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CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

unidade 3
| Refrigeração |

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Unidade 3 | Refrigeração |

1. Noções básicas de refrigeração


Nas aplicações práticas, a refrigeração engloba a produção
de uma baixa temperatura, bem como sua manutenção.

| Refrigeração |

É a conservação da temperatura de um corpo


abaixo da temperatura ambiente.

| É Bom Saber |

!
O “corpo” pode ser, por exemplo, o ar sendo resfriado por um
sistema de condicionamento de ar, o conteúdo de um
resfriador, um tanque de fazer gelo, etc.

Uma temperatura relativamente baixa pode ser produzida,


colocando-se uma lata de água quente sobre um bloco de
gelo. Naturalmente, o calor passa da água para o gelo e a
temperatura da água diminui. Podemos manter a
temperatura da água em um valor mais baixo que o do meio
ambiente, enquanto nosso estoque de gelo permitir. Mesmo
que tivéssemos um estoque ilimitado de gelo, a
temperatura mais baixa que a água conseguiria atingir seria
justamente a temperatura do gelo. Assim que a água
atingisse essa temperatura, o calor não passaria mais para o
gelo, porque a diferença de temperatura é essencial à
transmissão de calor. Porém, não é possível congelar a água
dessa maneira, pois para isso seria necessário retirar da
água uma quantidade extra de calor, que será apresentado
a seguir como calor latente de fusão.

Nota-se que esse sistema de refrigeração é inútil, quando o


nosso objetivo é produzir gelo ou conseguir temperaturas
mais baixas que a do gelo disponível. Tanto um como outro
desses objetivos poderão ser conseguidos com o uso de um

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ciclo de refrigeração apropriado.

Mas, para que possamos nos aprofundar nesse assunto de


refrigeração, temos de rever alguns conceitos básicos, que
são apresentados a seguir.

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2. Princípios de refrigeração

2. 1. Temperatura

Para podermos dar uma boa noção do que é temperatura,


precisamos, antes, esclarecer como são formadas e como
se comportam as substâncias.

Todas as substâncias são compostas por moléculas. Essas


moléculas permanecem vibrando, devido à energia que elas
possuem.

Esse grau de vibração das moléculas pode ser aumentado


ou diminuído; aumenta quando as moléculas recebem
energia e diminui quando as mesmas perdem energia.

Para medirmos o grau de agitação das moléculas usamos o


conceito de temperatura. Quanto maior a temperatura,
maior o grau de agitação das moléculas, e maior é a energia
interna das moléculas.

Os conceitos de temperatura (grau de agitação das


moléculas) e energia precisam ser bem compreendidos
para que possamos estudar o calor.

2. 2. Calor

O conceito de calor inclui toda a energia que é transferida


de um corpo que seja a uma temperatura mais alta para um
outro corpo a uma temperatura mais baixa. Essa diferença
de temperatura é a causa fundamental para que haja essa
transferência de energia, a que chamamos calor.

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Há três modos de transmissão de calor para os quais


chamamos a atenção, que são:, a convecção, a condução
e a radiação.

A convecção surge a partir de choques entre as moléculas


que formam os corpos, resultando daí a transferência de um
tipo de energia, da substância mais quente para a

| Calor |

É a energia desenvolvida durante o movimento do


corpo.

| É Bom Saber |

A definição correta de calor é um tanto diferente da


interpretação comum da palavra. Normalmente,
emprega-se a palavra “calor” para designar a sensação
que temos ao nos aproximarmos de um corpo a alta
temperatura.
!
substância mais fria, ou de uma molécula mais quente para
outra mais fria.

Na condução, característica de transmissão de calor nos


sólidos, a energia é transmitida ao longo da própria
estrutura molecular da substância. Está claro que, para que
haja condução, é necessário haver algum contato físico ou
um meio tangível ligando as duas substâncias.
Por outro lado, a radiação não precisa de uma ligação
física, pois ocorre através do espaço, já que se trata de um
fenômeno relacionado a ondas eletromagnéticas. Assim, o
calor do sol é recebido por radiação através do espaço
interplanetário.

É interessante, porém, reafirmar que tanto a condução como


a radiação dependem de uma diferença de temperatura para

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a transferência de energia.

O calor pode ser subdividido em dois tipos: calor sensível


e calor latente.
Com relação ao calor sensível, devemos estar sempre
atentos para um fato importante: quando houver troca de
calor entre dois corpos de temperaturas diferentes, essa
troca continuará ocorrendo até eles atingirem uma
temperatura de equilíbrio, ou seja, até os dois ficarem com a
mesma temperatura.

| Calor sensível |

É a troca de calor entre dois corpos quando seu


efeito é provocar uma mudança na temperatura dos
corpos.

| Calor latente |

É a uma troca de calor entre dois corpos quando seu


efeito observado for uma mudança de fase,
ocorrendo sem variação de temperatura (no caso de
substâncias puras).

um pouco de água. A água


| Exemplificando |

Podemos perceber esses dois tipos de calor, por exemplo, em


que aquece, tem sua
temperatura aumentada (calor sensível), até atingir seu
...
ponto de fervura. A partir daí, começa a se transformar em
vapor, sem que sua temperatura se altere (calor latente).

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2. 3. Frio

Freqüentemente, o conceito frio é empregado de maneira


incorreta. O frio não é uma substância, nem mesmo uma
propriedade de uma substância. Trata-se simplesmente de
uma ausência ou falta de calor.

| Frio |

É a ausência ou falta de calor.

Quando se fala em corpo refrigerado, significa que o calor está


sendo removido ou que está havendo perda de calor.

2. 4. Refrigeração

Conhecendo a definição de calor, é mais fácil entendermos o


princípio de refrigeração. A refrigeração nada mais é do que
colocar um corpo de temperatura mais baixa em contato com
aquilo que desejamos resfriar. Dessa forma, o corpo quente
cederá calor para o corpo mais frio.

Ao ceder calor, isso é, ceder energia, a temperatura do corpo


quente irá diminuir; logo, houve a refrigeração.

2. 5. Métodos de refrigeração

O processo de refrigeração pode ser conseguido por várias


modalidades. As mais comuns são:

- com o uso do gelo;


- empregando-se misturas refrigerantes;
- utilizando-se gelo seco;
- por meio de líquidos voláteis.

Dessas, apenas misturas refrigerantes e líquidos voláteis nos


interessa nesse estudo. A seguir, vamos estudar esses
conceitos mais profundamente.

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Misturas refrigerantes

Segundo um princípio do qual se emprega a absorção latente,


as misturas refrigerantes ou refrigerantes químicos funcionam
quando duas substâncias sólidas são usadas quimicamente
para formar um líquido. No caso de gelo e sal, esse é o calor
necessário para transformar o gelo em água sem provocar
qualquer mudança de temperatura.

!
| É Bom Saber |

As misturas refrigerantes não encontram grande emprego


comercial, porém são muito usadas em serviços de
laboratório ou nos casos em que se necessitem, de
imediato, baixas temperaturas. As misturas refrigerantes,
quando se trata de uma mistura de gelo e um composto,
geralmente, um sal, se comportam da seguinte maneira:

O gelo ao se derreter, absorve calor de seus arredores,


formando uma solução salina, que tende a dissolver uma
quantidade maior de gelo.

Para que haja transformação de gelo em água, é preciso haver


calor latente e, se a mistura se achar termicamente isolada de
seus arredores, esse calor só poderá vir do interior da própria
mistura. Haverá, assim, formação de água, que dissolverá
mais sal, até atingir, provavelmente, um essado de equilíbrio,
no qual a concentração permanecerá constante e o sistema
essará isolado de toda e qualquer aplicação externa de calor,
resultando numa temperatura mínima e constante. Entre os
sais mais usados estão os seguintes: cloreto de cálcio, cloreto
de sódio, nitrato de amônia e sulfato de amônia.

Uso de Líquidos voláteis

O método mais comumente usado para produzir frio, em


escala comercial, é o da evaporação de líquidos que possuem
pontos de ebulição extremamente baixos.

Para produzir isso, é necessário que os líquidos empregados, ao


se evaporarem, absorvam calor latente de seus arredores, a fim
de que, desse modo, possam produzir um efeito refrigerante.

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Um exemplo bastante comum é o da fervura da água,


| Exemplificando |

conforme mostram as figuras de 1 a 4. O calor aplicado à água


aumenta a sua temperatura e eventualmente provocará sua
...
fervura a 100ºC, isso é, à pressão atmosférica normal. Se
aplicarmos mais calor, sua temperatura não aumentará,
apenas sua evaporação será mais rápida. Em outras palavras,
a fim de se transformar em vapor, a água deverá absorver
calor de uma fonte externa e, assim, fará com que essa se
resfrie.

100ºC

figura 1
Ao se aplicar calor à água
sob pressão atmosférica
ao nível do mar, ela
começará a ferver e sua
temperatura permanece
a 100ºC.
ÁGUA

3,5 KG/CM² 100ºC 138,3ºC

figura 2

Conforme a pressão sobre a


água é aumentada, a sua
temperatura de ebulição sobe.
Exemplo: a uma pressão 3,5kg
por cm2 o ponto de ebulição
será a 138,3ºC. ÁGUA

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89,3ºC

ALTITUDE
3.000 m

PRESSÃO
ATMOSFÉRICA
703 GR/CM²
ÁGUA ABSOLUTOS

figura 3
Ao aquecer-se a água no alto de uma montanha, a sua ebulição se dará a
uma temperatura abaixo de 100ºC, porque a pressão sobre a água é menor
do que ao nível do mar. Uma diminuição de pressão acarreta uma redução na
temperatura do ponto de ebulição.

0 KG/CM² 100ºC

0 KG/CM²

figura 4
Quando um radiador está
cheio de vapor
proveniente de uma
caldeira, o calor se
transmite do vapor para o
ar ao redor. Se o vapor
do radiador estiver sob
pressão atmosférica esse
se condensará, e tanto
o vapor como a água
estarão a 100ºC, isso é,
a temperatura de ebulição
e a temperatura de
condensação serão
idênticas sob determinada
pressão.

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As temperaturas, com as quais diferentes líquidos entram em


ebulição, variam muito, mesmo quando estiverem sujeitos a
mesma pressão. O fator pressão é importante, porque dele
depende o ponto de ebulição. Quando se menciona o ponto de
ebulição de um líquido, sem nenhuma referência à pressão,
subentende-se, sempre, que essa é a pressão atmosférica
normal, ou seja, 1033,4g/cm2 (14,7 libras por polegada
quadrada).
Essa relação entre a pressão e o ponto de ebulição é muito usada
em refrigeração, e ao se escolhendo um líquido com ponto de
ebulição baixo, consegue-se a absorção do calor exigido para
resfriar a substância que se deseja.
Assim, o frio que será produzido pode variar de vários graus,
alterando-se a pressão e, portanto, a temperatura na qual o
líquido se evaporará.

2.6. Análise do processo de refrigeração


Vamos acompanhar um exemplo, baseado em um refrigerante
comum que é a amônia anidra (isenta de água). Para se ter uma
idéia de como funciona o processo de refrigeração, é necessário
que certa quantidade dessa substância seja considerada como
passando do essado líquido para o de vapor. Suponhamos,
então, que um recipiente cheio de amônia líquida esteja aberto
(figura 5). Estando esse líquido à pressão e à temperatura
atmosféricas, haverá ebulição e a sua temperatura será de -
33,3ºC. Como essa temperatura é bem mais baixa do que a do ar
que circula ao redor do líquido, haverá transmissão de calor para
a amônia, a qual continuará fervendo até evaporar-se
completamente.

AMÔNIA

33,3ºC

figura 5

CALOR Quando a amônia


CALOR
líquida é aquecida à
pressão atmosférica
ao nível do mar, essa
começará a ferver à
temperatura de -
33,3ºC ao invés de
100ºC como no caso
CALOR da água.

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Durante o processo de ebulição, o ar que circula nos arredores


do recipiente ficará resfriado, por causa da transmissão de
calor desse para a amônia.

Quando a amônia tiver evaporado completamente e estiver


terminada a ebulição, terminará também a transmissão de
calor; o efeito refrigerante estará, portanto, terminado.
Podemos perceber que, nessas condições, não seria
econômico empregar a amônia para produzir refrigeração em
escala comercial, pelos seguintes motivos:

- em primeiro lugar, haveria necessidade de um suprimento


- ilimitado de amônia;
- não seria possível controlar o grau de refrigeração ao redor do
- recipiente quanto mais próximo, maior o resfriamento;
- não haveria controle do grau de refrigeração produzido.

Todavia, é possível melhorar esse processo ao se colocar o


recipiente numa caixa fechada e isolada, fazendo com
que os vapores desprendidos pela amônia tenham livre
saída (figura 6).

O material que se deseja refrigerar deverá ser colocado na


caixa. Assim, somente o interior da caixa e o material contido
na mesma é que serão refrigerados e, em conseqüência,
haverá um gasto menor de amônia.
PRESSÃO ATMOSFÉRICA

- 27,7º C

33,3ºC

AMÔNIA
figura 6

Ao se colocar um recipiente contendo amônia líquida num lugar isolado haverá


transmissão de calor para a amônia, pois essa começa a ferver a -33,3ºC. Essa
transmissão de calor refrigera o local provocando uma queda na temperatura
para -27,7ºC. O calor transmitido para a amônia é retirado do local juntamente
com o gás amoníaco.

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Poderá acontecer que o material contido na caixa não


necessite ser refrigerado a uma temperatura de -33,3ºC, ou
seja, o ponto de ebulição da amônia. Podemos utilizar o
seguinte recurso: diminuir o desprendimento de amônia;
assim, será formada uma pressão, que elevará o seu ponto
de ebulição. Como resultado, será menor a diferença entre
a temperatura no interior e no exterior do recipiente. Isso
faz com que seja recolhida uma menor quantidade de calor
no recipiente, isso é, que uma menor quantidade de calor
seja absorvida pela amônia, O resultado será um menor
desprendimento de amônia.

Portanto, diminuindo-se o desprendimento dos vapores


amoniacais (figura a seguir) a temperatura de refrigeração
ascenderá, com conseqüente diminuição rápida de
evaporação. Já vimos que para se empregar um sistema de
refrigeração como esse em escala comercial seriam
necessárias quantidades ilimitadas de amônia. Assim
sendo, a continuidade do processo exige que os vapores
amoniacais sejam recolhidos e transformados novamente
em forma líquida por meio de uma ação externa.

Recuperando-se a amônia desse modo, ela poderá ser


novamente usada. Além do fator econômico, em se
transformar os vapores amoniacais em amônia líquida,
algumas precauções e providências devem ser tomadas, a
fim de que não haja desprendimento livre e contínuo de
amônia. Não menos importante é o fato de que os vapores,
além de possuírem relativo poder de penetração, são
dotados de cheiro acre e desagradável, sendo muito
perigosos.

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VÁLVULA DE CONTROLE

1,65 KG/CM²
- 17,8ºC

AMÔNIA
figura 7

A temperatura do local pode ser controlada mediante adequado ajuste da


válvula no tubo de saída do gás amoníaco. Aumentando-se a pressão sobre a
amônia líquida, por exemplo para 1,65kg/cm2, o ponto de ebulição subirá para -
23,3ºC.

Há dois métodos principais usados na recuperação dos


vapores amoniacais, que são: sistema de absorção e
sistema de compressão. Cada um depende do fato de que o
processo de transformação de um líquido em gás pela
aplicação de calor seja reversível, isso é, o gás volte ao essado
líquido pela remoção de calor.

Sistema de absorção

Esse sistema se baseia no fato de a amônia ser imediatamente


absorvida pela água. Nesse sentido, reportamo-nos ao simples
sistema de refrigeração já citado, no qual a amônia passa para
uma câmara onde é absorvida pela água. Forma-se assim forte
solução amoniacal que é bombeada para um gerador onde é
aquecida por uma serpentina a vapor ou por outro meio
conveniente de aquecimento. A amônia é então expelida sob
pressão, para um condensador, no qual é liquefeita para ser
novamente usada, e o remanescente da fraca solução
amoniacal é restituído à câmara de absorção.

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O sistema de absorção da amônia é de grande importância por


ser, em alguns casos, um meio bastante eficiente de
refrigeração, principalmente onde há desperdícios de calor
provenientes de vapores de escape que podem suprir o
gerador.

Evidentemente, a descrição feita sobre o sistema de absorção


empregado no processo de refrigeração acima referido, é
exatamente elementar. Por outro lado, o equipamento
necessário é complexo. Ele está sendo apresentado na figura
abaixo, de forma simplificada.

ÁGUA DE RESFRIAMENTO

figura 8

Absorvendo o gás amoníaco da


água contida no recipiente e
CONDENSADOR
bombeando a solução sob GÁS AMONÍACO

pressão para um gerador, o gás


amoníaco sob elevada pressão é
expelido mediante aplicação de
calor. Esse gás condensado é GERADOR

enviado de retorno ao recipiente


no essado líquido. CALOR CALOR

SOLUÇÃO
FRACA DE
AMONIA

CAMADA DE ABSORÇÃO

AMÔNIA LÍQUIDA

O sistema de compressão

A amônia, ao ser recuperada pelo sistema de compressão,


tem sua temperatura de condensação aumentada a um valor
ligeiramente mais alto que o da temperatura do meio de
resfriamento usado, que é usualmente a água. Essa operação
é feita mecanicamente ao ser aumentada a pressão do gás por
meio de um compressor (figura 9).

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CONDENSADOR
1,65 KG/CM²
- 17,8º C

AMÔNIA
COMPRESSOR

- 23,3º C

figura 9

A pressão do gás amoníaco pode ser elevada mediante compressão. Isso faz
com que a temperatura de condensação aumente, o mesmo acontecendo
com a temperatura do gás. Porém, a água de resfriamento remove calor,
dando lugar à condensação do gás, que em forma líquida pode voltar ao
recipiente colocado na câmara de refrigeração.

O gás frio, ao ser comprimido, terá sua temperatura elevada


consideravelmente em vista do trabalho de compressão. Esse
aumento de temperatura possibilita ao meio refrigerante, que é
nesse caso a água, absorver calor e manter a pressão, fazendo
com que a amônia retorne à forma líquida. Essa amônia
condensada, quando restituída ao recipiente colocado na caixa
isolada, novamente se evapora e o ciclo continua.

2. 7. Refrigerantes usados

á vimos que a amônia pode ser um elemento refrigerante num


simples ciclo de refrigeração. Mas existem outras substâncias
que são também muito adequadas.

Do ponto de vista da termodinâmica, há uma série de


propriedades que uma substância deve apresentar para ser um
bom refrigerante, ou seja, deve ter um alto calor latente de
vaporização a baixas temperaturas e se condensar facilmente
na presença de fluídos atmosféricos (tais como ar e água). Além
disso, seu ponto de congelamento deve essar bem abaixo das
temperaturas usadas no trabalho, seu ponto crítico deve ser
bem mais alto que as temperaturas de condensação e deve
haver uma diferença mínima na pressão de saturação do
condensador, entre as temperaturas de condensação e
evaporação. Do ponto de vista prático, um refrigerante não deve
ser tóxico nem irritante, não deve formar misturas combustíveis
ou explosivas, nem com lubrificantes nem com o ar, nem pode
ter efeito corrosivo sobre os materiais comumente usados.

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CONDENSADOR

COMPRESSOR
1,65 KG/CM²

- 23,3º C
AMÔNIA
- 17,8º C

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De todos os refrigerantes usados hoje, nenhum deles se


enquadra perfeitamente no que foi abordado anteriormente.

!
| É Bom Saber |

A amônia é muito usada, por causa de sua alta capacidade


refrigerante. Porém, a amônia é inflamável e, sob certas
condições pode formar misturas explosivas. Além disso,
quantidades muito pequenas de amônia no ar tornam-se
extremamente irritantes e, em maiores quantidades, é
perigosamente tóxica.

Além de amônia, há uma série de refrigerantes também


usados, os quais estão relacionados na tabela abaixo,
juntamente com seus pontos de ebulição à pressão
atmosférica.

Ponto de ebulição Pressão de saturação em


REFRIGERANTE Símbolo á pressão atmosférica lb. por pol. quad.
Químico
5ºF no 86º F no
ºF
Evaporador Condensador

Amônia Anidra NH3 - 28,0 19,6 154,5

Dióxido de Carbono CO2 - 109,3 317,3 1028,3

Dióxido de Enxofre SO2 13,8 5,88 51,8

Cloreto de Etila C2H9Cl 55,6 12,4 20,4

Cloreto de Metila CH3Cl - 10,6 21,5 94,70

Cloreto de Metileno 103,6 1,38 9,31


(Carrene I) CH2Cl2
Freon 12
CCl2F2 - 21,6 86,483 108,04
(Diclorodifluorometano)
Freon 11
CCl3F 74,7 2,93 18,186
(Tricloromonofluorometano)
Freon 21 48,0 5,243 31,23
(Dicloromonofluorometano) CHCl2F

Freon 113 CCl2F - CClF3 117,6 0,980 7,56


(Triclorotrifluorometano)
Freon 22 - 41,44 42,88 172,88
(Monoclorodifluorometano) CHClF2

Freon 114 38,4 6,750 36,266


(Diclorotetrafluorometano) C2Cl2F4

Propano C3H8 - 48,0 41,83 154,3

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Dentre esses, destacamos o freon-22, devido à sua


extensa utilização e por ser classificado como não-
tóxico, não-combustível e não-inflamável, sendo ainda
não irritante. Apenas em altas concentrações pode agir
como asfixiante.

Devido às condições de trabalho em que esses


refrigerantes são utilizados, normalmente eles estão em
contato com óleos lubrificantes, também necessários ao
bom andamento dos processos. Por isso, é importante
verificarmos o comportamento desses refrigerantes
(Freons) na presença dos lubrificantes.

Na figura 10 vemos a variação dos pontos de ebulição


com a variação da pressão para alguns dos refrigerantes
mais usados.

figura 10

ponto de ebulição de refrigerantes comuns.

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Anotações

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3. Sistemas que empregam Freon

3.1 Os freons

Do grupo Freon, os mais usados são o Freon 12 e o Freon 22.


Em relação ao óleo lubrificante, os Freons 11, 12, 21 e 113
atuam de modo semelhante e os Freons 22 e 114 têm um
comportamento um tanto diferente.

Nos Freons 11, 12, 21 e 113, o óleo lubrificante é solúvel em


quaisquer proporções, a quaisquer temperaturas e
pressões.

Nos sistemas que empregam esses Freons, quando o fluído


refrigerante sai do condensador ou do reservatório para o
evaporador, ele carrega junto óleo em solução. Esse óleo
não acarretará problemas pois, estando em solução, não
adere às superfícies do evaporador, e conseqüentemente,
não prejudica a transferência de calor.

À medida que a solução de óleo e de Freon entra em


ebulição no evaporador, o gás Freon passa do evaporador
para o compressor. Como o óleo não se evapora, ele fica
retido e tende a aumentar em quantidade. Mas, por outro
lado, a ebulição promove severa agitação na superfície do
líquido, resultando que gotículas de óleo e Freon são
pulverizadas acima do nível do líquido. Como há evaporação
do Freon das gotículas, o óleo que sobra tende a formar uma
névoa de óleo. A alta velocidade do gás Freon arrasta a
neblina de óleo para fora do evaporador e novamante para o
compressor. Em muitos sistemas, a concentração de óleo
atinge um ponto em que a quantidade de névoa devolvida
ao compressor é igual à quantidade de óleo que entra no
evaporador com o refrigerante líquido.

A neblina de óleo, que entra nos cilindros dos


compressores, suplementa o óleo suprido pelo carter ou
pelo lubrificador mecânico. A excelente distribuição que
resulta da presença dessa neblina de óleo faz com que a

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lubrificação dos cilindros que utilizam o Freon seja


sensivelmente melhorada
Em sistemas que utilizam o Freon 22 ou 114, o óleo
arrastado é dissolvido no refrigerante durante a
condensação, fazendo com que, freqüentemente, os dois
se separam no evaporador, permanecendo o óleo em
suspensão no Freon líquido, que é mais pesado. A
temperatura em que o óleo se separa do Freon líquido varia
com a porcentagem de óleo presente e com a sua
qualidade. O óleo em suspensão absorve gás Freon
suficiente para baixar sensivelmente seu ponto de
congelação. O ponto de congelação do óleo só é
importante quando temperaturas extremamente baixas
são necessárias no evaporador.

A formação e distribuição da neblina de óleo em unidades


que empregam os Freons 22 e 114 ocorrem da mesma
maneira como no caso dos outros tipos de Freons. O gás
refrigerante carrega consigo gotículas de óleo apanhadas
durante sua passagem pela camada de névoa de óleo que
flutua sobre o refrigerante líquido.

3.2. Pontos de turbidez e floculação de Freon

Quando uma solução de óleo em qualquer tipo de Freon é


resfriada a baixa temperatura, há certa tendência para
formação de partículas semelhantes à cera, que se
precipitam por toda a mistura, formando uma espécie de
nuvem leitosa. Isso se dá pelo fato de o óleo ser constituído
de uma mistura complexa de substâncias. Embora a maior
parte do óleo permaneça inalterada, certos elementos
cerosos podem ser notados, porque formam uma névoa
leitosa, como foi mencionado acima. Chamamos de ponto
de turbidez do Freon à temperatura, na qual essa névoa
começa a aparecer.

Como os evaporadores são construídos para limitar o


conteúdo de óleo a 10% da mistura Freon-óleo, ficou
estabelecida essa proporção como base para a execução de
todos os ensaios de ponto de turbidez do Freon.

Quando uma mistura de óleo e Freon é submetida a um


subseqüente resfriamento, o aspecto nebuloso do óleo

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aumenta até que, ao alcançar certa temperatura, verifica-se


uma precipitação flocular. Numa mistura de 10%, a
temperatura em que essa precipitação se verifica é chamada
de ponto de floculação de Freon. Os pontos de turbidez e
floculação do Freon na maioria dos óleos não estão muito
distanciados, e para tais óleos o ponto de turbidez do Freon
pode ser usado como indicação da temperatura no sistema,
abaixo da qual provavelmente se manifessarão dificuldades na
válvula do regulador pela eventual formação de depósitos de
cera.

Quando o ponto de floculação do Freon, num certo óleo,


estiver acima da temperatura de operação do evaporador,
haverá precipitação de resíduos sobre as superfícies do
evaporador. Não obstante, esses depósitos tendem a interferir
teoricamente com a transferência de calor; na prática, poucas
dificuldades poderão surgir, provavelmente devido à pequena
quantidade de depósitos em relação à área total da superfície
do evaporador.

Alguns tipos de óleos tendem a precipitar uma espécie de


matéria cristalina (cera), enquanto que os outros formam um
tipo de depósito macio amorfo. A matéria cristalina é propensa
a alojar-se nas curvas, orifícios, válvulas do regulador, tubos
de controle capilares, etc., formando uma espécie de massa
dura. Quando isso ocorre, o bom funcionamento do sistema é
sensivelmente prejudicado.

Embora o tipo amorfo do depósito atue de modo similar, ele


proporciona menor resistência aos movimentos das válvulas,
etc. Muitos sistemas continuam funcionando de maneira
bastante satisfatória, mesmo quando depósitos dessa
natureza estejam presentes.

Não devem passar despercebidos os fatos de que o desenho do


sistema, a sólida construção do regulador, assim como a força
disponível para operá-lo, contribuem sensivelmente para
evitar possíveis dificuldades com as válvulas. As grandes
instalações comerciais, dotadas de reguladores de construção
sólida, poderão operar satisfatoriamente, mesmo em

261
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

presença de grandes quantidades de cristalinos. Em tais


casos, pode-se regular a temperatura do evaporador de
modo bastante preciso, ainda que esteja abaixo do ponto de
turbidez de Freon. Todavia, em pequenos sistemas a
experiência tem demonstrado que depósitos de todos os
tipos, cristalinos ou amorfos, interferem no correto controle
da temperatura.

3.3. Os efeitos da água

As características do ponto de turbidez de Freon de um


determinado óleo costumam serem sumariamente
responsabilizadas pelos defeitos ocorridos na válvula do
regulador, quando, às vezes, a única causadora dessas
anomalias é a presença de umidade no sistema. A umidade
pode prejudicar a regulação do evaporador, provocando a
formação de depósitos ferruginosos, de óleo emulsificado
ou ainda precipitação de resíduos. Todavia, devido à
formação de gelo, a umidade poderá tornar o regulador
completamente inoperante.

Algumas leves pancadas na parte externa de uma válvula


emperrada poderão libertar os cristais de gelo remediando,
assim, a situação temporariamente. (esse serve apenas de
exemplo, que não dever ser colocado em prática).

Contudo, em se tratando de depósitos de óleo ou cera, as


pancadas não resolvem. Esses depósitos só poderão ser
eliminados depois de localizadas as causas que devem ser
eliminandas na origem.

262
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

Anotações

263
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Unidade 3 | Refrigeração |

Anotações

264
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Unidade 3 | Refrigeração |

Anotações

265
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

4. Elementos do sistema de refrigeração

O sistema de refrigeração é composto basicamente por um


compressor, um evaporador, uma válvula de expansão, ou
regulador, e um condensador.

Função do compressor

O compressor tem por função elevar a pressão do fluído


refrigerante com o objetivo de manter o fluído circulando
pelo sistema. No ato da compressão o fluído sofre uma
pequena elevação de temperatura, sendo posteriormente
resfriado no condensador.

Função do condensador

O condensador tem por função abaixar a temperatura do


fluído refrigerante, e isso será conseguido colocando o fluído
em presença de uma fonte fria, ou seja, em presença de
alguma substância à temperatura mais baixa do que a
temperatura do fluído. Quando isso é feito, o fluído (fonte
quente) cede calor para a substância fria; conseqüentemente
sua temperatura irá diminuir.

Ao sair do condensador, o fluído passará por uma válvula de


expansão. Essa válvula tem a função de diminuir a pressão
do fluído refrigerante e, conseqüentemente, a temperatura
do fluído irá diminuir ainda mais.

| É Bom Saber |

!
Quando um fluído é comprimido (compressor) sua temperatura
sobe, e quando expandido (válvula de expansão), sua
temperatura diminui.

266
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

Depois que a temperatura do fluído já se encontra


suficientemente baixa, usamos esse fluído para refrigerar.
Essa é a parte principal do processo de refrigeração, e
ocorre no evaporador.

Função do evaporador

O que o evaporador faz é simplesmente colocar o fluído à baixa


temperatura em contato com o meio que se deseja refrigerar.
O processo será inverso ao do condensador, o ambiente a
refrigerar será a fonte quente e o fluído será a substância fria.
Dessa forma, o ambiente cederá calor ao fluído refrigerante e,
conseqüentemente, terá sua temperatura diminuída. Por
outro lado, o fluído receberá calor, conseqüentemente terá
sua temperatura aumentada, chegando a passar do estado
líquido para o estado de vapor.

Saindo do evaporador na forma de gás à baixa pressão, o


fluído será levado ao compressor para reiniciar o ciclo.

figura 11

267
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

figura 12

sistema de refrigeração

figura 13

diagrama de mollier
(ciclo de refrigeração)

268
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

O funcionamento básico do sistema de refrigeração ideal,


conforme o Diagrama de Mollier (PxH) anterior, é :

1) A - B compressão Isoentrópica ( s= CTE)

Temos a sucção do gás (freon, NH 3, CO 2, etc) à baixa pressão


(P 1) e temperatura ainda fria T 1. Após a compressão no
ponto 2 temos alta pressão P 2 e alta temperatura T 3. O gás
está então à alta pressão e à alta temperatura.

2) B - C resfriamento Isobárico (condensador, P = CTE)

Baixamos a alta temperatura T 3 até a temperatura T 2 que


está próxima a da água, que é o fluído refrigerante. O
condensador (ou trocador de calor) não tem perda de carga
(é mínima) e portanto, a pressão P 2 da entrada se mantém
na saída. Teremos, então, no ponto C, líquido saturado à
alta pressão.

3) C - D expansão isoentálpica (válvula expansora,


H = CTE)

Na válvula expansora ocorre o efeito Joule-Thompson


reduzindo a alta pressão P 2, para a baixa P 1 . Ao mesmo
tempo ocorre uma brusca queda da temperatura T 2 até T 4.
Pela 2ª lei da termodinâmica, como já foi visto
anteriormente, no efeito isoentálpico a entalpia do
processo não varia ( H = CTE, H 3 = H 4). No processo não
há geração de trabalho e é considerado adiabático, assim:

2ª lei H=Q-W
H=Q-W Q= 0

0 0 W=0
H = 0 ou H 4 - H 3 = 0, logo H4 = H3

Após a expansão temos, então, duas fases: líquido e vapor


à baixa pressão e à baixa temperatura.

269
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Unidade 3 | Refrigeração |

4) D - A Aquecimento Isobárico (Evaporador, P = CTE)

Nesse ponto vamos ter o aquecimento da mistura líquido e


vapor, transformando-a toda em vapor (calor latente e calor
sensível).

Com a troca de calor há um resfriamento de outro fluído


qualquer no evaporador (ou trocador de calor) podendo ser
água, ar, outros gases, etc. Assim, temos novamente gás à
baixa pressão P 1 e a temperatura T 1 na entrada do
compressor. Novamente, em se tratando de um trocador de
calor, a pressão é considerada constante.

4.1. Separadores de óleo

Certa quantidade de óleo enviado ao compressor, a fim de


lubrificar os cilindros e outras partes móveis, pode ser
arrastada juntamente com o gás refrigerante sob a forma de
neblina, e poderá afetar, ou não, o funcionamento do
sistema, dependendo do refrigerante empregado. Alguns
refrigerantes, como os Freons, o Cloreto de Etila, e o Cloreto
de Metileno, são miscíveis com óleos lubrificantes,
enquanto outros tipos de refrigerantes não são:

| É Bom Saber |
Nos sistemas que empregam refrigerantes, que não se
misturam com óleos lubrificantes, é aconselhável remover
os mínimos traços de óleo antes que o refrigerante entre no
condensador.
!
Caso isso não seja feito, pequenas gotas de lubrificantes
serão arrastadas para o interior do sistema, promovendo
acúmulo de óleo no condensador, o que poderá causar uma
condensação deficiente, dado que a película, que tende a se
formar dentro das superfícies das tubulações, interfere
seriamente com a transferência de calor que se processa
nessas tubulações. A fim de evitar operação imperfeita, o
que resultaria nessas condições, é necessário colocar um
dispositivo separador de óleo entre a saída do compressor e
a entrada do condensador.

270
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

A figura a seguir mostra o desenho de um separador de óleo.


O gás refrigerante contaminado com óleo move-se
helicoidalmente dentro de um recipiente fechado, fazendo
com que as partículas de óleo se depositem nas paredes
laterais do separador, escorrendo para o fundo do recipiente,
de onde podem ser retiradas.
Sob pressão muito elevada, o óleo pode absorver
determinada quantidade de gás refrigerante que é
imediatamente libertada quando o óleo entra novamente em
contato com o ar.
O cheiro acentuado da amônia será percebido quando for
utilizada. Para eliminar o cheiro bastante desagradável, e
evitar grande desperdício de gás refrigerante, faz-se com
que o separador de óleo seja ligado a um tambor, no qual o
óleo permanece em repouso, permitindo, assim, que o gás
se evapore. Esses tambores dispõem de uma resistência
elétrica de pequena potência que produz calor para
aumentar a recuperação do freon do óleo. Este gás
acumulado no tambor é levado para o lado de sucção do
compressor.
Quando os compressores funcionam no sistema de
compressão a seco, a descarga poderá ficar excessivamente
aquecida e, sendo que a maioria dos óleos lubrificantes
possui um ponto de inflamação bastante baixo, poderá haver
evaporação das frações mais leves. Por isso, é aconselhável
instalar-se o separador de óleo o mais distante possível do
compressor, a fim de resfriar-se a descarga suficientemente,
com o que as frações mais leves do óleo se condensam.

figura 14
separador de Óleo Sterne
O gás refrigerante ao entrar no
recipiente do separador faz um
movimento espiral tocando no interior
do mesmo. As gotículas de óleo presas
se desprendem do gás recolhendo-se
ao fundo do recipiente. O dreno de
borra destina-se a remover sujeira,
etc., que possa se formar no fundo do
recipiente. O retorno do óleo é ligado
por uma válvula de retenção e visor
com o tambor de recuperação e ás
vezes com o tanque do compressor.
Periodicamente, quando a instalação
se acha em funcionamento, a válvula
deve ser aberta verificando-se, então,
o estalo típico, indicação de que o óleo
que fica no fundo do separador é
expelido pela pressão principal do
recipiente por meio do tubo, e de
retorno ao cárter. O emprego de um
visor permite determinar rapidamente
o ponto em que o refrigerante é
expelido de volta ao cárter.

271
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

figura 15

Separador de Óleo York

272
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

Os sistemas de refrigeração, que empregam refrigerantes


que se misturam com óleos, também usam dispositivos na
linha de descarga do compressor para separar o óleo. Uma
dessas unidades é mostrada na figura 16. Todavia, somente
é possível extrair-se o óleo desses refrigerantes, enquanto
os mesmos estiverem vaporizados.

figura 16

separador de óleo da
SABROE ATLAS DO BRASIL LTDA.

273
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

figura 17
Separadores de óleo para sistemas
que empregam o Freon.

A presença do óleo num sistema que


emprega Freon geralmente não é
prejudicial, não havendo, às vezes,
necessidade de se usar separadores de
óleo. Onde houver em excesso saindo
do compressor, é necessário instalar-se
um separador automático de bóia.
Quando há óleo em quantidade
suficiente, a bóia abre a válvula de
drenagem fazendo com que esse
retorne ao cárter do compressor.

Para se evitar que o Freon condense e


seja drenado para o cárter juntamente
com o óleo, o separador deve ser
mantido a uma temperatura mais alta
do que a temperatura de condensação,
devendo ser colocado próximo ao
compressor e ficar livre de correntes
de ar.

4.2. Condensadores

Depois de passar pelo separador de óleo (se houver), o


refrigerante aquecido sob a forma de gás é descarregado
em um condensador no qual o resfriamento remove o calor
absorvido pelo refrigerante no compressor.

Considerando que a pressão mantida pelo compressor no


condensador é aquela a qual o gás refrigerante se condensa
à temperatura reinante do condensador, a remoção de calor
liquefará o refrigerante, que, então, escorre por gravidade
para um tanque.

Na prática industrial, o meio usual de resfriamento é a água


fria, exceto em algumas unidades pequenas que também
empregam o resfriamento por ar.

Para manter a pressão mínima possível ou fazer com que


seja mínimo o consumo de força no compressor, a água de
resfriamento deverá estar tão fria quanto possível e a
superfície de intercâmbio de calor deverá estar
devidamente limpa. Se as superfícies de troca de calor
estiverem sujas, impedem a troca e provocam um aumento
na temperatura de condensação e, conseqüentemente,
uma pressão mais elevada. A presença do gás não-
condensável (ar) num sistema poderá também provocar um
aumento na pressão, bem como consumo maior de
potência, por tonelada de refrigeração.

274
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

De certo modo, as pressões elevadas tendem a diminuir o


rendimento do compressor.
Há quatro tipos principais de condensadores que utilizam
água como meio de resfriamento. São eles:
. submersos;
. atmosféricos;
. cilíndricos com tubos;
. de tubulação dupla.

Condensador submerso
Esse tipo de condensador é o mais simples (figura 18). As
serpentinas dentro das quais circula o gás refrigerante
aquecido, são imersas num recipiente contendo a água de
resfriamento. Os terminais inferior e superior dessas
serpentinas ficam dispostos de modo a evitar que suas
juntas fiquem imersas. Esse é um ponto muito importante.

| Exemplificando |

Se houver vazamento nas serpentinas debaixo da água, e


especialmente em se tratando da amônia, essa é
imediatamente absorvida pela água, resultante em
desperdício de refrigerante
...
figura 18
Nesse tipo de condensador, as serpentinas
em forma de tubos contendo gás-
refrigerante, se acham submersas em um
tanque com água de resfriamento. A água
entra pelo fundo do tanque e sai pelo topo,
enquanto o refrigerante circula em direção
contrária. Mediante o princípio de contra-
corrente é possível manter-se uma
temperatura diferencial através do
condensador. O movimento que a água de
resfriamento faz sobre as serpentinas é um
tanto moroso, afetando, assim, a rápida
transmissão de calor. Para se eliminar essa
anomalia, deve-se aumentar o número de
espirais de serpentinas, o que faz com que a
superfície de transmissão de calor seja
aumentada ou, então, se instale um
dispositivo para agitar a água. O
encaixamento compacto das serpentinas
torna a limpeza muito difícil,
proporcionando, conseqüentemente, uma
provável formação de bolhas de ar que
apresentam acentuada tendência a grudar
nas incrustações e outros depósitos que
possam se encontrar nas superfícies
externas das serpentinas. O efeito isolante
dessas bolhas interfere seriamente com a
transmissão de calor que se verifica entre o
refrigerante e a água de resfriamento.

275
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

O gás refrigerante sob alta pressão penetra pelo terminal


superior, saindo pelo terminal inferior sob a forma de
líquido.

A água de resfriamento circula em direção oposta, entrando


pelo fundo do recipiente e saindo pelo topo.

Esse princípio de circulação imersa garante uma diferença


de temperatura através de todo o condensador. A água fria
entra continuamente pelo fundo do recipiente e ao ser
aquecida, por convecção, sobe automaticamente para as
camadas superiores.

Muito embora o tipo de condensador submerso seja


extremamente simples, não é largamente empregado. É
comparativamente deficiente principalmente nos sistemas
em que há falta de espaço; porém, mesmo assim, é muito
pouco usado.

Geralmente, quando se diz que grandes quantidades de


água passam por um condensador submerso, isso significa,
em verdade, que grande quantidade de água absorve
apenas uma pequena porção de calor do refrigerante. Além
disso, pequenas bolhas de ar tendem a formar-se pelo lado
externo das serpentinas, criando, assim, uma parede
isolante do calor.

Condensador atmosférico

Esse tipo de condensador pode funcionar tanto pelo sistema


contra-corrente, como pelo sistema de circulação em
paralelo.

No primeiro caso, ele costuma ser chamado de condensador


afogado e, no último, de condensador evaporador.

Em cada caso o refrigerante circula por uma ou mais


serpentinas que se acham dispostas horizontalmente. Os
tubos estão interligados por meio de curvas, formando a
serpentina. Dado que várias serpentinas são empregadas, a
quantidade dessas dependerá da capacidade do sistema de
refrigeração. Essas são unidas pelos cabeçotes, a fim de que
o processo de condensação seja distribuído uniformemente
em toda a unidade. Acima de cada serpentina há um tubo ou
calha, perfurado no lado de baixo, para que a água de
resfriamento possa gotejar sobre as serpentinas que
contêm o gás refrigerante.

276
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

A água do resfriamento é recolhida para um tanque


localizado debaixo da serpentina e é jogada ou aproveitada
n o va m e n t e . F r e q ü e n t e m e n t e , o s c o n d e n s a d o r e s
atmosféricos são expostos ao relento para que o ar ajude a
condensar o refrigerante.

Nesses casos, costuma-se colocar uma proteção do tipo de


veneziana ao longo das serpentinas para evitar que as
correntes de ar desviem a água de resfriamento das
tubulações e ao mesmo tempo permitam a livre circulação
do ar ao redor.

No condensador do tipo afogado o gás refrigerante entra


pela parte inferior da serpentina e circula para cima. Desse
modo, o gás refrigerante em ascensão é posto em contacto
com o refrigerante condensado, surgindo daí a
denominação de afogado. Esse tipo é baseado na teoria de
que há maior transferência de calor de uma mistura de
vapor e líquido refrigerante para a água de resfriamento do
que unicamente do vapor superaquecido para a água.

Por outro lado, os condensadores evaporadores recebem,


geralmente, o gás refrigerante pela parte superior da
serpentina e o refrigerante condensado é removido pela
parte interior. A água de resfriamento permanece a uma
temperatura praticamente constante, conforme vai
escorrendo pela superfície das serpentinas que contêm o
refrigerante, de vez que o calor da condensação, através de
todo o sistema, é equilibrado mediante a evaporação de
certa quantidade de água.

figura 20
Condensador do tipo Inundado ou Sangrador

Nos condensadores atmosféricos é impossível empregar totalmente o princípio de contra-


corrente, de vez que a água de resfriamento deve cair sobre as serpentinas por gravidade.
O gás comprimido entra pelo fundo e se condensa ao subir através dos tubos. Há formação
de líquido que corre em direção ao fundo tocando nas superfícies aquecidas e com
tendência a se evaporar novamanete. Esta tendência pode ser eliminada mediante
drenagem do líquido pelos tubos sangradores que são instalados no interior das
serpentinas como mostra a figura ao lado.

277
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

Esse princípio de condensação pode ser melhorado,


empregando-se um ventilador elétrico para aumentar a
circulação de ar ao redor das tubulações e permitindo, assim,
que a água de resfriamento se mantenha fria pela evaporação.

A figura a seguir mostra um exemplo de tal tipo de unidade.

figura 21
Condensador evaporador

O gás refrigerante aquecido descarregado pelo compressor através das serpentinas do


condensador é resfriado e liquefeito pela água fria dos bocais. O refrigerante liquefeito
passa para o reservatório, a fim de ser eventualmente recuperado. O ventilador
provoca a evaporação de uma certa quantidade de água que é resfriada ao cair sobre as
serpentinas do condensador e ao voltar ao tanque faz a recirculação pelos bocais de
pulverização.

278
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

Condensador cilíndrico com tubos

Esse tipo de condensador pode ser montado em posição


vertical (figura 11) ou horizontal (figura 12). A água de
resfriamento circula dentro de tubos localizados no interior
de um cilindro, sendo que o gás refrigerante circula em volta
dos referidos tubos.

As unidades de condensadores consistem, geralmente, de


um certo número de cilindros dotados de alguns tubos
condensadores que são alocados uns sobre os outros em
paralelo, conforme mostra a figura 12. O gás refrigerante é
enviado a cada um desses cilindros, e o refrigerante líquido
é drenado de cada um deles para um tanque. Geralmente, a
água de resfriamento passa um certo número de vezes
através de cada unidade.

figura 22
Condensador cilíndrico com tubos tipo vertical

A água condensada flui pelas serpentinas do condensador vertical por gravidade. Ela
penetra na caixa d'água e cai sobre o anel de distribuição e as serpentinas. Os vários
tipos de distribuidores são inseridos no interior da extremidade superior das
serpentinas, promovendo o movimento espiral da água que entra e aumentando, assim,
a quantidade de calor transmitido do gás refrigerante aquecido para a água resfriada.

279
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

figura 23
A Condensador cilíndrico com
tubos tipo horizontal
multifásico

O condensador dessa figura A


consiste de um empilhamento de
cinco pequenos condensadores
cilíndricos com tubos. O gás
aquecido é descarregado do
compressor e enviado para uma
extremidade de cada um dos
cilindros do condensador, sendo o
líquido drenado pela extremidade
oposta. A água de resfriamento
circula pelos tubos apoiados por
placas tubulares no cilindro de cada
B condensador. A caixa de água de
cada extremidade do cilindro é
dividida, promovendo, assim, uma
circulação contínua pelas
serpentinas do condensador.
Poderão ser instalados vários
conjuntos de condensadores
semelhantes ao ilustrado. A figura B
mostra uma válvula hidráulica
operada por pressão, a qual é
colocada na entrada da linha de
água. A pressão principal do
refrigerante que cai dentro do
condensador controla a quantidade
de água de resfriamento que entra
no condensador, possibilitando um
perfeito controle de escoamento de
água de resfriamento, podendo ser
aumentada automaticamente com
a elevação da pressão principal (e
temperatura) e reduzida ao ser
diminuída a pressão principal.

Condensador de tubulação dupla


O condensador de tubulação dupla é empregado onde os
chuveiros de água são considerados prejudiciais ou
impraticáveis. Esse princípio não pode ser adotado no caso
em que a água de resfriamento se apresenta com tendência
à formação de incrustações.
Esse tipo de condensador é composto de uma ou mais
serpentinas, cada um das quais contém um tubo menor em
seu interior, conforme mostra a figura 24. Por meio de
guarnições apropriadas, os terminais das tubulações
internas são ligados em conjunto, a fim de formarem uma
única e contínua passagem, na qual a água de resfriamento
circula.

280
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

O espaço anular entre as tubulações forma também uma


passagem contínua, utilizando guarnições adequadas, e
nesse espaço circula a refrigerante. Os vapores entram pelo
topo e saem pelo fundo, enquanto que a água de
resfriamento circula do fundo para o topo.

Portanto, o condensador funciona sob o princípio da


circulação em contra-corrente. Sendo a velocidade de
transferência de calor bastante alta, a unidade
condensadora será, por conseguinte, muito eficiente. Em
vista de ser esse tipo de condensador completamente
embutido, pode ser adaptado às condições mais variáveis,
encontrando, assim, um campo de aplicação bastante
extenso.

As unidades condensadoras de tubulação dupla podem ser


planejadas de modo a permitir que o refrigerante líquido se
forme em uma ou duas tubulações inferiores, em cujo caso
eles podem ser chamados de condensadores inundados de
tubulação dupla.

figura 24
Condensador de Tubulação Dupla

Esse tipo de condensador emprega certa quantidade de serpentinas que são instaladas
dentro dos tubos. As secções individuais são ligadas pelas extremidades,
alternadamente, por meio de guarnições curvas de tubulação dupla, de modo a
formarem uma serpentina contínua do tamanho desejado. O gás refrigerante flui pelo
espaço anular existente entre as duas tubulações e a água de resfriamento pela
serpentina interna. A água de resfriamento entra pelo fundo do condensador e é
descarregada pelo topo. O gás refrigerante entra pelo topo, sendo o refrigerante
líquido drenado para o reservatório pelo fundo. Esse reservatório está inclinado em
direção ao dreno de óleo e equipado com um medidor de nível e uma ligação para a
purgação do gás não condensável.

281
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

Purgadores

É pouco provável que qualquer sistema de refrigeração


funcione durante longos períodos sem que o refrigerante
sofra alguma espécie de contaminação. Ar e outros gases
não condensáveis poderão penetrar no sistema durante seu
funcionamento ou originar-se de refrigerante impuro, óleo
lubrificante inadequado, composto para estiragem dos
tubos ou ainda de um preventivo contra a ferrugem.
Geralmente, os gases não condensáveis se acumulam no
condensador e anunciam sua presença pelo aumento da
pressão principal e pelo aquecimento acentuado dos tubos
de descarga do compressor.

Esses gases devem ser removidos periódica ou continuamente,


conforme os meios disponíveis para a sua remoção, a fim de se
manter um consumo de potência reduzido.

Nem todos os gases não condensáveis se acumulam nas


partes altas do condensador. Alguns dos mais pesados
contaminantes gasosos se acumulam no fundo de
condensador, sendo então arrastados para o interior do
reservatório. Uma vez no reservatório, eles se separam do
refrigerante líquido, necessitando, então, ser purgados pela
parte de cima da unidade condensadora.

A purgação mais simples consiste em se instalar uma


válvula de descarga manual no topo do condensador, que
poderá ser facilmente aberta tantas vezes quantas forem
necessárias.

Os gases que escapam deverão ter livre acesso ao ar;


porém, como esse processo também provoca perda de
refrigerante, é mais comum efetuar a purgação do sistema
de modo a evitar desperdício de refrigerantes. Algum
sistema de purgação deve sempre existir no condensador, e
na maioria das vezes também no reservatório e, em
verdade, em qualquer parte do sistema de refrigeração
onde a experiência mostra haver propensão de os gases não
condensáveis se aculularem.

282
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

Existem vários tipos de purgadores à venda, os quais


empregam a refrigeração para condensar o gás
refrigerante, separando-o assim dos gases não
condensáveis. O refrigerante condensado retorna ao
reservatório e elementos não condensáveis têm livre saída
para a atmosfera. Alguns tipos de purgadores também são
apropriados para eliminar a água.

O purgador da figura 25 é uma unidade operada


manualmente, devendo ser objeto de atenção periódica por
parte do operador.

Outros tipos de purgadores são feitos para funcionar


contínua e automaticamente, necessitando apenas
cuidados esporádicos de quem o opera.

figura 25

Condensador de Tubulação Dupla

Operando-se esse purgador manual periodicamente, é possível remover os gases não


condensáveis do sistema em que há apreciáveis perdas de refrigerantes. Esses gases
geralmente se acumulam no topo do condensador e do reservatório, motivo por que
esses últimos devem ser ligados ao purgador.

Cada unidade deve ser purgada em separado. E para operar o purgador é necessário
que todas as válvulas estejam perfeitamente fechadas, abrindo-se então as válvulas de
sucção e de entrada de gás. O gás refrigerante, contendo elementos não condensáveis,
entra pelo tubo do purgador. Abrindo-se parcialmente a válvula de expansão, haverá
penetração de refrigerante líquido dentro da serpentina e essa, ao ser aberta em
direção à sucção do compressor, faz com que o refrigerante líquido se evapore,
resfriando os gases em redor a uma temperatura que corresponde à pressão de sucção
do compressor.

283
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

Isso provoca a condensação do gás refrigerante que se acha no purgador. Quando o


nível do líquido aparece no visor superior deve-se fechar a válvula de expansão,
abrindo-se em seguida a válvula de drenagem do líquido, para que o refrigerante
condensado passe pela serpentina em direção à sucção do compressor. Quando o nível
do líquido é visto no visor inferior, as válvulas de drenagem do líquido e de entrada de
gás devem ser fechadas e, ao abrir-se a válvula de purgação, os gases ganharão o ar
pelo bequer de água. Isso faz com que o gás que escapa seja visto, servindo igualmente
para vedar o sistema contra a entrada de ar.

Após a saída dos gases do purgador a válvula de entrada de gás do reservatório ou do


condensador deverá ser aberta repetindo-se o processo até que haja completa
remoção dos gases não condensáveis. Isso é indicado pela temperatura que aparece no
manômetro de pressão do recipiente (temperatura de saturação) declinando para a
indicada no termômetro.

4.3. Reservatório de líquido

Como o próprio nome indica, o reservatório de líquido


(figura 24 do item 4.2) é um tanque coletor que
desempenha a função de depósito do refrigerante líquido
procedente do condensador. Esse reservatório é dotado de
suficiente capacidade para conter a quantidade total de
refrigerante do sistema. Quando se emprega a amônia, o
reservatório é geralmente equipado com um dreno para
óleo para dar saída a quaisquer resíduos de lubrificantes
arrastados pelo refrigerante líquido. Isso é possível por que
a amônia líquida é mais leve do que o óleo, fazendo com que
reservatório sirva como um separador adicional de óleo.

!
| É Bom Saber |

O reservatório deve ser aparelhado com vidro indicador de


nível para que seja possível verificar rapidamente a altura
do nível de líquido. Isso é de grande importância, uma vez
que a quantidade de líquido presente no reservatório é
uma indicação do funcionamento eficiente.

figura 26

284
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

4.4. Resfriadores do refrigerante líquido

Se o refrigerante líquido, contido no reservatório, for


resfriado antes de ser transferido para o regulador ou válvula
de expansão, a quantidade de líquido que se evapora será
reduzida à medida que a pressão for caindo.

Realmente, isso faz com que a eficiência do evaporador seja


também aumentada, promovendo assim uma diminuição no
consumo de força da unidade compressora. Além disso, o
resfriamento do líquido reduz a turbulência e melhora
sensivelmente as condições de operação da válvula,
possibilitando um funcionamento mais suave e um controle
mais adequado.

A figura 16 mostra um resfriador de líquido instalado no


circuito. Esse resfria o refrigerante antes que o mesmo
penetre no resfriador de salmoura.É constituído por um tubo
adotado de uma tomada para o refrigerante líquido e de um
orifício de descarga para os vapores, o qual se acha ligado à
sucção do compressor de alta pressão.

figura 27
Instalação de estágio duplo com compressor duplo.
Nesse tipo de instalação, a compressão do gás refrigerante é feita em dois cilindros de um
compressor simples. Um serve para o estágio de baixa pressão e o outro para o estágio de
alta pressão. O inter-resfriamento que se processa entre os estágios é feito pela
evaporação do refrigerante líquido no inter-resfriador constituído apenas por um tanque.
Refrigerante líquido em excesso é enviado por gravidade ao resfriador de líquido, que é
ligado com a sucção do estágio da alta pressão. Nesse resfriador, o refrigerante se evapora
resfriando a maior parte do líquido que se destina ao evaporador, sendo chamado, nesse
caso, de resfriador de salmoura, pelo fato de resfriar a salmoura usada em alguma outra
parte da instalação. A drenagem dos separadores e das serpentinas é enviada a um
tambor e destilador central de recuperação de óleo. Uma ligação com a sucção da baixa
pressão faz com que seja evaporada a amônia líquida, que é drenada juntamente com o
óleo para dentro do reservatório.

285
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

O líquido a ser resfriado circula por uma serpentina instalada


no interior de um tubo, mantendo-se, evidentemente, em
estado líquido ao sair. A ação de resfriamento é obtida
mediante a evaporação de refrigerante líquido admitido no
tubo por uma válvula de expansão.

Qualquer óleo lubrificante, que possa separar-se do


refrigerante no tubo resfriador, tende a depositar-se no
fundo, de onde deve ser drenado.

4.5. Resfriadores de líquidos e gases

A figura a seguir mostra de maneira detalhada um tipo de


resfriador de líquidos e gases. Observamos que a sua
construção e sistema de operação são basicamente
similares ao tipo do resfriador de líquido ilustrado na figura,
com exceção de que, nesse caso, os gases aquecidos, que
são descarregados de um compressor de baixa pressão, são
submetidos a um resfriamento intermediário antes de
passar à próxima fase de compressão, sendo depois
resfriados a uma temperatura próxima daquela
correspondente à pressão no resfriador, a qual, por sua vez,
deve ser igual à pressão de sucção da fase de compressão
seguinte.

A finalidade precípua do resfriamento intermediário


consiste em reduzir a temperatura do gás refrigerante entre
as fases de compressão.

Reduzindo-se o volume de gás refrigerante aspirado pela


fase de compressão seguinte, resulta uma diminuição no
consumo de força motriz.

Além disso, as temperaturas de descarga do compressor


ficam igualmente reduzidas, fazendo com que o óleo
lubrificante seja submetido a condições de serviço menos
severas.

286
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

figura 28
Pré-Resfriador/Inter-Resfriador
U.D.

Um pré-resfriador/inter-resfriador ou
resfriador de líquido e de gás é instalado
entre os estágios de um sistema
monofásico.

O resfriador líquido quente em seu


trajeto do reservatório ao evaporador,
passa por uma serpentina colocada na
metade mais faixa do recipiente do
resfriador. Essa serpentina está
submersa em refrigerante líquido
mantido num nível constante por uma
válvula flutuante, instalada na linha
principal do líquido. Uma certa
quantidade de líquido é absorvida pelo
gás, o que faz com que seja resfriado o
remanescente a uma temperatura
correspondente a pressão acima do
mesmo. O gás refrigerante quente é
descarregado de um estágio menor de
compressão, e entra no resfirador por
um tubo que se prolonga para dentro do
líquido na parte mais baixa do
recipiente. A parte do tubo que fica
submersa é perfurada, possibilitando,
assim, que o gás seja absorvido pelo
líquido. O líquido começa a ferver e o
gás resultante é enviado para a entrada
do estágio maior de compressão.
Qualquer óleo que permanecer no gás
refrigerante quente se depositará na
unidade podendo ser drenada à medida
que se fizer necessário, contando que o
refrigerante não seja miscível de óleo.

Embora os resfriadores intermediários possam utilizar a


água como meio de resfriamento, sendo neste caso,
similares aos condensadores do tipo cilíndrico com tubos,
um maior grau de resfriamento pode ser conseguido
mediante evaporação de refrigerante líquido para produzir
a ação do resfriamento.

O resfriador de líquidos e gases também preenche uma


finalidade importante embora secundária, pois separa o
óleo lubrificante arrastado com o refrigerante, concorrendo
deste modo para a sua completa remoção do sistema.

287
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

4.6. Destiladores de óleo

A figura 27 (ítem 4.4 - Resfriadores do refrigerante


líquido) mostra uma instalação na qual se acha
incorporado um destilador de óleo. Essa unidade serve
para retirar qualquer quantidade de óleo arrastada
pelo refrigerante dos separadores de óleo, dos
recipientes de líquidos, resfriadores, evaporadores,
etc. Não só haverá menor desperdício de refrigerante
como também o óleo drenado dessas unidades será
mais comodamente removido.

A figura 29 mostra uma forma de destilador no qual o


calor dissipado em condensar água, ou outra fonte
adequada de calor, é empregado para destilar o gás
mistura óleo-refrigerante, tirado dos vários
separadores de óleo. O gás refrigerante é aspirado
pela sucção do compressor. O óleo remanescente
retorna ao cárter do compressor.

figura 29

Destilador de Óleo

O destilador serve para recolher


o óleo removido dos
separadores de óleo,
reservatórios de líquidos, etc., e
que contenha uma quantidade
de refrigerante. O óleo
aquecido pela água quente do
condensador ou por outros
meios adequados, sendo o gás
desprendido retornado à
sucção de compressor. O óleo
remanescente é enviado para
um tambor de recuperação ou
para o tanque de compressor.

| É Bom Saber |

Nunca se deve forçar a operação de um destilador. A ebulição


violenta deve ser evitada, pois pode misturar o óleo e o
refrigerante ao invés de separá-los.
!
288
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

O destilador de óleo é na realidade um sistema mais


aperfeiçoado de recuperação de óleo lubrificante.

O destilador mostrado é de uso em sistemas que empregam


refrigerantes do tipo não miscível com óleo. Dispositivos
similares costumam ser usados quando o óleo lubrificante é
solúvel do refrigerante. Eles têm especial aplicação quando a
concentração de óleo no evaporador se torna excessiva,
apesar de o sistema ter sito dotado de características
destinadas a limitá-las a valores razoáveis.

figura 30
Instalação Bifásica com Compressor Auxiliar Rotativo

Sendo baixa a pressão de sucção necessária a baixas temperaturas de refrigeração,


uma libra de gás proveniente do evaporador possui um volume acentuadamente
grande. A fim de conter grandes volumes, as instalações de múltiplos estágios podem
empregar compressores rotativos para o primeiro estágio ou estágio de baixa
pressão. Este tipo de compressor trabalha a altas velocidades, sendo que uma
unidade relativamente pequena contém uma grande quantidade de gás rarefeito. Tal
compressor é bastante eficiente sob pressões de baixas a moderadas do primeiro
estágio.

Quando se usa o compressor desta maneira ele é chamado de compressor “auxiliar”.


Essa instalação possui dois compartimentos frios, cada qual mantido a uma diferente
temperatura. A sucção do compressor auxiliar é aspirada do evaporador de baixa
temperatura, ao passo que a sucção da unidade alternativa é ligada com a descarga
desse mesmo compressor e com o evaporador de alta temperatura. A instalação
possui também um resfriador de líquido e gás do tipo simples, no qual o efeito de
resfriamento é fornecido pela evaporação do refrigerante líquido que é derivado da
linha principal do líquido.

289
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

No tipo de destilador de óleo mencionado acima, a mistura de


óleo-refrigerante aspirada do evaporador é posta a ferver
vagarosamente sob a sucção do compressor por um tubo de
considerável altura e de pequeno diâmetro interno. Os gases
que se desprendem no tubo mantêm gotas de óleo em
suspensão. Numa câmara coletora, situada no alto do tubo, a
formação constituída de óleo e refrigerante é destruída, sendo
o óleo acumulado e conduzido a um tambor de recuperação ou
diretamente ao caráter do compressor.

4.7. Reguladores

Os reguladores, também conhecidos por válvulas de


expansão, desempenham a função de controladores da
quantidade de refrigerante líquido que passa do resfriador
para o evaporador, isso é, do lado de alta pressão do sistema
para o lado de baixa pressão. O refrigerante líquido, ao
passar através da válvula de expansão, terá sua pressão
reduzida para aquela reinante no evaporador.

A temperatura do refrigerante no lado de alta pressão da


válvula é consideravelmente mais elevada do que a
temperatura de ebulição correspondente à pressão no lado
de baixa pressão ou evaporador.

Por essa razão, o líquido começa a ferver assim que a


pressão for caindo, à medida que o líquido vai passando
através da válvula. A ebulição prosseguirá até que uma
quantidade suficiente de calor seja removida juntamente
com o gás refrigerante, reduzindo a temperatura do
refrigerante líquido remanescente atemperatura de
ebulição correspondente à pressão no evaporador.

A regulagem adequada da válvula de expansão é de grande


importância. Se uma quantidade muito pequena de líquido
entrar no evaporador, o desejado efeito de refrigeração
poderá deixar de ser conseguido, pois o evaporador ficará
consideravelmente cheio de gás ao invés de líquido, e a
capacidade de absorção de calor do gás será muito menor
que a do líquido em ebulição sob a mesma pressão. Nessas
condições, o gás será superaquecido a uma temperatura
acima da temperatura de ebulição reinante no evaporador.

290
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

O superaquecimento em excesso aumentará o consumo de


| É Bom Saber |

força do compressor, promovendo temperaturas de descarga


extremamente elevadas, as quais podem ser prejudiciais a
uma lubrificação adequada.
!

figura 31

“B” ilustra uma válvula de baixa pressão, a qual tem por finalidade controlar a
quantidade de refrigerante que entra no evaporador. Esse tipo de regulador é operado
pelo nível do liquido do evaporador. Conforme o nível cai, a válvula vai se abrindo,
promovendo maior absorção de refrigerante no evaporador.

Se entrar líquido no evaporador em quantidade muito grande,


esse poderá alcançar o compressor. Embora alguns tipos de
compressores possam receber pequenas quantidades de
refrigerante líquido sem experimentar sérias dificuldades, é
aconselhável que os sistemas sejam planejados e operados de
modo a excluir o excesso de refrigerante líquido, o qual tende
a remover o lubrificante das paredes dos cilindros do
compressor, provocando assim o desgaste.

!
| É Bom Saber |

Os termos muito grande e pequena quantidade referem-se


a determinado fluxo de refrigeração. Todavia, a finalidade
do regulador, ou válvula de expansão, é a de poder variar
esse fluxo, fazendo, assim, com que o sistema possa
desempenhar suas várias tarefas com economia e
eficiência.

291
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

figura 32
sistema de bóias de controle de nível
do separador e evaporador da
unidade Chiller, de Divinópolis.

Ao se fechar o regulador, a velocidade com que o refrigerante


entra no evaporador é diminuída, resultando uma redução no
nível de refrigerante líquido no evaporador, havendo, em
conseqüência disso, uma sensível redução da superfície útil de
evaporação. Embora a ação de bombeamento do compressor
tenda a baixar a temperatura e a pressão reinantes no
evaporador, causando maior diferença de temperatura entre o
meio resfriado e o refrigerante, menor quantidade de
refrigerante é evaporada e o resultado final será uma
diminuição no rendimento do ciclo de refrigeração

Ao se abrir o regulador, acontecerá exatamente o contrário, ou


seja, o rendimento da refrigeração será aumentado. O nível no
evaporador não pode, entretanto, subir exageradamente, pois
há um afogamento do evaporador (área útil de troca) que
poderá causar uma diminuição na refrigeração fornecida ao
meio resfriado. Nesse ponto, o refrigerante líquido consegue
chegar à aspiração de compressor.

Obviamente, em tais condições não há superaquecimento do


gás refrigerante. A temperatura e a pressão no evaporador são
mais elevadas, fazendo com que fique reduzida a diferença de
temperatura entre o meio resfriado e, não obstante o
compressor estar bombeando uma quantidade maior de
refrigerante, resultará menos refrigeração, já que certa
quantidade de refrigerante líquido não estará produzindo
trabalho útil no evaporador.

292
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

Na realidade, isso acarreta um efeito sobre-maneira


prejudicial, pois essa quantidade de refrigerante se evapora
nos cilindros do compressor, diminuindo assim seu rendimento
volumétrico.

Maior rendimento de refrigeração só poderá ser obtido, pois


se esse for ultrapassado, haverá diminuição no rendimento.
De qualquer modo, o ajuste do regulador nunca terá um
efeito imediato, porque todo o sistema deverá essar
perfeitamente adaptado às novas condições de operação,
antes que qualquer modificação no rendimento da
refrigeração se torne perceptível.

Há dois tipos principais de reguladores: o manual e o


automático. Ambos constam, em princípio, de uma válvula
de agulha e, para se obter uma operação eficiente, é
imprescindível a mais cuidadosa atenção quanto à sua
perfeita limpeza. Vejamos cada um deles.

Reguladores manuais

Essa válvula se assemelha a uma retentora (figura 30), com a


diferença que a haste é dotada de uma secção cônica, que
opera num orifício circular no corpo da válvula, possibilitando,
assim, uma regulagem de precisão. A haste da válvula é
dotada de um volante manual.

figura 33
Regulador Manual do tipo
Agulha

Esse dispositivo possibilita regular


adequadamente a quantidade de
refrigerante líquido que se destina
ao evaporador.

293
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

Reguladores automáticos
Há três tipos principais de reguladores automáticos. São
controlados pelo nível do líquido, pela pressão ou pela
temperatura. Um regulador automático controlado pelo nível do
líquido consiste simplesmente de uma válvula dotada de
flutuador, conforme é mostrado na figura a seguir. O corpo da
válvula contém o refrigerante líquido no mesmo nível do líquido
no tanque do evaporador. Ao cair o nível na válvula, essa é aberta
até que o líquido refrigerante entre em quantidade suficiente
para um nível pré-determinado, fechando-a novamente.
figura 34

Reguladores Sterne de alta


e baixa pressão operador
por bóia.

A figura mostra uma válvula de


bóia de alta pressão. Esse tipo é
usado para enviar refrigerante ao
evaporador tão logo o mesmo
a d q u i ra f o r m a l í q u i d a n o
condensador. Ao cair refrigerante
líquido dentro da caixa do
regulador, a bóia se levanta e a
válvula se abre promovendo a
transferência ao evaporador. Na
válvula, peso da bóia é
parcialmente contrabalançado por
uma mola disposta de tal modo
que o seu efeito de suspensão é
constante através de todo o
movimento que a bóia executa.

Os reguladores controlados por pressão (figura 34) geralmente


encontram aplicação em sistemas de refrigeração pequenos.
figura 34
Válvula Britich Thermostat
controlada por pressão

Essa válvula emprega a pressão


existente no evaporador para
controlar a quantidade de
refrigerante que se destina a
essa unidade. A mola de retorno
tende a fechar a válvula,
forçando a agulha contra o seu
assento. Isso é provocado pela
pressão desenvolvida pela mola
de alcance agindo através do
diafragma e das três hastes de
comando. A pressão do
evaporador atua no lado inferior
do diafragma de tal modo que,
quando a pressão começa a cair,
a válvula começa a se abrir. A
pressão a ser mantida poderá ser
estabelecida pelo parafuso de
ajustagem dentro do alcance da
válvula e seu efeito é o de variar a
carga da mola de alcance e daí o
ponto sob o qual se estabelece o
equilíbrio da válvula.

294
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

Consistem essencialmente numa válvula de agulha sujeita à


pressão, de uma mola e são em verdade válvulas retentoras de
pressão. Essas válvulas são reguladas de modo a manter uma
pressão constante no lado de baixa pressão ou lado de saída.

Os reguladores operados por termostatos (figura 23) são


controlados pela temperatura do refrigerante evaporado ao
deixar o evaporador. Consistem principalmente numa
válvula do tipo de agulha operada por uma sanfona ou
diafragma carregada de refrigerante. A sanfona ou
diafragma é selada e ligada a um bulbo por um tubo capilar.
Esse bulbo é firmemente preso a tubulação de aspiração do
compressor.

figura 34
Válvula Britich Thermostat controlada por pressão

Esse tipo de válvula é controlada pelo grau de superaquecimento existente no


refrigerante ao deixar o evaporador. Um bulbo, contendo refrigerante idêntico ao
empregado no sistema, é instalado à saída do evaporador. Um tubo capilar, com
pequeno diâmetro interno, liga o bulbo à unidade do fole, ou da sanfona, na parte
superior da válvula, quando é encontrado gás superaquecido à saída do evaporador, o
gás que se desprende do líquido no bulbo atinge uma pressão idêntica à pressão de
saturação, que corresponde à temperatura de superaquecimento. É quando a pressão
no fole cria uma pressão suficientemente capaz de superar as pressões combinadas da
mola de alcance e da própria tensão do evaporador, na parte externa do fole. A caixa da
agulha da válvula, operada pelas hastes de comando, retira a agulha do assento e abre
a válvula fazendo com que o refrigerante seja transferido para o evaporador. A maior
quantidade de refrigerante, que entra no evaporador, reduz o grau de
superaquecimento na saída. Conseqüentemente, o bulbo é resfriado, sendo que a
pressão dentro do mesmo cai, e o fole se contrai, interrompendo o envio de
refrigerante para o evaporador. Um controle adequado do superaquecimento e da
quantidade de refrigerante dentro do evaporador pode ser obtido mediante regulagem
da compressão da mola de alcance.

295
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

Uma elevação de temperatura do gás no tubo de aspiração é


transmitida ao refrigerante no bulbo. A temperatura e a
pressão do refrigerante no fole, ou na sanfona, também é
aumentada.

O fole abre a válvula, admitindo refrigerante líquido no


evaporador. Assim que se produz uma queda de temperatura
na sucção do compressor, essa provoca o efeito contrário e
fecha novamente a válvula.

Dada à capacidade dos reguladores por termostato de


poderem manter um grau de superaquecimento
praticamente constante, esse tipo se tornou digno de
inteira confiança, possibilitando o máximo de rendimento à
refrigeração e eliminando simultaneamente o risco de
refrigerante líquido poder penetrar no compressor.

4.8. Evaporadores

Essa seção do sistema, também conhecida por serpentina


de expansão, é exatamente onde o refrigerante líquido se
evapora ou ferve. Isso ocorre por absorver calor da
substância que está sendo resfriada e que pode ser ar, água,
salmoura, etc., dependendo da natureza ou finalidade da
refrigeração.

Como já vimos, os evaporadores podem funcionar pelo


sistema de expansão direta, no qual as serpentinas de
evaporação são instaladas no teto e nas paredes da câmara
a ser resfriada, ou a evaporação do refrigerante poderá
resfriar a salmoura que circula através das grades das
tubulações no meio de resfriamento. Os resfriadores de
salmoura são projetados nas mesmas linhas e moldes dos
condensadores cilíndricos com tubos.

A temperatura de evaporação depende da pressão mantida


no evaporador. Quanto mais baixa for essa pressão,
também conhecida por pressão de aspiração, mais baixa
será a temperatura, independentemente do refrigerante
empregado.

296
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

Enquanto o gás refrigerante estiver em contato com o


refrigerante líquido, sua temperatura será exatamente a de
ebulição, correspondente a essa pressão. Todavia, quando
o líquido presente for insuficiente para alcançar todas as
partes do evaporador, o gás absorverá calor de seus
arredores e estará superaquecido ao se aproximar da
sucção do compressor. Isso indica que o gás será
completamente seco e que não há arrastamento de gotas
do líquido refrigerante.

Há inúmeros tipos de evaporadores, porém, basicamente,


se resumem em: secos e inundados.

A figura 11 - ítem 3 - Elementos do Sistema de Refrigeração


(desenho de um sistema de um estágio) mostra o tipo mais
simples de evaporador. É um evaporador do tipo seco, de
vez que o gás ocupa a maior parte do volume da serpentina.

Em muitos casos, o líquido suprido aos evaporadores do tipo


seco, entra pela parte superior das serpentinas, no caso de
ser usado Freon, ou pelo fundo, no caso de ser usada
amônia. As serpentinas são feitas de tubos lisos ou providos
de aletas, recurvados sobre si mesmos diversas vezes.

As tubulações com aletas de refrigeração são empregadas


quando é necessária grande rapidez de transferência de calor,
como, por exemplo, nas instalações de ar condicionado.

No evaporador do tipo inundado, a maior parte do volume


de refrigerante está no essado líquido. Tanto o tipo
cilíndrico com tubos, como o de serpentina apenas, podem
ser usados. A figura (ver item 4.4. Resfriadores do
refrigerante líquido) mostra um evaporador do tipo
cilíndrico com tubos, incorporado a um sistema de dois
estágios. Ele consiste de um recipiente cilíndrico, no qual
são colocados vários tubos presos a placas em cada
extremidade. O refrigerante líquido é admitido através de
um regulador, do tipo de flutuador, para o recipiente que
encerra os tubos.

A salmoura que é resfriada passa pelos tubos


movimentando-se para frente e para trás. O compressor
retira o gás refrigerante do evaporador por um dispositivo
de ligação colocado na parte superior do recipiente. Os
evaporadores que utilizam amônia devem possuir dreno de
óleo, a fim de que o lubrificante acumulado possa ser
removido.

297
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

as serpentinas e ao topo do tanqu, bem como para sucção do


compressor. Na última etapa de seu projeto, o refrigerante,
como é óbvio, passará ao estado gasoso. Os evaporadores
inundados promovem um resfriamento mais rápido, já que a
velocidade de transferência do calor da substância
refrigerada para o refrigerante líquido é bem maior do que
seria para um gás refrigerante.

Maior velocidade de transferência de calor poderá ser


conseguida quando a circulação de refrigerante, por meio
do evaporador, for acelerada por uma bomba. Nesse caso, o
tanque de acumulação e as serpentinas poderão ser
instalados da maneira mais conveniente do ponto de vista
de espaço, já que a gravidade não intervém mais na
circulação.

4.9. Desidratadores

O emprego de dispositivos para desidratar ou secar o


refrigerante em uso no sistema constitui um eficiente
ajutório (figura 35), pois, conforme o refrigerante em uso,
as porções de água, mesmo que insignificantes, que
conseguirão penetrar, poderão congelar-se no regulador,
prejudicando sensivelmente seu bom funcionamento.

!
| É Bom Saber |

A umidade também deve ser considerada uma causa principal


da corrosão e da deposição de cobre..

O desidratador consiste de um recipiente de metal


contendo um dessecante para remover a água por
absorção, ou quimicamente. Esse recipiente é dotado de
ligações de entrada e saída para que possa ser intercalado
nos tubos do líquido, ou de aspiração, conforme for o caso.
Para evitar que o dessecante seja arrastado para fora do
recipiente, usa-se uma peneira de malha fina juntamente
com almofadas flutuantes.

298
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

A figura 35 ilustra um evaporador de serpentinas, do tipo


inundado, incorporado a um sistema polifásico, que utiliza
vários elementos já descritos. No evaporador, as
serpentinas de cima e de baixo são ligadas a um tanque de
acumulação. O nível de líquido nesse tanque é
suficientemente alto para inundar as serpentinas e o
suprimento de refrigerante líquido é feito por meio de um
regulador operado por flutuador, tanto para o tanque como
para o fundo das serpentinas.

Acumulador

Regulador
operado por
bóia
Dreno de Evaporador de serpentina
óleo inundada

Compressor de Compressor de alta Separador de Condensador


Compressor de pressão
baixa pressão pressão óleo cilíndrico com tubos
intermediária

Camisa
d’água
Dreno
de óleo
Água de
Resservatório
resfriamento
de líquido

Separador de
Resfriadores de Visor
impurezas Dreno de
gás e líquido
óleo

Drenos de óleo

figura 35
Instalação de Múltiplo Estágio de Baixa Temperatura

Todas as características de uma instalação de baixa temperatura se acham incluídas no


desenho acima. Um resfriador de líquido e gás para remover o superaquecimento e
óleo recolhido é colocado na linha de gás entre os vários estágios. O refrigerante
líquido é resfriado a uma temperatura consideravelmente abaixo da do compressor,
conforme esse passa através dos resfriadores de líquido-gás mais frios em direção à
válvula de expansão principal. O evaporador do tipo simples, mostrado nas ilustrações,
é, nesse caso, substituído por um evaporador inundado. O condensador empregado
aqui é do tipo cilíndrico com tubos. As instalações construídas, como a que aparece
acima, são capazes de proporcionar temperaturas extremamente baixas mediante
mínimo consumo de força.

As serpentinas estão cheias de uma mistura constituída de


gás e líquido e, por isso, o nível no tanque deverá ser mais alto
do que o das serpentinas. Haverá por conseguinte um
constante fluxo de líquido por gravidade do fundo do tanque

299
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

figura 36
Desidratador British Thermostat

Esse tipo de desidratador pode ser instalado na linha de gás ou na de líquido, tendo a
precípua finalidade de absorver umidade do refrigerante. Como foi explicado
anteriormente, o desidratador é absolutamente necessário quando certos tipos de
refrigerantes são empregados. Para evitar que o dessecante seja removido do
desidratador, devem ser colocadas almofadas filtrantes.

300
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

Anotações

301
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

Anotações

302
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Unidade 3 | Refrigeração |

Anotações

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Unidade 3 | Refrigeração |

5. Compressores “de frio”


O compressor talvez seja o componente de maior
importância em qualquer sistema de refrigeração, tanto do
ponto de vista técnico, como econômico. Seu trabalho
contínuo, feito eficientemente, resulta em baixo custo de
manutenção aliado ao máximo de rendimento, requisitos
imprescindíveis nas modernas condições industriais.

| Compressor |

É a unidade que aspira continuamente gás


refrigerante frio do evaporador, lançando-o através
do ciclo que remove calor da evaporação e liquidez o
refrigerante a ser novamente usado no evaporador.

As técnicas mais avançadas baseiam-se, principalmente,


em compressores do tipo vertical de alta velocidade, de
simples efeito, equipados com válvulas de discos, ou anéis
leves, e de pequeno percurso, operando com lubrificação
forçada em todos os mancais.

| É Bom Saber |

Antigamente, os compressores alternativos de baixa


velocidade correspondiam às necessidades de então,
porém, com o desenvolvimento e aperfeiçoamento dos
modernos refrigerantes e de novas técnicas de engenharia,
foram criados inúmeros tipos de compressores que estão
encontrando vasto campo de aplicação.
!
304
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

Forçosamente, existirá grande semelhança entre os vários


tipos de compressores atualmente fabricados. Entretanto,
cada fabricante adota características próprias de fabricação
que permitem identificar seus tipos, entre os demais.

De modo geral, os compressores de frio em muito se


assemelham aos compressores de ar, com o que alguns
detalhes construtivos desses últimos se refletem
acentuadamente nos primeiros.

A adoção da energia elétrica e o acoplamento direto dos


motores aos compressores também concorreram para o
progresso das instalações de refrigeração.

Os compressores empregados nos sistemas de refrigeração


podem ser classificados em dois grupos principais, que são:
compressores alternativos e compressores rotativos.
Os compressores empregados nos sistemas de refrigeração
podem ser classificados em dois grupos principais, que são:
compressores alternativos e compressores rotativos.

Compressores alternativos tanto monofásicos como


bifásicos são de uso comum. E os compressores rotativos,
dependendo do seu tipo, podem ser unidades monofásicas
ou polifásicas. No primeiro caso, o tipo de palhetas
deslizantes geralmente desempenha funções meramente
auxiliares, ao passo que o tipo turbo compressor é
geralmente aplicado à refrigeração de ar condicionado e é
construído em estágios múltiplos (grande quantidade de
refrigeração).

5.1. Compressores alternativos

Os compressores do tipo horizontal, vertical em V e radial


são geralmente empregados no sistema de refrigeração,
nas modalidades mais diversas. As diferenças e
modificações nos detalhes de fabricação desses
compressores exercem certa influência nas condições de
funcionamento a que fica submetido o óleo lubrificante.
Contudo, a lubrificação é um assunto à parte que será
adequadamente tratado no próximo capítulo.

305
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

Os compressores alternativos podem ser acionados por


qualquer tipo de motor primário. Não obstante, nos dias que
correm as fontes usuais de força motriz são constituídas por
motores elétricos.

Em detalhe, o compressor alternativo (3º estágio) da


unidade York de Refrigeração com refrigerantes Freon 12.
Compressor de quatro estágios e com dois cilindros cada.

figura 37

Compressor Horizontal para amônia.

Esse é um compressor de ação dupla com válvula de sucção e descarga do tipo


de placas montadas em cada uma das extremidades do cilindro. Válvulas
operadas manualmente para regular folgas na cabeça do cilindro instaladas para
regular a capacidade. Uma bomba de óleo do tipo de engrenagem supre óleo aos
mancais do eixo de manivelas e a cruzeta, enquanto que um lubrificador
mecânico é usado para lubrificar o cilindro e a gaxeta da haste do pistão.

306
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

figura 38

Compressor Alternativo (3º estágio).

figura 39

Vista de um Compressor
Alternativo-york.

307
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

figura 40

Item nº Partes
1 Carcaça
2 Tampo Lateral
3 Tampo Lateral
4 Junta
5 Filtro de óleo
6 Mancal
7 Mancal
8 Visor de Óleo
9 Cotovelo de Sucção
10 Junta
11 Tubulação de Descarga
12 Junta
18 Mancal
19 Mancal
23 Girabrequim
26 Biela
28 Pistão
29 Pino do Pistão
30 Trava
31 Cilindro
38 Válvula de Segurança

308
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

A B C
gaxeta de amianto gaxeta metálica vedação mecânica

figura 41

Vedação do Eixo de Manivelas e da Haste do Pistão.


“A” mostra uma vedação de haste de pistão do tipo de amianto, pela qual o óleo é
suprido sob pressão, a fim de lubrificar o eixo, conforme esse se movimenta através da
gaxeta e também completar a vedação. Uma tomada para remover o gás pode também
ser ligada a bucha do tipo lanterna.
“B” apresenta uma gaxeta do tipo metálico. Essa possui um gradiente de óleo, assim
como uma ligação de escape de gás refrigerante. Nesse caso, há uma folga entre a
haste do pistão e a gaxeta, sendo que o lubrificador exerce mais a função de um meio de
vedação do que propriamente de um lubrificante.
“C” ilustra uma vedação de eixo rotativo, consistindo principalmente de um anel de
carvão, dois anéis “O” de vedação, dois pinos, duas arestas rotativas e uma mola
helicoidal. O anel de vedação se forma girando uma das arestas de metal contra o anel
sob pressão feita pela mola.

figura 42

Compressor a freon kelvinator de dois cilindros lubrificados por salpico.

Numa unidade lubrificada pelo sistema de salpico, a carga total do óleo


lubrificante é contida no Carter do compressor. As bielas em rotação mergulham
no óleo, salpicando-o a todas as partes do Carter. O óleo é recolhido nos
receptáculos e conduzido aos mancais principais do eixo de manivelas, os quais
possuem canaletas de óleo cortadas nas superfícies internas superiores. Essas
canaletas são cortadas num ângulo de 15º em relação ao eixo mecânico em
forma de ângulo helicoidal, e são dispostos de tal modo em relação à rotação do
eixo que fazem com que o óleo seja atirado em direção às extremidades da
pressão axial e da vedação do eixo.

309
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

Os mancais do munhão da biela e os cilindros são lubrificados pela neblina de


óleo que se forma no Carter.

O gás de sucção, ao entrar na grande câmara de sucção (que não aparece na


figura) acima do Carter, perde velocidade depositando o óleo. Esse óleo
retorna ao Carter através de um pequeno orifício localizado na base da
câmara de sucção. Uma válvula para regular o óleo é instalada no interior
desse orifício. A função dessa válvula é possibilitar o livre retorno de óleo ao
Carter, evitando, ao mesmo tempo, a passagem do óleo do Carter para o
interior da câmara de sucção. Essa última condição pode surgir no caso de
uma baixa pressão se desenvolver rapidamente no Carter, fazendo com que o
óleo impregnado com refrigerante se evapore imediatamente. Isso, por outro
lado, provocaria um excesso de espuma e turbulência no óleo.

figura 43

Válvulas Típicas Sterne de admissão e descarga.

Essas válvulas se assemelham entre si, como mostra a figura. As válvulas de


admissão são geralmente instaladas no cabeçote do pistão e as válvulas de
descarga num cabeçote de segurança. Ambas as válvulas são do tipo de disco
ou chapa e se abrem sob leve pressão da mola. Elas funcionam
automaticamente, abrindo e fechando com pequena diferença de pressão.

310
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

Como vimos, existem dois discos finos de válvulas sobrepostos para que a
película de óleo que se forma entre eles possa proteger de algum modo a
válvula quando essa se abre e fecha. A guia da válvula, que é uma peça
separada em forma de estrela, serve também para controlar o levantamento
da válvula.

O cabeçote de segurança que incorpora as válvulas de descarga é mantido


em sua posição por molas estreitamente agrupadas. No caso de haver
penetração de algum produto que não possa ser comprimido, ou de
refrigerantes líquidos nos cilindros, essas molas fazem com que o cabeçote
inteiro se eleve, evitando assim sérios danos.

5.2. Compressores do tipo vertical

Os modernos compressores verticais são de simples efeito e


podem ser dotados de um ou mais cilindros montados num
cárter estanque. São usados pistões do tipo tronco, com
uma parte central rebaixada (figura 43), o que permite a
livre entrada do gás refrigerante por uma abertura sucção
na parede do cilindro em direção ao interior do pistão. As
válvulas de aspiração vêm montadas na cabeça do pistão e,
portanto, quando esse se movimenta para baixo promove a
abertura das válvulas, permitindo a passagem do

figura 44

Detalhes do conjunto do pistão.

Este exemplo mostra um conjunto


típico do pistão, biela, cabeçote de
segurança e válvula de um
compressor monofásico do tipo
vertical. O gás de sucção é aspirado
pelas janelas do cilindro para o lado
de baixo do pistão e daí, pelas
válvulas de sucção, passa para cima
do cilindro. O diâmetro do pistão
poderá influir no número de janelas
de sucção que deverão ser
incorporadas ao desenho. Em
pequenos compressores pode ser
instalada apenas uma válvula
grande, ao passo que em grandes
unidades são necessárias quatro ou
mais válvulas que podem ser
colocadas no interior da coroa do
pistão.

311
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

refrigerante por elas para o lado superior.

Como os cilindros são abertos para o Carter, poderá haver


escapamento de gás pelos anéis inferiores do pistão,
enchendo o Carter aproximadamente à pressão de sucção.
Isso deve ser feito para se evitar vazamento de refrigerante
quando a pressão de sucção estiver acima da pressão
atmosférica, ou para se evitar a entrada no ponto em que o
eixo de manivelas passa pelo Carter. Essa vedação pode ter
vários formatos, requerendo adequada lubrificação para
torná-la completamente estanque e para reduzir o desgaste
ao mínimo.

As válvulas de descarga da maioria dos compressores do


tipo vertical são instaladas na cabeça do cilindro, sendo
muitas vezes acompanhadas de um dispositivo de
segurança que tem por finalidade proteger o compressor de

figura 45

Detalhe do compressor alternativo Sabroe para refrigeração tipo SMC


100mk2 para R12, R22, R 502 e R717.

312
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

avarias que seriam provocadas, se um excesso de


refrigerante líquido conseguisse penetrar nos cilindros.

figura 46

compressor Sabroe Tipo SAB 163.

Esse compressor utiliza sistema em parafuso. Na unidade Chiller, de Juiz de


Fora, será utilizado outro compressor semelhante, de fabricação Sulzer.

313
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

figura 47

Ciclo de operação Chiller, de Divinópolis.

O funcionamento da unidade de Divinópolis começa com a


sucção do gás refrigerante (R22) pelos compressores
alternativos. Após a compressão, o gás à alta pressão passa
pelo filtro secador indo ao condensador. No condensador o
gás freon (R22) é condensado, passando a líquido sob alta
pressão, sendo transferido ao vaso de acumulação.

314
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

Desse ponto o líquido à temperatura ambiente é transferido


ao separador de líquido, passando por uma válvula
expansora, reduzindo a pressão e a temperatura. O nível do
separador de líquido manterá afogado o evaporador. No
evaporador o refrigerante Freon 22 troca calor, no caso com
o ar, que passa por um feixe de tubos. O líquido que retorna
do evaporador separa-se de partes gasosas presentes pela
troca de calor com o ar no evaporador que é, então,
succionado pelos compressores, reiniciando o ciclo.

figura 48

Unidade Chiller, de Divinópolis.

315
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

Anotações

315
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

Anotações

316
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

Anotações

317
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

6. Dados sobre o funcionamento


Uma análise minuciosa dos defeitos que podem ocorrer
durante o funcionamento dos vários tipos de instalações
frigoríficas vai muito além do escopo dessa publicação. Por
isso, restringimos comentários inerentes ao assunto,
destacando os fatores relacionados à adequada
lubrificação de refrigeração e de seus problemas correlatos.

Os defeitos que decorrem direta, ou indiretamente, da


escolha de um lubrificante inadequado, de sua incorreta
aplicação, ou das dificuldades operacionais que geralmente
são atribuídas ao lubrificante, dificultam, sobremaneira, a
localização dos defeitos que poderão surgir eventualmente.
São eles:

- óleo no sistema;
- funcionamento incorreto do condensador;
- funcionamento incorreto do regulador;
- funcionamento incorreto do evaporador;
- conteúdo de refrigerante;
- umidade no sistema;
- funcionamento do compressor.

Em todos os casos devemos considerar, sempre, que


quaisquer anomalias, que possam ocorrer numa instalação
frigorífica, poderão diminuir sensivelmente sua capacidade
de refrigeração.
Os defeitos, que normalmente se verificam, são logo
percebidos pelo operador, porém outros, de natureza mais
complexa, poderão existir por longo tempo, sem que sejam
notados, até que seus efeitos prejudiquem seriamente a
capacidade e o rendimento do sistema.

6.1. Óleo no sistema

Independente do tipo de compressor usado no sistema de


refrigeração, parte do óleo empregado na lubrificação dos

318
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

cilindros é levada pelo refrigerante para o interior do


sistema em diversas quantidades, sob a forma de partículas
atomizadas.

Embora o separador de óleo seja capaz de remover gotas de


óleo do gás refrigerante, esse, contudo, não consegue
separar as minúsculas partículas, ou o óleo evaporado, que,
por conseguinte, são arrastados para dentro do
condensador onde se depositam sobre as paredes dos
tubos. Entretanto, um óleo lubrificante adequado ao
depositar-se da forma acima referida, terá suficiente
fluidez para escorrer das superfícies do condensador para
um coletor de óleo.

!
| É Bom Saber |

Os óleos inadequados estão sujeitos a decomposição em


contacto com as elevadas temperaturas reinantes no
refrigerante comprimido, dando assim origem à formação
de gomosidades e outros depósitos prejudiciais dentro do
condensador, retardando seriamente a transmissão de
calor. Às vezes, esses depósitos pegajosos são levados do
condensador para o interior da válvula de expansão onde
poderão obstruir as diminutas passagens.

O óleo que permanecer no refrigerante por ocasião da


chegada desse ao evaporador se depositará sobre as
superfícies das serpentinas do evaporador. Desde que um
óleo tenda a formar uma camada congelada nas superfícies
d o e va p o ra d o r, a t ra n s m i s s ã o d e c a l o r f i c a r á
consideravelmente afetada, redundando em menor
rendimento da instalação.

Um óleo lubrificante adequadamente selecionado


permanecerá suficientemente fluído nas superfícies das
serpentinas do evaporador e escorrerá imediatamente para
um determinado ponto de onde poderá ser removido. É por
essa razão que os óleos selecionados para lubrificação dos
equipamentos de refrigeração devem possuir
características adequadas às baixas temperaturas em
presença do refrigerante em uso.

319
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

6.2. Remoção de óleo de um sistema

É absolutamente necessário que os separadores de óleo (e


todas as partes do sistema em que há acúmulo de óleo
lubrificante) sejam convenientemente drenados a
intervalos freqüentes, se for desejado um funcionamento
eficiente da instalação.

Para que seja removido o acúmulo de óleo lubrificante dos


separadores de óleo e das outras unidades de escoamento
de lubrificantes, geralmente se instala um sistema de
tubos, devendo todas as vias de escoamento convergir para
um único tanque de óleo, ou tambor de recuperação. O
tanque ou tambor deverá ser suficientemente resistente
para suportar as pressões reinantes no lado de alta pressão
do sistema.

Antes que o óleo seja drenado, deve-se ter plena certeza de


que a válvula de esgotamento do tambor de recuperação
está devidamente fechada e, em seguida, abrir a linha de
condução do tambor para a sucção do compressor. Cada
dreno de óleo deverá, então, ser separadamente esgotado
para o tambor mediante a abertura da respectiva válvula.
Quando todo o óleo for removido de um determinado local,
a válvula deverá ser fechada antes de se abrir a válvula
seguinte.

Se houver amônia presente no óleo transferido para o


tambor de recuperação, essa imediatamente se evaporará,
voltando para a sucção do compressor.

Se o tambor for dotado de um elemento aquecedor, então o


gás refrigerante será extraído com grande rapidez.
A ebulição será logo denunciada pela formação de neve na
parte externa do tambor. Quando cessar o congelamento,
procede-se ao fechamento da válvula entre o tambor e a
sucção do compressor durante uma hora,
aproximadamente, para que haja completa decantação do
óleo antes que seja aberta a válvula de dreno de óleo para o
carter do compressor.

É muito simples efetuar a drenagem do óleo num sistema


que emprega amônia quando esse é desprovido de

320
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

dispositivos adequados para a recuperação do óleo. Basta


mergulhar o tubo de dreno (que poderá ser prolongado com
uma mangueira de borracha) em balde de água. A água
absorverá a amônia que escapar com o óleo, reduzindo-se
ao mínimo o cheiro acre que exala.

Abre-se a válvula de drenagem deixando-se o óleo


acumulado escorrer para dentro da água. Um som
borbulhante, ao ser percebido, será a indicação de que o
óleo já foi completamente removido e que o gás amoníaco
está se condensando na água. Nesse momento, fecha-se a
válvula.

Os drenos de óleo devem ser esvaziados aproximadamente


uma vez por semana, embora isso, evidentemente,
dependa da capacidade do separador e da quantidade de
óleo que entra no sistema. A quantidade de óleo adicionada
ao Carter do compressor dará idéia do número de vezes que
os drenos de óleo deverão ser atendidos.

A princípio, o óleo ao ser drenado, geralmente, se apresenta


no balde com um aspecto leitoso e espumante. O óleo
limpo, após certo tempo de repouso, deverá aparecer
flutuante na superfície da água.

| É Bom Saber |
Ocasionalmente, o óleo poderá apresentar-se um tanto escuro,
podendo, ou não, ser reutilizado. Outras vezes, se apresenta
!
em estado de óleo novo. Se a análise de laboratório indicar que
o óleo recuperado de um determinado sistema se apresenta
ligeiramente contaminado após sua passagem pelo
compressor, deverão ser providos os meios necessários para
filtrá-lo convenientemente, livrando-o de impurezas e
incrustações, a fim de que possa ser novamente usado.

Porém, se o óleo, após haver repousado, flutuar à tona da


água em forma de emulsão permanente, será bem provável
que água, ou salmoura, penetraram no sistema. Nesse caso,
devem ser tomadas as necessárias providências no sentido
de ser imediatamente localizado e sanado esse vazamento.

Essas instruções e recomendações aplicam-se de um modo


geral, não devendo em caso algum substituir as instruções

321
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

de funcionamento determinadas pelo fabricante do sistema


de refrigeração em apreço.

6.3. Funcionamento incorreto do condensador

O funcionamento incorreto do condensador poderá ocorrer


devido ao uso de água de resfriamento suja, formando
incrustações na parte externa, ou por camadas de óleo ou
material derivado do óleo que se deposita no interior das
serpentinas de resfriamento.

Como já foi indicado, o emprego de um adequado óleo


lubrificante concorre para eliminar o funcionamento
incorreto das serpentinas do condensador. Poderão
também surgir contratempos devido à presença de gases
não condensáveis no condensador, havendo necessidade
de efetuar-se uma purga.

Se a água de resfriamento for dura, ou seja, conter


elementos formadores de incrustações, essas incrustações
poderão depositar-se no lado da água nas serpentinas dos
condensadores de tubo e recipiente, nos de tubulação
dupla e nos do tipo submerso.

Esses depósitos tendem a diminuir a velocidade de


transmissão do calor pelas paredes da serpentina,
prejudicando seriamente a eficiência do condensador e
também de todo o sistema.

Esses depósitos de carbonato poderão ser removidos,


enchendo-se o lado da água do condensador com uma
solução de ácido muriático a 25%. Após os gases haverem
cessado, a solução e os depósitos deverão ser
completamente removidos, neutralizando-se em seguida, o
excesso de acidez com uma solução alcalina à base de soda.
Existem no mercado produtos especialmente fabricados
para essa finalidade.

As tubulações dos condensadores do tipo atmosférico


devem ser inspecionados periodicamente em sua parte
externa, devendo os depósitos, quando encontrados, ser
completamente removidos.

As superfícies dos condensadores de tubulação dupla,


assim como de outros tipos, são de acesso um tanto mais
difícil, porém devem ser inspecionadas e limpas a
freqüentes intervalos.

322
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

A instalação de um equipamento para tratar a água será de


grande utilidade nas áreas onde essa se apresenta com
tendência à formação de incrustações.

Poderá haver considerável redução na velocidade da


transmissão de calor nas serpentinas do condensador, se
for permitido aos depósitos oriundos dos óleos lubrificantes
que se acumulem nas superfícies internas das serpentinas
ou das tubulações.

A resistência à transmissão de calor exerce grande


influência na diferença de temperatura entre a água de
resfriamento e o refrigerante, assunto esse focalizado
anteriormente.

Os gases não condensáveis, em sua grande maioria,


consistem em certa mistura de ar, vapor de água, vapor de
óleo, etc., que circulam com o refrigerante mas, ao
contrário do refrigerante, não se liquefazem no
condensador. Há, portanto, forte tendência para que esses
se armazenem no condensador e também no reservatório
do líquido.

Quando esses gases não condensáveis se acham presentes,


elevam a pressão de condensação acima da temperatura de
condensação, interferindo, assim, seriamente com o
rendimento da instalação.

Essa redução na eficiência do condensador não somente


provoca pressões mais altas no lado de alta pressão do
sistema, como também aumenta o consumo de força motriz
do compressor.

Para verificar a presença de gases não condensáveis num


sistema, podemos usar os seguintes procedimentos:

- Bombear toda a carga de refrigerante para o condensador


pelo fechamento da válvula que permite a entrada de
líquido no evaporador.

- Em seguida, deixar o sistema com a água de resfriamento


circulando pelo condensador até que o refrigerante e a água
estejam à mesma temperatura. A pressão no condensador
deverá então ser anotada. Se estiver mais alta que a
pressão de saturação do refrigerante a essa temperatura,
isso será uma indicação da presença de ar e de outros gases
não condensáveis. A purgação deverá ser feita em

323
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

conformidade com as instruções que acompanham a


instalação.

Às vezes, a poeira atmosférica pode ser uma das causas


criadoras de dificuldades, produzindo sintomas similares
aos que se originam de outras causas. Os condensadores
resfriados por ar, dotados de tubulações com aletas ou
espirais metálicas, acumulam poeira e fiapos, os quais, se aí
permanecerem, poderão afetar consideravelmente a
transmissão de calor.

6. 4. Funcionamento incorreto do regulador

Já vimos que o funcionamento adequado dos reguladores


automáticos é sensivelmente prejudicado pela formação de
depósitos constituídos de matéria cerosa ou de óleo
congelado, que pode ser resultante da escolha de um óleo
lubrificante inadequado para sistemas de refrigeração.

Todavia, o funcionamento da válvula reguladora poderá ser


prejudicado pelo acúmulo de matérias estranhas, como
impurezas ou incrustações, arrastadas pelo refrigerante.
Quando isso acontecer, deverá ser instalada uma tela
metálica no trajeto do líquido, ou uma peneira bem fina, no
caso de já haver uma tela instalada.

Nos sistemas que utilizam o Freon, poderá haver


congelamento de umidade na válvula de expansão e o gelo
resultante poderá provocar emperramento da mesma. Se
houver formação de gás refrigerante no trajeto do líquido,
poderá parecer que o regulador está trabalhando
incorretamente. Esse gás poderá se formar devido a uma
restrição no escoamento de líquido entre o reservatório e a
válvula do regulador. Uma tela obstruída, ou uma válvula
parcialmente fechada, ou ainda tubulações de diâmetro
extremamente reduzido, poderão produzir idênticos
resultados.

Incrustações e outras impurezas são freqüentemente


arrastadas para o regulador, alojando-se na válvula e
provocando, assim, acentuada diminuição de velocidade de
escoamento de líquido para o evaporador. O reservatório de
líquido geralmente atua como separador de impurezas,
porém não consegue evitar a entrada de incrustações
provenientes da tubulação do líquido entre o tanque e o
regulador. A fim de facilitar o trabalho de limpeza ou reparo,
o regulador é geralmente instalado entre duas válvulas que
poderão ser fechadas, quando for necessário.

324
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

6.5. Funcionamento incorreto do evaporador

O funcionamento incorreto do evaporador poderá ser


causado por umidade, ou óleo congelado, nas superfícies
internas das serpentinas, ou por incrustações salinas da
salmoura no lado externo das serpentinas.

Quando as superfícies internas das serpentinas de


evaporação estiverem cobertas com um óleo viscoso, ou
congelado, ou com outros depósitos, o efeito refrigerante
será consideravelmente afetado, ainda que seja mantida
uma temperatura extremamente baixa no interior das
serpentinas. A transmissão de calor, livre de empecilhos, é
condição essencial para seu funcionamento eficiente.

Com o emprego adequado de anéis de controle de óleo nos


pistões e de um eficiente separador de óleo na linha de
descarga do compressor, o óleo no evaporador se
acumulará lentamente. Assim, apenas uma única
drenagem mensal será suficiente.

Quando um óleo inadequado se congela no evaporador,


poderá ser drenado mediante o aquecimento do sistema.

Em sistemas de refrigeração que utilizam a amônia, o tubo


de drenagem do evaporador deverá ser ligado a um
recipiente de construção suficientemente sólido para
resistir com segurança à pressão da amônia à temperatura
ambiente.

| É Bom Saber |

Nunca deverá ser usado tambor vazio de óleo.


!

325
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

O tanque deverá ser dotado de um tubo, ligando-o com a


linha de sucção do compressor. Deverá ter, também, um
dreno no fundo. É mister válvulas adequadas em cada uma
dessas linhas. Para que seja removido do evaporador, o óleo
deve ser aquecido a uma temperatura em que ele escorra
livremente. Para isso, deve ser aberto um dreno situado ao
fundo do evaporador, equilibrando-se a pressão no tanque
por meio de abertura de válvula de aspiração do
compressor, permitindo, assim, que o óleo seja drenado do
evaporador. Quando o tanque estiver mais ou menos cheio
de amônia e óleo, fecha-se a válvula de drenagem do
evaporador, deixando-se aberta a válvula de sucção do
compressor e, com esse em movimento, aguarda-se a total
evaporação da amônia no tanque.

Enquanto houver amônia no tanque, seu lado de fora se


manterá coberto de gelo. Quando o gelo estiver
completamente derretido, será uma indicação de que a
amônia terá sido aspirada de retorno ao sistema. A válvula
de aspiração poderá ser fechada, devendo a válvula de
dreno ser aberta e o óleo drenado para baldes ou tambores.

Esse procedimento possibilita aos operadores removerem


óleo das serpentinas do evaporador sem haver perda de
amônia. O mesmo tanque e esse procedimento podem
também ser usados para recolher óleo drenado de outras
partes do sistema.

6.6. Conteúdo de refrigerante

Para que uma instalação, empregando gás comprimido,


possa operar corretamente como projetado, é necessário
que a quantidade total de refrigerante no círculo seja
correta.

Além disso, a relação das cargas contidas no condensador e


no evaporador, quando a instalação estiver funcionando,
deverá também ser correta.

O condensador deverá conter refrigerante em quantidade


suficiente, a fim de fazer com que a temperatura do líquido
que se condensa esteja bem próxima a da água de
resfriamento. O evaporador deverá ser suficientemente

326
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

abastecido de refrigerante para manter as superfícies de


trabalho uniformemente cobertas de refrigerante líquido,
possibilitando, assim, a obtenção de grau correto de
superaquecimento.

Se uma instalação não estiver convenientemente carregada


de refrigerante, o condensador ou o evaporador terá
capacidade seriamente afetada.

Se o condensador estiver deficientemente carregado, o


líquido deixará a unidade a uma temperatura mais alta do
que a normal, e no caso do evaporador achar-se
insuficientemente carregado com refrigerante, o gás na
s a í d a e s t a r á c o n s i d e ra ve l m e n t e s u p e ra q u e c i d o,
provocando um funcionamento excessivamente quente do
compressor e aumentando a temperatura de descarga.

A ajustagem do regulador, nessas condições, tende a


provocar a transferência do estado de deficiência de carga
no condensador para o evaporador ou vice-versa.

Se a instalação estiver sobrecarregada de refrigerante e o


regulador for ajustado de modo a permitir que o compressor
trabalhe sob uma temperatura normal e correta, evitando
que os gases úmidos penetrem no compressor, isso poderá
redundar em perigoso aumento da pressão no condensador.

A falta de carga poderá ser oriunda de vazamentos do


refrigerante nos tubos ou respectivas juntas, ou ainda, nas
vedações dos eixos.

Quando se emprega a amônia, qualquer vazamento será


imediatamente percebido pelo seu cheiro acentuadamente
forte.

Se houver suspeita de vazamento pelos tubos e juntas das


serpentinas submersas, será necessário examinar a água
ou a salmoura.

| É Bom Saber |

O gás sulfuroso ou bióxido de enxofre e os refrigerantes


halogêneos formam ácidos corrosivos em presença da água.
Portanto, quando esses refrigerantes forem empregados, é de
grande importância que qualquer vestígio de formação de
ácidos seja prontamente localizado e removido.
!
327
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

6.7. Umidade no sistema

Já vimos que qualquer vestígio de umidade, ainda que


insignificante, poderá prejudicar sensivelmente o sistema
de refrigeração, manifestando-se usualmente através da
completa obstrução do regulador causada pela formação de
gelo, se a temperatura reinante no evaporador estiver
abaixo de 0ºC.

A umidade poderá provocar a deposição de cobre sobre as


peças de ferro e aço e formar gomo no óleo lubrificante, o
que poderá ser uma das causas de obstrução das telas.

Geralmente, são instalados dispositivos especiais para


reduzir a quantidade de água no mínimo. Entre esses, estão
incluídos dispositivos de purga e cartuchos dessecantes
que são colocados no trajeto do refrigerante. Assim, torna-
se absolutamente necessário, o emprego de um dessecante
perfeitamente compatível com o refrigerante empregado.
Portanto, é preciso considerar que o ar atmosférico contém
umidade e, assim sendo, recomenda-se, ao abrir qualquer
peça do sistema, tomar as devidas precauções no sentido
de evitar a entrada de ar no sistema de refrigeração.

Todas as extremidades das tubulações deverão estar


completamente bloqueadas ou adequadamente vedadas
para impedir a entrada de ar.

!
| É Bom Saber |

Nunca se deve limpar qualquer parte do sistema com ar


comprimido, de vez que esse sempre contém apreciável
quantidade de umidade, a qual se condensa ou deposita no
sistema.

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CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

Anotações

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CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

Anotações

330
CURSO BÁSICO PARA TÉCNICOS DE PRODUÇÃO

Unidade 3 | Refrigeração |

Anotações

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