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Influência da Interação Rocha-Fluido na Estabilidade de


Poços: Simulações

6.1.
Introdução

As simulações executadas têm como objetivo esclarecer o efeito da


interação físico-química da rocha com o fluido de perfuração na estabilidade de
poços ao longo do tempo. As condições adotadas pretendem reproduzir casos
encontrados na prática, usando para o folhelho dados representativos para o
material descrito nos capítulos anteriores.
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Levando em conta os resultados obtidos na modelagem unidimensional, o


FPORO 3D foi utilizado para simular as variações da tensão, pressão de poros,
deslocamentos e nível de plastificação ao redor do poço, obtidas da invasão de
fluido de perfuração. Em primeiro lugar, são apresentados os casos simulados
considerando o poço vertical com geometria e estado de tensão simples, para
comprovar gradualmente a consistência dos resultados obtidos com o fundamento
teórico estudado. O cenário de um poço vertical, com pressão do fluido de
perfuração igual à pressão de poros inicial e sem concentração de sal nestes
fluidos, foi o caso analisado inicialmente (Caso I). Depois, estabelecendo uma
concentração de sal do fluido de perfuração e mantendo nula a diferença de
pressão (∆Pl=lPwl-lPol=l0), foi estudado o efeito do mecanismo de transporte
devido à diferença de atividade química (Caso II).
Conservando a geometria anterior, foi simulada uma perfuração
sobrebalanceada, com as atividades do fluido de perfuração e do fluido nos poros
iguais, para verificar o efeito da pressão do fluido de perfuração na dissipação da
pressão de poros (Caso III). Depois foi adicionada uma concentração no fluido de
perfuração, variando o coeficiente de reflexão, para perceber o efeito membrana
na mudança das condições ao redor do poço sob estado de tensão isotrópico (Caso
IV). O poço submetido a tensões horizontais diferentes também foi analisado para
Influência da Interação Rocha-Fluido na Estabilidade de Poços: Simulações 89

o modelo descrito anteriormente (Caso V). No Caso VI, as conseqüências da


variação da concentração salina do fluido de perfuração foram avaliadas
mantendo o valor do coeficiente de reflexão constante e para uma isotropia de
tensões.
A análise da influência do coeficiente de reflexão, para o cenário de um
poço inclinado sob tensões horizontais diferentes, foi tratada no Caso VII. A
mesma geometria e estado de tensões foi aplicada para analisar o efeito da
concentração do sal do fluido de perfuração ao redor do poço (Caso VIII).
No total foram efetuadas 38 simulações, cujos resultados são apresentados
através de curvas que mostram a mudança do estado de tensões, pressão de poros,
deslocamento radial e nível de plastificação do poço ao longo do tempo. A
Tabela 6. 1 apresenta os diferentes casos simulados e os dados de estado de
tensões in situ, gradiente químico, concentração (percentagem em peso),
viscosidade do fluido de perfuração e o coeficiente de reflexão utilizados para
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cada simulação. Nesta fase, é adotada a convenção de sinais da geomecânica,


onde tensões de compressão são assumidas como positivas. Em geral, o tempo de
simulação variou entre 3 e 6 dias.
Influência da Interação Rocha-Fluido na Estabilidade de Poços: Simulações 90

Tabela 6. 1 – Descrição geral dos casos analisados

Po Pw Atividade σH σh σv C
Poço Caso µw (cp) α= r.ni
(MPa) (MPa) Química (MPa) (MPa) (MPa) (% CaCl2)

Vertical I 15 15 ao = aw 30 30 33 - 1,00 -
II 15 15 a o > aw 30 30 33 35,0 1,90 0,01
III 15 20 a o = aw 30 30 33 - 1,00 -
IV 15 20 a o > aw 30 30 33 35,0 1,90 0,01
15 20 a o > aw 30 30 33 35,0 1,90 0,02
15 20 a o > aw 30 30 33 35,0 1,90 0,05
15 20 a o > aw 30 30 33 35,0 1,90 0,10
15 20 a o > aw 30 30 33 35,0 1,90 0,20
15 20 a o > aw 30 30 33 35,0 1,90 0,50
V 15 20 a o = aw 33 30 35 - 1,00 -
15 20 a o > aw 33 30 35 35,0 1,90 0,01
15 20 a o > aw 33 30 35 35,0 1,90 0,05
15 20 a o > aw 33 30 35 35,0 1,90 0,10
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20 22 a o = aw 30 30 35 - 1,0 -
VI 20 22 a o > aw 30 30 35 20,0 1,00 0,01
20 22 a o > aw 30 30 35 21,0 1,04 0,01
20 22 a o > aw 30 30 35 22,0 1,08 0,01
20 22 a o > aw 30 30 35 25,0 1,20 0,01
20 22 a o > aw 30 30 35 30,0 1,52 0,01
20 22 a o > aw 30 30 35 35,0 1,90 0,01
Inclinado VII 15 25 ao = aw 33 30 35 - 1,00 -
15 25 a o > aw 33 30 35 35,0 1,90 0,01
15 25 a o > aw 33 30 35 35,0 1,90 0,1
15 25 a o > aw 33 30 35 35,0 1,90 0,2
15 25 a o > aw 33 30 35 35,0 1,90 0,5
VIII 15 25 a o = aw 33 30 35 - 1,00 -
15 25 a o > aw 33 30 35 5,0 0,68 0,01
15 25 a o > aw 33 30 35 10,0 0,76 0,01
15 25 a o > aw 33 30 35 20,0 1,00 0,01
15 25 a o > aw 33 30 35 30,0 1,52 0,01
15 25 a o > aw 33 30 35 35,0 1,90 0,01
15 25 a o > aw 33 30 35 40,0 2,44 0,01
Influência da Interação Rocha-Fluido na Estabilidade de Poços: Simulações 91

Considerando o folhelho como a rocha em estudo, situações envolvendo os


parâmetros em função da composição e profundidade em que ela se encontra
foram modeladas. As propriedades do material, fluido nos poros, fluido de
perfuração e os dados utilizados como base para todas as simulações aparecem na
Tabela 6. 2.

Tabela 6. 2 – Dados da rocha usados na modelagem


Fluido Módulo compress. do fluido (Kf) MPa 3300
dos poros Viscosidade cp 1,0
Material Propriedades Módulo de Young (E) MPa 1850
drenadas Poisson (ν) 0,22
Propriedades de Compressão MPa 50
resistência Tração MPa 5
(o)
Ângulo de atrito (φ) 30
(o)
Ângulo de dilatância (ψ) 15
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Módulo de rigidez dos grãos (Ks) MPa 36000


Porosidade (η) 0,3

Poço Raio (a) m 0,127

Consolidação cv m2/s 1,804E-08


k mDarcy 1,0E-05
Dados Tipo de solução CaCl2
físico- Massa molar Solvente (água) Kg/mol 0,01802
químicos Soluto Kg/mol 0,11098
Coeficiente de Difusão da solução livre (Do) m2/s 1,34E-09
2
dispersão Difusão efetiva (De) m /s 1,34E-10
Tortuosidade (το) 0,1
Dispersividade longitudinal (αL) m 0,0015
Dispersividade transversal (αΤ) m 0,00015
Dissociação Número de partículas (ni) 2,601
do sal Fator de retardamento (Rd) 1,0
o
Temperatura (T) C 60
Influência da Interação Rocha-Fluido na Estabilidade de Poços: Simulações 92

6.2.
Casos Modelados

6.2.1.
Simulações em Poço Vertical

Caso I: Sem gradiente hidráulico nem químico. Este primeiro caso


descreve o poço perfurado verticalmente, em um meio com tensões horizontais in
situ isotrópicas. A atividade química e a pressão do fluido de perfuração foram
escolhidas iguais às do fluido dos poros. O cenário descrito aparece ilustrado na
Figura 6. 1 e os dados reunidos na Tabela 6. 3.

σh = 30 MPa

y
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σH = 30 MPa

Pw = 15 MPa θ x

r =5”
a= 5”

Po = 15 MPa
σv = 33 MPa

Figura 6. 1 – Configuração de carregamento, poço vertical

Tabela 6. 3 – Parâmetros de entrada

Tensões Fluido σv MPa 33


σH MPa 30
σh MPa 30
Po MPa 15
(o)
Poço Inclinação 0
Fluido de Tipo de solução Água
perfuração Pressão MPa 15
Atividade química (aw) 1,0
Viscosidade cp 1,0
Influência da Interação Rocha-Fluido na Estabilidade de Poços: Simulações 93

As tensões para qualquer ponto sobre ou perto da parede do poço, descritas


em termos da componente de tensão radial σr (a qual atua ao longo do raio do
poço), da tensão tangencial σθ (atuando ao redor da circunferência do poço) e da
tensão axial σz (paralela ao eixo da trajetória do poço), são apresentadas na
Figura 6. 2. Como era de se esperar, quando o fluido de perfuração está em
perfeito balanço com o fluido dos poros, não existe variação alguma da pressão de
poros. Esta situação conserva constantes as tensões e deformações ao redor do
poço ao longo do tempo. A Figura 6. 3 mostra o deslocamento radial
(instantâneo) sofrido pela parede do poço devido à perfuração. O poço mantém o
fechamento inicial ao longo do tempo.

50
5 min
45
σθ 1h
1 dia
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40
10 dias
Tensão (MPa)

35 σz

30

25
σr
20

15
P
10
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
r/a

Figura 6. 2 – Distribuição de tensões ao redor do poço quando ao = aw, Po = Pw


Influência da Interação Rocha-Fluido na Estabilidade de Poços: Simulações 94

0.99011 (0.991)

0.99006 (0.996)
Deslocamento rf/a

(%)
0.99001 (1.001)

0.98996 (1.006)

0.98991 (1.011)
0 2 4 6 8 10
Tempo (dias)

Figura 6. 3 – Deslocamento radial da parede do poço (ao = aw, Po = Pw)


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Caso II: Sem gradiente hidráulico, com gradiente de concentração. Sob as


mesmas condições in situ da Figura 6. 1, procedeu-se a simular o caso referente ao
fluxo de fluido gerado pela exposição da rocha a um fluido de atividade química
menor que a dos poros. A Figura 6. 4 mostra o comportamento da pressão de
poros, quando utilizada uma solução salina com 35 w% de CaCl2. A queda de
pressão de poros é conseqüência do efeito osmótico, causado pelo contraste entre
a atividade química do fluido dos poros e do fluido de perfuração. Esta
diminuição da pressão de poros ao redor do poço, provoca o aumento da tensão
efetiva e da resistência da rocha (Figura 6. 5), melhorando a estabilidade. A
Figura 6. 6 mostra que, neste caso, a mudança da pressão de poros pela presença
do gradiente de concentração, tem pouca influência na distribuição das tensões
efetivas.
Influência da Interação Rocha-Fluido na Estabilidade de Poços: Simulações 95

15.4

15.2
Pressão de poros (MPa)

15.0

14.8

5 min
14.6
1h
14.4 1 dia
10 dias
14.2
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
r/a

Figura 6. 4 – Distribuição da pressão de poros ao redor do poço para aw < ao, Po = Pw


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Envoltória de ruptura
Tensão cisalhante

Estado inicial

Redução da
poropressão

Tensão normal efetiva

Figura 6. 5 – Mudança do estado de tensões devido à redução da pressão de poros


Influência da Interação Rocha-Fluido na Estabilidade de Poços: Simulações 96

35
5 min
30 1h
'
σθ 1 dia
25
Tensão efetiva (MPa)

10 dias

20
'
σz
15

10
'
σr
5

0
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
r/a

Figura 6. 6 – Tensões efetivas ao redor do poço


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A Figura 6. 7 mostra que o poço continua fechando ao longo do tempo.


Este deslocamento radial é levemente maior para os primeiros dois dias após a
perfuração.

0.99011 (0.991)

0.99006 (0.996)
Deslocamento rf/a

(%)

0.99001 (1.001)

0.98996 (1.006)

0.98991 (1.011)
0 2 4 6 8 10
Tempo (dias)

Figura 6. 7 – Deslocamento radial da parede do poço


Influência da Interação Rocha-Fluido na Estabilidade de Poços: Simulações 97

Caso III: com gradiente hidráulico, sem gradiente químico. Uma outra
situação foi modelada estabelecendo uma condição de perfuração sobre-
balanceada, com pressão do fluido de perfuração de 20 MPa, para o estado de
tensões da Figura 6. 1. A atividade química do fluido dos poros e do fluido de
perfuração foram consideradas iguais.
A Figura 6. 8 apresenta a distribuição da pressão de poros com o tempo. O
fluido de perfuração, com pressão Pwi=i20 MPa na parede do poço, entra em
contato com o fluido dos poros e altera a pressão de poros original (Poi=i15 MPa).
A pressão ao redor do poço varia ao longo do tempo até se estabelecer uma
distribuição de pressão de poros permanente entre a parede e a formação.

21
5 min
20
1h
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1 dia
Pressão de poros (MPa)

19
10 dias
18

17

16

15

14
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
r/a

Figura 6. 8 – Perfis de pressão de poros modelados considerando aw = ao

Como conseqüência do incremento da pressão de poros, as tensões efetivas


sofrem uma redução que diminui a resistência (Figura 6. 9). Este processo
provoca o incremento da relação (τ atuante τ ruptura ) ao redor do poço com o tempo, a

qual, para este caso, é inferior a um, indicando que a região não chegou a
plastificar (Figura 6. 10).
Influência da Interação Rocha-Fluido na Estabilidade de Poços: Simulações 98

30

25
σ 'θ
Tensão efetiva (MPa)

20

σ 'z
15

10 5 min
σ 'r 1h
5 1 dia
10 dias
0
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
r/a

Figura 6. 9 – Tensões radiais, tangenciais e axiais efetivas


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0.52
5 min
0.48
1h
0.44 1 dia
10 dias
0.40
Fator de dano

0.36

0.32

0.28

0.24

0.20
1 1.05 1.1 1.15 1.2 1.25 1.3 1.35 1.4 1.45 1.5 1.55 1.6
r/a

Figura 6. 10 – Evolução da relação (τ atuante τ ruptura ) na condição sobre-balanceada

Caso IV: com gradiente hidráulico e químico (variando α). Com a


geometria do Caso III e mantendo a pressão exercida pelo fluido de perfuração
(Pwi=i20 MPa), foram modeladas situações envolvendo o efeito membrana. As
seis simulações variando o coeficiente de reflexão (α), aparecem na Tabela 6. 4.
Influência da Interação Rocha-Fluido na Estabilidade de Poços: Simulações 99

Elas foram efetuadas utilizando uma solução com 35 w/w% de cloreto de cálcio
de viscosidade 1,90 cp, para uma temperatura de 60oC.

Tabela 6. 4 – Valores de coeficiente de reflexão adotados na análise do Caso IV


Simulação Coeficiente de reflexão (α)

1 0,01
2 0,02
3 0,05
4 0,10
5 0,20
6 0,50

As Figura 6. 11, Figura 6. 12 e Figura 6. 13 mostram o perfil de dissipação


da pressão de poros para diferentes valores de α. Pode se observar um
retardamento no processo de difusão da pressão de poros conforme o coeficiente
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de reflexão aumenta. Uma comparação do efeito membrana para os cenários


simulados pode também ser efetuada através da Figura 6. 14. Quanto maior o
valor de α, o fluxo de fluido gerado pelo gradiente de concentração é maior
(osmose química), reduzindo o processo de difusão de pressão.

25
5 min
1h
21
1 dia
Pressão de poros (MPa)

10 dias
17

13

5
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
r/a

Figura 6. 11 – Dissipação da pressão de poros para α = 0,01


Influência da Interação Rocha-Fluido na Estabilidade de Poços: Simulações 100

25
5 min

21 1h
Pressão de poros (MPa)

1 dia
10 dias
17

13

5
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
r/a

Figura 6. 12 – Dissipação da pressão de poros para α = 0,10


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25
5 min
1h
21
1 dia
Pressão de poros (MPa)

10 dias
17

13

5
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
r/a

Figura 6. 13 – Dissipação da pressão de poros para α = 0,20


Influência da Interação Rocha-Fluido na Estabilidade de Poços: Simulações 101

25

20
Pressão de poros (MPa)

15

10
Sem sal
α = 0.01
5 α = 0.05
α = 0.10
0 α = 0.20
α = 0.50
-5
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
r/a

Figura 6. 14 – Pressão de poros 10 dias após a perfuração


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A penetração de massa de soluto no folhelho é uma outra situação que


acompanha a interação rocha-fluido e acontece como conseqüência do processo
advectivo e da difusão química. A Figura 6. 15 mostra a concentração de sal na
proximidade da parede do poço crescendo com o tempo. Após 10 dias da
perfuração, a quantidade de 30 Kg/m3 de soluto (2,94 w/w%), chegou até 160 mm
para dentro na formação. Comparando este resultado com o obtido no caso
unidimensional utilizado para estimar o tempo da análise no campo (Figura 5.10),
observa-se que, para a condição aqui simulada, a quantidade de soluto que penetra
a rocha é seis vezes maior do que no caso unidimensional.
Influência da Interação Rocha-Fluido na Estabilidade de Poços: Simulações 102

500

5 min
400 1h
1 dia
Concentração (Kg/m3)

10 dias
300

200

100

0
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8
r/a

Figura 6. 15 – Distribuição de soluto ao redor do poço para α = 0.01


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As tensões efetivas radiais apresentadas na Figura 6. 16, mostram um


aumento com o incremento do α. Para os dois cenários ilustrados (αi=i0,20 e
α =i0,50), observou-se que para tempos menores (t ≤i5 min), as tensões efetivas
tomam um valor negativo na parede do poço. A instabilidade numérica explica
este fenômeno, já que a tensão total obtida na região (r a ) ≤ 1,10 , apresentou
oscilações que perturbaram o resultado das tensões efetivas.
Influência da Interação Rocha-Fluido na Estabilidade de Poços: Simulações 103

25

20

15
σr' (MPa)

10

5 min
5
1h

0 1 dia
10 dias
-5
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
(a) r/a

25
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20

15
σr' (MPa)

10

5 min
5
1h

0 1 dia
10 dias
-5
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
(b) r/a

Figura 6. 16 – Evolução da tensão radial efetiva para (a) α = 0.20, (b) α =0.50

Devido às diferenças na difusão da pressão de poros para cada α adotado, a


relação (τ atuante τ ruptura ) é modificada. A melhoria do efeito membrana (dada pelo

aumento do parâmetro α), diminui o valor desta relação ao redor do poço


(Figura 6. 17).
Influência da Interação Rocha-Fluido na Estabilidade de Poços: Simulações 104

0.48
sem sal
0.44 α= 0.01
α= 0.05
0.40 α= 0.10
Fator de dano

α= 0.20
0.36
α= 0.50

0.32

0.28

0.24

0.20
1 1.05 1.1 1.15 1.2 1.25 1.3 1.35 1.4 1.45 1.5 1.55 1.6
r/a

Figura 6. 17 – Relação (τ atuante τ ruptura ) para t =10 dias


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A Figura 6. 18 mostra que uma diminuição da relação (τ atuante τ ruptura ) não

implica menores deslocamentos. Observa-se que após o fechamento inicial do


poço, a parede continua se deslocando em função do valor do coeficiente de
reflexão adotado. O efeito membrana obtido para αi=i0,05 mantém o
deslocamento inicial da parede do poço, enquanto que o máximo coeficiente
simulado (αi=i0,50) corresponde ao maior deslocamento obtido. Valores acima
ou abaixo de αi=i0,05 promovem fechamento ou alargamento respectivamente.
Estes resultados indicam que o efeito membrana pode reduzir ou promover o
deslocamento radial da parede do poço.
Influência da Interação Rocha-Fluido na Estabilidade de Poços: Simulações 105

0.99336 (0.664)

0.99334 (0.666)

0.99332 (0.668)
Deslocamento rf/a

0.99330 (0.670)

(%)
0.99328 (0.672)

0.99326 (0.674)

0.99324 sem sal α= 0.01 (0.676)


α= 0.05 α= 0.10
0.99322 (0.678)
α= 0.20 α= 0.50
0.99320 (0.680)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Tempo (dias)

Figura 6. 18 – Deslocamento radial da parede do poço


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Caso V: com gradiente hidráulico e químico, tensões horizontais


anisotrópicas (variando α). O processo de perfuração de um poço vertical sob
estado de tensões anisotrópico (Figura 6. 19) foi depois analisado. A Tabela 6. 5
apresenta as simulações efetuadas.

σh = 30 MPa

y
σH = 33 MPa

Pw = 20 MPa θ x

a= 5”
r = 5”

Po = 15 MPa
σv = 35 MPa

Figura 6. 19 – Configuração de carregamento em poço vertical (σh < σH)


Influência da Interação Rocha-Fluido na Estabilidade de Poços: Simulações 106

Tabela 6. 5 – Valores de coeficiente de reflexão adotados na análise do Caso V


Simulação Coeficiente de reflexão (α)

1 -
2 0,01
3 0,05
4 0,10

A situação com tensões horizontais diferentes somada ao incremento do


coeficiente de reflexão, tornou o problema altamente não linear, fazendo
necessária a redução da faixa do tempo máximo de análise para t = 5 dias.
A Figura 6. 20(a), mostra o perfil de pressão de poros obtido para θi=i0o. A
mínima pressão de poros obtida no curto prazo (ti=i5 min), para os coeficientes de
reflexão simulados, permanece constante (12 MPa), e existe um afastamento da
curva de pressão de poros da parede do poço conforme o α diminui.
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Conseqüentemente, a menor pressão de poros que a rocha conseguiria desenvolver


na região de θ =i0º, seria condicionada pelo alívio de tensões devido à perfuração
Na região ao redor de θ = 90º, a compressão que a rocha sofre leva à pressão
de poros para um valor acima do experimentado para θ =i0º. Na Figura 6. 20(b),
observa-se que, no curto prazo, a osmose gera uma forte queda da pressão de
poros na região perto da parede do poço, a qual é acentuada com o incremento do
α. Cinco dias depois de iniciado o processo de dissipação da pressão de poros, o
perfil de menor pressão de poros corresponde ao maior valor de α simulado.
Influência da Interação Rocha-Fluido na Estabilidade de Poços: Simulações 107

22

Sem sal
20
α= 0.01
Pressão de poros θ=0 (MPa)

α= 0.05
18
α= 0.10
5 dias
16

14

12
5 min

10
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
(a) r/a

22
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Sem sal
20 α = 0.01
Pressão de poros θ=90 (MPa)

α = 0.05
18 α = 0.10

16

14

5 min
12 5 dias

10
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
(b) r/a

Figura 6. 20 – Distribuição da pressão de poros para (a) θ = 0o, (b) θ = 90o

As curvas que representam a relação (τ atuante τ ruptura ) para θi=i0o e θi=i90o

aparecem na Figura 6. 21. Os maiores resultados obtidos correspondem à região


de θi=i90o, onde acontece a maior compressão. No entanto, estes valores são
inferiores a um, indicando que a região não plastificou. As famílias de curvas
para cada zona, mostram que o incremento do α reduz o valor do fator de dano ao
redor do poço.
Influência da Interação Rocha-Fluido na Estabilidade de Poços: Simulações 108

0.70

0.65 Sem sal


0.60 α= 0.01
0.55 α= 0.05
α= 0.10
Fator de dano

0.50
0.45 o
θ= 90
0.40

0.35

0.30
o
θ= 0
0.25

0.20
1 1.05 1.1 1.15 1.2 1.25 1.3 1.35 1.4 1.45 1.5 1.55 1.6
r/a

Figura 6. 21 – Relação (τ atuante τ ruptura ) para t = 5 dias


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Os resultados de deslocamento radial apresentam uma taxa maior nas


primeiras 12 horas, e nenhuma influência do efeito membrana para este tempo,
nas duas regiões mostradas na Figura 6. 22(a) e (b). Os deslocamentos da parede
obtidos neste caso são de uma ordem maior devido à condição de anisotropia.
Observa-se que após o fechamento instantâneo inicial, o poço sofre uma
diminuição do raio que ocorre onde σH encontra-se atuando (θi= 0o) e um
alargamento do poço em θ = 90o, onde a tensão atuando é a horizontal menor.
Influência da Interação Rocha-Fluido na Estabilidade de Poços: Simulações 109

0.9908 (0.92)
Sem sal
0.9906 α= 0.01 (0.94)

α= 0.05
Deslocamento (rf/a ) θ=0

0.9904 (0.96)
α= 0.10
0.9902 (0.98)

%
0.9900 (1.00)

0.9898 (1.02)

0.9896 (1.04)

0.9894 (1.06)
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
(a) Tempo (dias)

0.9954 (0.46)
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0.9952 (0.48)
Deslocamento θ=90 (rf/a )

0.9950 (0.50)

0.9948 (0.52)

%
0.9946 (0.54)
Sem sal
0.9944 (0.56)
α= 0.01

0.9942
α= 0.05 (0.58)
α= 0.10
0.9940 (0.60)
0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 4.0 4.5 5.0
(b) Tempo (dias)

Figura 6. 22 – Deslocamento radial da parede do poço

Caso VI: com gradiente hidráulico e químico (variando C). O efeito da


variação da concentração de cloreto de cálcio no fluido de perfuração foi avaliado
através do modelo da Figura 6. 23, mantendo o valor de α constante (α= 0,01).
Os dados modificados para cada simulação aparecem na Tabela 6. 6.
Influência da Interação Rocha-Fluido na Estabilidade de Poços: Simulações 110

σh = 30 MPa

σH = 30 MPa
Pw = 22 MPa θ x

a= 5”
r = 5”

Po = 20 MPa
σv = 35 MPa

Figura 6. 23 – Configuração de carregamento no poço vertical

Tabela 6. 6 – Dados relacionados com a concentração do fluido para cada simulação


Simulação C (w/w%) C (Kg/m3) µw (cp)
1 - - 1,00
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2 20 235 1,00
3 21 249 1,04
4 22 263 1,08
5 25 305 1,20
6 30 380 1,52
7 35 460 1,90

As curvas de distribuição de massa de soluto obtidas para as diferentes


concentrações de CaCl2 adotadas estão ilustradas na Figura 6. 24. Elas têm um
comportamento relativo à quantidade de soluto no fluido de perfuração: quanto
maior o teor de sal, maior a entrada de soluto na rocha (Muniz, 2003; Simpson &
Dearing, 2000). A entrada de soluto é registrada para distâncias menores do que
1.6 raios.
Influência da Interação Rocha-Fluido na Estabilidade de Poços: Simulações 111

500

35%
400 30%
25%
22%
%C (Kg/m3)

300
21%
20%
200

100

0
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8
r/a

Figura 6. 24 – Distribuição de soluto ao redor do poço para diferentes concentrações de


CaCl2 (10 dias)
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A Figura 6. 25 apresenta a distribuição de pressão de poros na parede do


poço 10 dias após a perfuração, para alguns cenários simulados. À medida que
diminui a concentração do fluido de perfuração, observa-se o afastamento da
curva de pressão de poros da parede do poço.

22.5
Sem sal
22.0 20%
25%
Pressão de poros (MPa)

21.5 30%
35%

21.0

20.5

20.0

19.5
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
r/a

Figura 6. 25 – Pressão de poros para diferentes concentrações de CaCl2 (t = 10 dias)


Influência da Interação Rocha-Fluido na Estabilidade de Poços: Simulações 112

A Figura 6. 26 mostra a evolução das tensões radiais efetivas para este caso.
A redução da taxa de transmissão de pressão que traz o uso do sal, aumenta o
valor das tensões efetivas, melhorando a resistência da rocha.

12

10

8
σ'r (MPa)

Sem sal
4
20%
25%
2 30%
35%
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0115520/CA

0
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
r/a

Figura 6. 26 – Tensão radial efetiva para diferentes concentrações de CaCl2 (t = 10 dias)

O retardamento da difusão da pressão de poros com a inclusão do sal,


diminui a relação (τ atuante τ ruptura ) na parede do poço. Neste caso, os teores de

CaCl2 adotados fornecem curvas muito próximas entre si. Este efeito da
concentração está representado na Figura 6. 27.
A evolução do deslocamento radial da parede do poço é apresentada na
Figura 6. 28. Os resultados obtidos para o fluido de perfuração com algum teor
salino, mostram uma redução da taxa de deslocamento após o fechamento inicial
sofrido pela rocha, quando comparadas com a curva sem uso do sal. Como
observado na figura, o teor de sal promove alargamento ou fechamento do poço
em função da sua concentração.
Influência da Interação Rocha-Fluido na Estabilidade de Poços: Simulações 113

0.40

Sem sal
0.38
20%
25%
0.36
30%
Fator de dano

0.34 35%

0.32

0.30

0.28

0.26
1 1.05 1.1 1.15 1.2 1.25 1.3 1.35 1.4 1.45 1.5 1.55 1.6
r/a

Figura 6. 27 – Relação (τ atuante τ ruptura ) para diferentes concentrações de CaCl2 (t = 10


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dias)

0.994686 (0.5314)
Sem sal
0.994682 20% (0.5318)
25%
0.994678 30% (0.5322)
Deslocamento rf/a

35%
0.994674 (0.5326)
%

0.994670 (0.5330)

0.994666 (0.5334)

0.994662 (0.5338)

0.994658 (0.5342)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Tempo (dias)

Figura 6. 28 – Deslocamento radial da parede do poço


Influência da Interação Rocha-Fluido na Estabilidade de Poços: Simulações 114

6.2.2.
Simulações em Poço Inclinado

O cenário de um poço inclinado foi simulado variando o coeficiente de


reflexão e variando a salinidade do fluido de perfuração. As propriedades do
material são mantidas iguais àquelas apresentadas na Tabela 6. 2. A Figura 6. 29
descreve o campo de tensões in situ, pressão de poros e geometria. Neste nível, as
dificuldades na convergência obrigaram adotar valores de tolerância maiores, isto
influenciou na qualidade de alguns resultados. A faixa de tempo máxima de
análise foi de 5 dias.

Pw=25 MPa
Incl=45o
ra=
w=5”
5”
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50 MPa

27 MPa
35 MPa

Po=15 MPa

Figura 6. 29 – Geometria e tensões in situ para o poço inclinado

Caso VII: com gradiente hidráulico e químico, anisotropia de tensões


(variando α). Cinco simulações foram efetuadas variando a eficiência de
membrana, como mostrado na Tabela 6. 7.

Tabela 6. 7 – Valores de coeficiente de reflexão adotados na análise do Caso VII


Simulação Coeficiente de reflexão (α)

1 -
2 0,01
3 0,10
4 0,20

5 0 50
Influência da Interação Rocha-Fluido na Estabilidade de Poços: Simulações 115

Na Figura 6. 30 é apresentada a distribuição da pressão de poros para os


cenários simulados. Sua dissipação é retardada pelo efeito membrana, e, no curto
prazo (t = 5 min), tanto para θi=i0o quanto para θi=i90o, a pressão de poros mínima
varia com o coeficiente de reflexão.

30

20
Pressão de poros θ=0o (MPa)

10

-10 Sem sal


α= 0.01
α= 0.10
-20 5 min
α= 0.20
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5 dias
α= 0.50
-30
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
(a) r/a

30

20
Pressão de poros θ=90o (MPa)

10

-10 Sem sal


α= 0.01
α= 0.10
-20 α= 0.20
5 min
5 dias α= 0.50
-30
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
(b) r/a

Figura 6. 30 – Distribuição da pressão de poros para (a) θ = 0o e (b) θ = 90o

A forte compressão da rocha ao longo de θ =i90o produz um aumento da


pressão de poros nesta região. À medida que este excesso é dissipado, a redução
Influência da Interação Rocha-Fluido na Estabilidade de Poços: Simulações 116

da pressão de poros devido ao efeito membrana se intensifica. No entanto, o fluxo


gerado pela osmose diminui com o tempo, e estabelece a difusão de pressão
mostrada na Figura 6. 31.

30

20
Pressã de poros θ=90 (MPa)

10

5 min
-10
1h
1 dia
-20
5 dias
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-30
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
r/a

Figura 6. 31 – Evolução da pressão de poros para α = 0.20

A Figura 6. 32 mostra a evolução da relação (τ atuante τ ruptura ) ao redor do

poço, dez dias após a perfuração. O elevado nível de compressão ao longo de


θi=i90o leva à rocha para um dano permanente em r a ≤ 1,05 , o qual aparece

indiferente à variação do α. Já fora da zona plastificada, o fator de dano diminui à


medida que a eficiência de membrana aumenta. Na região de θi=i0o, onde a rocha
não chegou a plastificar, o efeito membrana tem pouca influência.
Influência da Interação Rocha-Fluido na Estabilidade de Poços: Simulações 117

1.06

0.96 Sem sal


α= 0.01
0.86 α= 0.10
α= 0.20
0.76
Fator de dano

o α= 0.50
θi=i90
0.66

0.56

0.46
o
θi= i0
0.36

0.26
1 1.05 1.1 1.15 1.2 1.25 1.3 1.35 1.4 1.45 1.5 1.55 1.6
r/a

Figura 6. 32 – Plastificação ao redor do poço para θ =i0o e θ = 90o (t = 5 dias)


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A Figura 6. 33 mostra o deslocamento radial da parede do poço para 5 dias.


Ao longo de θi=i0o, após o fechamento inicial, a parede continua se deslocando na
direção do poço, sendo este de taxa maior para o caso sem a consideração físico-
química. Nesta região, o efeito membrana reduz o deslocamento de maneira
similar nos casos com αi=i0,01 e αi=i0,10. Para coeficientes de reflexão mais
altos, o deslocamento torna-se maior, e para 5 dias, o deslocamento com αi=i0,50
é igual ao obtido no caso que não considera o efeito membrana. Um fato similar
acontece ao longo de θi= 90o, onde o poço sofre alargamento depois do
fechamento inicial (Figura 6. 33(b)). Nesta zona, os resultados obtidos com o
coeficiente de reflexão de i0,01 e i0,10, mostram uma maior redução do
deslocamento da parede do que com αi=i0,20 e αi=i0,50.
Influência da Interação Rocha-Fluido na Estabilidade de Poços: Simulações 118

0.988 (1.2)
Sem sal
0.987 α = 0.01 (1.3)
α = 0.10
Deslocamento θ=0 (rf/a )

0.986 α = 0.20 (1.4)


α = 0.50
0.985 (1.5)

%
0.984 (1.6)

0.983 (1.7)

0.982 (1.8)
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
(a) Tempo (dias)

1.005 0.5
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Sem sal
1.004 α = 0.01 0.4
α = 0.10
Deslocamento θ=90 (rf/a )

1.003 α = 0.20 0.3


α = 0.50

1.002 0.2

%
1.001 0.1

1.000 0.0

0.999 (0.1)
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
(b) Tempo (dias)

Figura 6. 33 – Deslocamento da parede do poço para (a) θ = 0o, (b) θ = 90o

Caso VIII: com gradiente hidráulico e químico, anisotropia de tensões


(variando C). Por último, mantendo o coeficiente de reflexão constante (αi=i0,01)
e a geometria do Caso VIII, foram simuladas situações variando a concentração
do fluido de perfuração (Tabela 6. 8).
Influência da Interação Rocha-Fluido na Estabilidade de Poços: Simulações 119

Tabela 6. 8 – Concentração do fluido para cada simulação


Simulação C (w/w%) C (Kg/m3) µw (cp)
1 - - 1,00
2 5 52 0,68
3 10 109 0,76
4 20 235 1,00
5 30 380 1,52
6 35 460 1,90
7 40 543 2,44

Na Figura 6. 34 é apresentada a distribuição da pressão de poros para os


cenários simulados. Comparando as diferentes curvas, observa-se que o processo
de difusão da pressão é muito mais rápido para o caso sem sal, quando comparado
com a solução salina. Ao longo de θi=i90o (Figura 6. 34(b)), 5 minutos após a
perfuração, as diferentes concentrações usadas tem a mesma influência na redução
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da dissipação da pressão de poros.


A Figura 6. 35 mostra a evolução da relação (τ atuante τ ruptura ) ao redor do

poço, dez dias após a perfuração. Ao longo de θi=i90o, a salinidade não tem
influencia alguma na zona com dano permanente. Fora dela, o sal contribui na
redução do fator de dano para uma estreita região ( 1,05 ≤ r a ≤ 1,30 ). Ao longo
de θi=i0o, onde a rocha não chegou a plastificar, o sal tem influência praticamente
nula.
Influência da Interação Rocha-Fluido na Estabilidade de Poços: Simulações 120

30

Sem sal
25 10%
Pressão de poros θ=0 (MPa)

20%
20 12 h
30%
40%
15

10
1h

5
5 min
0
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
(a) r/a

29
5 min
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Sem sal
27 10%
1h
Pressão de poros θ=90 (MPa)

20%
25 30%
40%
23

12 h
21

19

17
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
(b) r/a

Figura 6. 34 – Influência do teor de sal na dissipação da pressão de poros para (a) θ = 0o,
(b) θ =i90o
Influência da Interação Rocha-Fluido na Estabilidade de Poços: Simulações 121

1.06

0.96 Sem sal


10%
0.86 20%
30%
0.76
Fator de dano

40%
θ= 90
0.66

0.56

0.46
θ=0
0.36

0.26
1 1.05 1.1 1.15 1.2 1.25 1.3 1.35 1.4 1.45 1.5 1.55 1.6
r/a

Figura 6. 35 – Área plastificada ao redor do poço para θ = 0o e θ = 90o (t= 5 dias)


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A Figura 6. 36 apresenta os deslocamentos radiais para este caso. Observa-


se que a salinidade abaixo de 30 w/w% de CaCl2, tem uma influência muito
pequena nos resultados. A situação obtida com uma concentração de 40 w/w% de
CaCl2, mostra uma notória redução do deslocamento horas depois da perfuração.
Influência da Interação Rocha-Fluido na Estabilidade de Poços: Simulações 122

0.988 (1.2)
Sem sal
0.987 10% (1.3)
20%
Deslocamento θ=0 (rf/a )

0.986 30% (1.4)


40%
0.985 (1.5)

%
0.984 (1.6)

0.983 (1.7)

0.982 (1.8)
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
(a) Tempo (dias)

1.005 0.5
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1.004 0.4
Deslocamento θ=90 (rf/a )

1.003 0.3

1.002 0.2
Sem sal %
1.001 10% 0.1
20%
1.000 30% 0.0
40%
0.999 (0.1)
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
(b) Tempo (dias)

Figura 6. 36 – Deslocamento radial da parede do poço para (a) θ = 0o, (b) θ = 90o

6.3.
Discussão dos Resultados Obtidos

Com base nos casos modelados, pôde-se observar que os parâmetros


controláveis que influenciam o estado de tensão são o tipo de fluido de
perfuração, o seu peso e a trajetória do poço.
Influência da Interação Rocha-Fluido na Estabilidade de Poços: Simulações 123

As diferenças entre os cenários simulados indicam a importância da


consideração físico-química no comportamento do poço. O potencial químico
entre o fluido dos poros e o fluido de perfuração constitui um mecanismo de
condução da água e íons que altera o perfil de pressão de poros e modifica o
estado de tensões efetivas na vizinhança do poço. Observou-se que a quantidade
de soluto entrando na formação cresce com o tempo. As curvas de migração de
soluto na parede do poço mostram 1,6 r a como o raio máximo de penetração
para os casos analisados.
Foi observada a existência de uma faixa de valores de eficiência de
membrana e concentração do fluido de perfuração dentro da qual, o poço
experimenta condições benéficas de pressão de poros, tensão e/ou deslocamento.
Fora destes limites, a estabilidade do poço pode resultar afetada pelo incremento
de deformações e desenvolvimento de tensões que aumentam a área plastificada,
entre outros. A geometria e o estado de tensões in situ influenciam na resposta da
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rocha a cada parâmetro adotado.


A malha utilizada nas simulações foi escolhida com o intuito de permitir a
obtenção dos resultados em um tempo moderado, e, na sua vez, alcançar a
convergência. Conseqüentemente, as respostas obtidas contêm oscilações
numéricas que dificultaram a interpretação de algumas situações. Por outro lado,
devido ao aumento da não-linearidade com a consideração físico-química e uma
geometria mais complexa, algumas simulações apresentaram problemas de
convergência. Ficou estabelecido que altos valores do coeficiente de reflexão
(α > 0,5), dificultam enormemente a convergência do problema numérico, mesmo
para um crescimento lento dos incrementos de tempo.

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