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Pedagogia

Disciplina:
METODOLOGIA DOS
ANOS INICIAIS
Turma: 02

Miranorte-TO
2021
APRESENTAÇÃO

Caros Alunos,

A disciplina Metodologia dos Anos Iniciais, no contexto do curso, tem como


objetivo principal ofertar uma base para pesquisas que envolvam a prática pedagógica
dos professores que atuam ou pretendem atuar no campo da educação, através de
diálogos sobre o processo de ensino e aprendizagem na área da pedagogia, refletindo
acerca do trabalho docente, partindo da articulação com os saberes didáticos-
pedagógicos e metodológicos.

Em se tratando de metodologias são observados que nesta área, surgem


muitos paradigmas e dúvidas que vão além do processo de ensinar e aprender. Sendo
assim, um pressuposto básico direcionará nosso trabalho: compreensão dos
procedimentos técnico-metodológicos da produção cientifica aplicada aos estudos,
com finalidade de contribuir para o processo de produção de materiais didáticos ou de
intervenção voltada para a prática pedagógica do professor.

Portanto, nosso estudo nessa disciplina tem como propósito compreender a


importância das metodologias educacionais. Por meio de discussões teóricos,
metodológicos e práticos sobre o processo de produção do conhecimento na
educação, realizaremos estudos da disciplina com o objetivo de desenvolver
pesquisas e reflexões acerca de currículos, métodos dos anos iniciais

Esperamos ofertar durante a disciplina, ampliação dos conhecimentos na área


da docência, com incentivo ao professor e pesquisador que atuará com criticidade e
criativa no processo de ensino e aprendizagem.
SUMÁRIO
CURRÍCULO E METODOLOGIAS DE ENSINO NOS ANOS INICIAIS DO
ENSINO FUNDAMENTAL.

1. Metodologias de Ensinos .........................................................................................6

1.1 Metodologia de ensino tradicional..........................................................................6

1.2 Metodologia tradicional de ensino sociointeracionista............................................7

1.3 Metodologia de ensino construtivista......................................................................8

1.4 Metodologia de ensino Montessori.........................................................................8

1.5 Metodologia Freiriana.............................................................................................9

1.6 Metodologias Ativas..............................................................................................10

2. Organização do currículo escolar............................................................................11

PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO ARTICULANDO AS


DIFERENTES ÁREAS

1. Planejamento curricular e de ensino.......................................................................15

COTIDIANO, DO TEMPO E DO ESPAÇO NO PROCESSO DE ENSINO E DE


APRENDIZAGEM DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL.

1. O espaço físico e sua relação com a aprendizagem da criança.............................19

SIGNIFICADO DO REGISTRO DA PRÁTICA, COMO FORMA DE REFLEXÃO


SOBRE A AÇÃO EDUCATIVA PARA O PLANEJAMENTO DO ENSINO NOS ANOS
INICIAIS.

1. Planejamento dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental .....................................22

BNCC E CURRÍCULO
1. Base Nacional Curricular Comum..........................................................................25
Referenciais bibliográficas ........................................................................................29
CURRÍCULO E METODOLOGIAS DE ENSINO NOS ANOS INICIAIS
DO ENSINO FUNDAMENTAL.

A educação é a base para futuro e devido tal situação, os escolas e família


devem-se preocupar com currículo e as metodologias de ensino da instituição escolar,
principalmente em se tratando dos anos iniciais.

Muito mais do que simplesmente definir quais conteúdos devem ser abordados
em cada período, as escolas, especialmente seus professores e profissionais da
gestão pedagógica, carregam desafios como desenvolver habilidades sociais,
emocionais, valores e atitudes adequadas para o exercício pleno da cidadania de cada
estudante.

O currículo escolar é o caminho que o estudante deve percorrer durante sua


vida na escola. Nele, estão organizados os conteúdos que o aluno vai aprender ao
longo do estudo em uma instituição de ensino.

O currículo escolar é adaptável, ou seja, construído ao longo do período letivo.


O que tem o objetivo de atender às necessidades dos alunos e ao Projeto Político-
Pedagógico da escola. Ele é muito importante no processo de aprendizado, pois serve
como guia para o trabalho dos educadores.

O currículo inclui tudo o que será ensinado, não apenas a teoria. E, sim, os
aspectos humanos e sociais, como comportamentos e valores que os estudantes vão
aprender em cada aula. Resumindo, é uma ferramenta de ligação entre escola, cultura
e sociedade. Por isso, deve acompanhar as transformações do mundo, sendo
constantemente atualizado.

Dentro de um mesmo currículo escolar, é possível perceber outros três


modelos: o social, o oculto e o estruturador. Todos têm sua importância para a
construção do indivíduo e do seu papel na sociedade. Veja a que se referem:

Currículo social: faz parte da identidade educacional, deve respeitar as diferenças


sociais, culturais e o contexto no qual está inserida a instituição;

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Currículo oculto: abrange as ações, comportamentos, atitudes e valores que se
aprendem implicitamente com o conteúdo científico. São conceitos que estão
presentes nas aulas, mas não de forma declarada;

Currículo estruturador: é ele que interliga todos os aspectos das aulas, que faz a
convergência entre as disciplinas e orienta como articular o conteúdo das aulas,
mas não de forma declarada;

Currículo estruturador: é ele que interliga todos os aspectos das aulas, que faz
a convergência entre as disciplinas e orienta como articular o conteúdo das aulas.

Uma metodologia nada mais é que o direcionamento para a realização de


algum objetivo, alcançando a “linha de chegada”. A origem do termo vem do latim
“methodus” e se difundiu no meio da educação como o campo que estuda a forma
com que o conhecimento é produzido.

Em outras palavras, a metodologia de ensino compreende todas as


ferramentas que os educadores utilizam para transmitir os seus conhecimentos aos
alunos. Cada professor utiliza um método para tal, em busca da melhor forma de
motivar crianças e jovens, direcionando-os ao aprendizado.

Assim, é possível perceber que é a soma de atitudes que molda a forma como
os professores ministram as suas aulas e lidam com o conhecimento transmitido aos
seus alunos. Nesse processo, podem ser utilizadas ferramentas como a leitura, os
recursos visuais (filmes, vídeos do youtube, videoaulas ou qualquer gravação) e
sonoros.

Ao escolher a metodologia de ensino ideal para a escola, é possível colocar em


prática sua missão, visão e valores implementados na aprendizagem dos alunos.
Desse modo, eles são educados seguindo esses princípios, motivados pelo que a
gestão acredita ser o melhor para o desenvolvimento pessoal e profissional dos seus
estudantes.

A metodologia escolhida guiará os professores nesse processo, indicando


novas formas de ensino e, às vezes, até mesmo novos recursos de aprendizagem.

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Além disso, é fundamental para tranquilizar os pais a respeito do que é transmitido
aos seus filhos.

É importante ressaltar, antes de mais nada, que não existe uma metodologia
de ensino melhor ou mais eficiente há, na verdade, algumas que são mais adequadas
à proposta da escola e às suas necessidades. Por essa razão, a escolha precisa ser
coerente para que não resulte em problemas para a direção no futuro.

Toda escola tem um propósito em sua criação, informação que está sob a
responsabilidade dos gestores. Ao escolher uma metodologia de ensino, é preciso
que essas diretrizes estejam em conformidade com as propostas.

1. Metodologias de Ensinos

1.2 Metodologia de ensino tradicional

A metodologia tradicional de ensino parte do princípio em que o professor é o


narrador dos fatos e os alunos, os ouvintes. Dentro do espaço da sala de aula, o
educador prepara o conteúdo previamente e o transmite aos estudantes, que têm a
função de assimilar e memorizar o que foi ensinado.

Para saber se os estudantes conseguiram cumprir o seu papel nessa equação,


a metodologia aposta em avaliações e trabalhos valendo nota. O professor representa
o protagonismo, sendo o detentor do conhecimento e a autoridade máxima para os
seus alunos. A interação que existe entre eles se limita a esse modelo em que uma
das partes ensina e a outra aprende.

O ensino na metodologia tradicional é feito a partir de aulas padronizadas e


materiais prontos, comumente em forma de apostilas. Por meio desses recursos, os
alunos estudam com o objetivo de adquirir conhecimentos técnicos e alcançar boas
notas. Para auxiliar aqueles que não conseguem atingir o mínimo solicitado pela
escola, existem as atividades de recuperação.

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Além disso, os alunos são incentivados a atingir as notas mais altas, buscando
sempre a superação. Em vista disso, essa metodologia se prova ideal para
um sistema em que, para ter acesso a universidades e complementar o ensino com
um diploma universitário, é necessário ter boas colocações nos vestibulares.

Por essa razão, muitas pessoas — inclusive pais e professores — apostam


nessa metodologia como uma das mais seguras para crianças e jovens. Afinal, eles
têm todas as ferramentas necessárias para chegarem preparados aos exames e
conquistar boas posições. Ademais, é um dos modelos mais utilizados pelas escolas
no Brasil.

1.2 Metodologia tradicional de ensino sociointeracionista

Uma vertente da metodologia de ensino tradicional é a sociointeracionista.


Nesse modelo, os alunos são motivados por meio de atividades em equipe recursos
importantes para aproximá-los de seus colegas e, logo, desenvolvendo habilidades
socioemocionais.

Os alunos são incentivados a inovar, liderar projetos, criar soluções e lidar com
outras pessoas. Eles são reconhecidos tanto por seus resultados conquistados quanto
pelo esforço que empregaram nesse percurso. A escola que cria raízes
sociointeracionistas acredita que o conhecimento é construído aos poucos, tendo o
professor como um condutor até o aprendizado.

A plataforma de ensino Eleva, por exemplo, utiliza elementos do


sociointeracionismo para fornecer uma nova maneira de comunicação. Ela traz um
material didático atualizado e contextualizado, propondo consultorias pedagógicas e
incentivando o alinhamento entre professores e alunos, de modo que tenham os
melhores resultados.

A intenção é que esses estudantes, com todos esses benefícios, desenvolvam


habilidades socioemocionais, como: proatividade, pensamento crítico, colaboração
com colegas, criatividade e perseverança.
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1.3 Metodologia de ensino construtivista

Ao contrário da metodologia tradicional de ensino, na escola construtivista, o


aluno se torna o protagonista de seu aprendizado. O educador, nesse cenário, é o
responsável apenas por facilitar esse processo, oferecendo o necessário para que o
discente aprenda.

A ideia surgiu por meio do trabalho do psicólogo suíço Jean Piaget. Ele
acreditava que existia uma construção do conhecimento por meio das interações entre
o meio e os sujeitos. As turmas, nesse caso, precisam ser menores, de modo que as
experiências pelas quais os alunos passam contribuam para o seu aprendizado.

Além disso, com salas de aulas mais reduzidas, os educadores podem


acompanhar mais de perto os alunos, personalizando a forma de ensino de acordo
com as necessidades deles. Por ser um mediador, o professor cria situações para
estimular essa construção do conhecimento, respeitando o tempo de cada estudante.

Na escola construtivista, não há, necessariamente, avaliações, pois se entende


que o aluno vai construindo o seu raciocínio lógico em sala de aula dia após dia. Ele
participa de debates, expondo a sua opinião sobre os mais diversos assuntos, e é
incentivado por meio da prática a aprender.

1.4 Metodologia de ensino Montessori

Diferentemente das metodologias em que o professor é um condutor do ensino


ou mesmo o próprio protagonista do processo, nas escolas montessorianas há o
profissional observador. Esse educador, no caso, tem o objetivo de monitorar bem de
perto o aprendizado de crianças e jovens, verificando a evolução e descobrindo as

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razões que bloqueiam o seu aprendizado, de fato. A avaliação é feita, então, por meio
dessa observação.

O currículo dessas escolas é multidisciplinar. Elas acreditam que as


experiências são a melhor forma de aprendizado, já que unem diferentes disciplinas
para tal. Além disso, deixam todos os objetos das salas de aula ao alcance das
crianças, para motivar o aprendizado por meio dos sentidos. Os princípios que
caracterizam o conceito Montessori são:

educar para a paz: construindo cidadãos para que, desde pequenos, respeitem as
outras pessoas e saibam conviver em sociedade;

educar pela ciência: os conceitos científicos devem guiar a aprendizagem dos


alunos;

educação cósmica: além do respeito às pessoas, é ensinado a respeitar a


natureza, vivendo de forma harmônica.

Um dos ingredientes de sucesso da escola montessoriana é a autoeducação.


Como cada aluno tem o seu ritmo de aprendizado, dando um passo de cada vez,
entende-se que alguns consigam avançar mais rápido do que outros, por exemplo.

Os materiais de uso mais fácil ficam na altura de seus olhos e à esquerda,


enquanto os mais difíceis ficam embaixo e à direita. Como é possível perceber, essa
organização acompanha a lógica da escrita, deixando o ambiente intuitivo para que a
criança e o jovem comecem do simples e vão progredindo no aprendizado.

Um dos diferenciais dessa metodologia é que as turmas são formadas por


alunos de diferentes idades. Isso favorece que os mais velhos transmitam as suas
experiências aos mais novos, formando uma comunidade. Cada um deles pode
escolher as atividades que sejam de seu interesse e o local onde desejam trabalhar.

1.5 Metodologia Freiriana

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Paulo Freire é um dos educadores mais conhecidos do Brasil. A proposta de
sua metodologia é que os alunos compreendam aspectos da vida em sociedade,
fazendo uma “leitura do mundo”, antes de entrarem em contato com as palavras.

Segundo o método freireano, há três fases no processo de desenvolvimento do


pensamento crítico. São elas:

investigação temática: o professor deve conhecer a fundo o aluno, desde o seu


contexto social até as suas aptidões. A partir disso, ele planeja as temáticas a serem
trabalhadas durante as aulas. Ou seja, o aprendizado é pautado nas experiências de
vida dele;

tematização: professores e alunos, juntos, passam por um processo de


decodificação desses temas escolhidos. Então, definem um problema, relacionado ao
assunto, que se tornará um projeto;

problematização: é quando a visão crítica começa a tomar forma. Os alunos são


incentivados a colocar a mão na massa e procurar soluções para o problema.

Nesse contexto, o diálogo se apresenta como a melhor ferramenta de


aprendizado. Munido de confiança, o aluno passa a entender o mundo por meio do
conhecimento e a educação se torna uma forma de liberdade.

1.6 Metodologias Ativas

As metodologias ativas consistem em um modelo de aprendizagem que tem


como maior objetivo tornar o estudante motivado, interessado e engajado ao longo de
todo o período letivo. Ou seja, tal formato apresenta um novo paradigma na educação,
que transforma a relação do educador com o discente.

Dessa maneira, o aluno passa a ser o principal protagonista do processo de


ensino, sendo que o professor assume a função de orientador ou mediador do
conhecimento. Isso abre espaço para a interação e a participação cada vez mais
proeminente dos estudantes na construção do saber.
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A aprendizagem baseada em projetos tem como intuito estimular os
discentes para que aprendam por meio de desafios. Assim, é preciso que o estudante
se esforce para encontrar, de maneira colaborativa com os outros colegas, possíveis
soluções para os problemas apresentados pelo professor em sala de aula. Isso
contribui, principalmente, para o desenvolvimento de um perfil investigativo e crítico
perante a realidade, fazendo com que o conhecimento seja construído de maneira
consistente.

No contexto da sala de aula invertida, ao contrário do modelo tradicional, o


aluno tem acesso aos conteúdos antecipadamente. Sendo assim, tendo um
conhecimento prévio das disciplinas, o professor pode elaborar e planejar melhor as
aulas e utilizar, sempre que possível, recursos e ferramentas que complementem o
aprendizado, como vídeos, imagens, textos, entre outros materiais.

Estratégias como a gamificação são responsáveis por favorecer a


aprendizagem e contribuir para que o discente seja protagonista de seu próprio
processo de ensino. Ela consiste, basicamente, na utilização de jogos que estimulam
o pensamento crítico, a motivação e a dedicação para os momentos de estudo.

Assim, quando aliada a conteúdos digitais, a gamificação pode ser muito bem
aproveitada também pelo educador, que terá uma visão mais ampla do desempenho
em sala de aula, entendendo o que deve ser modificado para atender às necessidades
dos discentes.

No ensino híbrido, ocorre a junção do ensino tradicional com outros formatos


e métodos, como a educação a distância. Nesse sentido, a tecnologia tem um papel
fundamental, fazendo com que a transmissão do conhecimento ocorra de forma mais
aprofundada e sólida. Isso permite que o aluno busque, de forma autônoma, por
fontes, informações e dados que complementem o que foi passado em sala, tornando
o aprendizado mais dinâmico e eficiente.

2. Organização do currículo escolar

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É necessário cautela na para construção do currículo escolar, pois ele será o
guia de todo o processo de ensino, é o responsável pela formação não só intelectual,
mas social de várias gerações. É por meio dele que a escola será reconhecida e se
torna referência no mercado.

A tecnologia, os fatores culturais e os novos interesses da sociedade impactam


no currículo escolar e podem provocar mudanças. É por isso que ele está em
constante movimento.

A escola precisa estar sempre atualizada sobre o que as demais instituições


estão fazendo. Além disso, deve acompanhar as evoluções tecnológicas, pois
crianças e adolescentes estão cada vez mais inseridos no mundo digital. Eles se
desinteressam rapidamente pelas aulas que não oferecem recursos inovadores.

É importante introduzir novas práticas a cada ano letivo ou mesmo ao longo do


período. É isso que mantém o interesse dos estudantes e prepara eles para o mundo
do trabalho com uma visão de futuro.

A inclusão de novas práticas leva ao uso da tecnologia no ensino, que deve


agregar conhecimento e facilitar o dia a dia. Assim, computadores e tablets podem ser
usados como materiais para a pesquisa e realização de tarefas.

Além disso, ferramentas como provas e avaliações online chamam a atenção


dos estudantes para a participação ativa da escola. Uma vez que os alunos já
conhecem o ambiente virtual. Esse tipo de inovação auxilia o trabalho dos
professores, que ganham tempo para se dedicar a outros projetos. Como o
aprofundamento das matérias e novas formas de ensinar.

Um bom currículo escolar deve ser inclusivo. Isso significa atender a todo tipo
de aluno, com suas especificidades. É fundamental perceber as necessidades dos
estudantes e buscar soluções. Para que eles acompanhem o ritmo da escola e
aprendam o que precisam em cada etapa de ensino.

É importante analisar as dificuldades dos alunos e de que forma ajudá-los a


aprender. Essa observação também deve ser usada na hora de montar as turmas, a
fim de que todas estejam em um mesmo nível de aprendizagem

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Ter um currículo dinâmico não pode significar perda de padrão. Pois a escola
precisa definir uma linha a seguir. Todas as turmas de um mesmo ano devem
aprender o mesmo conteúdo, por exemplo. A forma pode variar de acordo com cada
professor, mas a essência tem que ser a mesma.

Esses padrões são definidos a partir da Base Nacional Comum Curricular e dos
valores e missão da instituição. Afinal, o estudante pode precisar mudar de escola
mais de uma vez ao longo da sua vida, e ele deve poder acompanhar o ritmo dos
demais colegas em todas elas.

Para fazer o currículo, o gestor deve avaliar o desempenho dos alunos e dos
professores. Assim, ele consegue saber se é preciso mudar algo. Por exemplo, pode
ser que os conteúdos estejam avançados e, por isso, o índice de reprovação ou
evasão estar alto. Ou, ao contrário: os alunos podem estar achando os conteúdos
fáceis demais e querem novos desafios no ensino.

A partir dessa avaliação, o gestor vai elaborar as metas para o ano seguinte ou
para o próximo período letivo. Durante esse processo, você pode sentir que precisa
incluir um ensino bilíngue, por exemplo. Ou mesmo explorar mais a tecnologia em sala
de aula, investir em conteúdos mais práticos e menos teóricos. Enfim, o currículo
escolar precisa de avaliações e mudanças constantes. Ou melhor, sempre que
necessário.

O currículo escolar deve abordar aspectos sociais, como a tolerância às


diversidades e a inclusão de todos os indivíduos. O que ajuda para que esses
trabalhadores do futuro sejam, também, cidadãos colaborativos. Afinal, as escolas têm
uma grande responsabilidade com a formação da sociedade.

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PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO
ARTICULANDO AS DIFERENTES ÁREAS

Consiste em prever e decidir sobre o que fazer, como fazer, porque fazer,
quando fazer e a fase da avaliação; é uma forma de registro, além de constar a marca
pessoal e ser um roteiro e não uma solução mágica para todos problemas do cotidiano
escolar. Tem a função de servir ao professor, e ainda requer criatividade e
flexibilidade.

Conforme Piletti (1991), o planejamento curricular abrange o planejamento


das experiências vividas pelos alunos em uma escola. Cada escola deve elaborar seu
planejamento de currículo, inserindo todos os componentes escolares que, direta ou
indiretamente, fazem parte do processo educativo, como diretor, supervisor
pedagógico, orientador educacional e professores. Assim, definirão juntos os objetivos
finais, o conteúdo básico e delinearão os métodos e as estratégias de avaliação.

Na visão de Vasconcellos (1995) o planejamento é um excelente caminho


para melhoria da qualidade do ensino, pode ser uma estratégia política de lutas, de
emancipação do professor, cumprindo um papel social de humanização, onde o aluno
desabroche, cresça como pessoa e como cidadão, e onde o professor tenha um
trabalho menos alienado e alienante, que possa repensar sua prática, (re) significá-la
e buscar novas alternativas. Há uma diferença substancial entre traçar nossos
próprios caminhos e reproduzir mecanicamente a prática de “terceiros”, sem noção
clara do que se está fazendo.

Um instrumento teórico-metodológico para a transformação da realidade.


Enquanto processa, implica a expressão das opções da instituição, do
conhecimento e julgamento da realidade, bem como das propostas de ação
para concretizar o que se propõe a partir do que vem sendo; e vai além: supõe
a colocação em prática daquilo que foi projetado, acompanhado de análise
dos resultados (VASCONCELLOS, 2004, p. 17-18).
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É o processo de tomada de decisões sobre a dinâmica da ação escolar. É
previsão sistemática e ordenada de toda a vida escolar do aluno. Portanto,
essa modalidade de planejar constitui um instrumento que orienta a ação
educativa na escola, pois a preocupação é com a proposta geral das
experiências de aprendizagem que a escola deve oferecer ao estudante,
através dos diversos componentes curriculares (VASCONCELLOS, 1995, p.
56).

De acordo com Luckesi (2006, p.112), o planejamento curricular é uma


tarefa multidisciplinar que tem por objetivo a organização de um sistema de relações
lógicas e psicológicas dentro de um ou vários campos de conhecimento, de tal modo
que se favoreça ao máximo o processo ensino-aprendizagem. É, dessa forma, a
previsão de todas as atividades que o educando realiza sob a orientação da escola
para atingir os fins da educação.

É preciso ter uma definição clara e objetiva do que se pretende, portanto,


não mutiladora entre planejadores e executores. Não negar a modernidade, as
exigências do mercado, produtividade e o capitalismo. No momento que a formação
básica e continuada incidir decisivamente sobre a produtividade, pode alargar seu
espaço de influência e ousar posição central na contenção dos desvarios do mercado.
Isso significa substituir a lógica do mercado, do consumo por uma lógica mais humana,
ética e não utilitarista. É importante o educador dialogar com o lado econômico e
deixar de puritanismo. Ignorar seria a pior estratégia.

1. Planejamento curricular e de ensino

O planejamento curricular começa com um momento de levantamento de


alguns aspectos: Qual é a realidade social, p Quais teorias educacionais e filosóficas
orientam o ensino nessa escola? Que fatores sócios culturais e psicológicos podem
interferir no processo educacional? Que bases legais orientam e estabelecem normas
para a escola?

Após o levantamento destes elementos, é hora de pensar em outros pontos:

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• Analisar os objetos amplos da educação, definição dos objetivos a nível de
escola; definição dos objetivos das disciplinas e dos seus conteúdos;

• Seleção e organização das disciplinas e conteúdos mais significativos para


atingir os objetivos.

• Seleção dos melhores procedimentos e técnicas de ensino que mais facilmente


favorecem a consecução dos objetivos.

• Seleção dos recursos materiais e humanos que mais favorecem e auxiliam o


professor e o aluno na efetivação do ensino e da aprendizagem.

• Definição e organização de um processo de avaliação, relacionado e adequado


aos objetivos propostos no plano curricular.

Todos esses elementos são importantes para justificar cada tópico do


currículo. A justificação curricular é fundamental para determinar as bases, fatores e
influências que legitimam os vários elementos que estrutura e os organiza num todo
coerente. A ausência de justificação de um plano curricular pode levar a imposição de
um plano que não foi discutido pelos demais participantes.

No planejamento registra-se as finalidades (propósitos), experiências de


aprendizagem (designando o conteúdo e a sua relação com os processos de
aprendizagem), organização (incluindo aspectos estruturais, metodológicos e
contextuais do ensino) e avaliação.

De maneira geral, um currículo contém o enunciado das finalidades e


objetivos pretendidos, além de propor ou indicar uma seleção e organização de
conteúdos de ensino, implica ou sugere modelos, bem como métodos e atividades de
ensino aprendizagem, que alcancem os objetivos e da organização de conteúdos que
exige; E por fim, um plano de avaliação dos resultados da aprendizagem. Estas
componentes fundamentais devem estar presentes de modo explícito ou implícito.

E, na medida do possível, de forma integrada. Por integrada me refiro a um


planejamento que não privilegie um ou outro elemento mais que outros. Os
componentes devem se complementar e por isso, tem a mesma importância.
Qualquer que seja o modelo adaptado se escreve o plano curricular com os seguintes
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elementos: a) A explicitação do contexto e justificação fornece o quadro de referência,
orientação e fundamentação do plano curricular, nas suas finalidades e objetivos e no
seu modelo estrutural; b) É a base do currículo, o ponto de partida; c) O
estabelecimento de um quadro de objetivos preenche a necessidade de definir a
intencionalidade fundamental do plano curricular; d)É a direção do currículo, os
resultados ou produtos que se esperam alcançar.

A explicitação do conteúdo do currículo realiza-se por meio de um roteiro


de matérias ou conteúdos. Esse roteiro indica não apenas os selecionados, mas
sobretudo organiza a ideia de um mapa que trace as suas relações mútuas e o roteiro
que propõe.

A organização e sequência do processo de ensino-aprendizagem deve ser


planificada em termos de tipos de atividades, experiências e situações de
aprendizagem. Esse plano inclui as ações do professor e ações do aluno. Como por
exemplo estratégias/métodos, atividades, materiais e meios de ensino-aprendizagem.

Um currículo implica ou manifesta alguns modelos ou padrões de ensino,


requeridos pela orientação educativa, pelos objetivos ou pela própria organização dos
conteúdos. Em termos do processo de desenvolvimento curricular, é, sobretudo, nesta
componente que a fase de planeamento curricular se aproxima mais da de
implementação do currículo.

A avaliação define o plano de apreciação dos resultados reais de


aprendizagem, procurando indicadores que evidenciem a aprendizagem. É por meio
da avaliação que se compara os resultados com os objetivos pretendidos, para que
se possa aperfeiçoar o programa e o processo de ensino.

A referência a fatores de organização escolar, estruturas e meios é


necessária para garantir a condição de realizar o currículo planejado. Do ponto de
vista teórico, a concepção do plano viria primeiro e deveria demandar determinadas
condições de implementação. Mas o que acontece é quase sempre o inverso: o plano
curricular elaborado tem de se adaptar, desde logo, às condições da sua inserção e
aos fatores de organização escolar que o limitam ou enquadram.

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A explicitação das condições de execução do plano curricular visa, mais
uma vez, aproximar o planejamento da implementação curricular, no sentido de
encontrar o ponto de equilíbrio entre as exigências normativas de um plano e a
situação real onde vai ser executado.

COTIDIANO, DO TEMPO E DO ESPAÇO NO PROCESSO DE ENSINO E DE


APRENDIZAGEM DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL.

Buscando uma perspectiva de sucesso para o desenvolvimento e


aprendizagem do educando no contexto da educação infantil o espaço físico torna-se
um elemento indispensável a ser observado. A organização deste espaço deve ser
pensada tendo como princípio oferecer um lugar acolhedor e prazeroso para a
criança, isto é, um lugar onde as crianças possam brincar, criar e recriar suas
brincadeiras sentindo-se assim estimuladas e independentes.

O espaço criado para a criança deverá estar organizado de acordo com a


faixa etária da criança, isto é, propondo desafios cognitivos e motores que a farão
avançar no desenvolvimento de suas potencialidades.

Reconhecendo que a criança é fortemente marcada pelo meio social em


que se desenvolve, e que também deixa suas próprias marcas neste meio, que tem a
sua família como o seu principal referencial, apesar de todas as relações que ocorrem
em todos os níveis sociais, o espaço infantil deve priorizar remeter a história da criança
para o seu contexto e através disto promover a troca de saberes entre as crianças.

Segundo o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil:

As crianças constroem o conhecimento a partir das interações que


estabelecem com as outras pessoas e com o meio em que vivem. O
conhecimento não se constitui em cópia da realidade, mas sim, fruto de um
intenso trabalho de criação, significação e ressifignificação. (RCNEI,1998, vol
1, p. 21-22):

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As interações que ocorrem dentro dos espaços são de grande influência no
desenvolvimento e aprendizagem da criança.

O educador não deve ser visto como figura central do processo de ensino
aprendizagem, mas sim como alguém mais experiente que aprende e permite ao
educando aprender de forma mais lúdica possível. Devemos destruir a crença de que
a criança só aprende se um professor ensinar, e de que só o professor é responsável
pelo desenvolvimento de todas as potencialidades da criança. A criança através do
meio cultural, da suas interações com o meio seja em um trabalho individual ou
coletivo é a verdadeira construtora do seu conhecimento.

De acordo com Oliveira (2000, p.158) O ambiente, com ou sem o


conhecimento do educador, envia mensagens e, os que aprendem, respondem a elas.
A influência do meio através da interação possibilitada por seus elementos é contínua
e penetrante. As crianças e ou os usuários dos espaços são os verdadeiros
protagonistas da sua aprendizagem, na vivência ativa com outras pessoas e objetos,
que possibilita descobertas pessoais num espaço onde será realizado um trabalho
individualmente ou em pequenos grupos.

Os espaços construídos para criança e com a criança devem ser


explorados pela mesma, em uma relação de interação total, de aprendizagem, de
troca de saberes entre os pares, de liberdade de ir e vir, de prazer, de individualidades,
de partilhas, enfim, de se divertir aprendendo.

1. O espaço físico e sua relação com a aprendizagem da criança

Desde que nasce a criança precisa de espaços que ofereçam liberdade de


movimentos, segurança e que acima de tudo possibilitem sua socialização com o
mundo e com as pessoas que a rodeiam. Espaços estes de direito de todas as
crianças sejam eles: públicos, privados, institucionais ou naturais. Segundo Lima
(2001, p.16): “o espaço é muito importante para a criança pequena, pois muitas, das

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aprendizagens que ela realizará em seus primeiros anos de vida estão ligadas aos
espaços disponíveis e/ou acessíveis a ela”.

Portanto um ambiente estimulante para a criança é aquele em que ela se


sente segura e ao mesmo tempo desafiada, onde ela sinta o prazer de pertencer a
aquele ambiente e se identifique com o mesmo e principalmente um ambiente em que
ela possa estabelecer relações entre os pares. Um ambiente que permite que o
educador perceba a maneira como a criança transpõe a sua realidade, seus anseios,
suas fantasias. Os ambientes devem ser planejados de forma a satisfazer as
necessidades da criança, isto é, tudo deverá estar acessível à criança, desde objetos
pessoais como também os brinquedos, pois só assim o desenvolvimento ocorrerá de
forma a possibilitar sua autonomia, bem como sua socialização dentro das suas
singularidades.

Os espaços devem ser organizados de forma a desafiar a criança nos


campos: cognitivo, social e motor. Oportunizando a criança de andar, subir, descer e
pular, através de várias tentativas, assim a criança estará aprendendo a controlar o
próprio corpo, um ambiente que estimule os sentidos das crianças, que permitam a
elas receber estimulação do ambiente externo, como cheiro de flores, de alimentos
sendo preparados. Sentindo a brisa do vento, o calor do sol, o ruído da chuva.
Experimentando também diferentes texturas: liso, áspero, duro, macio, quente, frio.
Carvalho & Rubiano (2001, p.111) dizem que: “a variação da estimulação deve ser
procurada em todos os sentidos: cores e formas; músicas e vozes; aromas e flores e
de alimentos sendo feitos; oportunidades para provar diferentes sabores”.

Personalizar o ambiente é muito importante para a construção da


identidade pessoal da criança, tornar a criança competente é desenvolver nela a
autonomia e a independência. Ao oferecer um ambiente rico e variado se estimulam
os sentidos e os sentidos são essenciais no desenvolvimento do ser humano. A
sensação de segurança e confiança é indispensável visto que mexe com o aspecto
emocional da criança. Oportunizando as crianças de interagirem e em certos
momentos que desejarem ficarem sozinhas brincando.

A organização dos espaços na educação infantil é fundamental para o


desenvolvimento integral da criança, desenvolvendo suas potencialidades e propondo
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novas habilidades sejam elas: motoras, cognitivas ou afetivas. A criança que vive em
um ambiente construído para ela e por ela vivência emoções que a farão expressar
sua maneira de pensar, bem como a maneira como vivem e sua relação com o mundo.

As aprendizagens que ocorrem dentro dos espaços disponíveis e ou


acessíveis à criança são fundamentais na construção da autonomia, tendo a mesma
como própria construtora de seu conhecimento. O conhecimento se constrói a cada
momento em que a criança tem a possibilidade de poder explorar os espaços
disponíveis a ela.

O papel do adulto no espaço é o de um parceiro mais experiente que


promove as interações, que planeja e organiza atividades com o objetivo de através
das relações dentro do espaço que oferece, buscar o desenvolvimento integral de
todas as potencialidades da criança. O educador deve ter a sua proposta voltada para
o bem estar da criança, buscando sempre melhorar a sua prática elaborando sempre
novas alternativas de construir o conhecimento de um grupo como um todo, facilitando
as interações, promovendo e construindo espaços adequados para as crianças.

Muitas são as propostas apresentadas por vários autores mas que só serão
praticadas o dia em que o educador infantil tomar consciência da importância de
oferecer espaços ricos de informações na vida das crianças, passando a reconhecer
a importância das trocas que ocorrem nos espaços oferecidos como um fator
essencial na vida da criança.

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SIGNIFICADO DO REGISTRO DA PRÁTICA, COMO FORMA DE
REFLEXÃO SOBRE A AÇÃO EDUCATIVA PARA O PLANEJAMENTO
DO ENSINO NOS ANOS INICIAIS.

1. Planejamento dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental

Uma das maneiras que nos possibilita organizar melhor o pensamento e as


ideias é a prática do registro. Esta se dá com base em nossas experiências,
conhecimentos e práticas acumuladas em nosso dia a dia. Pensar sobre a prática e
não registrá-la, significa limitar o aprendizado recém-adquirido á uma lembrança e não
á condição de conhecimento, visto que o registro nos permite refletir e repensar sobre
a prática em sala de aula.
O registro detalhado das atividades e rotinas dos alunos expressa a visão
e o pensamento do professor, que tem no registro a possibilidade de avaliar e repensar
pontos antes não percebidos durante o dia em sala. Durante o registro, estes pontos
além de revisados, podem ser aperfeiçoados, e o docente, á medida que registra suas
ideias no papel, adquire a característica de protagonista de seu jeito de fazer.
Entretanto, quando não há a prática da reflexão (por meio do registro), o
professor passa a ser um copista de teorias de outros autores, e quando, por sua vez,
estas teorias necessitarem ser revisadas e renovadas (por estarem obsoletas), o
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docente acabará sem obter o sucesso almejado, por estar dependente á teorias e não
á reflexões e revisões sobre a prática. É importante ressaltar que as teorias são de
grande valia para o docente confrontar pensamentos e hipóteses, e assim servir de
embasamento para a construção do seu conhecimento.
Sem isto, a teoria passa a ser apenas mais um texto e/ou uma cópia sobre
um determinado assunto. O ato de registrar tornou-se uma marca pessoal, pois com
ele é possível expressar graficamente: fatos, ideias, pensamentos e sentimentos,
possibilitando assim reconstruir a própria história da humanidade. Os registros são
pensamentos expressados graficamente, que revelam ideias, questionamentos e
impressões do autor, em determinado assunto ou tema. Ao entrarmos em contato com
os conceitos deste autor, passamos a partilhar seus conhecimentos, adotando
também suas ideias.
Registramos graficamente uma prática, quando esta chama a nossa
atenção, ou seja, quando nos agrega valor, quando sentimos a necessidade de
relembrá-la. O professor, ao registrar de forma escrita uma atividade ou observação
feita em sala, além de aperfeiçoar sua prática diária, também estará transpondo sua
ideia ou dúvida (abstrata) em algo concreto, como por exemplo, o papel ou caderno.
É neste processo de escrita que o docente repensa sua prática, aprendendo a analisar
suas atitudes enquanto educador, bem como posturas e colocações de seus alunos
para com as atividades.
Além disso, o registro quando compartilhado com a equipe pedagógica,
transforma-se em uma boa prática, podendo servir de exemplo ou estímulo para o
corpo docente e gestão escolar. Entretanto, o registro ainda é pouco praticado pela
equipe docente, isto se deve pelo fato de que possuímos uma cultura
predominantemente oral (e não escrita) não adepta, portanto aos registros e
anotações.
Confiamos muito em nossa capacidade de armazenar coisas e fatos do dia
a dia, e não nos damos conta da importância de documentar de forma escrita, nossas
aprendizagens e conhecimentos adquiridos.
O ato de documentar graficamente nossas experiências e práticas, além de
possibilitar o exercício da reflexão e do pensamento crítico, também pode auxiliar o
professor no desenvolvimento de competências essenciais para o exercício do
magistério, como: concentração, memorização, organização, planejamento, aumento
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do repertório gráfico, domínio da linguagem oral, além de potencializar a criatividade
e a busca por novas estratégias e formas de trabalho. Preocupações como: o que
escrever e o que registrar, falta de inspiração e manejo com as palavras, podem
ocorrer no começo do processo do ato de escrever, porém isto não deve se tornar um
empecilho para o professor, uma vez que, quanto mais se registra, mais se desenvolve
a excelência na escrita.
O registro, ainda, permite comunicar diversas funções em diversos
propósitos: comunicar, refletir, organizar, sintetizar, analisar, rever, pesquisar, etc.
Desta forma, o exercício de registrar, nos faz analisar e avaliar alguns aspectos, como:
o que deu certo e o que não deu, como elaborar e aplicar aulas mais atrativas e
dinâmicas, que instrumentos didáticos possibilitaram uma melhor aprendizagem na
turma, que mudanças fazer para que todos possam acompanhar melhor a aula, que
decisões tomar, etc. É importante ressaltar que, o registro não precisa se encontrar
apenas na forma escrita: uma foto, uma produção de aluno, um relato oral, uma
atividade que deu certo, são instrumentos valiosos que comunicam o processo e o
desenvolvimento do aluno em sua atividade.
O registro pode abarcar as seguintes temáticas: projetos, produções dos
alunos, estudo do meio, desenvolvimento de um tema para uma sequência didática,
jogos e brincadeiras na área interna e externa da sala, momento da alimentação dos
alunos, reunião de pais e educadores, supervisão pedagógica (coordenação e
docentes), rodas de conversas feitas em sala, interação dos alunos com colegas e
professores, bem como conflitos observados na escola. Os registros possuem o
propósito de nos fazer refletir sobre o aprender e o fazer pedagógico.
Portanto, entende-se que o professor que se preocupa em registrar suas
aprendizagens, conhecimentos, avanços e dificuldades, se preocupa não só em
conhecer bem seus alunos, mas principalmente á si mesmo, pois é somente após o
conhecimento das próprias limitações, que se conhece a limitação e a dificuldade do
outro. A preocupação que antes se detinha somente no conteúdo, passa a dar
significado e valor ao conhecimento trazido pelo aluno. Conhecimento registrado
agrega conhecimento constante.

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BNCC E CURRÍCULO

1. Base Nacional Curricular Comum

A Base Nacional Curricular Comum (BNCC) é o documento norteador para


essa gestão no Brasil, um guia com o objetivo de balizar a educação básica e
estabelecer patamares de aprendizagem e conhecimentos essenciais que precisam
ser garantidos a todos os brasileiros.
Resultado de muitos debates e diversas outras regulamentações que
culminaram na sua criação, a Base estabelece em definitivo o abandono da lógica
curricular vertical de “distribuição” de conteúdos prontos, valorizando a inclusão do
estudante na construção de seu conhecimento, seu projeto de vida e na sua formação
enquanto cidadão, a partir do desenvolvimento de competências e habilidades em
cada período escolar.

Naturalmente, sua implementação ainda prevê muitos desafios, uma vez


que existe grande autonomia para estados e municípios adequarem currículos às suas
realidades e, portanto, muito trabalho para os gestores nessa construção. Além disso,
os currículos ainda precisam ser instrumentos de luta para desconstruir discursos

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hegemônicos e combater as desigualdades raciais, de gênero, orientação sexual e a
exclusão das pessoas com deficiência que persistem no Brasil.

Durante muito tempo, o conceito predominante de currículo escolar era de


um conjunto de disciplinas e conteúdos pré-estabelecidos que deveriam simplesmente
serem repassados aos alunos em um processo de aprendizagem vertical. Neste
contexto, o Estado tinha o papel de decidir e distribuir esses conteúdos aos alunos,
que atuavam como receptores desse conhecimento previamente construído.

Conforme afirma o pesquisador José Carlos Morgado, a partir do final do


século XX, esse modelo passou a ser substituído por uma proposta que colocava o
estudante e seu contexto social no centro da construção do conhecimento. “A
aprendizagem deixa de ser vista como um mero processo de acumulação e passa a
conceber-se como um processo de construção dinâmico em contexto.”

Essa perspectiva pressupõe o desafio de considerar as particularidades da


região, município e comunidade em que a escola está inserida, de modo a estabelecer
uma gestão democrática e que traga para dentro da escola questões importantes ao
entorno da escola e da realidade vivida por seus estudantes.

Para guiar as escolas nos processos de gestão curricular adequados a


esse modelo, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) foi promulgada pelo
Ministério da Educação em 2017. Fruto de inúmeros debates e regulamentações
legais, é um documento elaborado para orientar o ensino no Brasil, desde a Educação
Infantil até o Ensino Médio. A sua definição segue uma tendência internacional de
países que promoveram mudanças em seus sistemas educacionais recentemente,
tais como a Austrália, Estados Unidos, Inglaterra, África do Sul, Cuba, Chile e
Portugal. Além disso, alguns dos países com melhor desempenho no Programa
Internacional de Avaliação de Estudantes de 2018 contam com diretrizes nacionais
fortes para a elaboração de seus currículos, tais como a Finlândia e a Coreia do Sul.

Considerada fundamental por muitos pesquisadores acadêmicos,


especialistas, educadores e gestores de escolas há vários anos, a luta por um base
curricular forte e que orientasse uma reestruturação profunda na gestão pedagógica
brasileira ganhou força com a criação do Movimento pela Base (MPB), um grupo não
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governamental de pessoas e entidades dedicadas à causa da construção e
implementação da BNCC e do Novo Ensino Médio.

Até o estágio atual de implementação da BNCC, vários marcos regulatórios


sinalizaram a sua concepção, tais como a definição da educação como direito básico
na Constituição Federal de 1988 e a responsabilidade da União, Estados e Municípios
para a elaboração de competências e diretrizes que norteiam currículos na educação
básica prevista na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de 1996.
Veja os detalhes deste caminho na linha do tempo abaixo:

1988 - Constituição Federal: Define a educação como direito básico e prevê a


fixação futura de conteúdos mínimos para a educação básica.

1996 - Lei de Diretrizes e Bases: Determina a adoção de uma Base Nacional


Comum Curricular para a educação básica.

1997 - Diretrizes Curriculares Nacionais: Reforça a determinação de uma Base


Nacional Curricular e serve de base para os Parâmetros Curriculares Nacionais.

2014 - Plano Nacional de Educação: Define a BNCC como estratégia para


alcançar várias metas.

2015 - Primeira Versão da BNCC: Mec publica primeira versão do documento


para consulta pública.

2016 - Segunda Versão da BNCC: O MEC divulga a segunda versão, redigida a


partir das contribuições da consulta pública.

2017 - BNCC para Educação Infantil e Ensino Fundamental: Documento final


é homologado após debates e aprovação do Conselho Nacional de Educação.

2018 - BNCC para Ensino Médio: Documento final é homologado após debates
e aprovação do Conselho Nacional de Educação.

Para além da definição e promulgação da BNCC, o seu processo de


implementação, previsto inicialmente para até o final de 2021, prevê inúmeros
desafios, sobretudo nos tempos de isolamento social que vivemos hoje. Parte
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essencial do processo de implementação envolve a participação democrática na
forma de audiências públicas que permitam o amplo debate com estudantes,
responsáveis e comunidade no entorno das escolas. Com as instituições fechadas e
acesso à internet indisponível para muitas famílias, muitos desses debates devem
ocorrer somente após o fim do isolamento social.

Nessa perspectiva, a pandemia trouxe inúmeros outros desafios para a


implementação da BNCC. Embora secretarias e conselhos regionais sigam com
intensos movimentos para a construção de documentação específica alinha à BNCC,
a implementação dessa política não deve ser dissociada dos impactos inevitáveis que
a pandemia e a falta de aulas presenciais trará aos estudantes brasileiros.

Ainda assim, vários estados e municípios seguem os processos de consulta


pública e produção de documentação para implementação da base. Como os
referenciais curriculares estaduais referentes à Educação Infantil e ao Ensino
Fundamental já foram alinhados à BNCC ao longo de 2018 e 2019, os esforços agora
se debruçam para a construção do Ensino Médio.

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Referências Bibliográficas

BRASIL. Ministério da Educação. Ensino fundamental de nove anos: orientações


para a inclusão da criança de seis anos de idade. 2. ed. Brasília, 2007.

BRASIL, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Base Nacional Comum Curricular:


educação é a base, Brasília, 2017.

BRASIL. Câmara dos Deputados. Plano Nacional de Educação 2014-2024. Lei


nº13.005, de 25 de junho de 2014.

BRASIL, Referencial Curricular Para a Educação Infantil. Vol. 1. Brasília:


MEC/SEI, 1998.

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REGO, Teresa C. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. 13. ed.
Petrópolis: Vozes, 2002.

SAVIANI, D. A nova lei da educação: trajetória, limites e perspectivas. São Paulo


Autores Associados, 1997.

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