | |
3. R: a) CH3 – C = C – CH3 b) CH3 – C = CH2
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