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O governo de D. Pedro I enfrentou muitas dificuldades para (400.000 réis por ano para deputado federal e 800.000 réis para
consolidar a independência, pois no Primeiro Reinado ocorrem senador).
muitas revoltas regionais, oposições políticas internas.
Reações ao processo de Independência Guerra da Cisplatina
Em algumas províncias do Norte e Nordeste do Brasil, militares e Este foi outro fato que contribuiu para aumentar o
políticos, ligados a Portugal, não queriam reconhecer o novo descontentamento e a oposição ao governo de D.Pedro I. Entre
governo de D. Pedro I. Nestas regiões ocorreram muitos protestos 1825 e 1828, o Brasil se envolveu na Guerra da Cisplatina, conflito
e reações políticas. Nas províncias do Grão-Pará, Maranhão, Piauí e pelo qual esta província brasileira (atual Uruguai) reivindicava a
Bahia ocorreram conflitos armados entre tropas locais e oficiais. independência. A guerra gerou muitas mortes e gastos financeiros
para o império. Derrotado, o Brasil teve que reconhecer a
Constituição de 1824 independência da Cisplatina que passou a se chamar República
Oriental do Uruguai.
Em 1823, durante a elaboração da primeira Constituição brasileira,
os políticos tentaram limitar os poderes do imperador. Foi uma Confederação do Equador
reação política a forma autoritária de governar do imperador.
Neste mesmo ano, o imperador, insatisfeito com a Assembléia As províncias de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e
Constituinte, ordenou que as forças armadas fechassem a Ceará formaram, em 1824 a Confederação do Equador. Era a
Assembléia. Alguns deputados foram presos. tentativa de criar um estado independente e autônomo do governo
central. A insatisfação popular com as condições sociais do país e o
D.Pedro I escolheu dez pessoas de sua confiança para elaborar a descontentamento político da classe média e fazendeiros da região
nova Constituição. Esta foi outorgada em 25 de março de 1824 e com o autoritarismo de D.Pedro I foram as principais causas deste
apresentou todos os interesses autoritários do imperador. Além de movimento.
definir os três poderes (legislativo, executivo e judiciário), criou o
poder Moderador, exclusivo do imperador, que lhe concedia Em 1824, Manuel de Carvalho Pais de Andrade tornou-se líder do
diversos poderes políticos. movimento separatista e declarou guerra ao governo imperial.
A Constituição de 1824 também definiu leis para o processo O governo central reagiu rapidamente e com todos as forças contra
eleitoral no país. De acordo com ela, só poderiam votar os grandes as províncias separatistas. Muitos revoltosos foram presos, sendo
proprietários de terras, do sexo masculino e com mais de 25 anos. que dezenove foram condenados a morte. A confederação foi
Para ser candidato também era necessário comprovar alta renda desfeita, porém a insatisfação com o governo de D.Pedro I só
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aumentou.
Em 7 de abril de 1831, D.Pedro I abdicou em favor de seu filho
Desgaste e crise do governo de D.Pedro I Pedro de Alcântara, então com apenas 5 anos de idade. Logo ao
deixar o poder viajou para a Europa.
Nove anos após a Independência do Brasil, a governo de D.Pedro I PERÍODO REGENCIAL
estava extremamente desgastado. O descontentamento popular
com a situação social do país era grande. O autoritarismo do O Período Regencial é uma época da História do Brasil entre os
imperador deixava grande parte da elite política descontente. A anos de 1831 e 1840. Quando o imperador D. Pedro I abdicou do
derrota na Guerra da Cisplatina só gerou prejuízos financeiros e poder em 1831, seu filho e herdeiro do trono D. Pedro de Alcântara
sofrimento para as famílias dos soldados mortos. Além disso, as tinha apenas 5 anos de idade. A Constituição brasileira do período
revoltas e movimentos sociais de oposição foram desgastando, aos determinava, neste caso, que o país deveria ser governado por
poucos, o governo imperial. regentes, até o herdeiro atingir a maioridade (18 anos).
Regentes que governaram o Brasil no período:
Outro fato que pesou contra o imperador foi o assassinato do
- Regência Trina Provisória (1831): regentes Lima e Silva, Senador
jornalista Libero Badaró. Forte crítico do governo imperial, Badaró
Vergueiro e Marquês de Caravelas.
foi assassinado no final de 1830. A polícia não encontrou o
assassino, porém a desconfiança popular caiu sobre homens - Regência Trina Permanente (1831 a 1835): teve como regentes
ligados ao governo imperial. José da Costa Carvalho, João Bráulio Moniz e Francisco de Lima e
Silva.
Em março de 1831, após retornar de Minas Gerais, D.Pedro I foi - Regência Una de Feijó (1835 a 1837): teve como regente Diogo
recebido no Rio de Janeiro com atos de protestos de opositores. Antônio Feijó.
Alguns mais exaltados chegaram a jogar garrafas no imperador,
- Regência Interina de Araújo Lima (1371): teve como regente
conflito que ficou conhecido como “A Noite das Garrafadas”. Os
Pedro de Araújo Lima.
comerciantes portugueses, que apoiavam D.Pedro I entraram em
conflitos de rua com os opositores. - Regência Una de Araújo Lima (1838 a 1840): teve como regente
Pedro de Araújo Lima.
Abdicação Um período tumultuado
Sentindo a forte oposição ao seu governo e o crescente O Brasil passou por uma grave crise política e diversas revoltas
descontentamento popular, D.Pedro percebeu que não tinha mais durante o período regencial.
autoridade e forças políticas para se manter no poder. Crise politica
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A crise política deveu-se, principalmente, a disputa pelo controle da falta de um imperador forte e com poderes para enfrentar a
do governo entre diversos grupos políticos: Restauradores situação.
(defendiam a volta de D. Pedro I ao poder); Moderados (voto só Em 23 de julho de 1840, com apoio do Partido Liberal, foi
para os ricos e continuação da Monarquia) e Exaltados (queriam antecipada pelo Senado Federal a maioridade de D. Pedro II (antes
reformas para melhorar a vida dos mais necessitados e voto para de completar 14 anos) e declarado o fim das regências. Esse
todas as pessoas). episódio ficou conhecido como o Golpe da Maioridade. Foi uma
Revoltas forma encontrada pelos políticos brasileiros de dar poder e
As revoltas ocorrem basicamente por dois motivos: más condições autoridade ao jovem imperador para que as revoltas pudessem ser
de vida de grande parte da população (mais pobres) e vontade das debeladas e a ordem restaurada no Brasil.
elites locais em aumentar seu poder e serem atendidas pelo SEGUNDO REINADO
governo. O Segundo Reinado é a fase da História do Brasil que corresponde
Principais revoltas do período: ao governo de D. Pedro II. Teve início em 23 de julho de 1840, com
- Cabanagem (1835 a 1840) – motivada pelas péssimas condições a mudança na Constituição que declarou Pedro de Alcântara maior
de vida em que vivia a grande maioria dos moradores da província de idade com 14 anos e, portanto, apto para assumir o governo. O
do Grão-Pará. 2º Reinado terminou em 15 de novembro de 1889, com a
Proclamação da República.
- Balaiada (1838 – 1841) – ocorreu na província do Maranhão. A
causa principal foi a exploração da população mais pobre por parte O governo de D. Pedro II, que durou 49 anos, foi marcado por
dos grandes produtores rurais. muitas mudanças sociais, política e econômicas no Brasil.
- Sabinada (1837-1838) – ocorreu na província da Bahia. Motivada Política no Segundo Reinado
pela insatisfação de militares e camadas médias e ricas da
população com o governo regencial. A política no Segundo Reinado foi marcada pela disputa entre o
- Guerra dos Farrapos (1835 – 1845) – ocorreu no Rio Grande do Partido Liberal e o Conservador. Estes dois partidos defendiam
Sul. Os revoltosos (farroupilhas) queriam mais liberdade para as quase os mesmos interesses, pois eram elitistas. Neste período o
províncias e reformas econômicas. imperador escolhia o presidente do Conselho de Ministros entre os
integrantes do partido que possuía maioria na Assembléia Geral.
Golpe da Maioridade e fim do Período Regencial
Nas eleições eram comuns as fraudes, compras de votos e até atos
Os políticos brasileiros e grande parte da população acreditavam violentos para garantir a eleição.
que a grave crise que o país enfrentava era fruto, principalmente,
Término da Guerra dos Farrapos
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e Rio de Janeiro, favorecendo o processo de industrialização do
Quando assumiu o império a Revolução Farroupilha estava em Brasil.
pleno desenvolvimento. Havia uma grande possibilidade da região Imigração
sul conseguir a independência do restante do país. Para evitar o
sucesso da revolução, D.Pedro II nomeou o barão de Caxias como Muitos imigrantes europeus, principalmente italianos, chegaram
chefe do exército. Caxias utilizou a diplomacia para negociar o fim para aumentar a mão-de-obra nos cafezais de São Paulo, a partir de
da revolta com os líderes. Em 1845, obteve sucesso através do 1850. Vieram para, aos poucos, substituírem a mão-de-obra
Tratado de Poncho Verde e conseguiu colocar um fim na Revolução escrava que, devido as pressões da Inglaterra, começava a entrar
Farroupilha. em crise. Além de buscarem trabalho nos cafezais do interior
Revolução Praieira paulista, também foram para as grandes cidades do Sudeste que
A Revolução Praieira foi uma revolta liberal e federalista que começavam a abrir muitas indústrias.
ocorreu na província de Pernambuco, entre os anos de 1848 e
1850. Dentre as várias revoltas ocorridas durante o Brasil Império, Questão abolicionista
esta foi a última. Ganhou o nome de praieira, pois a sede do jornal
dirigido pelos liberais revoltosos (chamados de praieiros) situava-se - Lei Eusébio de Queiróz (1850): extinguiu oficialmente o tráfico de
na rua da Praia. escravos no Brasil
- Lei do Ventre Livre (1871): tornou livre os filhos de escravos
Guerra do Paraguai nascidos após a promulgação da lei.
Conflito armado em que o Paraguai enfrentou a Tríplice Aliança - Lei dos Sexagenários (1885): dava liberdade aos escravos ao
(Brasil, Argentina e Uruguai) com apoio da Inglaterra. Durou entre completarem 65 anos de idade.
os anos de 1864 e 1879 e levou o Paraguai a derrota e a ruína. - Lei Áurea (1888): assinada pela Princesa Isabel, aboliu a
escravidão no Brasil.
Ciclo do café
Crise do Império
Na segunda metade do século XIX, o café tornou-se o principal
produto de exportação brasileiro, sendo também muito consumido A crise do 2º Reinado teve início já no começo da década de 1880.
no mercado interno. Esta crise pode ser entendida através de algumas questões:
Os fazendeiros (barões do café), principalmente paulistas, fizeram - Interferência de D.Pedro II em questões religiosas, gerando um
fortuna com o comércio do produto. As mansões da Avenida descontentamento nas lideranças da Igreja Católica no país;
Paulista refletiam bem este sucesso. Boa parte dos lucros do café
- Críticas e oposição feitas por integrantes do Exército Brasileiro, que
foi investida na indústria, principalmente nas cidades de São Paulo mostravam-se descontentes com a corrupção existente na corte. Além
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disso, os militares estavam insatisfeitos com a proibição, imposta pela Em 15 de novembro de 1889, aconteceu a Proclamação da
Monarquia, pela qual os oficiais do Exército não podiam dar declarações República, liderada pelo Marechal Deodoro da Fonseca. Nos cinco
na imprensa sem uma prévia autorização do Ministro da Guerra; anos iniciais, o Brasil foi governado por militares. Deodoro da
- A classe média brasileira (funcionário públicos, profissionais liberais, Fonseca, tornou-se Chefe do Governo Provisório. Em 1891,
jornalistas, estudantes, artistas, comerciantes) desejava mais liberdade e renunciou e quem assumiu foi o vice-presidente Floriano Peixoto.
maior participação nos assuntos políticos do país. Identificada com os
ideais republicanos, esta classe social passou a apoiar a implantação da O militar Floriano, em seu governo, intensificou a repressão aos
República no país; que ainda davam apoio à monarquia.
- Falta de apoio dos proprietários rurais, principalmente dos cafeicultores
do Oeste Paulista, que desejavam obter maior poder político, já que A Constituição de 1891 ( Primeira Constituição Republicana)
tinham grande poder econômico. Fazendeiros de regiões mais pobres do Após o início da República havia a necessidade da elaboração de
país também estavam insatisfeitos, pois a abolição da escravatura, uma nova Constituição, pois a antiga ainda seguia os ideais da
encontraram dificuldades em contratar mão-de-obra remunerada.
monarquia. A constituição de 1891, garantiu alguns avanços
Fim da Monarquia e a Proclamação da República políticos, embora apresentasse algumas limitações, pois
Em 15 de novembro de 1889, o Marechal Deodoro da Fonseca, com o representava os interesses das elites agrárias do pais. A nova
apoio dos republicanos, destituiu o Conselho de Ministros e seu constituição implantou o voto universal para os cidadãos
presidente. No final do dia, Deodoro da Fonseca assinou o manifesto ( mulheres, analfabetos, militares de baixa patente ficavam de
proclamando a República no Brasil e instalando um governo provisório. fora ). A constituição instituiu o presidencialismo e o voto aberto.
No dia 18 de novembro, D.Pedro II e a família imperial brasileira viajaram República das Oligarquias
para a Europa. Era o começo da República Brasileira com o Marechal
O período que vai de 1894 a 1930 foi marcado pelo governo de
Deodoro da Fonseca assumindo, de forma provisória, o cargo de
presidente do Brasil.
presidentes civis, ligados ao setor agrário. Estes políticos saiam dos
seguintes partidos: Partido Republicano Paulista (PRP) e Partido
BRASIL REPUBLICA Republicano Mineiro (PRM). Estes dois partidos controlavam
O período que vai de 1889 a 1930 é conhecido como a República as eleições, mantendo-se no poder de maneira alternada.
Velha. Este período da História do Brasil é marcado pelo domínio Contavam com o apoio da elite agrária do país.
político das elites agrárias mineiras, paulistas e cariocas. O Brasil Dominando o poder, estes presidentes implementaram políticas
firmou-se como um país exportador de café, e a indústria deu um que beneficiaram o setor agrário do país, principalmente, os
significativo salto. Na área social, várias revoltas e problemas fazendeiros de café do oeste paulista.
sociais aconteceram nos quatro cantos do território brasileiro. Surgiu neste período o tenentismo, que foi um movimento de
caráter político-militar, liderado por tenentes, que faziam oposição
A República da Espada (1889 a 1894)
ao governo oligárquico. Defendiam a moralidade política e
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mudanças no sistema eleitoral (implantação do voto secreto) e usado o voto de cabresto, em que o coronel (fazendeiro) obrigava e
transformações no ensino público do país. A Coluna Prestes e a usava até mesmo a violência para que os eleitores de seu "curral
Revolta dos 18 do Forte de Copacabana foram dois exemplos do eleitoral" votassem nos candidatos apoiados por ele. Como o voto
movimento tenentista. era aberto, os eleitores eram pressionados e fiscalizados por
Política do Café-com-Leite capangas do coronel, para que votasse nos candidatos indicados. O
A maioria dos presidentes desta época eram políticos de Minas Gerais e São coronel também utilizava outros "recursos" para conseguir seus
Paulo. Estes dois estados eram os mais ricos da nação e, por isso, objetivos políticos, tais como: compra de votos, votos fantasmas,
dominavam o cenário político da república. Saídos das elites mineiras e troca de favores, fraudes eleitorais e violência.
paulistas, os presidentes acabavam favorecendo sempre o setor agrícola,
O Convênio de Taubaté
principalmente do café (paulista) e do leite (mineiro). A política do café-
com-leite sofreu duras críticas de empresários ligados à indústria, que Essa foi uma fórmula encontrada pelo governo republicano para
estava em expansão neste período. beneficiar os cafeicultores em momentos de crise. Quando o preço
do café abaixava muito, o governo federal comprava o excedente
Se por um lado a política do café-com-leite privilegiou e favoreceu de café e estocava. Esperava-se a alta do preço do café e então os
o crescimento da agricultura e da pecuária na região Sudeste, por estoques eram liberados. Esta política mantinha o preço do café,
outro, acabou provocando um abandono das outras regiões do principal produto de exportação, sempre em alta e garantia os
país. As regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste ganharam pouca lucros dos fazendeiros de café.
atenção destes políticos e tiveram seus problemas sociais A crise da República Velha e o Golpe de 1930
agravados. Em 1930 ocorreriam eleições para presidência e, de acordo com a
Política dos Governadores política do café-com-leite, era a vez de assumir um político mineiro
Montada no governo do presidente paulista Campos Salles, esta do PRM. Porém, o Partido Republicano Paulista do presidente
política visava manter no poder as oligarquias. Em suma, era uma Washington Luís indicou um político paulista, Julio Prestes, a
troca de favores políticos entre governadores e presidente. O sucessão, rompendo com o café-com-leite. Descontente, o PRM
presidente apoiava os candidatos dos partidos governistas nos junta-se com políticos da Paraíba e do Rio Grande do Sul (forma-se
estados, enquanto estes políticos davam suporte a candidatura a Aliança Liberal ) para lançar a presidência o gaúcho Getúlio
presidencial e também durante a época do governo. Vargas.
Júlio Prestes sai vencedor nas eleições de abril de 1930, deixando
O coronelismo
descontes os políticos da Aliança Liberal, que alegam fraudes
A figura do "coronel" era muito comum durante os anos iniciais da
eleitorais. Liderados por Getúlio Vargas, políticos da Aliança Liberal
República, principalmente nas regiões do interior do Brasil. O
e militares descontentes, provocam a Revolução de 1930. É o fim
coronel era um grande fazendeiro que utilizava seu poder
da República Velha e início da Era Vargas.
econômico para garantir a eleição dos candidatos que apoiava. Era
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Galeria dos Presidentes da República Velha: Marechal Deodoro da Em 1935, a Aliança Nacional Libertadora (ANL) promoveu uma
Fonseca (15/11/1889 a 23/11/1891), Marechal Floriano Peixoto revolta militar, conhecida como intentona comunista.
(23/11/1891 a 15/11/1894), Prudente Moraes (15/11/1894 a Aproveitando-se de uma conjuntura favorável, Vargas deu um
15/11/1898), Campos Salles (15/11/1898 a 15/11/1902) , golpe de estado, em 1937, fechando o Congresso e estabelecendo
Rodrigues Alves (15/11/1902 a 15/11/1906), Affonso Penna uma ditadura de cunho corporativo-fascista, denominada Estado
(15/11/1906 a 14/06/1909), Nilo Peçanha (14/06/1909 a Novo, regida por uma carta outorgada, de caráter autoritário.
15/11/1910), Marechal Hermes da Fonseca (15/11/1910 a Vargas governou até 1945, quando foi deposto por novo golpe
15/11/1914), Wenceslau Bráz (15/11/1914 a 15/11/1918), Delfim militar.
Moreira da Costa Ribeiro (15/11/1918 a 27/07/1919), Epitácio Durante seu governo, incentivou-se a industrialização, inclusive
Pessoa (28/07/1919 a 15/11/1922), com a fundação da Companhia Siderúrgica Nacional, foi
Artur Bernardes (15/11/1922 a 15/11/1926), Washington Luiz estabelecida uma legislação trabalhista, reorganizou-se o aparelho
(15/11/1926 a 24/10/1930). administrativo do Estado, com a criação de novos ministérios, e
REPÚBLICA NOVA – 1930 a 1964 cuidou-se da previdência social, entre outros melhoramentos.
1930 - Junta governativa: General Tasso Fragoso, Gen. João de Terceira República. As eleições de 1945 apontaram o general
Deus Mena Barreto e Almirante Isaías de Noronha Eurico Gaspar Dutra como o novo presidente da República. Em seu
(1930 – 1945) Getúlio Dorneles Vargas (Getúlio Vargas) governo, o Brasil ganhou uma nova constituição, foi modernizada a
estrada de rodagem entre o Rio de Janeiro e São Paulo (rodovia
(1946 – 1951) General Eurico Gaspar Dutra (Dutra) Presidente Dutra) e começou o aproveitamento hidrelétrico da
(1951 – 1954) Getúlio Dorneles Vargas (Getúlio Vargas) cachoeira de Paulo Afonso.
(1954 – 1955) João Café Filho (Café Filho) Nesse período, firmaram-se os três grandes partidos que tiveram
importância na vida política brasileira até a deflagração do
(1956 – 1961) Juscelino Kubitschek de Oliveira (Juscelino
movimento militar de 1964: o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), o
Kubitschek - JK)
Partido Social Democrático (PSD) e a União Democrática Nacional
(1961 – 1961) Jânio da Silva Quadros (Jânio Quadros) (UDN). O Partido Comunista Brasileiro (PCB) foi posto na
(1961 – 1964) João Belchior Marques Goulart (João Goulart - Jango) ilegalidade.
Sob a chefia de Getúlio Vargas, foi instaurado um governo Em 1951, Vargas, candidato do PTB, voltou ao poder, eleito pelo
provisório que durou até 1934. Embora vitorioso sobre a revolução voto popular. Em seu segundo governo, destacou-se a criação da
constitucionalista de 1932, ocorrida em São Paulo, Vargas viu-se Petrobrás, empresa estatal destinada a monopolizar a pesquisa,
obrigado a convocar uma assembléia constituinte, que deu ao país extração e refino do petróleo. Foi um período conturbado, que
uma nova constituição (1934), de cunho liberal. teve no atentado da Rua Toneleiro (dirigido ao jornalista Carlos
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Lacerda, mas em que morreu um oficial da Aeronáutica) um dos (1979 – 1985) General João Baptista de Oliveira Figueiredo
seus episódios mais importantes. Pressionado pelas classes (General Figueiredo)
conservadoras, e ameaçado de deposição por seus generais, Vargas Os governos militares preocuparam-se, sobretudo com a segurança
suicidou-se em 24 de agosto de 1954. nacional. Editaram vários atos institucionais e complementares,
A eleição de Juscelino Kubitschek de Oliveira, candidato do PSD, promovendo modificações no funcionamento do Congresso e
inaugurou a era do desenvolvimentismo. Durante seu governo, tomando medidas de caráter econômico, financeiro e político. Os
orientado pelo Plano de Metas, construiu-se a nova capital, Atos Institucionais foram decretos emitidos durante os anos após o
Brasília, inaugurada em 21 de abril de 1960; foram abertas Golpe militar de 1964 no Brasil. Serviram como mecanismos de
numerosas estradas, ligando a capital às diversas regiões do país, legitimação e legalização das ações políticas dos militares,
entre as quais a Belém--Brasília; implantou-se a indústria estabelecendo para eles próprios diversos poderes extra-
automobilística; e foi impulsionada a construção das grandes constitucionais. Na verdade os Atos Institucionais eram um
usinas hidrelétricas de Três Marias e Furnas. A sucessão mecanismo para manter na legalidade o domínio dos militares.
presidencial coube a Jânio Quadros, apoiado pela UDN, que, após Sem este mecanismo, a Constituição de 1946 tornaria inexecutável
sete meses de governo, renunciou. o regime militar, daí a necessidade de substituí-la por decretos
A subida de João Goulart ao poder contrariou as classes mandados cumprir.
conservadoras e altos chefes militares. No início de seu governo, o De 1964 a 1969 são decretados 17 atos institucionais
Brasil viveu uma curta experiência parlamentarista, solução regulamentados por 104 atos complementares.
encontrada para dar posse a Goulart. Foi um período marcado por O governo divulgou que seu objetivo era combater a "corrupção e
greves e intensa agitação sindical. O presidente terminou sendo a subversão".
deposto pelos militares, com apoio da classe média, em 1964.
AI-1 : Foi editado em 9 de abril de 1964 pela junta militar. Passou a
REGIME MILITAR – 1964 a 1985 ser designado como Ato Institucional Número Um, ou AI-1 somente
(1964 – 1967) Marechal Humberto de Alencar Castello Branco após a divulgação do AI-2. Com 11 artigos, o AI-1 dava ao governo
(Marechal Castello Branco) militar o poder de alterar a constituição, cassar mandatos
(1967 – 1969) Marechal Arthur da Costa e Silva (Marechal Costa e legislativos, suspender direitos políticos por dez anos e demitir,
Silva) colocar em disponibilidade ou aposentar compulsoriamente
qualquer pessoa que tivesse atentado contra a segurança do país,
(1969 – 1974) General Emílio Garrastazu Médici (General Médici) o regime democrático e a probidade da administração pública.
(1974 – 1979) General Ernesto Geisel (General Ernesto Geisel)
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Determinava eleições indiretas para a presidência da República no manifestações de natureza política, além de vetar o "habeas
dia 11 de abril, sendo o mandato do presidente terminado em 31 corpus" para crimes contra a segurança nacional (ou seja, crimes
de janeiro de 1966, quando expiraria a vigência do ato. políticos). Entrou em vigor em 13 de dezembro de 1968. Concedia
AI-2: Com 33 artigos, o ato instituiu a eleição indireta para ao Presidente da Republica enormes poderes, tais como: fechar o
presidente da República, dissolveu todos os partidos políticos, Congresso Nacional; demitir, remover ou aposentar quaisquer
aumentou o número de ministros do Supremo Tribunal Federal de funcionários; cassar mandatos parlamentares; suspender por dez
11 para 16, reabriu o processo de punição aos adversários do anos os direitos políticos de qualquer pessoa; decretar estado de
regime, estabeleceu que o presidente poderia decretar estado de sítio; julgamento de crimes políticos por tribunais militares, etc.
sítio por 180 dias sem consultar o Congresso, intervir nos estados, No campo do desenvolvimento econômico, as atenções dos
decretar o recesso no Congresso, demitir funcionários por governantes e dos tecnocratas voltaram-se prioritariamente para o
incompatibilidade com o regime e baixar decretos-lei e atos combate à inflação, que atingira níveis alarmantes; para a
complementares sobre assuntos de segurança nacional. construção de obras de infra-estrutura, sobretudo nas áreas de
O AC 4, em 20 de novembro estabeleceu a nova legislação transportes -- como a rodovia Transamazônica e a ponte Rio--
partidária, fixando os dois partidos políticos que poderiam existir: Niterói (oficialmente, ponte Presidente Costa e Silva) --, de
Aliança Renovadora Nacional (Arena) e Movimento Democrático comunicações -- com a implantação do sistema de comunicação
Brasileiro (MDB). por satélite -- e de energia, com a construção da usina hidrelétrica
de Itaipu -- por meio de um convênio com o Paraguai -- e com a
AI-3: Estabelecia eleições indiretas para governador e vice- assinatura de um acordo com a Alemanha para a construção de
governador e que os prefeitos das capitais seriam indicados pelos usinas nucleares.
governadores, com aprovação das assembléias legislativas.
Estabeleceu o calendário eleitoral, com a eleição presidencial em 3 RESISTÊNCIAS
de outubro e para o Congresso, em 15 de novembro. O movimento estudantil
AI-4: Convocou ao Congresso Nacional para a votação e Os Estudantes, organizados pela UNE, UBEs e respectivas UEEs,
promulgação da Constituição de 1967. Projeto de Constituição, que eram, antes de abril de 64, um dos grupos que mais pressionavam
revogaria definitivamente a Constituição de 1946. o governo João Goulart no sentido de fazê-lo avançar e, mesmo,
AI-5: Em 1968 reações mais significativas ao regime militar radicalizar, na realização das reformas sociais. Por isso, aos olhos
começaram a surgir. Esse Ato foi a contra-reação. Representou um dos militares que tomaram o poder, eles eram um dos setores mais
significativo endurecimento do regime militar. Foi editado no dia identificados com a esquerda, comunista, subversiva e desordeira;
13 de dezembro, uma sexta-feira que ficou marcada para a história uma das formas de desqualificar o movimento estudantil era
contemporânea brasileira. Este ato incluía a proibição de chamá-lo de baderna, como se seus agentes não passassem de
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jovens irresponsáveis, e isso se justificava para a intensa repressão. No dia 28 de março de 1968 uma manifestação contra a
perseguição que se estabeleceu. má qualidade do ensino, realizada no restaurante estudantil
Logo em novembro de 1964 o governo Castelo Branco fez aprovar Calabouço, no Rio de Janeiro, foi violentamente reprimida pela
uma lei que ficou conhecida como lei "Suplicy de Lacerda", nome polícia, resultando na morte do estudante Edson Luís Lima Souto.
do ministro da Educação, que reorganizava as entidades, A reação estudantil foi imediatamente: no dia seguinte, o enterro
proibindo-as de desenvolverem atividades políticas. do jovem estudante transformou-se em um dos maiores atos
Os estudantes reagiram negando-se a participar das novas públicos contra a repressão; missas de sétimo dia foram celebradas
entidades oficiais e realizando manifestações públicas (passeatas), em quase todas as capitais do país, seguidas de passeatas que
que se tornaram cada vez mais freqüentes e concorridas. Ao reuniram milhares de pessoas.
mesmo tempo, o movimento estudantil procurou assegurar a Em outubro do mesmo ano, a UNE (na ilegalidade) convocou um
existência das suas entidades legítimas, agora na clandestinidade. congresso para a pequena cidade de Ibiúna, no interior de São
Em 1968 - ano marcado mundialmente pela ação política estudantil Paulo. A polícia descobriu a reunião, invadiu o local e prendeu os
- o movimento estudantil cresceu em resposta não só a repressão, estudantes.
mas também em virtude da política educacional do governo, que já *Usaid - agência americana que destinava verbas e auxílio técnico
revelava a tendência que iria se acentuar cada vez mais, no sentido para projetos de desenvolvimento educacional.
da privatização da educação, cujos efeitos são sentidos até hoje. Movimentos sindicais
A política de privatização tinha dois sentidos: um era o A greve dos metalúrgicos de Osasco, São Paulo, e de Contagem,
estabelecimento do ensino pago (principalmente no nível superior) Minas Gerais, ambas em 1968, são as últimas manifestações
e outro, o direcionamento da formação educacional dos jovens operárias da década de 60. Em 12 de maio de 1978, a greve de
para o atendimento das necessidades econômicas das empresas 1.600 trabalhadores, no ABC paulista, marca a volta do movimento
capitalistas (mão-de-obra e técnicos especializados). Estas operário à cena política. Em junho, movimento se espalha por São
diretrizes correspondiam à forte influência norte-americana Paulo, Osasco e Campinas. Até 27 de julho registaram-se 166
exercida através de técnicos da Usaid* que atuavam junto ao MEC acordos entre empresas e sindicatos, beneficiando cerca de 280 mil
por solicitação do governo brasileiro, gerando uma série de trabalhadores. Nessas negociações, torna-se conhecido em todo o
acordos que deveriam orientar a política educacional brasileira. país o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e
As manifestações estudantis foram os mais expressivos meios de Diadema, Luís Inácio da Silva, o Lula.
denúncia e reação contra a subordinação brasileira brasileiro aos Em 29 de outubro de 1979, metalúrgicos de São Paulo e Guarulhos
objetivos e diretrizes do capitalismo norte-americano. O interrompem o trabalho. No dia seguinte morre o operário Santos
movimento estudantil não parava de crescer, e com ele a Dias da Silva em confronto com a polícia, durante um piquete na
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frente uma fábrica no bairro paulistano de Santo Amaro. As greves Partido Comunista do Brasil (PC do B), uma dissidência do PCB. As
se espalham por todo o país. organizações armadas, conhecidas também como guerrilha,
Em conseqüência de uma greve realizada no dia 1º de Abril de fizeram assaltos a bancos e seqüestros de diplomatas para trocá-
1980 pelos metalúrgicos do ABC paulista e de mais 15 cidades do los por presos políticos e colaboradores do regime.
interior de São Paulo, no dia 17 de Abril, o ministro do Trabalho, A Ação Popular foi, na década de 60, um dos mais importantes
Murillo Macedo, determina a intervenção nos sindicatos de São movimentos de resistência ao regime militar. Teve origem em 1962
Bernardo do Campo e Santo André, prendendo 13 líderes sindicais a partir de grupos católicos, especialmente influentes no
dois dias depois. A organização da greve mobiliza estudantes e movimento estudantil. De 62 até 1972 a Ação Popular fez todos os
membros da Igreja. presidentes da UNE. De, inicialmente, moderada a AP passou a
Ligas Camponesas discutir a necessidade da luta armada, devido a radicalização dos
órgãos de repressão. A AP lançou o movimento Contra a Ditadura e
A resistência acontece também no campo. Além da sindicalização, em 67 mudou sua sigla para APML (Ação Popular Marxista-Lenista)
registrava-se a formação de Ligas Camponesas que, sobretudo no buscando aliar-se aos movimentos camponeses e de bóia-frias.
Nordeste, sob a liderança do advogado Franscisco Julião, eram Vários líderes da AP foram assassinados. A AP terminou com sua
importantes instrumentos de organização e de atuação dos incorporação ao PC do Brasil.
camponeses. Em 15 de maio de 1984 cerca de 5 mil cortadores de
cana e colhedores de laranja do interior paulista entram em greve O governo Geisel iniciou um processo de abertura democrática,
por melhores salários e condições de trabalho. No dia seguinte lenta e gradual, desembocando na anistia política, que permitiu a
invadem as cidades de Guariba e Bebedouro. Um canavial é volta ao país de numerosos exilados. Em seguida à anistia, veio o
incendiado. O movimento é reprimido por 300 soldados. Greves de fim do bipartidarismo, e foram criados vários partidos políticos. No
trabalhadores se espalham por várias regiões do país, final da década de 1970, o movimento popular e sindical tomou um
principalmente no Nordeste. novo alento, o que levaria, nos primeiros anos da década seguinte,
ao movimento das “diretas já”, que, embora não fosse vitorioso,
A luta armada permitiu em 1985 a eleição indireta pelo Congresso de Tancredo
Parte da Esquerda brasileira optou pela luta armada como forma Neves, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB),
de resistir ao Regime Militar e abrir caminho para uma revolução. para a presidência da República. Com a morte de Tancredo Neves,
Destacaram-se: Ação Libertadora Nacional (ALN), liderada por na véspera da posse, assumiu seu vice-presidente, José Sarney.
Carlos Marighella, ex-deputado e ex-membro do Partido Comunista NOVA REPÚBLICA – 1985 a atual
Brasileiro, morto numa emboscada em 69; Vanguarda Popular
Revolucionária (VPR), comandada pelo ex- capitão do Exército (1985 – 1990) José Sarney (Sarney)
Carlos Lamarca, morto na Bahia, em 17 de setembro de 1971; e o (1990 – 1992) Fernando Afonso Collor de Melo (Fernando Collor)
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(1992 – 1995) Itamar Augusto Cautiero Franco (Itamar Franco) Em 27 de outubro de 2002, Luiz Inácio Lula da Silva é eleito
(1995 – 2002) Fernando Henrique Cardoso (Fernando Henrique Presidente da República Federativa do Brasil com quase 53 milhões
Cardoso - FHC) de votos, e, em 29 de outubro de 2006 é reeleito com mais de 58
milhões de votos (60,83% dos votos válidos). Em 2011 ele passará o
(2003 – 2010) Luiz Inácio Lula da Silva. (Lula). cargo para a candidata eleita Dilma Rousseff, sua sucessora.
(2011 – 2015) Dilma Vana Rousseff (Dilma).
O governo Sarney teve como fato econômico mais importante a
implantação do Plano Cruzado, com vistas a combater a inflação
pelo congelamento de preços e da troca da moeda. O fato político
marcante do período foi a eleição de uma assembléia nacional
constituinte, que em 1988 deu ao Brasil uma nova constituição. O
fracasso do plano econômico e a corrupção generalizada
contribuíram para polarizar as preferências eleitorais em 1989 em
torno das candidaturas de Fernando Collor de Mello, apoiado por
poderosas forças políticas, e Luís Inácio Lula da Silva, do Partido
dos Trabalhadores.
A vitória de Fernando Collor provocou uma euforia momentânea,
logo dissipada pelo fracasso dos sucessivos planos econômicos e
pelas denúncias de corrupção que atingiam figuras próximas ao
presidente. Depois de intensa movimentação popular, Collor foi
afastado do governo, em 1992, pelo processo de impeachment,
conduzido pelo Congresso Nacional.
O Presidente Itamar Franco, sucessor de Fernando Collor, contou
com vasto apoio parlamentar e popular. Seus objetivos principais
eram combater a inflação, retomar o crescimento econômico e
diminuir a pobreza do povo brasileiro. O sucesso das medidas
econômicas permitiu a eleição do criador do Plano Real, Fernando
Henrique Cardoso, que conquistou a Presidência da República, e foi
presidente por dois mandatos, de 1995 a 1998 e de 1999 a 2002.
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